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A palavra Tantra significa teia (como a teia de aranha), tecido, rede.

Indica a idéia de fios entrelaçados, unidos e formando um todo.


Representa a idéia de que todas as coisas do universo estão
conectadas, entrelaçadas, unidas entre si, através de uma espécie de
fio invisível que forma essa união íntima de todas as coisas.
Aquilo que une tudo, que está dentro de tudo, é o Poder divino
(Shakti). Esse Poder está dentro de cada um de nós, e está também
fora de nós. Penetrando em tudo, o Poder torna todas as coisas
divinas. Porém, nosso modo comum de ver o universo e de vermos a
nós mesmos não permite que enxerguemos essa perfeição de tudo. O
Tantra, como prática, leva a uma transformação da pessoa,
permitindo-lhe ver além das aparências e perceber a realidade divina
em tudo.
Uma parte da base do Tantra vem do pensamento indiano tradicional,
podendo ser encontrada nas Upanishads, por exemplo, que enfatizam
o conhecimento do Absoluto, Brahman, que está presente em todas
as coisas, em todos os seres do universo. Outra parte, no entanto, é
diferente. Pois o Tantra é essencialmente não-dualista, ele rompe
com todo tipo de limitações impostas pelo pensamento racional,
conceitual. E isso se reflete também nas práticas do Tantra, que não
respeitam regras morais e éticas. Tudo aquilo que existe pode ser
utilizado como um veículo para entrar em contato com a Divindade,
nada é errado ou impuro. Desde que tenha desenvolvido a atitude
espiritual correta, o praticante do Tantra pode vivenciar a perfeição
em tudo.
“Não existe nada que não se possa fazer e nada que não se possa
comer. Não há nada que não se possa pensar ou falar, seja agradável
ou desagradável. O Eu supremo existe dentro dele assim como nos
outros seres. Assim considerando, o Yogi deve se aproximar da
comida e da bebida e das outras coisas.”
No ocidente, o nome Tantra está fortemente associado ao sexo. É
utilizado às vezes como uma simples desculpa teórica para práticas
sexuais sem objetivo espiritual. O Tantra indiano tem, é verdade,
práticas de natureza sexual, mas isso é apenas um dos seus múltiplos
aspectos. Fazer sexo e ter prazer não é nem o objetivo, nem o
principal instrumento do Tantra.
A tradição indiana nunca considerou o sexo como algo errado: os
objetivos humanos listados nos textos clássicos indicam que as
pessoas podem buscar a libertação espiritual (moksha), a ação
correta no mundo (dharma), riquezas (artha) e prazer (kama). O
famoso manual indiano sobre práticas sexuais, Kama Sutra, é um
texto que fala sobre os modos de obter prazer – mas não é um texto
tântrico. O que o Tantra adicionou foi o uso do sexo como um dos
muitos modos de obter desenvolvimento espiritual através daquilo
que nos atrai – pela união de moksha e kama.
No entanto, sexo não é o centro do Tantra. O ponto central é
obter uma transformação de nosso modo de ver a realidade, através
de práticas que podem utilizar aquilo que desperta em nós emoções e
sensações muito fortes. Através dessas práticas, o modo comum de
funcionamento de nossa mente é ultrapassado, e surgem vivências
espirituais completamente diferentes. Gradualmente, abre-se um
canal de comunicação com a realidade divina, e por fim se estabelece
um contato constante com esse estado de consciência.

TEORIA DO TANTRA
A filosofia tântrica é ensinada em muitos textos antigos, como os
Puranas, e também em textos específicos, que se chamam também
Tantras. Apenas no início do século XX alguns textos tântricos
começaram a ser traduzidos para idiomas ocidentais, especialmente
através do trabalho de John Woodroffe (mais conhecido por seu
pseudônimo Arthur Avalon). As obras deste autor são o resultado de
uma pesquisa muito profunda e séria sobre o Tantra. Atualmente, no
entanto, há muitos livros sobre Tantra que são equivocados e que
distorcem sua doutrina.

