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31 de Julho a 02 de Agosto de 2008

AVALIAÇÃO DE IMPACTOS SÓCIO-


AMBIENTAIS DA INDÚSTRIA
PETROQUÍMICA: O CASO DO
COMPERJ E A APA-GUAPIMIRIM/RJ

Pando Angeloff Pandeff (UFF)


pando_angeloff@yahoo.com.br
Mauricio Ferreira Guimaraes (UFF)
mauricio_gui@yahoo.com.br
Andre Donha (UFF)
adonha@gmail.com
Janie Garcia da Silva (UFF)
janie55@terra.com.br

Resumo
O presente trabalho se propõe a analisar os potenciais impactos
ambientais, econômicos e sociais, negativos ou positivos, da
implantação do COMPERJ - Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro no município de Itaboraí, dando ênfase ao processoo
produtivo. Discute o potencial impactante da atividade para as
populações e ecossistemas sensíveis na área de influência direta, como
a APA-Guapimirim/RJ, suas comunidades tradicionais e onde se
desenvolve o Projeto Defeso. Partindo do entendimento das atividades
da indústria do petróleo e dos processos de refino, analisa impactos e
medidas previstas no EIA/RIMA. Este artigo, fruto da monografia de
conclusão do curso de MBA-DAE em Gestão de Petróleo e Gás da
UFF (Pandeff, Guimarães e Donha, 2008) em colaboração com a Dra.
Janie Garcia da Silva (PGCA-UFF), foi desenvolvido com base em
pesquisa descritiva e qualitativa, aliada a um estudo de caso. É
fundamentado em ampla revisão da literatura, informações coletadas
junto às partes envolvidas com o empreendimento e levantamentos de
campo. Como resultado da investigação, considera a implementação
do COMPERJ como estratégico o País e para o desenvolvimento
regional. Sugere a atuação pró-ativa e integrada dos atores envolvidos
para enfrentar às transformações inevitáveis no plano local e faz
sugestões para formulação de políticas públicas e ações ao Executivo e
Legislativo local.

Abstract
The current work proposes to analyze the potential environmental,
economical and social impacts, negative or positive of the COMPERJ
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implementation - Petrochemical Complex of Rio de Janeiro district of


Itaboraí, emphasizing the productive pprocess. It explains the
impacting potential of the activity for population and ecosystems
sensible in the direct influence area as the APA-Guapimirim/RJ, its
traditional communities in the Oil and Gas Industry and refining
products, analyses impacts and measures foreseen in EIA/RIMA. This
article, result of the conclusion monograph of the MBA-DAE course in
Oil and Gas Management form UFF (Pandeff, Guimarães and Donha,
2008) in collaboration with Dr. Janie Garcia da Silva (PGCA-UFF)
was developed based on descriptive and qualitative research allied to a
Case Report. It is based in broad revision of literature, information
collected with the parties involved with entrepreneur and field surveys.
As result of investigation, it considers COMPERJ implementation as
strategic for the country and for the regional development. It suggests
the pro-active and integrated performance of the people involved to
face the unavoidable transformations in the local plan and makes
suggestions to formulate public policy and actions to be taken by local
Executive and Legislative Power.

Palavras-chaves: COMPERJ; EIA/RIMA; Impactos ambientais;


Unidades de Conservação

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1. INTRODUÇÃO
Quando se analisa o processo histórico de evolução da humanidade constata-se que o
Ser humano foi, e é até hoje, um dos principais agentes de alteração dos ciclos naturais. As
conquistas da humanidade ao longo dos séculos com a agricultura, domesticação de animais e
sua utilização nos processos produtivos e mais recentemente com a evolução científica e
tecnológica a partir do século XIX, principalmente a partir da revolução industrial,
introduziram perturbações significativas no equilíbrio natural do planeta, alterando
ecossistemas vitais à própria existência humana (DIAMOND, 2006).
Como resultados percebidos desta evolução, as mudanças ambientais observadas, em
geral, estavam relacionadas às atividades industriais, acentuadas nas últimas décadas,
possuindo ainda escopo global e estando profundamente ligadas ao comportamento humano e
sua relação com o meio ambiente, na utilização e exploração dos recursos naturais.
Sendo assim, os fatores humanos são forças propulsoras essenciais e exercem
influência direta nas mudanças mundiais (Agenda 21, 1995). Compreender melhor os
problemas relacionados aos processos de mudanças no âmbito global em curso 1 requer
abordagens que considerem o planeta como um sistema interativo e destaquem as
interdependências fundamentais existentes entre os sistemas ambientais e os sistemas
humanos.
Hoje a civilização tal qual como conhecemos, vive em um contexto de expansão
demográfica, econômica e social e em constante crescimento, no qual o petróleo é uma das
principais fontes de energia utilizadas no mundo devido à sua adaptabilidade a diversos usos:
aquecimento, transporte, energia elétrica, insumos para indústria petroquímica, entre outros.
Observa-se então que o crescimento da população humana, principalmente em grandes
regiões metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, é apontado como um dos fatores
que vem exercendo forte pressão sobre o meio ambiente e ameaçando os recursos naturais
disponíveis (Agenda 21, 1995, cap.5).
Com base nos dados do IEA de 2005, cerca de 81% das fontes de energia utilizadas
comercialmente são derivadas de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural.
Todavia, sabe-se que a população global tem crescido a taxas surpreendentes e, por
conseqüência, a demanda por energia também.

