eles retornassem para o território brasileiro, tal grupo não seria punido de acordo com as
normas brasileiras, mesmo existindo o princípio da Justiça Universal e da
Extraterritorialidade Condicionada, uma vez que em nossos dois dispositivos legais
existentes sobre o tema, ou seja, as Leis citadas acima, não há a descrição da conduta
típica punível, portanto “não há crime sem lei anterior que o defina”. Logo tal grupo,
iria ser punido apenas no exterior onde possui lei anti-terrorismo.
Não há possibilidade de lutar contra possíveis ataques terroristas apenas
com o direito Penal. A questão que se torna relevante não é a luta contra o terrorismo ou
sua repressão e sim a prevenção. No Código Tributário Nacional não há normas que
regulem prevenção terrorista, no Brasil é cobrada a responsabilidade de se ter uma
atuação efetiva contra o terrorismo, uma vez que este pode ser alvo estratégico de grupo
desta ordem, pelo fato de existirem embaixadas americanas em nosso território, não
estando isento assim de ataques ou atentados.
De acordo com informações da Agência Brasileira de Terrorismo, o
orçamento brasileiro corresponde a cerca de apenas 50% do que seria tido como o ideal.
E sem orçamento adequado, a ação preventiva não pode ser concretizada.
Vale ressaltar que o terrorismo não vigora somente onde prevalece a
arrogância ou ambição de uma nação, em que a imposição pseudo-cultural e a quebra de
um regime coadunam-se com o intuito do enriquecimento da nação impositora. No
âmbito nacional, as estruturas sociais se desintegram a cada dia, através da corrupção,
nepotismo, evasão de divisas, desvios de verbas, negligência, crimes fiscais,
impunidade, injustiça, entre outros.
No que concerne ao discurso humanitário, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948), introduziu mundialmente, através de guerras a precedentes
históricos, uma imagem inédita de cidadania a igualdade, garantindo a prevalência de
tutelas constitucionais nas possíveis Constituições dos países da atualidade, conferindo
à pessoa humana garantias fundamentais, compondo-se de direitos civis e políticos (arts.
3º a 21), bem como direitos sociais, econômicos e culturais (arts. 22 a 28).
Segundo Norberto Bobbio (1992) “os direitos humanos nascem como
direitos naturais universais, desenvolvem-se como direitos positivos particulares
(quando cada Constituição incorpora Declarações de Direitos) para finalmente encontrar
a plena realização como direitos positivos universais”.
Hodiernamente, a defesa da liberdade conjuga-se com a utopia de
igualdade, o que não condiz com as políticas públicas que os governos adotam em
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concepção de que o direito é uma ciência criada para disciplinar as relações e a vida dos
indivíduos, sejam eles de direito público ou privado (Regina Beatriz Tavares da Silva
APUD Alvino Lima).
Apesar da definição de ato ilícito brotar a partir da omissão ou ação
voluntária, ao se expor a responsabilidade, vai-se alem do que se previa como ilicitude,
estendendo-se, por bem, a mera possibilidade dos direitos alheios serem feridos, ou seja,
bastando que a ação, ou omissão, seja potencialmente arriscada a outrem, ressaltado o
fato de que a culpa e o risco se completam pela finalidade da reparação (Washington de
Barros Monteiro, 2007).
Regina Beatriz Tavares da Silva (2008) defende o caráter genérico destas
normas, que dispõem responsabilidade civil e ato ilícito, para a maior aplicabilidade
possível dos direitos comuns e humanos, extraindo da lei o máximo de seus preceitos.
Salienta ainda a importância de desta responsabilidade, que tange toda a extensão legal,
sendo a égide do ramo cível, mas permeando todos os outros ramos, tanto de natureza
privada quanto pública, por tratar-se da proteção ao direito da pessoa em suas mais
variadas relações.
O terrorismo viola vários direitos básicos da essência da dignidade da
pessoa humana e grande exemplo disso foram as violações cometidas na base militar de
Guantánamo, na ilha ditatorial de Fidel Castro (Cuba), onde inúmeros prisioneiros de
guerra norte-americanos foram impiedosamente torturados, física e psicologicamente.
Sem falar no cerne dessas atrocidades, nas guerras contra o terror, onde milhares de
civis inocentes ficam no meio do fogo cruzado e têm suas moradias implodidas com
bombas e tiros, o que fere totalmente o direito à moradia e, principalmente, o direito à
vida.
É possível concluir que o terrorista é, de fato, um criminoso e, por
conseguinte, merece ser punido. Se um cidadão agride a até mesmo mata outro, por
qualquer que seja o motivo, este sofrerá uma pena e deverá cumpri-la de acordo com a
lei. A sociedade clama por justiça e o Estado, através do seu Poder Judiciário, deve
exercer seu papel e fazer valer o que prega nossa Lex Mater. Quando se fala em
terrorismo, concomitantemente se fala em um Estado afetado diretamente, onde a
sociedade não somente irá sentir-se ofendida, como exigirá medidas de segurança e
atitudes severas e eficientes das autoridades.
No entanto, surgem os questionamentos: como punir determinado ato de
terror? Como o Estado deve se defender? Ora, a primeira resposta seria o “contra-
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