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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
Operações Unitárias I – Notas de Aula

Capítulo 3

Escoamento Através de Meios Porosos Indeformáveis

Referências específicas

Scheideger: The Physics of Flow Through Porous Media, University of Toronto, (1960)
Katz: Handbook of Natural Gas Engineering, McGraw-Hill (1959)
Bear: Dynamics of Fluids in Porous Media, American Elsevier, (1972)

3.1 – Introdução

Um meio poroso é uma fase sólida contínua que contém muitos espaços vazios, ou
poros, em seu interior. São exemplos as esponjas, tecidos, papel, areia e cascalho, tijolos,
filtros e os leitos empacotados, ou de recheios, usados na indústria química nas operações
de absorção, troca iônica, destilação, extração líquido-líquido, etc.

Muitos materiais são porosos, mas os espaços vazios não se comunicam entre si,
impedindo que um fluido escoe através deles. Por exemplo, os recipientes de poliestireno,
os preservativos e as caixas de isopor contêm muitos poros, mas, devido a estrutura de
“cela fechada” dos plásticos, eles não possuem interconexão, formando então uma
excelente barreira ao escoamento de fluidos Uma pilha de areia, contudo, tem menos
poros que um recipiente de poliestireno expandido, mas seus poros são interconectados,
de modo que os fluidos podem atravessá-los facilmente. Os meios cujos poros não estão
ligados entre si são descritos como impermeáveis ao escoamento de fluidos e aqueles com
poros interconectados como permeáveis. (de Nevers, 1991) A definição analítica de
permeabilidade será dada posteriormente.

O escoamento de fluidos através de meios porosos permeáveis é uma situação


encontrada em larga escala em hidrologia e na indústria química na produção de óleo e
gás, na filtração, nos leitos fluidizados, nas colunas de recheio para absorção, destilação e
extração líquido-líquido, e requer que se conheçam expressões que permitam prever a
relação “vazão-queda de pressão” para o fluido, associada à resistência ao escoamento
causada pelas partículas.
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As colunas com enchimento


(recheio) são amplamente utilizadas
com a finalidade de proporcionar
um contato íntimo entre dois fluidos
imiscíveis, ou parcialmente
miscíveis, podendo ser eles um gás
e um líquido, ou dois líquidos. Os
fluidos escoam em contracorrente,
com o gás, ou líquido mais leve,
sendo alimentado pelo fundo da
coluna e o segundo fluido pelo topo.
Um exemplo do sistema líquido-gás
é o processo de absorção, ilustrado
na figura ao lado, em que um gás
solúvel é “lavado” de uma mistura
de gases mediante um líquido.

Neste curso trataremos apenas da fluidodinâmica do escoamento, devendo os detalhes de


operação e construção da coluna, e o cálculo dos valores dos coeficientes de transferência
ser estudados nas disciplinas específicas que tratam da transferência de massa.

3.1.1 – Descrição Geral das Torres de Recheio

A parede da coluna pode ser construída com materiais tão diversos como metal,
cerâmica, vidro ou plástico, ou metal com revestimento resistente à corrosão. O
enchimento apóia-se numa grelha ou tela que deve ter um bom padrão de abertura para
não oferecer muita resistência ao fluxo. O líquido é introduzido no topo e deve ser
uniformemente distribuído por toda a seção reta. A distribuição geralmente é feita por uma
série de pulverizadores, sendo essencial a uniformidade do fluxo de fluido. Se a coluna for
alta torna-se necessário dividir o leito em várias seções, inserindo-se no espaço vazio
entre eles, pratos de redistribuição do líquido. Os redistribuidores são necessários em
intervalos de 21/2 a 3 diâmetros de coluna para anéis Raschig, e cerca de 5 a 10 diâmetros
de coluna para anéis Pall, não superando 20 pés de distância (Coulson-Richardson, 1965)

3.1.2 – Enchimento da Coluna

Existem três tipos de recheios: sólidos quebrados, grades e os enchimentos com


forma definida (anéis, cilindros, cubos, esferas, etc.). Os sólidos quebrados, apesar de
serem mais baratos e muitas vezes resistirem bem à corrosão, obviamente não alcançam a
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mesma eficiência que os enchimentos com forma definida em relação ao fluxo de líquido,
nem quanto à superfície específica disponível para a transferência. O enchimento deve ser
tão uniforme quanto possível, de modo a formar um leito com características e porosidade
uniformes.

