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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

LCACL
Nº 70013230461
2005/CRIME

FURTO TENTADO. ATOS MERAMENTE


PREPARATÓRIOS. Estando as acusadas a esconder
bens do supermercado, mas recolocando-os nas
prateleiras, ao notarem que estavam sendo vigiadas,
não chega a constituir-se a tentativa de furto, tudo
não passando de meros atos preparatórios, não se
havendo sequer de falar em crime impossível, que só
se configura quando há tentativa. A abordagem no
interior do estabelecimento, em pleno momento em
que as rés se desfaziam dos produtos, ao desistirem
de levar adiante os atos preparatórios, restituindo os
objetos às prateleiras da loja, não caracteriza crime
algum, sendo atípico o fato, pois não se punem atos
preparatórios, mas a tentativa, que só se tem quando
já praticados atos de execução, não se podendo
concluir tenham as acusadas, ao recolocarem os
bens em prateleiras, dado início ao iter criminis.
Apelo ministerial desprovido.

APELAÇÃO CRIME OITAVA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70013230461 COMARCA DE ALVORADA

MINISTÉRIO PÚBLICO APELANTE

CECILIA DA SILVEIRA

GENI FRANCISCA DA SILVEIRA XAVIER APELADAS

ACÓRDÃO

Acordam os Desembargadores integrantes da Oitava Câmara


Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar
provimento ao apelo.
Custas na forma da lei.

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Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes


Senhores DES. ROQUE MIGUEL FANK (PRESIDENTE E REVISOR) E DES.
MARCO ANTÔNIO RIBEIRO DE OLIVEIRA.
Porto Alegre, 21 de dezembro de 2005.

DES. LUÍS CARLOS AVILA DE CARVALHO LEITE,


Relator.

RELATÓRIO
DES. LUÍS CARLOS AVILA DE CARVALHO LEITE (RELATOR)
1. Trata-se de apelação do Ministério Público contra a decisão
que, com base no art. 43, inc. I, do Código de Processo Penal, rejeitou a
denúncia formulada contra CECILIA DA SILVEIRA e GENI FRANCISCA DA
SILVEIRA XAVIER, que as acusava de terem tentado subtrair, para si, do
interior do Mini Mercado Atlântico Ltda., na cidade de Alvorada, sete frascos de
xampu, três frascos de condicionador de cabelo e cinco envelopes de suco em
pó, avaliados em R$ 63,29 (sessenta e três reais e vinte e nove centavos).

A magistrada, ao rejeitar a inicial, ponderou a absoluta


inidoneidade do meio empregado pelas acusadas para a subtração dos bens
do estabelecimento comercial, eis que flagradas por sistema de
monitoramento, para concluir pela figura do crime impossível.

Postulou o apelante a reforma do decisório, sustentando que a


impropriedade do meio empregado pelas rés era apenas relativa, pois, ainda
que sob vigilância, a consumação do delito não era impossível, e, por fim, a
inocorrência do crime bagatelar.

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Com as contra-razões, manifestou-se o Dr. Procurador de Justiça,


nesta instância, pelo provimento do apelo ministerial.
É o relatório.

VOTOS
DES. LUÍS CARLOS AVILA DE CARVALHO LEITE (RELATOR)
2. Insurgiu-se o Ministério Público contra a decisão que rejeitou a
denúncia, por entender a magistrada que, por vigiadas as rés, no interior de
supermercado, se tratava de crime impossível.

3. As acusadas, ao deporem na polícia, declararam que,


efetivamente, estavam a pegar produtos do estabelecimento comercial,
escondendo-os consigo, mas que, ao perceberem que estavam sendo
vigiadas, resolveram desfazerem-se dos mesmos, recolocando-os nas
prateleiras do supermercado, oportunidade em que foram abordadas por um
funcionário da loja, que as levou para uma sala, chamando a Brigada Militar,
que as prendeu.

Assim manifestou-se Cecília da Silveira, uma das acusadas (fl.


11):

“A declarante notou que estava sendo observada


e, na padaria, tirou os objetos da bolsa e os colocou numa
prateleira, momento em que o funcionário do supermercado
veio e colocou os objetos de volta na bolsa da declarante
tendo pego também uma cestinha e colocado mais frascos
de xampu e outros objetos como se a declarante quisesse
furtar também estes objetos da cesta. Que o funcionário do
mercado chamou a Brigada Militar que touxe todos até esta
DP.”
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No mesmo sentido é o depoimento da co-ré Geni Francisca da


Silveira Xavier (fl. 13):

“A declarante foi direto para a padaria e sua irmã


ficou no interior do mercado. Que logo chegou sua irmã
CECÍLIA na padaria e tirou da bolsa quatro frascos de xampu
e os colocou numa prateleira. Que um funcionário do
mercado viu, pegou os objetos que estavam na bolsa de
CECÍLIA e levou os objetos, a declarante e CECÍLIA para uma
peça do mercado e chamou a Brigada Militar que por sua vez
trouxe todos até esta DP. Que a declarante nada pegou.”

A prova investigativa é complementada com o depoimento de um


dos sócios do estabelecimento, Giovani Raupp Maurício, que revelou estarem
sendo as rés observadas pelo sistema de câmeras e que foram abordadas
ainda no interior do estabelecimento, sem que ainda tivessem se dirigido aos
caixas. Contou Giovani o seguinte (fl. 15):

“O delito foi perpetrado por duas senhoras,


sendo que ambas foram flagradas através das câmeras de
vídeo que existem no interior do estabelecimento. Porém,
quando as infratoras se deram conta que estavam sendo
vigiadas, resolveram se desfazer das mercadorias, que
estavam sendo escondidas na cintura de ambas, e em bolsas
que traziam consigo. As mulheres começaram a largar os
produtos pelas prateleiras do mini-mercado, mas
funcionários se apressaram em abordá-las no interior do
comércio. Ao examinarem a bolsa de uma das infratoras,
verificaram que haviam (sic) vários produtos escondidos, que
foram apreendidos com a chegada de uma viatura da BM.”

4. Como se viu dos depoimentos colhidos, as rés foram vigiadas


em todos os seus passos pelo sistema de câmeras instalado no supermercado
e, como tivessem notado que estavam sendo observadas, desistiram da
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empreitada criminosa, começando a recolocar nas prateleiras do


estabelecimento os bens que haviam pego, tendo sido abordadas ainda no
interior da loja, sem que tivessem rumado ao setor de pagamento. Não teriam
elas, mesmo que tentassem a subtração, o que sequer ocorreu, a mínima
possibilidade de êxito. No caso, sequer há falar em crime impossível, pois tudo
não passou de meros atos preparatórios. O denominado crime impossível só
se configura, consoante o art. 17 do Código Penal, quando houver tentativa, o
que, como já foi dito, sequer ocorreu.

Diante das razões expendidas, concluo que se houve com acerto


a julgadora, ao decidir pela atipicidade do fato, inocorrendo, na espécie, sequer
o denominado crime impossível, ausente até tentativa. Não tinham as rés,
segundo noticiam os autos, sequer dado início ao iter criminis, não se
podendo dizer que já tinham sido praticados atos de execução.

5. Assim, em face do exposto, nego provimento ao apelo


ministerial.

DES. ROQUE MIGUEL FANK (PRESIDENTE E REVISOR) - De acordo.


DES. MARCO ANTÔNIO RIBEIRO DE OLIVEIRA - De acordo.

DES. ROQUE MIGUEL FANK - Presidente - Apelação Crime nº 70013230461,


Comarca de Alvorada: "À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO
APELO."

Julgadora de 1º Grau: FERNANDA AJNHORN

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