UM MODELO DE PLANEJAMENTO E
CONTROLE DA PRODUÇÃO EM UMA
EMPRESA DE MINERAÇÃO EM SANTA
CATARINA
andréa cristina trierweiller (UFSC)
andreatri@gmail.com
Beatriz Marcondes de Azevedo (UFSC)
biabizzy@uniplac.net
Roberto luis de Figueiredo dos Santos Júnior (UFSC)
figueiredo@back.com.br
Waldemar Pacheco Júnior (UFSC)
wallpj@pop.com.br
Lizandra da Silva Silveira (UFSC)
lizandrafisio@yahoo.com.br
1 Introdução
O presente artigo tem por finalidade a elaboração de um Modelo de Planejamento e Controle
da Produção para que os conceitos básicos da Engenharia de Produção possam ser aplicados
numa situação real. Parte-se do pressuposto de que a utilização de tal modelo possibilita a
maximização do desempenho organizacional.
Monks (1987) ratifica tal idéia, ao assinalar que uma organização que se preocupa com a
gestão da produção se torna capaz de reunir seus insumos em um plano de produção aceitável
que realmente utilize os materiais, a capacidade e o conhecimento disponíveis em suas
instalações e, assim, dada uma determinada demanda do sistema, o trabalho é programado e
controlado para produzir seus bens.
Segundo Russomano (2000) e Zacarelli (1986), as atividades de produção mencionadas por
Monks (1987), incluem o planejamento, programação e controle (PCP). Desse modo, os
autores entendem que o PCP pode ser compreendido como uma coordenação dos
departamentos de uma organização com foco voltado ao atendimento da demanda de vendas
ou programação da produção, de modo que as mesmas sejam atendidas nos prazos e
quantidades exigidas.
Ao tomar como base a visão holística da organização, inicialmente, será apresentado o
histórico da empresa, perfil do negócio, características, principais serviços e produtos,
perspectivas futuras e peculiaridades do mercado no qual, a empresa em questão está inserida.
Depois de descrito o Sistema Produtivo, será abordadeo o Planejamento e Controle da
Produção (PCP) de britas, já que a empresa estudada é uma mineradora.
Em termos metodológicos, trata-se de um estudo de caso de natureza exploratória-descritiva,
pois segundo Gil (2002), esse é caracterizado por uma investigação profunda de maneira que
permita um amplo e detalhado conhecimento da unidade-caso estudada. Barros e Lehfeld
(2000) apontam que essa modalidade de estudo, volta-se à coleta e ao registro de informações
sobre um caso particularizado, elaborando relatórios críticos organizados e avaliados, dando
margem a decisões e intervenções sobre o objeto escolhido para a investigação.
Para a elaboração do PCP, utilizou-se o Projeto do Produto e o Projeto do Processo, conforme
especificações descritas por Mayer (1986), Slack (2002) e Erdmann (2000). Ademais, a
determinação da quantidade a ser produzida foi baseada na capacidade produtiva e na
demanda do produto em questão (BURBIDGE, 1981).
2 Histórico da empresa
2.1 Perfil do negócio
Com o objetivo de suprir em vários ramos da Engenharia nasce, em 1982, a Sulcatarinense.
Desde então, a empresa investiu no desenvolvendo e criação de tecnologias próprias,
imprimindo um toque personalizado em todas as obras, com vistas à melhoria contínua de
seus processos.
Inicialmente, suas áreas de atuação foram: construção pesada, produção e comercialização de
pedra britada. Posteriormente, passou a atuar no setor da construção civil. Assim, a
Sulcatarinense atinge atualmente, o status de uma das maiores empresas de Engenharia de
Santa Catarina, atuando na área de obras urbanas, rodovias, aeroportos, saneamento,
loteamento e, inclusive, na construção civil.
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A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
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Dessa forma, pode-se afirmar que a Sulcatarinense atua hoje na construção civil e fabricação
de produtos afins. Essa gama de produtos e serviços contempla, desde obras públicas, tais
como: ferrovias, túneis, pontes, estradas e obras de saneamento e as obras privadas, tais como:
loteamentos, pavimentações até a construção do pátio da Coca-Cola e do Planeta Atlântida,
ambos localizados na grande Florianópolis. Entretanto, um dos empreendimentos mais
significativos da empresa foi a colaboração na duplicação da BR-101, trecho do município de
Biguaçu até a Ponte do Rio Tijucas.
