MONOGRAFIA DE BACHARELADO
ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ CARLOS COSTA
ORIENTANDA : MARIA LUCIA EVANGELISTA ESPINDOLA
UBERLÂNDIA
JUNHO 2001
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PÁGINA DE APROVAÇÃO
AGRADECIMENTOS
É com imensa alegria que eu quero agradecer às varias pessoas que me ajudaram na
realização deste trabalho:
À Liciene e à Vera.
E,
AGRADECIMENTO ESPECIAL
participaram.
6
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................8
CAPÍTULO I.......................................................................................................................13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................13
CAPÍTULO II.....................................................................................................................19
3. A PESQUISA...................................................................................................................19
3.1. O objeto..........................................................................................................................19
CAPÍTULO III................................................................................................................... 24
5. CONCLUSÕES...............................................................................................................36
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................39
7. BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................42
8. ANEXOS..........................................................................................................................43
9.1. Substantivos...................................................................................................................56
9.2. Verbos............................................................................................................................56
9.3.Adjetivos.........................................................................................................................57
8
“A língua falada é o veículo lingüístico de comunicação usado em situações naturais de interação social, do
tipo comunicação face a face. É a língua que usamos em nossos lares ao interagir com os demais membros de
nossas famílias. É a língua usada nos botequins, clubes, parques, rodas de amigos; nos corredores e pátios das
escolas, longe da tutela dos professores. É a língua falada entre amigos, inimigos, amantes e apaixonados.”
(Fernando Tarallo)
Estados Unidos
1. INTRODUÇÃO
Morando por quase dois anos nos Estados Unidos, pude observar que o português falado
por um grupo de brasileiros era mesclado de palavras e expressões de língua inglesa. Estas
Vou aplicar para um trabalho (do verbo to apply que aqui tem o sentido de inscrever-
se).
9
João era suposto estar aqui desde as três horas ( da expressão be suppose to que aqui
Aquele trabalho era muito chato, então eu coitei ( do verbo to quit = abandonar).
Tenho que serapiar um monte de mesas esta noite ( da expressão verbal to set up =
arrumar).
Na época, achei tudo muito estranho, confuso, mas confesso, fascinante. Como diz
aquilo que não pode ser prontamente processado, analisado e sistematizado pela mente
humana provoca desconforto”. E foi justamente este desconforto que me levou a buscar
Sociolingüística, descobri que era possível encontrar caminhos para estas respostas. Muito
importante também, foi a colaboração do professor Sérgio Marra de Aguiar do qual fui
Lingüísticos” foi discutido. Percebemos que havia uma relação entre o tema e o português
mesclado com o inglês que eu ouvira. Ele me encorajou a caminhar nesta direção e a
processo de investigação científica, porque ainda, segundo Tarallo é possível combater este
brasileiros nos Estados Unidos é o de demonstrar como esta fala é alterada ao entrar em
sua própria origem pois: “O acervo lexical da língua portuguesa é formado a partir do latim
popular ou latim vulgar, como é mais conhecido. Sua base lexical são as palavras que
sofreram transformação no romance lusitânico. São estas palavras assim modificadas que
termo de língua estrangeira, é o resultado não propriamente de uma inovação. Mas de uma
adoção que é a adequação da língua como saber lingüístico à sua própria superação e tem
como determinante fins culturais, estéticos e funcionais”( op. cit. pág. 24).
O que este trabalho tentará mostrar, porém, é que a língua portuguesa falada em contato
direto com o inglês em território americano sofre modificações muito mais profundas.
A questão é que aqui, somos falantes nativos recebendo influência de línguas externas,
podendo fazer empréstimo apenas de palavras ou expressões que chegam até nós. Lá, o
português é uma língua estrangeira, mas que continua a ser falada pela comunidade de
imigrantes brasileiros. O que ocorre é que os falantes brasileiros são expostos a todo
oferta imensa, parte do acervo lexical da língua inglesa (língua-mãe), à disposição destes
critério de escolha desta mercadoria e a maneira que ela vai ser utilizada é o grande desafio
deste trabalho.
explicar como os sistemas aberto e fechado vão contribuir para este fato. Mostraremos
também que esta língua falada sofre mudanças, não só no nível morfológico, mas também
fonético.
vezes não é possível, principalmente pela carga excessiva de trabalho), certos grupos de
Um fato não-lingüístico que vamos abordar é o sentimento deste imigrante com relação ao
fato de ele estar vivendo nos EUA. De que tipo de imigrante estamos falando? Apesar de
não aprofundarmos as nossas reflexões neste aspecto, acreditamos que este dado seja de
grande influência na caracterização desta língua. Sabemos que a grande maioria dos
imigrantes brasileiros que vão aos EUA, vão em busca de trabalho e dinheiro, e sonham
em voltar ao Brasil para aqui desfrutarem o resultado deste esforço. Talvez também por
isto não tenham intenção de falar inglês. Na maioria das vezes, esta intenção de voltar é
frustrada e muitos vão adiando este sonho ou, então, finalmente decidem permanecer por lá.
Outros fatores não-lingüísticos, como faixa etária, tempo de permanência no país, etc serão
A sociolingüística foi de fundamental importância para fazermos este tipo de análise, uma
vez que a linguagem falada não é vista como um fato isolado na perspectiva desta
12
disciplina. Há uma inter-relação entre língua e sociedade que é devidamente realçada pelos
sociolingüistas.
Massachusetts.
