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MANUAL DO ARTIGO CIENTÍFICO1

Coordenadora do Curso de Direito:


Mônica Nazaré Picanço

Coordenadora do Programa de TCC:


Carla Cristina Alves Torquato

MANAUS - 2011

1
Este manual teve a colaboração das professoras Márcia Medina e Eliza Luchini e da bibliotecária Marluce
Carvalho em 2008.
ARTIGO CIENTÍFICO

O artigo científico é o resultado de um estudo desenvolvido por meio de uma


pesquisa documental ou experimental. Apresenta e discute idéias de diversas áreas do
conhecimento. Deverá seguir as normas atualizadas da ABNT/NBR 10520.

1. Características básicas de um artigo

Um bom artigo caracteriza-se por sua qualidade, atualidade e cientificidade,


considerando-se :

Clareza: no resumo o leitor deve manter clareza quanto ao objeto abordado no


artigo.

Concisão: o assunto deve ser a tratado com objetividade.

Criatividade: o texto deve ser criativo para chamar a atenção do leitor.

Encadeamento: o texto deve ter uma seqüência lógica entre parágrafos, com início,
meio e fim.

Precisão: as informações devem ser precisas e verdadeiras.

Originalidade: o assunto deve ser tratado de forma original, sem utilização de


palavras rebuscadas.

Extensão: No curso de Direito do Centro Universitário do Norte – UNINORTE


definiu-se, em reunião de Colegiado, que o artigo deverá conter o mínimo de 08 e o
máximo de 12 páginas de TEXTO.

Fidelidade: respeito pelo objeto estudado.

Parâmetros éticos: o plágio, total ou parcial, é proibido sob qualquer justificativa.


Caso seja constatada a presença de plágio pelo professor orientador ou por terceiros,
a qualquer tempo, em qualquer fase da orientação, o orientando será reprovado
sumariamente na disciplina, mesmo que o artigo já tenha sido depositado. Desta
decisão não caberá recurso.
2 ESTRUTURAÇÃO DO ARTIGO

Os Artigos científicos possuem os seguintes elementos: pré-textuais, textuais e pós-textuais.

2.1 Elementos pré-textuais:

Título (e subtítulo se houver): aparece na abertura do artigo, apresenta a idéia geral do tema.

Nome do autor: deve ser acompanhado por breve currículo em nota de rodapé, contendo o
nome da Instituição onde foi realizado o trabalho.

Resumo: elemento obrigatório que apresenta, através de frases concisas, a natureza do


problema, os objetivos, a metodologia e os resultados alcançados. Contém entre 100 e 250
palavras. Não deve conter citações. Deve ser constituído de uma seqüência de orações
concisas e não de uma simples enumeração de tópicos. Deve-se usar os verbos na voz ativa e
na terceira pessoa do singular. O resumo nunca menciona informações ou conclusões que não
estão presentes no texto. Referências bibliográficas não são citadas no resumo.

Palavras-chave: são palavras que descrevem as categorias utilizadas no texto. A quantidade


de palavras a escolher será entre três a cinco em hierarquia (da geral a particular), separadas
por ponto. Aparece logo abaixo do resumo.

2.2 Elementos textuais

Introdução: elemento obrigatório, apresenta o assunto e delimita o tema, analisando o


problema que será investigado. Deve conter o objetivo da pesquisa e a justificativa.

Desenvolvimento: parte principal do artigo, contendo os argumentos pesquisados e idéias de


outros teóricos para fundamentar sua posição. Poderá ou não ser dividido em sessões e
subsessões, conforme indicações e sugestões do orientador quanto à estruturação dos
conteúdos a serem desenvolvidos.

Considerações finais: elemento obrigatório, é a apresentação das conclusões alcançadas. O


autor pode apresentar recomendações e sugestões para trabalhos futuros. Não deve conter
citações, nem apresentar elementos novos. Deve-se sintetizar, arrematando o que foi escrito.
2.3 Elementos pós-textuais

Referências: elemento obrigatório, nome e obra dos autores utilizados na construção do texto
(seguir normas da ABNT/NBR 6023)

Glossário: elemento opcional, quando há necessidade de explicar algumas palavras contidas


no texto.

Apêndices: quando utiliza outros elementos elaborados pelo próprio autor.

Anexos: elemento opcional, comprovações e ilustrações (mapas, documentos, fotografias).

2.4. Tamanho das fontes e espaçamento:

1. O padrão da folha é A4. O tipo de letra deve ser times new roman ou arial, tamanho 12.

2. As margens devem ter as seguintes medidas: 3,0 cm (superior); 2,0 cm (inferior); 3,0 cm
(esquerda); 2,0 cm (direita).

3. O espaçamento interlinear deve ser 1,5 e sem espaçamento entre parágrafos. Exceto nas
citações longas (ABNT: NBR 10520).

