SÃO PAULO
Abril, 2011
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
EACH - ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES
Karina Veglione
Pedro Fujimoto Amorim
Thais Franco
SÃO PAULO
Abril, 2011
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Índice
1. Introdução .................................................................................................................4
2. Burocracia e Administração no Brasil Colonial .........................................................5
3. Mudanças ................................................................................................................13
4. Partes do Sistema ..................................................................................................16
5. Características ........................................................................................................17
6. Conclusão …............................................................................................................18
7. Referências Bibliográficas …...................................................................................20
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1- Introdução
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2- Burocracia e Administração no Brasil Colonial
Porém, na prática, observamos que muitos assuntos que são de função da Câmara
têm intervenção do governador nele. Em contrapartida, muitas atribuições que são de
interesse geral das capitanias e da colônia, o Senado municipal intervém na tomada de
decisões; por exemplo, na nomeação de fiscais na Intendência de Ouro. Em suma, não
existe nessa época uma administração que possa ser considerada geral e outra local.
Por fim, os órgãos fazendários eram responsáveis por arrecadar tributos,
administrar as contas públicas e efetuar despesas, lembrando que eles são
independentes em relação às autoridades representadas, pelo menos na teoria, numa
hierarquia superior. Seu principal órgão é a Junta da Fazenda e seus paralelos: Junta de
Arrecadação do Subsídio Voluntário, Alfândega, Tribunal da Provedoria da Fazenda,
Juízo da Conservatória, Juízo da Coroa e Execuções, Juízo do Fisco, das Despesas, etc.
E todos realizam assuntos que hoje em dia dividiríamos entre administrativos e judiciários.
O principal tributo a se pagar era o dízimo, correspondente a 10% de toda a
produção gerada, enraizado em um antigo tributo eclesiástico. Era feito por meio de um
contrato de três anos em que o produtor era obrigado a pagar pela décima parte de toda a
produção feita nesses três anos. A sua cobrança tinha efeitos catastróficos na vida dos
produtores. Além de ser um imposto pesado, o produtor não tinha nenhuma contrapartida
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benéfica, por parte do poder público, que compensasse o seu pagamento e muitas vezes
a cobrança era feita de uma vez; ou seja, era cobrado pela produção dos três anos
acumulativos. Era como se pagasse pela produção ainda não realizada. Portanto pode-se
imaginar que por onde os dizimeiros passavam deixavam um lastro de prejuízo para os
produtores.
Vimos,então, os cenários civis e militares e suas funções e aplicações na
administração e sociedade colonial. Cabe acrescentar o poder que a Igreja representa no
país. Ela tem uma grande influência na vida cotidiana dos cidadões em que nenhum dos
setores analisados anteriormente pode preencher. A Igreja pressupõe muitas praticas e
crenças que serão acompanhadas pelas pessoas para sempre como o batismo, o
casamento, divórcio, e também nos assuntos relacionados ao pecado.
Esses assuntos eclesiásticos sempre tiveram a ingerência do Rei de Portugal, por
meio do padroado, sendo assim, a Igreja não possuía independência e autonomia.
Segundo Prado Jr. (2000) para cuidar da administração geral das capitanias, bem
como de todas as possessões de Portugal na África e Ásia, havia o Conselho Ultramarino,
responsável por organizar todos os assuntos da colônia, fato este que acarretava atraso
considerável dos assuntos, elevando a anos a resolução de problemas pequenos ou até
mesmo deixando grande parte dos casos sem resposta.
De acordo com Faoro (1979) após a restauração do estado português, consolidou-
se a presença de doze tribunais, dedicados a cinco assuntos: fazenda, paz, guerra,
provimento e justiça. Para os assuntos da fazenda pública e particular havia o Tribunal da
Fazenda e o Juízo do Cível (com sua Relação); para paz a presença de três tribunais no
sagrado (Santo Ofício, Ordinário e o da Consciência) e dois para o profano (Mesa do
Paço e a Casa da Suplicação); para a guerra o Tribunal da Guerra e o Tribunal
Ultramarino; no provimento havia a presença do Tribunal da Câmara e outro dos Estados
e, por fim, no que tange a justiça existia a Mesa do Paço e a Relação.
Dentro da estrutura judicial os Tribunais de Apelação ou Relação, em especial a
Casa da Suplicação, exerceram alguma influência no Brasil no que tange a decisões
importantes relativas a vida na colônia. O primeiro Tribunal Brasileiro de Apelação foi
criado em 1609 e trouxe para a colônia a presença de dez desembargadores, que
representavam a classe dos letrados.
O Desembargo do Paço, segundo analisou Schwartz (1979), era o órgão central na
estrutura burocrática e o ápice da carreira no sistema judicial. Por volta de seis
magistrados eram mantidos na função de Desembargo do Paço, que funcionava como
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assessoria para todos os assuntos de justiça e administração legal.
