Anda di halaman 1dari 12

CLASSIFICAÇÃO E TIPIFICAÇÃO DE CARCAÇAS BOVINAS1

Pedro Eduardo de Felício2


Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp
CP. 6121; CEP 13083-862 – Campinas SP.
I. INTRODUÇÃO
A “tipificação de carcaças” é um instrumento auxiliar na comercialização de gado e carne
que deve ter surgido no fim do século 19 ou início do século 20, e que ainda hoje é
comumente utilizado em países do continente americano, como Estados Unidos, Canadá,
Argentina e Uruguai. A tipificação é formada de duas partes, sendo a primeira de
classificação dos lotes por sexo, pela maturidade e pela faixa de peso do gado, de modo
que as carcaças serão agrupadas por categoria, como por exemplo: “macho castrado -
jovem”, ou seja, novilho; e “fêmea - jovem”, isto é, novilha, ou ainda “fêmea - adulta”,
portanto, vaca; nessa parte, embora de maneira nem sempre evidente, o peso certamente
é um fator restritivo importante. A segunda parte é a tipificação propriamente dita, que
consiste em alocar as carcaças das principais categorias, como novilho ou novilha, em
“tipos” ordenados de melhor a pior, segundo outros indicadores tradicionalmente
utilizados nos julgamentos de gado de corte em exposições, como a conformação e a
quantidade de gordura (acabamento). Em tese as carcaças dos melhores tipos dariam
carne de melhor qualidade da carne, preferivelmente associada a maiores rendimentos de
desossa.

Já a “classificação de carcaças”, sem a parte de colocação em tipos hierarquizados é um


esquema desenvolvido no Reino Unido e na França no final dos anos 60 e início dos 70,
que serviu de base para os sistemas em uso na União Européia e na Nova Zelândia.
Também no Brasil um sistema de simples classificação chegou a ser aprovado e
publicado pelo governo brasileiro em maio de 2004.

Os esquemas desenvolvidos quase simultaneamente naqueles dois países da Europa


eram chamados de “carcase classification” (classificação de carcaças) pelos britânicos e
“identification codifiée” (identificação codificada) pelos franceses. O objetivo era apenas
classificar as carcaças com base em alguns parâmetros realmente importantes para quem
comercializa gado e carne, formando categorias homogêneas, sem qualquer pretensão de
hierarquizá-las em tipos. Acreditava-se que, desse modo, surgiriam tendências no

1
Texto de conferência proferida no Congresso CBNA de 17-18 de maio de 2005, em Goiânia, Goiás.
2
Professor associado do Departamento de Tecnologia de Alimentos da FEA-Unicamp.
2

comércio a partir de preferências locais ou regionais e, conseqüentemente, possíveis


diferenciações de preços que deveriam flutuar conforme a oferta e procura no mercado.
Na mesma época, uma comissão de veterinários brasileiros do Ministério da Agricultura,
recomendou a utilização da identificação codificada no Brasil.

No Reino Unido a classificação era muito simples, tinha quatro dígitos, sendo uma letra
para maturidade, outra para categoria de sexo, e um número para acabamento e outro
para conformação. A título de exemplo, YS24, correspondia a carcaças de novilhos (S) de
até dois dentes permanentes (Y = young), o equivalente a 18-28 meses em taurinos, com
acabamento 2 (baixo nível de acabamento) e conformação 4 (superior), ambos em
escalas de 1 a 5. Já na França a proposta era identificar várias características, desde a
raça ou cruzamento do gado até a cor da carne e da gordura, o que resultava num código
de muitos dígitos. Obviamente não havia na época os recursos de informática e as
leitoras ópticas de código de barras que existem hoje, então o método era inviável.
Curioso é que os veterinários brasileiros que aprenderam na França simplificaram o
método de tal modo que ele ficou praticamente idêntico ao britânico, e o utilizaram como
“classificação pura e simples” em testes nos frigoríficos nos anos 70.

Na União Européia prevaleceu uma classificação das carcaças de bovinos jovens, pelo
acabamento (escores visuais de 1 a 5), e conformação, avaliada como escore de
musculosidade (da mais para a menos musculosa, segundo as letras S-E-U-R-O-P) na
qual é colocada tanta ênfase que acaba hierarquizando as carcaças, como nos sistemas
tradicionais de tipificação.

