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ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E

EQUIPES DE TRABALHO:
ESTUDO DA MUDANÇA
ORGANIZACIONAL EM QUATRO
GRANDES EMPRESAS INDUSTRIAIS

Mário Sacomano Neto


Departamento de Engenharia de Produção
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
E-mail: pmsn@iris.ufscar.br

Edmundo Escrivão Filho


Departamento de Engenharia de Produção
Escola de Engenharia de São Carlos – USP
E-mail: edesfi@prod.eesc.sc.usp.br
v.7, n.2, p. 136-145, ago. 2000

Resumo

O artigo apresenta uma pesquisa realizada em quatro empresas industriais sobre as mudanças em
sua estrutura organizacional e a formação das equipes de trabalho. A metodologia da pesquisa teve
caráter exploratório e descritivo em face da escassez de trabalhos empíricos sobre o tema no Brasil.
A conclusão da pesquisa revela que as equipes de trabalho têm sido fundamentais no novo projeto
estrutural dos anos 90, particularmente com relação à questão da flexibilidade do processo produtivo.
O artigo aborda também outros aspectos levantados na pesquisa, tais como a cultura organizacional,
o layout e o comportamento da gerência.

Palavras-chave: sistemas de produção; estrutura organizacional;equipes de trabalho.

1. Introdução bibliográficas obtidas revelaram uma tendência


recente e crescente, principalmente na segunda

O objetivo do artigo é apresentar uma pesquisa


realizada sobre as mudanças na estrutura
organizacional e a formação das equipes de tra-
metade da década de 90, das médias e grandes
empresas promoverem mudanças na estrutura
organizacional e utilizarem as equipes de trabalho
balho. A pesquisa se constituiu de duas partes: a para flexibilização dos processos produtivos.
primeira foi uma revisão bibliográfica sobre estru- Em conseqüência da revisão bibliográfica
tura e mudança organizacional. As informações chegou-se a hipótese de que as mudanças na
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estrutura organizacional na década de 90 pendência dos mercados físicos e financeiros em


fundaram-se na formação das equipes de uma escala planetária. Em contrapartida,
trabalho. A hipótese orientou o delineamento e a CHESNAIS (1997, p. 4), um grande estudioso
condução do trabalho de campo, segunda parte da gênese e dos efeitos da globalização, coloca
da pesquisa. A metodologia que orientou o que “estamos diante de um novo modo de
trabalho de campo caracterizou-se por um estudo funcionamento sistêmico do capitalismo mundial
multicasos junto a cinco empresas de grande ou, em outros termos, de uma nova modalidade
porte, do setor industrial, de ramos de atividade do regime de acumulação”. Difere-se dos outros
econômica diversa e que realizaram mudanças regimes de acumulação pois sua natureza é
estruturais. Este artigo relata o estudo de quatro essencialmente excludente em relação aos países
das empresas que utilizaram as equipes de em desenvolvimento.
trabalho nas mudanças promovidas. Com a consolidação do capitalismo e o
A metodologia teve caráter descritivo e crescimento da “sociedade de consumo”, as
exploratório em face da revisão bibliográfica ter organizações buscam adaptar-se a um novo
revelado escassez de trabalho empírico sobre o cenário competitivo. As inovações tecnológicas
tema no Brasil. A coleta de dados foi feita pelo e as transformações sociais dominam a socieda-
intermédio da observação, entrevistas e análise de atual: mudam profundamente a produção de
documental junto aos executivos e aos operários bens e a vida das pessoas (MOTTA, 1998).
das empresas estudadas. A coleta de dados foi Em decorrência da internacionalização dos
direcionada para as equipes ligadas diretamente mercados, a adaptação organizacional torna-se
ao processo de produção em face do interesse imperativa para a sobrevivência das empresas
dos pesquisadores e da inserção da pesquisa no neste ambiente competitivo e turbulento,
Mestrado em Engenharia de Produção, da Escola implicando em uma dinâmica complexa e
de Engenharia de São Carlos – USP. Os incessante no contexto das mudanças e inova-
resultados alcançados permitem uma melhor ções. Como colocado por HOFFMAN &
compreensão da trajetória e natureza das KAPLINSKY (apud AMATO NETO, 1995), um
mudanças estruturais nas organizações e suas dos principais mecanismos organizacionais para
respectivas formas de organização do trabalho. a melhoria da competitividade é a adequação da
estrutura ao foco de atenção da empresa, isto é,
2. Mudanças Recentes no Ambiente das aos objetivos que se pretende atingir, buscando a
Organizações obtenção de vantagens advindas da diferenciação
estrutural.