Alguns dos enchimentos mais correntemente usados nas indústrias químicas são
mostrados na Figura 2. A maior parte dos recheios industriais está disponível numa grande
variedade de materiais como cerâmica, metais, vidro, plástico, carbono e borracha. O
escoamento preferencial, isto é, a distribuição não uniforme de líquidos através da seção
reta da coluna, com formação de canais, é muito menos pronunciado com os recheios de
forma definida e sua resistência ao fluxo é muito menor (Coulson-Richardson, p.28, 1965).

A
dimensão do
recheio usado
influencia as
dimensões
(altura e
diâmetro) da
coluna, a
perda de
carga e o
custo do
enchimento.
Em geral o
aumento do
tamanho do enchimento, diminui o custo por unidade de volume de enchimento e a perda de carga por unidade de
altura, diminuindo, porém, a eficiência da transferência de massa. Uma menor eficiência na transferência de
massa acarreta a necessidade de uma coluna mais alta, de modo que nem sempre se reduz o custo global da coluna
quando se aumenta a dimensão do enchimento. Normalmente numa coluna onde o recheio esteja colocado ao
acaso, a dimensão do leito não deve exceder a um oitavo do diâmetro da coluna. Como o custo por unidade de
volume de enchimento não diminui para dimensões acima de duas polegadas, enquanto sua eficiência continua a
diminuir, raramente há vantagem em usar recheios muito maiores que duas polegadas numa coluna com
enchimento disposto aleatoriamente. A Tabela 1 resume alguns dados referentes aos recheios acima ilustrados.

Tabela 1 - Características do Enchimento de Colunas

Espessura Número Peso Superfície


Enchimento Dimensão(in) da Parede por pé3 (lb/pé3) específica, S Porosidade
(in) (pé2/pé3) 100ε
4x4 0,44 21 45 21 70
2x2 0,24 160 43 34 69
Anéis 1x1 0,13 1.300 49 68 68
Lessing 3/4x¾ 0,09 2.850 46 85 72
cerâmicos 1/2x½ 0,07 10.300 52 130 64
3/8x3/8 0,05 23.500 47 175 69
1/4x¼ 0,03 89.000 49 294 65
61

3/16x3/16 0,025 208.000 56 389 63


3x3 0,048 50 25 26 95
2x2 0,048 160 36 38 93
Anéis 1x1 0,028 1.350 43 80 91
Lessing Aço 3/4x¾ 0,022 2.850 41 95 92
macio 1/2x½ 0,018 10.500 55 158 89
3/8x3/8 0,015 20.000 46 170 90
1/4x¼ 0,015 68.000 70 263 85
1/8x1/8 0,012 400.000 88 404 82
3x3 0,44 23 37 16 74
2x2 0,25 170 39 29 73
Anéis 1x1 0,14 1.350 43 58 71
Raschig 3/4x¾ 0,09 3.000 39 73 77
cerâmicos 1/2x½ 0,07 10.500 42 112 71
3/8x3/8 0,05 26.000 52 157 73
1/4x¼ 0,03 90.000 40 242 72
1/8x1/8 0,02 580.000 42 385 72
3x3 0,064 54 28 22 94
Anéis 2x2 0,048 170 29 31 94
Raschig aço 1x1 0,028 1.400 35 63 93
macio 3/4x¾ 0,022 3.300 36 84 93
1/2x½ 0,018 11.100 44 127 91
2 - 270 40 35 77
Selas Berl 1 - 2.250 45 75 70
cerâmicas ¾ - 4.800 48 95 69
½ - 16.000 55 142 66
3/8 - 40.000 55 190 65
1/4 - 145.000 56 350 65
Fonte: Coulson-Richardson, 1965, p.30. Para maiores informações ver Perry Cap.18

