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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.


Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

UM MODELO DE PLANEJAMENTO E
CONTROLE DA PRODUÇÃO EM UMA
EMPRESA DE MINERAÇÃO EM SANTA
CATARINA
andréa cristina trierweiller (UFSC)
andreatri@gmail.com
Beatriz Marcondes de Azevedo (UFSC)
biabizzy@uniplac.net
Roberto luis de Figueiredo dos Santos Júnior (UFSC)
figueiredo@back.com.br
Waldemar Pacheco Júnior (UFSC)
wallpj@pop.com.br
Lizandra da Silva Silveira (UFSC)
lizandrafisio@yahoo.com.br

O Planejamento e Controle da Produção (PCP) pode ser definido


como a coordenação dos departamentos de uma organização com foco
voltado ao atendimento da demanda de vendas ou programação da
produção, de modo que as mesmas sejam atendidas noss prazos e
quantidades exigidas. Sob essa perspectiva, o presente artigo tem como
objetivo a elaboração de um Modelo de Planejamento e Controle da
Produção para que os conceitos básicos da Engenharia de Produção
possam ser aplicados numa situação real. Quanto aos aspectos
metodológicos, trata-se de um estudo de caso de natureza exploratória-
descritiva. A empresa estudada é uma mineradora caracterizada por
um sistema de produção contínua, uma vez que, produz os mesmos
produtos (britas) por longo período de tempo, com pouca variação e
volumes de produção grandes, com processos sem alterações
substanciais. A destinação imediata dos produtos finais, ocorre sempre
no término de cada dia, atendendo às necessidades organizacionais e
pedidos dos clientes, evitando a formação de estoques de produtos. A
capacidade produtiva do sistema é determinada em função do recurso
gargalo, que nesse caso é o caminhão, por seu limite de carga, por isso
opta-se em utilizar o lote padrão como forma de programação. A
projeção da demanda é feita pelo exame de tendências históricas. Com
base no caso apresentado, infere-se que a elaboração de um Modelo de
Planejamento e Controle da Produção serve como um elemento
decisivo na estratégia das organizações para enfrentar as crescentes
exigências do mercado, em que estão inseridas.

Palavras-chaves: Planejamento e Controle da Produção, Projeto do


Produto e Projeto do Processo
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

1 Introdução
O presente artigo tem por finalidade a elaboração de um Modelo de Planejamento e Controle
da Produção para que os conceitos básicos da Engenharia de Produção possam ser aplicados
numa situação real. Parte-se do pressuposto de que a utilização de tal modelo possibilita a
maximização do desempenho organizacional.
Monks (1987) ratifica tal idéia, ao assinalar que uma organização que se preocupa com a
gestão da produção se torna capaz de reunir seus insumos em um plano de produção aceitável
que realmente utilize os materiais, a capacidade e o conhecimento disponíveis em suas
instalações e, assim, dada uma determinada demanda do sistema, o trabalho é programado e
controlado para produzir seus bens.
Segundo Russomano (2000) e Zacarelli (1986), as atividades de produção mencionadas por
Monks (1987), incluem o planejamento, programação e controle (PCP). Desse modo, os
autores entendem que o PCP pode ser compreendido como uma coordenação dos
departamentos de uma organização com foco voltado ao atendimento da demanda de vendas
ou programação da produção, de modo que as mesmas sejam atendidas nos prazos e
quantidades exigidas.
Ao tomar como base a visão holística da organização, inicialmente, será apresentado o
histórico da empresa, perfil do negócio, características, principais serviços e produtos,
perspectivas futuras e peculiaridades do mercado no qual, a empresa em questão está inserida.
Depois de descrito o Sistema Produtivo, será abordadeo o Planejamento e Controle da
Produção (PCP) de britas, já que a empresa estudada é uma mineradora.
Em termos metodológicos, trata-se de um estudo de caso de natureza exploratória-descritiva,
pois segundo Gil (2002), esse é caracterizado por uma investigação profunda de maneira que
permita um amplo e detalhado conhecimento da unidade-caso estudada. Barros e Lehfeld
(2000) apontam que essa modalidade de estudo, volta-se à coleta e ao registro de informações
sobre um caso particularizado, elaborando relatórios críticos organizados e avaliados, dando
margem a decisões e intervenções sobre o objeto escolhido para a investigação.
Para a elaboração do PCP, utilizou-se o Projeto do Produto e o Projeto do Processo, conforme
especificações descritas por Mayer (1986), Slack (2002) e Erdmann (2000). Ademais, a
determinação da quantidade a ser produzida foi baseada na capacidade produtiva e na
demanda do produto em questão (BURBIDGE, 1981).
2 Histórico da empresa
2.1 Perfil do negócio
Com o objetivo de suprir em vários ramos da Engenharia nasce, em 1982, a Sulcatarinense.
Desde então, a empresa investiu no desenvolvendo e criação de tecnologias próprias,
imprimindo um toque personalizado em todas as obras, com vistas à melhoria contínua de
seus processos.
Inicialmente, suas áreas de atuação foram: construção pesada, produção e comercialização de
pedra britada. Posteriormente, passou a atuar no setor da construção civil. Assim, a
Sulcatarinense atinge atualmente, o status de uma das maiores empresas de Engenharia de
Santa Catarina, atuando na área de obras urbanas, rodovias, aeroportos, saneamento,
loteamento e, inclusive, na construção civil.

