Resumo
O presente trabalho se propõe a analisar os potenciais impactos
ambientais, econômicos e sociais, negativos ou positivos, da
implantação do COMPERJ - Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro no município de Itaboraí, dando ênfase ao processoo
produtivo. Discute o potencial impactante da atividade para as
populações e ecossistemas sensíveis na área de influência direta, como
a APA-Guapimirim/RJ, suas comunidades tradicionais e onde se
desenvolve o Projeto Defeso. Partindo do entendimento das atividades
da indústria do petróleo e dos processos de refino, analisa impactos e
medidas previstas no EIA/RIMA. Este artigo, fruto da monografia de
conclusão do curso de MBA-DAE em Gestão de Petróleo e Gás da
UFF (Pandeff, Guimarães e Donha, 2008) em colaboração com a Dra.
Janie Garcia da Silva (PGCA-UFF), foi desenvolvido com base em
pesquisa descritiva e qualitativa, aliada a um estudo de caso. É
fundamentado em ampla revisão da literatura, informações coletadas
junto às partes envolvidas com o empreendimento e levantamentos de
campo. Como resultado da investigação, considera a implementação
do COMPERJ como estratégico o País e para o desenvolvimento
regional. Sugere a atuação pró-ativa e integrada dos atores envolvidos
para enfrentar às transformações inevitáveis no plano local e faz
sugestões para formulação de políticas públicas e ações ao Executivo e
Legislativo local.
Abstract
The current work proposes to analyze the potential environmental,
economical and social impacts, negative or positive of the COMPERJ
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1. INTRODUÇÃO
Quando se analisa o processo histórico de evolução da humanidade constata-se que o
Ser humano foi, e é até hoje, um dos principais agentes de alteração dos ciclos naturais. As
conquistas da humanidade ao longo dos séculos com a agricultura, domesticação de animais e
sua utilização nos processos produtivos e mais recentemente com a evolução científica e
tecnológica a partir do século XIX, principalmente a partir da revolução industrial,
introduziram perturbações significativas no equilíbrio natural do planeta, alterando
ecossistemas vitais à própria existência humana (DIAMOND, 2006).
Como resultados percebidos desta evolução, as mudanças ambientais observadas, em
geral, estavam relacionadas às atividades industriais, acentuadas nas últimas décadas,
possuindo ainda escopo global e estando profundamente ligadas ao comportamento humano e
sua relação com o meio ambiente, na utilização e exploração dos recursos naturais.
Sendo assim, os fatores humanos são forças propulsoras essenciais e exercem
influência direta nas mudanças mundiais (Agenda 21, 1995). Compreender melhor os
problemas relacionados aos processos de mudanças no âmbito global em curso 1 requer
abordagens que considerem o planeta como um sistema interativo e destaquem as
interdependências fundamentais existentes entre os sistemas ambientais e os sistemas
humanos.
Hoje a civilização tal qual como conhecemos, vive em um contexto de expansão
demográfica, econômica e social e em constante crescimento, no qual o petróleo é uma das
principais fontes de energia utilizadas no mundo devido à sua adaptabilidade a diversos usos:
aquecimento, transporte, energia elétrica, insumos para indústria petroquímica, entre outros.
Observa-se então que o crescimento da população humana, principalmente em grandes
regiões metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, é apontado como um dos fatores
que vem exercendo forte pressão sobre o meio ambiente e ameaçando os recursos naturais
disponíveis (Agenda 21, 1995, cap.5).
Com base nos dados do IEA de 2005, cerca de 81% das fontes de energia utilizadas
comercialmente são derivadas de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural.
Todavia, sabe-se que a população global tem crescido a taxas surpreendentes e, por
conseqüência, a demanda por energia também.
1
Assinatura de protocolos e acordos internacionais sobre proteção ao meio ambiente pelas nações signatárias
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Isto pode ser um problema, visto que, com exceção do carvão, caso se mantenha a taxa
de utilização desses combustíveis no patamar atual e caso novas reservas não fossem
encontradas, as atuais reservas poderiam não durar mais do que o tempo desta atual geração
(aproximadamente 100 anos), o que se caracteriza numa situação hipotética já que novas
tecnologias ampliam as possibilidades de encontrar e explorar novos campos, principalmente
os que se encontram no mar e a grandes profundidades, abaixo da camada chamada: pré-sal.