4. Títulos e Subtítulos: Os títulos devem ser escritos em letras maiúsculas, em negrito e os


subtítulos em minúsculos. O espaçamento entre títulos e subtítulos deve ser duplo. Ambos
vêm de forma contínua no texto, sem que haja necessidade de que os mesmos venham em
folhas separadas.

5.No título do artigo (em letras maiúsculas): 14

6.No nome do(s)autor(es): 10

7. Na titulação e informações do orientador e orientando (nota de rodapé): 10


8. No resumo: espaçamento entre linhas simples; tamanho da fonte 10; com parágrafo
justificado.

9. Nas palavras-chave: fonte 10, parágrafo justificado.

10. Na redação do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão): 12; com espaçamento


1,5.

11. Nas citações longas: 10 (ABNT: NBR 10520).

12.Nas referências: colocar em ordem alfabética, fonte 12. (ABNT: NBR 6023).

13.A paginação é de forma contínua e seqüencial na margem direita superior das folhas em
arábico, (exceto a primeira página, a qual não contém número).
ANEXO
Exploração do Trabalho infantil: Uma abordagem da proteção
aos direitos da criança e do adolescente 2

Katlen Wakim Hanna Wakim3

RESUMO

No Brasil, em face da miséria absoluta de grande parte da população, o trabalho precoce é uma prática comum.
No Estado do Amazonas e de modo particular, na cidade de Manaus a realidade não se configura diferente. O
objetivo geral da pesquisa foi discorrer sobre o ordenamento jurídico de proteção aos direitos da criança e do
adolescente no que se refere ao trabalho infantil. Para alcançar este objetivo foram traçados os seguintes
objetivos específicos: conhecer o ordenamento positivo de proteção dos direitos que amparam crianças e
adolescentes, bem como identificar os projetos que visam à erradicação do trabalho precoce. Quanto à
metodologia, trata-se ao mesmo tempo de uma pesquisa bibliográfica e documental. Bibliográfica, pois se
recorreu à consulta e leitura de obras sobre o direito de crianças e adolescentes. E documental, pois foram
efetuados levantamentos no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI realizado pela Secretaria
Municipal da Infância e da Juventude (SEMINF) em Manaus. Ao final da pesquisa pode-se detectar que embora
exista um amparo legal fundamentado na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), no Brasil, no Amazonas e em Manaus, estão sendo violados alguns dos direitos de crianças e
adolescentes no que se refere às formas de exploração do trabalho infantil. Logo, deve-se ampliar a cobertura
dos agentes do Ministério do Trabalho encarregados do combate ao trabalho infantil e punir com rigor os
empresários que contratam mão-de-obra infanto-juvenil.

Palavras-chave: Trabalho Infantil. Exploração. Proteção aos direitos.

1 INTRODUÇÃO

A exploração do trabalho infantil constitui-se no objeto de estudo deste artigo. No


mundo todo, o trabalho infantil tem sido encarado como uma questão social a ser enfrentada
por meio de ações imediatas e concretas que conduzam à sua prevenção e definitiva
erradicação.
No Brasil, em face da miséria absoluta de grande parte da população, o trabalho
precoce é uma prática comum. No Estado do Amazonas e de modo particular, na cidade de

