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INFRA-ESTRUTURA PORTUÁRIA NACIONAL DE APOIO

AO COMÉRCIO EXTERIOR: HIERARQUIZAÇÃO DAS


UNIDADES PORTUÁRIAS

Wanda Fritsch da Silva e Souza1


Geraldo da Silva e Souza2

Resumo: Com a utilização de Componentes Principais derivam-se índices lineares


multidimensionais com o intuito de avaliar os portos brasileiros quanto a sua importância
relativamente às características de Oferta de Infra-estrutura, Resultados Operacionais,
Aspectos Geo-econômicos e Demanda Projetada para o ano de 2011. Os postos (ranks)
normalizados pelo máximo dos escores dos portos nesses construtos são utilizados, como
insumos e produtos, em modelos de Análise de Envelopamento de Dados (DEA), com
características de avaliação multicritério, na determinação de uma ordenação de
importância dos portos brasileiros. Tal ordenação é original, tem base não subjetiva e pode
servir ao propósito de determinação de prioridades na alocação de recursos nas unidades
portuárias, no contexto de seu suporte ao comércio exterior brasileiro.

Palavras-chave: Portos Brasileiros, Análise Multivariada, Análise de Envelopamento de


Dados.

Abstract: We use Principal Components to derive linear indices with the objective to
evaluate the importance of Brazilian ports in regard to the characteristics of Infra-
Structure, Operational Results, Geo-economic Aspects, and Projected Demand for the year
2011. Ranks, normalized by the maximum rank, of the port scores in each of those
constructs are used as inputs and outputs in Data Envelopment Analysis models of
multicriteria evaluation to classify the Brazilian ports according their importance. This
ordination is original, has a non subjective basis and may be used to set priorities in the
context of resource allocations in the context of the ports support to the Brazilian foreign
trade.
Key-words: Brazilian Ports, Multivariate Analysis, Data Envelopment Analysis.

1. INTRODUÇÃO acréscimos significativos na


movimentação de cargas, os
A hierarquização das unidades conseqüentes benefícios econômicos para
portuárias, de que trata este artigo, é o setor e que venham a contribuir para a
requisito indispensável para o melhoria e ampliação da corrente de
planejamento estratégico da infra- comércio.
estrutura nacional de apoio ao comércio Os métodos tradicionais de
exterior. hierarquização de importância utilizados
Neste artigo visa-se identificar os nas áreas de economia, pesquisa
portos onde deve haver uma concentração operacional e psicometria baseiam-se
de recursos orçamentários para tipicamente em avaliações subjetivas.
investimentos que resultem em Alguns exemplos dessas técnicas na

1
Centro de Excelência em Engenharia de Transportes – CENTRAN, wandasouza@solar.com.br
2
Universidade de Brasília – UnB, Departamento de Estatística, geraldosouza@unb.br