Para exemplificar essa expansão demográfica acentuada, segundo Bidone (2005), a
humanidade levou milhares de anos para alcançar o primeiro bilhão de indivíduos nos anos
1900 DC e apenas nos 100 anos seguintes a população mundial cresceu mais 5,5 bilhões de
indivíduos aproximadamente, ou seja, em apenas um século a população mundial cresceu
mais de cinco vezes, chegando em 2007 a aproximadamente 6,5 bilhões de indivíduos em
todo o Globo. Em contra-partida, o consumo energético cresceu cerca de 14 vezes neste
mesmo período. Em suma, segundo dados do ISE (Instituto Superior de la Energia) de
Madrid, o consumo de energia primaria per capta cresceu cerca de 4,5 vezes nos últimos 100
anos ao redor do mundo, o que pode significar que, dado o contexto que até o final dos anos
1980 a preocupação com os impactos sócio-ambientais, decorrentes deste vertiginoso
crescimento, era inversamente proporcional ao aumento de consumo de energia, hoje em dia a
população mundial se vê imersa em conseqüências como catástrofes derivadas de mudanças
climáticas e crises mundiais de fornecimento de alimentos, onde urge a necessidade por uma
mudança radical na forma que os empreendimentos devem ser planejados, aprovados e
realizados.
Sendo assim, fica clara a pressão crescente sobre recursos naturais e fontes de energia
de matriz não-renovável, o que coloca a sociedade moderna na rota de um colapso energético
em pouco tempo
Figura 1 – Gráfico de relação: demanda x fontes de energia x população.
Fonte: Material de aula do Prof. André Donha – Curso de Gestão em Petróleo e Gás / LATEC-UFF.
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PETRÓLEO e
BIOMASSA DERIVADOS Ca r v ã o
30,9% 37,4% M ine ra l
25,3% Pe tr ó l e o
Outr a s 35,0%
0 ,5%
F o nte s
Re no v á v e i s
10,0%
Hi d r á ul ic a
2,2%
HIDRÁULICA E Gá s Na tur a l
ELETRICIDADE Nuc l e a r 20 ,7%
14,9% CARVÃO 6,3%
MINERAL GÁS NATURAL
Biomassa:
URÂNIO 6,0% 9,3%
lenha 12%
2 1,4%
BEN – Balanço Energético Nacional / Ministério das Minas e Energia, Brasil.
produtos da cana 15,7%
outras 3,2%
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Fonte: MME – Ministério das Minas e Energia / IEA – International Energy Agency (BEN 2007)
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Do ponto de vista econômico, com base nos dados disponibilizados pela Fundação
CIDE para o ano de 2003, a renda per capita anual do Município é de apenas R$ 3.294,00
contra R$ 14.718,00 do estado e R$ 13.135,00 da região metropolitana onde está inserido, ou
seja, representa 22,38% da renda per capita do estado.
No que se refere ao IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 2000,
também disponibilizado pela Fundação CIDE, o Município aparece no ranking estadual na
modesta 67ª posição em um universo de 92 municípios. Já em relação ao ranking nacional,
Itaboraí aparece na 2.243ª posição contra os cerca de 5.537 municípios do país.
É nesse contexto municipal que surge um empreendimento considerado em termos
monetários e em infra-estrutura como um dos maiores investimentos, brasileiro, feito pela
indústria de petróleo, O COMPERJ – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, considerado
o maior empreendimento individual da história da Petrobras em uma única planta, resultado
de um investimento estimado em R$ 15 bilhões e que utilizará tecnologia nacional
desenvolvida pelo CENPES - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo
Miguez de Mello da própria Petrobras.
Tendo como principal objetivo processar inicialmente 150 mil barris diários de
petróleo pesado proveniente da Bacia de Campos (Campo de Marlim), o COMPERJ está
previsto para entrar em operação em 2012, devendo gerar para o país uma economia de
divisas superior a R$ 2 bilhões/ano, em decorrência da redução da importação de fontes de
matéria-prima petroquímica e da redução da exportação de petróleo pesado e estará localizado
nos distritos de Porto das Caixas e Sambaetiba, no município de Itaboraí, nos limites com os
municípios de Cachoeiras de Macacú e Guapimirim, sendo construído em um terreno com
uma área total de 45 Km2, com a planta industrial ocupando 26% da área total.
