Miséria da economia
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Um postulado (“lei das vantagens comparativas”) definiria, ad eternum as
“naturais” tendências para uns produzirem bens industriais e outros matérias
primas ou produtos agrícolas. E foi assim que a indústria têxtil indiana
sucumbiu à concorrência dos tecidos de Manchester, tornando a Índia
especializada na produção de milhões de esfomeados, na verdade, mais
devido ao exército britânico que funcionou como regulador do mercado
global do que por obra e graça divina. Também num protectorado inglês
chamado Portugal a industrialização abortou sob a batuta de comerciantes
de vinhos.
Foi inventada então, outra mão, bem mais visível – o Estado – que, sem
perder as suas funções tradicionais de polícia e guerreiro, trataria de
impulsionar o crescimento económico, cujo conceito era, aliás, estranho até
então. E aceite o crescimento, estava justificada a política económica, a
actuação deliberada de certos meios para atingir determinados fins e o
incremento da carga fiscal. É justo citar o principal criador da nova doutrina,
o especulador financeiro, J M Keynes.
Surge o New Deal como programa de gastos públicos para gerar crescimento
e reduzir o desemprego e nasce a segurança social (Beverege) para minorar
os estragos do capitalismo selvagem que para o revolucionário Carrapatoso
e amigos terá sido obra de comunistas... Surge a planificação do crescimento
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económico virado para a guerra (Alemanha nazi) ou a industrialização a todo
o vapor na URSS estalinista. É curioso comparar toda esta lógica de
dinamismo e voluntarismo com o elogio da ruralidade e do analfabetismo,
regado a água benta, no Portugal periférico do homem das botas, parido em
terras de Santa Comba Dão.
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que devem dizer. O receituário é conhecido: privatizações, desvalorização
das moedas, flexibilidade da legislação laboral, endividamento externo,
redução dos gastos públicos de carácter social o, que em resumo, significa
maior pressão sobre a multidão, saque dos haveres estatais e punção fiscal.
Como factor de integração desta panóplia convencionou-se a utilização do
termo globalização.
O colunável Nogueira Leite foi ainda acusado, há poucos anos, de plágio por
um grupo de técnicos do Banco de Portugal, mandados calar pela
administração para evitar a bronca.
Setembro 2006
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