Dentro do Tantra há diversas linhas ou correntes de pensamento e de


prática. Pode-se dizer que os dois maiores grupos de pensamento
tântrico são o Shivaísta (no qual Shiva é considerado a principal
divindade) e o Shakta (no qual Shakti, a Grande Deusa, é
considerada a principal divindade). Vamos apresentar aqui um esboço
da doutrina tântrica Shakta.
Segundo essa doutrina, tudo o que se manifesta no universo como
matéria, vida e consciência é o Poder Divino (Shakti). O Poder é
feminino. É a Grande Deusa (Maha Devi), a Mãe de todos os seres e
dos próprios Devas. Tudo o que existe brota dos órgãos genitais
(Yoni) da Grande Mãe.
Aquele que possui o poder é Shiva. Não existe Shiva sem Shakti,
nem Shakti sem Shiva (Na shivah shaktirahito na shaktih
shivavarjita). Shiva, sozinho, é semelhante a um cadáver (shava),
pois ele próprio não tem poder. Apenas quando está unido à sua
Shakti, Shiva se torna o Deva poderoso. Shiva é, essencialmente, a
consciência inativa, é aquele que testemunha a ação da Shakti.
A fusão íntima entre Shakti e Shiva é representada pela união sexual
entre eles, ou por uma figura com os dois sexos (Ardhanarishvara),
um lado sendo masculino, e o outro feminino.
Esse estado corresponde à noite de Brahman, em outras tradições.
Nessa união, Shiva pode ser pensado como um ponto, e Shakti como
uma linha enrolada em torno deste ponto. Como a linha não tem
espessura, é impossível distinguir o ponto e a linha. São uma única
coisa. A criação do universo se dá quando Shiva e Shakti se separam,
ou seja, com o surgimento da dualidade. Quando a linha (Shakti) se
desenrola do ponto central (Shiva), surgem a meia-lua (Candra) e o
ponto (Bindu) que aparecem na parte superior do símbolo OM.
À medida que se desenrola, a Shakti se manifesta sob a forma de um
som primordial (Nada), e através do som ela começa a criar o
universo. O som é um dos principais instrumentos do Poder, no
Tantra. Através de algumas práticas, o Tantrika pode ouvir os sons
primordiais produzidos pela Grande Deusa.
Os seres do universo são descritos por nome (nama) e possuem
uma forma (rupa). O som (shabda) e a palavra (vac) são
manifestações da Shakti, que dão forma aos seres.
A Shakti não apenas cria todos os seres, ela permanece dentro
deles. A Shakti imagina o universo, por sua própria vontade, pelo
prazer de criar, e se incorpora nele. O universo não tem essência
própria, é vazio, mas ao mesmo tempo contém o absoluto.
Em todos os seres do universo se manifesta o poder de Shakti e a
consciência de Shiva. O Absoluto está presente em todas as
manifestações do universo. Portanto, tudo o que existe é sagrado. No
centro de cada coisa estão Shiva e Shakti, que contêm tudo o que
existe. Por isso o Tantra afirma: “Aquilo que está aqui está em toda
parte. Aquilo que não está aqui não está em lugar nenhum” (yad
ihasti tad anyatra, yannehasti na tat kvacit). Tudo o que existe no
universo é perfeito, divino, e Eu sou tudo isso, e tudo isso existe em
mim.
Toda a realidade e toda pessoa é, essencialmente, Shiva-Shakti, mas
de forma específica todo homem é Shiva e toda mulher é Shakti.
Perceber a realidade mais profunda disso é um dos caminhos para a
libertação espiritual.
Embora nossa natureza seja divina, e tudo o que nos cerca também
seja, nossa percepção usual da realidade é limitada, dualista, pobre.
É a própria magia (maya) da Shakti que dá a aparência de finito ao
infinito, de múltiplo àquilo que é uno, de específico (dotado de nome
e forma) àquilo que não tem nome nem forma, de destrutível ao que
é eterno. Ela envolve toda a criação divina, perfeita e ilimitada com
um véu mágico, mas ela própria cria por toda parte as portas através
das quais podemos atravessar a ilusão e chegar à percepção clara da
realidade divina. Penetrando através de Maya-Shakti é possível
atingir o absoluto, ultrapassando as limitações e dualidades.
A compreensão e o contato direto (vivência) da Shakti é um dos
aspectos centrais do Tantra. A Shakti pode ser vista sob seus
aspectos bondosos, como a Mãe (Ma) ou como a esposa / amante de
Shiva, extremamente bela e sábia. No entanto, ela pode também ser
vista sob seu aspecto destruidor, horrível, como Kali, que destrói as
ilusões, aniquila as forças do egoísmo e leva as pessoas a verem a
realidade divina.
A pessoa em um corpo (jiva) conhece apenas os níveis mais baixos
da realidade e se confunde com eles. No entanto, é possível se
transformar, atingindo uma compreensão diferente da realidade. Às
vezes se descreve essa transformação como uma libertação
(kaivalya) ou como a união ao Eu Supremo (Paramatma). No
entanto, o Tantra descreve esses processos de uma forma diferente.
A pessoa viva (jiva) e o Eu Supremo possuem a mesma natureza, por
isso eles não podem se unir. O Jiva não se liberta, ele pode apenas
perceber que nunca esteve preso. Para isso, ele precisa penetrar
através dos véus de Maya, a magia da Shakti, através da sabedoria
(jñana) obtida através da vivência (vijñana), conhecendo diretamente
a Shakti e tornando-se um jivanmukta e mantendo-se no mundo.
O objetivo não consiste em se afastar do universo criado por Shakti,
e sim percebê-lo como ele é: infinito, absoluto, eterno, sem
dualidades. Através do Shakti-Tantra, o adepto atinge a libertação
voltando-se para fora e não para dentro. Adotando uma visão não-
dualista (advaita), a doutrina do Tantra admite que tudo é
igualmente puro e perfeito. Por isso, o Tantra permite obter a
iluminação (moksha) desfrutando do mundo (bhoga).