13
CAPÍTULO I
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para mostrar, com apoio na Sociolingüística, que a língua falada por determinados grupos
de imigrantes nos Estados Unidos pode ser sistematizada como uma gramática da
onde encontramos a explicação do porquê escolher esta área da ciência para nossos estudos:
without reference to its social context, inevitably leads to omission of some of the
more complex and interesting aspects of languages and to the loss of opportunities
for further theoretical progress. One of the main factors that has led to the growth
of sociolinguistics research has been the recognition of the importance of the fact
that language is a very variable phenomenon, and that this variability may have as
much to do with society as with language. A language is not a simple, single code
used in the same manner by all people in all situations, and linguistics now arrived
complexity.”(1983:32) 1
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
1
“...a língua é basicamente um fenômeno social. O estudo da língua, totalmente sem referência ao seu contexto social,
inevitavelmente leva à omissão de alguns dos aspectos mais complexos e interessantes da língua e à perda de oportunidades
para progressos teóricos posteriores. Um dos principais fatores que têm levado ao crescimento da pesquisa sociolingüística é
o reconhecimento da importância do fato que língua é um fenômeno bastante variável, e que esta variabilidade pode ter
muito a ver tanto com sociedade quanto com língua. Uma língua não é um simples e único código usado da mesma maneira
por todas as pessoas em todas as situações, e a lingüística chega, então, ao estágio onde é possível e benéfico começar a
E conclui:
society and has close connections with the social sciences, specially social
Depois, nos esteamos nos ensinamentos de Fernando Tarallo(1999) no que diz respeito à
Vamos tentar mostrar que existe uma ordem, seguindo a linha de raciocínio de Tarallo e
Alkmin (1987:11):
variáveis lingüísticas em uso numa comunidade, atribuindo a cada uma delas seu
valor social, isto é, definindo os limites de seu espaço. Mais importante ainda, tal
intracomunitária.”
____________________________________________________________________________
2
“Sociolingüística é, assim, esta parte da lingüística que se refere à língua como fenômeno social e cultural. Ela investiga o campo da
linguagem e sociedade e tem conexões estreitas com as ciências sociais, especialmente a psicologia social, a antropologia, a geografia
do Brasil).”
Em nossa análise podemos nos deparar com ambas as situações: a primeira é caracterizada
pelo fato de que os falantes do português brasileiro nos Estados Unidos convivem com as
variantes lingüísticas (duas ou mais maneiras de se dizer a mesma coisa) dentro de sua
Por este fato, acreditamos ser muito útil o conceito de mescla intracomunidades para apoiar
nossos estudos com relação a uma gramática, uma ordem. O portinglês é uma língua falada,
que pode ser processada, analisada e sistematizada. Portanto, o “caos” lingüístico é apenas
aparente. E o modelo de análise laboviano nos ajudará nesta tarefa. Pois segundo Tarallo
(1999:11)
Estas, no entanto devido à própria essência e natureza da fala, não poderão ser
(condicionamento das variantes por fatores externos, tais como: faixa etária, classe
O critério de escolha na formação desta gramática não é aleatório. Ele é baseado, ainda que
“O léxico de uma língua é como uma galáxia, vive em expansão permanente por
advérbios.
Uma língua, através do vocabulário que a liga ao mundo exterior, reflete a cultura
português, mesmo que não tenha nenhum morfema que o identifique como pertencente à
língua portuguesa. Isto porque através do sistema fechado poder-se-á identificar classes do
Serão analisados também casos em que a fonética será a responsável pela inclusão dos sons
em português nas palavras retiradas diretamente do inglês. Como certos fonemas não
existem em português, o falante transforma esta realidade sonora que ele ouve em inglês,
em fonemas do português. Para fazer esta análise e as transcrições fonéticas nos utilizamos
18
149). O autor utiliza o Alfabeto Fonético Internacional na representação dos fonemas e dos
fones. Estes dados serão relevantes, principalmente para fazermos as comparações fonéticas
produz a mescla baseado apenas no que ele ouve. O fato de saber ou não o inglês em sua
forma falada e escrita não é o que vai, primeiramente, interferir na mescla, pois segundo
CAPÍTULO II
3. A PESQUISA
3.1. O objeto
A pesquisa foi feita, tendo como ponto de partida, o português falado pelos imigrantes
desencadeou-se esta investigação. Porém, para que estas observações não permanecessem
transformar estas falas em fatos lingüísticos, isto é, o objeto. Mais uma vez nos valemos de
Tarallo (1999:18):
e, uma vez mais, um porto ao qual o modelo espera que retornemos, sempre que
A seleção dos informantes foi feita a partir de um universo de 30 falantes constituído por
faixas etárias dos falantes variam de 23 a 53 anos, homens e mulheres, com determinado
informantes para um estudo do português falado por imigrantes brasileiros naquela cidade.
Esta cidade foi escolhida por fazer parte da grande área de Boston e nela haver uma grande
brasileiro/a que vai para os Estados Unidos para trabalhar. “Fazer a América”, é o que
muitos dizem. Trabalhar é trabalhar duro. O tipo de trabalho varia. De faxineiro residencial
fábricas. Às vezes, são donos do próprio negócio. Trabalham de dia, de noite, nos finais de
semana. São solteiros, casados, jovens, ou nem tanto. Muitos deixam família, filhos, uma
vida para trás. Não se assustam diante do tipo de trabalho ou da quantidade de horas que
vão trabalhar.
sociolingüística quantitativa criada por W. Labov em 1963, uma vez que este modelo
sociolingüístico opera por números e realiza o tratamento estatístico dos dados coletados.