1
Assinatura de protocolos e acordos internacionais sobre proteção ao meio ambiente pelas nações signatárias

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Isto pode ser um problema, visto que, com exceção do carvão, caso se mantenha a taxa
de utilização desses combustíveis no patamar atual e caso novas reservas não fossem
encontradas, as atuais reservas poderiam não durar mais do que o tempo desta atual geração
(aproximadamente 100 anos), o que se caracteriza numa situação hipotética já que novas
tecnologias ampliam as possibilidades de encontrar e explorar novos campos, principalmente
os que se encontram no mar e a grandes profundidades, abaixo da camada chamada: pré-sal.
Para exemplificar essa expansão demográfica acentuada, segundo Bidone (2005), a
humanidade levou milhares de anos para alcançar o primeiro bilhão de indivíduos nos anos
1900 DC e apenas nos 100 anos seguintes a população mundial cresceu mais 5,5 bilhões de
indivíduos aproximadamente, ou seja, em apenas um século a população mundial cresceu
mais de cinco vezes, chegando em 2007 a aproximadamente 6,5 bilhões de indivíduos em
todo o Globo. Em contra-partida, o consumo energético cresceu cerca de 14 vezes neste
mesmo período. Em suma, segundo dados do ISE (Instituto Superior de la Energia) de
Madrid, o consumo de energia primaria per capta cresceu cerca de 4,5 vezes nos últimos 100
anos ao redor do mundo, o que pode significar que, dado o contexto que até o final dos anos
1980 a preocupação com os impactos sócio-ambientais, decorrentes deste vertiginoso
crescimento, era inversamente proporcional ao aumento de consumo de energia, hoje em dia a
população mundial se vê imersa em conseqüências como catástrofes derivadas de mudanças
climáticas e crises mundiais de fornecimento de alimentos, onde urge a necessidade por uma
mudança radical na forma que os empreendimentos devem ser planejados, aprovados e
realizados.
Sendo assim, fica clara a pressão crescente sobre recursos naturais e fontes de energia
de matriz não-renovável, o que coloca a sociedade moderna na rota de um colapso energético

em pouco tempo
Figura 1 – Gráfico de relação: demanda x fontes de energia x população.
Fonte: Material de aula do Prof. André Donha – Curso de Gestão em Petróleo e Gás / LATEC-UFF.

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No caso específico do petróleo, após as transformações promovidas inicialmente pela


Revolução Industrial, esse foi, depois do carvão, um dos primeiros recursos naturais utilizados
em larga escala pelo homem e foi empregado de diversas formas pela sua versatilidade. Sua
utilização mais intensa se inicia por volta de 1847, quando um comerciante de Pittsbourg
(Pensilvânia, EUA) começou a engarrafar e vender petróleo proveniente de vazamentos
naturais, para ser utilizado como lubrificante (CORRÊA, 2003).
Cinco anos mais tarde (1852), um químico canadense descobriu que o aquecimento e a
destilação do petróleo produziam um líquido que podia ser utilizado em lâmpadas, o
querosene. No entanto, somente em agosto de 1859 foi perfurado o primeiro poço de petróleo
em Tutisville, Pensilvânia (EUA). A partir daí o petróleo passou a ser utilizado em larga
escala, substituindo os combustíveis disponíveis, principalmente o carvão, na indústria, e os
óleos de rícino e de baleia, na iluminação.
Com a invenção dos motores a explosão, no final do século XIX, começou-se a
empregar frações até então desprezadas do petróleo, multiplicando rapidamente suas
aplicações, a partir da massificação do uso devido a popularização do automóvel a partir dos
anos 1920. No final desse mesmo século, pelo menos dez países já extraíam petróleo de seus
subsolos (PETROBRAS, 2005).
O petróleo é uma matéria–prima essencial à vida moderna, sendo o componente básico
de mais de 6.000 produtos. Dele se produz gasolina, combustível de aviação, gás de cozinha,
lubrificantes, borrachas, plásticos, tecidos sintéticos, tintas e até mesmo energia elétrica,
sendo responsável ainda por cerca de 37,4% da energia utilizada no Brasil, segundo relatório
do Ministério das Minas e Energia (BEN2, 2007).
Figura 2 – Oferta interna de energia – Brasil (2007) e Consumo de fontes primárias de energia no mundo