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A Sulcatarinense possui modernos equipamentos e está habilitada a executar as mais variadas


obras. Seu sistema de processamento de dados permite agilizar os processos técnicos de
trabalho, visando os mais altos níveis de precisão. Tudo isso, sem esquecer de investir no
aprimoramento profissional, além de criar um plano de benefícios, que procura manter a
estabilidade e a dedicação de seu quadro funcional. Qualidade, respeito ao meio ambiente e
eficiência são valores fortemente presentes em sua cultura organizacional.
2.2 A Organização
A Sulcatarinense é um ramo de empresa familiar, criada pela necessidade de ampliação da
empresa: Sultepa – fundada pela família Portella, no Rio Grande do Sul há mais de 50 anos.
No início da década de 80, a organização resolveu diversificar suas atividades e ampliar sua
atuação para o estado de Santa Catarina. Com a ampliação é criada a Sulcatarinense,
localizada na Grande Florianópolis, mais especificamente, em Biguaçu.
Os objetivos organizacionais da Sulcatarinense, inicialmente, foram o da construção pesada e
o da produção e comercialização da pedra britada. O segundo passo foi o desenvolvimento
para o setor da construção civil.
Com o êxito de seu trabalho e através de seu corpo técnico, a empresa se tornou competitiva,
destacando-se no ramo de engenharia de Santa Catarina, com atuação nas seguintes áreas: 1)
transportes urbanos; 2) rodovias; 3) portos; 4) aeroportos; 5) ferrovias; 6) saneamento;
7) barragens; 8) loteamentos; 9) construção civil; 10) pontes; 11) viadutos.
A Sulcatarinense também atua na área de comércio de materiais de construção e oferece
vários tipos de brita: Pedra Pulmão, Pedrisco, Brita Corrida, Pó de Pedra, Brita 1, Areia, Brita
2, Base de Brita Graduada, Brita ¾, CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente ), como
por exemplo:

Figura 1 – Exemplos de produtos da Sulcatarinense, respectivamente: Pedra Pulmão e Pedrisco

