Introdução geral
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1. O domínio do problema
A versão das ODA que agora se apresenta tem na sua génese dois propósitos
fundamentais: 1/ A inclusão da perspetiva detalhada dos níveis de descrição
mais baixos – unidade de instalação, documento composto e documento
simples e 2/ a adição de uma visão unificadora da descrição que englobasse de
forma coerente a descrição de documentos em suporte eletrónico.
As razões subjacentes a estes objetivos são facilmente localizáveis no atual
contexto social, funcional e ambiental em que a atividade de arquivo se insere,
o qual tem vindo a sofrer transformações profundas desde a última década.
Pensamos ser pacificamente aceite que esta evolução provocou profunda
alteração nos processos de trabalho e, logicamente, nas respetivas relações
sociais. Da mesma forma as relações estabelecidas entre o utilizador e a
documentação de arquivo, agora mediadas tecnologicamente, são “terra
incógnita”. O universo do utilizador neste novo mundo é por nós ignorado.
Desconhecemos tipologias, interesses, motivações que levam o utilizador
remoto a procurar documentação de arquivo. A informatização passou de um
fenómeno exclusivamente tecnológico para uma estrutura essencial ao
relacionamento social, na plena aceção da palavra, entre pessoas, organismos e
objetos. Não podemos portanto ignorar essa realidade persistindo em
conceitos e estruturas que se encontram em desvanecimento.
Neste entendimento o GT constatou que a metodologia de aplicação dos
elementos descritivos é em grande parte, se não na totalidade, influenciada
pelas necessidades do utilizador. É de salientar, no entanto, que esse
utilizador possui o perfil tradicional do leitor presencial. Mesmo que esse
utilizador faça uso de catálogos disponíveis em linha e baseados em sistemas
de informação especializados em gestão de arquivos definitivos, os
instrumentos resultantes da descrição, são formatados de acordo com as
necessidades tradicionais de pesquisa presencial ou através de inventários
digitais equivalentes a idênticas ferramentas produzidas em suporte
convencional.
Esta posição é compreensível numa lógica em que prevalecem os interesses do
utilizador tradicional, que se desloca habitual ou esporadicamente, mas
sempre fisicamente, ao arquivo para procurar informação.
Ora é indubitável que a realidade se alterou. Hoje em dia são
preferencialmente disponibilizadas descrições através de bases de dados, ou
seja, informação estruturada que permite a recuperação eficaz da informação
pretendida, desde que ela esteja patente nos elementos descritivos
pesquisáveis. Neste contexto, desde que os dados se encontrem no sistema, e
bem entendido o utilizador saiba pesquisá-los, serão sempre recuperados.
Assim, a estruturação indexada e sequencial da informação deixa de ser
relevante, pois não é necessária na lógica da organização da informação que
decorre da arquitetura de bases de dados.
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14
Introdução geral
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15
Orientações para a Descrição Arquivística
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Introdução geral
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Orientações para a Descrição Arquivística
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2
Encoded Archival Description
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18
Introdução geral
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2. Sinopse de alterações
De uma forma geral as alterações essenciais desta versão 3 das ODA 1 são as
seguintes:
1. Delimitação do documento simples, particularmente ao nível de registo,
convencional ou eletrónico. Este trabalho de análise foi empreendido
3
DURANTI, Luciana . Diplomatics: new uses for an old science, Scarecrow Press, 1998. ISBN-10:
0810835282
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19
Orientações para a Descrição Arquivística
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Introdução geral
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Introdução geral
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Introdução geral
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edição da ISDF: Norma internacional para a descrição das funções4, bem como
uma versão provisória das ISIAH: Norma Internacional para a descrição das
entidades detentoras de documentação de arquivo5. Cabe à comunidade
arquivística em geral, e à DGARQ em particular, tendo em conta as
responsabilidades acrescidas que lhe advêm da sua missão, dar-lhes resposta.
Para já, no entanto, considere-se esta 2.ª versão das Orientações, que embora
renovada, mantém continuidade no seu objetivo último: normalização de
procedimentos em arquivo, o que só poderá verificar-se se cumprido o
desiderato da sua frase de abertura: Orientações de todos, para todos…
Agradecemos, assim, a todos aqueles que, pacientemente, estudaram e
analisaram este documento, reunindo e remetendo críticas, sugestões e
propostas de alteração, e que contribuíram, de forma decisiva, para a melhoria
do texto agora apresentado. Esperamos poder continuar a contar com toda a
colaboração que a comunidade arquivística entender por bem fazer chegar.
A Coordenação Executiva
4
INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES – ISDF: International Standard for Describing
Functions. 1.ª ed. [em linha]. Dresden: ICA/CBPS, 2007. Disponível em WWW: <URL:
http://www. ica.org/en/node/83/?filter4=ISAF>.
