Resumo:
A reestruturação do sistema capitalista tem implicado em intensificação da
importância das cidades para a acumulação do capital. Logo, há a necessidade
de reflexão a respeito do caráter e do conteúdo do processo de produção do
espaço urbano nesse contexto. Buscamos então contribuir para essa reflexão,
a partir da análise sobre o processo de produção do espaço na Região
Administrativa de Águas Claras no Distrito Federal. São então expostos no
presente trabalho, uma breve discussão teórica sobre “produção do espaço” e
sobre a relação entre capital e trabalho, além de alguns apontamentos iniciais
acerca do recorte espacial da pesquisa, tendo como base as reflexões
empreendidas a partir da construção de dissertação junto ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia na Universidade de Brasília.
Abstract:
The restructuring of the capitalistic system has implicated in the intensification
of the importance of the cities to the accumulation of capital. Then, there are the
necessity of reflecting about the matter and content of the process of the urban
space production in this context. We seek, then, to contribute to this reflection,
from the analysis about the process of the space production in the
Administrative Region of Águas Claras in the Distrito Federal. There are
exposed in the present article, a brief theoretical discussion about “space
production” and about the relation between capital and work, besides some
initial notes about the spatial clipping of the research, based on the reflections
undertaken from the construction of the dissertation along with the Program of
Post-Graduation in Geography in the University of Brasília.
Justificativa:
No capitalismo, a produção do espaço tem se realizado como forma de
incrementar a acumulação, sendo desconstruído e reconfigurado a fim de abrir
caminho para uma maior acumulação num estágio ulterior, como destaca
Harvey (2006, p. 81). Considerando que o espaço urbano assumiu importância
ímpar no conjunto social a partir da revolução industrial, tem-se desde então,
uma apropriação da forma urbana, e uma transformação de suas funções e
atributos em prol da racionalidade estatal e econômica.
No momento atual, o desenvolvimento capitalista se constitui a partir da
globalização, da acumulação flexível e da ideologia neoliberal. Estes têm
implicado em ampliação da capacidade de acumulação de capitais, e nessa
dinâmica o espaço urbano vem assumindo novos papéis, que se materializam
através da produção do espaço, no qual a classe trabalhadora está diretamente
envolvida.
Dentro dessa lógica, Carlos (2005, p. 29) aponta que, “o processo de
reprodução do capital realiza-se, hoje, através de três setores: o financeiro, o
de lazer e turismo e o do narcotráfico – todos através da produção do espaço”,
sendo que o setor financeiro pode se realizar através do setor imobiliário.
Observa-se então, como destacado por Carlos (2005, p. 33) que “realiza-se o
aprofundamento da contradição entre extensão de valor de troca no espaço e a
possibilidade de realização da metrópole enquanto valor de uso, isto é, a
construção do espaço voltado para a vida cotidiana”. Logo, em países de
economia periférica como o Brasil, cujas desigualdades sociais possuem raízes
históricas, concomitante à consolidação das cidades como mercadoria, tem-se
a expansão de espaços de pobreza e exclusão.
Como parte dos condicionantes de geração de desigualdades socioespaciais,
Metodologia
A pesquisa se constitui com base em revisão bibliográfica, que inclui as bases
teórico-metodológicas de análise a cerca da questão urbana no âmbito da
globalização e da acumulação flexível, sobre o processo de produção do
espaço urbano e sobre a relação entre capital e trabalho; pesquisa de campo
na Região Administrativa de Águas Claras; e consulta a dados secundários e à
matérias jornalísticas.
Considerações Teóricas
Buscando orientar o estudo, compreende-se o espaço como resultado e
condicionante dos processos socioeconômicos e culturais que atuam no
território. Entende-se ainda, que o espaço é estruturado e planejado de acordo
com as forças políticas, econômicas e sociais que pressionam a sua formação,
no qual os interesses dominantes em determinada época e território irão
prevalecer na sua produção (FERREIRA, s/d).
Dessa maneira, ao olharmos para os diferentes períodos históricos em que
cidades, especificamente, foram constituídas, podemos perceber a existência e
o funcionamento de diferentes modelos de desenvolvimento econômico e
político que dominaram a sua formação.
Diante disso, concorda-se com Ferreira (Op. cit), que considera ser importante
para a compreensão e análise da dinâmica do espaço urbano [e de suas
contradições], “identificar e reconhecer os diferentes agentes sociais, bem
como os seus interesses pelo espaço, como atuam e quais são os resultados
para a sociedade”.
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“A falta de equipamentos de proteção e o descumprimento das normas de segurança nos canteiros de
obra colocam mais de 700 trabalhadores da construção civil em situação de risco todos os dias no Distrito
Federal. Os dados são da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), que fiscalizou, no primeiro trimestre
deste ano, 256 obras em andamento na cidade. O levantamento revela que 46% das construções
vistoriadas ofereciam algum tipo de perigo aos operários.” Fonte:
http://www.sintracom.org.br/noticias.php?cod=1332
Sites consultados:
http://aguasclarasdf.com/site/?p=44 Título da matéria: Valorização elevada, de
26/01/2005. Acesso em 20/08/2008 às 17:20h.
http://www.sintracom.org.br/noticias.php?cod=1332 Acesso em 31/10/2008 às
20:30h.