O estudo está focado na análise dos potenciais impactos ambientais, sociais e
econômicos que poderão advir, bem como nas medidas preventivas e mitigadoras em
conseqüência da emissão de poluentes pelo processo de refino e processamento de matérias-
primas sobre a população em geral e em particular sobre a APA–Guapimirim, com população
ribeirinha fixa que vive e sobrevive de atividades extrativistas nos manguezais da região e
onde se desenvolve o Projeto Defeso, voltado à proteção, preservação e recuperação dos
bosques de mangue da APA e desenvolve ações de educação ambiental e formação de
multiplicadores locais.
APA-Guapimirim possui os bosques de mangue mais bem preservados da baia de
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Guanabara e por diversas vezes já foi impactada por acidentes, cabendo destaque para dois
últimos: 27/04/2005 com uma composição da FCA – Ferrovia Centro-Atlantica deixando
vazar cerca de 150 mil litros de óleo diesel e o último em 30/10/2007, onde uma carga
orgânica originada da área onde será instalado o COMPERJ foi carreada para o Rio Caceribú,
chegando a vazar 1m3/seg., durante cinco dias, reduzindo significativamente os níveis de
oxigênio na água, causando mortandade de peixes e afetando a avi-fauna da região.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Consiste em analisar os potenciais impactos ambientais e sócio-ambientais, negativos
ou positivos, decorrentes da implantação do COMPERJ no município de Itaboraí, dando
ênfase ao potencial poluidor da unidade e nos problemas sócio-econômicos e ambientais
decorrentes desse empreendimento, discutindo ainda as principais medidas mitigadoras em
uso pela indústria que enfatizam a preservação do meio ambiente, propondo ou norteando
ações a serem desenvolvidas no âmbito da implantação de políticas públicas locais.
3. METODOLOGIA
O presente trabalho, baseado na monografia de conclusão de curso do MBA-DAE em
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Gestão de Petróleo e Gás (Pandeff, Guimarães e Donha, 2008) em colaboração com a Dra.
Janie Garcia (PGCA-UFF), foi desenvolvido com base nos resultados obtidos e através de
pesquisas complementares.
Para o embasamento do estudo lançou-se mão de revisão da literatura de caráter
técnico-científico extraídos de extensa revisão da literatura, informações coletadas junto a
órgãos oficiais, organizações não-governamentais e diversos outros atores envolvidos no
processo, consultas a diversos sites relacionados ao tema na internet (ANP, MMA, MME,
IBAMA, entre outros) e intervenções in loco.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho é a pesquisa descritiva e
explicativa, aliada a um estudo de caso, analisando-se ainda empreendimentos similares
implantados e o EIA/RIMA do COMPERJ.
São ainda utilizados como base referencial, dados ambientais, sócio-ambientais,
econômicos, indicadores oficiais para o setor de petróleo e legislação ambiental em vigor.
Analisará ainda como eventuais acidentes poderão impactar a APA-Guapimirim e que
medidas de prevenção e mitigação poderão ser implantadas em ação conjunta com equipes
que já atuam na região dos manguezais através do “Projeto Defeso”, desde outubro/2001.
A escolha do município de Itaboraí e da APA-Guapimirim para a realização da
pesquisa é decorrente de experiência pessoal acumulada atuando no Município e ao longo de
sete anos na coordenação do Projeto Defeso – Foco na proteção, preservação e recuperação
dos manguezais da APA, com amplo conhecimento das peculiaridades da região.
Essa orientação foi dada de forma a subsidiar proposições aos atores envolvidos como
subsídio à formulação de políticas públicas.
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Impactos Sócio-Econômicos
Estudos realizados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV) conduziram à avaliação dos impactos econômicos do
COMPERJ em diferentes escalas territoriais.