3.2 – Fluidodinâmica dos Meios Porosos

Em 1830, Darcy divulgou em Dijon, França, o primeiro trabalho experimental


referente ao escoamento em meios porosos, como resultado de suas observações sobre o
fluxo de água através de meios de areia de várias espessuras. De seus estudos Darcy
concluiu que a velocidade média, referente à área total do leito, é diretamente
proporcional à pressão motora e inversamente proporcional à espessura do meio. Este
princípio ficou perpetuado como “Lei de Darcy” e se aplica a uma única fase fluida
percolando um meio poroso em escoamento lento, e pode ser escrita na forma:

k dP
q= . (1)
µ dz
Onde q é a velocidade superficial (vazão por unidade de área), µ é a viscosidade do fluido,
(dp/dz) o gradiente de pressão (força motriz do escoamento) e k é a permeabilidade do
meio.

3.2.1 – Permeabilidade (k)

É a propriedade mais importante na descrição do escoamento através de um meio


poroso, e dá uma indicação sobre a facilidade com que o fluido escoa através dos poros.
Tem a dimensão de uma área [L2]. A permeabilidade deve ser expressa em função da
porosidade (fração de vazios do meio), uma vez que no escoamento em um leito poroso
62

apenas parte da área da seção transversal total está disponível para o fluxo do fluido. A
expressão mais usual para predição da permeabilidade de um meio é a equação de
Kozeny-von Càrman que é escrita, em sua forma mais geral, como:

ε3
k = (2)
β(1 −ε)2 SP 2

Sendo SP é a superfície específica da partícula (área superficial por unidade de volume),


que pode ser estimada facilmente quando as partículas são de geometria simples. Em
algumas situações, como no caso de meios consolidados artificialmente, a determinação da
superfície específica é difícil sendo mais conveniente fazer sua aferição experimentalmente
em laboratório.

Para esferas de tamanho homogêneo, A = 4πr2 e V = (4/3)πr3 a superfície específica é


dada por:

A πD 2 6
SP = = =
V πD / 6 DP
3

e a equação ( 2 ) torna-se
DP2 ε3
k =
36 β(1 −ε)2

Onde DP é o diâmetro da esfera de igual volume que a partícula e β é a constante de


Kozeny, um parâmetro que depende da forma das partículas e da porosidade do meio.
Dados experimentais indicam que β, para meios fixos, assume valores entre 4 e 5. Para
partículas esféricas, β = 5 para meios de porosidade entre 30 e 50% (Massarani, 1979).
Para partículas de outras formas se sugere sua a estimativa no gráfico abaixo (Coulson-
Richardson, 1965, p.12).
63

Figura 3 - Variação da constante de Kozeny com a porosidade

O gráfico acima apresenta o inconveniente da limitação a uma pequena faixa de


porosidade. Happel (1958) deduziu uma equação teórica para a determinação da constante
de Kozeny numa ampla faixa de porosidade, válida para partículas esféricas:

 2 5 3
ε3 1 + (1 −ε) 
 3 
β= (4)
 3 3 2
2(1 −ε) 1 − (1 −ε) + 1 −ε −(1 −ε) 
13 5 3

 2 2 

3.2.2 – Fator de Atrito em Meios Porosos - Equação de Kozeny-Càrman

A equação para estimativa da permeabilidade de um meio foi deduzida por Kozeny


(1927) e resultou da analogia entre o escoamento laminar de um fluido em tubos retos e o
escoamento lento num meio poroso, representado por um modelo simplificado onde
diversos tubos capilares, de iguais comprimentos e diâmetros, compunham o leito
compacto. Posteriormente Càrman (1938) aplicou a equação aos resultados experimentais
do escoamento através de leitos recheados observando que β = 5.