2. Sexo
a) Masculino
b) Feminino
3. Faixa etária
4. Grau de instrução
5. Profissão
6. Nível de inglês
falas transcritas, em material anexo, utilizamos como amostragem para esta análise, dez
falantes. Assim, poderemos traçar um perfil do imigrante do qual estamos falando. Além
a) Informante 01
-Sexo = masculino
-Faixa Etária = 41 anos
-Grau de Instrução = Superior incompleto
-Profissão = Assistente de gerente de produção
-Nível de inglês = Fluência oral
-Tempo de permanência nos EUA = 13 anos
22
b) Informante 02
-Sexo = Feminino
-Faixa Etária = 39 anos
-Grau de Instrução = Nível médio concluído
-Profissão = Gerente de serviços de limpeza
-Nível de inglês = Fluência oral
-Tempo de permanência nos EUA = 12 anos
c) Informante 03
-Sexo = Masculino
-Faixa Etária = 43 anos
-Grau de Instrução = Nível médio concluído (técnico agrícola)
-Profissão = Operador de máquina
-Nível de inglês = Pouca fluência
-Tempo de permanência nos EUA = 9 anos
d) Informante 04
-Sexo = Feminino
-Faixa Etária = 45
-Grau de Instrução = Superior completo
-Profissão = Proprietária de firma de limpeza
-Nível de inglês = Fluência na fala e na escrita
-Tempo de permanência nos EUA = 15 anos
e) Informante 05
-Sexo = Masculino
-Faixa Etária = 48 anos
-Grau de Instrução = Nível médio concluído
-Profissão = Operador de máquina
-Nível de inglês = Pouca fluência
-Tempo de permanência nos EUA = 8 anos
f) Informante 06
-Sexo = Masculino
-Faixa Etária = 32 anos
-Grau de Instrução = Nível médio concluído (técnico agrícola)
-Profissão = Operador de máquina
-Nível de inglês = Pouca fluência
-Tempo de permanência nos EUA = 7 anos
g) Informante 07
-Sexo = Masculino
-Faixa Etária = 43 anos
-Grau de Instrução = Médico veterinário
-Profissão = Operador de máquina
-Nível de inglês = Pouca fluência
-Tempo de permanência nos EUA = 7 anos
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h) Informante O8
-Sexo = Masculino
-Faixa Etária = 29 anos
-Grau de Instrução = Nível médio concluído ( técnico em contabilidade)
-Profissão = Montador
-Nível de inglês = Depende de outros para se comunicar nesta língua
-Tempo de permanência nos EUA = 5 anos
i) Informante 09
-Sexo = Masculino
-Faixa Etária = 27 anos
-Grau de Instrução = Nível médio concluído
-Profissão = Montador
-Nível de inglês = Depende de outros para se comunicar nesta língua
-Tempo de permanência nos EUA = 2 anos
j) Informante 10
-Sexo = Masculino
-Faixa Etária = 53 anos
-Grau de Instrução = Nível médio concluído
-Profissão = Procurando trabalho
-Nível de inglês = Depende de outros para se comunicar nesta língua
-Tempo de permanência nos EUA = 3 meses
k) Informante 10
-Sexo = Feminino
-Faixa Etária = 35 anos
-Grau de Instrução = Nível médio concluído
-Profissão = Faxineira e ajudante de garçom
-Nível de inglês = Fluente
-Tempo de permanência nos EUA = 8 anos
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CAPÍTULO III
A partir de um “corpus” de trinta falantes, imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, com
o que é falado que será analisado, mas também o contexto em que estes imigrantes estão
inseridos.
Para estruturar este capítulo, nos valemos do modelo do artigo de Aragão, M.S.S. “AS
a critérios que a própria língua impõe. Há uma ordem que tentaremos descrever.
O portinglês – nome que daremos à mescla lingüística do português falado por imigrantes
brasileiros no Estados Unidos, é um fato que pode ser confirmado pelo corpus em anexo.
Há nele, 154 ocorrências de palavras que vêm do inglês como nos seguintes exemplos:
análise sociolingüística. Fernando Tarallo (1999: 21) nos adverte sobre a qualidade e a
material de boa qualidade sonora.” O que procuramos seguir o mais fielmente possível.
4.1.2.Ocorrência de substantivos
ocorrências (Ver Tabela II ). Destes, apenas dois ( parqueamento e aplicação) vêm escrito
em português. O primeiro, que vem do verbo to park = estacionar, recebe o sufixo –mento
que o transforma em substantivo. O segundo vem do verbo to apply = neste caso, significa
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substantivo. A palavra aplicação existe tal como se apresenta, em português, porém com
Quase todos os outros substantivos ( comuns ou próprios) são falados como são ouvidos em
inglês. O que nos prova a existência de tal classe de palavras do sistema aberto é que a elas
meu schedule
o vacuum
a bag
a disher
(n)o downtown
umas quarter
o break
(n)o cash
o box
a quarta aplicação
Ainda sobre substantivos, podemos falar em flexão de grau – como no uso de diminutivo
para bag, baguinha [bε‟gĩňa]; e também em gênero – como no caso de disher, a disher.
–a.
27
4.1.3.Ocorrência de adjetivos
único com a terminação em português, bisado, foi o de maior ocorrência:12 (Ver Tabela III
). Bisado vem de busy = ocupado, cheio; que tem o mesmo significado no portinglês.
