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DIREITO DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

18/03/2011
E-Mail c/ Planos para Estudo
direitodoconsumidorufba@gmail.com
Senha: temqueestudar

E-mail para contato:


joseanesuzart@oi.com.br

BIBLIOGRAFIA:
Claudia Lima Marques, Vasconcelos e Benjamin e Leonardo Rosco Beça
Bruno Miragem
Cavalieri
Rizzatto Nunes
João Batista de Almeida

P/ Concursos Públicos:
Leonardo Medeiros Garcia
Felipe Peixoto Braga

AVALIAÇÃO:
Todas as avaliações terão questões doutrinárias e questões práticas.
O CDC poderá ser consultado, desde que não seja anotado (poderá ser marcado).

OBS.: Todos os Domingos ela envia os planos de aula, questões, provas etc. Para o e-mail no topo.

DIREITO DO CONSUMIDOR

Não importa qual a sua qualidade de pessoa: se casado, solteiro, com ou sem filhos, empresário,
advogado, pobre ou rico; não há quem não seja consumidor. Esta matéria se mostra importante por
isto.

1. ORIGENS HISTÓRICAS
Constata-se desde o período da antiguidade uma situação dispersa de consumo. NEWTON DE
LUCCA (USP) nos traz no seu livro aspecttos referentes ao Código de Hamurábi, que diz, já 3 mil
anos atrás, que o enriquecimento através da venda de mercadorias que não atendessem aos padrões
de qualidade seria ilícito.

No decorrer da Idade Média, a produção restrita não permitiu que normas fossem positivadas para
os adquirentes de produtos e serviços. Vamos observar um movimento de fato, social, para a
proteção dos direitos dos consumidores na década de 60. Em 15 de março de 1962, o presidente
americano John Kennedy declara que consumidores somos todos nós, e somos a classe mais
desorganizada do mundo. No berço do consumo, o presidente incentiva a criação destas leis.

Também nos anos 60, houve a publicação de um livro de Sinclair, chamado A Selva. Esta obra nos
traz a realidade do consumidor americano, que deveria ter acesso a produtos de qualidade e higiene
adequadas. Neste mesmo ano, o presidente Roosevelt publicou atos que protegiam consumidores.

Já em 73, a ONU publica a resolução 543/73, a “Carta dos Direitos do Consumidor”. Os futuros
advogados que, porventura, litigariam contra empresas multinacionais precisariam conhecer e se
utilizar deste documento, por isto apresenta tão grande importância.
Em 1972 tivemos a Convenção de Estocolmo, onde muito se discutiu sobre a situação do
consumidor.

Na década de 80 observamos a resolução 39/248 da ONU, declarando que os consumidores têm


direito à informação, segurança e saúde. Além destas, há o direito à educação.

2. PANORAMA MUNDIAL (ONU/CEE)


Além daqueles atos normativos do tópico anterior, note-se também o Tratado de Roma, da
Comunidade dos Estados Europeus, o documento 93/13.

3. A SITUAÇÃO DA AMÉRICA LATINA


O Brasil possui o CDC, criado pela Lei 8.078/90. Desde o final da década de 70, inicio de 80,
houve movimentação – principalmente de processualistas – foi de analisar uma nova categoria de
direitos. Já em 1985, a Lei de Ação Civil Pública previa a defesa dos interesses da coletividade
consumeirista, mas ainda fez-se necessária a criação de outro diploma legal. Isto porque o CC não
dava conta com justeza. Ora, o Direito Civil clássico preconizava a igualdade entre as partes:
igualdade esta que desapareceu com a contratação em massa, os contratos de adesão! Como a
igualdade que se deve procurar é a material, fez-se necessário um outro diploma legal que cuidasse
destas situações, que tratasse desta vulnerabilidade em que é posto o consumidor.

Existe hoje o que se chama PARLATINO, que é um grupo de 22 países da América Latina que se
reúnem periodicamente para discutir estas questões de consumo. Em razão disto, apenas 4 países
não têm nenhuma norma de proteção ao consumidor: Cuba, Antilhas Holandesas, Aruba e
Suriname.

A Argentina possui um código muito bem elaborado, similar, inclusive, ao Código Brasileiro. O
Paraguai, por outro lado, deixa um pouco a desejar pois não contempla a responsabilidade objetiva.
Ex.: um carro que começa a enferrujar rápido. Não se analisa mais se havia consciência do
responsável pelo fato, mas o problema em concreto.

Existe uma discussão sobre a criação de um código unitário consumeirista para a América Latina
toda.

4. FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
A Constituição Federal estabelece a competência da União para questões de matéria civil. PORÉM!
Questões de direito do consumidor NÃO se incluem em direito civil. A competência é concorrente
entre União e Estados na produção de normas sobre a produção e consumo.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
V - produção e consumo;

§ 1º. No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

§ 2º. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.

5. DIREITO DAS RELAÇÕES DE CONSUMO E OUTRAS DISCIPLINAS


5.1. Direito Comercial
Relacionados claramente através da Teoria da Desconsideração da Pessoa Jurídica. Para se utilizar
disto, é preciso, no direito do consumidor, conhecer os tipos societários.

5.2. Direito Processual Civil


5.3. Direito Concorrencial

5.4. Direito Administrativo

5.5. Direito Penal

6. O “DIÁLOGO DAS FONTES”


Esta é a teoria criada por ERIK JAYME, o professor de Heidegger na Alemanha, e foi transportada
para o Brasil por Cláudia Lima Marques. Ele nos traz 3 espécies de diálogos entre o Direito Civil e
o Direito das Relações de Consumo:

6.1. O Diálogo Sistemático de Coerência


Através deste, a base conceitual do direito civil seria transportado e utilizado tranquuilamente pelo
direito das relações de consumo. Ou seja, o fenômeno da prescrição, o conceito de ato jurídico etc.,
mantêm-se intactos para o uso.

6.2. O Diálogo de Complementariedade ou Subsidiariedade


Já neste, utilizamos os princípios e normas advindos do Código Civil, como a boa-fé objetiva.

6.3. O Diálogo de Coordenação e Adaptação


Transportamos a práxis jurisprudencial e doutrinária do direito civil para o das relações de
consumo.

Ora, o direito do consumidor não aniquila o direito civil, nem vice versa. O que ocorre é que o
direito do consumidor se encontra num patamar de maior fragilidade; e para esta fragilidade, o
diploma legal mais interessante é o do consumidor e não o civil.

OBS.: O direito do consumidor, posto dentro das garantias individuais, e portanto cláusula pétrea
(Art. 60, §4o)art. 5o, XXXII cc art. 170, V, é direito fundamental.
19/03/2011

O CONCEITO DE CONSUMIDOR DE PRODUTOS E SERVIÇOS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nosso CDC não nos traz um conceito específico sobre o que seja relação de consumo. O que temos,
na verdade, são os conceitos rationae personae sobre quem é o consumidor e quem é o fornecedor.
Além deste, há no CDC o aspecto rationae material, mas vamos estudar em outro momento.

Uma empresa pode ser considerada consumidora também:

2. A PESSOA FÍSICA CONSUMIDORA

2.1. O Consumidor Padrão (Consumidor Standard ou Concreto)

Art. 2°. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou


utiliza produto ou serviço como destinatário final.

É a pessoa física que adquire um produto, consome-o para si ou para sua família. Ele não intende
entregar aquele bem ou serviço para outro. Mas se eu ponho em minha residência aquele bem e uma
visita utiliza, ele é consumidor? COM CERTEZA. Afinal, consumidor não é apenas quem adquire,
mas também quem usa.
Não será consumidor padrão, e não poderá invocar o CDC para resolver problemas que tenha
havido com o produto aquela pessoa que o adquire com a intenção de revenda. Não se admite que o
consumidor seja aquele que adquire para dar origem a outro bem. Por isto, a expressão que deve-se
ter em mente é: DESTINATÁRIO FINAL.

OBS.: Quando falamos nisto, temos o aspecto fático e o aspecto econômico, que são exigidos ao
mesmo tempo! Ora, tiro o produto do mercado, de forma fática, e não crio outro bem, que é tirar do
mercado de forma econômica.

Para DE LUCCA, este é aquele consumidor que completa o ciclo econômico do bem, que é
produzido, transportado, posto à venda e por fim o adquire. Este autor cita diversos aspectos do
consumo na sua obra:

DICA: Para o consumo sob o aspecto filosófico, veja “O Homem Vazio”, de Enrique Rojas. Para o
aspecto psicológico, a obra de Lipovesky. Para o aspecto sociológico, a obra de Jean Calais-Aulay.

2.2. O Consumidor Equiparado (By Standard ou Abstrato)

2.2.1. O Art. 2o, parágrafo único do CDC

Art. 2o. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de


pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de
consumo.

Para que se abra uma ação em coletividade, não é necessário que se tenha prova de vááários
consumidores com reclamação. NÃO. Basta que tenha como se provar que há o interesse de uma
coletividade, mesmo que indeterminável, envolvido com aquele fornecedor.

2.2.2. O Art. 17/CDC

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores


todas as vítimas do evento.

Portanto, não é somente quem compra um apartamento que está em construção que, se sofrer um
dano, será consumidor. Aplica-se o CDC inclusive se um morador do prédio ao lado sofrer um dano
em razão daquela construção.