A equação de Poiseuille para escoamento em tubos é dada por:

dP 32 µ βµ
− = 2 vF = v ( 5) f
dz D RH 2
64

onde Vf é a velocidade média do fluido no duto, RH é o raio hidráulico e β uma constante


que depende da geometria. O escoamento lento através de um meio poroso é descrito pela
Lei de Darcy:

dP µ
− = q (6)
dz k

A velocidade do fluido em qualquer seção reta perpendicular ao escoamento, pode


ser relacionada à área total da seção transversal, A, como se não houvesse o meio poroso,
sendo neste caso chamada velocidade superficial, q

Q m

q= = (7)
A ρA

ou pode se basear na área realmente aberta ao escoamento do fluido, correspondendo


assim à velocidade do fluido nos canais sinuosos formados pelos poros do meio, sendo
designada neste caso como velocidade intersticial Vi

Q m

Vi = = ( 8)
εA ε ρA
onde Q é a vazão volumétrica do fluido, m a vazão mássica e ε a porosidade, ou fração de
vazios do meio, isto é, a fração da seção reta não ocupada pelos sólidos, já definida
anteriormente. A relação entre a velocidade superficial e a velocidade intersticial é,
portanto,

q = ε vi
Do ponto de vista teórico, a velocidade intersticial é a mais importante; ela
determina a energia cinética e as forças do fluido, bem como se o escoamento é turbulento
ou laminar. Do ponto de vista prático, a velocidade superficial geralmente é mais utilizada
pois relaciona a taxa de fluxo a parâmetros mensuráveis facilmente.

O raio hidráulico, RH, que aparece na equação (5), é definido como a área de
escoamento (ou a área da seção reta perpendicular ao escoamento) dividida pelo
perímetro molhado. Resulta para dutos circulares que o raio hidráulico é igual a D/4.

Para dutos uniformes o raio hidráulico é constante, mas, para um leito de recheios
ele varia de ponto a ponto. Convém então, multiplicar tanto a área transversal quanto o
perímetro molhado pelo comprimento do leito (ou seja, a trajetória):

area do escoamento compriment o


RHmp = . =
perimetro molhado compriment o
vol. aberto ao fluxo volume de vazios
RHmp = = =
superf. molhada total Superficie dos solidos
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A fim de levar em conta a porosidade do meio, podemos multiplicar e dividir a


equação anterior pelo volume de sólidos, resultando:

vol. vazios vol.solido s ε vol.solido s


RHmp = x = .
superf. dos solidos vol.solido s sup. solidos (1 − ε)
a razão entre a superfície e o volume dos sólidos, é a Superfície específica do meio, SP.
Logo,

ε
RHmp = (9)
(1 −ε)SP
Substituindo a expressão do raio hidráulico para o meio poroso e a velocidade do
fluido pela velocidade superficial (Vf = q / ε) na equação de Poiseuille para dutos retilíneos,
vem:

dP µβ q
− =
dz  ε2 ε
(1 − ε) 2SP 2 
 

dP µβ(1 − ε) 2SP 2
− = (10 )
dz ε3
por comparação da equação (10) com a equação para o movimento lento em meios
porosos, resulta:

µ µβ(1 − ε) 2SP 2
q=
k ε3
Explicitando-se k,
ε3
k =
β(1 −ε)2SP 2 (11)

Conforme mostramos na equação (2)

De acordo com Càrman, para partículas esféricas teremos:

Dp 2ε3
k=
180 (1 −ε)2 (11-a)

3.2.3 – Equações do Movimento e da Continuidade para Meios Indeformáveis

Um meio
indeformável é
aquele que tem
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suas propriedades constantes. Para as deduções subseqüentes vamos tomar o seguinte


modelo físico:

O fato do meio ser rígido implica que a velocidade do sólido é nula (v s = 0) e a


porosidade constante. Supondo que as densidades do sólido e do fluido também são
constantes e que o estado é estacionário, vamos aplicar a equação da continuidade e do
movimento às fases sólida e fluida.

Equação da continuidade

1. Constituinte fluido:

( ε ρ) + div ( ε ρv ) = 0 (12)
∂t
Pelas suposições acima a equação se reduz a div ( ε v ) = 0 , isto é (ε v) = constante.