O mundo contemporâneo assiste a um


período de grandes transformações sociais,
políticas e econômicas em esfera mundial. Essas
A flexibilidade organizacional que corres-
ponde à capacidade de reação da organização
frente aos sobressaltos impostos pelos movimen-
transformações radicais afetam todos os países tos de inovação, representa uma das vantagens
do mundo com o fenômeno irreversível da competitivas na concorrência de mercado. As
globalização. Atualmente não existe um adaptações das estruturas organizacionais
consenso de interpretação deste fenômeno. Na refletem um impacto sensível na forma pela qual
visão de FONSECA (1997), existem três forças o trabalho é organizado (MARX, 1997), onde
poderosas agindo neste processo: primeiro, a uma das alternativas a este impacto é a formação
terceira revolução tecnológica com os avanços das equipes de trabalho. Como colocado por
da transmissão da informação e das inovações da WELLINS et al. (1994), a implantação das
engenharia genética; segundo, a formação de equipes de trabalho torna-se uma das peças
áreas de livre comércio e dos blocos econômi- centrais para a flexibilização do processo
cos; terceiro, a crescente interligação e interde- produtivo.
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Neste sentido, torna-se indispensável uma pessoas em todo o processo produtivo e à


análise destes aspectos pois exercem influência descentralização da produção para as unidades
direta no ambiente das organizações brasileiras de negócios. Já em 1997 a empresa passou de
que, até recentemente, viviam dentro de uma cinco unidades de negócio (lã de vidro, ar
“redoma de vidro”. Assim, desde a abertura dos condicionado, refrigeração, lavadora, áreas de
mercados para a concorrência internacional, as apoio) para três (apoio, lavadora, refrigeração).
empresas brasileiras, tanto de capital nacional Cada uma destas unidades passou a funcionar
como internacional, têm realizado um esforço como minifábrica autônoma. Com esta reestrutu-
significativo para atingir patamares mais ração algumas atividades que não pertenciam ao
competitivos. Este esforço está intimamente “know-how” da organização foram terceirizadas,
ligado aos novos arranjos organizacionais, entre tais como compressores, motores, termostato,
os quais pode-se citar as mudanças na estrutura estamparia, entre outros.
organizacional e a formação das equipes de
trabalho. 3.2 Empresa 2