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literatura são definidos pelo Processo modelagem pretendida, foram
Hierárquico Analítico de Saaty (Saaty, selecionadas vinte e nove unidades, a
1994), pela Lei dos Julgamentos saber: Manaus (AM), Santarém (PA),
Categóricos de Thurstone (Souza, 2002) Macapá (AP), Belém (PA), Vila do
e DEA (Cook, 2004). Neste artigo utiliza- Conde (PA), Itaqui (MA), Fortaleza
se uma ótica diferente dessas abordagens (CE), Areia Branca (RN), Natal (RN),
em que se combina uma técnica de Cabedelo (PB), Recife (PE), Suape (PE),
Análise Multivariada – Componentes Maceió (AL), Salvador (BA), Aratu
Principais, com a análise DEA – Data (BA), Ilhéus (BA), Barra do Riacho (ES),
Envelopment Analysis, para produzir uma Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), Itaguaí
hierarquização. A classificação tem (RJ), Angra dos Reis (RJ), São Sebastião
propriedades ótimas em dois níveis. (SP), Santos (SP), Paranaguá (PR), São
Maximiza a dispersão em cada dimensão, Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC),
via a Análise de Componentes Principais Imbituba (SC), Porto Alegre (RS) e Rio
e o escore relativo de cada porto, visto Grande (RS).
como indutor e receptor de Tendo em mente a necessidade de se
“desenvolvimento”, via o DEA manter relativamente reduzida a
multicritério. A utilização de DEA em dimensão dos vetores de insumos e
modelos de percepção de importância não produtos nos problemas do tipo DEA,
é nova e pode ser vista em Thompson, técnicos do CENTRAN, ligados ao setor
Singleton e Thrall, (1986), Lovell e portuário, definiram as quatro dimensões
Pastor (1999), De Koeijer et al (2002), ou construtos que seriam suficientes para
Cook (2004) e Leta et al (2005). Nossa classificar os portos segundo o critério de
contribuição para essa literatura consiste importância no contexto de suas
em combinar o DEA multicritério com interações com o comércio exterior.
componentes principais para a A primeira dimensão eleita foi a
classificação dos portos brasileiros. A “Oferta de Infra-Estrutura” que retrata as
aplicação no contexto de portos é original condições físicas atuais que os portos
no nível de nosso conhecimento. podem oferecer ao tráfego marítimo e à
A exposição procede como segue. Na movimentação de cargas. Para compor
Seção 2 listam-se os portos objeto da este construto foram elencadas 13
análise e as variáveis estudadas. Na variáveis definidas por:
Seção 3 descrevem-se os aspectos − i1 : quantidade de berços
metodológicos. Na Seção 4 apresentam- especializados em contêineres. Foram
se os resultados da classificação e considerados Berços (frente de
finalmente na Seção 5 um resumo e as atracação) especializados em
conclusões do estudo. contêineres os que possuem
equipamentos apropriados para a
movimentação de contêineres e que
2. POPULAÇÃO DE PORTOS são contíguos a áreas de estocagem e
vias de circulação, suficientemente
Na primeira fase deste trabalho foram capacitados, adequados e seguros
definidos os portos a serem avaliados. para o atendimento de navios e
Sendo assim, foram considerados os veículos terrestres, nas operações de
portos marítimos que dispunham de carregamento e descarga, dentro da
dados imprescindíveis para o área do porto organizado. Fontes:
desenvolvimento do estudo. Os terminais Administrações Portuárias, Anuário
de uso privativo não foram considerados Estatístico da ANTAQ, Banco de
neste conjunto uma vez que o objetivo do Dados do CENTRAN.
estudo é a alocação de recursos oriundos − i2 : quantidade de berços
do orçamento federal.
especializados em minérios. Foram
Depois de acurada análise da rede de