OBS.: O Ministério Público não entra com ações individuais, mas apenas as coletivas. Desta forma,
no caso citado acima, foi considerada uma coletividade afetada pelas ações do fornecedor.

OBS.: Algo que estudamos aqui, note, não é só quem é protegido ou não pelo CDC. Não se pode
esquecer que ainda temos o Direito Civil. Estamos vendo quem pode ser protegido “extra” pela
defesa do consumidor, entende? Não quer dizer que, quem não está incluso nesta lista estará
desprotegido e sairá prejudicado. Vemos apenas que algumas vezes poderemos aplicar o CDC, que
será mais benéfico, e às vezes o Direito Civil mesmo.

2.2.3. O Art. 29/CDC

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos


consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às
práticas nele previstas.

Pense que há uma propaganda enganosa, um outdoor, e não se pode determinar quem foi
prejudicado por esta. O fornecedor fica impune? Não. Não é possível determinar, mas ainda assim
será possível utilizar-se de uma ação civil pública contra o fornecedor, pois há ali embutido um
interesse, embora difuso. Para a adoção de providências, não é preciso ter alguém definido, pois o
tratamento protetivo será equiparado.

3. A PESSOA JURÍDICA CONSUMIDORA


Uma empresa PODE ser consumidora, diferentemente do conceito europeu (França, Itália,
Alemanha).

3.1. Corrente Finalista


Desenvolvida pelos autores do anteprojeto que deu origem ao CDC. Esta corrente tentou fazer uma
interpretação do CDC de forma que excluísse a pessoa jurídica para o uso apenas do Direito Civil.
Para o finalismo, nada poderia ser questionado no consumo da Pessoa Jurídica, mesmo que nada
tivesse que ver com a produção de outro bem ou serviço.

3.2. Corrente Maximalista


Esta corrente permite que a Pessoa Jurídica se utilize do Direito do Consumidor, mas apenas se
tivesse se vinculado a um produto ou serviço através de um contrato de adesão.

3.3. O Finalismo “Aprofundado”


Para regular a coisa, o STJ desenvolveu esta tese. A pessoa jurídica não ficaria excluída do Direito
do Consumidor, mas seria preciso analisar alguns parâmetros. O primeiro é de isso ser feito em uma
situação de caráter excepcional, se houver vulnerabilidade da pessoa jurídica (principalmente sob o
aspecto econômico), e o segundo é a destinação fática e econômica daquele produto ou serviço
posto em questão.

O STJ, por vezes, tem considerado a pessoa jurídica com base apenas na vulnerabilidade, mesmo
que a destinação fático-econômica não seja constatada: bagunçou tudo.

4. O CONSUMIDOR PESSOA FÍSICA x O TOMADOR DE SERVIÇOS


Ex.: Pessoa contrata pintor, o serviço não fica bom e você resolve não pagar. Ele te põe na justiça
do trabalho.

Iaí? Você é consumidor ou tomador de serviços? Olha, com a mudança do Art. 114, I/CF com a
EM-45/04, criou-se uma grande discussão a respeito.

Uma corrente chamada “reducionista”, que não vê na alteração do artigo nenhuma mudança
material. Outra, chamada “ampliativa extremada”, vê que qualquer questão relacionada a serviço
iria para a justiça do trabalho. Outra, chamada “ampliativa ponderada”, diz que existem relações
chamadas bifrontes: o consumidor, que não é prestador de serviço de um lado e do outro um
prestador de serviço que não configura vínculo trabalhista. A última é mais razoável.

Nenhum livro tem isso. Tem-se considerado que nestas relações bifrontes deve-se analisar se o
consumidor é destinatário final. Se for, não há que se falar em Justiça Trabalhista. Note que, no
momento em que houver uma habitualidade envolvida na relação, já entramos em questões
realmente trabalhistas.

5. O CONSUMIDOR DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS


Ex.: Alguém que contrata o advogado mosca-morta que sai perdendo os prazos.

Uma corrente diz que não se aplica o CDC nas relações entre consumidor e advogado.
O STJ se divide. A 3ª Turma diz que aplica; a 4ª Turma não aplica. A corrente que não aplica afirma
que o Estatuto da OAB (Lei 8.906) é uma lei específica que se aplica. A corrente majoritária, que
aplica, pensa que outras categorias, com seus conselhos e regras específicas, aplicam o CDC mesmo
assim: então por que não o advogado? Não tem solução pronta.

OBS.: A cobrança de honorários advocatícios não se faz também na Justiça do Trabalho, mas na
Justiça Comum.
25/03/2011
O CONCEITO DE FORNECEDOR E OS BENS DE CONSUMO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

OBS.: A pessoa do cessionário. Aquele que adquiriu um bem (imóvel) de terceiro, que não o
fornecedor, e que havia adquirido o bem originariamente. Questões de consumidor que tenham
atingido o originário cabem ser reclamadas pelo cessionário, SIM.

A figura do terceiro beneficiário também é utilizada, quando há um ente intermediário para a


prestação de um serviço. Ex.: Coelba contrata plano de saúde para seus funcionários. Se o plano
falta com o funcionário, ele pode reclamar. Mas e se a Coelba também tiver uma atitude imprópria?
Ela responde?

“Subconsumidor” é uma expressão cunhada por Ricardo Lorenzzetti, um argentino que escreve
muito sobre o tema. Ela refere a consumidores ainda mais vulneráveis que o consumidor comum.

Tanto pessoas físicas quanto jurídicas, nacionais ou estrangeiras, de direito público e privado podem
ser caracterizados como fornecedores de produtos e serviços.

Art. 3°. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços.

2. A PESSOA FÍSICA FORNECEDORA


O fornecimento de produtos e serviços não está vinculado à produção em si. É preciso ter muito
cuidado com as figuras do corretor e do representante comercial. Quando estamos numa localidade
e aparece um corretor (v.g. De seguros) que me dá falsas informações para vender um produto de
uma empresa, ele participará da responsabilidade? Bom, a responsabilidade é objetiva, então a
empresa fornecedora estará sujeita, sim.

3. A PESSOA JURÍDICA FORNECEDORA


Como é que podemos conceituá-la como fornecedora?

3.1. Pessoa Jurídica de Direito Privado


Veja o Art. 44/CC, que lista os tipos:

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:


I - as associações;
II - as sociedades; (civil e comercial)
III - as fundações.

OBS.: Lembre-se que fundações têm como nota essencial o patrimônio afetado para uma finalidade
social; enquanto que a da associação é o grupo de pessoas juntas por uma finalidade.
Estas três podem ser consideradas fornecedoras. Mas mesmo nas que não visam lucro, como as
associações e fundações? SIM. Se ela coloca no mercado produtos e serviços constantemente com
profissionalismo, ela será considerada sim fornecedora. Não é a questão do lucro.

A questão da habitualidade é um pouco vaga, pois não se conceitua: todo dia? Mês? Não se sabe. É
preciso que o juiz observe, no plano fático, como a pessoa jurídica atua. Se ela tem conhecimento e
modus operandi profissional, a habitualidade até torna-se um problema menor (ao meu ver).

OBS.: TODA instituição educacional é mantida por uma Pessoa Jurídica! Então, se for um dia
entrar com ação contra uma instituição de ensino, entre contra o MANTENEDOR, pois é quem gere
financeiramente!

3.1.1. As Franquias
Quando compro um hambúrguer no McDonalds numa franquia, quem devo acionar? A franquia ou
o dono da marca? Pela Teoria da Aparência, estou comprando A MARCA. Não me interessa se é a
franquia que não segue as orientações contratuais do franqueador. É complicado para o consumidor,
se a responsabilidade for da franquia.

O consumidor também pode acionar tanto a marca quanto a franquia. Normal.

3.1.2. A Administradora de Imóveis


É possível utilizar-se do CDC nas relações locatícias? Se há o locador, não cabe; apenas a Lei do
Inquilinato (Lei 8.245). Se há a presença de uma imobiliária, a situação de vulnerabilidade vai ser
agravada. O STJ entende que quando houver um administrador, por vezes será aplicada, por vezes
não.

3.1.3. O Leilão
No leilão a instituição financeira que disponibiliza o bem não pode se responsabilizar por um vício
que haja, e se aplica o Código Civil. Isto porque ele não está lá como fornecedor, e sim como
organizadora de um evento em que se venderá um produto para sanar uma dívida.

3.1.4. O Condomínio
A figura do consumidor não pode jamais fazer parte do ente fornecedor. E o condomínio é uma
associação formada por todos os condôminos. Como é que vai-se permitir ao condômino que entre
com ação de proteção ao consumidor contra si próprio em parte? Não pode. Aplica-se o Código
Civil.

Se alguém de fora escorregar e machucar-se, pode entrar com ação contra o condomínio com o
CDC; se for condômino, utiliza-se do CC. É o jeito. Proteção menor.

OBS.: MESMO que o condomínio preste um serviço geral, para gente de fora e para os
condôminos. Funciona com o CC pros condôminos e CDC pros de fora.

3.2. Pessoa Jurídica de Direito Público


É preciso diferenciar, aqui, os serviços UTI SINGULI e UTI UNIVERSI. Quando conseguimos
distinguir que o consumidor está se beneficiando daquele serviço de fato (uti singuli). Quando não
se pode mensurar como o indivíduo está se beneficiando do serviço, teremos o uti universi. No
primeiro teremos as tarifas e no segundo os impostos e taxas. No primeiro cabe o CDC, no
segundo não.