Dessa forma, pode-se afirmar que a Sulcatarinense atua hoje na construção civil e fabricação
de produtos afins. Essa gama de produtos e serviços contempla, desde obras públicas, tais
como: ferrovias, túneis, pontes, estradas e obras de saneamento e as obras privadas, tais como:
loteamentos, pavimentações até a construção do pátio da Coca-Cola e do Planeta Atlântida,
ambos localizados na grande Florianópolis. Entretanto, um dos empreendimentos mais
significativos da empresa foi a colaboração na duplicação da BR-101, trecho do município de
Biguaçu até a Ponte do Rio Tijucas.
Quanto a outros produtos, são fabricados para consumo próprio e para comercialização,
material pétreo em geral, desde blocos de granito até pedriscos e areia industrial. Seus
consumidores estão localizados em lojas de material de construção, concreteiras e
construtoras.
Visando atingir um melhor desempenho em relação aos produtos e serviços prestados, pode-
se afirmar que a Sulcatarinense possui uma linha de trabalho voltada para a qualidade e
transparência de suas ações, bem como a preocupação constante com a otimização de prazos e

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de obtenção de recursos financeiros. Esta é uma filosofia que está presente na execução de
suas pequenas e grandes empreitadas.
2.3 Perspectivas futuras
Em relação às perspectivas futuras, o principal objetivo organizacional de curto prazo é o
aumento de suas vendas. Para tanto, sugere-se um maior aproveitamento da home page
(www.sulcatarinense.com.br) da empresa para a venda de brita, tendo como premissa básica
apontar o diferencial do produto junto ao mercado como, por exemplo, mostrar que a areia
industrial tem um excelente rendimento na fabricação de concreto, bem melhor que a areia
comum do rio e mostrar a qualidade ambiental, através da produção do produto limpo
(denominação compatível com as políticas de reflorestamento).
Tais ações estratégicas são justificadas pela crença de que existe uma demanda no setor em
relação à absorção dos produtos acabados, a qual pode ser confirmada através de uma
pesquisa de mercado ou de análise da demanda.
Sendo assim, as estratégias pretendidas, segundo Kottler (2000) e Cobra (2003), referem-se ao
pós-venda e ao investimento em esforços para a busca de novos clientes, além de diferenciais
para a manutenção dos existentes.
2.4 Mercado
A Sulcatarinense segmentou suas atividades, primeiramente, no setor público, porém após
1985, surgiu a necessidade de migrar para a iniciativa privada como uma forma de não
depender das variações do ambiente externo, tais como: política, economia e determinações
governamentais.
Por considerar o Estado um “mau pagador” devido seus constantes atrasos de pagamento e
encargos excessivos, a opção por angariar clientes junto à iniciativa privada foi uma forma
encontrada de manter seu capital de giro, bem como sua liquidez.
Quanto aos seus concorrentes, infere-se que não é significativo o número de empresas da
região que prestam tais serviços e/ou fabricam os mesmos produtos.
O grande desafio a ser enfrentado é o alcance de um de seus objetivos de longo prazo, a saber:
conquistar e fidelizar a iniciativa privada. Para tanto, faz-se necessário o investimento em
qualificação de pessoas e processos, negociação de prazos de pagamento e entrega de
produtos, bem como a manutenção dos prazos e a busca constante pela conformidade dos
produtos. Tem-se como meta, conseguir fornecê-los com redução de custos, aproveitamento
de recursos e adequação de suas atividades em função de ajustes das contas a receber e a
pagar.
Em relação aos seus pontos fortes, um deles se refere à sua localização, pois a empresa pode
contar com a presença de jazidas de onde são extraídas as matérias-primas e a proximidade do
Rio Biguaçu pela oferta de água, uma vez que tal insumo está presente em seu processo
produtivo. No entanto, em termos de manter seu crescimento, porém de forma sustentável,
mecanismos de produção mais limpa e eficiência energética são preocupações da empresa,
que deve direcionar recursos para tal.
Além disso, a Sulcatarinense possui considerável experiência na área, modernos
equipamentos, uma imagem positiva no mercado e um corpo técnico de funcionários
diversificado e capacitado.

