O empregado público é uma espécie de servidor público, para o qual o vínculo com a
Administração Pública é firmado sob a égide da legislação trabalhista (CLT), ao contrário do
servidor estatutário, detentor de cargo e sujeito ao regime estatutário.1
Só há sentido falar-se em cargo quando este for ocupado por um servidor estatutário.
Em contrapartida, ao empregado está reservado um emprego. Consequentemente, se o
empregado não ocupa cargo, não é a espécie de servidor apontada no caso de estabilidade, não
fazendo jus a tal prerrogativa.
Aqui se percebe outro fato que depõe contra a estabilidade do empregado público. O
FGTS foi criado para substituir a estabilidade prevista para todos os trabalhadores celetistas
antes da Constituição vigente. Ora, se esse ônus de 10% sobre a remuneração do empregado
deve ser arcado pelo empregador (público ou provado) para custear um fundo que pode ser
utilizado pelo trabalhador depois de satisfeitas certas condições, entre elas, a hipótese de ser
demitido sem justa causa, não se configura coerente manter a estabilidade.
2
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários às súmulas do TST. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.
293.
Apesar da literalidade do artigo 41 em explicitar o detentor de cargo como o único
beneficiário da estabilidade, excluindo qualquer tipo de empregado dessa vantagem, conforme
o entendimento já exposto de Sérgio Pinto Martins, devem ser levados em consideração os
princípios constitucionais da proporcionalidade e razoabilidade para fazer uma interpretação
sistemática e coerente desse dispositivo. Nesse sentido, parece mais correto concordar em
parte com o renomado jurista, mormente no que se refere aos empregados de entes
governamentais de direito privado. Já com relação à Administração Direta, Autárquica e
Fundacional, bem como casos similares ao da ECT, a postura do TST na forma da súmula
390, I e da OJ 247 coadunam com os princípios arrolados, trazendo mais justeza às questões
pertinentes a estabilidade de empregados públicos.
Por fim, cumpre citar que existe um projeto de lei tramitando na Câmara dos
Deputados, sob o no 6873/10, de iniciativa da deputada Luciana Genro, o qual propõe a
proibição de demissão imotivada de empregados públicos, valendo a regra para toda a
Administração Pública, Direta ou Indireta. A justificativa é que os empregados são sujeitos às
mesmas limitações constitucionais que os servidores estatutários, tais como proibição de
acumular cargos e funções e que, assim como já ocorre com os servidores, os empregados não
poderiam “ficar reféns das vontades pessoais dos agentes políticos com poderes diretivos”.3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários às súmulas do TST. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
3
JUSBRASIL NOTÍCIAS. Proposta impede demissão de empregados públicos sem
justificação. < http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2139025/proposta-impede-demissao-
de-empregados-publicos-sem-justificacao>. Acessado em 04 nov 2010.