Revista
Artigo
Elaborado em 09/2009.
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1. Nota Introdutória:
O presente artigo visa tão-somente introduzir o leitor, ainda que de forma breve e
incipiente, a evolução ou, caso prefiram, mutação, histórica das Constituições
brasileiras, no que concerne ao controle de constitucionalidade, partindo da
Constituição Imperial de 1824 até alcançarmos a Constituição Federal de 1988.
Nesta esteira, importante traçarmos, ainda que brevemente, um paralelo entre o que se
convencionou denominar de Constituições rígidas e flexíveis. Deste modo, salutar
trazer-se à baila escólio do mestre José Afonso da Silva, que em sua clássica obra Curso
de Direto Constitucional Positivo [02] leciona:
Textos relacionados
O sistema das Constituições rígidas assenta numa distinção primacial entre poder
constituinte e poderes constituídos. Disso resulta a superioridade da lei constitucional,
obra do poder constituinte, sobre a lei ordinária, simples ato do poder constituído, um
poder inferior, de competência limitada pela Constituição mesma.
(...)
Primou-se por uma rígida separação de Poderes, tal qual pregado por Montesquieu,
todavia em um modelo não tripartite, mas tetradimensional, nas palavras do Professo
Paulo Bonavides, já que previu a existência do denominado Poder Moderador, o Poder
dos Poderes, que dentre outros deveres, conferia ao Chefe de Estado, o Imperador, a
missão de velar pela manutenção da independência, equilibro e harmonia dos demais
poderes (art. 98, Constituição Imperial).
Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas
dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que
não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas
Legislaturas ordinarias. (grifos nossos)
Vê-se, deste modo, a não adequação do texto de 1824 ao conceito moderno de rigidez
constitucional, bem como a inexistência de lugar, nesse sistema, "para o mais incipiente
modelo de controle judicial de constitucionalidade." [05]
Iniciada a República, desde a sua primeira Constituição (1891), o Brasil passou a adotar
o modelo difuso de controle da constitucionalidade, buscando fundamentos no modelo
norte-americano, "reconhecendo a competência do Supremo Tribunal Federal para rever
as sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, quando se questionasse a
validade ou a aplicação de tratados e leis federais e a decisão do Tribunal fosse contra
ela, ou quando se contestasse a validade de leis ou de atos dos governos locais, em face
da Constituição ou das leis federais, e a decisão do Tribunal considerasse válidos esses
atos ou leis impugnadas (art. 59, §1º, a e b)" [06]:
(...)
§ 1º - Das sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, haverá recurso para o
Supremo Tribunal Federal:
a) quando se questionar sobre a validade, ou a aplicação de tratados e leis federais, e a
decisão do Tribunal do Estado for contra ela;
5. Constituição de 1934:
Não se pode olvidar, ademais, que nessa mesma Carta Política inseriu-se o primeiro
gérmen do controle concentrado de constitucionalidade (art. 12), qual seja, a declaração
de inconstitucionalidade para evitar a intervenção federal ou somente representação
interventiva, cuja legitimidade ativa competia exclusivamente ao Procurador-Geral da
República. Tratava-se de ação que visava condicionar a eficácia da lei interventiva, de
iniciativa do Senado, à declaração de sua constitucionalidade pela Corte Suprema [09].
Art. 96 - Só por maioria absoluta de votos da totalidade dos seus Juízes poderão os
Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato do Presidente da República.
Parágrafo único - No caso de ser declarada a inconstitucionalidade de uma lei que, a
juízo do Presidente da República, seja necessária ao bem-estar do povo, à
promoção ou defesa de interesse nacional de alta monta, poderá o Presidente da
República submetê-la novamente ao exame do Parlamento: se este a confirmar por
dois terços de votos em cada uma das Câmaras, ficará sem efeito a decisão do
Tribunal. (grifos nossos)
7. Constituição de 1946:
(...)
Por fim, digno de registro é o fato de a referida Emenda Constitucional ter consagrado
por meio do art. 124, XIII da Constituição de 1946, a possibilidade de o legislador
estabelecer processo de controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo
municipal em face da Constituição Estadual, cuja competência originária para
julgamento seria do Tribunal de Justiça do respectivo Estado.
Embora, à época, não se tenha chegado a uma conclusão, nem doutrinária, nem no
âmbito do Supremo Tribunal Federal, a discussão em muito contribuiu para a evolução
do modelo de controle concentrado posteriormente adotado com o advento da
Constituição de 1988.