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Os principais pontos fracos estão relacionados a um elevado índice de turn-over de mão-de-


obra direta e sua forte dependência do governo, uma vez que possui créditos junto ao poder
público que não foram pagos e uma elevada carga tributária.
Em relação à questão da responsabilidade social, pode-se dizer que devido às mudanças
ocorridas desde 1982 até os dias de hoje, tais como a globalização que afeta os diversos
segmentos da sociedade; a questão ecológica se transforma em área de investimento e
melhoria de processos, com vistas à diminuição dos impactos pela atividade empresarial, bem
como em termos do bem-estar da comunidade que é afetada pela atuação da empresa. E ainda,
as relações de trabalho se tornam mais flexíveis e comprometidas; a expectativa da população
em relação à qualidade dos produtos e serviços adquiridos gera um consumo mais responsável
e consciente, dessa forma, a Sulcatarinense cresceu acompanhando tais tendências.
Cabe destacar que a Sulcatarinense tem em sua sede, um horto florestal onde cultiva sementes
e mudas da flora da mata atlântica, com as quais mantém seu programa de mineração
sustentável, reflorestamento de suas pedreiras e obras, bem como doa o excedente para as
mais diversas campanhas de ecologia criadas por entidades públicas e privadas.
3 O sistema produtivo
Quanto ao Sistema Produtivo da Sulcatarinense, pode-se inferir que o mesmo é do tipo
produção contínua que, segundo Erdmann (2000) e Pereira (2003), é caracterizado por
produzir os mesmos produtos por longo período de tempo, com pouca variação e volumes de
produção grandes, com processos sem alterações substanciais.
Com base em Beuamont (2005), este tipo de produção foi selecionado como o mais adequado,
pois a empresa funciona sem nenhuma variação no processo produtivo. A destinação imediata
dos produtos finais (pedras), acontece sempre no término de cada dia, atendendo às
necessidades organizacionais e pedidos dos clientes, evitando a formação de estoques de
produtos finais.
Na Sulcatarinense, todo processo e equipamentos estão dispostos em um mesmo espaço
físico, caracterizando assim, o que Mayer (1996) denomina como arranjo funcional ou por
processo.
4 Planejamento da produção
4.1 Projeto do produto
4.1.1 nome
Brita ¾
4.1.2 especificações
a) Forma: sólida e angulosa, tendendo a travar quando compactadas.
b) Cor: cinza intermediário (entre claro e escuro).
c) Processo de produção: a matéria-prima (rachão) é um mineral extraído da jazida e
processado por equipamentos de britagem/trituração até alcançar a granulometria
desejada.
d) Granulometria: a brita ¾ é um fragmento de rocha britada, com a dimensão dos grãos
variando entre 25 a 38 mm.
e) Conteúdo de umidade: não deve absorver quantidades excessivas de água.

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f) Densidade: não é crítica em termos de engenharia, mas pode afetar a economicidade de


uma operação. Sua densidade varia de 2.900kg/m3 a 2.600 kg/m3, considerando-se a
rocha na forma bruta e 1.500 kg/m3 quando na forma de brita, devido aos espaços vazios
entre as pedras.
g) Resistência: é suficientemente forte para agüentar as tensões produzidas por veículos em
movimento. O índice de resistência ao choque é equivalente a 20% ou menos. Além disso,
a brita ¾ é resistente à abrasão pelo atrito, com índices menores que 50. Com a utilização
contínua, pode ocorrer polimento, comprometendo a boa adesão.
h) Manuseio e armazenamento:
− É necessário colocá-la sobre uma camada de areia para evitar contato direto com o solo;
− O estoque deve ser feito em baias com três laterais localizadas o mais próximo possível do
local de uso, ou então deve ter uma barreira feita com tábuas de madeira ou tijolos para
evitar que o material se espalhe ou se misture com outros;
− Deve ser protegida da umidade da chuva com plásticos ou lona;
− O transporte poderá ser feito com carrinhos de mão ou padiolas.

i) Comercialização: a brita ¾ é comercializada a granel.


j) Aplicações: a brita ¾, assim como as outras britas, é considerada o agregado mais
importante para a construção e pavimentação de rodovias, pois a principal finalidade é
manter a estabilidade mecânica dos revestimentos, suportar o peso de tráfego e, ao mesmo
tempo, transmiti-lo às camadas inferiores com uma pressão unitária reduzida. Este
produto também é utilizado nas demais obras da construção civil.