PRÁTICA DO TANTRA
Sob o ponto de vista prático, o Tantra desenvolve uma série de
atividades que induzem estados alterados de consciência,
transformam o praticante e o levam a uma percepção diferente da
realidade. Essas vivências precisam ser compreendidas, para serem
integradas à sua vida, e por isso o estudo teórico também é
importante. Pela prática constante, a transformação do Tantrika vai
se fortalecendo, levando a um contato contínuo com a Shakti.

O Tantra utiliza muitos recursos empregados nas diferentes linhas do


Yoga, como posturas (asanas), práticas de respiração (pranayama),
meditação (dhyana), etc. A parte ética do Yoga de Patañjali (yama e
niyama) não faz parte do Tantra propriamente dito; mas apenas
pessoas que já tenham obtido um grande desenvolvimento ético
podem ser admitidas no Tantra.
Algumas das características centrais do Tantra são a utilização de
rituais, o uso das coisas do mundo profano para atingir a realidade
divina, e a identificação entre o microcosmo (o ser humano) com o
macrocosmo. Um dos aspectos importantes das práticas tânticas é o
controle da energia interna, que é um reflexo do Poder Cósmico
(Shakti).
Dentro do corpo, essa energia é representada por Kundalini, a
energia em forma de uma serpente enrolada, que fica normalmente
adormecida no chakra inferior (Muladhara). Através de práticas
envolvendo respiração, posturas, meditação, mantras e outros
elementos, o Tantrika desperta Kundalini e faz com que essa energia
ative sucessivamente os vários chakras corporais, transformando o
corpo energético do yogi (a estrutura sutil, constituída pelos chakras
e pelos canais – nadis – onde circulam os diversos tipos de prana).
Este aspecto do Tantra está também presente no Hatha Yoga
tradicional indiano, já que o Hatha Yoga surgiu como um ramo
especial dentro do Tantra.
São muito importantes no Tantra a recitação de mantras, o uso de
imagens de devas e especialmente da Shakti, o uso de diagramas
(yantras) para meditação, purificação (nyasa) do corpo, e muitos
rituais especiais utilizando mantras e gestos com as mãos (mudras),
geralmente feitos dentro de círculos especiais (mandalas). O culto e
adoração (puja) da Grande Deusa é também essencial, no Tantra.
Há rituais e práticas extremamente complexos, dentro do Tantra, e
outras práticas que parecem simples. Todas devem ser aprendidas
através dos ensinamentos diretos de um mestre (guru) que já tenha
praticado e dominado essas técnicas. A união entre o discípulo e o
mestre é fundamental, pois através dessa união o Guru consegue
induzir estados alterados de consciência no discípulo e fazê-lo
vivenciar coisas que ele não teria condições de conseguir sozinho, por
seu próprio esforço. Práticas em grupo também são consideradas
muito importantes, pois a união espiritual de várias pessoas, no
Tantra, multiplica os resultados obtidos.
Não existe Tantra sem vivências diretas dos aspectos sagrados do
universo e de si próprio. E isso ocorre através de estados alterados
de consciência, especialmente através de experiências de samadhi.
Deve-se compreender que o samadhi não é o objetivo do Tantra
(nem de nenhuma outra linha de Yoga), e sim uma prática especial,
acompanhada por um estado alterado de consciência, que deve ser
atingido repetidas vezes, produzindo aos poucos importantes efeitos
no praticante.
A devoção à Grande Deusa (ou a Shiva, no caso da linha tântrica
shivaísta) é também essencial, no Tantra. O praticante desenvolve
um enorme respeito, admiração, amor e adoração pela Grande
Deusa, e Ela se torna um foco central de sua vida. Sem essa devoção
(bhakti) e sem a ajuda direta da própria Deusa, o Tantrika não atinge
seu objetivo.
Embora não se possa aprender as práticas do Tantra através da
leitura de livros, é muito útil estudar os textos tântricos tradicionais
para obter uma compreensão teórica daquilo que essa linha espiritual
significa.
Algumas linhas do Yoga possuem práticas “leves”, destinadas a
melhorar a saúde física e psíquica da pessoa. O Tantra, no entanto,
não está voltado para a obtenção de resultados desse tipo. É uma
linha de trabalho mais radical, destinada a mudar toda a consciência
do praticante. Por isso, não se deve iniciar práticas tântricas a menos
que a pessoa queira deixar para trás seus valores, suas crenças e sua
vida antiga, iniciando uma nova. É um caminho poderoso, mas que
tem também riscos e um custo alto – ele exige uma morte do ego,
para levar a uma transformação espiritual completa.

Texto escrito por Roberto de A. Martins, para o site Shri Yoga Devi.

Espaço Shri Yoga Devi


Campina Grande, PB
E-mail: shri.yoga.devi@gmail.com
Blog: http://www.yogadevi.org/Blog/

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