considerados Berços (frente de
portos marítimos organizados de uso
atracação) especializados em
público existentes no País, para efeito da
minérios os que possuem
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equipamentos apropriados para neo-granéis e que são contíguos a
movimentação de minérios e que são áreas de estocagem e vias de
contíguos a áreas de estocagem e vias circulação, suficientemente
de circulação, suficientemente capacitados, adequados e seguros
capacitados, adequados e seguros para o atendimento de navios e
para o atendimento de navios e veículos terrestres, nas operações de
veículos terrestres, nas operações de carregamento e descarga, dentro da
carregamento e descarga, dentro da área do porto organizado. Com base
área do porto organizado. Com base no Plano Nacional de Logística de
no estudo desenvolvido pelo Transportes – PNLT foram definidas
CENTRAN no atendimento à as seguintes mercadorias na categoria
solicitação do Ministério dos de neo-granéis: produtos siderúrgicos,
Transportes, denominado Plano veículos, celulose, mármore/granito,
Nacional de Logística e Transportes – ferro gusa, cavaco de madeira,
PNLT e que pode ser encontrado na alumínio e bobina de papel. Fontes:
página do citado Ministério ( Administrações Portuárias, Anuário
www.transportes.gov.br ) foram Estatístico da ANTAQ, Banco de
definidas as seguintes mercadorias na Dados do CENTRAN.
categoria de minérios: minério de − i5 : quantidade de berços com
ferro, alumina, bauxita, caulim, profundidade mínima de 10m. Berços
barrilha, manganês, calcário, coque, cuja profundidade para atracação de
silício metálico e cobre. Fontes: navios é de no mínimo 10m. Fontes:
Administrações Portuárias, Anuário Administrações Portuárias, Anuário
Estatístico da ANTAQ, Banco de Estatístico da ANTAQ.
Dados do CENTRAN. − i6 : profundidade mínima do acesso
− i3 : quantidade de berços
marítimo. Profundidade mínima
especializados em outros granéis. verificada ao longo dos canais de
Foram considerados Berços (frente de acesso ao porto e das bacias de
atracação) especializados em outros evolução e fundeio. Fontes:
granéis os que possuem equipamentos Administrações Portuárias, Anuário
apropriados para a movimentação de Estatístico da ANTAQ.
outros granéis e que são contíguos a − i7 : capacidade de armazenamento de
áreas de estocagem e vias de
circulação, suficientemente contêineres. Área total especializada
capacitados, adequados e seguros para armazenamento de contêineres
para o atendimento de navios e dentro da área do porto organizado.
veículos terrestres, nas operações de − i8 : capacidade de armazenagem de
carregamento e descarga, dentro da minérios. Capacidade total de
área do porto organizado. Com base armazenagem de minérios dentro da
no Plano Nacional de Logística de área do porto organizado. Fontes:
Transportes – PNLT foram definidas Administrações Portuárias, Anuário
as seguintes mercadorias na categoria Estatístico da ANTAQ.
de outros granéis: grãos agrícolas, − i9 : capacidade de armazenagem de
fertilizantes e sal. Fontes: outros granéis. Capacidade total de
Administrações Portuárias, Anuário armazenagem de outros granéis
Estatístico da ANTAQ, Banco de dentro da área do porto organizado.
Dados do CENTRAN. Fontes: Administrações Portuárias,
− i4 : quantidade de berços Anuário Estatístico da ANTAQ.
especializados em neo-granéis. Foram − i10 : capacidade de armazenagem de
considerados Berços (frente de neo-granéis. Capacidade total de
atracação) especializados em neo- armazenagem de neo-granéis dentro
granéis os que possuem equipamentos da área do porto organizado. Fontes:
apropriados para a movimentação de