4.1.3 ficha do produto


Nome do produto: brita ¾ Código: B003
Descrição do produto: Fragmento de rocha britada, com dimensão variando entre 25 a 38 mm, com
forma sólida e angular, cor cinza intermediário, utilizado como agregado na construção e pavimentação
de rodovias e demais construções civis.
Tamanho do lote Matéria-prima utilizada Custo MP
3
10 m rachão R$22,00 / m3
Custo total aproximado da matéria prima por lote : R$ 220,00
Obs: no custo da MP está embutido o custo do TNT e da água utilizados em sua obtenção
Tempo limite para estocagem: indeterminado

4.2. Projeto do processo


A partir de um Plano de Aproveitamento Econômico, onde se estabelecem a forma de
exploração da jazida, o volume a ser extraído e a recuperação da área, procede-se à
exploração em forma de bancadas (degraus), que possuem uma altura média de 12 metros. O
processo se inicia com o levantamento topográfico para estabelecer o volume a ser
desmontado. Com base neste levantamento, determina-se um plano de fogo, onde serão
definidas a quantidade e forma da furação, como: inclinação, profundidade e espessura.

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Por se tratar de lavra em paredão, utilizam-se perfuratrizes manuais e explosivos de menor


ação, resultando assim, em menor homogeneidade do material extraído e, consequentemente,
queda de eficiência da britagem primária, devido à maior irregularidade do material na
alimentação. Segundo Cales, Amaral e Piquet (2002), o resultado desse processo é a maior
freqüência de fogo secundário, com maiores riscos de lançamento de fragmentos.
Efetuada a perfuração, todos os furos são carregados conforme o plano de fogo e interligados
por cordéis detonantes, semelhantes a um pavio, para que se tenha uma detonação em cadeia.
Após o desmonte, obtém-se um volume de rocha quebrada em diversos tamanhos, onde o
resultado será mais efetivo, quanto menor for o tamanho das rochas.
Pelo fato da britagem possuir um limite máximo de tamanho das rochas, em torno de 40
polegadas, estas devem ser classificadas. As maiores, e que provavelmente não caberão no
britador, serão separadas e, novamente, sofrerão um processo de quebra, que utiliza um
rompedor hidráulico acoplado a uma escavadeira. O passo seguinte é o transporte do material
da pedreira até a britagem, que é feito por meio de carregadeiras, escavadeiras e caminhões
basculantes.
O conjunto de britagem é composto por cinco elementos distintos: 1) alimentador vibratório,
2) britador primário, 3) britador secundário, 4) conjunto de peneiras e 5) correias
transportadoras.
Os caminhões descarregam o material no alimentador vibratório, uma espécie de silo, que por
sua vez, como o próprio nome diz, alimenta o britador primário. A britagem primária é
iniciada com a pedra marroada que vem da pedreira, em pedra pulmão com tamanho
aproximado de 12 polegadas. Este britador é do tipo britador de mandíbula que quebra a rocha
com o impacto de duas grandes chapas de aço manganês.
O processo seguinte é feito em um britador girosférico somados a um conjunto de peneiras e
correias transportadoras, onde a pedra pulmão é convertida em brita de diversos tamanhos
diferentes. Esta brita é transferida dos britadores para as peneiras que as separam conforme o
tamanho. As correias transportadoras levam a brita das peneiras até o local de
armazenamento.
Destaca-se que, o produto final pode sofrer variações de acordo com as regulagens dos
britadores e peneiras para atender as necessidades do mercado.
A figura 2 demonstra as etapas de produção da brita ¾.