Os adjetivos restantes são identificados como tal, pela sua posição na frase – depois do
verbo de ligação:
estar busy
estar off
estar part-time
4.1.4.Ocorrência de verbos
português. Outra indicação de que estes verbos passam a fazer parte do léxico do português,
é o fato de que eles são conjugados de acordo com as regras da língua portuguesa.
printar
serapiar
coitar
parquear - parqueou
aplicar
língua inglesa, que não existem no português. O falante carrega consigo as marcas
substantivo. Esta é uma variável do português padrão em que a presença deste morfema
morfema zero.
as bag
as quarter
os box
os vacuum
trabalho serão de grande importância. O tipo de imigrante, a sua situação no estágio atual,
se fala o inglês ou não. Qual é o sentimento deste imigrante com relação aos Estados
Unidos?
O sentimento com relação aos Estados Unidos, é quase sempre, no primeiro momento, o de
desapego, marcado pela temporariedade que o imigrante almeja (fazer a América) – o ir,
ganhar dinheiro e voltar. Pelo menos, era, nestas quase três décadas de imigração maciça de
brasileiros para os Estados Unidos. Agora, mesmo que esta situação esteja mudando,
mescla que estudamos. Hoje, percebemos que muitos brasileiros estão permanecendo nos
negar, que para haver a mescla lingüística, é preciso levarmos em conta o fator tempo:
não há língua sem espaço e, muito menos, sem tempo. Uma variedade lingüística
Alkmin, 1987:11)
Com relação ao estigma ou prestígio desta mescla, notamos que depois que o processo
torna-se consciente, o falante sente um estranhamento nesta mescla, até mesmo evitando-a.
Podemos perceber a existência de tabus, com relação à lingua falada, nesta variante
“‟-E, na realidade a gente sabe que tá... que tá falando errado, mas talvez... facilita
sabem o nome em inglês, mas num... num fala inglês. Então, talvez prá poder falar
“... in addition to environment and social structure, the values of a society can also
have an effect on its language. The most interesting way in which this happens is
things which are not said, and in particular with words and expressions which are
not used. In practice, of course, this simply means that there are inhibitions about
the normal use of items of this kind – if they were not said at all they could hardly
______________________________________________________________________________________________________________
3
“...além do meio e da estrutura social, os valores de uma sociedade podem também afetar a sua linguagem. O modo mais interessante no
qual isto acontece é através de um fenômeno conhecido como tabu. O tabu pode ser caracterizado em relação ao comportamento do que
se acredita ser supernaturalmente proibido, ou é tido como imoral ou impróprio. Trata-se de um comportamento que é inibido
aparentemente, de certo modo, como algo irracional. Na linguagem, o tabu é associado a coisas as quais não são ditas, e em pa rticular
com palavras e expressões as quais não são usadas. Na prática, é claro, isto simplesmente significa que há inibições sobre o uso normal
de itens deste tipo – se eles não fossem falados, em absoluto, eles dificilmente permaneceriam na língua.” Tradução da autora da
monografia.
32
Outro dado relevante é que a mudança de “status” do imigrante, interferindo na sua fala.
Evita-se a mescla, pois há embutida nela uma concepção de que o que é mesclado é impuro
Este aspecto, apesar de importante, não será exaustivamente abordado por nós neste
trabalho. Acreditamos que precisaríamos de um corpus maior e que incluísse outros dados
4.3.Análise Quantitativa
A amostragem por nós estudada compõe-se de 101 vocábulos com uma ocorrência de 154
casos. Dentre estes vocábulos, foram encontrados 27 na classe dos substantivos, num total
adjetivos, num total de 23 ocorrências. Os vocábulos de maior freqüência estão nas tabelas
seguintes:
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TABELA I
Palavras Ocorrências %
( num total de 154)
bisado 12 7,79
vecar 12 7,79
printar 11 7,14
breakear 09 5,84
box 07 4,54
cashar 06 3,96
bag 06 3,96
lay offar 05 3,24
schedule 05 3,24
busy 05 3,24
mapiar 04 2,59
cash 04 2,59
quarter 04 2,59
disher 04 2,59
TABELA II
TABELA III
Adjetivos Total Número de ocorrências: 23 Total Geral dos Itens Léxicos: 154
(%) (%)
bisado 12 52,17 22,22
busy 5 21,74 03,24
off 3 13,04 01,95
part-time 2 08,70 01,30
piece-work 1 04,35 00,65
TABELA IV
Verbos Total Número de Ocorrências: 65 Total Geral dos Itens Léxicos: 154
(%) (%)
vecar 12 18,46 7,79
printar 11 16,92 7,14
breakear 9 13,84 5,84
cashar 6 09,23 3,98
lay offar 5 07,69 3,24
serapiar 4 06,15 2,59
mapiar 4 06,15 2,59
coitar 3 04,61 1,95
parquear 3 04,61 1,95
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TABELA V
Vocábulos Palavras
Total % Total %
Para que se entenda este quadro, vamos utilizar o conceito de Dubois et al (1998:450) sobre
palavra e vocábulo, que diz:
“Encontra-se igualmente a noção de palavra numa oposição palavra vs. vocábulo.
Para a estatística léxica, a palavra é a unidade de texto inscrita em dois brancos
gráficos. Cada nova ocorrência é uma nova palavra. Nesta óptica, o Cid conta
16.690 palavras, conforme a norma de Ch. MULLER; é indispensável ao
estatístico léxico criar uma unidade de contagem, e o reconhecimento da palavra
pode colocar um problema. Por exemplo: em francês é preciso contar depuis que,
“desde que”, como duas palavras, e dès lorsque, “desde que‟, como três? é preciso
contar de la gare, “da estação”, como três palavras, e du quai, “da plataforma”,
como duas? Se se optasse por três palavras em du quai ( = de le quai), seriam
necessárias três palavras também para du Havre, que comuta, entretanto, com de
Paris? Compreende-se a necessidade de decisões normativas rigorosas.