2
Artigo apresentado ao Centro Universitário do Norte (UNINORTE) como requisito parcial para obtenção do
Grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Profº. Esp. Dougllas Krishna de Lima Abreu
(douglasabreu@hotmail.com; dabreu@interlins.com.br). Manaus/AM, junho de 2007.
3
Aluna finalista do Curso de Direito – UNINORTE (katlenwakim@htomail.com).
Manaus a realidade não se configura diferente.
A exploração do trabalho infantil, a que crianças e jovens são submetidas, deixa
marcas para o resto de suas vidas. Para essas crianças e adolescentes, a sina diária é trabalhar
sob qualquer condição, enfrentando o cansaço, a fome, e algumas vezes a mutilação e o
abandono. Para essas pessoas, não existem livros, cadernos, brincadeiras ou sonhos. Não
podem aprender a ler e a escrever e nem tem direito ao recreio da escola. Fazem suas
refeições, em meio a fuligem, rapidamente, pois não se podem perder tempo. Ficam proibidos
os risos, as molecadas e as algazarras, comuns nessa idade.
No mundo onde prevalece a exploração do trabalho infantil, o importante é a
produção, que irá se trocar, às vezes por quase nada e recomeçar tudo no outro dia. Educação
e brincadeiras não entram nesse mundo. Em vez de ser preparadas para segurar o lápis, as
pequenas mãos dessas crianças e jovens carregam pás, enxadas, foices, desproporcionais à sua
força.
Nesse artigo, buscou-se responder ao problema delimitado na seguinte questão: Qual o
ordenamento jurídico brasileiro de proteção aos direitos da criança e do adolescente no que se
refere ao trabalho infantil? A hipótese da pesquisa parte da seguinte premissa: O ordenamento
jurídico pátrio está aparatado legalmente para garantir os direitos das crianças e adolescentes,
protegendo sua sobrevivência em condições satisfatórias ao total desenvolvimento físico e
psicológico. Contudo, as peculiaridades brasileiras revelam um paradoxo em que crianças e
adolescentes trabalham em busca do seu sustento que é a base para a sua sobrevivência.
Podem-se justificar as razões que levaram a escolha do tema e a relevância da pesquisa
em duas esferas: para o curso de Direito e outro na esfera social, por meio da importância da
discussão relatada pela literatura.
No contexto da relevância acadêmica, uma razão fundamental motiva a realização de
trabalhos como este: a necessidade de transformação do pensamento dos futuros operadores
do Direito. Diante da realidade social existente, são necessárias mudanças no processo de
aplicação da lei punindo os transgressores do trabalho de crianças e adolescentes, garantindo a
sobrevivência de crianças e adolescentes e ao mesmo tempo contribuir para a erradicação da
exploração do trabalho de crianças e jovens.
Na esfera social, pode-se destacar que o tema assumiu grande evidência na mídia no
final do século XX e início do XXI, com a revelação de uma dura realidade de crianças e
adolescentes, que em virtude da fome e da miséria a que são submetidas tornam-se
precocemente mão-de-obra produtiva, barata ou em situação análoga a escrava.
Diante do exposto é que o tema reveste-se da relevância necessária para ser discutido
em nível acadêmico e social, sendo uma questão de fundamental importância, a busca de um
novo horizonte, que começa com o efetivo respeito aos direitos essenciais dos cidadãos,
erradicando o trabalho precoce e em condições de crianças e adolescentes, que vivem a dura
realidade da miséria.
O objetivo geral da pesquisa foi discorrer sobre o ordenamento jurídico brasileiro de
proteção aos direitos da criança e do adolescente no que se refere ao trabalho infantil. Para
alcançar este objetivo foram traçados os seguintes objetivos específicos: conhecer o
ordenamento positivo pátrio de proteção dos direitos que amparam crianças e adolescentes,
bem como identificar os projetos que visam à erradicação do trabalho precoce.
Quanto à metodologia, trata-se ao mesmo tempo de uma pesquisa bibliográfica e
documental. Bibliográfica, pois se recorreu à consulta e leitura de obras sobre o direito de
crianças e adolescentes. E documental, pois foram efetuados levantamentos no Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil – PETI realizado pela Secretaria Municipal da Infância e da
Juventude (SEMINF) em Manaus.

2 PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE

Antes de se discorrer sobre o ordenamento jurídico brasileiro, no que se refere à


proteção aos direitos da criança e do adolescente quanto ao trabalho infantil, é importante
salientar que, embora não seja o objeto de estudo, a proteção em nível internacional, faz-se
mister fazer uma breve contextualização dos documentos internacionais de proteção à criança
e ao adolescente.

2.1 As Medidas de Proteção em Âmbito Internacional

A necessidade de proporcionar proteção à Criança, primeiramente foi enunciada na


Declaração de Genebra sobre os Direitos da Criança, de 1924, e na Declaração sobre os
Direitos da Criança, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro
de 1959, e reconhecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos, de 1966 (arts. 23 e 24), no Pacto Internacional de
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, também de 1966 (art. 10), bem como nos estatutos
e instrumentos relevantes das agências especializadas e organizações internacionais que se
dedicam ao bem estar da criança4.
No que se refere especificamente às medidas protetivas referentes ao trabalho infanto-
juvenil, um das principais organizações que contribuiu para a concretização dessas medidas
foi a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em decorrência desse fato, antes de se
listar as principais medidas protetivas em âmbito internacional faz-se necessário descrever
como surgiu essa organização.
Logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em 25 de janeiro de 1919, instalou-
se a Conferência da Paz, no Palácio de Versalhes, nas cercanias de Paris. A Comissão de
Legislação Internacional do Trabalho, criada com a finalidade de realizar estudos acerca de
uma regulamentação básica para as relações internacionais de trabalho, após 35 sessões,
concluiu, em 24 de março, o projeto para o qual fora incumbida, que, com pequenas
alterações, foi aprovado pela Conferência e passou a constituir a Parte XIII do Tratado de
Versalhes, cujo texto completo foi adotado em 6 de maio de 19195.
Assim nascia a OIT, inquestionavelmente um dos mais importantes fatores de
transformação e solidificação do Direito do Trabalho no mundo e da consagração de uma
nova fase de sua autonomia e sistematização.
As ações da OIT, a partir de então, representaram uma ruptura com a desapiedada
exploração do trabalho humano decorrente do liberalismo, sendo direcionadas para o
fortalecimento de uma legislação tuitiva, voltada para a dignificação do ser humano pelo
trabalho6.
Bom que se diga que o Tratado de Versalhes, no art. 427, estabeleceu, dentre outras
coisas, como de importância capital: “A supressão do trabalho das crianças e a obrigação de
impor aos trabalhos dos menores de ambos os sexos as limitações necessárias para permitir-
lhes continuar sua instrução e assegurar seu desenvolvimento físico” 7.
E desde a sua instalação, a OIT tem dedicado especial atenção à questão do trabalho e
formação profissional do adolescente, preconizando, igualmente, a erradicação do trabalho
infantil e procurando universalizar a idade mínima para o ingresso no mercado de trabalho.
Pela OIT, existem inúmeras normas editadas sobre o tema, com destaque para cerca de 21