No Brasil, com a Portaria Ministerial nº 612, publicada no Diário Oficial da União de


10.10.1989, os tipos formados pela combinação das classes de sexo e maturidade,
acabamento e conformação, passaram a ser hierarquizados, principalmente pelo número
de dentes incisivos permanentes (d.i.p), com algumas restrições relativamente ao
acabamento, conformação e peso, tudo avaliado na carcaça quente, em seis tipos
designados pelas letras da palavra B-R-A-S-I-L. Tal portaria até o momento não pôde ser
revogada por servir de suporte legal à participação brasileira na Cota Hilton, entretanto,
na prática pelo menos, o sistema que era de “classificação e tipificação” viria a ser
substituído por um que é só de “classificação”, como será explicado mais adiante, após
3

uma breve explanação sobre indicadores quantitativos e qualitativos e apresentação de


outros esquemas utilizados atualmente em outros países.

II. DIFERENÇAS QUANTITATIVAS


A variabilidade fenotípica existente no gado decorre de efeitos genéticos, de meio
ambiente e de interações do genótipo com o meio, e vai se manifestar nas características
de carcaça que, didaticamente, são separadas em quantitativas e qualitativas. Em outras
palavras, a raça ou linhagem, o cruzamento, o sexo, a idade à castração dos bezerros, o
tipo de pasto, a engorda com maior ou menor concentração de grãos, a fase da curva de
crescimento (peso e idade) em que se dá o abate, bem como os cuidados na apartação,
no embarque, no transporte e no período ante-mortem, nos currais do matadouro, podem
exercer influência na composição da carcaça ou na qualidade da carne, ou em ambas.

A composição das carcaças pode ser comparada por separação física dos tecidos
(dissecação), ou seu equivalente do ponto de vista comercial, a desossa e elaboração dos
cortes cárneos por um procedimento estandardizado, e por análise da composição
química (umidade, proteínas, lipídios e minerais), mas nenhuma dessas possibilidades é
prática o suficiente para ser utilizada na rotina de uma indústria de abates e desossa. Por
isso, muito tempo e verbas de pesquisa têm sido gastos na tentativa de desenvolver
técnicas que possam estimar acuradamente as proporções dos tecidos - muscular e
adiposo - das carcaças. Como conseqüência, inúmeras são as técnicas já disponíveis,
porém, como o objetivo deste trabalho não é fazer uma revisão de métodos, serão citados
aqui apenas os já consagrados pelo uso como indicadores da quantidade ou proporção
dos tecidos.

São considerados indicadores de composição, geralmente utilizados individualmente, ou


combinados, em índices ou equações, as medidas ou avaliações seguintes:

- Medida da espessura de gordura que recobre a carcaça em pontos


específicos, fazendo-se ajustes subjetivos, que são absolutamente
necessários em casos de remoção involuntária da gordura durante a
esfola;
- Medida da área do olho de lombo, seção transversal do m. longissimus
dorsi;
- Peso da carcaça;
4

- Avaliação subjetiva do acabamento ou cobertura da carcaça, atribuindo


escores segundo uma escala pré-definida;
- Avaliação subjetiva da conformação (relação carne/osso), onde carne
equivale à soma de músculo e gordura, ou da musculosidade (relação
músculo/osso), atribuindo escores segundo uma escala pré-definida;
- Comprimento da carcaça medido entre a borda anterior do púbis e a
borda anterior da primeira costela, aponta para o tamanho do esqueleto
do animal, de modo que, dividindo-se o peso pelo comprimento da
carcaça, tem-se um índice que pode funcionar como indicador da
relação carne/osso;
- Avaliação subjetiva da proporção de KPH (kidney, pelvic, and heart) fat,
ou em português Gordura RPC (renal, pélvica, e cardíaca), nos países
onde essa gordura ou sebo permanece na carcaça durante o
resfriamento.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aplica na rotina industrial,


com grandes e importantíssimos reflexos na área comercial, um método de tipificação
(tipos hierarquizados) denominado “Yield Grade”, baseado no rendimento dos principais
cortes cárneos (RLRC – round, loin, rib and chuck) desossados e com gordura aparada,
que é estimado por uma equação de regressão múltipla (cutability ou “retalhabilidade”),
onde os indicadores são: uma medida de espessura de gordura e outra de área de olho
de lombo, ambas na seção transversal da 12ª costela; o peso da carcaça, e a
porcentagem estimada de KPH fat, como segue já convertida para o sistema métrico-
decimal.

