Anda di halaman 1dari 3

Página Inicial Institucional Consultas Serviços Transparência Intranet

» Consultas » Jurisprudência » Acórdãos

Inteiro Teor

Voltar Imprimir

Número do processo: 1.0079.07.319781-0/001(1) Númeração Única: 3197810-08.2007.8.13.0079


Processos associados: clique para pesquisar
Relator: Des.(a) DORIVAL GUIMARÃES PEREIRA
Relator do Acórdão: Des.(a) DORIVAL GUIMARÃES PEREIRA
Data do Julgamento: 29/05/2008
Data da Publicação: 06/06/2008
Inteiro Teor:

EMENTA: CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - IPTU - CEMIG -
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA - CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO - IMÓVEL PARA LINHA DE
TRANSMISSÃO - IMUNIDADE TRIBUTÁRIA - EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE ECONÔMICA - IMPOSSIBILIDADE DE SUA
CARACTERIZAÇÃO - IMPROVIMENTO DA IRRESIGNAÇÃO - INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 150, VI, "A", §§ 2º E 3º E 173,
§ 1° AMBOS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. A sociedade de economia mista, concessionária de serviço público
de energia elétrica, que explora atividade econômica, em concorrência com a iniciativa privada, não goza de
imunidade constitucional, notadamente em relação ao IPTU que lhe é exigido.

APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0079.07.319781-0/001 - COMARCA DE CONTAGEM - APELANTE(S): CEMIG GERAÇÃO


TRANSMISSÃO S/A - APELADO(A)(S): MUNICÍPIO CONTAGEM - RELATOR: EXMO. SR. DES. DORIVAL GUIMARÃES
PEREIRA

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 5ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorporando
neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de
votos, EM NEGAR PROVIMENTO.

Belo Horizonte, 29 de maio de 2008.

DES. DORIVAL GUIMARÃES PEREIRA - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

Assistiu ao julgamento, pela Apelante, o Dr. Marco Antônio Xavier Júnior.

O SR. DES. DORIVAL GUIMARÃES PEREIRA:

VOTO

Trata-se de Apelação interposta pela CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S/A em face da sentença de fls. 97/126-TJ,
proferida nestes autos de EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL opostos em desfavor do MUNICÍPIO DE CONTAGEM, que
foram julgados parcialmente procedentes os pedidos iniciais, tão-somente para decotar da CDA (fls. 05-TJ - autos
em apenso) os valores referentes à "Contribuição de Iluminação Pública" e à "Taxa de Conservação de Vias e
Logradouros Públicos", objetivando ela sua parcial reforma.

Para tanto, alega, em síntese, que goza de imunidade tributária, portanto, não deve o IPTU relativo às áreas de
instalações, subestações de transmissão e subtransmissão, linhas de transmissão e subtransmissão e redes de
distribuição, em particular, do imóvel correspondente à "Linha de Transmissão Contagem III", pois é bem afeto à
prestação de serviço público federal, afirmando que o concessionário não é identificado como contribuinte, nos
termos do art. 132 do CTN, posto que é mero detentor do direito de uso das linhas de transmissão e subestações,
apenas enquanto durar a concessão, eis que posteriormente ditos bens revertem-se à União, aduzindo que os bens
utilizados pelos concessionários são instrumentos de um serviço público, é direito de uso, não são classificados
como bens imóveis, circunstância que elide a identificação do fato gerador, do sujeito passivo e da base de cálculo
do IPTU, tudo consoante as argumentações desenvolvidas nas razões de fls. 128/139-TJ.

Conheço do recurso, por atendidos os pressupostos que regem sua admissibilidade.

Cinge-se a controvérsia recursal à imunidade tributária da Recorrente, concessionária de serviço público de energia
elétrica, sobre o imóvel por ela ocupado para "Linha de Transmissão Contagem III".