É possível suspender estes serviços de energia elétrica, água etc. No caso de inadimplemento?
NÃO. Temos a Lei de Concessões (Lei 8.987/95) que no artigo 6o prevê a suspensão. Porém, as leis
10.848 e 10.847 exigem a devida notificação. Mas o STJ até 2002 não admitia DE FORMA
ALGUMA a suspensão, e alguns autores como Leonardo Rosco Bessa também não admite. Por
diversos motivos, esta suspensão seria INCONSTITUCIONAL (inclusive da dignidade humana).

A partir de 2002, o STJ repensou pelo Princípio da Solidariedade, pois o inadimplente naturalmente
repassará o custo da água para os adimplentes. Então, para alguns tipos de estabelecimentos não
pode ocorrer o corte; para os estabelecimentos privados, é preciso se analisar caso a caso. Hoje em
dia, é possível.

OBS.: Hoje em dia, as pessoas muito pobres, miseráveis, ainda assim precisam pagar o que se
chama Tarifa Social. Isto é necessário, para se evitar abusos.

Quando a entidade pública está de acordo, é conivente com a prática, pode-se sim entrar com ação
contra o ente, público (Secretarias e Ministérios) ou não (COELBA, no caso do intermédio de plano
de saúde). A “Teoria do Fornecedor Equiparado” de Leonardo Bessa é que diz isso.

4. OS ENTES DESPERSONALIZADOS
Os entes despersonalizados são considerados fornecedores também. LEIA MAIS SOBRE.

5. O OBJETO DAS RELAÇÕES DE CONSUMO


Os bens que podem ser observados numa relação consumerista são todos os listados no Código
Civil. Deixados de fora os bens públicos, é claro.

5.1. Conceito de Produto

Art. 3º, § 1°. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou


imaterial.

5.2. Conceito de Serviço

Art. 3º, 2°. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de


consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista.

5.2.1. Os Serviços Bancários


Estão incluídos no CDC? Apesar de estarem listados no CDC, é tópico de muita polêmica. As
instituições bancárias entraram com a ADI-2591 tentando excluir do artigo e perderam. Mas,
conseguiram modificar o Art. 192, §3o/CF com a EC-41. Neste artigo havia uma limitação
constitucional para os juros reais de 12% e isto foi ELIMINADO. As operadoras do sistema
financeiro fazem o que querem.

Em 2009 veio a Súmula 381 do STJ. Ela diz que nos contratos bancários as cláusulas abusivas não
podem ser reconhecidas ex oficio pelos juízes.

OBS.: Estes dois conceitos (produto e serviço) são meio que mesclados. Quando se vai ao teatro ou
cinema, há um produto? Um serviço? Não. É um bem imaterial: a cultura. São conceitos tirados do
Direito Civil, também.

5.2.2. Serviços Notariais (Cartórios, tabelionatos) (Art. 236/CF)


São serviços de caráter particular e como são pagos, também cabe. Estão também inclusos. Usa-se o
CDC.
6. O CRITÉRIO DA REMUNERAÇÃO
A remuneração nem sempre é considerada essencial para aplicar as relações de consumo. Se eu
tenho uma faculdade privada, aplica-se o CDC. Se pública, aplica-se Direito Administrativo. E se
determinada entidade distribuiu amostras grátis? E o caso do Test Drive? E o uso das milhagens
aéreas? Havendo problemas em todas estas coisas, continua-se aplicando o CDC. Mas sempre
observe o caso concreto.
26/03/2011
POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os
seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de


consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o
consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações
representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de
qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170,
da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas
relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto
aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de
consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de
controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como
de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no
mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização
indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes
comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos
consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.

2. O SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR

3. O FORÚM NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO


Este Fórum é muito criticado pelos autores, pois o que realmente ocorre são cursos promovidos pela
DPDC. FALTA

4. OBJETIVO GERAL
O objetivo geral seria equilibrar as relações entre fornecedores e consumidores. Não é uma defesa
certa do consumidor, mas uma defesa pautada na busca pela equivalência de condições para litigar.
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

6. DEVERES DOS PARTICIPANTES


É algo extremamente teórico, mas é preciso lembrar. Deveres de quem?

6.1. Do Poder Público


O Poder Público pode atuar de forma direta. Mas mesmo se não o fizer, sempre deverá estar
presente no mercado de consumo para acompanhar esta disponibilização dos bens. Verificar a
qualidade dos produtos disponíveis.

6.2. Dos Governos e Fornecedores (juntos)

6.3. Comunidade
Temos o dever de discutir, de participar dos processos deliberatórios.

7. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL

Art. 5°. Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo,


contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:

7.1. Fundamento Constitucional


Direito do Consumidor é de matriz constitucional, então nada mais justo que esta defesa tão intensa
quanto a ele. É um direito fundamental do cidadão, como podemos observar no Art. 5º/CF:

Art. 5º, XXXII. O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

7.2. Órgãos Integrantes


Em continuação ao Art. 5º do CDC, verifiquemos de que formas o poder público pode buscar
concretizar o dever constitucional:

I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o


consumidor carente;
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no
âmbito do Ministério Público;
III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de
consumidores vítimas de infrações penais de consumo;
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas
Especializadas para a solução de litígios de consumo;
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das
Associações de Defesa do Consumidor.

8. PRINCÍPIOS BÁSICOS

8.1. Princípios Constitucionais

8.2. Princípios Emanados do CDC

8.2.1. O Princípio da Vulnerabilidade


É considerado o maior instrumento das relações de consumo, pois é exatamente com base nele que
detectaremos se as normas consumeristas serão aplicadas e de que forma. É considerado um
princípio de natureza ABSOLUTA. Todo consumidor é vulnerável. Veremos, porém, a diferença
entre vulnerabilidade e hipossuficiência. É semelhante, mas diferente.

Analisamos esta vulnerabilidade sobre um tríplice aspecto (LORENZETTI):


1) Atual ou Potencial;
Se no momento da contratação (atual; eleição de foro num contrato de adesão) percebo minha
condição de consumidor desrespeitada, ou se é algo que fica latente e constatado posteriormente.

2) Geral ou Específica;
Geral é quando o problema ataca toda uma coletividade contratante, no momento. Específica,
porém é quando é atacada a vulnerabilidade na individualidade de um contratante, abusiva ou

3) Conjuntural ou Estrutural.
Conjuntural refere-se a algo específico, num momento específico. Há um grupo específico que sofre
abusos. Estrutural diz respeito a um sistema como um todo.

Traz ainda o aspecto Cognoscitivo. Será que conhecemos todos os aspectos referentes aos produtos
e serviços que nos são disponibilizados? Esta vulnerabilidade cognoscitiva pode vir sob o aspecto
técnico e sob o do conhecimento jurídico.

Ainda há a vulnerabilidade Informacional. A redação de um contrato atrapalha muito o consumidor.


É necessária clareza, expressões conhecidas, em língua portuguesa.

Existe, ainda mais, o aspecto Econômico da vulnerabilidade. A isto associamos a


HIPOSSUFICIÊNCIA. Mas não se considera só do ponto de vista econômico, como fático. Não
ter como agir, quando não se sabe quem ou como responsabilizar o fornecedor.
− A hipossuficiência é um setor da vulnerabilidade, que deve ser analisado tanto do ponto de
vista econômico quanto fático.

Paulo Valério Dal Pai Moraes, autor gaúcho, acrescenta à vulnerabilidade os aspectos Legislativos
(que sofrem influências e pressões dos fornecedores, que é muito maior que a dos consumidores),
Psíquica () e Ambiental ().

A doutrina traz também a vulnerabilidade agravada, em que se encaixam os incapazes, os idosos, o


silvícola

8.2.2. O Princípio da Boa-Fé Objetiva


Hoje já não é mais princípio; já é cláusula geral no CC e CDC. A noção de boa-fé objetiva não é
análise da consciência subjetiva. Analisa-se apenas a conduta do sujeito, objetivamente. Esta noção
vem do §242 do BGB. Josef Esser nos trouxe a ideia de que há obrigações acessórias além da
relação contratual, mas derivadas dela: o dever de colaboração, informação e solidariedade.

A boa-fé objetiva serviria, de acordo com Meneses Cordeiro, para a interpretação dos contratos
(principalmente no campo do contrato massificado), para a integração destes contratos e para o
controle das cláusulas abusivas. Deve-se sempre analisar o caso concreto do ponto de vista da boa-
fé para ambos os lados: do fornecedor e do consumidor.

OBS.: Cláusula geral é algo que está no ordenamento, mas com conteúdo vago. A boa-fé objetiva é
um comportamento ético válido na situação problematizada.

8.2.3. O Princípio do Equilíbrio


Seria uma tentativa de equacionar os direitos dos consumidores com os dos fornecedores. Não é
levantar o consumidor, mas deixá-los ambos em uma relação harmonizada.
8.2.4. O Princípio da Efetividade
Tércio Sampaio Ferraz diz que norma efetiva é aquela que é recebida pela população e cumprida. O
CDC então pode ser considerado efetivo? De forma alguma! (haha) Nossos direitos, apesar de
reconhecidos, não têm efetividade.