4
ALBERNAZ JÚNIOR, Victor Hugo; FERREIRA, Paulo Roberto Vaz. Convenção sobre os Direitos da
Criança. Disponível em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/direitos/tratado11.htm>
Acesso em: 25 jun. 2007, p.1-2.
5
SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito Internacional do Trabalho. 3 ed. São Paulo: LTr, 2000, p.99-101.
6
OLIVA, José Roberto Dantas. O princípio da proteção integral e o trabalho da criança e do adolescente no
Brasil. São Paulo: LTR, 2006, p.54.
7
CINTRA, José Claret Leite. Normativa Internacional e Legislação Nacional sobre o trabalho da criança e
do adolescente. Lorena: CCTA. 2003, p.19.
(vinte e uma) Convenções que foram ratificadas pelo Brasil e em vigor no País 8.
No que se refere especificamente à prevenção e definitiva erradicação do trabalho
infantil, as duas principais normas existentes são as Convenções n. 138 e n. 182, como a
seguir elencadas9.
- Convenção n. 138, aprovada na 58ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho,
realizada em Genebra, em 1973. Trata da idade mínima para admissão em emprego. Entrou
em vigor, no plano internacional, em 19.6.1976. Referida convenção considerou as
disposições contidas em todas as anteriores que estabeleciam idades mínimas para
determinados setores econômicos, com a finalidade de adotar um instrumento geral sobre a
matéria, com vista à total abolição do trabalho infantil.
A Convenção n. 138 prescreveu a adoção, por todo País-Membro que a ratifique, de
uma idade mínima para admissão a emprego ou trabalho, não inferior à idade de conclusão da
escolaridade compulsória ou, em qualquer hipótese, não inferior a quinze anos.
Fixou, ainda, em 18 anos, a idade mínima para admissão a qualquer tipo de emprego ou
trabalho que, por sua natureza ou circunstâncias em que for executado, possa prejudicar a
saúde, a segurança e a moral do jovem. Foi aprovada pelo Brasil pelo Decreto Legislativo n.
179, de 15 de dezembro de 1999.
- Convenção n. 182, aprovada em 1 de junho de 1999, por 415 votos a favor, nenhum
contra e nenhuma abstenção. Trata da proibição das piores formas de trabalho infantil e a ação
imediata para sua eliminação. No Brasil, foi aprovada pelo Decreto Legislativo n. 178, de 15
de dezembro de 1999. Foi ratificada em 2 de fevereiro de 2000 e promulgada pelo Decreto n.
3.597, de 12 de setembro do mesmo ano.
As Convenções ns. 138 e 182 da OIT são importantes instrumentos do Direito
Internacional do Trabalho, incorporados ao ordenamento jurídico interno, para a efetivação da
proteção integral da criança e do adolescente.
A legislação pátria é uma das mais avançadas do mundo. Mas apenas leis não são
suficientes. Há a necessidade de implementação de políticas públicas eficientes e da
consolidação de uma rede nacional de prevenção e erradicação do trabalho infantil e de
proteção ao trabalhador adolescente. Algumas iniciativas, incipientes, é verdade, têm sido
tomadas, muito mais voltadas para a identificação do que para o combate ao trabalho
infantil10.

8
OLIVA, op.cit. p.54.
9
Idem, p.57-58.
10
OLIVA, op.cit. p.140.
2.2 As Medidas de Proteção em Âmbito Nacional

No ordenamento jurídico brasileiro, os dois principais instrumentos de medidas de


proteção à criança e ao adolescente, são a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). No entanto, é importante que se faça menção a atuação do Ministério
Público do Trabalho e que atua em parceria com a Justiça do Trabalho.