3. Apresentação das Empresas A Empresa 2 pertence a um Grupo multina-


cional alemão que iniciou suas atividades no

A s quatro empresas pesquisadas, todas


transnacionais, são referências importantes
no que diz respeito ao posicionamento no
Brasil em 1953, no bairro do Ipiranga na cidade
de São Paulo que começou montando automó-
veis com peças importadas da Alemanha. Ao
mercado concorrencial. Abaixo será feita uma longo destes anos até os dias atuais este Grupo
caracterização geral de cada uma destas conquistou grande representatividade no
empresas, ressaltando o tipo de mudança mercado de automóveis. A pesquisa foi realizada
estrutural e a ênfase dada à formação das equipes em uma das unidades produtivas do Grupo
de trabalho. situada no interior de São Paulo.
Até 1995 este Grupo Empresarial comprava
3.1 Empresa 1 motores de uma fornecedora, e por uma decisão
estratégica passou a produzi-los, para obter
A Empresa 1 é uma unidade produtiva de ganhos financeiros e um produto tecnologica-
uma multinacional sueca com sede em Estocol- mente avançado. Desta forma, as estratégias
mo, sendo esta a maior fabricante mundial de globais da empresa apontaram para a necessida-
eletrodomésticos, produzindo 55 milhões de de de uma nova fábrica de motores, que foi
produtos/ano. O grupo é formado por mais de implantada em uma cidade no interior do Estado
500 empresas localizadas em 60 diferentes de São Paulo. Assim considera-se a mudança
países. A pesquisa foi realizada em uma das estrutural, em um nível corporativo, o fato do
unidades deste grupo, situada no interior do Grupo criar mais uma unidade empresarial para
Estado de São Paulo, que produz geladeiras, a produção dos motores, buscando a obtenção de
lavadoras e ar condicionado. vantagens estratégicas da corporação brasileira
Em 1994 a empresa passou de uma estrutura frente aos mercados competitivos. Desta forma o
hierárquica com sete níveis para cinco níveis, Grupo Empresarial passaria a integralizar mais
passou por uma mudança no processo de uma atividade aos seus processos, a produção
produção. As linhas organizadas por máquinas dos motores, em uma nova planta, onde foi
(layout funcional) passaram a ser organizadas realizada a pesquisa.
por produtos (layout celular). Esta mudança foi A concepção desta nova estrutura é extrema-
significativa no que diz respeito à movimentação mente enxuta, isto é, só agrega departamentos
e armazenagem de material, à multifunção das que estejam diretamente ligados à montagem dos
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motores. Terceirizou-se grande parte das processo de adaptação das pessoas foi minimi-
atividades que não agregam valor ao produto, zado, pois os novos funcionários já se incorpo-
tais como, o fornecimento de matéria-prima ram em uma nova cultura. A utilização das
(consolidador), limpeza, restaurante, segurança, equipes de trabalho tornou-se um facilitador para
transporte interno, entre outras atividades. A a flexibilização do processo produtivo.
principal ênfase é no processo de produção que é
suportado por um alto aparato tecnológico. A 3.4 Empresa 4
nova concepção estrutural instituiu na organiza-
ção a utilização das células de produção, que é A Empresa 4 compõe um Grupo multinacio-
composta por profissionais técnicos de apoio que nal italiano, que começou suas atividades em
suportam as equipes de trabalho inseridas dentro 1919 na Itália, sempre fornecendo produtos para
das células de produção. a indústria automobilística que a suportou no seu
desenvolvimento e evolução. A empresa opera
3.3 Empresa 3 em nível mundial com fábricas na Europa, Ásia,
África e América. A unidade de negócio onde
A Empresa 3 pertence a uma multinacional foi desenvolvida a pesquisa é a divisão de
norte-americana que desenvolveu seu primeiro sistemas elétricos situada em uma cidade do
produto em 1880, nos Estados Unidos. A interior do Estado de São Paulo. Esta unidade é
companhia brasileira, é dividida em três responsável pelo desenvolvimento de compo-
unidades de negócios: Customer, Profissionais, nentes automobilísticos (velocímetro) e mon-
Pharmac. Esta pesquisa foi realizada na unidade tagem – quadros de bordo, alarmes antifurtos e
Pharmac que produz medicamentos líquidos e power train (eletrônica).
sólidos. Em 1996 a empresa passou por uma mudan-
Em 1995 esta unidade passou por uma série ça na estrutura organizacional. A estrutura antes
de adaptações em função do delineamento das da mudança era departamentalizada funcional-
novas estratégias da empresa no Brasil. Realizou mente, ou seja, as áreas de logística, engenha-
uma mudança estrutural, partindo de uma ria, qualidade, engenharia de produto e tempos
departamentalização funcional para uma e métodos compunham departamentos. A linha
estrutura por processos, a qual considera a de produção era única, exigindo grandes
empresa em três grandes processos: manufatura, movimentos operacionais na mudança de
mercado/vendas e assessorias de apoio. O produtos, restringindo a flexibilidade do
principal objetivo desta mudança foi a busca de sistema. Outras desvantagens deste tipo de
maiores níveis de integração da organização, ou layout de produção para esta empresa eram:
seja, superar a estrutura estanque em departa- dificuldades de detectar problemas, gargalos na
mentos independentes. Esta transformação produção, setups elevados, dificuldades quanto
estrutural deu-se de modo diferente de muitas ao controle de qualidade, entre outras. Estes
organizações, pois não foi acompanhada por um aspectos exerceram pressão para a empresa
enxugamento do quadro de funcionários; pelo buscar outras soluções no delineamento da
contrário, aumentou significativamente o estrutura organizacional. O arranjo matricial foi
número de funcionários (estagiários, vendedores a solução encontrada onde o ponto fundamental
e operacionais). Desta forma, a mudança da mudança foi a utilização de equipes de
estrutural não teve grandes resistências na trabalho, em função da grande variedade de
organização, pois as pessoas novas já iniciaram atividades produtivas. Nesta estrutura cruzam-se
suas atividades inseridas naturalmente em uma as necessidades dos produtos nas linhas
nova estrutura com os perfis já direcionados. verticais e as habilidades funcionais nas linhas
Fato idêntico aconteceu na Empresa 2. Assim o horizontais.
140 Sacomano Neto, Escrivão Filho – Estrutura Organizacional e Equipes de Trabalho