Com relação à palavra, unidade de texto, o vocábulo será a unidade de léxico.
Quer dizer que todos os empregos da “mesma palavra”, serão, então, reagrupados.
Dir-se-á, então, que o Cid conta com 1.518 vocábulos.”
Resumindo, o vocábulo seria a primeira ocorrência (aparecimento na fala) e palavra, as
ocorrências a partir da 2a.
36
5. CONCLUSÕES
a) A existência da mescla
c) Ocorrência de substantivos
d) Ocorrência de adjetivos
e) Ocorrência de verbos
portinglês ocorram apenas na região pesquisada, uma vez que observamos, ainda que de
maneira empírica a existência deste falar nos estados de Connecticut e Flórida, onde
faixa etária e do sexo dos falantes é mínima, embora os informantes do sexo masculino
sejam em número maior que o feminino. Essa tendência necessita confirmação em corpus
maior ou diferente.
escolarização dos informantes – fundamental, médio e universitário – mostra que este fator
é de pouca influência no falar destes imigrantes. Aqui parece que o que é preponderante é o
Concluindo, acreditamos que os dois fatores mais importantes que influenciam a mescla
primeiro momento, que os obriga mesmo assim ao contato com a língua por uma questão
permeado pelo inglês de uma maneira muito dinâmica. A razão primordial que leva estes
falantes a imigrar é a de trabalhar muito para ganhar dinheiro num certo tempo e voltar ao
Brasil. Com isto, o contato mais intenso com a cultura americana vai se adiando. O
que o imigrante tem em lidar com uma situação adversa, acaba sendo expresso na língua
falada. Esta situação tem mudado, porém, nos últimos anos, com a maior organização de
38
ao comércio e de outros que decidem se tornar cidadãos americanos e, assim, fazer parte da
comunidade local. No ano de 2000 foi criada a câmara de comércio entre brasileiros e
movimentado a economia desta área. Fato que não passa despercebido aos americanos, que
sentem, desse modo, a necessidade de manter a política de boa-vizinhança. Isto pode ser
pelo tom dos seus discursos na instalação da referida câmara de comércio (filmagem em
VHS). Esta mudança de perfil no “status” destes imigrantes interfere diretamente no falar
inglesa e que para ele está mais clara a decisão de permanecer no país, ou seja, numa
situação econômica e social mais estável, a mescla, se não desaparece, aparece de forma
mais controlada. No momento, são apenas especulações que fazemos devido a observações
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fazer este trabalho foi uma grande emoção, pois ao trabalhar com o tema imigração todas
as lembranças do passado vieram à tona. Sou, eu mesma, uma imigrante, tantos foram os
lugares que já morei. Mas quando me perguntam de onde venho, digo que venho de
Governador Valadares. Foi lá que passei a minha infância e adolescência e onde mantenho
os laços de amizade e familiares mais fortes. Carrego comigo o paradoxo de ser filha de
um mestre de linha – meu pai ajudou a construir grande parte da estada de ferro Vitória a
Minas e de uma dama-de-ferro que nunca se sentiu presa a lugar algum. Várias foram as
tentativas de nos mudarmos, mas, como no mito de Sisifo, estávamos sempre de volta ao
local de origem.
De Valadares, carrego o sentimento do “ir embora”, pois desde tenra idade, ouço estórias a
respeito dos que foram. Foram para onde? Alguns iam para São Paulo, tentar a sorte na
cidade grande e industrializada a procura de uma vida melhor. Mas, a grande febre se
tornou ir para os Estados Unidos. Segundo dizem foi, no início, por causa do comércio de
pedras preciosas, riqueza da região. Fato é, que aqueles que iam, chegavam contando
maravilhas a respeito da terra do Tio Sam. Pessoas que tinham uma vida até certo ponto
muitos dólares e investir em algum negócio em Valadares. Com o passar dos anos, esta
prática se popularizou e todos queriam ir para a América, causando até mesmo uma queda
demográfica significativa.
Internamente, tentei resolver o meu conflito da seguinte maneira: a mesma estrada de ferro
que carregava minério e pessoas em seus vagões era pista de decolagem para os aviões que
iam até os Estados Unidos. Assim, eu não precisaria, seguindo os conselhos de Freud,
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“matar” meu pai e minha mãe, ou seja, negar a minha origem. Mas ainda havia algo que
me atormentava: saí de Governador Valadares, mas Valadares nunca saiu de mim. Saí de lá
para estudar em Belo Horizonte, cidade que também acabei deixando, assim como Ouro
Preto, Porto Seguro, Ribeirão Preto e Vitória – cidade onde nasci. Não pensava em ir para
os Estados Unidos, até mesmo rejeitava esta idéia, mas ironicamente, me mudei para lá
Massachussets, mais precisamente em Framingham. Qual não foi a minha surpresa ao ver
muitas pessoas que eu não vira a muitos anos, morando lá. Parecia que estava no Brasil:
nos supermercados, ouvia as pessoas falando português, nos restaurantes podia-se comer
um prato feito com arroz, feijão e bife acebolado, e, até, com guaraná. Nas ruas, é comum
ver brasileiros a toda hora, como também é comum ver lojas com produtos brasileiros,
O fato, porém, que me deixou mais fascinada era como o português fora de casa era falado.
