1 Acadêmico do Curso de Engenharia Elétrica – UFSM, Santa Maria, RS e-mail: matiasmuraro@gmail.com 2-3 Professores do Curso de Engenharia Elétrica – UFSM, Santa Maria, RS 2 e-mail: mariotto@ct.ufsm.br 3 e-mail: humberto@ctlab.ufsm.br
1. INTRODUÇÃO tensão é e resultado de uma seqüência de eventos
O crescimento acentuado da demanda de carga acompanhados pela instabilidade de tensão, associado a restrições financeiras e operacionais ocasionando baixas tensões em uma parte que dificultam o investimento em ampliações e significante do sistema [1]. melhorias exigem que os componentes dos sistemas Curvas P-V são facilmente construídas para um elétricos de potência sejam solicitados a operar em sistema radial com uma carga no terminal receptor condições próximas de seus limites, o que pode modelada por impedância constante, conectada a acarretar fenômenos indesejáveis como o de um sistema com capacidade infinita de geração instabilidade de tensão. através de uma linha de transmissão sem limite Uma maneira prática de se analisar a térmico, como mostrado na Figura 1. estabilidade de tensão de um sistema é a partir da construção das curvas P-V. O objetivo deste artigo é a obtenção e validação destas curvas com auxilio de uma ferramenta de programação interna do Figura 1: Sistema elétrico para analise de programa DIgSILENT®. estabilidade de tensão. A equação que relaciona tensões e potências do 2. ESTABILIDADE DE TENSÃO sistema da Figura 1 pode ser escrita como em [1]: Um sistema elétrico é dito estável do ponto de r r r VS = (a1 + ja2 )VR + (b1 + jb2 )(PR − jQR ) / VR (1) vista de tensão se após distúrbios, contingências ou aumento de carga, um novo estado de equilíbrio é Onde: a1 , a 2 , b1 e b2 são funções dos obtido com todas as tensões dentro de limites parâmetros da linha de transmissão, dados em [3]; aceitáveis. O estudo de estabilidade de tensão r VS é a tensão na barra do sistema de geração permite determinar o quanto um estado de operação r é estável e para isso é importante determinar o infinita; V R é a tensão na barra da carga; PR e QR ponto de colapso de tensão, evitando-se possíveis são as potências ativa e reativa da carga, desligamentos com conseqüências graves como as respectivamente. relatadas em [1]. Para uma determinada potência da carga e para Um sistema entra em estado de instabilidade de uma magnitude de VS , o valor de VR pode ser tensão quando o aumento de demanda da carga ou alterações nas condições de operação produz uma obtido após algumas manipulações matemáticas em progressiva e incontrolável queda de tensão. Isso é (1), assim: esperado porque as quedas de tensões sobre as c1VR4 + (c2 PR + c3QR −VS2 )VR2 + c4 (PR + QR ) = 0 (2) 2 2 linhas de transmissão são funções das potências ativas e reativas transferidas [1]. Em que: c1 = a12 + a22 , c2 = 2(a1b1 + a 2 b2 ) , O sintoma de uma instabilidade de tensão eminente pode ser reconhecido pela notável c3 = 2(a1b2 − a2 b1 ) e c4 = b12 + b22 . diminuição da tensão para um pequeno incremento A Equação (2) está na forma ax 2 + bx + c = 0 na carga ou transferência de potência, aumentando a dificuldade do sistema em controlar a tensão [2]. com V R = x . A sua solução fornece a tensão VR Instabilidade de tensão é essencialmente um fenômeno local, entretanto pode produzir um VR = (−b ± b 2 − 4ac )/2a (3) grande impacto sobre o sistema. O colapso de tensão é mais complexo que a instabilidade de .
Para cada incremento de carga as soluções V R1 e
VR 2 obtidas em (3) são interpretadas da seguinte como segue e podem ser visualizadas na Figura 2. (i) Se (b 2 − 4ac) > 0 com VR1 > VR 2 então V R1 é um ponto da curva superior e corresponde a um estado de operação estável e V R 2 é um ponto da curva inferior e refere-se a um estado de operação instável [4]. (ii) Se (b 2 − 4ac) = 0 , VR1 = VR 2 = VRcrítico Figura 2: Curvas P-V para o sistema da Figura 1. corresponde ao limite de estabilidade de tensão ou nariz da curva [4]. Tabela 1: Valores críticos de potencia ativa. (iii) Se (b 2 − 4ac) < 0 significa que o sistema Fator de potencia P (MW) 0.8 Ind. 0.9 Ind. 1 0.95 Cap. não pode operar sob esta condição de carga e não DPL 246 304 466 617 há solução real para a Equação (3). [1] 256 317 485 644 Erro % 3,9 4,1 3,9 4,2 3. FERRAMENTA COMPUTACIONAL DE O erro presente na Tabela 1 se deve a SIMULAÇÃO linearização realizada pelo programa DIgSILENT® O programa computacional utilizado para no cálculo do fluxo de potência. realizar estudos de estabilidade de tensão é o programa DIgSILENT®. Este é um programa de 5. CONCLUSÃO simulação de sistemas de potencia reconhecido, Uma pequena revisão teórica sobre estabilidade validado e utilizado internacionalmente, mas ainda de tensão e um novo método de geração de curvas pouco utilizado no setor elétrico brasileiro. P-V, através do software DIgSILENT® utilizando a A construção das curvas P-V foi realizada ferramenta DPL são apresentados neste artigo. através do módulo DIgSILENT® Programming As curvas P-V bem como os valores de Language (DPL). Essa é uma linguagem de potências e tensões para o limite de estabilidade de programação interna que apresenta a possibilidade tensão simulados possuem valores muito próximos da automatização de tarefas e a criação de novas da solução teórica apresentada em [3]. funções de cálculo. As curvas P-V geradas pelo método apresentado As curvas P-V foram construídas para diferentes neste artigo foram construídas para um sistema fatores de potência através da realização de fluxos simples e podem ser utilizadas para estudos de de potencia sucessivos com incrementos de estabilidade de tensão em sistemas maiores e potência ativa da carga de 1 MW para tensão também em casos onde existe geração distribuída nominal e fator de potência constante. Os valores com diferentes fontes como centrais eólicas, de tensão e potencia ativa da carga após a obtenção pequenas hidroelétricas, geradores a diesel e células de cada estado de operação foram utilizados para a combustíveis. construção da curvas P-V. REFERÊNCIAS 4. RESULTADOS DA SIMULAÇÃO 1. Kundur, P., Power System Stability and Control. As curvas P-V, para diferentes fatores de New York: McGraw-Hill, 1994. potência, foram geradas para o sistema da Figura 1 2. Gupta R.K., Alaywan Z.A., Stuart R.B., and, para uma linha de transmissão de 345 kV com Reece T.A., “Steady state voltage instability impedância série de (13,44 + j128,35)Ω e operations perspective”, IEEE Trans. Power admitância shunt de j1,797 mS [3]. Syst., vol 5, pp. 1345-1351, 1990. A Figura 2 apresenta curvas P-V para quatro 3. Haque, M.H., “Determination of Steady-State diferentes fatores de potência, obtidas através de Voltage Stability Limit Using P-Q Curve”, IEEE simulações no programa DIgSILENT®. Power Engineering Review, abril de 2002. Os valores da potência ativa para o limite de 4. Taylor, C.W., Power System Voltage Stability. estabilidade de tensão encontrado pelo método New York: McGraw-Hill, 1994. utilizado no programa DIgSILENT® através da ferramenta DPL e os valores apresentados em [3] estão apresentados na Tabela 1.