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Alimentador vibratório Britador primário Britador secundário

Conjunto de peneiras Correias transportadoras


Figura 2 – Exemplos de produtos da Sulcatarinense, respectivamente: Pedra Pulmão e Pedrisco

Para ilustrar melhor, a figura 3 sintetiza os elementos presentes no processo de britagem,


através da ferramenta gráfica do fluxograma do processo.

Figura 3 – Fluxograma do processo

O fluxograma do processo ilustrado na figura 3 pode ser detalhado em várias atividades,


conforme exemplificado na ficha do processo a seguir.
4.2.1. ficha do processo
Ficha do Processo – Brita ¾
Lote estudado: 10 m3

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Densidade da pedra = 1,5 ton/m3


Cód. Descrição Máquina ou Ferramenta Insumos Tempo de Tempo
Opera operador necessários preparação operação
ção [min] [min]

1 Levantamento Topográfico (o tempo é dedicado para conseguir o equivalente a 10 lotes, o que


corresponde à uma detonação mínima. Na prática vários, produtos são obtidos em cada detonação,
desde areia industrial até rachão).
1.1 Ação em Campo teodolito, Trena estacas 20 120
topógrafo,
ajudante
1.2 Plano de Fogo topógrafo computador 10 60
1.3 Ordem de pedido topógrafo ficha 1 20
2 Detonação
2.1 Furação perfuratriz Broca água 15 240
2.2 Instalação Vara TNT, pavio 10 120
2.3 Detonação sirene, detonador 0 1
3 Seleção do Produto (daqui em diante consideram-se o tempo para um lote)
3.1 Separação do material retroescavadeira marreta, 2 operadores 10 60
pétreo > 40 picareta
3.2 Quebra adicional rompedor Punção 1 operador 10 30
hidráulico
3.3 Inspeção inspetor Trena 0 15
4 Recolhimento do retroescavadeira, 2 operadores 10 15
material pétreo caminhão
basculante
5 Alimentação do retroescavadeira 1 operador 0 60
primeiro britador
6 Primeira Britagem primeiro britador 0 30
7 Alimentação do correia 1 operador 0 60
segundo britador transportadora
8 Segunda Britagem segundo britador 0 30
9 Separação peneiras 1 operador 0 30
vibratórias
10 Pesagem para controle balança 2 operadores 5 55
do processo
11 Depósito no estoque caminhão Pá 2 operadores 0 60
basculante
A partir das informações apresentadas nas figuras, fichas de produto e processo, torna-se
possível discorrer sobre a definição das quantidades a serem produzidas (capacidade
produtiva, definição das quantidades, projeção da demanda) Planejamento e Controle da
Produção.

4.3 Definição das quantidades a serem produzidas

4.3.1 Capacidade Produtiva


A capacidade produtiva do sistema é determinada em função da capacidade de carga do
caminhão que pega o material pétreo na pedreira e alimenta o britador, iniciando-se assim, o
processo produtivo.
Segundo Erdmann (2000) e Monks (1987), a capacidade de produção de uma empresa é
decorrente da sincronia entre os recursos disponíveis e a eficiência da sua utilização. Neste

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sentido, infere-se que a capacidade produtiva da Sulcatarinense é definida em função do