Yield Grade = 2,5 + 0,1 (Espessura de gordura ajustada, mm) +


0,0084 (Peso da carcaça quente, kg) + 0,2 (GPRC%)
- 0,0496 (AOL, cm2).
Exemplo de YG = 2,5 + 0,1 (5 mm) + 0,0084 (272 kg) + 0,2 (3,5%) –
0,0496 (75 cm2) = 2,265 que, na prática, aproxima-se
para 2,0.

O valor encontrado, na prática comercial, é sempre aproximado para baixo, eliminando-se


todas as decimais, deixando ficar somente o valor inteiro, de modo que quaisquer valores
entre 2,0 e 2,9, ou entre 3,0 e 3,9, são aproximados para 2,0 e 3,0, respectivamente.

No Brasil há equações disponíveis publicadas por este autor e colaboradores e, também,


por Luchiari Filho, e também outros autores, para estimativas dos rendimentos em carne
desossada e aparada só do traseiro especial, dos cortes do traseiro e dianteiro, dos
5

cortes comerciais brasileiros, sem ponta de agulha, e da carne aproveitável total, incluindo
retalhos magros. A equação seguinte é um exemplo tirado de um de nossos trabalhos.

Cortes Comerciais Brasileiros (%) = 60,33 – 0,015 (peso da carcaça


quente, kg) – 0,462 (espessura de gordura, mm) +
0,110 (AOL, cm2)

Exemplo de CCB (%) = 60,33 – 0,015 (272kg) – 0,462 (5 mm) +


0,110 (75 cm2) = 62,2% de carne dos cortes
comerciais brasileiros, desossados e aparados a 5
mm; não inclui a carne da ponta-de-agulha.

III. DIFERENÇAS QUALITATIVAS


As carcaças também diferem quanto à qualidade da carne, entendendo-se por qualidade,
neste caso, o aspecto visual (cor, textura e firmeza) que terá a carne nas gôndolas
refrigeradas dos supermercados, e os atributos organoléticos (maciez, sabor e
suculência) da carne preparada para consumo, ou seja, cozida ou assada por um método
de cocção adequado para o corte cárneo escolhido.

Como não parece muito prático nem econômico fazer testes com a carne de um ou mais
cortes de cada carcaça, medindo-se os atributos organolépticos mencionados, a solução
é utilizar indicadores que tenham uma certa correlação com as medidas que poderiam ser
feitas na carne em laboratório. Assim, nos métodos de tipificação em que se chega a
fazer a avaliação da carcaça resfriada, como se dá nos EUA e Canadá, são utilizados
indicadores para estimar quão macia, saborosa e suculenta será a carne após a cocção.
Em tais métodos, também se avalia subjetivamente a aparência, especialmente a cor da
carne, após um tempo mínimo de exposição ao oxigênio do ar em ambiente refrigerado.

Os indicadores de qualidade mais tradicionais são justamente aqueles utilizados pelos


norte-americanos na avaliação da carcaça resfriada, que são os seguintes:

- Maturidade fisiológica do bovino abatido, avaliado pelo grau de


ossificação das cartilagens das vértebras do sacro, lombares, e
torácicas, com ajustes pela luminosidade da cor da superfície de corte
da carne; na América do Sul, como em alguns outros países, a
maturidade é avaliada pela erupção e crescimento dos dentes incisivos
permanentes;
- Mármore (marbling), ou gordura intramuscular, também conhecida
como gordura entremeada, que está relacionada ao genótipo, à fase da
6

curva de crescimento e ao nível energético da ração do bovino, que por


sua vez estão associados à velocidade de ganho de peso, que pode ter
uma correlação positiva com a maciez da carne. Além disso, o mármore
parece funcionar como um seguro contra abuso no ponto final de
cocção da carne, que costuma endurecer uma carne magra, mas não
uma com maior teor de gordura entremeada;
- Cor da carne e da gordura, avaliada na superfície da carcaça ou na
superfície denominada área do olho do lombo. A cor tendendo ao
creme-claro, por exemplo, aponta para um animal jovem, alimentado
com ração, em confinamento. Já a cor da carne (tecido muscular) é
indicador de maturidade fisiológica.