Quanto a outros produtos, são fabricados para consumo próprio e para comercialização,
material pétreo em geral, desde blocos de granito até pedriscos e areia industrial. Seus
consumidores estão localizados em lojas de material de construção, concreteiras e
construtoras.
Visando atingir um melhor desempenho em relação aos produtos e serviços prestados, pode-
se afirmar que a Sulcatarinense possui uma linha de trabalho voltada para a qualidade e
transparência de suas ações, bem como a preocupação constante com a otimização de prazos e
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de obtenção de recursos financeiros. Esta é uma filosofia que está presente na execução de
suas pequenas e grandes empreitadas.
2.3 Perspectivas futuras
Em relação às perspectivas futuras, o principal objetivo organizacional de curto prazo é o
aumento de suas vendas. Para tanto, sugere-se um maior aproveitamento da home page
(www.sulcatarinense.com.br) da empresa para a venda de brita, tendo como premissa básica
apontar o diferencial do produto junto ao mercado como, por exemplo, mostrar que a areia
industrial tem um excelente rendimento na fabricação de concreto, bem melhor que a areia
comum do rio e mostrar a qualidade ambiental, através da produção do produto limpo
(denominação compatível com as políticas de reflorestamento).
Tais ações estratégicas são justificadas pela crença de que existe uma demanda no setor em
relação à absorção dos produtos acabados, a qual pode ser confirmada através de uma
pesquisa de mercado ou de análise da demanda.
Sendo assim, as estratégias pretendidas, segundo Kottler (2000) e Cobra (2003), referem-se ao
pós-venda e ao investimento em esforços para a busca de novos clientes, além de diferenciais
para a manutenção dos existentes.
2.4 Mercado
A Sulcatarinense segmentou suas atividades, primeiramente, no setor público, porém após
1985, surgiu a necessidade de migrar para a iniciativa privada como uma forma de não
depender das variações do ambiente externo, tais como: política, economia e determinações
governamentais.
Por considerar o Estado um “mau pagador” devido seus constantes atrasos de pagamento e
encargos excessivos, a opção por angariar clientes junto à iniciativa privada foi uma forma
encontrada de manter seu capital de giro, bem como sua liquidez.
Quanto aos seus concorrentes, infere-se que não é significativo o número de empresas da
região que prestam tais serviços e/ou fabricam os mesmos produtos.
O grande desafio a ser enfrentado é o alcance de um de seus objetivos de longo prazo, a saber:
conquistar e fidelizar a iniciativa privada. Para tanto, faz-se necessário o investimento em
qualificação de pessoas e processos, negociação de prazos de pagamento e entrega de
produtos, bem como a manutenção dos prazos e a busca constante pela conformidade dos
produtos. Tem-se como meta, conseguir fornecê-los com redução de custos, aproveitamento
de recursos e adequação de suas atividades em função de ajustes das contas a receber e a
pagar.
Em relação aos seus pontos fortes, um deles se refere à sua localização, pois a empresa pode
contar com a presença de jazidas de onde são extraídas as matérias-primas e a proximidade do
Rio Biguaçu pela oferta de água, uma vez que tal insumo está presente em seu processo
produtivo. No entanto, em termos de manter seu crescimento, porém de forma sustentável,
mecanismos de produção mais limpa e eficiência energética são preocupações da empresa,
que deve direcionar recursos para tal.
Além disso, a Sulcatarinense possui considerável experiência na área, modernos
equipamentos, uma imagem positiva no mercado e um corpo técnico de funcionários
diversificado e capacitado.