OFERTA INTERNA DE ENERGIA - BRASIL 2007 (%) 20 05

238,3 milhões tep 11.435 10 te p 6

PETRÓLEO e
BIOMASSA DERIVADOS Ca r v ã o
30,9% 37,4% M ine ra l
25,3% Pe tr ó l e o
Outr a s 35,0%
0 ,5%

F o nte s
Re no v á v e i s
10,0%
Hi d r á ul ic a
2,2%
HIDRÁULICA E Gá s Na tur a l
ELETRICIDADE Nuc l e a r 20 ,7%
14,9% CARVÃO 6,3%
MINERAL GÁS NATURAL
Biomassa:
URÂNIO 6,0% 9,3%
lenha 12%
2 1,4%
BEN – Balanço Energético Nacional / Ministério das Minas e Energia, Brasil.
produtos da cana 15,7%
outras 3,2%

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Fonte: MME – Ministério das Minas e Energia / IEA – International Energy Agency (BEN 2007)

Cada vez mais a economia mundial se torna altamente dependente de combustíveis


fósseis (Carvão mineral, petróleo e gás), mais precisamente do petróleo, que correspondia em
2005 a cerca de 35% do consumo de fontes de energia primárias no mundo, e cujas
estimativas prevêem que ele ainda será o combustível dominante por muitos anos ainda, ou
até que uma nova fonte inovadora (viável e sem a força política sobre a macro economia do
Planeta) seja descoberta, segundo a IEA – International Energy Agency (World Energy
Outlook 2007). Conforme detalhado no gráfico mostrado na figura 2.
Nesse contexto, considerando a cadeia produtiva do petróleo (do poço ao posto), a
etapa de refino torna-se o coração dessa indústria, pois sem a separação em seus diversos
componentes, o petróleo em si, possui pouco ou nenhum valor prático e comercial, onde o
processo torna-se indispensável e não se resume apenas ao ponto de vista econômico e
estratégico, mas também ambiental.
Do ponto de vista ambiental, as refinarias são grandes geradoras de poluição e
contribuintes da degradação ambiental, consumindo grandes quantidades de água e de
energia, produzindo grandes quantidades de despejos líquidos, liberando diversos gases
nocivos para a atmosfera e produzindo resíduos sólidos de difícil tratamento e disposição.
Em decorrência de tais processos, a indústria de refino de petróleo pode ser
considerada em muitos casos, como um empreendimento de grande impacto negativo ao meio
ambiente, pois tem potencial para afetá-lo em todos os níveis: ar, água, solo e,
conseqüentemente, a todos os ecossistemas e seres vivos que habitam não somente as áreas
próximas aos empreendimentos, mas também em escala global.
Da etapa de exploração até a comercialização de seus derivados, vários tipos de
impactos ambientais podem ser identificados. Esses impactos vão desde as conseqüências dos
estudos sísmicos realizados na etapa de exploração, passando pela geração de resíduos
(sólidos e líquidos) e emissões atmosféricas durante o processo de refino, até as
conseqüências de eventuais vazamentos acidentais ocorridos em terra ou em mar no
transporte e destinação final dos produtos.
Com base nas variáveis apontadas, pode-se inferir que de todas as etapas que
compõem a cadeia produtiva do petróleo, a produção em terra e o refino são as que se
apresentam como mais problemáticas, com maior potencial para poluir solos e aqüíferos,

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comprometendo assim a produção de alimentos e suprimento de água potável de uma ou mais


zonas de entorno.
Mesmo assim, apesar de representar uma ameaça potencial para o meio ambiente, a
indústria do petróleo também desempenha um papel positivo perante a sociedade, sendo
fontes geradoras de empregos, de receita para União, Estados e Municípios, bem como de
divisas para a nação.
Este estudo faz uma abordagem pautada na dependência do petróleo e seus derivados,
principalmente nas conseqüências que dela emanam, nas questões de produção de
combustíveis e seus derivados e nos riscos envolvidos na utilização dessa matéria-prima,
analisando os processos de refino e impactos sócio-ambientais decorrentes desses processos.
O estudo tomou como referência para seu desenvolvimento o Município de Itaboraí,
situado a cerca de 50 Km da capital do estado do Rio de Janeiro, tendo aproximadamente 424
Km2 e uma população estimada em 215.792 habitantes para o ano de 2007 segundo o IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, densidade demográfica de 503 habitantes por
Km2 – 14ª maior do estado, taxa de urbanização de 94,5% e taxa média de crescimento de
3,34% contra 1,30% do estado (estimativas do IBGE para 2005).
Por muitos anos, principalmente entre meados do século XVIII até final do século
XIX, o município foi um dos mais importantes do Estado, concentrando e escoando a
produção de açúcar e outros gêneros agrícolas destinados principalmente à exportação.
Passando por ciclos econômicos importantes, como: cana-de-açúcar, café, produção de
laranja e o advento da indústria do barro (olarias), hoje o município não dispõe de uma
atividade econômica significativa, tendo sua economia se transformado num aglomerado de
pequenos negócios ligados ao comércio varejista (alimentação e construção civil) sendo ainda
utilizado por grande parte da população como cidade-dormitório devido à proximidade com a
capital, onde as oportunidades de emprego são maiores.
Na questão ambiental, a antiga vocação agrícola do município é evidenciada quando se
analisa o IQM-Verde II (Índice de Qualidade Municipal com base nos parâmetros ambientais)
da Fundação CIDE – Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro, o que ratifica o
contexto histórico de agricultura extensiva, afetando a capacidade de suporte dos ambientes
impactados, aumentando assim o risco de extinção de espécimes da flora e da fauna, cujo
processo pode ser observado especialmente nos bosques de mangue remanescentes na APA-
Guapimirim/RJ – Área de Proteção Ambiental de Guapimirim/RJ.