A Mesa da Consciência e Ordens, criada por Dom João III, era composta por
padres e advogados civis. Entre seus principais atributos estava aconselhar a Coroa nas
questões que afetasse a igreja, discutindo e resolvendo problemas morais do domínio
lusitano no Brasil, as ordens militares ou referentes à Universidade de Coimbra. Também
era responsável por coletar o dízimo no Brasil, através de um sistema de impostos, e
designar os provedores dos defuntos.
A Universidade de Coimbra representa um ponto interessante para discussão, pois
a totalidade dos magistrados, tanto os nascidos na colônia quanto na metrópole, eram
formados em direito civil ou canônico por Portugal e estabeleciam uma relação importante
com a monarquia portuguesa. Para o rei era extremante importante contar com o apoio
dos magistrados, a fim de garantir a centralização e o domínio do seu poder nas colônias,
pois só os magistrados seriam capazes de conter a autonomia da colônia frente à
metrópole. É importante observar que grande parte dos magistrados brasileiros eram
oriundos das oligarquias ou tinham algum parentesco com altos funcionários reais.
De acordo com definição de Schwartz (1979) a magistratura tornou-se a espinha
dorsal do governo real, tanto nas colônias quanto nas metrópoles.
Faoro (1979) observou que as funções públicas exigiam características específicas
como ser “homem fidalgo, de limpo sangue ou de boa linhagem”. Entretanto, Schwartz
(1979) argumenta que os cargos públicos eram reservados para a aristocracia, para os
letrados e, alguns poucos cargos, podiam ser de súditos não pertencentes à nobreza,
estratégia da Coroa para mobilizar as forças opostas ao poder e equilibrá-las para obter
vantagens.
A burocracia deveria seguir os ditames reais, mas muitas vezes adquiria autonomia
buscando alternativas para consolidar seus objetivos e ganhos pessoais. Os cargos
públicos era instrumentos de ascensão social e lucro, via que atraía todas as classes e
mergulhava-as no estamento (Faoro, 1979).
Faz-se necessário observar que a Coroa portuguesa encontrou certa relutância por
parte dos magistrados para exercerem suas funções burocráticas na colônia.
“Contudo, a relutância por parte dos magistrados da Coroa para servir nas
colônias não eram um fenômeno novo e a Coroa tinha desenvolvido uma
política de recompensa e tentação para conseguir funcionários para os
cargos além-mar. Tinha-se tornado política normal prometer benefícios
financeiros, honras e promoções futuras como meio de persuasão que
levasse a aceitação de cargos coloniais” (Schwartz, 1979: 64 – 65).
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A magistratura dependia de barganhas, um possível indicativo da falta de
comprometimento dos magistrados em suas funções públicas. Martins (1997) analisa que
na administração da colônia prevalecia o paternalismo e o nepotismo que empregava os
letrados, alguns sem qualidade alguma, na prática do bacharelismo cujos critérios de
seleção e provimento pautavam-se entre o status, o parentesco e o favoritismo.
Grupos do poder econômico local, como os donos dos engenhos de açúcar,
procuravam manter laços com os magistrados, que dotavam de certos prestígios e
favoritismo, para consolidar sua posição de dominância.
O governo português foi fundamentado na patrimonialismo, mas Schwartz (1979)
também observa que a elite burocrática profissional teve papel importante na
administração governamental, pois a Coroa promovia a profissionalização dos burocratas
vinculados a magistratura, definia objetivos e metas e também apoiava-se em motivações
profissionais, como as promoções burocráticas que traziam status, prestígio e dinheiro.
Os desembargadores que chegavam à Bahia possuíam características próprias
como descreve Schwartz:
O autor acima argumenta que os magistrados que exerceram funções no Brasil não
alcançaram grandes cargos, e se soubessem deste fato, não cumpririam os códigos
burocráticos de comportamento a rigor, buscando priorizar seus interesses em detrimento
dos interesses da Coroa. O Desembargo do Paço prometia diversos cargos no Tribunal
Superior da Bahia para os magistrados que fossem exercer funções de ouvidores tanto no
Brasil quanto na África. Como não conseguia cumprir todos os cargos e barganhas
prometidos , diversas reclamações eram feitas e o Desembargo do Paço buscava realizar
nomeações extranumerárias. Prática comum, aos dias atuais, em que o poder executivo
para ter sua agenda apoiada mais facilmente pelo legislativo barganha cargos, cria
ministérios e realiza nomeações.
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A organização militar, segundo Faoro (1979), é elemento de ordem e disciplina,
auxiliar na garantia da cobrança dos tributos e dos privilégios reais. Assim como a igreja
que também exercia funções de ordem administrativas de grande relevância (registros de
nascimento, casamento e morte) e cuidava da assistência social da colônia.
A magistratura era forma de status e ascensão social legitimada pela própria Coroa,
sendo uma via de mão dupla que beneficiava os magistrados, que adquiriam status da
nobreza, e a Coroa que mantinha o controle de seu poder na figura dos magistrados.
Os magistrados estavam muito mais preocupados com a sua ascensão social e
prestígio do que com a excelência e ética na carreira profissional.