limite do recurso gargalo, que neste caso é o caminhão. Sabendo então, que o gargalo da
produção se concentra no caminhão, acredita-se ser pertinente definir um lote padrão
equivalente à capacidade desse veículo. Com isso, define-se o lote padrão de 10 m³.
4.3.2 Definição das quantidades
Segundo Tubino (1997), para a definição das quantidades de brita ¾ que serão produzidas é
preciso compreender algumas peculiaridades do processo.
A Sulcatarinense considera a brita ¾ um subproduto, ou seja, uma mesma matéria-prima
(rachão) dá origem a diversas pedras que, conforme a densidade e a granulometria, recebem
uma determinada denominação, como por exemplo: pedra pulmão, brita 1, brita 2, brita ¾,
pedrisco, dentre outros. Dessa forma, a empresa não fabrica, exclusivamente, a brita ¾, pois
tudo que é fabricado ao longo do processo, a Sulcatarinense utiliza na execução de suas obras
e, o que é destinado à comercialização, o mercado absorve.
4.3.3 Projeção da Demanda
A projeção da demanda é feita pelo exame de tendências históricas. Segundo informações
obtidas junto à empresa são produzidos em torno de 21.000 m³ de diferentes tipos de pedras,
sendo que a brita ¾ equivale a algo em torno de 1/3 deste valor, ou seja, 7000 m³.
5 Programação e controle da produção
A definição das quantidades a serem produzidas leva em consideração a capacidade
disponível, sendo assim, opta-se por utilizar o lote padrão como forma de programação.
Segundo Erdmann (2000), quando a orientação ocorre em função do lote, o número de
produtos finais já estará determinado e as necessidades de materiais serão dependentes do
lote, bem como as datas serão condicionadas aos tempos de processo e disponibilidade de
recurso.
A programação e o controle da produção da Sulcatarinense são auxiliados pelo gráfico de
Gantt, no qual é feita a distribuição dos trabalhos programados (KREMER e KOVALESKI,
2006). Além desse gráfico, é utilizada a técnica do lote padrão em função de imposições do
processo e também a técnica do MRP, sugerida por Correa et al (2001) e Correa e Gianesi
(1996), que para ilustrá-la, utilizar-se-á a simulação de um pedido.
'A opção pelo lote padrão está adequada a esta realidade, uma vez que a produção por lotes
suporta variação de mix e quantidades, justamente porque os recursos alocados são
consumidos pelo lote específico. O tamanho deste, conforme mencionado, é determinado pela
capacidade de carregamento do caminhão.
5.1 Procedimento da produção
a) Definição das unidades de britas ¾;
b) Lote padrão 10 m³, pois esta é a capacidade do caminhão;
c) Cálculo dos tempos, data de término em cada etapa do processo está explicitado no
gráfico de Gantt. Considera-se que o processo de fabricação demore de dois dias.

Dessa forma, apresenta-se o esquema do procedimento da produção na tabela 1:


Sulcatarinense Ordem de Pedido nº 2155/03

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CLIENTE: EMPRESA X
Produto Quantidade Total
Brita ¾ 10 100 m³
-x- -x- -x-
-x- -x- -x-
Data para entrega: 14/11/2003 Data de início da produção: 13/11/2003
lotes-padrão Autorizado por
10 m³

Tabela 1 – Procedimento da produção

As tabelas 2, 3 e 4 ilustram a técnica do MRP e do gráfico de Gantt.


Estoque
Etapas do processo Tempo [h] Pedido Disponibilidade Total
Necessário

horário Dia m3 m3 m3
Brita 3/4 0,0 16,5 14/11/03 10,0 10,00 20,00
Pesagem e Estoque -2,0 14,5 14/11/03 10,0 10,00 20,00
Britagem -4,0 10,5 14/11/03 11,0 11,00 22,00
Detonação -6,5 14,0 13/11/03 100,0 100,00 200,00
Levantamento
Topográfico -14,5 8,0 13/11/03 100,0 100,00 200,00

Brita 3/4
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19
Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 0 0 0 20
Recebimentos
Programados 0 0 0 0
Estoque
projetado/Disponível 0 0 0 10
Ordens Liberadas 10

Pesagem e Estoque
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19
Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 20
Recebimentos
Programados
Estoque projetado/Disponível 10
Ordens Liberadas 10

Britagem
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19

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Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 100
Recebimentos
Programados
Estoque projetado/Disponível 10
Ordens Liberadas 10

Detonação
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19
Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 200
Recebimentos
Programados
Estoque projetado/Disponível 10
Ordens Liberadas 10

Levantamento
Topográfico
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19
Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 200
Recebimentos
Programados
Estoque projetado/Disponível 10
Ordens Liberadas 10
Tabela 2 – Técnica do MRP
Código Operação

