INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA – NEAD
CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE LICENCIATURA
PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
PÓLO DIAMANTINO
RELATÓRIO DO FASCÍCULO 1:
AÇÕES MATEMÁTICAS QUE EDUCAM
RELATÓRIO DO FASCÍCULO 1:
AÇÕES MATEMÁTICAS QUE EDUCAM
Introdução
Relatório reflexivo
Considerações Finais
Bibliografia
INTRODUÇÃO
ações que favoreçam os estudantes de modo que estes sintam prazer e interesse em
antigos que, muitas vezes, tolhem a capacidade lógica e criativa dos alunos de
matematizarem com entendimento. Este relatório apresenta situações por mim vividas
Durante maior parte da minha vida escolar passei estudando numa mesma
escola (do jardim a 8a. série). Era uma escola rígida e moralista que havia se
alunos. Lembro-me de ter sido, em um dos anos, a 64° do livro de chamada. O diretor
exigia respeito e reverência todas as vezes que os alunos se referissem a ele. Todos os
anos, no primeiro mês letivo, éramos treinados a dizer palavras de saudação ao diretor
Por esse motivo, tinha gente que se borrava de medo dele. Certa vez, um aluno da 7 a.
série fez xixi na calça em pleno pátio enquanto ouvia uma bronca daquelas dele. O
motivo? Havia se atrasado ao toque de recolher para a sala de aula. É que para
propriamente dito, e todos tinham que retornar para suas salas. Antes, porém, podiam ir
ao banheiro, beber água,... para isso tínhamos mais cinco minutos. Daí tocava a sirene
novamente, ninguém mais podia está fora de sala. Em seguida tocava uma música
clássica durante um certo tempo, todos tinham de ficar de cabeças baixas a ouvi-la. O
tal aluno estava se dirigindo para sua sala quando foi abordado pelo diretor no meio do
pátio. Foi impossível permanecer de cabeça baixa. O som melodioso da canção foi
quebrado pela estridente e inconfundível voz do diretor a ralhar com o azarado aluno.
Ao final da ralhação todas as séries receberam a visita do diretor advertindo que se
algum aluno repetisse tal exemplo do colega seria passível de suspensão ou até
isso com um professor de matemática. Disse-lhe que ele havia corrigido erroneamente
uma avaliação minha. Pedi-lhe que revisasse novamente. Ele negou a revisão alegando
que ele era o professor de matemática e jamais erraria uma correção e acrescentou
que eu não havia feito os cálculos seguindo sua linha de raciocínio. Era um problema
para chegar no seu destino seguindo caminhos diferentes. Lembro que eu lhe disse: -
Professor, eu sei que viajar de ônibus é diferente de viajar de trem. Eu já viajei nos dois
pra Recife, fui em estradas diferentes, mas eu cheguei no lugar do mesmo jeito. Foi
isso que aconteceu nessa questão da prova, eu só peguei uma estrada diferente da
alunos eu fui corajosa em perguntar aquilo, para outros, motivo de chacota. E dentro de
mim uma raiva disfarçada de boa menina. Os alunos que se destacavam como os
bimestre. Dificilmente tinha coragem de pedir explicação para tirar dúvidas de alguma
matéria. Quando eu tinha dúvida de alguma coisa ia pesquisar sozinha, em último caso,
perguntava pra algum adulto que eu confiava muito e quando tinha a certeza que ele
não iria ralhar comigo. No geral eram pessoas fora do meu circulo familiar e escolar.
muitos anos. Mais tarde, no ensino médio, uma outra professora me ajudou a quebrar o
muro que me separava da matemática. Lembro-me que ela ensinava com tanto
obrigação. Certa vez, perguntei-lhe, com muita discrição e temor, sobre uma questão
que não estava conseguindo resolver. Ela fitou-me enquanto eu tentava, gaguejando,
explicar o porquê de não está entendendo aquele exercício. Depois que terminei de
falar ela disse baixinho: ”Tudo bem, já entendi. A aula está terminando, mas quero que
você passe na sala dos professores na ultima aula, eu estarei lá. Quero lhe ajudar. Não
precisa sentir medo ou vergonha”. Havia tanta compreensão em seu olhar que não
nariz de palhaço a me esperar. A primeira coisa que me disse foi que matemática não
era nenhum bicho papão. Ela contou-me que muitas vezes também sentiu dificuldade
em resolver alguns problemas matemáticos, mas que eles não eram maiores que a
vontade que tinha de aprender. Suas palavras até hoje soam em meus ouvidos e em
meu coração.
Esse episódio ocorreu na época da derrubada dos muros de Berlim. Então ela
sugeriu que derrubássemos os muros de Berlim que estavam na minha cabeça. E foi
assim que o primeiro tijolo foi tirado, o do medo de aprender de novo. Depois, o tijolo do
medo de errar, da insegurança, da idéia de burrice, da idéia de que negro não aprende.
adolescência e me fez rever o percurso feito nesse período escolar e entender como
que senti. Revolta por ter sido durante tanto tempo privada de vivenciar digna e
mais inferior ou superior a ninguém. Essa ultima escolha foi a que fiz no dia que decidir
ser professora/educadora. Eu acreditei que podia fazer diferente da forma que aprendi.
Mas entre crê e fazer há uma diferença muito grande. Porque você traz junto com a
vontade de fazer, muitos vícios, uma ideologia passada que foi durante anos inculcada
na sua mente. E mesmo que você diga que não vai se posicionar da mesma forma que
fizeram com você, mesmo assim, você emite reflexos na prática. A primeira vez que um
aluno me contestou e disse que eu estava errada eu lhe tratei de forma indiferente
como se estivesse acima do bem e do mau. Depois tive que lhe pedir desculpas e
reconhecer diante da turma que estava errada. Toda classe teve que apagar um trecho
do texto que eu havia escrito no quadro do dia anterior. Pensei que iria perder o
respeito e admiração da turma. É verdade que ouvi muitos murmúrios, e uhhh,... mas
depois percebi que ganhei a confiança deles. Um dia uma aluna dessa turma chegou
pra mim e disse que tinha medo de fazer perguntas em sala e receber um uhhh da
galera mas que depois do uhh que eu levei ela não tinha mais medo, porque ela
aprendeu que professor também erra e não sabe tudo. Suas palavras foram
engraçadas mas tinha muita profundidade. E eu lhe disse que havia acabado de me
aprender e não há ninguém, mesmo aqueles que julgamos saberem pouco, que não