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Dona Clarice sempre gostou de animais. Sabendo disso, seu falecido marido,
há cerca de 15 anos atrás decidiu presenteá -la com um papagaio, espécie da
fauna silvestre brasileira.

Tão logo levado ao convívio da família, ainda filhote, a ave recebeu o nome de
Louro, passando a ser o centro das atenções da casa. Foi ensinado a falar,
cantar, assobiar e comer na mão de Dona Clarice, por todo esse período.

Certa feita, Dona Clarice recebeu em sua casa a visita da Polícia Militar
Ambiental, em atendimento à uma denúncia anônima, que ao confirmar a
manutenção da ave em cativeiro, lavrou Boleti m de Ocorrência (BO), ao
argumento de que a criação ilegal de animais da fauna silvestre brasileira em
cativeiro constitui, além de irregularidade administrativa, ilícito civil e penal.

Ao tomar conhecimento do fato, o Ministério Público do Estado X, aju izou Ação


Civil Pública em face de Dona Clarice, objetivando o pagamento de
indenização por danos ambientais causados, no importe de R$ 16.000,00
(dezesseis mil Reis), a serem revertidos para o Fundo Municipal de Defesa
Ambiental, porquanto esta manteve em cativeiro ave da fauna silvestre
brasileira sem a devida autorização do órgão competente, no caso o IBAMA.


   

O Ministério Público moveu Ação Civil Pública contra a ré, fazendo


uso das atribuições que lhe conferem o Artigo 5º da Lei de Ação Civil
Pública (Lei 7347/85).

Na peça inicial da demanda, o Ministério Público alegou que a partir


da Constituição Federal de 1988 a proteção do meio ambiente ganhou
identidade própria, despertando a consciência da convivência
harmoniosa com o mesmo, independentemente de sua classificação,
enquanto meio ambiente natural, artificial, cultural, do trabalho ou o
patrimônio genético, eis que conferiu proteção à todas essas
modalidades, razão pela qual, o texto constitucional consagrou ser
dever do Poder Público e da coletividade a proteção e defesa do meio
ambiente para as presentes e futuras gerações.

Aduziu que a ré não possuía qualquer autorização do órgão


competente (IBAMA) para a manutenção da ave silvestre em
cativeiro.

Afirmou que a criação do referido animal em cativeiro impossibilita o


desempenho de suas funções biológicas, contribuindo para o
desequilíbrio do ecossistema, ensejando, não raro, situações que
propiciam a extinção da espécie, causando por conseguinte, prejuízo
irreparável à todos.

Requereu fosse posteriormente o animal libertado em seu habitat


natural, após verificação de sua adaptação às condições de vida
silvestre ou fosse o mesmo entregue à jardins zoológicos, fundações
ambientalistas ou entidades assemelh adas, desde que ficasse sob a
responsabilidade de técnicos habilitados ou fiéis depositários.

Juntou o Parecer Técnico do biólogo daquele órgão que valorou a


indenização pretendida, demonstrando sua viabilidade econômica e
jurídica, não infringindo, inclusive, a garantia constitucional do
Contraditório.

Por fim, reforçou que houve a criação clandestina de animais da fauna


silvestre em cativeiro, violando dispositivos legais e constitucionais,
restando configurado, crime contra a fauna, tipificado no Art . 29 da Lei
9.605/98, objeto de outra ação contra Dona Clarice.

  

Sustentou a ré em sua Contestação, não ter capturado a ave, tendo - a


recebido, ainda filhote, como presente, de seu falecido esposo, sem
ter se preocupado, no entanto, com a origem do animal, por ver ali
realizado um grande sonho pessoal e porque em absoluto, não tinha a
consciência de que tal ato poderia causar danos ao papagaio, ao meio
ambiente e tampouco à coletividade.

Afirmou que mesmo sendo a origem do animal ilegal, teria sido o


mesmo sempre tratado com grande cuidado e respeito às suas
características comportamentais, bem como, sempre foram
observados os cuidados com a sua alimentação, com a prevenção e
tratamento de doenças, com o fornecimento de abrigo, com a higiene
e segurança adequados, de sorte que retira -lo do convívio da ré,
ensejaria fatalmente na sua morte, pois a ave não apresentaria
condições que a deixassem apta para sobreviver em outra localidade,
longe dos cuidados até então a ela dis pensados.

Alegou que a época em que recebeu o animal em sua casa, pouco se


falava nas questões ambientais e que o Estado muito menos se
preocupava com a educação ambiental.

Frizou jamais ter exposto o animal à qualquer situação de maus tratos,


o que poderia ser comprovado pelo próprio Boletim de Ocorrência, no
qual a autoridade policial afirmou ter encontrado o papagaio
aparentemente manso, bem tratado, com comida e água em
abundância e acondicionado em um grande e arejado viveiro.

Aduziu que criou por todo esse período tão somente uma única ave
silvestre, não tendo, em absoluto nenhum intuito comercial ou de
tráfico de animais, reafirmando não existir o propósito lesivo ao meio
ambiente.

Invocou o Princípio da Razoabilidade, mostrando ser desproporc ional


o valor pleiteado a título de indenização, por parte do Ministério
Público.

Aduziu ainda que possuía bons antecedentes e que não possuía


condições econômicas para pagar a indenização pleiteada pelo
Ministério Público, uma vez que sua única renda er a a proveniente da
pensão deixada por seu esposo. 

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