É cediço, que a imunidade tributária é regra constitucional de exceção, portanto, deve ser interpretada
restritivamente, como assim é do escólio da ilustre Professora MISABEL ABREU MACHADO DERZI, atualizadora da
obra de ALIOMAR BALEEIRO, segundo a qual:

"A imunidade é regra constitucional expressa (ou implicitamente necessária), que estabelece a não-competência
das pessoas políticas da Federação para tributar certos fatos e situações, de forma amplamente determinada,

1 de 4
delimitando negativamente, por meio de redução parcial, a norma de atribuição do poder tributário. A imunidade é,
portanto, regra de exceção e de delimitação de competência, que atua, não de forma sucessiva no tempo, mas
concomitantemente. A redução que opera no âmbito de abrangência da norma concessiva de poder tributário e
tão-só lógica, mas não temporal" ("in" "Direito Tributário Brasileiro", Ed. Forense, Rio de Janeiro, 11ª ed., p. 116).

A regra constitucional da imunidade tributária, contida no art. 150, III da Constituição da República, prevê em seus
parágrafos vedações à imunidade recíproca, "in verbis":

"Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviço, uns dos outros".

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas
decorrentes.

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços,
relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel."

A propósito da questão, elucida HUGO DE BRITO MACHADO especificamente sobre a determinação constitucional,
que:

"As entidades integrantes da Federação não podem fazer incidir impostos umas das outras. Estão protegidos pela
imunidade o patrimônio, a renda e os serviços dessas entidades, e de suas autarquias.

A imunidade, entretanto, não se aplica "ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com a exploração de
atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da
obrigação de pagar imposto relativo ao bem imóvel". É o que está expresso no art. 150, §3º, da Constituição
Federal de 1988.

(...)

Ressalte-se que a imunidade recíproca é uma forma de expressão do princípio federativo. Não se pode conceber
uma Federação sem a imunidade tributária recíproca" ("in" "Curso de Direito Tributário", Malheiros Editores, São
Paulo, 26ª ed., p. 283 e 285).

Desta forma, a doutrina pacificou o entendimento de que "As empresas públicas e sociedades de economia mista
estão excluídas da imunidade, não sendo beneficiadas" (LEANDRO PAULSEN, "in" "Direito Tributário, Constituição e
Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência", Ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 7ª ed., p. 259 e
282).

Contudo, o Excelso Supremo Tribunal Federal em interpretação mitigada do entendimento doutrinário, já asseverou
que:

"A questão não pode ser entendida dessa forma. É que o § 3° do art. 150 tem como destinatário entidade estatal
que explore atividade econômica regida pelas normas aplicáveis a empreendimentos provados, ou em que haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário" (RE nº 424.227, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, j.
24.08.2004, "DJ" 10.09.2004, p. 67).

Neste contexto, incensurável se mostra o didático "decisum" hostilizado, eis que esmiuçando os institutos
constitucionais e administrativos face às peculiaridades do caso concreto, em particular a natureza jurídica da
Embargante e o contrato de concessão de serviços públicos, concluiu que ela "é pessoa jurídica de direito privado,
que explora serviço público" ("litteris", fls. 107-TJ).

Assim, impõe-se a observância ao disposto no art. 173, § 1° da Constituição da República, que assim dispõe:

"Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.

(...)

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços, dispondo sobre:

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
comerciais, trabalhistas e tributários."

Na espécie, a Irresignante é sociedade de economia mista, que explora atividade econômica, em concorrência com
a iniciativa privada, portanto, não pode gozar da imunidade constitucional, eis que a Constituição, expressamente,
rejeitou a hipótese do Estado-empresário ter privilégio em relação aos particulares.

2 de 4
Neste sentido, é que se firma a orientação emanada por aquela mais Alta Corte de Justiça deste País, como se vê
da ementa lançada no precedente jurisprudencial acima transcrito, da Relatoria do insigne Min. CARLOS VELLOSO,
sobre o tema:

"CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA


RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA
PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. I. - As empresas públicas prestadoras de serviço público
distinguem-se das que exercem atividade econômica. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora
de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade
tributária recíproca: C.F., art. 150, VI, a. II. - R.E. conhecido em parte e, nessa parte, provido."