Como vimos anteriormente, ε.v = q = velocidade superficial.

2. Constituinte sólido:

[ρs(1 − ε)] + div [ρs(1 − ε) vS] = 0 (13)
∂t

a equação é plenamente satisfeita pois ρS e ε são constantes e vs = 0

Equação do movimento

1. Constituinte fluido:

∂ v 
ε ρ + ( grad v ) v  = −gradP − div τ − m + ρg (14 )
∂t 

na expressão acima, m é a força resistiva e τ é a tensão de cisalhamento do fluido no meio


poroso, que só tem valor relevante no escoamento de fluidos não newtonianos; supondo
escoamento laminar, os termos inerciais, no lado esquerdo da equação, podem ser
desprezados, resultando:

0 = −gradP − m +ρg (15 )


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3.2.4 – Força Resistiva (m)


É a força de interação exercida pelo fluido sobre o sólido, por unidade de volume do
meio poroso, não incluindo o empuxo.

a) escoamento laminar. No escoamento lento, pela Lei de Darcy a força resistiva é


µ
m= q (16)
k
Substituindo na equação (12) temos
µ
0 = −gradP − q + ρg
k
µ
− ( gradP − ρg ) = q
k
dP µ
− = q (17 )
dz k

que é a equação de Darcy, onde P = p + ρ g z é a pressão piezométrica do fluido. No


escoamento de fluido incompreensível, a densidade é constante, de forma que podemos
escrever:

k dΡ
q =−
µ dz

No escoamento horizontal, o efeito gravitacional é desprezível, pois a aceleração não


tem componente nesse eixo, de modo que podemos escrever simplesmente,

k dp
q =−
µ dz

O sinal negativo aparece na equação apenas para manter a velocidade positiva,


sendo opcional desde que se use o valor absoluto da velocidade superficial. Para um meio
homogêneo a expressão anterior pode ser integrada, dando:

PL −P 0 µ
L
= q
k
(18)

A equação do movimento aplicada ao constituinte sólido, não fornece nenhuma informação


adicional.

b) Escoamento a altas vazões (de uma única fase fluida)

Para o fluxo de fluido newtoniano a vazões mais elevadas, os resultados


experimentais levam a desvios significativos da lei de Darcy, e não se consegue mais
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correlacionar os resultados teóricos e experimentais utilizando a forma simplificada da


equação (13).Scheideger (1973) sugere o uso de uma expressão generalizada para a força
resistiva, m, dada pela forma quadrática de Forcheimmer, que se aplica tanto ao
escoamento lento como ao escoamento a vazões mais elevadas:

µ cρ k 
m= 1 + q q (19)
k µ 
Sendo:
µ - viscosidade do fluido
k - permeabilidade do meio
ρ - densidade do fluido
q - velocidade superficial
c -fator geométrico adimensional, que só depende da matriz sólida (esqueleto
poroso).

O número de Reynolds modificado, dado por


(
Re = cρ k q µ )
corrige o desvio em relação à lei de Darcy. Para escoamento laminar o primeiro membro do
lado direito da equação prevalece sobre o segundo e a expressão recai na equação (13).
Para altas vazões, o segundo termo, que é função da velocidade ao quadrado, aumenta
muito mais rapidamente que o primeiro e este se torna desprezível .

Substituindo-se a força resistiva dada por (19) na equação 11, com k e c obtidos das
correlações de Kozeny-Carman e de Ergun, respectivamente, chega-se a expressão geral
para a perda de carga no escoamento de uma única fase fluida através de um meio
poroso:


Ρ (1 −ε)2 µ (1 −ε) ρ
L
=150
ε3 (φDp ) 2
q +1,75
ε3 (φDp )
q2 (20)

ou, de modo genérico,

∆P µ cρ 2
L
= q+
k k
q (20-b)

3.3 – Correlações para estimativa dos parâmetros “c” e “k”