Além desses indicadores mais comumente empregados, na Austrália estão sendo


estudados e aplicados na prática comercial e industrial, para carcaças de bovinos jovens,
novos indicadores, como:

- Composição racial do gado, mais especificamente as proporções de


Bos indicus e Bos taurus no genótipo;
- Velocidade de ganho em peso, obtida dividindo-se o peso da carcaça
pela idade, que é estimada pela maturidade óssea; há evidências de
que a taxa de ganho possa ser positivamente associada com os
atributos de qualidade organoléptica da carne;
- Tipo de pendura da carcaça durante o resfriamento ou pelo ao menos
nas primeiras dez horas de resfriamento, quando feita pela pelve,
diminui a necessidade de maturação;
- Tempo de maturação, que segundo o MSA – Meat Standards
Australia, deve ser de no mínimo cinco dias, sendo positivamente
correlacionado com a qualidade organoléptica.

IV. SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO E TIPIFICAÇÃO


O sistema empregado na União Européia, que era para ser apenas uma classificação,
acabou enfatizando a conformação, que é avaliada como musculosidade, ou seja, grau de
desenvolvimento das massas musculares da carcaça. Desse modo, a UE criou tipos
hierarquizados a partir desse indicador, ou seja, uma tipificação.

Há outros dois sistemas semelhantes, tipicamente sul-americanos, que serão


apresentados na seqüência, e que são bons exemplos de classificação seguida de
tipificação.
7

O primeiro a ser descrito é o Sistema Oficial de Clasificación y Tipificación, do Uruguai,


sob responsabilidade do INAC – Instituto Nacional de Carnes, daquele país. As carcaças
são inicialmente classificadas pelo sexo-maturidade como Novillo, Vaca, Ternero e Toro.
Em seguida, essas classes são subdivididas como na Tabela 1.

Depois, as carcaças são tipificadas pela conformação conforme a seqüência de letras I –


N – A – C – U – R, e aí são feitas as combinações entre a categoria de sexo-maturidade e
a conformação.

Exemplos:
AJ = Novillo Joven, de conformação A (comparável a retilínea);
N6 = Novillo 6 D (dentes permanentes), de conformação N (comparável
a subconvexa);
VQC = VQ – Vaquillona de 0 a 4 D, de conformação C (comparável a
subretilínea);
VC6 = V – Vaca de 6 D, de conformação C.

TABELA 1. Combinação de sexo-maturidade com conformação na tipificação uruguaia.

Sexo-maturidade Subclasses

Novillito 0 Da, peso min. de carcaça 170 kg, abrevia-se N


Novillo Joven (2-4 D), abrevia-se J
Novillo (novilho)
Novillo 6 D (6 D), abrevia-se 6
Novillo (8 D), não se abrevia

Vaquillona (0-2-4 D), peso min. de carcaça 150 kg, abrevia-se VQ.

Vacas Vaca 6 D, abrevia-se V6.


Vaca 8 D, abrevia-se V.

Machos castrados ou não e fêmeas, todos 0 D e que não satisfazem


Ternero (garrote)
os requisitos para Novillito ou Vaquillona.