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Administrações Portuárias, Anuário no ano de 2005, considerando o porto
Estatístico da ANTAQ. público e os terminais de uso
− i11 : nível de serviço rodoviário. O privativo localizados na área do porto
nível de serviço rodoviário foi organizado. Fonte: Anuário
definido no PNLT como uma medida Estatístico da ANTAQ.
da qualidade das condições − o 2 : quantidade movimentada de
operacionais na rodovia, que procura minérios. Quantidade movimentada
refletir a percepção dos usuários em de minérios no porto no ano de 2005,
função de diversos fatores, tais como, considerando o porto público e os
velocidade e tempo de viagem, terminais de uso privativo localizados
liberdade de manobras, interrupções na área do porto organizado. Fonte:
do tráfego, segurança, conforto e Anuário Estatístico da ANTAQ.
conveniência. Um mesmo nível de − o3 : quantidade movimentada de
serviço é mantido até que um volume outros granéis. Quantidade
máximo, denominado volume de movimentada de outros granéis no
serviço, seja atingido. A relação V/C porto no ano de 2005, considerando o
(V é a quantidade de veículos/hora, porto público e os terminais de uso
em horário de maior movimento e C a privativo localizados na área do porto
capacidade instalada da via), foi organizado. Fonte: Anuário
considerada neste trabalho apenas nos Estatístico da ANTAQ.
trechos de acesso aos portos das − o 4 : quantidade movimentada de neo-
principais rodovias. O valor desta
granéis. Quantidade movimentada
relação é um número entre 0 e 1, ou
dos principais neo-granéis no porto
seja, da situação ideal de tráfego até o
no ano de 2005, considerando o porto
uso total da capacidade instalada.
público e os terminais de uso
Dentro deste intervalo foram
privativo localizados na área do porto
consideradas 6 faixas classificadas
organizado. Fonte: Anuário
numericamente como 0, 1, 2, 3, 4 e 5.
Estatístico da ANTAQ.
− i12 : quantidade de acessos
A terceira dimensão eleita foi a dos
ferroviários. Número de acessos “Aspectos Geo-econômicos”,
ferroviários ao porto, considerando se fundamental para os propósitos deste
via singela ou dupla. Esta variável é estudo e onde foram consideradas seis
medida na escala: 0 – sem acesso, 1 – variáveis:
linha singela e 2 – linhas duplas. − g1 : área de influência. Representada
Fontes: Administrações Portuárias,
pela quantidade de micro regiões que
Anuário Estatístico da ANTAQ.
a compõe, considerando as de origem
− i13 : interferência urbana nos acessos
e destino (pares de OD´s) das
terrestres. Existência de obstáculos principais cargas movimentadas no
(tráfego de veículos, cruzamentos, porto em estudo. As micro-regiões
passagens de nível, invasões urbanas, que são origem ou destino de cargas
etc.) ao tráfego de caminhões e trens transportadas por cabotagem foram
que acessam o porto. Esta variável foi excluídas da área de influência do
considerada em três níveis: 0 – porto concentrador, consideradas
interferência intensa, 1 – interferência como da área de influência do porto
moderada e 2 - sem interferência. alimentador. Os 22 principais
Fonte: CENTRAN. produtos movimentados no país,
A segunda dimensão eleita foi a de definidos no PNLT e considerados no
“Resultados Operacionais”, destacando a modelo, foram: açúcar, adubo, álcool,
movimentação no ano base (2005), bauxita, cana, carnes, carvão,
perfazendo um total de quatro variáveis: celulose, cimento, combustível,
− o1 : quantidade movimentada de farelos, fertilizantes, madeira, milho,
contêineres. Quantidade minérios, oleosos, papel, petróleo,
movimentada de contêineres no porto
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rocha, produtos siderúrgicos, soja e − p 2 : quantidade movimentada de
veículos. minérios. Previsão da quantidade a
− g 2 : produção e consumo de carga ser movimentada de minérios no
conteinerizável na área de influência. porto em 2011.
Quantidade produzida/consumida nas − p3 : quantidade movimentada de
micro-regiões que compõem a área de outros granéis. Previsão da
influência, considerando apenas carga quantidade a ser movimentada de
conteinerizável. Fonte: Banco de outros granéis no porto em 2011.
dados do CENTRAN. − p 4 : quantidade movimentada de neo-
− g 3 : produção e consumo de minérios
granéis. Previsão da quantidade a ser
na área de influência. Quantidade movimentada de neo-granéis no porto
produzida/consumida de minérios nas em 2011.
micro-regiões que compõem a área de
influência. Fonte: Banco de dados do
CENTRAN. 3. METODOLOGIA
− g 4 : produção e consumo de outros
granéis na área de influência. Para a hierarquização das unidades
Quantidade produzida/consumida de portuárias combinamos a técnica de
outros granéis nas micro-regiões que Componentes Principais com a Análise