No mesmo sentido, firma-se a jurisprudência de nossos Tribunais Pátrios:

"Sociedade de economia mista. CORSAN. 'TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. CF, ARTIGO 150, VI. (...) A
CORSAN é sociedade de economia mista, com personalidade jurídica de direito privado, que presta serviço público
mediante concessão na forma do artigo 175 da Carta Política, cobrando tarifa diretamente do usuário, o que a
afasta do benefício da imunidade recíproca" (TFR4 - 2ª T., AC nº 96.04.497710-3/RS, Rel. Juiz VILSON DARÓS).

Anote-se, ainda, que o eg. Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, já decidiu que o IPTU incide sobre bens
da União Federal explorado pelas concessionárias de serviços públicos, como se vê do aresto adiante colacionado:

"Tributário - IPTU - Contribuinte: art. 34 do CTN - Imóvel Enfitêutico.

1. Por força do disposto no art. 34 do CTN, cabe ao detentor do domínio útil, o enfiteuta, o pagamento do IPTU.

2. A imunidade que possa ter o senhorio, detentor do domínio indireto, não se transmite ao enfiteuta.

3. 3. Bem enfitéutico dado pela União em aforamento.

4. Recurso especial conhecido e provido" (2ª T., REsp. nº 267.099-BA, Rel. Minª. ELIANA CALMON, "DJ"
27.05.2002).

Dito julgado corrobora a tese de que a reversão dos bens ao patrimônio público, ao término da concessão, não elide
a incidência tributária sobre o imóvel, mormente, porque enquanto ela durar o imóvel integra o patrimônio da
concessionária, cabendo ao detentor do domínio útil, o pagamento dos impostos nele incidente, porquanto, o bem
estaria vinculado à exploração da atividade econômica, não justificando, portanto, que sobre ele incida a
imunidade.

Por derradeiro, observa-se que este colendo Sodalício também vem se orientando no sentido de que a
concessionária de serviço público não goza da imunidade tributária constitucional, "in verbis":

"TRIBUTÁRIO - PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO - IPTU - TAXAS DE SERVIÇO PÚBLICO - CONTRATO DE
CONCESSÃO - IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. Como se sabe, nas concessões, os concessionários são pessoas privadas
sem qualquer vínculo com o Estado no que tange à sua estrutura e organização. Cuida-se, em última instância, de
pessoas da iniciativa privada, cuja particularidade, entretanto, é a de executar serviços públicos. Uma vez que a
concessionária de serviço público não se enquadra no texto constitucional vigente, no que concerne à imunidade
recíproca, fica afastada a possibilidade de nulidade da respectiva exação" (1ª CC, Apelação Cível nº
1.0024.01.565845-3/001, Rel. Des. GERALDO AUGUSTO, j. 16.12.2003, "DJ" 19.12.2003).

"Tributário. IPTU. Concessionária de serviço público. Imunidade. Ausência. Progressividade. Inadmissibilidade. 1 -


Uma vez que a concessionária de serviço público, não se enquadra no texto constitucional vigente, no que concerne
à imunidade recíproca, fica afastada a possibilidade de nulidade da respectiva exação. 2 - Verificada a
progressividade da alíquota de IPTU, segundo o valor e a localização do imóvel, tem-se que ilegal a sua incidência,
só admitida quando destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana, nos termos do
art. 156, parágrafo 1º, da CR. 3 - Recurso parcialmente provido" (2ª CC, Apelação Cível nº
1.0000.00.263885-6/000, Rel. Des. NILSON REIS, j. 04.02.2003, "DJ" 14.03.2003).

Com tais considerações, nego provimento à Apelação interposta, confirmando a bem lançada sentença monocrática,
por seus próprios e jurídicos fundamentos.

Custas recursais, pela Apelante.

A SRª. DESª. MARIA ELZA:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. NEPOMUCENO SILVA:

VOTO

De acordo.

SÚMULA : NEGARAM PROVIMENTO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0079.07.319781-0/001

3 de 4

Anda mungkin juga menyukai