2.2.1 Constituição Federal

De forma proeminente, consagrou a Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro


de 1988, a Proteção Integral das crianças e adolescentes como um dos seus princípios
basilares (art. 227). A educação, direito de todos e dever do Estado e da família (art. 205),
passou a ter, como uma de suas metas, a “formação para o trabalho” (art. 214, IV)11.
Além disto, no inciso XXX do art. 7º exaltou a Carta de 1988 a “proibição de diferença
de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor
ou estado civil”. E ampliou novamente para 14 anos, no inciso XXXIII do mesmo artigo, a
idade mínima para o trabalho. Eis a redação original do referido inciso in verbis:

XXXIII — proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de


dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de
aprendiz12.

No que se refere ao menor aprendiz, é importante salientar que a idade que


anteriormente era de 18 anos foi alterada para 24 anos, pela Medida Provisória n. 251, de 14
de Junho de 2005, convertida em Lei n. 11.180, de 23 de setembro de 2005 que institui o
Projeto Escola de Fábrica, autoriza a concessão de bolsas de permanência a estudantes
beneficiários do Programa Universidade para Todos (PROUNI), institui o Programa de
Educação Tutorial (PET), altera a Lei n. 5.537, de 21 de novembro de 1968, e a Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT)13.
Hoje por força desta Lei, o contrato de aprendizagem é assegurado ao maior de 14
(quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem
formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral
11
OLIVA, op.cit, p.75.
12
TÁCITO, Caio. Constituições Brasileiras: 1988. 4. ed. Coleção, Constituições Brasileiras; v. 7. Brasília:
Senado Federal e Ministério da Ciência e Tecnologia, Centro de Estudos Estratégicos, 2003, p.380.
13
DJI. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.dji.com.br/decretos_leis/1943-
005452-clt/clt424a433.htm> 2007, p.1.
e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa
formação.

2.2.2 Estatuto da Criança e do Adolescente – (ECA)

A Lei 8.069/90 que instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não só


promoveu mudanças de conteúdo, método e gestão no panorama legal e nas políticas públicas
que tratam dos direitos da criança e do adolescente, constituindo-se num novo mecanismo de
proteção, como também criou um sistema abrangente e capilar de defesa de direitos, inclusive
no que se refere ao trabalho.
Conforme preceitua o art. 64 do ECA, ao adolescente até quatorze anos de idade é
assegurada bolsa de aprendizagem proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir dos quatorze anos, conforme o Art. 7º inciso XXXII da Constituição, com
nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 20, de 16/12/1998.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem sido bastante atuante no que se refere à
erradicação do trabalho de crianças e adolescentes no mundo e tem sido muito importante a
sua contribuição neste sentido, o que pode ser comprovado pela Declaração Universal dos
Direitos da Criança. Esta Declaração foi adotada pela Assembléia das Nações Unidas de 20 de
Novembro de 1959 e ratificada pelo Brasil por meio do art. 84, inciso XXI, da Constituição
Federal, e tendo em vista o disposto nos arts. 1º da Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935, e 1º do
Decreto nº 50.517, de 2 de maio de 1961.
De acordo com o exposto no ECA14, a Assembléia Geral das Nações Unidas proclama
esta Declaração dos Direitos da Criança, visando que a criança tenha uma infância feliz e
possa gozar, em seu próprio beneficio e da sociedade, os direitos e as liberdades aqui
enunciados e apela a que os pais, os homens e as mulheres em sua qualidade de indivíduos, e
as organizações voluntárias, as autoridades locais e os Governos nacionais reconheçam estes
direitos e se empenhem pela sua observância mediante medidas legislativas e de outra
natureza, progressivamente instituídas.
Segundo afirma Schwartzman, “a exploração do trabalho de crianças e adolescentes é
uma prática que precisa ser coibida. No entanto, os números globais apresentados nas
estatísticas disponíveis cobrem situações muito distintas, que vão das formas mais abjetas de
exploração à participação limitada ou ocasional de crianças e adolescentes em atividades da
14
ECA. Estatuto da Criança e do Adolescente. Prefeitura Municipal de Manaus: SEMINF, 2005, p.61-62.
família que não são necessariamente prejudiciais”15.
Na realidade elas cobrem tanto situações em que o trabalho impede que a criança ou
adolescente estudem, quanto situações em que ele proporciona uma ocupação para os que, por
várias razões, abandonaram a escola, o que pode ser uma situação melhor do que a
desocupação pura e simples, sobretudo para os adolescentes.