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Do ponto de vista econômico, com base nos dados disponibilizados pela Fundação
CIDE para o ano de 2003, a renda per capita anual do Município é de apenas R$ 3.294,00
contra R$ 14.718,00 do estado e R$ 13.135,00 da região metropolitana onde está inserido, ou
seja, representa 22,38% da renda per capita do estado.
No que se refere ao IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 2000,
também disponibilizado pela Fundação CIDE, o Município aparece no ranking estadual na
modesta 67ª posição em um universo de 92 municípios. Já em relação ao ranking nacional,
Itaboraí aparece na 2.243ª posição contra os cerca de 5.537 municípios do país.
É nesse contexto municipal que surge um empreendimento considerado em termos
monetários e em infra-estrutura como um dos maiores investimentos, brasileiro, feito pela
indústria de petróleo, O COMPERJ – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, considerado
o maior empreendimento individual da história da Petrobras em uma única planta, resultado
de um investimento estimado em R$ 15 bilhões e que utilizará tecnologia nacional
desenvolvida pelo CENPES - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo
Miguez de Mello da própria Petrobras.
Tendo como principal objetivo processar inicialmente 150 mil barris diários de
petróleo pesado proveniente da Bacia de Campos (Campo de Marlim), o COMPERJ está
previsto para entrar em operação em 2012, devendo gerar para o país uma economia de
divisas superior a R$ 2 bilhões/ano, em decorrência da redução da importação de fontes de
matéria-prima petroquímica e da redução da exportação de petróleo pesado e estará localizado
nos distritos de Porto das Caixas e Sambaetiba, no município de Itaboraí, nos limites com os
municípios de Cachoeiras de Macacú e Guapimirim, sendo construído em um terreno com
uma área total de 45 Km2, com a planta industrial ocupando 26% da área total.
O estudo está focado na análise dos potenciais impactos ambientais, sociais e
econômicos que poderão advir, bem como nas medidas preventivas e mitigadoras em
conseqüência da emissão de poluentes pelo processo de refino e processamento de matérias-
primas sobre a população em geral e em particular sobre a APA–Guapimirim, com população
ribeirinha fixa que vive e sobrevive de atividades extrativistas nos manguezais da região e
onde se desenvolve o Projeto Defeso, voltado à proteção, preservação e recuperação dos
bosques de mangue da APA e desenvolve ações de educação ambiental e formação de
multiplicadores locais.
APA-Guapimirim possui os bosques de mangue mais bem preservados da baia de

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Guanabara e por diversas vezes já foi impactada por acidentes, cabendo destaque para dois
últimos: 27/04/2005 com uma composição da FCA – Ferrovia Centro-Atlantica deixando
vazar cerca de 150 mil litros de óleo diesel e o último em 30/10/2007, onde uma carga
orgânica originada da área onde será instalado o COMPERJ foi carreada para o Rio Caceribú,
chegando a vazar 1m3/seg., durante cinco dias, reduzindo significativamente os níveis de
oxigênio na água, causando mortandade de peixes e afetando a avi-fauna da região.

2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Consiste em analisar os potenciais impactos ambientais e sócio-ambientais, negativos
ou positivos, decorrentes da implantação do COMPERJ no município de Itaboraí, dando
ênfase ao potencial poluidor da unidade e nos problemas sócio-econômicos e ambientais
decorrentes desse empreendimento, discutindo ainda as principais medidas mitigadoras em
uso pela indústria que enfatizam a preservação do meio ambiente, propondo ou norteando
ações a serem desenvolvidas no âmbito da implantação de políticas públicas locais.

2.2 Objetivos Específicos


Identificar os principais impactos potenciais no âmbito social, econômico e ambiental.
Analisar quais medidas mitigadoras serão implantadas.
Verificar ações específicas dentro do plano de emergência que contemplam a área da
APA-Guapimirim, em especial no município de Itaboraí – RJ e entorno, levando em
conta a importância ecológica da área.
Contribuir como guia de referência para o melhor entendimento das interações que
poderão ocorrer entre o poder público, sociedade civil e o empreendimento.
Propor alternativas de ação e de controle que contribuam com o Poder Executivo e
Legislativo municipal na formulação de políticas públicas mais adequadas, levando-se
em conta as transformações significativas estruturais, culturais e ambientais que irão
ocorrer no município e região.