Machos inteiros, ou castrados que apresentem características sexuais


Toro (touro)
secundárias, e dentes incisivos permanentes.
a
D=nº de dentes incisivos permanentes

Em seguida, acrescenta-se um número correspondente ao escore de terminación


(acabamento), avaliado conforme uma escala de cinco pontos (0-1-2-3-4).
8

O sistema de Classification y Tipificación Oficial de Carnes Vacunas de la República


Argentina também classifica as carcaças em categorias de sexo, maturidade e peso,
depois tipifica pela conformação e cobertura de gordura. Os machos castrados são
chamados de Terneros, que são carcaças muito leves, 100-146 kg; Novillitos, quando
leves, pesando entre 148 e 236 kg; e Novillos, quando pesadas, mais de 236 kg; e as
fêmeas, chamadas de Ternera, com 100-146 kg; Vaquillona, entre 148 e 226 kg, e Vacas,
pesando acima de 226 kg. Toros, machos não castrados.

Nesse sistema, os Novillos são tipificados quanto à conformação com as letras JJ –J – U


– U2 – N – T – A, e todas as outras categorias de sexo-maturidade (Novillito, Ternero e
Ternera, Vaquillona e Vaca) com as letras AA – A – B – C – D –E – F. Em ambas as
seqüências, as letras representam a conformação, da melhor para a pior, como por
exemplo, JJ ou AA = Superior; J ou A = Muy Buena; U ou B = Buena, e assim por diante.

Como no sistema uruguaio, acrescenta-se um número para o escore de acabamento,


também com escala de cinco pontos (0 – 1 – 2 – 3 – 4).

Esses dois sistemas estão bem alinhados ao da União Européia, pois utilizam os
indicadores conformação e acabamento com escalas semelhantes e hierarquizam pela
conformação como a UE, sendo muito provável que existam diferenças no modo de se
avaliar subjetivamente a característica, com a UE julgando musculosidade (relação
músculo/osso) e os países da América do Sul julgando conformação como relação carne
(músculo + gordura)/osso.

V. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO PURA E SIMPLES


O sistema neozelandês (New Zealand Meat Board, 1996) é um esquema de classificação
interessante para se ter como exemplo pela simplicidade de critérios utilizados, e pela
filosofia do governo, que impõe a obrigatoriedade de sua aplicação comercial visando
oferecer parâmetros que possam orientar a comercialização da carne bovina sem
pretender determinar o que é de melhor qualidade ou de maior rendimento de desossa. O
objetivo é realmente separar o que é diferente e juntar o que é semelhante.

Os critérios da classificação obrigatória são as categorias de animais: novilhos e novilhas,


vacas gordas, vacas magras e touros.

Na categoria “novilhos” e “novilhas”, as carcaças são classificadas quanto à gordura de


cobertura em cinco classes: 0mm, até 3mm, 3 a 10mm, 11 a 16mm, e >16mm.
9

Na categoria “vacas gordas”, em três classes de gordura: 3 a 10mm, 11 a 16mm, e


>16mm.

Na categoria “vacas magras” em uma classe: até 4mm.

Na de touros, em duas classes: até 2mm e >2mm.

As carcaças também são classificadas em faixas de peso e, exceto as “vacas magras”,


em três classes de musculosidade: 1=superior, 2=regular, e 3=inferior.

Na parte não obrigatória, ou seja, voluntária, do sistema há o Young lean beef (carne
magra de bovino jovem, uma espécie de programa “novilho precoce”) que corresponde a
novilhos de até 2 D (dentes permanentes), em três classes de acabamento, e “novilhas de
até 2 D”, em duas classes de acabamento. O critério de musculosidade em três classes
vale para essas carcaças de novilhos e novilhas.

O que este sistema tem de bom é a compra e venda por especificações e a facilidade de
compreensão pelos diferentes segmentos da cadeia produtiva.

VI. O NOVO SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE CARCAÇAS


O novo sistema, cuja IN - Instrução Normativa, de nº 9, foi assinada pelo Ministro Roberto
Rodrigues, da Agricultura Pecuária e Abastecimento, no dia 04 de maio de 2004, deveria
ter sido instituído em todo o território nacional logo após sua regulamentação que estava
agendada para até o dia 31.12.2004. A partir de 01.01.2005, sua aplicação passaria a ser
obrigatória nos estabelecimentos de abate sob Inspeção Federal, sendo que a avaliação
das carcaças teria que ser feita por profissionais habilitados, credenciados pelo Mapa e
pagos pelo setor privado. No entanto, em novembro de 2004, em reunião de
representantes do Fórum Nacional da Pecuária de Corte com o Diretor do DIPOA ficou
decidido que o Mapa deveria adiar a data de início da vigência da normativa por algum
tempo, o que ocorreu através da IN nº 37, de 29.12.2004. Segundo comunicação pessoal
do Diretor do DIPOA, o adiamento será de um ano, de modo que a regulamentação
começará a ser discutida em breve para estar pronta para implementação no início de
2006..