8.2.5. Princípio da Intervenção Estatal


O Estado, em função de dever não apenas legal, mas constitucional, não pode abster-se de ir ao
encontro de práticas abusivas por parte dos fornecedores. É então que entra a atuação do Ministério
Público, bem como a capacitação e a devida importância dada à matéria por parte dos magistrados.

8.2.6. O Princípio da Solidariedade


Ronaldo Porto Macedo Jr. diz-nos que é possível observar este princípio – através do
comportamento – tanto do lado consumidor quanto do fornecedor. Com relação aos fornecedores,
temos uma divisão dos pontos chave na cadeia de fornecimento, para que haja a responsabilização
de cada um em sua parcela. Do ponto de vista do consumidor

01/04/2011
o
DIREITOS-BÁSICOS DOS CONSUMIDORES (Art. 6 /CDC)

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

1. VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas


no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

2. EDUCAÇÃO

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e


serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas
contratações;

3. INFORMAÇÃO
Segundo Rizzatto Nunes, temos o direito de sermos informados, de informar e se informar. Ora,
primeiro tenho de conhecer o que estou contratando; se estou com problema com determinado
serviço ou produto, preciso que alguém me ouça; e tenho o direito de me informar, eu como
consumidor, tenho de ser bem atendido se alguma informação que desejo não é fornecida
naturalmente.

4. PREVENÇÃO E COMBATE EM FACE DE PRÁTICAS ABUSIVAS (Arts. 37 a 39)

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos


comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações


desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que
as tornem excessivamente onerosas;

Na publicidade abusiva, temos o desrespeito a valores considerados essenciais. Na publicidade


enganosa, há a omissão ou má informação quanto a algum aspecto do produto ou serviço oferecido.

No Art. 51 temos as Cláusulas Abusivas. É diferente. Quando temos um contrato e identifica-se


uma cláusula abusiva, teremos uma prática abusiva concretizada pela cláusula. Mas nem sempre há
a previsão numa cláusula, entende? O que não impede de haver a prática abusiva mesmo assim.
02/04/2011
5. EQUILÍBRIO CONTRATUAL

5.1. Teoria da Imprevisão


Surgiu quando uma empresa de gás em Bordeaux não conseguia manter mais os preços que deveria,
segundo o REBUC SIC STANTIBUS (cumpra-se o que está no contrato, só que materialmente
falando). Foi necessária a amenização dos ditames contratuais em face da necessidade de alterá-los
diante de fatos imprevistos (Art. 317 e 478 CC).

Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta


entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz
corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real
da prestação.

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de


uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar
retroagirão à data da citação.

A teoria da imprevisão não será aplicada sempre. Se você só atrelar a fato extraordinário, corre-se o
risco de um super endividamento do consumidor. Se a pessoa se ativer apenas a esta teoria, o
consumidor terá que manter um contrato abusivo até o fim. Conheça a teoria abaixo.

5.2. Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico (Karl Larenz)


Analisa o desequilíbrio da base do contrato, os elementos do negócio jurídico (partes contratantes,
objeto, elementos acidentais). Não se analisam os fatos que circundam a relação contratual. Fin-
Langer colocou que o equilíbrio precisa ser analisado sobre uma tríplice perspectiva: o poder
direcional do contrato (quem elabora é o fornecedor), a situação econômica desrespeitada pelo
fornecedor e o equacionamento informacional (nem sempre é possível entender as cláusulas
contratuais).

FALTOU COISA

6. EFETIVA PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS


Vimos nas aulas anteriores que a reparação deve ser INTEGRAL nas relações de consumo. Não se
admite o tarifamento desta indenização. Os danos também podem ser morais, materiais, individuais
ou coletivos.

7.1. O Dano Moral Coletivo

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

Leonardo Rosco Bessa, Xisto Thiago falam sobre isto. O primeiro começa seu texto declarando tal
expressão como infeliz. Quando falamos em dano moral lembramo-nos do conceito de direito civil
como desrespeito à circunstância psíquica, ética do ser humano (ou da pessoa jurídica). Como é que
se consegue identificar se a coletividade teve sua condição desrespeitada se às vezes não é possível
identificar o grupo afetado? Ele desenvolve seu trabalho afirmando que a expressão é complicada,
mas devemos ter o cuidado para que os pressupostos para a responsabilização do fornecedor em
face do Dano Moral Coletivo não sejam idênticos à responsabilidade civil clássica.
Temos uma Ação ou Omissão, um nexo que vai ligá-la a um resultado que gera um dano ou
prejuízo a alguém. Neste caso específico, observaremos no dano moral coletivo a ação ou omissão,
o nexo, mas o dano é impersonificável. Ora, mas temos que saber distinguir o dano causado aos
indivíduos que, em geral, estão aglomerados (direitos individuais homogêneos) do dano coletivo!
Por mais que o Art. 95/CDC seja genérico “tem que pagar”, os valores serão calculados em cima
dos danos de cada cidadão (no primeiro caso que foi aglomerado em prol da celeridade processual).
No segundo caso, do dano moral coletivo, os fundos serão revertidos a um fundo de proteção do
consumidor.

Mas não seria um bis in idem, pagar para os indivíduos e pagar o dano coletivo ao fundo? Mas a
doutrina põe isto como uma busca de uma função pedagógica para o fornecedor, uma função
preventiva. Não repetição desta espécie de ato. Não é a função ressarcitória mais.

É necessário não estimular o enriquecimento sem causa, e desestimular a prática reiterada destes
comportamentos. E, como empresa não tem coração, mas bolso, é o que precisa ser feito.

7. ACESSO À JUSTIÇA

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à


prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;

Não é apenas o acesso ao Judiciário, mas aos órgãos responsáveis. Além de uma assistência ao
consumidor de forma efetiva.

8. FACILITAÇÃO DA DEFESA

9.1. Inversão do Ônus da Prova

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do


ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;

Não são cumulativos, mas alternativos! Veja a conjunção “ou”. Será OU Hipossuficente OU
Verossímil. E lembre-se de que a hipossuficiência é também fática. E a verossimilhança refere-se a
algo que seja crível, aspectos que revelam, pelas regras ordinárias da nossa convivência de que ele
ocorreu e está assentado na ordem jurídica. A verossimilhança não é a prova cabal, total da coisa,
mas indícios de que aquilo acontece com freqüência!

A inversão do ônus da prova é obrigatória ou não? O juiz não está obrigado a conceder; é preciso
analisar a ação concreta. A inversão do ônus da prova não se dá automaticamente (ope legis, ou por
força da lei). Ao contrário, ela decorre de ato do juiz, portanto de diz que ela é ope judicis. Ônus é
algo que facilita a proteção dos direitos, não é uma obrigação.

Art. 333. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor

Esta estrutura é modificada nas relações de consumo devido à hipossuficiência do consumidor. E


qual o momento para ser decretado? Uma corrente vê no despacho inicial, outra no saneador e por
fim, outra na sentença. A maioria da doutrina pensa que deve ser no despacho saneador, pois o juiz
analisa os preliminares regimentados. As partes teriam inclusive, tempo antes da sentença para se
armarem de argumentos.

O momento mais oportuno seria mesmo no momento da sentença, pois a inversão do ônus da prova
é regra de julgamento e não de procedimento. A professora concorda com a do despacho de
saneador, bem como a maior parte dos juízes.

OBS.: O STJ, sempre nos entristecendo, diz que não se confunde inversão do ônus da prova com
produção de prova pericial. Tendo o juiz decretado a inversão, a produção da prova pericial seria do
fornecedor, mas por não se confundir os encargos, quem deve pagar os encargos periciais é o
consumidor. Ou seja, serve pra nada.

9. O DECRETO 6.523/08

10.1. Âmbito de Aplicação


Iniciou sua vigência em dezembro de 2008, mas o desrespeito é completo. Aplica-se aos serviços
que estejam sendo fiscalizados pelos órgãos federais. Aplicamos também suas regras, não para a
compra de produtos e serviços. Aplicamos para a busca de informações, esclarecimento de dúvidas,
suspensão e cancelamento de serviços, bem como reclamações diversas.

10.2. Acesso
Este decreto está relacionado ao SAC (via telefone: Call center). Nós, consumidores de produtos e
serviços, temos direito a ter acesso ao número que entra em contato com a empresa fornecedora.
Precisa estar disponibilizado nos materiais do fornecedor, bem como via internet. Se a empresa atua
em conjunto com outras empresas, é preciso a garantia de pelo menos um telefone que dê canal
único e ágil a elas.

Precisamos também o atendimento 24hrs. Além disto, não é preciso informar milhares de dados
para iniciar o atendimento. Se eu quiser cancelar, suspender ou fazer uma reclamação, qualquer
atendente deveria ser competente para tal.

10.3. Qualidade do Atendimento


É preciso ser cordial, agir com boa-fé.

10.4. Acompanhamento das Demandas

10.5. Resolução das Demandas


Se você quer cancelar ou suspender o serviço,você precisa ser atendido de forma imediata. A não
ser que o fornecedor tenha instrumentos justos para negar. Se você pede o cancelamento de um
serviço, ele não deve estar atrelado ao adimplemento da obrigação. Você não precisa pagar seus
débitos para poder cancelar o provimento do serviço.