3. METODOLOGIA
O presente trabalho, baseado na monografia de conclusão de curso do MBA-DAE em

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Gestão de Petróleo e Gás (Pandeff, Guimarães e Donha, 2008) em colaboração com a Dra.
Janie Garcia (PGCA-UFF), foi desenvolvido com base nos resultados obtidos e através de
pesquisas complementares.
Para o embasamento do estudo lançou-se mão de revisão da literatura de caráter
técnico-científico extraídos de extensa revisão da literatura, informações coletadas junto a
órgãos oficiais, organizações não-governamentais e diversos outros atores envolvidos no
processo, consultas a diversos sites relacionados ao tema na internet (ANP, MMA, MME,
IBAMA, entre outros) e intervenções in loco.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho é a pesquisa descritiva e
explicativa, aliada a um estudo de caso, analisando-se ainda empreendimentos similares
implantados e o EIA/RIMA do COMPERJ.
São ainda utilizados como base referencial, dados ambientais, sócio-ambientais,
econômicos, indicadores oficiais para o setor de petróleo e legislação ambiental em vigor.
Analisará ainda como eventuais acidentes poderão impactar a APA-Guapimirim e que
medidas de prevenção e mitigação poderão ser implantadas em ação conjunta com equipes
que já atuam na região dos manguezais através do “Projeto Defeso”, desde outubro/2001.
A escolha do município de Itaboraí e da APA-Guapimirim para a realização da
pesquisa é decorrente de experiência pessoal acumulada atuando no Município e ao longo de
sete anos na coordenação do Projeto Defeso – Foco na proteção, preservação e recuperação
dos manguezais da APA, com amplo conhecimento das peculiaridades da região.
Essa orientação foi dada de forma a subsidiar proposições aos atores envolvidos como
subsídio à formulação de políticas públicas.

3.1 Questões da pesquisa


Analisar os potenciais impactos ambientais e sócio-ambientais positivos e negativos
decorrentes da implantação do COMPERJ, as ações preventivas e mitigadoras propostas pelo
empreendedor e a efetividade das políticas públicas municipais, conjunta ou isoladamente,
identificando processos críticos e buscando propor alternativas que possam nortear ações do
executivo e legislativo municipal, garantindo o bem-estar da população e de áreas
ambientalmente sensíveis.

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Com base nas informações obtidas através da análise do RIMA – Relatório de


Impactos ao Meio Ambiente, divulgado em setembro/2007 e no EIA, o estudo toma como
referência as informações nele contidas para caracterizar o empreendimento e contextualizar
aspectos no âmbito da proposta desse trabalho.
A localização em Itaboraí levou em consideração a disponibilidade e as facilidades da
região. O COMPERJ vai ainda viabilizar e utilizar o Arco Metropolitano, que fará a ligação
entre Itaboraí ao Porto de Itaguaí – um antigo e importante projeto do estado do Rio de
Janeiro.
É prevista a criação de mais de 212 mil empregos diretos, indiretos e por “efeito-
renda”, a nível regional e nacional, e para capacitar a mão-de-obra em vários níveis de
escolaridade, a Petrobras, em parceria com prefeituras, esta promovendo a qualificação
profissional. Os efeitos repercutirão na região e em todo o estado.
Além das empresas que estarão diretamente envolvidas na construção do
empreendimento, estudos da Fundação Getúlio Vargas indicam que nada menos que 720
empresas poderão se instalar na região até 2015, na indústria de transformação, para produzir
plásticos a partir dos produtos do COMPERJ. O resultado será um efeito de encadeamento
econômico que beneficiará intensa e diretamente os municípios vizinhos, indiretamente todo o
estado e, também, a economia nacional como um todo.
Para que o petróleo possa em um único local transformar-se nos produtos citados,
serão instaladas muitas “fábricas” dentro do próprio COMPERJ, cada uma delas destinadas a
cumprir seu papel no trajeto que o petróleo passará até se transformar em petroquímicos de
alto valor.
O COMPERJ está estruturado em diversas “fábricas” e outras instalações são
agregadas em blocos maiores chamadas Unidades, sendo estas: UPB (Unidade de
Petroquímicos Básicos) - UPA (Unidades Petroquímicas Associadas) - UTIL (Unidade de
Utilidades) - AUX (Unidade Auxiliares de Processos) - Apoio (Unidades de Apoio,
Transportes e Transferência).
Além das resinas plásticas, o COMPERJ vai produzir PTA, etilenoglicol, benzeno,
estireno e butadieno, que serão vendidos para outras indústrias químicas. Esses produtos
darão origens a pneus, fibras sintéticas, embalagens de alimentos, de remédios, de cosméticos,
entre outros.