Os critérios adotados pela IN nº 9 para classificação das carcaças são o sexo e a


maturidade, o peso e o acabamento.
10

Sexo - verificado pelo exame dos caracteres sexuais, com as categorias: Macho inteiro
(M), Macho castrado (C), Novilha (F), e Vaca de descarte (FV).
Maturidade - verificada pelo exame dos dentes incisivos, com as categorias:
- Dente de leite (d) - animais com apenas a 1ª dentição, sem queda das
pinças;
- Dois dentes (2d) - animais com até dois dentes definitivos, sem queda dos
primeiros médios da primeira dentição;
- Quatro dentes (4d) - animais com até quatro dentes definitivos, sem queda
dos segundos médios da primeira dentição;
- Seis dentes (6d) - animais com até seis dentes definitivos, sem queda dos
cantos da primeira dentição; ou
- Oito dentes (8d) - animais com mais de seis dentes definitivos.

Peso da Carcaça - verificado mediante pesagem da carcaça quente (em kg).


Acabamento da Carcaça - verificado mediante observação da distribuição e quantidade
de gordura de cobertura, em locais diferentes da carcaça (regiões torácica, lombar e no
coxão), com as categorias:
- Magra (1) - gordura ausente;
- Gordura escassa (2) - 1 a 3 mm de espessura;
- Gordura mediana (3) - acima de 3 e até 6 mm de espessura;
- Gordura uniforme (4) - acima de 6 e até 10 mm de espessura;
- Gordura excessiva (5) - acima de 10 mm de espessura.

As meias-carcaças, quartos, grandes peças e cortes, serão identificados (as) com os


códigos dos parâmetros sexo, maturidade e acabamento mediante aposição de carimbos
nas peças com ossos (meias-carcaças, quartos e grandes peças) e de etiquetas nas
embalagens dos cortes desossados. Será permitida a utilização do código ® do Sisbov
para carcaças, quartos e cortes de carne de gado rastreado. As identificações serão
mantidas até o consumo industrial ou exposição do produto para venda ao consumidor.

O classificador emitirá um laudo por lote de animais submetidos à classificação,


detalhando o resultado da avaliação da carcaça de cada animal, conforme modelo oficial.
O laudo será emitido em quatro vias de igual teor, sendo a primeira destinada ao
estabelecimento industrial, que encaminhará uma cópia ao distribuidor e mercado
varejista, a segunda ao fornecedor dos animais e a terceira ao encarregado do SIF, sendo
a quarta via mantida com o classificador.
11

VII. CONSIDERAÇÕES FINAIS


O novo sistema brasileiro de classificação de carcaças é do tipo descritivo, ou seja, uma
classificação pura e simples, o que é muito importante quando se considera a
heterogeneidade da produção pecuária e do mercado consumidor no Brasil. E representa
um avanço em relação ao sistema de “Classificação e Tipificação”, por eliminar a
hierarquização - de tipos - que existia, mas que não era utilizada na prática comercial e
industrial, a não ser para “novilho precoce” e “cota Hilton”. Representa um avanço,
também, por tornar obrigatória a classificação de uma mercadoria agropecuária, o que
deve ser visto como um direito do produtor rural que passará a ser respeitado pelas
indústrias.

O novo esquema, provavelmente, não deveria ter eliminado o julgamento de conformação


sem colocar em seu lugar uma avaliação do grau de desenvolvimento das massas
musculares, que poderia ser em três classes como no método neozelandês. Se
implantado como está publicado o novo sistema não diferencie carcaças de gado leiteiro
daquele de corte, tampouco do gado Zebu com suas cruzas de Bos taurus, nem destes
últimos com as raças européias continentais. Com a omissão, perde-se um indicador
bastante prático da relação carne/osso, ou seja, do rendimento de desossa.