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3- Mudanças
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4. Partes do Sistema
A partir do panorama econômico do Brasil colônia, em que predomina a instalação
de um comércio essencialmente explorador e exportador, em que se reúnem três raças
que fizeram parte desse sistema, sendo eles os brancos europeus, os negros africanos e
os indígenas do continente e as relações de trabalho senhor-escravo, há uma tentativa de
montar um cenário social que deriva dele. E para compreender as relações da sociedade
existem dois instintos primários que são inerentes ao Homem: o econômico e o sexual.
A escravidão resultou em uma alienação e deterioração tanto do dominante como
do dominado. Para os senhores, a escravidão foi fator preponderante para torná-lo um
exemplo típico de homem ocioso, devido à total entrega do trabalho forçado aos escravos.
Estes últimos, por sua vez, serão totalmente alienados não tendo, portanto, qualquer
desenvolvimento de outras aptidões que não sejam de mero caráter produtivo:
“De tudo isso resultará para a colônia, em conjunto, um tom geral de inércia.
Paira na atmosfera em que a população colonial se move, ou antes
descansa um vírus generalizado de preguiça , de moleza que a todos, com
raras exceções atinge” (Prado Jr., 1942:349)
Em relação ao caráter sexual, argumenta que a família brasileira foi formada por
“falhas morais e sociais”. Razão disso foi o alto nível de desregramento, imigrantes que
não possuíam uma base familiar sólida, prostituição, insegurança econômica...; acabaram
por inibir um ambiente familiar sólido. Somado a tudo isso à inaptidão da Igreja em
disseminar dentro da sociedade as doutrinas de moral que a mesma empregava aponta
as “falhas morais e sociais” da família que se formou no Brasil.
Todos esses fatores convergem em uma problemática generalizada na sociedade,
fruto de um sistema colonial que implementou vícios marcantes. O trabalho escravista, as
relações estabelecidas entre três raças diferentes e o povoamento aleatório e disperso
dentre outros fatores que culminariam no processo de Independência.
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5- Características
Cada um dos autores discutidos nesse trabalho desenvolvem linhas de raciocínio
diferentes, no entanto bastante complementares, se usadas para entender as
características tanto da administração e burocracia do Brasil colônia como da herança
que foi carregada até hoje. Para entender melhor então as estruturas apresentadas aqui,
e a peculiaridade apresentada no período de mineração, posto isso é interessante então
denotar as justificativas e o pensamento de cada um deles. Apesar de aparentemente
discorrerem apenas sobre organização dos aparatos administrativos brasileiros esses,
eles tangem tema muito mais profundo, dissertam também sobre as razões de uma
formação tão característica de uma civilização européia em uma realidade completamente
diferente, com funcionalidade peculiar, baseada em relações de amizade e favores.
Stuart B. Schwartz, um dos grandes brasilianistas, traça em suas obras uma
tendência onde mostra o comportamento português de acordo com a personalidade e
motivos individuais. Segundo ele era muito dura a decisão de vir às terras brasileiras, e
por isso quando chegavam aqui havia uma tendência, entre os portugueses, a
estabelecer laços de amizade entre os que já estavam aqui, que se provavam com troca
de favores. Além disso, descreve como sendo característico estabelecer o curso pessoal
e profissional dos componentes da Alta Corte, no Brasil, como sendo na realidade uma
conseqüência da trajetória de vida pessoal e profissional de seus integrantes.
Não muito diferente do que afirmou Schwartz, um outro estudioso da formação
brasileira, Caio Prado Júnior define o Estado português como agente explorador, ou seja,
administrava os territórios do novo mundo, e de todas as suas colônias apenas com o
intuito de extrair a maior quantidade de riquezas e lucro possível. Apesar de não se
prender tanto aos porque de uma ação tão invasiva a um território e povo desconhecido,
Prado insiste que qualquer forma de administração era simplesmente para que fossem
organizados tributos e extraídos riquezas naturais. Por isso de um sistema lento e falho, já
que os que vinham aqui estavam apenas para garantir mérito pessoal, e a coroa ao invés
de regular essa relação apenas exigia maior lucro, e em troca cedia maiores benefícios.
Enquanto isso, aquele que tinha uma opinião mais amena, Raymundo Faoro,
enxergava o Estado português como agente empreendedor, ou seja, colocava como seu
objetivo maior construir e desenvolver as terras encontradas. O autor explica também com
o período colonial trouxe as características burocracia e corrupção que atem hoje estão
impregnadas nas relações pessoais, administrativas e burocráticas. Além dessas duas
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características ele afirma também que a origem do característico Estado Patrimonialista
brasileiro, situação em que não há distinções claras entre os limites do publico e do
privado, muito marcante em regimes absolutistas, os monarca muitas vezes usavam
rendas do estado com gastos pessoais, com ofertas de casamentos e roupas, e por vezes
usavam com gastos de governo, como construção de estradas, tem também origem
portuguesa.
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6- Conclusão
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Referências Bibliográficas
PRADO JR., C. História Econômica do Brasil. 21ª edição. São Paulo: Brasiliense,
1978.
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