Para Ilari, é difícil dar uma definição, mas diz que é uma competência que
temos e uma experiência que o lingüista cultiva. Diz ainda que tenha a ver com
a conceitualização, marcas formais, com a distorção da realidade e
organização da realidade num meio simbólico.
Enquanto Abaurre diz que a linguagem não existiria sem sujeito, Rodolfo Ilari
afirma não saber o certo. Mas para ele dentro de certa medida, as pessoas que
falam uma língua têm liberdade. Então o sujeito tem espaço, ele tem uma
chance, não é alguém que vai ser falado.
Sobre a definição de linguística, Abaurre diz que é um campo de estudos muito
amplo, que toma por objetivo de estudo, de investigação, os mais variados
aspectos associados à linguagem e das línguas naturais. Já para Ilari, é tentar
ver como a língua funciona. A língua é uma máquina que tem funções a
exercer e nem todo mundo domina exatamente os mesmos recursos. A
lingüística é essa ciência intrometida que pretende dizer como é que faz aquilo
que todo mundo sabe fazer. É a pratica pela qual o lingüista tenta dar o manual
de uma pratica que funciona sem manual.
Enquanto Ilari diz que é possível perceber que aquilo que já não pode ser visto
como cientifico hoje funcionou como ciência em outros tempos. E para ele não
resta duvida de que muitas informações que fazemos hoje, amanhã nos
parecerão erradas, e outras que consideramos erradas serão certas.
Para Ilari, caberia as escolas mostrar que a língua portuguesa tem variedades,
que essas variedades exprimem grupos diferentes, que discriminar a língua
das pessoas é, na realidade, discriminar as pessoas, e assim por diante.
Lançando essas idéias, a lingüística contribuiu para criar condições para uma
história mais tranqüila, alegre e voltada para a cidadania.
Sobre os desafios da lingüística no século XXI, Abaurre diz que um dos pontos
mais importantes na agenda de desafios da lingüística seria a retomada de
pressupostos de várias teorias e modelos já elaborados, na tentativa de
verificar o que é possível conciliarem, e de responder às grandes questões que
se colocam sobre a linguagem.