Queria entender o que era aquilo, não sabia então, que seria uma mescla lingüística e que
nela haveria uma ordem. Muito menos que poderia ser sistematizada como uma gramática
da comunidade.
e foi onde encontrei caminhos para compreender – com apoio na Sociolingüística, o que
Considero importante o estudo deste fenômeno, porque ele é parte do que acontece com o
nosso povo, não importa onde ele esteja. Quanto mais estudamos sobre o que se passa
conosco, mais teremos condições de entender o que somos. E é com profundo respeito a
este povo que se torna imigrante, que escrevo cada linha deste trabalho. A Sociolingüística
41
esta missão.
42
7. BIBLIOGRAFIA
1987.
8. ANEXOS
Na fábrica:
- Roubaram o seu carro, como é que tá?
- F., a coisa ficou mais preta agora... o carro foi roubado!
- Mas você não foi atrás do carro, rapaz.
- Não...
- Você pegou um dia off [„ôfi] aí ó.
- A tristeza... não... é que ficar bisado igual cê fica... parquear o carro num lugar...
quando você volta... pá, ele foi.
- Mas cê foi deixar a chave dentro do carro também. Cê queria o quê B.?
- Deixei no carro... não é isso não... o pior não é isso não.
- Você tava bisado, e o cara bisado faz bobagem.
- Agora tem que ficar checando algum parqueamento e tal, prá vê se alguém colocou o
seu carro em algum lugar diferente... mas nem isso eu tô tendo muito tempo prá fazer
não. Mas eu vou dar um check it out em [šεķi‟rawtjẽj] algum lugar ainda prá vê.
...........................................................................................................................
..............................................................................................................................
- Ô F., o que que você tá achando do trabalho aqui, você que entrou tem pouco tempo. Tá
gostando?
- Ultimamente eu não tô gostando não viu...eu venho aqui só prá breakear [breiki‟a]
mesmo. Tô afim de coitar esse trabalho aqui. Num tô satisfeito não.
- Ah bicho, o negócio aqui é meio pesado, mas cê tem que ver é o seguinte: a
oportunidade é essa aí. Ali na Easy Day [izi‟dej], por exemplo eles tão lay offando
[lejô‟fãdu] gente prá caramba.
- Pois é, eu vou ter que procurar outra coisa, senão eu vou coitar isso aqui, mesmo sem
encontrar viu
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- E aí F., como é que tá seu trabalho à noite lá? Que que ocê tá tendo que fazer? Cê tá
trabalhando muito?
44
- Rapaz, esses dias que tá nevando aí tá difícil viu? Tô tendo que vecar prá caramba
aquelas... muito carpete viu?
- Pior que...
- E a limpeza B. do chão? nó... tem que mapiar mesmo.
- Então, resumindo isso aí cê tá bisado demais hein?
- Bisado demais, viu?
- Mapeia todo dia, né?
- Todo dia... e fica muito difícil... muita neve, muita areia. Quando ele enche muito de
pedra por causa da neve, aquelas pedrinhas que eles pegam no chão por causa da neve
- É... areia, sal. aumenta muita areia nos tapete nos vaccum [„vεkiũ]
- É... o vaccum em que limpar toda hora. Enche a bag [bεg]demais.
- É um saco, cara.
- E falar em areia. A despesa que dá porque gasta bag demais. Tem que trocar as bag
toda hora que está vequiando.
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- Ô bicho daqui a pouco sê vai ter que fazer dicantena ( D-container) [dikã‟tẽna].
- Ih rapaz, então eu vou ter que serapiar, uai.
- É, cê tem que serapiar e...
- Eu vou serapiar por hora.
- Pode ser por hora, mas me faz um favor: cê... cê estaca lá as dicantena que você fizer,
viu?
- Tem que estacar também? Ah, meu filho, mas como é que eu vou bater o cartão. Era
melhor que você estacasse lá prá mim, uai?
- Ah, ok.
- Cê que vai tá por hora mesmo. Eu vou tá piece work [pisu‟oRki].
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- Eu tenho que ligar lá pra casa, cê tem umas quarter [„kôra] aí?
- Quarter não, mas tenho cartão. Não sei se dá pra falar muito.
- Ah, dá, eu só quero dar um recado pra G.
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- Ô F., a B. diz que tem mais uma ordem ali procê ó. Depois do almoço.
- Ah, tô cansado de printar viu? Brasuca, vou te contar viu? Tá fudido neste país.
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Na festa:
- Tá ficando tarde e o F. não chegou ainda. Tá todo mundo indo embora.
- Mas ele era suposto chegar aqui às dez horas!
- É que lá no restaurante tá bisado hoje. E ele tem que serapiar as mesas sozinho. O
outro busboy [basi‟bôj] tirou o dia off.
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45
- Eu não vou colocar a F. na escola agora não. Vou fazer igual eu fiz com a B. Por
enquanto ela vai pra baby-sitter [bejbi‟sira]. Ela só vai pra escola no kindengarten.
- As minhas meninas também ficavam só com a baby-sitter, mas agora eu diminuí o meu
schedule de limpeza. Aí elas vão part time [par‟tajmi] pra escola e eu chego junto com
elas.
- Eu por enquanto não posso fazer isso. Tô com o meu schedule busy[„bizi]. Falar nisso
se você souber de alguém que quiser vequiar por hora...
- Tem um colega do F. que tava procurando.
- Então fala com ele pra me ligar.
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- Cê tá lavando a louça na mão? Por que cê não usa a disher [„diša]?
- Ah, quando tem pouca coisa assim eu não ligo a disher não. Gastar energia à toa.