Dp 2ε3
1. Correlação de Kozeny-Carman k=
36 β(1 −ε)2 (11-b)

D2
2. Correlação empírica k=
1000
( 21 )

D = diâmetro médio de peneiras, para os sólidos granulados, e


Dp = diâmetro da esfera de igual volume que a partícula, para os recheios industriais.
Para uma mistura de “n” diferentes tamanhos, o diâmetro médio efetivo será dado por:
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6 6 1
DPM = = =
Sp Vp 6
∑xi φDp ∑φDp
x (22)
i i

3. Correlação de Ergun - Se verifica bem para meios de porosidade elevada, mas conduz a
resultados insatisfatórios quando aplicada aos meios naturais, de
baixa permeabilidade e porosidade reduzida (Massarani, 1979).

0,143
c=
ε3 / 2
(23)

Faixa de utilização: 10-5< k < 10-4 e 0,35 < ε < 0,45

5. Correlação Massarani-Thirriot-Cohen

1  k 0 0 , 72 
k0  0 ,13

(24)
−2  
c = 3/ 2
10 −1
  +6 x10  

ε  k  
 k  

k0 é uma permeabilidade de referência cujo valor, nas condições trabalhadas, é 10 -6. Essa
correlação foi estabelecida para as faixas ( 10-12 < k < 10-3) e ( 0,1 < ε < 0,93 )

A Tabela 2 dá uma idéia da ordem de grandeza dos parâmetros c e k. Os valores


foram obtidos experimentalmente no laboratório de Sistemas Particulados da COPPE/URFJ
(Massarani, 1979)

Tabela 2 - Exemplos da Ordem de Grandeza dos Parâmetros Geométricos do Meio

Material ε (%) K (cm2) c 3.4 –


Arenito 21,5 2.4x10 -9 40
Placa porosa metálica 26,0 9,2x10 -8 15
Esferas de chumbo (0,2cm) 37,0 2,5x10 -5 0,53
Areia (28/35) 42,0 1,5x10 -6 1,2
Anéis Raschig 55,0 2,5x10 -4 0,32
Bombril (prensado) 68,0 7,5x10 -7 0,41
Determinação Experimental da Porosidade

Meios consolidados:

Uma técnica para a confecção de meios porosos artificialmente consolidados, é dada


por Massarani & Thirriot (1976). Os meios porosos de que tratam a referência são de areia,
consolidados com adesivo à base de resina epóxi (Araldite), apresentando excelentes
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propriedades mecânicas como a possibilidade de serem trabalhadas em torno mecânico,


serem seguidamente submetidas ao escoamento dos mais diversos fluidos, com repetidas
secagens em estufa a 110ºC se que se constate qualquer variação da permeabilidade ou
perda das propriedades mecânicas.

A determinação da porosidade de meios consolidados é obtida pela análise num


picnômetro de uma pequena amostra do meio, já que suas propriedades (ε e k) se
mantêm constante por toda a extensão do meio.

Sejam: VMP = volume do meio poroso, medido gravimetricamente.


mas = massa da amostra seca
mp+a = massa do picnômetro com água
mp+a+as = massa do picnômetro com água e amostra.

mp + a + mas − mp + a + as
O volume de sólidos, ( VS ) será dado por: VS =
ρ
Vmp −Vs
e a porosidade, como definido antes, é ε=
Vmp

Atualmente já existe uma técnica mais moderna de medição da porosidade, através


da propagação de ondas (raios gama).