Líder da célula

Manutenção Logística
Áreas de apoio

Qualidade Tecnologia

Equipe 1 Equipe 2 Equipe 3

Figura 1 – Concepção da célula de produção da Empresa 2.

4. Da Estrutura Verticalizada à Formação um líder de célula. A Figura 1 ilustra uma


das Equipes de Trabalho célula de trabalho encontrada na Empresa 2.
A Tabela 1 ilustra comparativamente alguns

E ste item tem como objetivo fazer um esforço


comparativo entre as empresas pesquisadas.
Entretanto antes de apresentar os dados da
dados das empresas pesquisadas, buscando
mostrar em quais mercados as mesmas operam,
qual o tipo de estrutura, quais as mudanças na
pesquisa torna-se interessante explicitar alguns estrutura organizacional e quais as equipes mais
conceitos trabalhados neste artigo. Considera-se utilizadas para suportar as mudanças estruturais.
equipe um agrupamento de trabalhadores com A Empresa 1 trabalha no mercado de linha
diferentes responsabilidades funcionais, com branca, produzindo geladeiras e lavadoras; sua
objetivos estabelecidos, certa autonomia estrutura organizacional é classificada em linha e
decisorial e multifuncionalidade dos postos de assessoria de acordo com MOTTA (1982); a
trabalho. Abaixo são caracterizadas algumas das mudança estrutural evidenciou-se com uma
equipes encontradas nas empresas pesquisadas: desverticalização da empresa e as equipes
• Equipes operacionais – aquelas formadas operacionais estão inseridas nas células de
junto ao processo produtivo e que integram trabalho.
diferentes áreas funcionais (qualidade, manu- A Empresa 2 trabalha no mercado automobi-
tenção, logística, tecnologia entre outras); lístico, produzindo motores para carros; a
• Equipes abertas – aquelas formadas conforme estrutura organizacional é classificada em linha e
a necessidade de um novo projeto; assessoria de acordo com MOTTA (1982); a
• Grupos de trabalho – grupo de trabalhadores mudança estrutural considerada é a implantação
que não tem multifuncionalidade dos postos de uma nova planta para a produção dos motores
de trabalho e não integram nas células de e as equipes de trabalho encontradas estão
produção diferentes áreas funcionais. Neste também inseridas dentro das células de trabalho.
trabalho os grupos de trabalho diferem-se das A Empresa 3 trabalha no mercado farmacêu-
equipes de trabalho; tico, produzindo medicamentos sólidos e
• Células de produção – além do arranjo físico líquidos; a estrutura organizacional é classificada
celular, considera-se células de trabalho uma por processos de acordo com KOTTER (apud.
“estrutura” que integra mais de uma equipe MORRIS & BRANDON, 1994); a mudança
de trabalho, compartilhando as mesmas estrutural abordada é caracterizada por uma
atividades funcionais sob a coordenação de expansão estrutural com o crescimento da
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Tabela 1 – Compilação dos dados colhidos nas pesquisas.