Muitas e poderosas vozes se levantaram para defender tanto um quanto outro ponto de
vista [12], bem como a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal patinou de acordo
com as alterações regimentais operadas:
§ 1º Provocado por autoridade ou por terceiro para exercitar a iniciativa prevista neste
artigo, o Procurador-Geral, entendendo improcedente a fundamentação da súplica,
poderá encaminhá-la com parecer contrário.
Nesse momento histórico, o entendimento, ainda que vacilante, com fulcro
primordialmente na previsão regimental acima transcrita, era o de que o Procurador-
Geral da República não poderia ser tido como o juiz último da constitucionalidade das
leis. Deste modo, deveria, nos casos em que discordasse da solicitação formulada,
apresentar a Representação de Inconstitucionalidade acompanhada de parecer contrário,
ou seja, opinando pela constitucionalidade da lei impugnada.
Nesta seara vê-se com clareza, pelo menos nos dias atuais, que o caráter da
Representação de Inconstitucionalidade, ainda que sua denominação não confirme a
assertiva que a seguir se produzirá, teria caráter dúplice ou ambivalente, servindo tanto
ao propósito da declaração de inconstitucionalidade quanto de constitucionalidade da lei
posta ao exame do Supremo Tribunal Federal.
Alterado o dispositivo inserto no art. 174, § 1º, e passando a viger o art. 169, § 1º na
redação acima reproduzida, o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal
passou a vedar a impetração da Representação de Inconstitucionalidade acompanhada,
ab initio, do parecer em sentido contrário. Todavia, após a sua propositura, muito
embora fosse vedada a desistência, ante o caráter objetivo da demanda, o Procurador-
Geral da República poderia manifestar-se pela sua improcedência.
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1. Nota Introdutória:
O presente artigo visa tão-somente introduzir o leitor, ainda que de forma breve e
incipiente, a evolução ou, caso prefiram, mutação, histórica das Constituições
brasileiras, no que concerne ao controle de constitucionalidade, partindo da
Constituição Imperial de 1824 até alcançarmos a Constituição Federal de 1988.
Nesta esteira, importante traçarmos, ainda que brevemente, um paralelo entre o que se
convencionou denominar de Constituições rígidas e flexíveis. Deste modo, salutar
trazer-se à baila escólio do mestre José Afonso da Silva, que em sua clássica obra Curso
de Direto Constitucional Positivo [02] leciona:
Textos relacionados
O sistema das Constituições rígidas assenta numa distinção primacial entre poder
constituinte e poderes constituídos. Disso resulta a superioridade da lei constitucional,
obra do poder constituinte, sobre a lei ordinária, simples ato do poder constituído, um
poder inferior, de competência limitada pela Constituição mesma.
As Constituições rígidas, sendo Constituições em sentido formal, demandam um
processo especial de revisão. Esse processo lhes confere estabilidade ou rigidez bem
superior àquela que as leis ordinárias desfrutam. Daqui procede pois a supremacia
incontrastável da lei constitucional sobre as demais regras de direito vigente num
determinado ordenamento. Compõe-se assim uma hierarquia jurídica, que se estende da
norma constitucional às normas inferiores (leis, decretos-leis, regulamentos etc.), e a
que corresponde por igual uma hierarquia de órgão.
(...)
Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas
dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que
não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas
Legislaturas ordinarias. (grifos nossos)
Vê-se, deste modo, a não adequação do texto de 1824 ao conceito moderno de rigidez
constitucional, bem como a inexistência de lugar, nesse sistema, "para o mais incipiente
modelo de controle judicial de constitucionalidade." [05]
Iniciada a República, desde a sua primeira Constituição (1891), o Brasil passou a adotar
o modelo difuso de controle da constitucionalidade, buscando fundamentos no modelo
norte-americano, "reconhecendo a competência do Supremo Tribunal Federal para rever
as sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, quando se questionasse a
validade ou a aplicação de tratados e leis federais e a decisão do Tribunal fosse contra
ela, ou quando se contestasse a validade de leis ou de atos dos governos locais, em face
da Constituição ou das leis federais, e a decisão do Tribunal considerasse válidos esses
atos ou leis impugnadas (art. 59, §1º, a e b)" [06]:
(...)