No fim das contas, isso é tudo uma letra morta. Sem efetividade.

10. A TEORIA DA QUALIDADE (Arts. 8o e seguintes)


Verá mais à frente.

12. A PERSONALIZAÇÃO DO CONSUMIDOR


Temos, no presente, uma coisificação do consumidor. Ele não é visto como um ser humano digno,
mas como um recurso utilizado pela excitação para consumir. Na Europa, a Teoria da
Desumanização no campo consumerista pode ser encontrada em TÜRCKE, BURDIEU e
BAUDRILLARD.
Há também a Teoria da Despersonalização (Desumanização, Desmaterialização) do
FORNECEDOR. Hoje em dia, não se tem mais acesso ao fornecedor, de fato. Não se sabe quem ele
é.
08/04/2011
TEORIA DA QUALIDADE DOS PRODUTOS E SERVIÇOS E ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Foi trabalhada inicialmente por Antonio Herman de Vasconcelos e Benjamin. Ele trabalha o art. 8o
e seguinte, tratando

Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não devem gerar perigoà saude ou
integridade do consumidor, a não ser que aquele risco seja inerente ao mal uso do produto. Mas é
necessário que estes produtos sejam disponibilizados apenas se forem fornecidas as informações
necessárias.

1. A TEORIA DA QUALIDADE

1.1. Espécies de Periculosidade


Antônio Herman nos traz 3 espécies de periculosidade (que estão previstas no CDC):

1) A Inerente
Refere-se ao produto que, em si, demonstra que se não for bem utilizado, segundo seu manual de
uso, poderá causar danos ao consumidor. Ex.: faca de cozinha, motosserra, produtos químicos.

2) A Adquirida
Também pode ser adquirida. O fornecedor não deve colocar no mercado de consumo produtos que
saiba ou que deveria saber que podem ser nocivos. Mas esta periculosidade é aquela que se
descobre após o produto ser colocado no mercado.

3) A Exagerada
É aquela que pressupõe tal periculosidade que impede a continuação de sua circulação no mercado.
É a impossibilidade TOTAL de Ex.: brinquedos com peças muito pequenas

OBS.: Produtos industrializados só podem ser comercializados se vierem com as informações


necessárias devidamente impressas.

1.2. O “Recall”
O “Recall” está aí nesse ponto, regulado pela Portaria 789/2001 do DPDC. O fornecedor, tomando
conhecimento que determinado produto tornou-se nocivo, ele PRECISA avisar os consumidores e o
poder público, que deve ser feito de forma ampla, pelos meios de comunicação de massa.

Se eles não fizerem o recall adequado, ele arcará com os prejuízos. Mas, às vezes, o consumidor
não atende ao recall. E o poder público também tem o dever de cuidar destas situações e deve forçar
um recall se for percebido o problema por ele.

2. A RESPONSABILIDADE CIVIL NO ÂMBITO CONSUMERISTA

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos.

2.1. Considerações Iniciais


Na Europa temos a resolução 85/374. Nos EUA o Restate of Forts; no Brasil, temos o CDC
dialogando com o CC que gera a responsabilidade civil no âmbito consumerista. Esta noção
atravessou muito a jurisprudência, e nela se desenvolveu para chegar a um estágio de justificação
para responsabilizar sem avaliação subjetiva, mas meramente objetiva.

Naturalmente, não se ignoram os requisitos normais da responsabilização. É necessária AÇÃO,


NEXO CAUSAL e RESULTADO. A única coisa que muda é a exclusão do elemento subjetivo:
dolo ou culpa.

Levamos em conta, como teoria à responsabilidade consumerista, a teoria do RISCO-PROVEITO.


Considerada teoria fundamental. Ora, se o fornecedor sabe que sua atividade vai gerar um retorno
econômico, nada mais justo que arcar com os riscos.

Temos várias teorias em relação à causalidade também. Como se analisa o vínculo entre o resultado
e a ação ou omissão. As teorias mais importantes, mais utilizadas para isto são: EQUIVALÊNCIA
DOS ANTECEDENTES (pressupõe que, para identificarmos se a causa deu origem a
determinado evento, devemos analisá-la suprimindo a causa. Se o evento ocorreria da mesma
forma, não deu causa. Não é uma teoria muito utilizada);

DA CAUSALIDADE ADEQUADA (esta tem prestígio. Está voltada para a análise objetiva das
causas. O que mais se aproxima daquele resultado);

e a DA INTERRUPÇÃO DO NEXO CAUSAL (tem origem no CC, Art. 432. Tem bastante
aceitação também. Vai-se interrompendo o caso em vários fatos, pra ver se o resultado se daria da
mesma forma).

2.2. Vícios por Insegurança x Vícios de Qualidade


Os vícios por insegurança são aqueles que podem causar algum dano à incolumidade física ou
psíquica do consumidor, enquanto que os vícios de qualidade são aqueles cujo dano é unicamente
patrimonial, na forma da incapacidade de utilização daquele produto como expectado pelo
consumidor.

Vícios de qualidade, por sua vez, não se confundem com vícios por inadequação, gênero do qual
vícios de qualidade são espécie (juntamente com os de quantidade).

3. ACIDENTES DE CONSUMO
Os acidente de consumo estão atrelados à responsabilidade pelo fato do produto. É ocasionado pelo
DEFEITO. Este, por último, pode ser vislumbrado por diferentes aspectos. É possível que ocorra
um defeito com base em um destas três necessidades dos produtos.

- Defeito do Projeto;
- Defeito de Execução;
- Defeito de Informação.

3.1. O Defeito
Art. 12, § 1°. O produto é defeituoso quando não oferece a segurança
que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.

§ 2º. O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de


melhor qualidade ter sido colocado no mercado.

Defeito (ou vício por insegurança) é um termo utilizado estritamente pelo direito para designar vício
que afeta a incolumidade física ou psíquica, bem como a segurança e ou saúde do consumidor. O
vício por inadequação, diferente, é aquele que afeta a incolumidade econômica, pois havia a
ausência de idoneidade do serviço para atendimento dos fins esperados. Se tivermos um produto
defeituoso, teremos um acidente de consumo, bem como a responsabilidade pelo fato. Se tivermos
somente um vício por inadequação, teremos somente a responsabilidade pelo vício no produto ou
serviço. O defeito estará submetido ao regime da prescrição, enquanto que o por inadequação estará
submetido ao regime da decadência.

3.2. Aspectos Essenciais


FALTOU FALAR DOS ASPECTOS ESSENCIAIS

3.3. Os Responsáveis pelo Dever de Indenizar


O CDC nos diz que devem ser responsáveis os fabricantes, construtores (nacionais ou não),
importadores e, em algumas ocasiões, os comerciantes.

Se há um desabamento de um andar num prédio. Responsabilizo quem? A doutrina considera como


responsabilizados REAIS os fabricantes. Como responsável PRESUMIDO o importador. E como
responsável APARENTE o comerciante. O importador é presumido porque não foi ele quem
fabricou, mas foi ele quem trouxe o bem para o país. Consideram-se todos eles, enfim, responsáveis
solidários. A exceção é o comerciante, que é subsidiário, apenas.

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo


anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem
ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante,
produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

O comerciante só é responsabilizado quando o produtor for ANÔNIMO, ou estiver MAL


IDENTIFICADO ou o produto for MAL CONSERVADO. No caso da má conservação, pode-se
acionar também o produtor, pois ele arca com o risco de distribuir a comerciantes irresponsáveis.

OBS.: No caso de profissionais liberais, temos a responsabilização assentada na culpa. Porque


quando fazemos isto, é personalíssimo.

OBS.: Antônio Herman usa muito a expressão OBSOLESCÊNCIA PLANEJADA. Quer dizer que
muitos fornecedores fazem produtos ou serviços com a qualidade questionável, para que você se
depare com um vício em breve e seja obrigado a comprar outro produto.
09/04/2011
RESPONSABILIDADE EM FACE DOS VÍCIOS DOS PRODUTOS E SERVIÇOS

1. VÍCIOS REDIBITÓRIOS x VÍCIOS POR INADEQUAÇÃO


Vícios redibitórios – devem ser sanados também, no âmbito cível. Mas refere-se ao uso ou fruição
dos bens, no direito civil. A razão da diferenciação de nomenclatura é que o vicio redibitório está
mais ligada a algum vício visível. Então, o consumidor teria que verificar a qualidade, o
funcionamento adequado antes de receber. Logo, se o produto tivesse algum vício oculto, era muito
difícil para o consumidor demonstrar a existência dele, e que fosse anterior à aquisição. Além disto,
os vícios supervenientes, que também tinham dificuldade para serem provados, hoje se amparam
perfeitamente no CDC.

Já o termo “vício por inadequação”, ampara muito bem todos estes problemas.

OBS.: Além disto, os vícios redibitórios estão muito ligados ao contrato formal. Os por
inadequação, nem tanto. Os contratos verbais

2. VÍCIOS CONCERNENTES AOS PRODUTOS


Temos no CDC vícios quanto à qualidade e ou quantidade dos produtos e serviços.

2.1. Produtos Impróprios


Produto impróprio é um conceito muito amplo. O CDC nos diz que os produtos adulterados,
deteriorados, fraudados, corrompidos, com validade vencida são todos considerados impróprios.
Bem como os que não obedeçam a regras regulamentares e disparidade informacional. Inclusive,
constitui abuso por no mercado produtos e serviços que não obedeçam estas regras.