compõem a área de influência. Fonte: de Envelopamento de Dados (DEA).
Banco de dados do CENTRAN. Nesse contexto, foi definido um escore de
− g 5 : produção e consumo de neo- importância utilizando a Análise de
granéis na área de influência. Componentes Principais a partir da
Quantidade produzida/consumida de matriz de correlação. Esta análise
neo-granéis nas micro-regiões que transforma o conjunto de variáveis
compõem a área de influência. Fonte: originais em um novo conjunto de
Banco de dados do CENTRAN. variáveis não correlacionadas,
− g 6 : participação na corrente de denominadas componentes principais.
Nessa transformação é de particular
comércio. Valor monetário interesse a primeira componente principal
correspondente à movimentação de que representa a combinação linear das
cargas para exportação e importação variáveis originais, com coeficientes com
em cada porto. Fontes: ALICEWEB norma unitária, que possui variância
da Secretaria de Comércio Exterior máxima, isto é, que mais diferencia
(SECEX), do Ministério do (separa) os portos. Esta componente é a
Desenvolvimento, Indústria e que explica a maior parte da variabilidade
Comércio (MDIC), ano base 2005 e observada no conjunto de dados e,
Anuário Estatístico da ANTAQ – tipicamente, representa a direção de
2005. maior associação com a maioria das
A quarta e última dimensão foi eleita variáveis envolvidas na classificação. A
como sendo a de Demanda Projetada para Análise de Componentes Principais a
o ano de 2011, considerando as partir da matriz de correlação com o uso
quantidades das diferentes cargas de variáveis padronizadas é invariante
movimentadas com base nas projeções do por transformações de escala e de
PNLT. Foram consideradas variáveis localização. Subsequentemente faz-se uso
similares as definidas pela segunda do DEA e da noção de eficiência técnica
dimensão, tomando-se aqui, os seus relativa a uma fronteira de produção
valores previstos: determinística para classificar os portos.
− p1 : quantidade movimentada de Os modelos de produção que levam à
contêineres. Previsão da quantidade a noção de eficiência técnica têm por
ser movimentada de contêineres no objetivo avaliar a eficiência de produção
porto em 2011. de cada unidade produtora que está sendo
estudada. A medida de eficiência técnica
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é uma medida entre zero e um e que invariantes por transformações de escala
responde em quanto se pode reduzir o e localização isto não ocorre com a
nível utilizado dos insumos sem alterar o eficiência técnica. Na realidade a medida
nível de produto. Esta ótica da medida de de eficiência técnica é invariante a
eficiência é conhecida como orientação a transformações de escala, mas não a
insumos. transformações de localização. Outro
Pode-se perguntar em quanto é viável problema é que os escores podem ser
aumentar a produção sem alterar a negativos. Uma alternativa neste contexto
quantidade de insumos utilizada no para tornar a análise invariante por
processo. Esta ótica é conhecida como de transformações de escala e localização é
orientação a produto. considerar os postos (ranks) nas
Intuitivamente a primeira representa componentes como respostas. Esta
minimização de custos e a segunda abordagem torna a análise robusta à
maximização da receita. Se a tecnologia presença de atipicidades e dá uma visão
subjacente ao processo de produção não paramétrica ao processo.
apresentar retornos constantes à escala as Será apresentada, primeiramente, a
orientações a insumos e produtos geram Análise de Componentes Principais
medidas equivalentes de eficiência concentrando a discussão nas
técnica. propriedades da primeira componente, e
A aplicação dessa ordem de idéias aos logo após a dos modelos DEA.
portos brasileiros vai considerar um A abordagem para a classificação dos
sistema de produção hipotético onde os portos envolve a definição, para cada
portos são vistos, intuitivamente, por dimensão, de um escore de cada porto em
duas óticas distintas, a saber: a de um uma variável definida por uma
modelo de produção onde os portos combinação linear das variáveis originais
“causam” o desenvolvimento, medido convenientemente padronizadas através
através dos escores dos construtos, e a de da subtração da média e divisão pelo
um modelo de produção em que os portos desvio padrão. Esse escore é denominado
são vistos como o resultado do construto da dimensão respectiva. Em se
desenvolvimento (definido pelos tratando de componentes principais, o
construtos). construto da dimensão j é definido pela
Considera-se, portanto, duas fronteiras equação:
de produção, uma com insumo unitário (a
existência do porto) e produto múltiplo pj