Meios não-consolidados
A porosidade de meios não-consolidados pode ser obtida por picnometria, como
acima descrito, ou por medida do volume ocupado pela massa, m, de uma amostra do
material a ser utilizado no meio poroso numa proveta, por exemplo. Suponhamos que uma
massa de 153,6 g de areia, de densidade 2,6 g/ cm3, forme um meio poroso de 96 cm3. A
porosidade deste meio será:

VM P − VS VM P − (m / ρ s) 9 6− (1 5 3,6 / 2,6)
ε= = = = 0,3 8
VM P VM P 96
Caso a partícula tenha perfurações, como diversos tipos de recheios industriais, a
determinação é feita pela Adição de uma certa massa do material a um dado volume de
água, medindo-se então o volume resultante. Se V0 é o volume de fluido e VT o volume
total (fluido mais amostra), o volume de sólidos será (VT - V0). Se VMP é o volume do meio
poroso, a porosidade será:
VMP − ( VT − V 0)
ε=
VMP

Exemplo: V0=116 cm3 água


VMP = 92 cm3
VT = 172 cm3, então,

9 2− (1 7 2− 1 1 6)
ε= 92 = 0,3 9
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3.5 – Esquema para Determinação Experimental de “k” e “c”

Um esquema clássico e largamente usado em laboratório para a determinação da


permeabilidade, sob queda de pressão reduzida, é ilustrado na Figura abaixo (D’Àvila-
Sampaio, 1980).

Aplicando Bernoulli entre as seções


(1) e (2), vem:

P1 v12 P 2 v 22
+ + gz 1 = + + gz 2
ρ 2 ρ 2

v12 = v22 = 0 (admite-se estática, já que


as velocidades são pequenas). Z1 = H;
Z2 = 0 e p1 = 0, portanto,

P2
gH = mas P 2 =ρ.g.H (24)
ρ
ρ.g.H µQ µ V.t
= =
L k A k A

µ.V
Q = q.A = V / t é a vazão volumétrica. Então, k = (26)
ρ gHAt

Determinação de “c” e “k” em permeâmetro


Um aparelho para medição da
permeabilidade e de c em leitos fixos,
utilizando ar ou água como fluido de
percolação, pode ser construído segundo o
esquema representado ao lado.

Para determinação da permeabilidade,


tomam-se medidas da velocidade
superficial (Q/A) e da queda de pressão ∆Ρ.

a) Medida com Fluido Incompreensível

Equação do movimento para o fluido num meio poroso:

0 = −gradP −m +ρg
sendo
 µ cρ 
m = + q q
k k 
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Como o escoamento é horizontal, a componente da aceleração da gravidade nesta direção,


gX, é nula. Substituindo o valor da força resistiva, a equação do movimento unidimensional
fica:

 dP   µ cρ 
− = + q q (27)
 dz   k k 

Integrando e fazendo uma manipulação algébrica, obtém-se:

1  ∆P  µ cρ
− = + q (28)
q L  k k

Construindo-se um gráfico com os valores de “


1  ∆P 
−  versus q ” , obtém-se uma reta de
q L 
µ
coeficiente linear igual a   e coeficiente angular
k 

tg θ =
k

b) Medida com escoamento isotérmico de um gás perfeito

Multiplicando ambos os membros da equação (28) pela densidade do fluido, ρ, e lembrando


que a velocidade mássica por unidade de área é w = ρ.q

 dP  µ cρ 
− ρ = + q ρq
 dz   k k 

 dP  µ c 
− ρ = + w w
 dz   k k 

PM PM  dP  µ c 
para um gás perfeito, ρ= . Substituindo acima, −  = + w w e
RT RT  dz   k k 
integrando

M  P 22 − P12   µ c 
−   = + w w
RT  L  k k 

 P 22 − P12   P 2 + P1  P 2 − P1 
O termo   pode ser desmembrado no produto    . Fazendo
 L   2  L 
isso, a equação passa a ser escrita:
M  P 2 + P1  P 2 − P1   µ c 
−    = + w w
RT  2  L   k k 

M  P 2 + P1 
mas, −   = ρ = densidade do fluido na Pmedia . Então
RT  2 
73

 P 2 − P1   µ c 
ρ  = + w w ou ,
 L   k k 
ρ  P 2 − P1   µ c 
  = + w ( 28 )
w  L  k k 

ρ ∆P µ c
Como anteriormente, um gráfico de versus + w nos dará uma reta de
w L k k
c µ
coeficiente angular e coeficiente linear .
k k

Exemplo:
Determinar c e k para um meio constituído por esferas de vidro consolidadas com
araldite (5%). O fluido de percolação é o ar a 25ºC e a distância entre as tomadas de
pressão é de 1 cm. O meio tem área da seção transversal igual a 18 cm 2 e porosidade de
38%. A relação vazão x queda de pressão é dada abaixo.

