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RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados de uma experiência realizada utilizando-se um sistema de tratamento
terciário, por filtração e ozonização, do efluente, de uma estação de tratamento de esgotos por lodos ativados,
visando fornecer água de “make up” par circuitos semi-abertos do sistema de ar condicionado central de um
Shopping Center. Utilizou-se duas torres de resfriamento, em escala de piloto de campo, para simular
condições reais de um sistema de refrigeração. Analisando-se as propriedades físico-químicas do efluente do
tratamento terciário, deste fornecido ao sistema de resfriamento após dois tipos de tratamento: elevação de pH,
para diminuiçao da corrosividade, e tratamento químico convencional para controle da corrosão verificamos
uma melhora substancial na qualidade da água submetida ao tratamento químico convencional. Através de um
teste padronizado de corrosão, realizado utilizando a água do siste,ma de refrigeração das duas torres
concluímos que o tratamento químico convencional foi eficiente no controle da corrosão. Portanto, a água
tratada por filtração e ozonização poderia ser utilizada como água de “make up”, desde que submetida ao
tratamento químico convencional.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho descreve uma experiência piloto executada em outubro de 2002 nas instalações da
empresa AQUALAB QUÍMICA E SERVIÇOS LTDA. visando avaliar a viabilidade técnica do reúso do
efluente proveniente de uma estação de tratamento de esgoto sanitário por lodos ativados, com posterior
tratamento terciário por filtração e ozonização, com objetivo de utilização como água de “makeup” em um
circuito de resfriamento semi-aberto do sistema de ar condicionado central de um Shopping Center. O
experimento foi realizado utilizando-se duas torres piloto de resfriamento induzidas em fluxo contra-corrente.
Em uma das torres piloto (torre A) foi realizado o ensaio em branco (sem tratamento químico) e na outra torre
(torre B) o ensaio com tratamento químico. Objetivando prever o nível de corrosão dos materiais metálicos
dos equipamentos envolvidos e sua conseqüente estimativa de vida, foi utilizado para o cálculo da taxa de
corrosão o método dos corpos de prova em árvores de teste como recomendado pela ASTM D. 2325-65T
(1955) - Corrosivity Testing of Industrial Water (Cupon Test Method). Este método foi escolhido por simular
adequadamente as condições operacionais do circuito. Foram utilizados cupons de ferro e de cobre em virtude
de que estes materiais metálicos são os preponderantes no circuito. Foram executadas análises físico-químicas
da água recebida do efluente após o tratamento terciário e dos circuitos de resfriamento piloto da torre A e da
torre B. A partir dos resultados das taxas de corrosão do teste nos dois circuitos: sem e com tratamento
químico, concluiu-se que é tecnicamente viável utilizar os efluentes de estações de tratamento de esgotos, após
um tratamento terciário, como água de “makeup” em circuitos de resfriamento semi-abertos tomando-se o
cuidado de oxidar o nitrogênio amônia a níveis abaixo de 1 ppm para evitar a corrosão inicialmente ao cobre e
depois ao ferro devido a deposição do cobre oxidado nas superfícies ferrosas e corrosão deste por ser menos
nobre que aquele. É necessário reduzir a concentração de nitrogênio amoniacal, o que pode ser realizado
através de processo de tratamento de esgoto com nitrificação ou pós-tratamento para oxidar a amônia a nitrato.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram realizados dois ensaios de forma a comparar os resultados de corrosividade, a partir da água de reúso
propriamente dita sem tratamento químico e com tratamento químico convencional em processos de controle
de corrosão em torres de resfriamento, a saber:
Obs: Em virtude do pouco tempo disponível para a apresentação dos resultados da experiência, o
tempo utilizado para a exposição dos cupons de teste foi de 4 dias quando o ideal é de 60 dias.
Após a montagem dos circuitos das Torres A e B conforme fluxograma abaixo, seguiram-se as seguintes
etapas:
Árvore de teste
Flúido Quente
Alimentação ventilador
RESULTADOS
Os resultados das análises físico-químicas efetuadas na água recuperada da estação de tratamento de esgotos e
das torres de resfriamento estão descritos na Tabela 1 e os resultados das taxas de corrosão na Tabela 2.
com o cobre e o ferro, especialmente na torre A, e redução devido a oxidação a nitrato através da cloração,
apenas na torre B (a única cuja água foi tratada quimicamente para reduzir a corrosão. Na água usada na
alimentação da torre B foi aplicado azol, que é um composto químico que inibe a corrosão do cobre, o que
explica os valores reduzidos de cobre nas amostras da torre B.
A tabela 2 apresenta os resultados obtidos nas determinações das características físicas dos cupons colocados
no sistema de recirculação das torres de resfriamento, que foram utilizados no cálculo da taxa de corrosão.
Torre A Torre B
(sem tratamento químico) (com tratamento químico)
Item Unidade Cupon de ferro Cupon de cobre Cupon de ferro Cupon de cobre
mpy = perda de massa (MI-MF) X 1,437 X 105 / Área X tempo X massa específica do metal
Aplicando a fórmula acima, os valores médios encontrados para as taxas de corrosão para os dois circuitos
foram:
A previsão de vida dos materiais metálicos das torres de resfriamento pode ser verificada confrontando as
taxas de corrosão obtidas na Tabela 2 com as faixas estabelecidas na tabela 3:
Taxa mpy Previsão de vida Controle Taxa mpy Previsão de vida Controle
corrosão corrosão
0–2 Acima de 70 anos Excelente 0–1 Acima de 65 anos Excelente
2–5 28 a 70 anos Bom 1–2 32 a 65 anos Bom
5–8 17 a 28 anos Fraco 2–3 21 a 32 anos Fraco
8 – 10 14 a 17 anos Pobre 3–4 16 a 21 anos Pobre
10 14 anos Intolerável 4 16 anos Intolerável
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
A partir dos resultados das taxas de corrosão do teste nos dois circuitos: sem e com tratamento químico,
concluiu-se que é tecnicamente viável utilizar os efluentes de estações de tratamento de esgotos, após um
tratamento terciário, como água de “makeup” em circuitos de resfriamento semi-abertos tomando-se o
cuidado de oxidar o nitrogênio amônia a níveis abaixo de 1 ppm para evitar a corrosão inicialmente ao cobre e
depois ao ferro devido a deposição do cobre oxidado nas superfícies ferrosas e corrosão deste por ser menos
nobre que aquele.
De acordo com as taxas de corrosão encontradas nos dois circuitos piloto, concluiu-se que a utilização dos
efluentes de estações de tratamento de esgotos com posterior tratamento terciário como água de make up”” de
circuitos de resfriamento semi-abertos é tecnicamente viável desde que cuidados com a redução dos níveis de
nitrogênio amoniacal sejam tomados e um tratamento químico compatível seja aplicado.
Levantamento de custos também devem ser efetuados uma vez que o grande consumo de água tratada para
reposição em torres de resfriamento pode ser evitado com a substituição por este efluente e a partir da
viabilidade técnica, torna-lo também viável sob o aspecto econômico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ASTM - Corrosivity Testing of Industrial Water (Cupon Test Method) D. 2325-65T (1955).
2. CTI, Cooling Tower Institute. Cooling Tower Manual. Cooling Tower Performance Variables,
Houston, 1998.
3. CTI. Cooling Tower Institute. Cooling Tower Manual. Cooling Tower Operations, Houston, 1999.
4. DANTAS, E. Geração de Vapor e Água de Refrigeração, p. 129-133.
5. GENTIL, V. Corrosão, Editora Guanabara Dois S.A., 1985, p. 89-90.