Importante para um projeto como o COMPERJ é a possibilidade de avaliação dos
impactos sobre o crescimento urbano da sua área de influência, de modo a preparar a infra-
estrutura e os serviços básicos essenciais.
O estudo da Fundação Getúlio Vargas mostrou que os investimentos do COMPERJ,
tanto em máquinas e equipamentos, como em projeto e construção, irão resultar em
incremento de atividades econômicas no Brasil e no Estado do Rio de Janeiro.
Verifica-se que, na etapa de construção, 40% do valor orçado para compra de
máquinas e equipamentos deverão vir de fornecedores externos. Dos 60%, restantes, apenas
12% ficarão no Estado do Rio de Janeiro.
Para estimar os impactos em relação ao número de empregos para cada ano em cada
região, a Fundação Getúlio Vargas considerou as taxas de desemprego atuais, sem admitir que
os empregos na região do COMPERJ venham a ser ocupados por pessoas de fora.
A Fundação Getúlio Vargas concluiu que somente mantendo as taxas de desemprego
de 6%, ou mais, haveria pressão demográfica associada à construção e operação do
COMPERJ na sua região de influência.
O maior desafio do COMPERJ seria a redução do número de empregos, que ocorrerá a
partir de 2012 (após a conclusão das obras, e início da operação do complexo).
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Impactos Ambientais
O conhecimento dos impactos ambientais do COMPERJ foi traçado a partir da
Resolução 001/86 do CONAMA. Os impactos sobre o ambiente biológico produzidos pela
construção e operação de empreendimentos têm magnitude e importância estreitamente
relacionadas com a qualidade ambiental da região a ser impactada e sua importância
ecológica.
A previsão dos impactos ambientais identifica as possíveis modificações provocadas
pelo empreendimento: nas fases de planejamento, construção, operação e desativação.
Estes impactos sobre o ambiente físico, decorrentes da presença de pessoas e da
operação de veículos e equipamentos de sondagem no sítio, estão associados à fase de projeto
de engenharia de empreendimentos em locais intocados ou de reconhecida importância
ecológica. A abertura de estradas e picadas para acesso, bem como a operação de veículos e
equipamentos pode também trazer efeitos negativos de poluição do solo, do ar e das águas.
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Impactos Ambientais
Com relação aos potenciais impactos ambientais percebidos, estes ocorrerão durante as
três fases do projeto, ou seja, desde a fase de sondagens até que as unidades entrem em
operação e posteriormente durante a operação rotineira.
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Analisando o contexto, é certo que impactos irão ocorrer, apesar de todas as previsões
e planos para reduzir ou mitigar esses impactos, fica a grande preocupação quando a saúde
das populações do entorno da unidade, bem com os manguezais da APA-Guapimirim.
Destaque para a importância de se estreitar contatos entre os diversos atores envolvidos
para que possa haver um planejamento mais alinhado com a realidade e para que na
eventualidade de ocorrerem eventos indesejáveis, todos os envolvidos possam estar aptos e
prontos a atuar.
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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O presente estudo é parte de um conjunto de pesquisas desenvolvidas e em
desenvolvimento, realizadas pelos autores no município de Itaboraí e região, devendo ser
portanto necessariamente complementado com estudos posteriores e mais aprofundados sobre
questões específicas aqui levantadas.
O estudo evidenciou que a indústria do petróleo e os processos de refino se constituem
hoje em uma das atividades humanas de maior potencial poluidor ou com potencial para
causar inúmeros impactos ambientais, econômicos e sociais, uma vez que suas operações
podem afetar o meio físico em todas as suas esferas: ar, água e solo.
Enfatizou que em decorrência do modo de organização e complexidade da sociedade
moderna, pelo menos nas próximas décadas permanecerá a dependência dessa indústria e das
refinarias para garantir nosso modo de vida.
Destacou que as atividades econômicas que envolvem a indústria do petróleo geram
muitos benefícios, bem como outros tantos prejuízos que provêm da emissão de poluentes
diversos e da degradação ambiental, social e econômica, sendo esses empreendimentos ainda
hoje vistos como um grande problema ambiental, em âmbito local, regional e mundial.