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Em geral, estes produtos sairão do COMPERJ na forma líquida, através de dutos e


caminhões especiais. O COMPERJ também terá produtos típicos de uma refinaria, embora em
quantidade reduzida, como: Óleo diesel de alta qualidade – para combustíveis; Nafta – para
fabricação de solventes especiais, combustíveis e petroquímicos; Coque – para usinas
siderúrgicas e Enxofre – para indústrias químicas.
O COMPERJ produzirá 1,3 milhões de toneladas/ano de eteno e 880 mil toneladas/ano
de propeno. Esses gases devem ser consumidos dentro do próprio COMPERJ, transformando-
se em polietileno, etilenoglicol, estireno e polipropileno.

4.3.2 Discussão sobre potenciais impactos

Impactos Sócio-Econômicos
Estudos realizados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV) conduziram à avaliação dos impactos econômicos do
COMPERJ em diferentes escalas territoriais.
Importante para um projeto como o COMPERJ é a possibilidade de avaliação dos
impactos sobre o crescimento urbano da sua área de influência, de modo a preparar a infra-
estrutura e os serviços básicos essenciais.
O estudo da Fundação Getúlio Vargas mostrou que os investimentos do COMPERJ,
tanto em máquinas e equipamentos, como em projeto e construção, irão resultar em
incremento de atividades econômicas no Brasil e no Estado do Rio de Janeiro.
Verifica-se que, na etapa de construção, 40% do valor orçado para compra de
máquinas e equipamentos deverão vir de fornecedores externos. Dos 60%, restantes, apenas
12% ficarão no Estado do Rio de Janeiro.
Para estimar os impactos em relação ao número de empregos para cada ano em cada
região, a Fundação Getúlio Vargas considerou as taxas de desemprego atuais, sem admitir que
os empregos na região do COMPERJ venham a ser ocupados por pessoas de fora.
A Fundação Getúlio Vargas concluiu que somente mantendo as taxas de desemprego
de 6%, ou mais, haveria pressão demográfica associada à construção e operação do
COMPERJ na sua região de influência.
O maior desafio do COMPERJ seria a redução do número de empregos, que ocorrerá a
partir de 2012 (após a conclusão das obras, e início da operação do complexo).

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O COMPERJ encontra-se dentro da Zona de Uso Exclusivamente Industrial (ZEI) de


Itaboraí, criada pela Prefeitura através da Lei Complementar nº. 54, de 27 de setembro de
2006. O impacto direto sobre o uso e a ocupação do solo em Itaboraí é positivo e contribuirá
para a consolidação da vocação industrial da região.
Considerando-se que as taxas de desemprego tenderiam a permanecer elevadas na
região, mesmo com a construção do COMPERJ, haveria pressão demográfica significativa
sobre a área de influência direta do Complexo. Conseqüentemente, maior impacto sobre os
padrões desejáveis de uso/ocupação do solo.
Uma das grandes preocupações, com base nos dados anteriormente citados, é a do
processo de marginalização da população local. Assim como ocorrido em outros casos
notadamente conhecidos (caso da região de Macaé e parte de Campos – região norte do
Estado do Rio de Janeiro). Devido ao intenso crescimento da população de profissionais de
fora da região, devido a necessidade de formação e conhecimento específicos, a população
local se vê marginalizada. Outra conseqüência é o aumento do custo de vida local, que
cresceu sensivelmente, criando também um processo natural de “favelização” da população
local ou favorecendo o aparecimento regiões de periferia, já que o custo de moradia pode
aumentar muitas vezes.

Impactos Ambientais
O conhecimento dos impactos ambientais do COMPERJ foi traçado a partir da
Resolução 001/86 do CONAMA. Os impactos sobre o ambiente biológico produzidos pela
construção e operação de empreendimentos têm magnitude e importância estreitamente
relacionadas com a qualidade ambiental da região a ser impactada e sua importância
ecológica.
A previsão dos impactos ambientais identifica as possíveis modificações provocadas
pelo empreendimento: nas fases de planejamento, construção, operação e desativação.
Estes impactos sobre o ambiente físico, decorrentes da presença de pessoas e da
operação de veículos e equipamentos de sondagem no sítio, estão associados à fase de projeto
de engenharia de empreendimentos em locais intocados ou de reconhecida importância
ecológica. A abertura de estradas e picadas para acesso, bem como a operação de veículos e
equipamentos pode também trazer efeitos negativos de poluição do solo, do ar e das águas.

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Quanto a Limpeza do terreno e destocamento – alteração da paisagem natural com


supressão do atual ambiente agro-florestal (interferência com APPs e FMPs), este impacto é
inevitável e segundo o relatório, será atenuado/compensado pela implantação do projeto
Corredor Ecológico do COMPERJ.

