Departamento de Sociologia
Unidade Curricular:
Sociologia da Família
Constituição do grupo:
2º Ano
Docente:
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- A família na perspectiva de Philippe Ariès (1914 – 1984) Aula de 5 de Abril de 2011
Segundo Ariès a família moderna é moderna porque é sentimental, e o que a caracteriza é o
investimento nas crianças, nos sentimentos. Para testar esta hipótese recorre a uma
perspectiva do passado, recua no tempo ate ao século XI e XII para compreender o
presente. Utiliza a iconografia como fonte documental para os seus estudos e é através
deste meio que repara atentamente em como a criança é representada na pintura, nas
figuras... As crianças antes, eram representadas como adultos em miniatura, iguais aos
adultos mas em escala menor. Contudo, no final do século XII, passagem para o século
XIII esta representação/ apresentação das crianças altera – se. No princípio do século XIV,
ate a representação da N. Sª e do seu Menino Jesus, ou seja da Família Sagrada se altera.
Ate ao século XIII esta sagrada imagem não aparecia, mas no inicio do século XIV esta
imagem familiar símbolo de simplicidade e da família conjugar era mais comum de se
encontrar, e ate o próprio Menino Jesus se vestia como uma criança e não como um adulto
em miniatura. Antes do século XVIII não havia espaço para as crianças serem crianças, ou
seja, desde tenra idade ingressavam no mundo dos adultos, num mundo rotineiro e sem
tempo para brincadeira. Assim sendo, apenas com 7 anos de idade as crianças eram
consideradas uma óptima força de trabalho, mão-de-obra barata e desempenhavam funções
de adultos, contudo ainda tinham a “vantagem” de entrarem em sítios pequenos onde os
adultos não chegavam. No século XVIII o meio habitacional era essencialmente rural,
todas os habitantes do meio rural tinham o direito de educar, reprimir e ajudar as crianças
da aldeia, as suas crianças, os vizinhos passavam a ser uma “família extra da terra” que
estava sempre ali para tudo. Ate o que aprendiam eram com os mestres/ adultos das suas
aldeias, era uma aprendizagem do tipo – aprendendo fazendo com os outros. No século XV
começa – se a dar importância à adolescência, e tens se a consciência de que as crianças
também precisavam de ser crianças. Em parte esta alteração também é consequência de
uma outra valoração que se atribui às crianças/ sentimento em relação às crianças e á sua
infância. Os tempos são outros, mais favorecidos económica e socialmente e, as crianças
passam a ingressar a escola. Antes as crianças ficavam entregues a si próprias nas ruas,
mas depois toma se consciência de que as crianças eram serem frágeis e que precisavam de
cuidado, afecto e progressivamente as crianças foram sendo obrigadas a frequentar a escola
e ingressavam o mundo do trabalho mais tarde. As crianças saem da rua e são entregues
aos cuidados da sua família. A família contemporânea tem sido alvo de muitas
transformações, mas nem por isso os valores, as regras se têm alterado. A família
contemporânea é assim sentimental, protectora e educativa relativamente às suas crianças.
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Aula de 18 de Maio de 2011
- A família na perspectiva de Talcott Parsons (1902 – 1979)e Robert Balles (1916 – 2004)
Estes autores foram os que mais críticas mereceram devido a terem uma teoria inovadora.
A teoria desenvolvida por estes autores é essencialmente funcionalista, inspirada
maioritariamente na teoria desenvolvida por Parsons. Analisam como unidade básica de
análise a família tradicional americana, uma vez que era a família americana o modelo
ideal de família segundo os autores, pois era um bom exemplo de uma família do tipo
nuclear (estrutura nuclear – mãe, pai e filhos). Segundo os autores, tudo o que existe na
sociedade tem uma função específica, a sociedade (sistema gera) e constituída por muitos
sistemas (entre eles a família, essencial para o funcionamento da sociedade). Sobre o ponto
de vista macro – sociológico a família tem uma função cada vez mais diminuta, que se
divide em 2 dimensões: a) reprodução da espécie - as crianças nascem, crescem,
desenvolvem – se dentro da família – e b) a influência que a família exerce sobre a
consolidação dos adultos – os adultos são muito solicitados um pouco para tudo na
sociedade, e tem de estar preparados para dar conta de todas as necessidades que vão
surgindo. A família desempenha ainda uma função muito importante do ponto de vista
micro – sociológico, uma vez que contribuiu para a socialização das crianças de maneira a
torna – los membros efectivos e bem comportados da sociedade. a socialização é fazer Hierarquia de
importância
passar o individuo de um estado de besta bruta para um individuo civilizado. Para os em relação ao
autores, não havia famílias sem casamento e o casamento desempenha assim um papel casamento:
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através da educação que desenvolve nos descendentes todas as suas capacidades. É uma
família ambiciosa. O conceito Necutisma – influência da família para ter cunhas – ganha
outra importância. Actualmente, investe-se mais na responsabilização, quer dos pais, quer
dos filhos. Cada filho tem cinco potencialidades para desenvolver. O facto de as pessoas
serem assexuadas é um factor da felicidade humana e, principalmente, da felicidade
conjugal. Um outro conceito que ganha importância na teoria de Parsons e Balles é de
complementaridade, ou seja, homem e mulher dependem um do outro. Podem ser
autónomos, mas é na harmonia dos sexos que se sabe que não há sexos superiores. O
homem tem o papel instrumental, a mulher tem o papel expressivo. O primeiro orienta o
homem para as tarefas do exterior, o segundo dá à mulher a capacidade de olhar pela vida
de casa, não pensa nela, vive para a família e para a felicidade desta. Apesar de tudo, os
papéis complementam-se para a felicidade do todo.