Sobre a instalação do COMPERJ no município de Itaboraí/RJ o estudo sugere que esse
processo será acompanhado por um expressivo aumento da população, gerando aumento da
pressão nas demandas por infra-estrutura básica e serviços públicos essenciais entre outros.
Ao analisar o quadro atual de atendimento dessas demandas, destaca que esse
atendimento já é deficitário, mesmo com os instrumentos legais norteadores das políticas
públicas locais, podendo assim inferir que inúmeros problemas irão ocorrer, impactando
diretamente os serviços de saúde, educação, segurança pública, entre outros.
Ao abordar a questão da geração de empregos evidencia que a relação entre oferta e
demanda para preencher as vagas disponíveis durante a fase de construção e operação não
será equilibrada, uma vez que existe uma exigência cada vez maior por mão-de-obra
qualificada, não disponível em número suficiente na região.
Sobre as questões ambientais locais o estudo destaca a relevância desse contexto, uma
vez que estas não podem e nem devem ser negligenciadas, ressaltando que ecossistemas
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importantes e sensíveis estão ameaçados tanto pelo projeto em sua fase de construção e
mesmo depois, com a entrada em operação do complexo.
Ainda sobre as questões ambientais, faz referência ao caso específico da APA-
Guapimirim, onde o simples rompimento de uma linha poderá causar danos irreversíveis aos
manguezais da região, colocando em risco os recursos pesqueiros a subsistência de inúmeras
famílias e populações tradicionais que dali retiram seu sustento, sem considerar ainda a
emissão de gases e particulados nocivos na atmosfera, que poderão se concentrar e não serem
dispersados em decorrência da inadequada circulação das correntes de ar, causando inúmeros
problemas de saúde.
Ao analisar casos de outros municípios que receberam empreendimentos da indústria
do petróleo e estando na área de influência direta destes, percebeu-se que por maiores que
sejam as preocupações nos estudos em relação às questões ambientais e sociais, o que ocorre
na prática são resultados que se mostraram muitas vezes catastróficos, uma vez que não se
consegue controlar efetivamente as variáveis ambientais, eventos naturais e pressões
demográficas sobre o uso e ocupação do solo.
Com bases nas conclusões aqui elencadas, o estudo faz recomendações como
contribuição para a formulação de políticas públicas mais adequadas para a gestão dos
processos de transformação iniciados com a implantação do COMPERJ no município.
O estudo destaca ainda a importância do apoio a projetos sócio-ambientais em
andamento, que também se caracteriza como uma alternativa bastante adequada, considerando
os resultados alcançados e a ampliação de suas ações, uma vez que as organizações
envolvidas já possuem a experiência e o conhecimento necessários para atuarem no plano
local, a exemplo do Projeto Defeso em operação desde 10/2001 nos manguezais da APA-
Guapimirim.
Faz destaque no que diz respeito a atuação preventiva, em todos os processos e nas
esferas da tomada de decisão, sendo sempre mais barata do que a atuação em remediação de
eventos indesejáveis.
Sugere ainda que os efeitos adversos do COMPERJ sobre a dinâmica ambiental, social
e econômica da região, deverão serão tratados através da implantação de políticas públicas de
ordenamento territorial, uso e ocupação do solo, saúde, educação e infra-estrutura, entre
inúmeras outras, de responsabilidade do poder público local e regional.
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O estudo deixa como alerta a ponderação de que seria ingenuidade pensar que com
experiências adquiridas em casos similares anteriores, os inúmeros problemas e
principalmente os impactos futuros poderão ser reduzidos ou eliminados em curtos espaços de
tempo, destacando que as experiências adquiridas são apenas referenciais dos problemas que
podem ocorrer e um aprendizado do que pode ser evitado.
REFERÊNCIAS
ASHLEY, Patricia Almeida. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. Rio de Janeiro.
Saraiva, 2003.
FUNDAÇÃO CIDE.
Disponível em: <http://www.cide.rj.gov.br> Acesso em 18/11/2007.
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PETROBRAS
Disponível em: <http://www2.petrobras.com.br/Petrobras/portugues/comperj.asp> Acesso em
01/12/2007.
SHREVE, R. N.; BRINK JR, J. A. Indústrias de processos químicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Dois. 1997.
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