Mudança
Mercado Estrutura Equipes
Estrutural
Empresa 1 Linha Branca Linha Assessoria Desverticalização Operacionais
Automobilística
Empresa 2 Linha Assessoria Nova Unidade Operacionais
(motores)
Empresa 3 Fármacos Processos Expansão Operacionais, Abertas
Empresa 4 Autopeças Matricial Desverticalização Operacionais, Melhorias

empresa; além das equipes operacionais existem ção tem um “dialeto” próprio para a manifesta-
as equipes abertas que são estabelecidas a partir ção de como as tarefas se realizam dentro do
de um projeto que visa a intervenção em algum complexo de informações e relações que compõe
problema ou até mesmo a criação de algo novo. a estrutura organizacional. Assemelha-se a um
A Empresa 4 trabalha no mercado de autope- caleidoscópio, sempre mutante aos olhos, mas
ças, produzindo painéis, sistemas de segurança, que mantém rigorosamente sua geometria,
bombas injetoras entre outros; a estrutura enquanto não se muda o instrumento.
organizacional é classificada como matricial de Quanto ao tipo de estrutura encontrada nas
acordo com HAMPTON (1990); a mudança empresas, percebe-se uma combinação variada
estrutural considerada foi a desverticalização da dos tipos tradicionais, principalmente a estrutura
empresa; as equipes encontradas são: operacio- linha-assessoria e matricial, com diferentes tipos
nais, qualidade, eficiência e desenvolvimento de de departamentalização, entre eles, por produto,
novos produtos. processo, geográfica e celular. Este fato reflete a
Nos processos de mudança estrutural e de dificuldade no processo de caracterização dos
formação das equipes de trabalho esta análise diferentes tipos de estrutura e de departamentali-
personalizada de cada organização é fundamen- zação encontrados nas empresas pesquisadas.
tal para a efetivação e entendimento das Identificou-se que as estruturas organizacionais
mudanças. Esta análise permite a consolidação têm tornado-se crescentemente mais enxutas,
de um projeto organizacional para a formação buscando focos de atuação para a realização de
das equipes, condizente com as estratégias, suas atividades produtivas.
tecnologias, estruturas e pessoas. Em comple- Nas empresas que realizaram desverticaliza-
mento a este fato TUSHMAN & O’REILLY III ção estrutural, as áreas de apoio foram as
(1996) colocam que a chave do sucesso para um primeiras atividades a serem terceirizadas, por
alto desempenho das organizações está na não pertencerem à competência ou ao know-how
congruência entre os elementos da organização, das empresas. Este fato proporcionou um
principalmente entre a estratégia, a estrutura, as enxugamento estrutural nas empresas pesquisa-
pessoas e sua cultura. das, que buscam a delimitação dos focos de
atuação e das atividades que agregam diretamen-
5. Análise da Mudança Estrutural e a te valor aos produtos.
Formação das Equipes As assessorias fornecem um suporte impor-
tante para as estruturas organizacionais nas