Análise dos impactos locais e sobre a Apa-Guapimirim


Tomando como base a caracterização da área do empreendimento e do município, bem
como as características que envolvem o projeto de implantação do COMPERJ e sua
proximidade com uma importante Unidade de Conservação Federal – A APA-Guapimirim,
bem como a revisão do RIMA e alguns aspectos do EIA, pode-se inferir a ocorrência de
diversos impactos.
De forma complementar a este estudo, uma revisão na síntese da matriz de risco do
empreendimento também foi realizada, o que ratifica a inferência sobre os potenciais
impactos.
Assim, para melhor compreensão, os potenciais impactos percebidos foram divididos
em: Impactos Ambientais – Impactos sociais e econômicos, sendo estes detalhados a
seguir:

Impactos Ambientais
Com relação aos potenciais impactos ambientais percebidos, estes ocorrerão durante as
três fases do projeto, ou seja, desde a fase de sondagens até que as unidades entrem em
operação e posteriormente durante a operação rotineira.

Impactos negativos percebidos


Risco de contaminação de águas subterrâneas e do solo;
Rebaixamento do lençol freático e assoreamento dos rios que integram a bacia
hidrográfica da região, em especial os rios Macacú, Caceribú e baia de Guanabara;
Rompimento de bolsões contendo carga orgânica que poderá ser carreado para os rios
Caceribú e Macacú, como ocorrido no dia 30/09/2007 causando contaminação das
águas – impactando a UC diretamente e a baia de Guanabara;
Sobrecarga da bacia aérea pela emissão de gases e particulados levando a ocorrência
de inúmeros problemas de saúde, dependendo dos níveis de saturação;

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Diminuição da qualidade do ar;


Explosão e nuvens com gases tóxicos colocando em risco a população do entorno;
Rompimento de linha que poderá causar danos irreversíveis aos rios e principalmente
aos manguezais da APA-Guapimirim como já foi evidenciado em outros momentos;
Alterações físico-químicas e biológicas dos meios terrestres e aquático.

Impactos positivos percebidos


Projeto de recuperação de mata ciliar;
Reflorestamento de áreas na área de amortecimento do empreendimento;
Adesão ao projeto do corredor ecológico da serra do mar – Integrante do mosaico de
unidades de conservação da mata atlântica central fluminense – RJ;
Investimentos em projetos de proteção dos manguezais;
Investimentos em projetos de educação ambiental.

Analisando o contexto, é certo que impactos irão ocorrer, apesar de todas as previsões
e planos para reduzir ou mitigar esses impactos, fica a grande preocupação quando a saúde
das populações do entorno da unidade, bem com os manguezais da APA-Guapimirim.
Destaque para a importância de se estreitar contatos entre os diversos atores envolvidos
para que possa haver um planejamento mais alinhado com a realidade e para que na
eventualidade de ocorrerem eventos indesejáveis, todos os envolvidos possam estar aptos e
prontos a atuar.

Impactos Sociais e econômicos


Com relação aos potenciais impactos sociais percebidos, estes ocorrerão durante todas
as fases do projeto.
Importante destacar que já na primeira fase do empreendimento haverá um aumento da
ordem de 10% sobre a atual população do município, ou seja, perto de 22.000 mil pessoas que
estarão concentradas entre os distritos e Porto das Caixas e Sambaetiba, com população
estimada para 2006 em 16.000 pessoas, o que representa aproximadamente 138% de
crescimento na taxa populacional nessa área.
Se considerarmos que hoje o município já não consegue atender às demandas locais de
serviços públicos básicos, pode-se esperar que inúmeros problemas venham a ocorrer.

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Impactos negativos percebidos


Aumento acentuado do contingente populacional;
Falta de capacidade de atendimento de demandas por serviços essenciais pelo
município;
Incapacidade de suporte da malha viária municipal;
Incremento do uso e ocupação do solo de forma irregular (Favelização);
Aumento no número de ocorrências policiais com casos percebidos envolvendo:
agressões, estupros, tentativas de homicídio e homicídios, prostituição, entre outros;
Especulação imobiliária;
Perda de qualidade de vida em função de danos à paisagem e ao meio;
Geração de empregos não atenderá aos munícipes por falta de qualificação;
Incremento de atividades marginais / economia informal;
Aumento da concentração de renda.

Impactos positivos percebidos


Aumento da arrecadação tributária municipal;
Incremento de atividades temporárias de comercio e serviços;
Efeitos diretos e indiretos sobre a economia local através do incremento de diversas
atividades formais e informais;
Oportunidades de negócios em diversos segmentos;
Ao se analisar o contexto social e econômico, percebe-se que os problemas serão
maiores do que as supostas compensações dos impactos positivos.
As diversas atividades econômicas serão beneficiadas inicialmente pelo incremento
populacional, mas poderão sofrer uma redução crítica em pouco tempo, levando inúmeros
negócios à falência.
A capacidade de suporte e atendimento das demandas que ocorrerão será insuficiente,
podendo levar ao colapso local face ao não atendimento dessas demandas, em especial
serviços públicos essenciais.
Existe a necessidade de recursos e contingente técnico capacitado para planejar o
desenvolvimento local no longo prazo para evitar problemas similares ocorridos em outros
municípios. As questões sociais poderão não ser resolvidas, acarretando problemas quase

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insolúveis para as administrações futuras, tornando a região, uma bomba-relógio.