Tempo segunda feira


Tempo
de
de
Descrição prepara
Operação
expediente
ção
[min]
[min]
almoço
08:00

08:30

09:00

09:30

10:00

10:30

11:00

11:30

14:00

14:30

15:00

15:30

16:00

16:30

17:00

17:30
fim

Levantamento
1 Topográfico
1.1 Ação em Campo 20 120
1.2 Plano de Fogo 10 60
1.3 Ordem de pedido 1 20
2 Detonação
2.1 Furação 15 240
2.2 Instalação 10 120
2.3 Detonação 0 1
Seleção do Produto
(daqui em diante
consideram-se o tempo
3 para um lote)
Separação do material
3.1 pétreo > 40 “ 10 60
3.2 Quebra adicional 10 30
3.3 Inspeção 0 15
4 Recolhimento do 10 15

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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

material pétreo
Alimentação do
5 primeiro britador 0 60
6 Primeira Britagem 0 30
Alimentação do
7 segundo britador 0 60
8 Segunda Britagem 0 30
9 Separação 0 30
Pesagem para controle
10 do processo 5 55
11 Depósito no estoque 0 60

Tabela 3 – Gráfico de Gantt explicativo para o produto brita 3/4

Dessa forma, percebe-se que a utilização do gráfico de Gantt possibilita a determinação eficaz
da operacionalização das atividades de britagem, o tempo de execução, os custos e as metas,
servindo como uma poderosa ferramenta do Planejamento e Controle da Produção. Tanto o
gráfico de Gantt, quanto o MRP e outras técnicas utilizadas para esse fim podem ajudar no
desenvolvimento de novos produtos, melhoria da qualidade, diminuição dos custos e dos
prazos de entrega, aumento da produtividade, enfim, em um melhor desempenho operacional
das organizações.
6 Considerações finais
Com base no estudo de caso apresentado, argumenta-se que a elaboração de um Modelo de
Planejamento e Controle da Produção pode ser compreendida como um elemento decisivo na
estratégia das organizações para enfrentar as crescentes exigências do mercado, em que estão
inseridas. Na situação investigada, percebe-se que seu uso pode assegurar o suprimento de
britas e maximizar o desempenho competitivo, uma vez que permite conciliar a atividade
produtiva com o meio ambiente, com o processo de uso e ocupação do solo.
Nesse sentido, as informações advindas da Engenharia de Produção contribuem para o
fornecimento de subsídios e assim, os responsáveis pelo planejamento estratégico e tático da
organização conseguem melhor planejar e realizar a produção, fornecendo seus bens sob
condições controladas, evolutivamente. Para tanto, faz-se necessário representar graficamente
seu processo produtivo, tendo como parâmetros condições controladas que incluam: a
disponibilidade de informações que descrevam as características do produto; a disponibilidade
de instruções de trabalho, quando necessária; o uso de equipamento adequado e a
implementação da liberação e entrega do produto.
No que diz respeito ao planejamento da capacidade produtiva, verifica-se a disponibilização
de informações que facilitem: a viabilidade de planejamento de materiais; obtenção de dados
para futuros planejamentos de capacidade mais precisos; identificação de gargalos;
estabelecimento da programação de curto prazo; conhecimento da disponibilidade de
equipamentos, matérias-primas, operários, processo de produção, tempos de processamento,
prazos e prioridade das ordens de fabricação.

Referências
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científica. São Paulo: Makron Books, 2000.
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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

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Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Rio de Janeiro, 2002.
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CORREA, H. L. ; GIANESI, I. Just in time, MRPII e OPT: um enfoque estratégico. São Paulo: Atlas, 1996.
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implantação. São Paulo: Atlas, 2001.
ERDMANN, R. H. Administração da produção: planejamento, programação e controle. Florianópolis: Papa-
livro, 2000.
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auxiliado pelo gráfico de Gantt: um estudo de caso. XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro
de 2006
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MONKS, J. G. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1987
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Mestrado. Florianópolis, 2003.
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