B uscar a compreensão e o entendimento das


mudanças nas organizações é extremamente
instigante e não é tarefa simples. Cada organiza-
empresas pesquisadas. Nas empresas onde a
estrutura é por linha e assessoria, estas ativida-
des são ligadas diretamente à estrutura, embora
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não tenham uma subordinação similar aos outros estrutural destas empresas em relação às demais.
departamentos. Na estrutura matricial da A Empresa 2 criou uma estrutura nova e a
Empresa 4, estas assessorias compõem as linhas Empresa 3 expandiu sua estrutura. A diferencia-
horizontais da matriz, mostrando a importância ção destas empresas está exatamente na
de combinar profissionais mais técnicos e mais “mudança” da cultura para a criação das equipes
generalistas. Na Empresa 2 as assessorias estão em contrapartida à “criação” da cultura para a
diretamente ligadas às células de produção. Na formação das equipes.
Empresa 3 a assessoria é um dos processos de Os conflitos ocorrem em qualquer forma de
suporte. Estas atividades de apoio voltam-se organização social. Nas empresas este fato
principalmente às atividades de recursos depende da abertura dos níveis gerenciais para a
humanos, qualidade, finanças, tecnologia de resolução dos mesmos e das relações sociais
informação, entre outras. estabelecidas entre os membros. As quatro
A descentralização da autoridade das empre- empresas estimulam a resolução dos conflitos no
sas pesquisadas, principalmente aquelas que próprio nível operacional, e quando não resol-
desverticalizaram sua estrutura, volta-se vido, o problema sobe na escala hierárquica para
principalmente aos aspectos ligados ao trabalho a sua resolução.
operacional, tais como: requisição de material, A liderança encontrada nos níveis operacio-
manutenção de equipamentos, qualidade, nais das empresas, principalmente nas empresas
tecnologias, planejamento de férias, logística. 1, 2 e 4, volta-se ao elemento facilitador da
Percebeu-se uma preocupação das empresas em equipe, que intermedia a relação entre os níveis
integrar estas atividades aos processos de operacionais e os níveis gerenciais. Em algumas
produção. Na Empresa 2 estas atividades empresas este líder incorpora inclusive ativida-
fornecem suporte aos processos de produção, des administrativas. Na Empresa 1 o líder é
gerando maior autonomia nos níveis operacio- rotativo, estimulando todos a realizarem esta
nais. A autonomia quanto aos aspectos operacio- atividade, nas demais o líder é fixo. Nas
nais é crescente, principalmente com a implanta- Empresas 2, 3 e 4, o líder pode ser escolhido
ção das equipes de trabalho que facilitam a pelos níveis gerenciais, mas também se acata as
flexibilidade e rapidez no processo decisório. sugestões de indicação dos níveis inferiores.
Quanto à tipologia das equipes, encontrou-se A Empresa 1 partiu, desde alguns anos atrás,
a utilização das equipes operacionais pelo menos de uma cultura autocrática para uma cultura
nas quatro primeiras empresas. Na Empresa 3 participativa. A mudança estrutural no sentido de
foram instituídas as equipes abertas, que descentralização foi intensa e a formação das
apresentam um alto grau de flexibilidade, em equipes significou um suporte fundamental à
função da adequação do tipo de equipe para flexibilidade dos processos de produção. Entre-
determinado problema. Na Empresa 4, além das tanto observa-se uma estrutura ainda tradicional;
equipes operacionais, também foram encontra- reforçou-se desta forma uma mudança princi-
das as equipes de eficiência, qualidade e palmente no comportamento e na cultura partici-
melhoria dos produtos. pativa, embora a estrutura não apresente inova-
A cultura voltada para as equipes depende ções quando comparada às outras empresas.
essencialmente do contexto em que as mesmas A Empresa 4 obteve uma mudança estrutural
foram criadas. Nas Empresas 1 e 4, o esforço no sentido de uma descentralização, antes
para a disseminação desta característica é estruturada de forma funcional e passou a ser
fundamental para o bom funcionamento das estruturada de forma matricial. Nesta estrutura as
equipes. Nas Empresas 2 e 3, as dificuldades equipes fornecem um suporte indispensável à
foram mais amenas para a criação desta cultura, realização das atividades, principalmente pela
em função da diferenciação da mudança interação entre as linhas que compõe a matriz.
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Esta empresa inovou na instituição das equipes seqüência pelas empresas 4 e 3, até o da
de eficiência, qualidade e novos produtos. Empresa 2, uma evolução do desenho estrutural.
A Empresa 3 obteve uma mudança estrutural Quando se observa cada estrutura percebe-se
no sentido de expansão de suas atividades. Antes diferenciais na forma de representação e que
estruturada funcionalmente, passou a ser facilitam ou dificultam a formação das equipes
estruturada por processos. Sua inovação está na de trabalho.
horizontalização da estrutura. Considera-se três Presume-se que a estrutura tenha que suportar
grandes processos ao invés de muitos departa- não só seu aspecto formal de poder, responsabi-
mentos, facilitando a eficiência do conjunto lidade e controle. A estrutura tem um escopo
corporativo. A formação das equipes forneceu mais amplo de variáveis e elementos que a
um suporte importante para tais mudanças. As compõe. As estruturas horizontalizadas têm
equipes abertas são extremamente flexíveis e novos desafios: lidar com a informação rápida,
mostram-se como uma alternativa adequada aos utilizando autonomia de decisões. Isto requer um
momentos de grandes mudanças e problemas desenvolvimento organizacional em conjunto,
adversos. tanto da filosofia da organização, como dos
A Empresa 2 teve sua estrutura organizacio- gerentes e operários de nível operacional.
nal criada por meio de um projeto extremamente O papel da estrutura organizacional também é
inovador. Do ponto de vista estrutural, percebe- discutido por HANDY (1997). O autor coloca
se a delimitação essencialmente na produção, e que o poder nas novas organizações provém das
as atividades de logística, manutenção, tecnolo- relações e não das estruturas. A confiança sendo
gia e qualidade são diretamente ligadas aos o principal meio de controle, torna as pessoas
processos de produção, que mostra a concepção mais eficazes, criativas e capazes de atuar em
das células de produção. Este fato evidencia uma um ambiente dinâmico. Esta colocação corrobo-
adequação da estrutura organizacional aos ra com a visão de que a função da estrutura não
objetivos da empresa. Esta adequação fornece o está somente na designação do poder, mas sim
suporte necessário para a realização eficiente das nas relações que a mesma implica.
atividades, onde o foco está na produção e as No mesmo sentido DRUCKER (1998) ressal-
demais áreas dão apoio. ta que as mudanças organizacionais estão
centradas principalmente no indivíduo, no
6. Considerações Finais funcionário qualificado e dotado de cultura. Sua
análise parte da perspectiva de que nas organiza-