(as dimensões de desenvolvimento) e Yi j = ∑ cij xkj


k =1
outra com insumo múltiplo e produto
unitário.
A primeira fronteira é denominada onde:
fronteira original e a segunda fronteira Yi j é o escore do porto i no construto j;
invertida. O escore final de importância cij é o coeficiente da variável k = 1,..., p j
do porto é a média simples entre a no construto j (primeiro componente
eficiência da fronteira original e um principal da dimensão j); e
menos a eficiência na fronteira invertida.
A abordagem com insumo/produto x kj é o valor padronizado da variável k da
unitário é invariante à escala, isto é, o dimensão j.
resultado da análise será o mesmo quer a
solução seja obtida sob as hipóteses de Nota-se que duas abordagens são
retornos constantes ou variáveis. viáveis na obtenção de componentes
A utilização de um modelo do tipo principais. Pode-se trabalhar com a
DEA em um conjunto de escores matriz de variâncias-covariâncias ou com
definidos por componentes principais a matriz de correlação. A padronização
apresenta problemas técnicos. Embora os das variáveis implica na análise da matriz
escores finais das componentes obtidos a de correlação.
partir de variáveis padronizadas sejam
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A vantagem do procedimento com a Outra questão técnica importante
matriz de correlação diz respeito a relacionada à técnica DEA tem a ver com
independência das unidades de medida e as hipóteses assumidas quanto a escala de
a colocação de todas as variáveis com operação do processo produtivo. Pode-se
mesma importância do ponto de vista da demonstrar que com insumos (produtos)
variabilidade. Embora isso pareça um unitários a solução obtida independe da
pouco arbitrário, de outro modo a escala de operação do processo
primeira componente principal seria produtivo. Veja Lovell e Pastor (1999).
dominada pelas variáveis com maior De acordo com a adaptação
variabilidade. multicritério da metodologia do DEA
Especificamente, se R j é a matriz de procede-se ao cálculo de um “índice de
correlação entre as variáveis desenvolvimento” para cada um dos
componentes da dimensão j os portos. A aplicação de DEA nesse
coeficientes cij são determinados contexto será feita de duas formas.
Primeiramente tomam-se os construtos
resolvendo-se o problema de otimização
como insumos e a existência dos portos
(Johnson e Whichern, 2007):
como produto. Isto é, considera-se
produto unitário para cada porto. Quanto
Max α j R jα tj , α jα tj = 1 maior a ineficiência do porto visto como
unidade produtora em um modelo DEA
onde: voltado para a produção, maior sua
α j é um vetor com componentes ; e importância. Assim, define-se o índice de
t denota transposição. importância do porto como sendo um
menos a medida de eficiência técnica.
Considera-se agora um processo de Nessa ótica, intuitivamente, os portos são
produção em que p insumos são vistos como produto do desenvolvimento.
utilizados na produção de s produtos. Se Alternativamente pode-se considerar
existem n unidades produtoras, um modelo de produção onde um insumo
representa-se por X a matriz p por n de unitário está associado a cada porto tendo
utilização de insumos e por Y a matriz s como produto múltiplo os indicadores
por n de produtos obtidos. A eficiência dos construtos. Nesse caso,
técnica de produção da unidade produtora intuitivamente, olha-se a existência do
i é definida pela solução do problema de porto como criadora do desenvolvimento.
programação linear Min θ sujeito as A medida de eficiência resultante é o
condições Xλ ≤ θx (i ) , Yλ ≥ y ( i ) , λ ≥ 0 . indicador de importância do porto.
Como medida final de importância
Nesta expressão o par (x (i ) , y ( i ) ) considera-se a média aritmética entre as
representa o vetor de produção da duas medidas de importância parciais.
unidade avaliada e λ é um vetor de pesos
de dimensão n. Esta formulação do DEA
é conhecida como de retornos constantes 4. RESULTADOS
à escala e é orientada para insumos. Se
considerarmos o problema Max ψ A Tabela 1 apresenta os resultados
sujeito às condições obtidos na Análise de Componentes
Xλ ≤ x ( i ) , Yλ ≥ ψy ( i ) , λ ≥ 0 , tem-se a Principais, as medidas de eficiência
técnica com insumos e produtos unitários
orientação para produtos sob a hipótese o escore final e a classificação final de
de retornos constantes. A medida de importância. Na Análise de Componentes
eficiência técnica no primeiro caso é o Principais em todas as dimensões as
valor ótimo θ * e no segundo caso o componentes dos autovetores
inverso do ótimo ψ * . Essas medidas são apresentaram os sinais esperados. Os
coincidentes sob retornos à escala maiores autovalores representam 40,8%,
constantes (Coelli et al, 2007). 46,5%, 55% e 50% do traço da matriz de
correlação para as dimensões de infra-
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estrutura, operacional, geo-econômica e reproduzir a variabilidade medida pelo
de projeção respectivamente. A esse traço.
respeito faz-se mister ressaltar que o
objetivo da representação não foi o de

Tabela 1: Classificação dos Portos Brasileiros segundo suas posições relativas nas
dimensões de Infra-estrutura, Operacional, Geo-econômica e de Projeção para 2011.
Dea_1 é a fronteira original e Dea_2 a fronteira invertida. Var é a média de Dea_1 e 1-
Dea_2 e R_var a classificação em ordem decrescente de importância.