§ 1º - Das sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, haverá recurso para o
Supremo Tribunal Federal:
5. Constituição de 1934:
Não se pode olvidar, ademais, que nessa mesma Carta Política inseriu-se o primeiro
gérmen do controle concentrado de constitucionalidade (art. 12), qual seja, a declaração
de inconstitucionalidade para evitar a intervenção federal ou somente representação
interventiva, cuja legitimidade ativa competia exclusivamente ao Procurador-Geral da
República. Tratava-se de ação que visava condicionar a eficácia da lei interventiva, de
iniciativa do Senado, à declaração de sua constitucionalidade pela Corte Suprema [09].
Art. 96 - Só por maioria absoluta de votos da totalidade dos seus Juízes poderão os
Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato do Presidente da República.
(...)
Por fim, digno de registro é o fato de a referida Emenda Constitucional ter consagrado
por meio do art. 124, XIII da Constituição de 1946, a possibilidade de o legislador
estabelecer processo de controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo
municipal em face da Constituição Estadual, cuja competência originária para
julgamento seria do Tribunal de Justiça do respectivo Estado.
7. Constituição de 1967 e Emenda Constitucional nº 1 de 1969 –
Constituição de 1967/69:
Embora, à época, não se tenha chegado a uma conclusão, nem doutrinária, nem no
âmbito do Supremo Tribunal Federal, a discussão em muito contribuiu para a evolução
do modelo de controle concentrado posteriormente adotado com o advento da
Constituição de 1988.
Muitas e poderosas vozes se levantaram para defender tanto um quanto outro ponto de
vista [12], bem como a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal patinou de acordo
com as alterações regimentais operadas:
§ 1º Provocado por autoridade ou por terceiro para exercitar a iniciativa prevista neste
artigo, o Procurador-Geral, entendendo improcedente a fundamentação da súplica,
poderá encaminhá-la com parecer contrário.
Nesta seara vê-se com clareza, pelo menos nos dias atuais, que o caráter da
Representação de Inconstitucionalidade, ainda que sua denominação não confirme a
assertiva que a seguir se produzirá, teria caráter dúplice ou ambivalente, servindo tanto
ao propósito da declaração de inconstitucionalidade quanto de constitucionalidade da lei
posta ao exame do Supremo Tribunal Federal.
Alterado o dispositivo inserto no art. 174, § 1º, e passando a viger o art. 169, § 1º na
redação acima reproduzida, o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal
passou a vedar a impetração da Representação de Inconstitucionalidade acompanhada,
ab initio, do parecer em sentido contrário. Todavia, após a sua propositura, muito
embora fosse vedada a desistência, ante o caráter objetivo da demanda, o Procurador-
Geral da República poderia manifestar-se pela sua improcedência.
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1. Nota Introdutória:
O presente artigo visa tão-somente introduzir o leitor, ainda que de forma breve e
incipiente, a evolução ou, caso prefiram, mutação, histórica das Constituições
brasileiras, no que concerne ao controle de constitucionalidade, partindo da
Constituição Imperial de 1824 até alcançarmos a Constituição Federal de 1988.
O estudo a que me propus não busca, em absoluto, um caráter exaustivo da referida
evolução histórica, mas apenas percorrer en passant as disposições constitucionais
pertinentes ao tema, de modo a proporcionar àqueles que passarem as vistas sobre esse
texto um rápido e objetivo panorama do nosso sistema de controle de
constitucionalidade, instrumento, ao mesmo tempo vetusto e hodierno, tão difundido e
discutido no dia-a-dia da prática jurídica nacional.
Nesta esteira, importante traçarmos, ainda que brevemente, um paralelo entre o que se
convencionou denominar de Constituições rígidas e flexíveis. Deste modo, salutar
trazer-se à baila escólio do mestre José Afonso da Silva, que em sua clássica obra Curso
de Direto Constitucional Positivo [02] leciona:
Textos relacionados
O sistema das Constituições rígidas assenta numa distinção primacial entre poder
constituinte e poderes constituídos. Disso resulta a superioridade da lei constitucional,
obra do poder constituinte, sobre a lei ordinária, simples ato do poder constituído, um
poder inferior, de competência limitada pela Constituição mesma.
(...)
Primou-se por uma rígida separação de Poderes, tal qual pregado por Montesquieu,
todavia em um modelo não tripartite, mas tetradimensional, nas palavras do Professo
Paulo Bonavides, já que previu a existência do denominado Poder Moderador, o Poder
dos Poderes, que dentre outros deveres, conferia ao Chefe de Estado, o Imperador, a
missão de velar pela manutenção da independência, equilibro e harmonia dos demais
poderes (art. 98, Constituição Imperial).
Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas
dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que
não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas
Legislaturas ordinarias. (grifos nossos)
Vê-se, deste modo, a não adequação do texto de 1824 ao conceito moderno de rigidez
constitucional, bem como a inexistência de lugar, nesse sistema, "para o mais incipiente
modelo de controle judicial de constitucionalidade." [05]
Iniciada a República, desde a sua primeira Constituição (1891), o Brasil passou a adotar
o modelo difuso de controle da constitucionalidade, buscando fundamentos no modelo
norte-americano, "reconhecendo a competência do Supremo Tribunal Federal para rever
as sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, quando se questionasse a
validade ou a aplicação de tratados e leis federais e a decisão do Tribunal fosse contra
ela, ou quando se contestasse a validade de leis ou de atos dos governos locais, em face
da Constituição ou das leis federais, e a decisão do Tribunal considerasse válidos esses
atos ou leis impugnadas (art. 59, §1º, a e b)" [06]:
(...)
§ 1º - Das sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, haverá recurso para o
Supremo Tribunal Federal:
5. Constituição de 1934:
Art. 96 - Só por maioria absoluta de votos da totalidade dos seus Juízes poderão os
Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato do Presidente da República.
7. Constituição de 1946:
(...)
Por fim, digno de registro é o fato de a referida Emenda Constitucional ter consagrado
por meio do art. 124, XIII da Constituição de 1946, a possibilidade de o legislador
estabelecer processo de controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo
municipal em face da Constituição Estadual, cuja competência originária para
julgamento seria do Tribunal de Justiça do respectivo Estado.
Embora, à época, não se tenha chegado a uma conclusão, nem doutrinária, nem no
âmbito do Supremo Tribunal Federal, a discussão em muito contribuiu para a evolução
do modelo de controle concentrado posteriormente adotado com o advento da
Constituição de 1988.
Muitas e poderosas vozes se levantaram para defender tanto um quanto outro ponto de
vista [12], bem como a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal patinou de acordo
com as alterações regimentais operadas:
§ 1º Provocado por autoridade ou por terceiro para exercitar a iniciativa prevista neste
artigo, o Procurador-Geral, entendendo improcedente a fundamentação da súplica,
poderá encaminhá-la com parecer contrário.
Nesta seara vê-se com clareza, pelo menos nos dias atuais, que o caráter da
Representação de Inconstitucionalidade, ainda que sua denominação não confirme a
assertiva que a seguir se produzirá, teria caráter dúplice ou ambivalente, servindo tanto
ao propósito da declaração de inconstitucionalidade quanto de constitucionalidade da lei
posta ao exame do Supremo Tribunal Federal.
Alterado o dispositivo inserto no art. 174, § 1º, e passando a viger o art. 169, § 1º na
redação acima reproduzida, o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal
passou a vedar a impetração da Representação de Inconstitucionalidade acompanhada,
ab initio, do parecer em sentido contrário. Todavia, após a sua propositura, muito
embora fosse vedada a desistência, ante o caráter objetivo da demanda, o Procurador-
Geral da República poderia manifestar-se pela sua improcedência.
Não obstante essa digressão acerca do posicionamento do Supremo Tribunal Federal
sobre o tema, à luz das alterações operadas em seu Regimento Interno sob a égide da
Constituição de 1967/69, o fato é que tal assentamento, atualmente, possui tão-somente
valor histórico, não obstante tenha sido em função dessa celeuma jurídica que se
plantou a semente do modelo de controle de constitucionalidade adotado pela
Constituição de 1988.
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Desativar Realce a A
1. Nota Introdutória:
O presente artigo visa tão-somente introduzir o leitor, ainda que de forma breve e
incipiente, a evolução ou, caso prefiram, mutação, histórica das Constituições
brasileiras, no que concerne ao controle de constitucionalidade, partindo da
Constituição Imperial de 1824 até alcançarmos a Constituição Federal de 1988.
Nesta esteira, importante traçarmos, ainda que brevemente, um paralelo entre o que se
convencionou denominar de Constituições rígidas e flexíveis. Deste modo, salutar
trazer-se à baila escólio do mestre José Afonso da Silva, que em sua clássica obra Curso
de Direto Constitucional Positivo [02] leciona:
Textos relacionados
O sistema das Constituições rígidas assenta numa distinção primacial entre poder
constituinte e poderes constituídos. Disso resulta a superioridade da lei constitucional,
obra do poder constituinte, sobre a lei ordinária, simples ato do poder constituído, um
poder inferior, de competência limitada pela Constituição mesma.