2.2.3 Atuação do Ministério Público do Trabalho

Segundo o site16 do Ministério Público do Trabalho – MPT (2007), essa instituição


trata-se de um dos ramos do Ministério Público da União, que também compreende o
Ministério Público Federal, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios.
O Ministério Público do Trabalho atua em parceria com Justiça do Trabalho, emitindo
pareceres nos processos judiciais e atuando na defesa dos direitos difusos, coletivos e
individuais, indisponíveis oriundos das relações de trabalho. No entanto, as atuações
prioritárias da instituição são direcionadas a erradicação do trabalho infantil e do trabalho
escravo, o combate às fraudes nas relações de trabalho (falsas cooperativas, terceirizações
ilícitas, estágios dissimulados, transformação de pessoa física em pessoa jurídica, dentre
outros), combate às irregularidades trabalhistas na Administração Pública, combate à
discriminação nas relações de trabalho e defesa do meio ambiente do trabalho17.
A Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), órgão do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) baixou a Instrução Normativa n. 54, em 20 de dezembro de 2004,
estabelecendo novas diretrizes para a atuação dos Grupos Especiais Móveis de Combate ao
Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador e também das Delegacias Regionais
do Trabalho, no que pertine ao mesmo tema. Relatórios e imagens das ações fiscais serão
produzidos e encaminhados à Procuradoria Geral do Ministério Público do Trabalho,
Secretaria Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (SNAS/MDS), Coordenação de Apoio Operacional da Infância e da
Juventude do Ministério Público Estadual e Delegacia Regional do Trabalho da circunscrição
do município em que atuou o Grupo Móvel, para as providências que, no âmbito das

15
SCHWARTZMAN, Simon. Trabalho infantil no Brasil. Brasília: Organização Internacional do Trabalho,
2001, p.1-2.
16
<http://www.mpt.gov.br/>
17
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. Diagnóstico do Ministério Público do Trabalho. P.23. Disponível
em: <http://www.mj.gov.br/reforma/pdf/publicacoes/diagnostico_MPT.pdf>Acesso em: 27 jun. 2007.
respectivas competências, forem cabíveis18.

3. O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL – PETI

Não restam dúvidas de que no Brasil, dentre os grandes desafios a serem superados está
a erradicação do trabalho de crianças e adolescentes, presente no cotidiano das crianças e
adolescentes dos campos e das cidades, pois o aumento do desemprego estrutural, ocorrido
em grande escala na última década do século XX, suprimiu das crianças a fase fundamental
de sua formação para a vida adulta, o direito à infância e aos primeiros anos escolares. Como
bem coloca Hilbig19, os esforços no sentido de eliminar o trabalho de crianças e adolescentes
têm data recente. Só a partir do fim da década de 80 foram aprovadas medidas jurídicas,
políticas e sociais no campo nacional e internacional.
O mais importante nessas novas leis é que estas tinham por objetivo não apenas
combater o trabalho de crianças e adolescentes com sua proibição, mas reconheciam a
cidadania das crianças e dos jovens. Com isso eles se tornam sujeitos de seus próprios atos
com direitos a serem defendidos. O trabalho infantil torna-se, então, uma questão de Direitos
Humanos.
A Constituição Federal, no art. 7º, inciso XXXIII, proíbe em geral o trabalho para as
pessoas que são menores de 16 anos, enquanto que para os demais a proibição é limitada para
algumas formas de trabalho.
Schwartzman destaca que ainda que a legislação brasileira restrinja o trabalho de
crianças e adolescentes, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), anualmente
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é a principal
pesquisa sócio-econômica do país, estimava a existência de cerca de 6.263 milhões de
crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos de idade ocupadas em atividades econômicas ao
longo do ano de 200120.
Ainda de acordo com dados do autor supra citado, além destas, haviam 280 mil crianças
entre 5 e 9 anos de idade também trabalhando de alguma forma. De acordo com a legislação
existente, trabalho infantil é aquele exercido por qualquer pessoa abaixo de 16 anos de idade.
A legislação brasileira, de acordo com a Emenda Constitucional nº. 20 aprovada em 16 de
dezembro de 1998, proíbe o trabalho a crianças e adolescentes menores de 16 anos,