Quanto ao parâmetro “sexo”, note-se que a designação de Novilhas (F) e Vacas de


descarte (FV) é desnecessária, porque as categorias “novilhas” e “vacas” serão formadas
no cruzamento do sexo (fêmea) com a maturidade (hoje, até 4d, no futuro 2d, para
novilha; 6d e 8d para vaca). Além disso, a vaca, cuja carcaça se avalia no frigorífico, é
sempre de descarte, como não poderia deixar de ser.

Quanto ao parâmetro “peso da carcaça”, não consta da IN a explicação de como o peso


será utilizado na classificação. É possível que a regulamentação traga um detalhamento
disso, sendo que uma possibilidade seria classificar as carcaças em três categorias:
leves, médias e pesadas; ou ainda, em 15 faixas de 15 kg (uma arroba), iniciando em 10
e terminando em 24 arrobas, o que não seria uma má idéia, levando-se em conta que
uma empresa queira estabelecer uma bonificação para quem entregar gado com,
digamos 70% das carcaças, com o peso nas faixas de 17 e 18 arrobas.

Numa análise mais futurista, pode-se notar que houve timidez na elaboração do “novo”
método - que não é novo, porque é o mesmo esquema não oficializado da década de 70,
12

todavia, sem a conformação - que deixou de incluir outros parâmetros de classificação, a


exemplo do que se fez no novo código de barras (EAN-UCC nº 128), para o comércio
internacional de carnes, da UN-ECE -Comissão Econômica Européia, das Nações
Unidas, que codifica diversas informações obrigatórias e opcionais - algumas
dependentes de rastreabilidade individual - a serem incorporadas com o tempo e as
solicitações dos clientes.

VIII. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA


AUSTRALIA. Meat Standards Australia Information Kit. Meat and Livestock Australia.
2001.
______. User’s guide to Australian Meat. 3rd ed. Brisbane AUS-MEAT LIMITED. 2003,
84p.
FELÍCIO, P.E. de. Classificação de carcaça bovina. Parte I. Critérios terão que facilitar o
comércio por meios eletrônicos. Revista ABCZ, Uberaba, ano 3, n.14 (mai./jun.). 2003,
p.164.
______ Classificação de carcaça bovina. Parte II. O sistema oficial do Mapa tem uma
parte boa e outra inadequada. Revista ABCZ, Uberaba, ano 3, n.15 (jul./ago.). 2003,
p.154-5.
______ Classificação de carcaça bovina. Parte III. Diferenciar preços por tipo de
mercadoria é prerrogativa do mercado, não de tecnocratas. Revista ABCZ, Uberaba, ano
3, n.16 (set../out.). 2003, p.96.
______Perspectivas para a tipificação de carcaça bovina. I Simpósio Internacional sobre
Tendências e Perspectivas da Cadeia Produtiva da Carne Bovina (Simpocarne)...Anais.
São Paulo, junho de1999, (mídia eletrônica).
______ ALLEN, D.M. Previsão de rendimentos em carne aproveitável da carcaça de
novilhos Zebu. Coletânea ITAL, Campinas, v.12, p.203-217, 1981/1982.
LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da Carne Bovina. Nova Odessa, SP: LinBife. 2000. 135p.
______. ALLEN, D.M. Prediction equations for estimating carcass yields in Nellore type
cattle. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.22, n.4, p.325-336. 1987.
NEW ZEALAND MEAT BOARD. New Zealand Meat - Guide to beef carcass classification.
New Zealand Meat Producers Board, Wellington, N.Z, 1996, 4p.
PEARSON, A.M.; DUTSON, T.R. Quality Attributes and Their Measurement in Meat,
Poultry and Fish Products. Advances in Meat Research V.9. Gaithersburg, Maryland:
Aspen Publishers, Inc. 1999, 505p.
URUGUAY. Manual de carnes bovina y ovina. Instituto Nacional de Carnes. Montevideo.
2004, 110 p.

Anda mungkin juga menyukai