Porto R_infra R_opera R_geo R_proj Dea_1 Dea_2 Var R_Var


Manaus 0,034 0,345 0,310 0,483 0,483 1,000 0,242 6
Santarém 0,276 0,448 0,483 0,517 0,517 0,973 0,272 7
Macapá 0,069 0,379 0,655 0,690 0,690 0,996 0,347 15
Belém 0,310 0,207 0,241 0,345 0,345 0,987 0,179 4
Vila do
0,759 0,517 0,621 0,207 0,759 0,969 0,395 19
Conde
Itaqui 0,724 0,724 0,793 0,655 0,793 0,901 0,446 21
Fortaleza 0,552 0,483 0,448 0,448 0,552 0,967 0,293 10
Areia Branca 0,138 0,690 0,586 0,103 0,690 0,999 0,346 14
Natal 0,207 0,069 0,069 0,034 0,207 1,000 0,104 1
Cabedelo 0,483 0,034 0,034 0,241 0,483 1,000 0,242 6
Recife 0,517 0,414 0,345 0,586 0,586 0,980 0,303 11
Suape 0,793 0,586 0,517 0,621 0,793 0,951 0,421 20
Maceió 0,345 0,552 0,379 0,414 0,552 0,973 0,290 9
Salvador 0,448 0,655 0,552 0,379 0,655 0,943 0,356 16
Aratu 0,655 0,172 0,414 0,276 0,655 0,988 0,334 13
Ilhéus 0,103 0,310 0,172 0,552 0,552 1,000 0,276 8
Barra do
0,690 0,621 0,690 0,310 0,690 0,956 0,367 17
Riacho
Vitória 0,862 0,862 0,862 0,897 0,897 0,863 0,517 24
Rio de
0,897 0,897 0,828 0,793 0,897 0,854 0,522 25
Janeiro
Itaguaí 0,828 0,759 0,966 0,759 0,966 0,889 0,539 26
Angra dos
0,621 0,138 0,138 0,069 0,621 0,996 0,313 12
Reis
São
0,241 0,103 0,103 0,172 0,241 0,999 0,121 2
Sebastião
Santos 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,446 0,777 29
Paranaguá 0,931 0,966 0,897 0,966 0,966 0,715 0,626 28
São
Francisco do 0,586 0,828 0,724 0,828 0,828 0,895 0,467 22
Sul
Itajaí 0,414 0,793 0,759 0,862 0,862 0,906 0,478 23
Imbituba 0,379 0,276 0,207 0,724 0,724 0,987 0,369 18
Porto Alegre 0,172 0,241 0,276 0,138 0,276 0,995 0,141 3
Rio Grande 0,966 0,931 0,931 0,931 0,966 0,757 0,605 27

A Figura 1 ilustra a distribuição do por uma normal truncada em (0,1). A


escore final de avaliação. Observamos única observação potencialmente atípica
que os testes de normalidade usuais de é a do porto de Santos, que se sobressai
Shapiro-Wilks, Smirnov – Kolmogorov, na medida de importância.
Cramer – von Mises e Anderson – O diagrama de caixa da Figura 1
Darling não são significantes com p- ilustra o resumo de 5 números definido
valores de 63,7%, ,>15%, >25% e >25%, pelos extremo inferior, primeiro quartil,
respectivamente. Muito provavelmente a mediana, terceiro quartil e extremo
distribuição do escore pode ser ajustada superior, eliminando-se atípicos. Esses
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valores são 0,104, 0,276, 0,347, 0,467 e terceiro quartil é definido pelos portos de
0,626, respectivamente. Do ponto de Santos, Paranaguá, Rio Grande, Itaguaí,
vista da aplicação de recursos nos portos Rio de Janeiro, Vitória e Itajaí. São
é de interesse a divisão da população dos Francisco do Sul é a fronteira do quartil
portos pelos quartis. O grupo acima do

Figura 1: Distribuição do escore final de classificação (Var). Estimador não paramétrico


da densidade superposto ao histograma.

