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Bacia Hidrográfica 2
1. GENERALIDADES
O ciclo hidrológico, se considerado de maneira global, pode ser visto como um sistema hidrológico
fechado, uma vez que a quantidade total da água existente em nosso planeta é constante. Entretanto, é
comum o estudo, pelos hidrólogos, de subsistemas abertos. A bacia hidrográfica destaca-se como região
de efetiva importância prática devido a simplicidade de que oferece na aplicação do balanço hídrico.
2. DEFINIÇÃO
Segundo Viessman, Harbaugh e Knapp (1972), bacia hidrográfica é uma área definida
topograficamente, drenada por um curso d’ água ou um sistema conectado de cursos d’ água, dispondo
de uma simples saída para que toda vazão efluente seja descarregada.
3. DIVISORES
Dadas as dificuldades de se efetivar o traçado limitante com base nas formações rochosas (os
estratos não seguem um comportamento sistemático e a água precipitada pode escoar antes de infiltrar)
e no nível freático (devido as alterações ao longo das estações do ano), o que se faz na prática é limitar a
bacia a partir de curvas de nível, tomando pontos de cotas mais elevadas para comporem a linha da
divisão topográfica.
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As características físicas de uma bacia compõem importante grupo de fatores que influem no
escoamento superficial. A seguir, faremos, de forma sucinta, uma abordagem de efeitos relacionados a
cada um deles, tendo como exemplo os dados da Bacia do Riacho do Faustino, localizada no município do
Crato, Ceará.
A área de uma bacia é a área plana inclusa entre seus divisores topográficos. É obtida com a
utilização de um planímetro.
A bacia do Riacho do Faustino tem uma área de 26,4 Km2.
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Após ter seu contorno definido, a bacia hidrográfica apresenta um formato. É evidente que este
formato tem uma influência sobre o escoamento global; este efeito pode ser melhor demonstrado através
da apresentação de 3 bacias de formatos diferentes, porém de mesma área e sujeitas a uma precipitação
de mesma intensidade. Dividindo-as em segmentos concêntricos, dentro dos quais todos os pontos se
encontram a uma mesma distância do ponto de controle, a bacia de formato A levará 10 unidades de
tempo (digamos horas) para que todos os pontos da bacia tenham contribuído para a descarga (tempo de
concentração). A bacia de formato B precisará de 5 horas e a C, de 8,5 horas. Assim a água será
fornecida ao rio principal mais rapidamente na bacia B, depois em C e A, nesta ordem.
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Exprimir satisfatoriamente a forma de uma bacia hidrográfica por meio de índice numérico não é
tarefa fácil. Apesar disto Gravelius propôs dois índices:
π r2 = A
P
Kc = com A
2π r ∴ r=
π
Substituindo, temos:
P P
Kc = K c = 0,28
A A
2π
π
onde P e A são, respectivamente, o perímetro (medido com o curvímetro e expresso em Km) e a área da
bacia (medida com o planímetro, expressa em Km2). Um coeficiente mínimo igual a 1 corresponderia à
bacia circular; portanto, inexistindo outros fatores, quanto maior o Kc menos propensa à enchente é a
bacia.
É a relação entre a largura média da bacia ( L ) e o comprimento axial do curso d’ água (L). O
comprimento “L” é medido seguindo-se o curso d’ água mais longo desde a cabeceira mais distante da
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bacia até a desembocadura. A largura média é obtida pela divisão da área da bacia pelo comprimento da
bacia.
L A
Kf = , mas L =
L L
então,
A
Kf =
L2
Este índice também indica a maior ou menor tendência para enchentes de uma bacia. Uma bacia
com Kf baixo, ou seja, com o L grande, terá menor propensão a enchentes que outra com mesma área,
mas Kf maior. Isto se deve a fato de que, numa bacia estreita e longa (Kf baixo), haver menor
possibilidade de ocorrência de chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda a sua extensão.
A bacia do Riacho do Faustino apresenta os seguintes dados:
A = 26,4 km2 = 26.413.000 m2
L = 10.500 m
P = 25.900 m
Assim,
P 25.900
K c = 0,28 = 0,28 = 1,41
A 26.413.000
K c = 1,41
A 26.413.000
Kf = = = 0,24
L2 (10.500)2
K f = 0,24
O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus efluentes; o padrão de
seu sistema de drenagem tem um efeito marcante na taxa do “runoff”. Uma bacia bem drenada tem
menor tempo de concentração, ou seja, o escoamento superficial concentra-se mais rapidamente e os
picos de enchente são altos.
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As características de uma rede de drenagem podem ser razoavelmente descritos pela ordem dos
cursos d’ água, densidade de drenagem, extensão média do escoamento superficial e sinuosidade do
curso d’ água.