18
OLIVA, op. cit., p. 153-154.
19
HILBIG, Sven. Trabalho Infantil no Brasil: dilemas e desafios. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/denunciar/brasil_2001/cap4_trabalho_infantil.htm> Acesso em: 14 maio, 2007, p.2.
20
SCHWARTZMAN, op.cit., p.2.
permitindo, no entanto, o trabalho a partir dos 14 anos de idade, desde que na condição de
aprendiz.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na publicação intitulada Cartilha
do PETI21, trata-se de um programa de transferência direta de renda do governo federal para
famílias de crianças e adolescentes envolvidos no trabalho precoce e tem objetivo eliminar,
em parceria com os diversos setores dos governos estaduais e municipais e da sociedade civil,
o trabalho infantil em atividades perigosas, insalubres e degradantes.
O público-alvo do PETI são famílias com crianças e adolescentes na faixa etária dos 7
aos 15 anos envolvidos em atividades consideradas como as piores formas de trabalho
infantil. Essas atividades foram regulamentadas pela Portaria nº 20, de 13 de setembro de
2001, da Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego. Entre
elas, podem ser citadas as atividades em carvoarias, olarias, no corte de cana-de-açúcar, nas
plantações de fumo e lixões22.
Ainda conforme dados divulgados na Cartilha do PETI, o benefício destina-se,
prioritariamente, às famílias atingidas pela pobreza e pela exclusão social, com renda per
capita de até meio salário mínimo, com filhos na faixa etária supra citada e que trabalham em
atividades dessa natureza.
O PETI concede uma bolsa às famílias desses meninos e meninas em substituição à
renda que traziam para casa. Em contrapartida, as famílias têm que matricular seus filhos na
escola e fazê-los freqüentar a jornada ampliada que é uma ação sócio–educativa que acontece
em período complementar a escola de 2ª à 6ª feira com 4 (quatro) horas diárias com diversas
atividades articuladas entre si, tais como: reforço escolar, atividades culturais, artísticas,
esportivas e lúdicas. O programa funciona nos Estados, por intermédio dos seus órgãos
gestores de Assistência Social, realizam levantamento dos casos de trabalho infantil que
ocorrem em seus municípios23.
Esse levantamento é apresentado às Comissões Estaduais de Erradicação do Trabalho
Infantil para validação e estabelecimento de critérios de prioridade para atendimento às
situações de trabalho infantil identificadas, como, por exemplo, o atendimento preferencial
dos municípios em pior situação econômica ou das atividades mais prejudiciais à saúde e
segurança da criança e do adolescente.

21
BRASIL. Cartilha do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Brasília: Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, 2004, p.3.
22
BRASIL, op.cit., p.3.
23
BRASIL, op.cit., p.5.
4 A ATUAÇÃO DA SEMINF: O PETI NO AMAZONAS E EM MANAUS

As ações da Secretaria Municipal de Infância e Juventude - SEMINF têm como alvo a


seguinte parcela da população de Manaus: crianças e adolescentes vítimas de abandono;
crianças e adolescentes vítimas de abuso, negligência e maus tratos; crianças e adolescentes,
que fazem das ruas seu espaço de luta pela vida e, até mesmo, de moradia; crianças e
adolescentes vítimas de exploração do trabalho infantil; crianças e adolescentes vítimas de
exploração sexual e outras que impliquem em ameaça ou violação de direitos e com prejuízos
da integridade física, psicossocial ou moral de crianças e adolescentes.
Segundo informações da SEMINF apud Carvalho, mais de 18 mil crianças em todo o
Estado trabalham. Em Manaus, o número de crianças nesta situação é de mais de quatro mil,
de acordo com a Coordenadora da Seção de Erradicação do Trabalho Infantil da SEMINF24.
Os tipos de atividade que mais agregam o trabalho de crianças em Manaus são: vendas
(de picolé, bombons, etc), catalixo pedintes, aviões (crianças exploradas pelo tráfico de
drogas), exploração sexual e trabalhos domésticos. As crianças exploradas, geralmente, são de
famílias sem condições financeiras25.
Para combater a exploração do trabalho infantil a SEMINF tem dois programas de
bolsas nos quais os pais se comprometem a fazerem com que as crianças freqüentem as aulas.
A intenção é trazer as crianças de volta para a escola e atividades normais de sua idade. As
bolsas são disponibilizadas pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), do
Governo Federal, e o Bolsa-Escola Municipal. O valor das bolsas é, respectivamente, R$ 40 e
R$ 45 e só pode participar quem tem necessidade26.
A legislação permite que adolescentes a partir de 14 anos trabalhem como aprendizes.
Eles não podem sofrer prejuízo nas aulas, por isso trabalham quatro horas por dia27. Conforme
informações do chefe de seção de mobilização social e educação da Secretaria 28, campanhas
para conscientizar a população sobre a importância de erradicar a exploração do trabalho
infantil são constantemente realizadas pela SEMINF.
Segundo Carvalho, a Coordenadora da Seção de Erradicação do Trabalho Infantil da

