particulares de Florianópolis1
Resumo: Este relato de experiência descreve um curso de formação musical para pedagogos e
os diálogos entre educador musical e professores de sala em duas escolas particulares de
Florianópolis. O texto narra a aproximação com as escolas, seus objetivos, conteúdos e
abordagens pedagógicas do curso de formação musical que está em desenvolvimento. Desta
forma, as primeiras trocas de impressões e reflexões junto aos professores e à escola mostram
que é preciso investir em espaço, tempo, orientação e formação de seus profissionais para que
tal instituição se torne um espaço de mediação e criação musical na formação cultural das
crianças.
Palavras chave: música, escola, formação.
Introdução
Este texto é uma reflexão de minhas experiências com curso de formação musical para
pedagogos (professores não especialistas em música) em duas escolas particulares de
Florianópolis: a Escola Sorriso2, que abrange a Educação Infantil e os Anos Iniciais do Ensino
Fundamental e a outra, Escola Alegria3, que oferece apenas a Educação Infantil.
Minha aproximação com as escolas se deu após a defesa da dissertação de mestrado4,
na qual busquei contribuir com reflexões sobre as perspectivas de trabalhos em parceria entre
educador/a musical e professores/as dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Na pesquisa de
mestrado, constatei uma grande necessidade dos/as professores/as dos anos iniciais em
realizar cursos de formação musical para ampliar e qualificar suas práticas musicais, assim
como para possibilitar mediações significativas à música popular massiva no cotidiano
infantil.
Por meio deste trabalho, pude observar, e sugerir que a música representa uma forma
de expressão fundamental na vida do ser humano em diferentes culturas e épocas. Entendida
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Trabalho apresentado no XIV Encontro da Abem Sul, Maringá, 27 e 28 de maio de 2011.
2
Nome fictício escolhido pelo autor.
3
Nome fictício escolhido pelo autor.
4
Música nos anos iniciais do Ensino Fundamental: perspectivas para os trabalhos em parceria na Rede
Municipal de Florianópolis. UFSC, 2010.
Segundo Penna (2008) a interação das crianças, jovens e adultos com a música se dá
de forma espontânea através das práticas culturais populares, como grupos de ciranda, folia de
reis, escola de samba etc. Mas acontece também nas experiências cotidianas, como dançar,
ouvir um CD, cantar com os amigos, entre outras tantas ocasiões nas quais a música está
presente. Deste modo, a autora define que
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Para uma discussão mais aprofundada sobre essa questão, conferir Penna (2008, cap. 2) e Schroeder (2009).
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Nomenclatura escolhida pelo autor para designar os professores que atuam nos primeiros anos escolares, ou
seja, na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental.
Objetivos
Unidade 2
A- O PROFESSOR NÃO ESPECIALISTA EM MÚSICA E OS DESAFIOS NA
EDUCAÇÃO MUSICAL
A.1 - Possibilidades e limites do professor não especialista na educação Musical.
A.2 - Contribuições do professor não especialista no desenvolvimento da educação musical
escolar.
Unidade 3
A- A MÚSICA E A EDUCAÇÃO MUSICAL EM SEU PROCESSO HISTÓRICO
A.1 - Breve história da educação musical no Brasil.
A.2 - Métodos Ativos.
B- LINGUAGEM MUSICAL
B. 1 - Fundamentos da linguagem musical.
B. 2. - Princípios básicos de notação musical.
Unidade 4
A- ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS PARA A AULA DE MÚSICA
A.1 - Atividades musicais para crianças.
A.2 - A voz e a fala como instrumentos musicais.
A.3 - Construção de instrumentos musicais.
Unidade 5
A- REPERTÓRIO MUSICAL
A.1 - Músicas folclóricas e infantis.
A.2. Arranjos musicais para a infância.
A.3. Músicas do mundo.
Vale ressaltar que todas as Unidades e seus conteúdos são apresentados ora com
atividades que provocam o ‘buscar’ ou a ‘descoberta’ de um conceito, ora com atividades que
reforçam e/ou fortalecem o aprendizado do mesmo. A leitura reflexiva junto ao grupo e outras
que podem ser complementares também são estimuladas nos grupos.
O que procuro demonstrar é que apesar dos princípios musicais serem indissociáveis,
conforme afirmam Cunha, Lombardi e Ciszevski (2009, p. 46-47), didaticamente ele vai
sendo apresentado, mas depois retomado, reinventado. Deste modo, retomei no 2º encontro
com as escolas alguns conceitos já trabalhados e indaguei se as professoras7 estavam
conseguindo trazer algumas brincadeiras musicais para suas práticas.
A escola Sorriso, por exemplo, trouxe para discussão algumas experiências musicais,
algumas ditas “com outro foco” e conseqüentemente, reflexões. A maioria das professoras
ainda não se sentiu à vontade de realizar atividades musicais, pois afirmam: “não me lembro
exatamente das atividades”; “sou muito desafinada” e, “não lembro exatamente da melodia”.
Neste caso, pude perceber que o apoio pedagógico (apostila) que traz os conceitos e apresenta
várias sugestões de atividades (todas realizadas com as professoras em curso) ainda não é
suficiente. Com esta demanda, sinto que é preciso, além da letra da música, do indicar alguns
CDs, ensinar como brincar ou de dar sugestões de brincadeiras/atividades que podem ser
trabalhadas com determinadas músicas, ainda, é preciso oferecer um CD de apoio que possua,
por exemplo, uma coletânea de peças que as professoras já vivenciaram durante o curso de
formação para que elas se sintam seguras.
Há ainda algumas reflexões que merecem serem compartilhadas: Não estaria eu,
educadora musical, alimentando a cópia, a reprodução e a não valorização do trabalho de
colegas e até mesmo amigos? Realmente um assunto polêmico. Provavelmente enfrentarei
muitas críticas, porém, neste momento, faço a opção de montá-lo e de garantir às minhas
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Neste caso, todas do gênero feminino.
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Segundo Hummes (2004), Alan Merriam (1964, p.219-27) preconiza várias funções sociais da música,
conhecidas e respaldadas no meio científico, destacando-se para este texto: divertimento, entretenimento;
representação simbólica, expressão emocional; prazer estético, comunicação.
Considerações Finais
Referências
BORBA, Ângela Meyer. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: Ensino
Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade.
Org. Beauchamp, J.; Pagel. S.D.; Nascimento, A. R. do. 2ª Ed. Brasília, 2007. p. 33-45.
BUCKINGHAM, David. Crescer na era das mídias eletrônicas. Trad. Gilka Girardello,
Isabel Orofino. Ed. Loyola, São Paulo, Brasil, 2007.
CUNHA, Sandra Mara da, LOMBARDI, Silvia Salles Leite. CISZEVSKI, Wasti Silvério.
Reflexões acerca da formação musical de professores generalistas a partir dos princípios: “Os
quatro pilares da educação” e “educação ao longo de toda a vida”. Revista da Abem, n.22.
setembro, p. 41-48, 2009.
HUMMES, Julia Maria. Por que é importante op ensino de música? Considerações sobre as
funções da música na sociedade e na escola. In: Revista da Abem, n. 11, set. 2004, p. 17-24.