5. RESUMO E CONCLUSÕES unitário. A análise é invariante por


transformações de escala e localização e
Classificaram-se os portos brasileiros robusta relativamente à presença de
por meio de um critério de importância atipicidades no contexto DEA.
que combina a Análise Estatística A título de ilustração, na dimensão
Multivariada e a Análise de Infra-estrutura, a variável de maior
Envelopamento de Dados. Quatro representatividade é a “Disponibilidade
dimensões foram consideradas para a de Berços de Atracação com
caracterização do conceito de profundidade igual ou maior que 10
importância: Infra-estrutura, Operacional, metros”, com coeficiente de correlação
Geo-econômica e de Previsão de 94,28%. Por sua vez na dimensão
Operacional em 2011. Essas quatro Resultados Operacionais, as variáveis
dimensões compreendem um total de 29 “Movimentação de Contêineres” e
variáveis reduzidas a 4 via a Análise de “Movimentação de Outros Granéis”, com
Componentes Principais. Em cada coeficientes de 96,2% e 94,46%
dimensão considerou-se o posto respectivamente, são as mais influentes.
normalizado do escore na primeira Na dimensão Aspectos Geo-econômicos,
componente principal como medida de as variáveis “Produção/Consumo de
insumo (produto) em um modelo DEA Outros Granéis”, com 90,66% e
multicritério com produto (insumo) “Participação na Corrente do Comércio”,

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com 90,48% são as que mais Introduction to Efficiency and
influenciam. Por sua vez, na dimensão Productivity Analysis, 2ed. Springer,
“Demanda Projetada – 2011” a variável 2007.
mais influente é a relativa a
“Movimentação de Contêineres” com COOK, W.D. Qualitative data in DEA.
90,12% de coeficiente de correlação com In: COOPER, W.C.; SEIFORD, L.M.;
a dimensão. ZHU, J. (eds) Handbook on Data
Do ponto de vista da aplicação de Envelopment Analysis. Kluwer, 2004.
recursos no setor portuário, selecionados
os portos que mais atendem ao objetivo DE KOEIJER, T.J.; WOSSINK, G.A.A.;
de apoio ao comércio exterior bem como STRUIK, P.C.; RENKEMA, J.A.
os projetos já agendados ou em Measuring agricultural sustainability in
desenvolvimento nessas unidades, terms of efficiency: the case of Dutch
sugere-se maiores injeções de recursos sugar beet growers. Journal of
naqueles que trarão maior benefício Environmental Management, v. 66, p.
econômico para o Brasil. Entende-se 9-17, 2002.
aqui, neste contexto, que o construtos
considerados para a classificação sejam JOHNSON R. A.; WICHERN D. W.,
representativos. Applied Multivariate Analysis, 6ed.
Nesse sentido, o ente portuário, Prentice Hall, 2007.
enquanto elo relevante da cadeia logística
de transporte é fortemente condicionado LETA, F.R.; SOARES DE MELLO,
pelo contexto econômico em que se J.C.C.B.; GOMES, E.G.; ÂNGULO
insere, como se pode observar pela MEZA, L. Métodos de melhora de
predominância, nas primeiras posições, ordenação em DEA aplicados à avaliação
dos portos localizados no sul-sudeste estática de tornos mecânicos.
brasileiro, indiscutivelmente a região de Investigação Operacional, v. 25, n. 2, p.
economia mais consolidada do País. 229-242, 2005.
Particularmente, o Porto de Santos
apresentou os melhores resultados nas LOVELL, C.A.K.; PASTOR, J.T. Radial
quatro dimensões consideradas DEA models without inputs or without
demonstrando, assim, a sua outputs. European Journal of
preponderância no atual quadro portuário Operational Research, v. 118, n. 1, p.
nacional, destacando-se pelo número de 46-51, 1999.
berços especializados, grande
movimentação de cargas atualmente e PLANO NACIONAL DE LOGÍSTICA E
previstas, que o mantém na liderança da TRANSPORTES – PNLT (2007).
movimentação de contêineres em 2011,
além de apresentar uma participação de SAATY, T. L. The Analytic hierarchy
43,03% na Corrente de Comércio process. RWS, 1994.
Brasileira no ano base do estudo.
À luz dos pressupostos do modelo SOUZA, G.S. The law of categorical
adotado e do cenário portuário atual do judgment revisited. Brazilian Journal of
País, conclui-se pela significativa Probability and Statistics, v. 16, p. 123-
consistência e representatividade do 140, 2002.
resultado obtido. THOMPSON, R.G.; SINGLETON Jr.,
F.D.; THRALL, R.M.; SMITH, B.A.
6. REFERÊNCIAS Comparative evaluation for locating a
BIBLIOGRÁFICAS high-energy physics lab in Texas.
Interfaces, v.16, p. 35-49, 1986.
COELLI, T. J; RAO, D. S.,
O’DONNEL,C. CJ.; BATTESE,G. E. An

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