24
Srª. Ivanilda Santa Brígida Ferreira. A questão foi debatida, dia 22/11/2005 no Fórum Permanente de
Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil. A coordenadora destacou que o número relacionado à Manaus
pode ser ainda maior. “Com certeza é maior. Esse é o número de crianças que temos conhecimento” apud
CARVALHO, Rosiene. Mais de 18 mil crianças trabalham no AM. In: Jornal Diário do Amazonas. Caderno
Cidades. p.1, 23/11/05.
25
CARVALHO, op.cit. p.1.
26
Idem, Ibidem.
27
O disque-denúncia da exploração do trabalho infantil funciona pelo telefone 0800-921407.
28
Redivaldo Bezerra apud CARVALHO, op.cit.p,1.
SEMINF29, informou que a atividade mais difícil de ser conscientizada é a do trabalho
doméstico, uma vez que a resistência acontece na própria família. Os pais acham que a
criança tem a obrigação de cuidar da casa e dos irmãos mais novos. No entanto, executar
atividades domésticas sem ser como obrigação não é nocivo para as crianças.
A campanha “Criança sempre Criança”, que começou no dia 3 de novembro de 2005
em Manaus, orienta os motoristas quanto aos os prejuízos de doar dinheiro a crianças nos
semáforos. Os programas da SEMINF visam retirar as crianças exploradas desta situação.

As ruas causam danos e perda da sensibilidade das crianças. Elas ficam sujeitas a
todo tipo de mazela. Dar dinheiro nas ruas estimula o aumento de crianças pedintes.
Estamos tentando levar essa conscientização. As pessoas dão por pena, mas estão
fazendo um mal. Os agentes da secretaria já atuaram em eventos no interior e
também no Boi Manaus. Procuramos estar nos locais onde há crianças pedintes,
como praça do Eldorado, praça do Dom Pedro e Ponta Negra (REDIVALDO
BEZERRA apud CARVALHO, 2005, p.1).

Na entrevista concedida a Carvalho e publicada no Jornal Diário do Amazonas, a


coordenadora do fórum de erradicação do trabalho infantil e representante da Delegacia
Regional do Trabalho (DRT), enfatizou que só a educação pode mudar a situação atual. Os
adultos e os jovens precisam estar informados sobre os males que o trabalho infantil acarreta.
É importante destacar que atualmente o PETI, dentro da estrutura da SEMINF virou
uma seção, denominada de Seção do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI
que faz parte do Departamento de Integração Social da Criança e do Adolescente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final do trabalho pôde-se constatar que embora exista um amparo legal


fundamentado na Constituição Federal, e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
bem como em outros Tratados como a Convenção sobre os Direitos da Criança, no Brasil, no
Amazonas e em Manaus, estão sendo violados alguns dos direitos de crianças e adolescentes
no que se refere às formas de exploração do trabalho infantil.
Os documentos referentes à proteção integral da infância e Juventude contrastam com a
situação de lamentável desrespeito dos direitos básicos das crianças e jovens. Logo, deve-se
ampliar a cobertura dos agentes do Ministério do Trabalho encarregados do combate ao
trabalho infantil.
Além disso, deve-se ainda punir com rigor os empresários que contratam mão-de-obra
29
Ivanilda Santa Brígida Ferreira apud CARVALHO, op.cit.p,1.
de crianças e adolescentes e destinar os recursos provenientes das multas aos fundos
municipais visando o desenvolvimento de programas locais de erradicação do trabalho
infantil. O Estado, que é incumbido de prestar assistência integral à criança, deve, de fato,
intervir com mais rigor na questão da proteção integral à criança e ao adolescente.
Com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o número de crianças e jovens
retirados do trabalho é expressivo em Manaus, de acordo com dados da SEMINF, cerca de
1.456 famílias são beneficiadas pelo programa. No entanto, está muito aquém das
necessidades, deixando de fora um grande número de beneficiários potenciais, haja vista que
existem mais de 4 mil de crianças e adolescentes trabalhando.
Apesar das limitações e desafios, o PETI conduzido pela SEMINF tem alcançado bons
resultados. A concepção do Programa é afinada com a garantia de direitos e sintonizada com
as tendências gerenciais no campo social, ao priorizar a eficiência, a articulação de parcerias,
a participação popular e a dimensão emancipatória das ações realizadas, comprometidas com
os princípios da cidadania, da equidade e da autonomia. O tema da erradicação do trabalho
infantil está na agenda do município de Manaus.
O PETI em Manaus está aquém das necessidades, diante do grande número de crianças
que trabalham e que não são beneficiadas, o que pode suscitar em mudanças na metodologia
do cadastramento e a definição de critérios cada vez mais refinados para escolher entre as
famílias em situação de extrema pobreza, com crianças em ocupações adversas, aquelas em
pior situação. Verifica-se que o recebimento da bolsa não é suficiente para combater o
trabalho infantil, apenas contribui para que a criança permaneça na escola durante certo
período. A indignação contra o trabalho infantil deve motivar a lutar contra essa forma de
exploração. Afinal, criança não gosta de trabalhar, não quer esmola, ela quer brincar e precisa
estudar. Mesmo sem atuar diretamente, a criança só quer que se cumpra a proteção integral a
ela conferida pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

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