Produtos duráveis são aqueles que não se exaurem mediante um único ato de fruição. O Não
durável é o que tem sua essência esgotada com rapidez.

2.2. Alternativas em prol do Consumidor


Geralmente, ao detectarmos determinado vício, nos dirigimos a algum lugar para sanar o vício e
podemos esperar até 30 dias para receber o produto de volta. Porém, se o produto for essencial para
o consumidor, ou se o material ou as características do produto impossibilitam conserto, usamos
destas alternativas.

Há decisões que desconsideram o prazo de 30 dias por considerá-lo prejudicial ao consumidor


(desde que não haja abuso de direito). Pode-se pedir:

A) Substituição do Produto;
B) Abatimento do Preço;
C) Restituição do Valor, atualizado e corrigido.

Isto tudo resolve o dano CIRCA REM (que circunda a coisa), mas as chateações, não ter podido
fazer seu trabalho etc., não se resolveu. A isto chamamos dano EXTRA REM. E, mesmo
solucionando a questão do produto, é possível pedir indenização.

OBS.: Estas alternativas não seguem uma ordem de preferência. Eu posso pedir qualquer um.

OBS.: Pode-se acionar a TODOS: o comerciante, o fabricante, todo mundo!

3. VÍCIOS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

3.1. Serviços Impróprios


§ 1°. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.

§ 2º. O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas


técnicas.

§ 3°. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando


provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

§ 4°. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada


mediante a verificação de culpa.

3.2. Alternativas em prol do Consumidor

A) Re execução do Serviço;
B) Abatimento do Valor;
C) Restituição.

OBS.: Se na re execução é exigida a prestação de terceiros, eu não sou obrigado a pagar por isto.

4. VÍCIOS REFERENTES À QUANTIDADE DOS PRODUTOS


É aquela história do papel higiênico. Como saber se o rolo tem x metros e não menos? Só buscando
os órgãos de proteção do consumidor. Eles podem questionar esta falta de coincidência entre o
conteúdo líquido e o registrado na embalagem. O CDC permite ao consumidor, ainda assim, exigir
a complementação do produto, abatimento ou a restituição do valor.

Não se aplica com relação a produtos que têm variação de suas características naturalmente.

5. OS SERVIÇOS PÚBLICOS

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,


permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto
aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das


obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas
a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste
código.

VÍCIO POR INSEGURANÇA - DEFEITOS VÍCIO POR INADEQUAÇÃO


BEM JUR
PEGUE A TABELA NO e-mail.

16/04/2011
A GARANTIA DOS PRODUTOS E SERVIÇOS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Às vezes o fornecedor declara desconhecer o vício, ou mesmo que o consumidor fez mal uso do
produto. Note o Art. 23 do CDC:

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por


inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

Ou seja, a ignorância sobre determinado vício não exclui a responsabilidade dele sobre os danos
causados. Porém, veremos à frente que o mal uso do produto por parte do consumidor, desde que
seja de sua exclusiva culpa, exime sim o fornecedor.

2. GARANTIA LEGAL x GARANTIA CONTRATUAL


A garantia contratual é opcional: o fornecedor pode conceder ou não. E pode, inclusive, ser
limitada: “X” dias para trocar o produto. Pode também ser condicionada a determinados aspectos: o
veículo, para ser substituído em peças, deve passar pelo crivo da revisão. Porém, o fornecedor
JAMAIS se poderá eximir das garantias legais, com base no direito do consumidor de ter acesso a
produtos e serviços com qualidade. Esta é uma garantia obrigatória, que nasce da própria lei;
ilimitada e incondicional.

Mas, se o fornecedor concede uma garantia contratual, como ele deve se portar? O Art. 50 do CDC
exige que:
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida
mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser


padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a
mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser
exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue,
devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento,
acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto
em linguagem didática, com ilustrações.

A partir do caput podemos inferir que a garantia total, havendo contratação de garantia extra, é a
soma da legal com a contratual. Mas, digamos que a loja conceda uma garantia de 30 dias. E aí?
Como é a contagem da garantia total?

Bom, comecemos pela garantia legal. Ela tem os seguintes prazos:

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil


constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não
duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos
duráveis.

§ 1°. Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega


efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.

Ok. Então, com base nestes prazos já sabemos a partir de quando contar a garantia legal e quanto
ela dura.

Mas há controvérsias sobre quando é que começa a contar estes prazos, apesar do texto legal muito
claro. Há três correntes diferentes. Pelo Código Civil, primeiro se conta a garantia contratual, para
depois começar a contar a garantia legal. Mas mesmo no CDC, tem-se a previsão (Art. 26) que dá a
entender que primeiro se conta a garantia legal, para depois contar a contratual. Cláudia Lima
Marques traz que não se pode prender a essa questão, porque se deve usar o que mais ajuda o
consumidor:
Ex.: Minha geladeira tem garantia quanto a problemas elétricos. Aí ela tem um outro problema
visível, eu vou ficar esperando a garantia contratual acabar para depois usar da legal? Não. Elas
duas correm ao mesmo tempo.

O STJ tem entendido que podemos somar os prazos. Então, apesar de correrem juntas as garantias
legais e contratuais, somam-se os prazos. Além disto, cabe saber, do mesmo artigo, que:

§ 2°. Obstam a decadência:


I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante
o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
II - (Vetado).
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

§ 3°. Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no


momento em que ficar evidenciado o defeito.

OBS.: Outra coisa, diferente, é a garantia ESTENDIDA! Mas para que eu iria querer a garantia
estendida? Se existe a proteção legal? A proteção legal dá todos os aparatos para que o consumidor
se proteja com eficiência.

3. SERVIÇOS DE REPARAÇÃO DOS BENS DE CONSUMO

4. PRAZOS DECADENCIAL E PRESCRICIONAL PARA A RECLAMAÇÃO DO


CONSUMIDOR
O Art. 26, estudado acima, é o prazo decadencial para os vícios por inadequação, apenas. O Art. 27
define o prazo prescricional existente para os acidentes de consumo. Este prazo é maior, e de forma
muito justa, porque o dano causado excede o patrimônio e alcança a segurança e saúde do
consumidor.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do
dano e de sua autoria.

5. A EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR (Art. 12)

Art. 12, § 3°. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só


não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Na medida em que o bem ou produto sai da esfera física do fornecedor, mesmo que ele não tenha
ainda ordenado a entrada no mercado de consumo, já haverá responsabilidade como fornecedor por
acidentes com aquele produto.

Outra questão fundamental é a culpa exclusiva da vítima ou de terceiros. Digamos que em


determinado hospital, o médico mande um remédio e a enfermeira aplique outro. Em função do
medicamento, o paciente falece. Há culpa exclusiva da enfermeira, logo não iremos responsabilizar
o fornecedor.

OBS.: Veja que diferença. Se a enfermeira aplica o produto que foi comprado vencido, a culpa não
será exclusiva dela, e o fornecedor responderá. Mas, se ela aplicar o produto que foi vendido bom, e
que, estocado no hospital, deixou-se passar do vencimento, a culpa será exclusiva dela. Para se
responsabilizar o fornecedor, basta um dedinho de culpa; mas se nem isso houver, não façamos
injustiças.

O CDC não traz nenhuma norma que traz também o caso fortuito e a força maior. E alguns autores
não permitem, de forma alguma (como Nelson Nery) a exclusão desta responsabilidade. Mas, temos
que verificar se este caso fortuito é interno à atividade de produção do fornecedor ou se é externo a
esta atividade. Sendo externo, é adequado excluir a responsabilidade.
29/04/2011
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

Se uma empresa põe um produto no mercado, e em seguida encerra suas atividades, a quem se pode
recorrer? Quem paga pelos danos? Ou dá assistência técnica? Ou arca com os custos? A empresa
não existe mais. Isto já ocorreu com relação aos planos de saúde. Então, é aí que se torna necessário
aplicar a desconsideração da pessoa jurídica.

A pessoa jurídica funciona como um véu protetor das pessoas que a constituem, os seus sócios. E às
vezes, não de forma irresponsável, é necessário retirar este véu para que as pessoas sejam
ressarcidas pelos seus danos materiais e morais.

Em 1809, nos EUA, tivemos um caso célebre de um homem que depositou boa parte de seu
numerário financeiro a um banco, e num declínio econômico, houve a inadimplência contratual e o
banco não disponibilizava mais seu dinheiro. Ele então pleiteou esta desconsideração para se
ressarcir diretamente dos sócios. O caso Salomon, na Inglaterra, foi semelhante, um tempo depois.
Já no Brasil, tivemos em 1979 a primeira obra versando sobre o instituto, de Rubens Requião.
Porém, este instituto, de origem norte-americana, expandiu-se pela Europa e teve como primeiro
autor do tema o alemão Ralph Serick. Houve também a análise francesa de Salleilles, onde se
chamou o instituto de “afastamento da personalidade jurídica”; na Itália, de “superamento da
personalidade jurídica”; e na Espanha, de “desestimação da personalidade jurídica”. No sistema
norte-americano é a disregard doctrine.