- Pois eu, menina, pode ser uma knife [„najfi], que eu não lavo na mão. Espero juntar
mais louça e a disher lava tudo de uma vez. Quando eu chego em casa num quero saber
de nada.
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- E aquele... aquelas coisas que a gente...eu não sei se chama. E aquelas coisas se
prateleiras mesmo. Aqui se chama racks [ŗεks].
- Qual?
- Vamos dizer aquelas...aquelas prateleiras que você usa para empilhar as coisas.
- Colocar as coisas em galpão industrial, né?
- Aquelas prateleiras de aço...
- Aqui se chama rack, né?
- No Brasil eu não sei como que se chama não. Em português eu não sei como se chama
aquilo não.
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No carro:
- Então assim surgiu isso né... a....a palavra estacar surgiu lá da fábrica, né. Pelo menos
eu nunca vi outra pessoa aqui brasileira falar a palavra estacar.
- Num foi aqui neste poste não, né? Foi ali atrás.
- Aquele poste ali ou neste aqui. Num sei.
- Tão falando de quem?
- O dia que a gente saiu da tua casa lá.
- A mulher bateu o carro. A frente do carro, ali.
- Aí, o menininho saiu dali. Tiraram o meninho de lá, meio tonto... e a mulher também.
Um menininho assim de uns dez anos. Nove, dez anos.
47
- Aah...
- Então a gente fala lay offar.
- “A companhia vai lay offar muita gente”.
- Mas aí é...
- É uma linguagem brasileira.
- É... uma linguagem brasileira.
- É né... igual tem outras linguagens aqui que a gente usa né?
- Queixar...
- Esse queixar aqui na realidade não é queixar, é cashar [ke‟ša].
- É. Cê pega um dinheiro. Cê recebe seu cheque né, da companhia, né? Cê vai lá
descontar o cheque no banco.
- Ahn...
- E aqui, como dinheiro a gente fala cash [kεš].
- Aí cê vai num banco e cê fala assim. Cê vai pedir o cash deste cheque. Você falando em
português você fala com o cara assim ó: vou cashar meu cheque. Vem de cash, a
palavra cash. Dinheiro vivo.
- Na verdade, mistura o português com inglês.
- É. No caso descontar o cheque.
- “Você cashou o seu cheque?”
- “Meu cheque eu cashei [ke‟šej] ontem.” Eu descontei ontem.
- Mas tem coisa que você fala sem perceber. Você vai... vai fazendo parte do seu
vocabulário sem você perceber. Por exemplo, a gente usa... eu trabalho com limpeza
comercial e limpeza de casa. A gente usa muito o aspirador de pó que aqui se chama
vacuum. Aí vem a palavra vecar.
- Aspirar.
- Que é aspirar, no caso né?
- Então a gente... A minha esposa, muita gente que limpa casa aqui. Que trabalha com
este tipo de serviço, fala vecar. “ – Já vecou lá fulana, já vecou? – Já vequei.” É vecar,
vequiar.
- Hum...
- Eles falam também...muita coisa que aqui...(risos). É até absurdo né? A palavra
breakear, por exemplo, né?
- Ahã. Parar.
- Break, seria uma parada. Então, aqui o cara trabalha oito horas em uma companhia. Aí,
ele tem direito a uma parada para café de quinze minutos na manhã, e uma à tarde de
quinze minutos também. Então, isso se chama break. E o brasileiro pega e fala
breakear... “É hora de breakear”. Tem base um negócio desse, o tal de breakear?
- Entendeu, C.?
- Entendi. Stop [is‟tôpi] também não é parada?
- Como é que é?
- Stop também é parar.
(B. ri)
- É, uai.
- É, mas isso... no caso stop seria... eu vou para de trabalhar. Cê não vai mais voltar pra
trabalhar. Vai para por aquele dia.
- O break é como se fosse um tempo, né?
- É, o break, cê vai dar um tempo.
49
- Lá na companhia tem um serviço que talvez ... não sei se dá pra você. É printar box.
- Que que quer dizer printar box. Nunca ouvi falar isso.
- Uai, a companhia que eu trabalho ela mexe com... é...a gente vende caixas pra mudança.
Caixas de papelão pra mudança.
- Que se chama box.
- É, que se chama box, no caso. É... então, o seguinte: as companhias pequenas
normalmente... aliás, normalmente companhia grande, a gente já compra os box, já
com o nome da companhia, tal tal tal, imprimido naquele box.
- Ah, sei.
- As companhias pequenas, a gente faz a imprensa lá mesmo. Lá naquela máquina que a
gente passa os box. Põe umas borrachas com o nome das companhias assim nos rolos,
né?
- Ah...
- ... e uma pessoa fica lá atrás colocando o box na... na máquina e vai passando e
imprimindo...
- Ahn.
- ... o nome da companhia naquele box. E aí a gente chama de printar.
- Aahh... como se fosse...
- Porque em inglês é print.
- Print?
- Print. É. É. E a gente... o nosso português aqui do... o nosso aqui é printar.
- Como se fosse imprimir alguma coisa.
- É... imprimir alguma coisa...é.
- É, na realidade a gente sabe que tá... que tá falando errado, mas talvez...facilita mais...
as pessoas que chegam não sabem o nome em inglês, já começa a falar....ou sabe o
nome em inglês, mas num... num fala inglês. Então, talvez prá poder falar a palavra em
inglês e ao mesmo tempo falar no português, ela acaba aportuguesando a palavra, né?
- Ahã. Print, printar.