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O presente estudo é parte de um conjunto de pesquisas desenvolvidas e em
desenvolvimento, realizadas pelos autores no município de Itaboraí e região, devendo ser
portanto necessariamente complementado com estudos posteriores e mais aprofundados sobre
questões específicas aqui levantadas.
O estudo evidenciou que a indústria do petróleo e os processos de refino se constituem
hoje em uma das atividades humanas de maior potencial poluidor ou com potencial para
causar inúmeros impactos ambientais, econômicos e sociais, uma vez que suas operações
podem afetar o meio físico em todas as suas esferas: ar, água e solo.
Enfatizou que em decorrência do modo de organização e complexidade da sociedade
moderna, pelo menos nas próximas décadas permanecerá a dependência dessa indústria e das
refinarias para garantir nosso modo de vida.
Destacou que as atividades econômicas que envolvem a indústria do petróleo geram
muitos benefícios, bem como outros tantos prejuízos que provêm da emissão de poluentes
diversos e da degradação ambiental, social e econômica, sendo esses empreendimentos ainda
hoje vistos como um grande problema ambiental, em âmbito local, regional e mundial.
Sobre a instalação do COMPERJ no município de Itaboraí/RJ o estudo sugere que esse
processo será acompanhado por um expressivo aumento da população, gerando aumento da
pressão nas demandas por infra-estrutura básica e serviços públicos essenciais entre outros.
Ao analisar o quadro atual de atendimento dessas demandas, destaca que esse
atendimento já é deficitário, mesmo com os instrumentos legais norteadores das políticas
públicas locais, podendo assim inferir que inúmeros problemas irão ocorrer, impactando
diretamente os serviços de saúde, educação, segurança pública, entre outros.
Ao abordar a questão da geração de empregos evidencia que a relação entre oferta e
demanda para preencher as vagas disponíveis durante a fase de construção e operação não
será equilibrada, uma vez que existe uma exigência cada vez maior por mão-de-obra
qualificada, não disponível em número suficiente na região.
Sobre as questões ambientais locais o estudo destaca a relevância desse contexto, uma
vez que estas não podem e nem devem ser negligenciadas, ressaltando que ecossistemas

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importantes e sensíveis estão ameaçados tanto pelo projeto em sua fase de construção e
mesmo depois, com a entrada em operação do complexo.
Ainda sobre as questões ambientais, faz referência ao caso específico da APA-
Guapimirim, onde o simples rompimento de uma linha poderá causar danos irreversíveis aos
manguezais da região, colocando em risco os recursos pesqueiros a subsistência de inúmeras
famílias e populações tradicionais que dali retiram seu sustento, sem considerar ainda a
emissão de gases e particulados nocivos na atmosfera, que poderão se concentrar e não serem
dispersados em decorrência da inadequada circulação das correntes de ar, causando inúmeros
problemas de saúde.
Ao analisar casos de outros municípios que receberam empreendimentos da indústria
do petróleo e estando na área de influência direta destes, percebeu-se que por maiores que
sejam as preocupações nos estudos em relação às questões ambientais e sociais, o que ocorre
na prática são resultados que se mostraram muitas vezes catastróficos, uma vez que não se
consegue controlar efetivamente as variáveis ambientais, eventos naturais e pressões
demográficas sobre o uso e ocupação do solo.
Com bases nas conclusões aqui elencadas, o estudo faz recomendações como
contribuição para a formulação de políticas públicas mais adequadas para a gestão dos
processos de transformação iniciados com a implantação do COMPERJ no município.
O estudo destaca ainda a importância do apoio a projetos sócio-ambientais em
andamento, que também se caracteriza como uma alternativa bastante adequada, considerando
os resultados alcançados e a ampliação de suas ações, uma vez que as organizações
envolvidas já possuem a experiência e o conhecimento necessários para atuarem no plano
local, a exemplo do Projeto Defeso em operação desde 10/2001 nos manguezais da APA-
Guapimirim.
Faz destaque no que diz respeito a atuação preventiva, em todos os processos e nas
esferas da tomada de decisão, sendo sempre mais barata do que a atuação em remediação de
eventos indesejáveis.
Sugere ainda que os efeitos adversos do COMPERJ sobre a dinâmica ambiental, social
e econômica da região, deverão serão tratados através da implantação de políticas públicas de
ordenamento territorial, uso e ocupação do solo, saúde, educação e infra-estrutura, entre
inúmeras outras, de responsabilidade do poder público local e regional.

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O estudo deixa como alerta a ponderação de que seria ingenuidade pensar que com
experiências adquiridas em casos similares anteriores, os inúmeros problemas e
principalmente os impactos futuros poderão ser reduzidos ou eliminados em curtos espaços de
tempo, destacando que as experiências adquiridas são apenas referenciais dos problemas que
podem ocorrer e um aprendizado do que pode ser evitado.

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