Tudo isto vai de encontro à máxima latina societas distat a singuli (que a sociedade é distante da
estrutura física dos seus sócios). Ela cede espaço para a desconsideração.

Aplicamos a regulação do CDC (apesar das diversas menções nos outros ramos do direito) porque
protege melhor o consumidor.

Os requisitos são SUBJETIVO (o desvio da finalidade da pessoa jurídica) e OBJETIVO


(confusão patrimonial entre ela e os dirigentes). Não são cumulativos, porém; mas alternativos.
Mas veja que, eu como consumidor, teria muita dificuldade para provar o desvio de finalidade, bem
como o requisito objetivo? Como terei acesso para identificar a confusão patrimonial? Somente
pedindo a inversão do ônus da prova. A realidade demonstra que a estrutura do Código Civil não
facilita a defesa do cidadão. O CDC ajuda mais:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da


sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de
direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação
dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será
efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento
ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

Acima, as hipóteses em que se decreta a desconsideração (podem ocorrer alternativamente, ou até


ao mesmo tempo).
1. TEORIAS MAIOR E MENOR, REFERENTES AO INSTITUTO
Quando se fala em Teoria Maior, refere-se ao instituto no Código Civil, que tem maior dificuldade
na comprovação da necessidade de se decretar a desconsideração e, consequentemente, sua
obtenção. A Teoria Menor é a do CDC, que prevê requisitos facilitadores da demonstração da
necessidade de desconsideração da pessoa jurídica.

Gustavo Tepedino defende que o Art. 28 do CDC deve ser utilizado na área cível, por ser muito
mais vantajoso para as execuções em casos de dissolução da pessoa jurídica, por exemplo. Joseane
Suzart discorda: argumenta que é muito aberto e dá margem a arbitrariedades. Além disto, ensejaria,
muitas vezes – pela carência de critérios – a invasão da esfera patrimonial dos ex-dirigentes mesmo
quando não houvesse razões fraudulentas para tal.

§ 2°. As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades


controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.

§ 2º: As sociedades controladas (que têm por trás sociedades controladoras) serão apenas
subsidiariamente responsáveis. A responsabilização ocorre diretamente à empresa que controla ela.
Normalmente é solidária, e até se pode entrar com ação contra todas. Mas o próprio juiz precisa
ater-se à subsidiariedade desta responsabilidade.
§ 3°. As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas
obrigações decorrentes deste código.

§ 4°. As sociedades coligadas só responderão por culpa.

§4º: As sociedades coligadas (que possuem mais que 10% do capital de outras empresas, sem
controlá-la) terão sua responsabilização apenas por culpa. A empresa que produz, de fato,
responderá em caráter objetivo; a sociedade coligada, com caráter subjetivo.
§ 5°. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que
sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.

§ 5º: diz que toda vez que a pessoa jurídica for um obstáculo ao consumidor, ela será afastada. E
isto é uma chave para a posição arbitrária do Judiciário, pois não se exige justificação. É preciso
saber por que se está pedindo uma desconsideração da pessoa jurídica, mesmo quando ela é
claramente necessária. O juiz precisa fundamentar todos os seus atos.

As sociedades consorciadas têm responsabilidade solidária e objetiva. Mas não se presume a


responsabilidade
30/04/2011
A OFERTA DE PRODUTOS E SERVIÇOS (Arts. 31 a 35)

1. A OFERTA NO ÂMBITO CONSUMERISTA


São ofertados bens e serviços nos diversos tipos de mídia; é feita através da publicidade (apesar de
uma coisa não se confundir com a outra). A oferta pode ser feita inter partes. Já a publicidade é
muito mais ampla, pois é voltada para a comunidade em geral, massificada.

1.1. A Oferta Cível (Arts. 427, 428)


Há aqui a predominância da teoria da vontade, enquanto que no setor consumerista vale a teoria da
declaração.

Toda oferta, tendo sido materializada em publicidade ou não, integrará o contrato! Mesmo que não
esteja lá, é considerado como complemento. Já no âmbito cível, os Arts. Trazem a possibilidade
para o fornecedor de encontrar brechas para não cumprir o que está na oferta:

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar


dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.

O nosso CDC

1.2. Meios de Veiculação


Todos os meios são possíveis de inclusão na legislação do CDC.

1.3. Requisitos Necessários


Mas é preciso atentar-se a alguns requisitos:

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem


assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros
dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança
dos consumidores.

OBS.: A exceção à língua portuguesa é pela inserção de termos que são uso cotidiano.

Mas estes conceitos são um pouco vagos. Isto se resolve na Lei 10.962/04, regulamentado pelo
Decreto 5.903/06.

O preço dos produtos deve ser apresentado não apenas nas parcelas, segundo esta lei. É preciso ter o
valor total do produto

Informação correta é aquela que..., precisa é a que permite ao consumidor um conhecimento do


produto ou serviço sem que ele seja obrigado a fazer interpretações maiores ou cálculos;

E esta ostensividade? Eu vislumbro de que forma? Significa afirmar que o consumidor tem acesso
ao bem se precisar de ajuda, de suas características, preço etc. Todo produto precisa ser posto de
forma clara, efetivamente, e acessível.

1.4. Aspectos a Serem Abordados

Art. 427. (…) características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de
validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e
segurança dos consumidores.

1.5. Produtos Refrigerados (Lei 11.989/09)


Todo produto que deva ser refrigerado precisa estar etiquetado com uma etiqueta indelével (para
evitar a danificação da etiqueta com a água). Mas isto se não houver o código de barras, é claro.

1.6. Produtos Disponibilizados em Supermercados e Afins


Em geral os supermercados preferem trabalhar com o sistema de código de barras, mas não é a
única forma de etiquetar os preços. Existem também os códigos referencial ou mesmo o
etiquetamento, produto a produto.

Agora, a lei exige que a distância entre o prateleira do produto e um leitor ótico não seja menor que
15 metros, para que o consumidor tenha acesso aos preços antes do momento da aquisição.

1.7. Produtos Importados


Todo produto importado precisa ter seus preços na moeda corrente nacional, bem como com todas
estas informações exigidas na língua portuguesa (mesmo que não sejam importados, que sejam
industrializados).

Além disto, enquanto importados, é preciso que seja mantido o fornecimento de peças e
componentes para reposição.

1.8. Venda por Telefone


É preciso ter informações precisas sobre o fabricante e seue ndereço, a fim de não fragilizar o
consumidor em caso de problemas.

Quando as ligações forem onerosas o consumidor não é obrigado a suportar publicidade enquanto
ele não é atendido. Mas mesmo que elas sejam gratuitas, toda publicidade tem limites!

1.9. A Solidariedade na Cadeia de Fornecimento (Art. 34)

Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos
ou representantes autônomos.

Então, se um preposto, ou corretor ou qualquer coisa representando uma empresa presta


informações equivocadas ao agente, a empresa que ele representa é quem responde:
independentemente de vínculo direto ou não entre o agente e a empresa.

1.10. O Efeito Vinculativo da Oferta (Art. 35)

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à


oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação (não é irrestrito!), nos
termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e
danos.

O inciso II nos possibilita aceitar outro produto se aquela oferta não for cumprida, mas também
posso não aceitar e exigir indenização, como indica o inciso III.

Mas e se existir o que Antonio herman chama de “promessa hiperbólica” ou “promessa exagerada”?
Como naquela propaganda do adocica da Skol? Que indica que se você utiliza tal produto algo vai
acontecer com você. Isto não é considerado abusivo, mas uma “promessa exagerada”.
06/05/2011
PUBLICIDADE E PROPAGANDA (Arts. 36 e 37)

1. O Regime Jurídico da Publicidade


1.1. Distinções entre Publicidade e Propaganda
Publicidade é considerada pela doutrina como um veículo para atrair o consumidor àquele produto
ou serviço. Já a propaganda teria o papel de trazer para o mercado ideias sobre aqueles produtos e
serviço, trazendo informações sobre aquilo. Ela não traz precisamente o bem de consumo, mas uma
noção para compreender a prestação daqueles produtos e serviços.

A publicidade ainda poderia ser promocional ou institucional. A primeira é a que citamos, e a


institucional está muito voltada a conceitos, aspectos, termina equivalendo à própria propaganda,
apesar do esforço doutrinário para distinguir.

1.1.1. Posição do STJ


O STJ, em diversas decisões, faz menção à publicidade e à propaganda de forma indistinta. Vemos
que, no campo prático, dificilmente teremos uso para esta distinção teórica.

O próprio Mario Frota, na sua obra sobre publicidade juvenil, diz que a publicidade busca chamar
sua atenção para a aquisição de produtos e serviços.

1.2. Espécies de Controle


Existe algum fundamento que justifique o controle da publicidade? Lembre-se que no Art. 5o, IX se
estabelece a liberdade de expressão artística, científica entre outras. Haveria por quê controlá-la?
Bom, os americanos enxergam que uma coisa é o pensamento sobre estes aspectos constitucionais;
outra coisa é o comercial speech.

Se eu trago ideias para o público para revelar opções filosóficas, metodológicas etc., tudo bem. Mas
quando trago a publicidade institucional ou propaganda, o escopo é VENDER. Portanto, apesar
deste dispositivo, estamos lidando com discurso comercial, que precisa ser observado,
acompanhado e regulamentado. É em função disto os Arts. 36 e 37 do CDC, e temos o CONAR
(Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária).