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CLIENTE: EMPRESA X
Produto Quantidade Total
Brita ¾ 10 100 m³
-x- -x- -x-
-x- -x- -x-
Data para entrega: 14/11/2003 Data de início da produção: 13/11/2003
lotes-padrão Autorizado por
10 m³
horário Dia m3 m3 m3
Brita 3/4 0,0 16,5 14/11/03 10,0 10,00 20,00
Pesagem e Estoque -2,0 14,5 14/11/03 10,0 10,00 20,00
Britagem -4,0 10,5 14/11/03 11,0 11,00 22,00
Detonação -6,5 14,0 13/11/03 100,0 100,00 200,00
Levantamento
Topográfico -14,5 8,0 13/11/03 100,0 100,00 200,00
Brita 3/4
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19
Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 0 0 0 20
Recebimentos
Programados 0 0 0 0
Estoque
projetado/Disponível 0 0 0 10
Ordens Liberadas 10
Pesagem e Estoque
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19
Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 20
Recebimentos
Programados
Estoque projetado/Disponível 10
Ordens Liberadas 10
Britagem
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19
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Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 100
Recebimentos
Programados
Estoque projetado/Disponível 10
Ordens Liberadas 10
Detonação
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19
Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 200
Recebimentos
Programados
Estoque projetado/Disponível 10
Ordens Liberadas 10
Levantamento
Topográfico
TER QUA QUI SEX SEG TER QUA
Dia do mês 11 12 13 14 17 18 19
Data -3 -2 -1 0 1 2 3
Necessidades Brutas 200
Recebimentos
Programados
Estoque projetado/Disponível 10
Ordens Liberadas 10
Tabela 2 – Técnica do MRP
Código Operação
08:30
09:00
09:30
10:00
10:30
11:00
11:30
14:00
14:30
15:00
15:30
16:00
16:30
17:00
17:30
fim
Levantamento
1 Topográfico
1.1 Ação em Campo 20 120
1.2 Plano de Fogo 10 60
1.3 Ordem de pedido 1 20
2 Detonação
2.1 Furação 15 240
2.2 Instalação 10 120
2.3 Detonação 0 1
Seleção do Produto
(daqui em diante
consideram-se o tempo
3 para um lote)
Separação do material
3.1 pétreo > 40 “ 10 60
3.2 Quebra adicional 10 30
3.3 Inspeção 0 15
4 Recolhimento do 10 15
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material pétreo
Alimentação do
5 primeiro britador 0 60
6 Primeira Britagem 0 30
Alimentação do
7 segundo britador 0 60
8 Segunda Britagem 0 30
9 Separação 0 30
Pesagem para controle
10 do processo 5 55
11 Depósito no estoque 0 60
Dessa forma, percebe-se que a utilização do gráfico de Gantt possibilita a determinação eficaz
da operacionalização das atividades de britagem, o tempo de execução, os custos e as metas,
servindo como uma poderosa ferramenta do Planejamento e Controle da Produção. Tanto o
gráfico de Gantt, quanto o MRP e outras técnicas utilizadas para esse fim podem ajudar no
desenvolvimento de novos produtos, melhoria da qualidade, diminuição dos custos e dos
prazos de entrega, aumento da produtividade, enfim, em um melhor desempenho operacional
das organizações.
6 Considerações finais
Com base no estudo de caso apresentado, argumenta-se que a elaboração de um Modelo de
Planejamento e Controle da Produção pode ser compreendida como um elemento decisivo na
estratégia das organizações para enfrentar as crescentes exigências do mercado, em que estão
inseridas. Na situação investigada, percebe-se que seu uso pode assegurar o suprimento de
britas e maximizar o desempenho competitivo, uma vez que permite conciliar a atividade
produtiva com o meio ambiente, com o processo de uso e ocupação do solo.
Nesse sentido, as informações advindas da Engenharia de Produção contribuem para o
fornecimento de subsídios e assim, os responsáveis pelo planejamento estratégico e tático da
organização conseguem melhor planejar e realizar a produção, fornecendo seus bens sob
condições controladas, evolutivamente. Para tanto, faz-se necessário representar graficamente
seu processo produtivo, tendo como parâmetros condições controladas que incluam: a
disponibilidade de informações que descrevam as características do produto; a disponibilidade
de instruções de trabalho, quando necessária; o uso de equipamento adequado e a
implementação da liberação e entrega do produto.
No que diz respeito ao planejamento da capacidade produtiva, verifica-se a disponibilização
de informações que facilitem: a viabilidade de planejamento de materiais; obtenção de dados
para futuros planejamentos de capacidade mais precisos; identificação de gargalos;
estabelecimento da programação de curto prazo; conhecimento da disponibilidade de
equipamentos, matérias-primas, operários, processo de produção, tempos de processamento,
prazos e prioridade das ordens de fabricação.
Referências
BARROS, A. J. da S.; LEHFELD, N. A. de S. Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciação
científica. São Paulo: Makron Books, 2000.
BEAUMONT, N. Best Practice in Australian manufacturing sites. Techovation, v. 25, p. 1291-1297, 2005.
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