A ordem dos rios é uma classificação que reflete o grau de ramificação dentro de uma bacia. O
critério descrito a seguir foi introduzido por Horton e modificado por Strahler:
“Designam-se todos os afluentes que não se ramificam (podendo desembocar no rio principal ou
em seus ramos) como sendo de primeira ordem. Os cursos d’ água que somente recebem afluentes que
não se subdividem são de segunda ordem. Os de terceira ordem são formados pela reunião de dois
cursos d’ água de segunda ordem, e assim por diante.”
A densidade de drenagem é expressa pelo comprimento total de todos os cursos d’ água de uma
bacia (sejam eles efêmeros, intermitentes ou perenes) e sua área total.
Dd =
∑ l1
A
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Para a Bacia do Riacho do Faustino:
∑ l1 = 39.900 m
39.900
∴ Dd = = 0,001511 m/m2
26.413.000
Este parâmetro indica a distância média que a água de chuva teria que escoar sobre os terrenos da
bacia (EM LINHA RETA) do ponto onde ocorreu sua queda até o curso d’ água mais próximo. Ele dá uma
idéia da distância média do escoamento superficial.
A bacia em estudo é transformada em retângulo de mesma área, onde o lado maior é a soma dos
comprimentos dos rios da bacia (L = ∑ l i ).
A
4. l x L = A assim, l =
4L
Para a Bacia do Riacho do Faustino:
26.413.000
l= = 165,5 m
4 x 39.900
l = 0,165 km
L
Sin =
Lt
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L = 10.500 m
Lt = 8.540 m
10.500
Sin = = 1,23
8.540
Sin = 1,23
Obs.: Lt (comprimento do talvegue é a medida em LINHA RETA entre os pontos inicial e final do
curso d’ água principal).
A declividade dos terrenos de uma bacia controla em boa parte a velocidade com que se dá o
escoamento superficial (VILLELA, 1975). Quanto mais íngreme for o terreno, mais rápido será o
escoamento superficial, o tempo de concentração será menor e os picos de enchentes maiores.
A declividade da bacia pode ser determinada através do Método das Quadrículas. Este método
consiste em lançar sobre o mapa topográfico da bacia, um papel transparente sobre o qual está traçada
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uma malha quadriculada, com os pontos de interseção assinalados. A cada um desses pontos associa-se
um vetor perpendicular à curva de nível mais próxima (orientado no sentido do escoamento). As
declividades em cada vértice são obtidas, medindo-se na planta, as menores distâncias entre curvas de
níveis subsequentes; a declividade é o quociente entre a diferença da cota e a distância medida em planta
entre as curvas de nível.
6,700
Declividade média da bacia = ≅ 0,1241 m/m ou 12,41%
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A distribuição de freqüências pode ainda ser plotada no gráfico declividade x freqüência acumulada
(curva de distribuição de declividade). Diferentes bacias podem ser plotadas num mesmo gráfico para fins
de comparação; curvas mais íngremas indicam um escoamento mais rápido.
A amplitude das classes consideradas no agrupamento de vetores foi de 22,5o . Feita a distribuição
de freqüência, lançamo-la no diagrama Rosa dos Ventos.
Tabela 2.2 – Orientação da bacia do Riacho do Faustino
225o 315o
202,50o 337,50o
180o
0o
20o
157,50o 22,50o
135o 45o
112,50o 67,50o
90o
Representa o estudo da variação da elevação dos vários terrenos da bacia com referência ao nível
do mar. Esta curva é traçada lançando-se em sistema cartesiano a cota versus o percentual da área de
drenagem com cota superior; para isto deve-se fazer a leitura planimétrica parceladamente. Os dados
foram dispostos em quadro de distribuição de freqüência.
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Tabela 2.3 – Distribuição de freqüência (bacia do Riacho do Faustino).
A elevação média da bacia é obtida através do produto do ponto médio entre duas curvas de nível
e a área compreendida entre elas, (coluna 7 da Tabela 2.3), dividido pela área total.
E=
∑P m x Ai
A
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12.226,49
E= = 462,9
26,413
E = 462,9m
A=Lx l
P = 2 (l + L )
L
Dado Kc, utiliza-se o ábaco ao lado e determina-se o valor de
A
L
Figura 2. 13 – Ábaco (Fonte: VILLELA, 1975)
A x Kc
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L
K c = 1.41 → = 2,02
A
P = 2 (l + L )
P
Mas, l = −L
2
P = 25,9 Km
l = 2,5 Km
Para determinar a distância entre as curvas de nível no retângulo equivalente, usou-se os cálculos
da Tabela 2.3. dividida por 2,5.
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Tabela 2.4 – Cálculo da distância entre curvas de nível
h 80,21
S2 = = = 0,08 m / m
10.500 10.500
⎛ ⎞
⎜ ⎟
⎜ ⎟ 2
S3 = ⎜
∑ Li ⎟ = ⎛⎜ 10,50082 ⎞⎟ = 0,00849 ≅ 0,0085 m/m
⎜ ⎛ L ⎞ ⎟ ⎜⎝ 113,9483 ⎟⎠
⎜ ∑⎜ i ⎟⎟
⎜ ⎜ Di ⎟⎟
⎝ ⎝ ⎠⎠