C onforme as informações colhidas na


pesquisa, as mudanças no sentido de uma
desverticalização têm um impacto mais
ções o conhecimento é o principal fator e as
pessoas são de igual importância para o
funcionamento do sistema. As relações devem
profundo, ou exigem adaptações profundas ser pautadas como nas equipes de trabalho, de
principalmente na disseminação de uma nova igual para igual, e não de superiores para
cultura. As mudanças estruturais com expansão, inferiores. Neste sentido cabe uma discussão
como na Empresa 3, têm a vantagem que as importante acerca das questões culturais e a
pessoas novas já se incorporam a um novo relação com a formação das equipes de trabalho.
sistema estrutural. A Empresa 2 teve a oportuni- Teriam sido as facilidades culturais, entre outros
dade de planejar um projeto organizacional motivos, que propiciaram altas inovações e
condizente com seus objetivos, diferente das produtividade à administração japonesa quando
Empresas 1 e 4, que reprojetaram a organização formulou seu processo organizacional baseado
ao longo de sua existência. em equipes?
Percebe-se como descrito em cada empresa, Conforme as informações trazidas neste
partindo do desenho da Empresa 1, passando em trabalho, as equipes têm sido fortemente
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utilizadas como uma peça para a flexibilização o processo comunicativo. É significativa a