1.2.1. Controle Legal

1.2.2. Controle Privado (CONAR)


O CONAR não é uma agência reguladora, mas uma pessoa jurídica de direito privado, que
desenvolve funções muitos importantes de caráter publicitário. Ele é composto de representantes de
todas as classes que compõem as relações de consumo.

Inclusive, ele pode editar normas a respeito da publicidade, com base na Lei 9.294/96.

2. PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE PUBLICIDADE

2.1. O Fundamento Constitucional


Sabemos que a CF determina a liberdade, masq eu precisa ser cerceada. E o CDC faz isso.

2.2. Princípios da Atividade Publicitária

A) Princípio da Identificação: toda a mensagem deve ser feita de modo que o consumidor a
identifique imediatamente e claramente como tal. É necessária clareza, precisão, ostensividade,
língua portuguesa, para que o consumidor compreenda quais são os aspectos referentes àquele
produto.
B) Princípio da Veracidade: é em função da exigência da verdade que o CDC exige que o
fornecedor detenha todos os dados informacionais, técnicos, fáticos e científicos que comprovam
que o determinado possui a capacidade descrita na divulgação.

Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou


comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.

Este ônus da prova é uma garantia institucional, ope legis, que basta a lei e não exige a decretação
do juiz.

OBS.: A responsabilidade quanto à atividade publicitária é do fornecedor em caráter objetivo e


solidário. Mas solidário com quem? Segundo Nelson Nery, Rizzatto Nunes e Scarfezzini, deve
abranger com a agência publicitária.

C) Princípio da Vinculação (Art. 35, I a III):

D) Princípio da Não-Abusividade: não corresponde à enganosidade!

E) Princípio da Transparência e da Fundamentação:

F) Princípio da Correção do Desvio Publicitário:

5. PUBLICIDADE ENGANOSA

5.1. Conceito
Toda vez que se verificar uma informação falsa, total ou parcialmente, sobre os elementos de um
produto ou serviço, teremos a publicidade enganosa. Na publicidade abusiva, pode até haver a
veracidade, mas há a transgressão de valores essenciais jurídicos.

É preciso ter em mente que é preciso uma falsidade inerente às características do produto (levando
em consideração todas as informações necessárias: origens, quantidade, qualidade, preço, riscos
etc.) e que induza o consumidor a erro.

5.2. Espécies

A) Comissiva

B) Omissiva

5.3. Objetivo Ilícito

5.3.1. Indução do Consumidor a Erro

6. PUBLICIDADE ABUSIVA
Ela não traz informações falsas. As informações são verdadeiras, mas há violações a valores
essenciais da sociedade. Em razão disto, as discriminatórias são abusivas, bem como as que
incitam a violência e as que exploram o medo ou a superstição.
Naturalmente, ela não está presa a estes aspectos. Aí é que temos as publicidades abusivas que se
aproveitam do publico infantil, bem como dos idosos, silvícolas e quem mais for, cuja capacidade
de julgamento de acordo com a sociedade seja reduzido.

Às vezes há também o desrespeito ao meio ambiente. É preciso divulgar, por exemplo, uma
motosserra, mas sem incitar a população a degradar a natureza. Da mesma forma, não é interessante
que se permita

7. ANÁLISE DO PRINCÍPIO DA IDENTIFICAÇÃO

7.1. Publicidade Dissimulada

7.2. Publicidade Clandestina (merchandising)


é possível, também. É o que as novelas fazem. Mas seria necessário, ao fim, a informação de que
teria havido merchandising àquele produto. Não havendo, é clandestina.

7.3. Propriedade Subliminar


Em geral, ocorre de forma que o consumidor não enxerga nada, não vê como o produto lhe traz
benefícios, mas é estimulado a acreditar que aquele produto lhe trará benefícios. Ela é uma
categoria difícil de ser caracterizado porque mexe com aspectos psicológicos do consumidor.

7.4. Publicidade “Chamariz”


Quem traz isto é Antônio herman, que determina como tal quando o fornecedor cria toda uma
situação para que o consumidor vá até a loja ou entre no site. É a publicidade que não traz para o
consumidor os produtos fornecidos.

7.5. O “teaser”
É o anúncio do anúncio! Não traz informações sobre o produto.
07/05/2011
PUBLICIDADE RESTRITA DE PRODUTOS E SERVIÇOS

1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL (Art. 220, § 4o)

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a


informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 4º. A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos,


medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos
do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário,
advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

2. O CONSELHO NACIONAL DE AUTO-REGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA


É uma ONG que regula a publicidade, formada por representantes dos fornecedores, das entidades
de divulgação de massa. Outras associações de massa, como a IDEC, BRASILCON, PRO TESTE,
participam das reuniões e deliberações deste Conselho.

O objetivo do conselho é observar como a publicidade está sendo veiculada. A própria categoria, o
mercado de fornecimento, preocupou-se em criar uma ONG para verificar o conteúdo e forma
destes instrumentos, como ele atinge a coletividade.
OBS.: Dê uma olhada no Código Nacional de Auto Regulamentação Publicitária. Também é cálida
a leitura das Resoluções 84/450 e 89/552 da CEE (Comunidade Europeia).

3. PRODUTOS E SERVIÇOS RESTRITOS


Por que o legislador estabeleceu restrições aos seguintes produtos? Porque sabemos que todos estes
produtos, se utilizados indevidamente, podem causar sérios malefícios à comunidade.

5. PRODUTOS FUMÍGEROS
A lei federal 9294/96, que foi modificada pela 10167/00. A publicidade só pode ser feita na parte
interna dos estabelecimentos, diz a regulamentação. Para que esta publicidade possa ser veiculada,
também, é preciso inserir informações referentes aos malefícios que aquele produto pode trazer.

A lei federal traz que é possível a utilização de produtos fumígeros em locais fechados, desde que
exista um compartimento fechado separado, isolado, com um sistema de exaustão. Uma lei
municipal, porém, a 7651, vedou totalmente a utilização destes produtos, mesmo em locais não
totalmente fechados.

É um conflito de normas, mas sabemos da competência do Município para legislar sobre matérias
de interesse local. Por enquanto, é o que sustenta a norma contra os fornecedores. Mas ela não pode
ultrapassar o que a lei federal estabelece, como ocorre neste caso.

6. BEBIDAS ALCOÓLICAS
Bebida alcoólica é aquela que ultrapassa 13o LESSAC, segundo a Lei 9.294: a cerveja, as Ices, não
estão abrangidas pela lei. E a lei veda que a publicidade seja feita entre 9 e 18hrs, mas não veda que
apareça seu símbolo como patrocínio a alguma coisa, por exemplo.

O que a lei veda utilmente é a associação a vantagens esportivas, sociais, presença de crianças na
publicidade etc.

7. PRODUTOS E SERVIÇOS DA ÁREA DE SAÚDE


Quando falamos neste tópico é preciso extrema cautela. Médicos, dentistas, veterinários, parteiras,
ao fazer publicidade de seus serviços, precisam de cuidado. É preciso conhecimento técnico para
desenvolver a atividade publicada, bem como autorização prévia das instituições cabíveis.

Massagistas, enfermeiros, serviços hospitalares em geral, produtos protéticos etc. Mas temos um
problema com os produtos farmacêuticos isentos de prescrição. A ANVISA regulou, para começar a
viger em 2012, a comercialização de alimentos em farmácias.

8. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
Não podem ser vendidos, ou submetidos a publicidade desregrada. Primeiro que ele precisa ter
registro no órgão competente. Segundo que toda a publicidade feita, só poderá ocorrer dentro de
periódicos especializados, que têm público-alvo determinado.

O CONAR determina que não podem aparecer na publicidade menores de idade, ou mesmo
maiores, se aparentarem ser menores. A intenção é evitar que menores sejam estimulados a utilizar
o produto.

Além disto, é necessário coibir determinadas expressões nesta publicida (ex.: que afirmem que o
produto é totalmente não agressivo ao meio ambiente, que seria falso), bem como determinar na
publicidade a toxicidade ao meio ambiente e serres vivos. Ainda na publicidade, é necessária a
informação quanto à utilização adequada.
9. OUTROS PRODUTOS E SERVIÇOS REGULAMENTADOS
A Lei 9294 não fala sobre estes, mas o CONAR sim.

9.1. Educação, Cursos e Ensino (Lei 9.870/99)


Estabelece que a mensalidade escolar, ou semestralidade, independente da forma de renovação
contratual, o reajuste de valores só pode ser feito a cada ano. E, mesmo assim, não se pode reajustar
de qualquer maneira: precisa estar pautado numa planilha referente aos gastos, e ao montante que
planeja reajustar. E o aviso deste reajuste precisa ser feito 45 dias antes de o aluno precisar pagar,
para que o indivíduo possa se preparar.

9.2. Imóveis: aluguel e venda


STJ: se houver imobiliária itnermediando, aplica-se CDC. Se não houver, é Código Civil.
Independente da presença de imobiliária ou não, é preciso ter cuidado com relação a algumas
informações que sejam passadas pelo fornecedor: precisam ser reais.

9.3. Investimentos, Empréstimos e Mercados de Capitais

9.4. Lojas e Varejo

9.5. Profissionais Liberais

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