(...)
Primou-se por uma rígida separação de Poderes, tal qual pregado por Montesquieu,
todavia em um modelo não tripartite, mas tetradimensional, nas palavras do Professo
Paulo Bonavides, já que previu a existência do denominado Poder Moderador, o Poder
dos Poderes, que dentre outros deveres, conferia ao Chefe de Estado, o Imperador, a
missão de velar pela manutenção da independência, equilibro e harmonia dos demais
poderes (art. 98, Constituição Imperial).
Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas
dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que
não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas
Legislaturas ordinarias. (grifos nossos)
Vê-se, deste modo, a não adequação do texto de 1824 ao conceito moderno de rigidez
constitucional, bem como a inexistência de lugar, nesse sistema, "para o mais incipiente
modelo de controle judicial de constitucionalidade." [05]
Iniciada a República, desde a sua primeira Constituição (1891), o Brasil passou a adotar
o modelo difuso de controle da constitucionalidade, buscando fundamentos no modelo
norte-americano, "reconhecendo a competência do Supremo Tribunal Federal para rever
as sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, quando se questionasse a
validade ou a aplicação de tratados e leis federais e a decisão do Tribunal fosse contra
ela, ou quando se contestasse a validade de leis ou de atos dos governos locais, em face
da Constituição ou das leis federais, e a decisão do Tribunal considerasse válidos esses
atos ou leis impugnadas (art. 59, §1º, a e b)" [06]:
Art. 59 - Ao Supremo Tribunal Federal compete:
(...)
§ 1º - Das sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, haverá recurso para o
Supremo Tribunal Federal:
5. Constituição de 1934:
Não se pode olvidar, ademais, que nessa mesma Carta Política inseriu-se o primeiro
gérmen do controle concentrado de constitucionalidade (art. 12), qual seja, a declaração
de inconstitucionalidade para evitar a intervenção federal ou somente representação
interventiva, cuja legitimidade ativa competia exclusivamente ao Procurador-Geral da
República. Tratava-se de ação que visava condicionar a eficácia da lei interventiva, de
iniciativa do Senado, à declaração de sua constitucionalidade pela Corte Suprema [09].
Art. 96 - Só por maioria absoluta de votos da totalidade dos seus Juízes poderão os
Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato do Presidente da República.
7. Constituição de 1946:
(...)
Por fim, digno de registro é o fato de a referida Emenda Constitucional ter consagrado
por meio do art. 124, XIII da Constituição de 1946, a possibilidade de o legislador
estabelecer processo de controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo
municipal em face da Constituição Estadual, cuja competência originária para
julgamento seria do Tribunal de Justiça do respectivo Estado.
Embora, à época, não se tenha chegado a uma conclusão, nem doutrinária, nem no
âmbito do Supremo Tribunal Federal, a discussão em muito contribuiu para a evolução
do modelo de controle concentrado posteriormente adotado com o advento da
Constituição de 1988.
Muitas e poderosas vozes se levantaram para defender tanto um quanto outro ponto de
vista [12], bem como a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal patinou de acordo
com as alterações regimentais operadas:
§ 1º Provocado por autoridade ou por terceiro para exercitar a iniciativa prevista neste
artigo, o Procurador-Geral, entendendo improcedente a fundamentação da súplica,
poderá encaminhá-la com parecer contrário.
Nesta seara vê-se com clareza, pelo menos nos dias atuais, que o caráter da
Representação de Inconstitucionalidade, ainda que sua denominação não confirme a
assertiva que a seguir se produzirá, teria caráter dúplice ou ambivalente, servindo tanto
ao propósito da declaração de inconstitucionalidade quanto de constitucionalidade da lei
posta ao exame do Supremo Tribunal Federal.
Alterado o dispositivo inserto no art. 174, § 1º, e passando a viger o art. 169, § 1º na
redação acima reproduzida, o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal
passou a vedar a impetração da Representação de Inconstitucionalidade acompanhada,
ab initio, do parecer em sentido contrário. Todavia, após a sua propositura, muito
embora fosse vedada a desistência, ante o caráter objetivo da demanda, o Procurador-
Geral da República poderia manifestar-se pela sua improcedência.