Aplicações de Autovalores e Autovetores

1. Dinâmica de Populações
à !
0, 95 0, 03
1.1. Teoria. Considere a matriz A = .
0, 05 0, 97
(1) Mostre que 1 e 0, 92 são os autovalores de A.
(2) Calcule os autoespaços associados aos autovalores de A.
(3) Mostre que existe uma base de M2×1 (R) formada por autovetores de A?
(4) Seja B = {v1 , v2 } a base que você encontrou em (c). Se u0 ∈ M2×1 (R), mostre que existem
números reais c1 , c2 tais que

Ak u0 = c1 v1 + c2 (0, 92)k v2 para todo k ∈ N.

à !
0, 6
(5) Se u0 = , encontre Ak u0 para todo k ∈ N. Defina uk+1 = Ak u0 . O que você pode
0, 4
“conjecturar” sobre o comportamento dos vetores uk quando k → ∞, isto é você poderia dizer
quando é “limk→∞ uk ”?
(6) Qual foi a importância da escolha do particular vetor u0 em (5)? Se u0 é um vetor qualquer em
M2×1 (R), apresente o vetor que representa o compartamento de uk+1 = Ak u0 quando k → ∞.

(7) Qual a relação entre as respostas encontradas em (5) e (6) e os autovalores/autovetores da

matriz A?

Observação 1.1. Os “limites” encontrados em (e) e (f) são chamados estados de equilı́brio de A. Um
estado de equilı́brio de uma matriz M é v tal que M v = v.

Observação 1.2. A matriz A do exercı́cio é um exemplo de uma matriz estocástica e a seqüência de

vetores u0 , u1 , . . ., uk , . . . é um exemplo de uma cadeia de Markov.

1.2. Aplicação. Suponha que um estudo demográfico mostre que a cada ano cerca de 5% da pop-
ulação do centro de uma cidade muda-se para a periferia (e 95% permanece no centro), enquanto que
3% da população da perifeira muda-se para o centro (e 97% permanece na periferia).
(i) Que fatos devemos ignorar para que a seguinte equação matricial
à !
0, 95 0, 03
x1 = x0 .
0, 05 0, 97
descreva a mudança naà população de!um ano para outro? Supondo esses fatos, interprete a equação
0, 95 0, 03
acima. A matrix A = é chamada matriz de migração.
0, 05 0, 97
à !
r0
(ii) Se x0 = , onde r0 é o número de pessoas que vivem no centro e s0 é o número de pessoas
s0
que vivem na periferia num determinado ano, o que representa a fórmula xk+1 = Ak x0 , onde k é um
1
2

número natural?
(iii) Interprete a resposta encontrada na Subseção 1.1 para o contexto descrito acima.

Exercı́cio 1.3. Com base no problema resolvido acima, responda as questões do Exemplo I da Seção
2 do material Problemas em Álgebra Linear.

2. Circuitos Elétricos

Um transformador envolve dois circuitos elétricos, sendo que um deles induz uma corrente no outro
por indução magnética.
- -
I1 (t) I2 (t)
R1 R2
²¯ ²¯
E1 (t)
±° L1 E2 (t)
±° L2

C1 C2

O correspondente sistema de equações (diferenciais) para as correntes I1 e I2 num instante t é dado

por: 

 d2 I1 d2 I2

 L1 2 + M 2 + R1 I1 = E1
 dt dt
(?)

 2 2

 L2 d I2 + M d I1 + R2 I2 = E2 ,

dt2 dt2
onde M é o coeficiente
à de indução mútua.
!
I1 (t)
(a) Se x(t) = , t ∈ R, e M 2 6= L1 L2 , então existem uma matriz A ∈ M4 (R) e, para cada
I2 (t)
t ∈ R, uma matriz f (t) ∈ M4×1 (R) tal que o sistema de equações (?), pode ser reescrito na forma
d
x = Ax + f .
dt
d
(b) Mostre que x = eλt v é uma solução para a equação x = Ax se, e somente se, v é um autovetor
dt
de A associado ao autovalor λ.

Observação 2.1. O caso f 6= 0 será estudado na disciplina Equações Diferenciais Ordinárias. Observa-
d
mos que as soluções encontradas em (b) serão importantes para a resolução da equação x = Ax + f .
dt
3. Números de Fibonacci

A seqüência de Fibonacci é dada pela seguinte fórmula

Fk+2 = Fk+1 + Fk , onde k ∈ N, F0 = 0 e F1 = 1.

Assim alguns números de Fibonacci são:

0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, . . .

Estes números possuem importantes aplicações. Por exemplo, plantas e árvores crescem num determi-
nado padrão que lembra tal seqëência. Nosso problema é como utilizar autovalores/autovetores para
 3

determinar um determinado número

à de
! Fibonacci. Ã !
Fk+1 1 1
(a) Dado k ∈ N, defina uk = . Mostre que para cada k ∈ N, uk+1 = uk .
Fk 1 0
à !
k 1 1
(b) Dado k ∈ N, mostre que uk = A u0 , onde A := .
1 0
(c) Se λ1 , λ2 são os autovalores de A, mostre que para todo k ∈ N,
(λ1 )k x1 − (λ2 )k x2
uk = ,
λ1 − λ2
à ! à !
λ1 λ2
onde x1 = e x2 = .
1 1
(d) Mostre que para cada k ∈ N,
Ã 
√ !k à √ !k
1 1+ 5 1− 5 
Fk = √  − .
5 2 2

Note que a expressão acima é sempre um número inteiro!!! (Por quê?)

à √ !k
1 1+ 5
(e) Uma aproximação para Fk é o inteiro mais próximo de √ . Justifique essa afirmativa.
5 2
(f) Mostre que para todo k ∈ N,

(λ1 )k+2 = (λ1 )k+1 + (λ1 )k e (λ2 )k+2 = (λ2 )k+1 + (λ2 )k .