5
INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES – ISIAH: International Standard for Institutions
with Archival Holdings: Draft: Developed by the Committee on Best Practices and Professional
Standards, Madrid, Spain, May 2007. [em linha]. Disponível em WWW: <URL:
http://www.ica.org/s
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23
Orientações para a Descrição Arquivística
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6
Este capítulo refere-se a versões anteriores do presente documento.
7
INTERNATIONAL COUNCILON ARCHIVES – ISAD(G): General International Standard
Archival Description: adopted by the Committee on Descriptive Standards, Stockolm, Sweden, 19-22
September 1999. 2nd ed. [em linha]. Ottawa: CIA/CDS, 2000. Disponível na Internet em:
<http://www.hmc.
8
INTERNATIONAL COUNCILON ARCHIVES – ISAAR(CPF): International Standard Archival
Authority Records for Corporate Bodies, Persons and Families: prepared by the Committee on
Descriptive Standards, Rio de Janeiro, Brazil, 19-21 November 2002. 2nd ed. draft. [em linha].
Ottawa: ICA/CDS, 1996. Disponível na Internet: <http://www.hmc
9
INTERNACIONAL COUNCILON ARCHIVES – Report of the sub-committee on Finding Aids:
Guidelines for the preparation and presentation of finding aids. [em linha]. [s.l.]: ICA/CDS, 2002.
[referência de 21 outubro 2002]. Disponível na Internet em: <http://www.hmc.gov.uk/icacds
/eng/findingaids.htm>.
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24
Introdução geral
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O objetivo
As matrizes
Estas Orientações têm como base as 2.ªs edições da ISAD (G) e da ISAAR (CPF),
já citadas, que se assumem como complementares e que, como tal, devem ser
utilizadas de forma conjugada, com o objetivo de potenciar o trabalho de
descrição e a posterior recuperação da informação. Assumem assim, na
íntegra, os princípios gerais sobre os quais se baseiam e estruturam, e que
atempadamente serão detalhados no âmbito das presentes Orientações.
ISAD (G) e ISAAR (CPF) são, no entanto, normas gerais, mantendo presente a
preocupação de não entrar em choque com as diferentes tradições e práticas
arquivísticas dos diferentes países, pelo que há toda uma série de aspetos que
não contemplam. A necessidade de conjugação das normas internacionais
com normativo nacional, ou que sirvam de base à sua construção, é aliás
prevista, tanto na ISAD (G), como na ISAAR (CPF).
Assim se explica o aparecimento das RAD2, das DACS10, do CRS system11, do
MAD 312, ou a construção de normativo de base, como é o caso do Les
10
THE SOCIETY OF AMERICAN ARCHIVISTS – Describing archives: a content standard.
Chicago: Society of American Archivists, 2004. ISBN 1-931666-08-3.
11
COMMONWEALTH OF AUSTRALIA. NATIONAL ARCHIVES OF AUSTRALIA –
Commonwealth record series manual: registration & description procedures for the CRS system.
Acessível em <http:// www.naa.gov.au/recordkeeping/control/crs_summary.html>Acedido em
26 de julho de 2002.
12
PROCTER, Margaret; COOK, Michael – Manual of archival description.3rd ed. Aldershot:
Gower, 2000. 300 p. ISBN 0-566-08258-6.
_____________________________________________________________________________________
25
Orientações para a Descrição Arquivística
_____________________________________________________________________________________
13
NOUGARET, Christine; GALLAND, Bruno – Les instruments de recherche dans les archives.
Paris: Direction des Archives de France, 1999. ISBN 2-911601-13-0.
14
BONAL ZAZO, José Luis; GENERELO LANASPA, Juan José; Travesí de Diego, Carlos –
Manual de Descripción multinivel: propuesta de adaptación de las normas internacionales de
descripción archivística. Valladolid: Junta de Castilla y Léon-Consejería de Educación y
Culyura, 2000.
15
DEPARTAMENT DE CULTURA DE LA GENERALITAT DE CATALUNYA;
ASSOCIACIÓ D’ARXIVERS DE CATALUNYA – Projete de Norme de Descripció Arxivística de
Catalunya (NODAC). Versão provisória. Maio de 2005. Disponível em
<http://cultura.gencat.net/arxius/nodac. htm>. Acedido em outubro de 2005.
16
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Norma brasileira de descrição
arquivística: versão preliminar para discussão. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Arquivos,
2005. [documento eletrónico em pdf].