- Cê acabou de falar um negócio aí que foi interessante, que acontece muito aqui na
América. Cê vai fazer um retorno ali... cê perguntou, né? Em vez de perguntar de eu
podia retornar, você perguntou se eu podia u-turn.
- É. Se podia fazer o u-turn.
- E, então, tá misturando o inglês com o português. O que acontece muito aqui.
- É.
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50
No carro II:
- Bom, T. nós acabamos de fazer aí a ultima aplicação né? De trabalho, aqui na Filene’s.
- É.
- O negócio é ir pra casa.
- É mesmo.
- Que daqui a pouco eu tô bisado.
- Tem que ir no batizado da S., né?
- Então nós conseguimos fazer o que, umas três aplicações.
- Foram duas no Donkin Donut’s [dõkĩ‟dõnučis]. Essa aqui na Filene’s [faj‟linis].
- E agora vamos ali no Stop and Shop e [istôpẽ‟šôpi] vamos...
- Vamos completar a quarta aplicação.
- Talvez a gente consiga lá porque eu tenho um conhecido antigo que trabalha lá.
- Ahã.
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1. off [„ôfi] 1
2. bisado 2
3. parquear 3
4. bisado 2
5. bisado 2
6. checando 4
7.parqueamento 3a
8.dar um check it out em [šεķi‟rawtjẽj] 5
9. cashar [ke‟ša] 6
10. seu schedule [is‟kεdjw] 7
11. bisado 2
12. breakear [breiki‟a] 8
13. coitar 9
14. na Easy Day [izi‟dej 10
15. lay offando [lejô‟fãdu] 11
16. coitar 9
17. vecar 12
18. mapiar 13
19. cê tá bisado demais 2
20. Bisado demais 2
21. nos vaccum [„vεkiũ] 14
22. Mapeia 13
23. o vaccum 14
24. a bag [bεg] 15
25. bag 15
26. as bag 15
27. vequiando 12
28. dicantena ( D-container) [dikã‟tẽna]16
29. serapiar 17
30. serapiar 17
31. serapiar 17
32. cê estaca 18
33. as dicantena 16
34. estacar 18
35. estacasse 18
36. piece- work [pisu‟oRki] 19
37. umas quarter [„kôra] 20
38. Quarter 20
39. printar 21
40. era suposto 22
41. serapiar 17
42. busboy [basi‟bôj] 23
52
137. Print,...21
138. ..., printar 21
139. parquear 3
140. Parqueou 3
141.você perguntou se eu podia u-turn 34
142. fazer o u-turn 41
143. a última aplicação 42
144. na Filene’s 10
145. tô bisado 2
146. umas três aplicações 42
147. no Donkin Donut’s [dõkĩ‟dõnučis] 10
148. na Filene’s [faj‟linis] 10
149. no Stop and Shop e [istôpe‟šôpi] 10
150. a quarta aplicação 42
151. esse negócio aqui bisado 2
152. a Main Street [mẽjs‟triti] 10
153. tá busy demais 35
154. a Main Street 10
off [„ôfi] 3
bisado 12
parquear 3
checando 1
check it out em [šεķi‟rawtjẽj] 1
cashar [ke‟ša] 6
seu schedule [is‟kεdjw] 5
breakear [breiki‟a] 9
coitar 3
na Easy Day [izi‟dej 1
na Filene’s [faj‟linis] 1
no Donkin Donut’s [dõkĩ‟dõnučis] 1
no Stop and Shop e [istôpe‟šôpi] 1
a Main Street [mẽjs‟triti] 2
lay offando [lejô‟fãdu] 5
vecar 11
mapiar 4
vacuum 3
a bag [„bεgi] 6
dicantena 2
serapiar 4
cê estaca 5
cê tá piece of work [pisu‟oRki] 1
umas quarter [„kôra] 4
printar 11
era suposto 1
55
busboy [basi‟bôj] 1
busgirl [basi‟gεw] 1
baby-sitter [bejbi‟sira] 2
no kindengarten 1
part time [par‟tajmi] 2
no mall [môw] 2
aplicar 1
a disher [„diša] 4
uma knife [„najfi] 30 1
no downtown [daű‟taű] [dãw‟tãw] 3
racks [ŗεks] 2
Pode u-turn ali [ju‟čwR] [nali] 2
Né busy que fala, não? 5
O lay off [lej‟ôfi] 2
cash [kεš] 4
Break 4
Stop [is‟tôpi] 3
printar box 2
os box 7
fazer o u-turn 1
a última aplicação 3
56
9.1. Substantivos
1.parqueamento 1
2.check-it-out 1
3.schedule 5
4.vacuum 3
5.Easy Day 1
6.bag 6
7.decantena 2
8.busboy 1
9.baby-sitter 1
10.kindengarten 1
11.mall 2
12.disher 4
13.knife 1
14.busgirl 1
15.downtown 3
16.quarter 4
17.rack 2
18.lay-off 2
19.cash 4
20.break 4
21.box 7
22.U-turn 1
23.Filene‟s 1
24.aplicação 3
25.Donkin Donut‟s 1
26.Stop and Shop 1
27.Main Street 2
9.2. Verbos
1.parquear 3
2.cashar 6
3.breakear 9
4.coitar 3
5.lay offar 5
6.vecar 11
7.vequiar
57
8.mapiar 4
9.serapiar 4
10.estacar 5
11.printar 11
12.ser suposto 1
13.aplicar 1
14.U-turn 1
9.3. Adjetivos
1.bisado 12
2.busy 5
3.off 3
4.piece -work 1
5.part-time 2