Q (medida na saída do meio a 1 atm) (cm3/min) x 104 ∆Ρ (cmHg)


2,09 2,40
3,02 4,45
3,48 5,60
10,70 33,90
15,70 58,60

Resposta: k ≅ 2,25x10 -7 cm2 e c = 21,2


Referências Bibliográficas

1. Darcy, H. Les Fontaines Publiques de la Ville de Dijon, Editions V DALMONT, Paris


2. Massarani, G. Problemas em Sistemas Particulados II, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 1979.

3. Thirriot, C.; Massarani, G.; Cohen, B.M.; Cohen, M., Análise da Força Resistiva no Escoamento de Fluidos
em Meios Porosos, V Congresso Interamericano de Engenharia Química, Rio de Janeiro, 1973.

4. Happel, J. Viscous Flow in Multiparticle Systems: Slow Motion of Fluid Relative to Beds of Spherical
Particles, A.I.Ch.E. Journal, 4, 197, 1958.
5. D’Àvila, J.S.; Sampaio, R.S. Sistemas Particulados, Publicação Didática UFSE, Aracaju, 1980

6. Massarani, G. Notas de Aulas, EQ/UFRJ, Rio de Janeiro, 1979.

7. Massarani, G., Thirriot, C. Uma Técnica para Preparação de Meios Poroso Artificialmente Consolidados,
Revista Brasileira de Tecnologia, 3, 1976.

8. Scheideger, A . E., The Physics of Flow Through Porous Media, University of Toronto, Canada, 1973.
9.. Coulson, J.M., Richardson, J. F., Tecnologia Química vol.2, Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª Edição, Lisboa,
1974.

EXERCÍCIOS

1) Existe um escoamento de água através de um leito de esferas, sob ação da gravidade.


O leito, contido num cilindro vertical, consiste de um enchimento de esferas de 2,0 cm
74

de diâmetro e porosidade de 0,40. A água entra e sai do leito sob pressão atmosférica.
Calcular a velocidade superficial atingida, admitindo escoamento turbulento (Bennett,
14.13)

2) Através de um leito de partículas cúbicas de 5 mm de aresta, passa um gás com


velocidade de 1 m/s. A densidade das partículas é 1.500 kg/m 3 e a densidade global
(densidade aparente do leito) é 950 kg/m3. Calcular:
• A porosidade do leito
• O diâmetro equivalente das partículas
• A queda de pressão através do leito para uma altura de 2 m, se a densidade do gás à
temperatura de operação e à pressão média entre os valores de entrada e saída é 0,70
kg/m3 e a viscosidade 0,02 centipoise.

3) A alimentação de uma coluna recheada é feita através de uma


caixa d’água. Determine a vazão de água a 25ºC que percola pelo
leito, desprezando as perdas de carga na tubulação e nos
acidentes. A coluna tem 30 cm de diâmetro e 1 m de altura, sendo
o recheio constituído de partículas esféricas de 0,6mm de diâmetro. A porosidade do
enchimento é de 37%.

4) Um conversor secundário de SO2 tem 7,5 ft de diâmetro e contém três camadas de catalisador de 1,5 ft
de espessura. As partículas têm a forma de cilindros eqüiláteros de 3/8 in de diâmetro. A porosidade do leito é
de 35%. O gás entra no conversor a 400ºC e 2 atm, com a seguinte composição:

SO3 SO2 O2 N2

Alimentação (%molar) 6,6 1,7 10,0 81,07

Produto (% molar) 8,2 0,2 9,3 82,3

A velocidade mássica do gás é de 520 lb/hr.ft 2 e a viscosidade 0,032 cP. Calcular a


queda de pressão no conversor. (Coulson-Richardson, p.737, 1968)

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