das estruturas organizacionais, isto é, divide-se a presença de local apropriado para reuniões como
organização em subsistemas menores e no layout da Empresa 2, onde as equipes de
autônomos, garantindo a eficiência entre as trabalho se reúnem com muita freqüência para a
partes, subsistemas, com o sistema maior. resolução de problemas que surgem durante a
O trabalho partiu da hipótese que de que as execução das tarefas. Durante a pesquisa, e por
mudanças estruturais fundamentam-se na várias oportunidades, foi chamada a atenção para
formação das equipes de trabalho. Pode-se a importância deste espaço de discussão
concluir que esta hipótese é válida pois é inclusive de problemas pessoais dos membros da
crescente a utilização das equipes de trabalho equipe. É evidente que se chamou à atenção para
principalmente nos níveis operacionais. Embora um símbolo da atividade em equipe que lhe
a implantação das equipes tenha se tornado confere a autonomia no trabalho.
muito utilizada, é necessário se pensar também Um fator de influência para a formação das
em outras modalidades de conformação para que equipes é que as pessoas que as integram têm
as mudanças requeridas sejam atingidas. Quais pensamentos, personalidades e formações diferen-
seriam estas outras modalidades? ciadas, dificultando uma sinergia dos elementos.
Assim, considera-se que a mudança cultural Quando acontece esta sinergia ou espaços de
torna-se importante para a implantação das discussão dos problemas, a equipe caminha bem,
equipes; portanto, todo projeto de mudança quando não, há uma desintegração.
estrutural exige que se pense em muitos aspectos Outro elemento importante para as empresas
e nas peculiaridades de cada empresa. que realizaram uma mudança estrutural é o fato
Por outro lado, a gerência é um importante de se trabalhar muito tempo com um tipo de
ponto de referência para a disseminação das estrutura. A estabilidade e a conformidade criam
novas idéias; sem o comprometimento desta, as resistência à mudança. Assim, as pessoas quando
estratégias para a implantação de inovações não envolvidas em equipes têm dificuldades de
se consolidam. A pesquisa revelou que a média e assumir lideranças, posicionamentos, iniciativas,
alta gerência tem aumentado a visão holística da por serem aculturadas por um tipo de estrutura
empresa, assim como uma relação mais que não estimulava estas habilidades.
humanista com o trabalho, apesar das adversida- Todos estes elementos levam um longo
des apresentadas pela crise econômica vigente tempo de adaptação, pois qualquer mudança
nos últimos anos. Pode-se afirmar também que quando feita fora de um processo de negociação
o trabalho em equipe tem sido elemento aberta, causará impactos e resistências. Como
favorável ao crescimento deste clima dentro das destacado anteriormente, a formação das equipes
organizações. depende de um amplo projeto organizacional
A estrutura tem que oferecer um papel agre- que adapte variáveis de diferentes naturezas,
gador para o funcionamento das equipes algumas delas foram destacadas anteriormente.
permitindo que prosperem relações apropriadas à Foram inúmeros os benefícios apontados
formação das mesmas. Desta forma a estrutura pelas empresas pesquisadas com a utilização das
deve considerar as relações formais e informais equipes, estando entre eles o trabalho mais
que a mesma contempla. Em vista deste fato eficiente e motivador, e a tomada de decisão
detectado na pesquisa, o papel da estratégia em mais flexível; embora seja necessária uma maior
uma nova formalização das atividades de preocupação com as melhorias das condições
recursos humanos deve prosperar junto com as sociais dos trabalhadores que participam deste
mudanças estruturais. movimento, tanto nos aspectos financeiros como
O layout contribui para a aproximação das relacionamento, entendimento e humanização
pessoas, eliminando paredes e portas, facilitando das relações de trabalho.
GESTÃO & PRODUÇÃO v.7, n.2, p. 136-145, ago. 2000 145

Referências Bibliográficas

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ORGANIZATIONAL STRUCTURE AND WORK TEAMS:


A STUDY OF ORGANIZATIONAL CHANGES IN FOUR MAJOR COMPANIES
Abstract
This paper reports on a research carried out at four large manufacturers regarding changes in
their organizational structures and the formation of work teams. The structural changes that have
been wrought in these organizations are complex and understanding their depth and scope requires
much effort and detailed analysis. Upon completion, the research revealed that work teams have a
been vital factor in the design of the new organizational structure of the 90s, particularly insofar as
the issue of production flexibility is concerned. This report also discusses other significant aspects
uncovered by the research that significantly affect successful organizational changes, such as
organizational culture, layout and the attitude of management.

Key words: production systems; organizational structures; work teams.

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