17
NATIONAL COUNCILON ARCHIVES – Rules for the construction of personal, place and
corporate names. United Kingdom: NCA, 1997. Acessível em
<http://www.hmc.gov.uk/nca/title.htm> Acedido em 21 de outubro de 2002.
18
DIRECTION DES ARCHIVES DE FRANCE – Géonomenclature historique des lieux habités.
Paris: Direction des Archives de France, 2003. ISBN 2-911601-42-4.
19
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO; FUNDAÇÃO INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÌSTICA – Nomes geográficos: normas para
indexação. Rio de Janeiro: MPO; IBGE, 1996. ISSN 0104-5342.
20
INSTITUTO PORTUGUÊS DO PATRIMÓNIO CULTURAL - DEPARTAMENTO DE
BIBLIO-TECAS; ARQUIVOS E SERVIÇOS DE DOCUMENTAÇÂO - Regras portuguesas de
catalogação. Lisboa: Instituto Português do Património Cultural. Departamento de
Bibliotecas, Arquivos e Serviços de Documentação, 1984.
21
SIPORBASE: sistema de indexação em português: manual. 3.ª ed. revista e aumentada. Lisboa:
Biblioteca Nacional, 1998. ISBN 972-565-154-5.
_____________________________________________________________________________________
26
Introdução geral
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De referir que cada uma destas partes conta com uma introdução específica,
com a função de definir, de uma maneira geral, os objetivos e de
contextualizar o conjunto de orientações que integra.
1. Exemplos completos, ilustrativos de cada uma das três partes que integram
as Orientações;
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27
Orientações para a Descrição Arquivística
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As expectativas22
22
Este capítulo refere-se a versões anteriores do presente documento
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28
I Parte
DOCUMENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Objetivos:
Princípios:
Regras:
Âmbito de aplicação:
Obrigatório (O)
Obrigatório se aplicável (OA)
Opcional (OP)
Não aplicável (NA)
Não (N)
Sim (S)
23
Cf., entre outros, Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo; Instituto de
Informática - Recomendações para a gestão de documentos de arquivo eletrónicos. 1.º v: Contexto de
suporte. Lisboa: IAN/TT, 2000. ISBN 972-8107-59-5; Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do
Tombo, et. al. - Recomendações para a gestão de documentos de arquivo eletrónicos. 2.º v: Modelo de
Requisitos para a Gestão de Arquivos Eletrónicos. Lisboa: IAN/TT, 2002. ISBN 972-8107-59-5;
GONÇALVES, Orlando – Descrição arquivística multinível de documentos audiovisuais. Lisboa:
RTP. Subdivisão de Arquivos, 2004. 98 p. [Não publicado]; SEPIADES: recommendations for
cataloguing photographic collections. Kristin Aasbo [et al.]. Amsterdam: European Commission
on Preservation and access, 2003. ISBN 90-6984-397-8.Disponível em WWW: < URL:
http://www.knaw.nl/ecpa/sepia >;INTERNATIONAL COUNCIL ON AR-CHIVES.SECTION
ON ARCHITECTURAL RECORDS – Manuel de traitement des archives d’archi-tecture: XIXe-
XXe siècles. Paris: CIA, 2000.
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31
Orientações para a Descrição Arquivística
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- Formal Paralelo OA OA OA OA OA OA
Título OP OP OP OP OP OP
Controlado
OA OA OA OA OA OA
Atribuído
Consagrado pelo uso OP OP OP OP OP OP
1.3. Datas
24 20 20 20 20 20
1.3.1. Datas de produção O/OP O/ OP O/ OP O/ OP O/ OP O/ OP
20 20 20 20 20 20
1.3.2. Datas de acumulação O/ OP O/ OP O/ OP O/ OP O/ OP O/ OP
1.4. Nível de descrição O O O O O O
1.5 .Dimensão e suporte quantidade, volume
ou extensão) O O O O O O
1.5.1 . Dimensão
O O O O O O
1.5.2 Suporte
O O O O O O
2. Z Zona do contexto
2.1. Nome do Produtor
2.1.1 Nome do O OA OA OA OA OA
produtor/Colecionador
2.1.2 NA NA NA OA OA OP
Intelectual
Nome do autor
NA NA NA OP OP OP
Material
2.1.3 Nome do colaborador NA NA NA OP OP OP
24
A obrigatoriedade reporta-se apenas a um dos dois tipos de datas (produção ou acumulação), cabendo ao arquivista a decisão de optar por uma ou por
outra, ou de registar as duas, caso não sejam coincidentes.
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Documentação – Introdução
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Orientações para a Descrição Arquivística
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Documentação – Introdução
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Estrutura:
A- Orientações gerais
B- Orientações específicas para níveis de descrição
C- Fontes de informação
D- Apresentação da informação
E- Exclusões
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35