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Introdução
*
Dados do SINERGIA de 1994 a 1999 apontam para a mesma série histórica de 18 óbitos, 37
acidentes graves sobre 246 acidentes registrados entre os trabalhadores eletricitários de sua base,
sendo que ocorreu neste período uma redução de 1019 postos de trabalho em sua área de atuação.
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Ministério Público Estadual, que visa conhecer melhor os impactos
sobre a saúde mental dos eletricitários, que devido a natureza do seu
trabalho, estão constantemente expostos ao risco de acidentes no
trabalho.
Os dados que apresentaremos a seguir estão longe de esgotarem
o assunto. Esperamos que possam servir de subsídios a discussão por
melhores condições de vida no trabalho, e assim sendo possamos então
cumprir um dos papéis presentes nas vertentes que orientam a atuação
do CRST no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Agradecemos a confiança da direção do SINERGIA e aos
trabalhadores de sua base, que responderam as nossas questões,
através dos questionários e no grupo, nos fazendo depositários da
esperança, que a vida podia ser, como diz o poeta, “bem melhor e será”.
Agradecemos também ao Ministério Público Estadual, na figura do
Dr. Luís Antônio S. Silva, procurador, que nos ajudou a demonstrar, que
parcerias são possíveis entre os poderes públicos, que visam um bem
comum: A saúde e a segurança no exercício das atividades dos
trabalhadores.
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ORIGEM DA DEMANDA
OBJETIVOS
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MÉTODOS
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
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Previamente à distribuição foi feita uma sensibilização pelo
sindicato através de jornal próprio e folders.
A obtenção do quantitativo de respostas foi acompanhado de
muitos problemas no que tange à empresa estatal privatizada. Em
primeiro lugar, pelo fornecimento de diferentes números de
trabalhadores eletricistas em seus quadros, em segundo, pelo baixo
número de respostas obtidas em relação a unidade de Carapina, 44,6 %
acompanhada da devolução de um elevado número de questionários em
branco, em relação as unidades de Alto Lage (79,2%) e Aribiri (68,4%)
de respostas.
Tal atitude nos levou a crer no desinteresse da distribuição dos
mesmos, ou no número inexato do pessoal lotado em Carapina. Tal
situação foi esclarecida no tocante ao fornecimento correto do número
de profissionais somente no período de tabulação final dos dados.
As duas maiores empreiteiras, Porto Azul e Soercel, também
apresentaram baixo índice de respostas e por onde os técnicos foram
recebidos da forma mais resistente, tendo ocorrido problemas com a
representação sindical, que por vezes os acompanhava.
Atribuímos este baixo retorno a condições já citadas
anteriormente, bem como ao momento econômico que vivenciamos,
onde o medo do desemprego tem sido a tônica, no mundo do trabalho, o
que faz com que muitos trabalhadores não demonstrem interesse em
responder às pesquisas por medo de serem identificados.
Uma outra questão importante a ser considerada, é a resistência à
figura do sindicato, existente nos trabalhadores da Escelsa.
PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO
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INFORMAÇÕES SOBRE QUESTIONÁRIOS DISTRIBUÍDOS
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ENTREVISTADOS POR FUNÇÃO
FREQUÊNCIA
FUNÇÃO
ABS PERC
Eletricista Corte Ligação 49 26,2%
Eletricista de Linha Viva 39 20,9%
Eletricista Esporeiro 37 19,8%
Meio Oficial 22 11,8%
Encarregado de Eletricista 14 7,5%
Eletricista Força Controle 07 3,7%
Eletricista Montador 05 2,7%
Em Branco 14 7,5%
TOTAL 187 100,0%
E n tr e v is ta d o s p o r F a ix a E tá r ia
25%
20,3%
20 |----------- 25
20% 17,1% 25 |----------- 30
15,5%
13,9% 30 |----------- 35
11,2%
15% 2,10% 35 |----------- 40
11,2%
8,6% 40 |----------- 45
10% 45 |----------- 50
50 |----------- 55
5%
E m B ranc o
0%
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ENTREVISTADOS POR NÚMERO DE DEPENDENTES
FREQUÊNCIA
DEPENDENTES
ABS PERC
Nenhum dependente 02 1,1%
1 dependente 13 7,0%
2 dependentes 30 16,0%
3 dependentes 58 31,0%
4 dependentes 22 11,8%
5 dependentes 20 10,7%
6 dependentes 11 5,9%
7 dependentes 02 1,1%
8 dependentes 01 0,5%
Em Branco 28 15,0%
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PERFIL DE MORBIDADE
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na Escelsa. Entre estes 11,4% possuem escolaridade de ensino
fundamental completo e 2,9% ensino superior.
Em relação à faixa etária, a maior concentração vai se situar na
faixa de 40 a 45 anos de idade (25,7%), conforme tabela abaixo.
FREQUÊNCIA
FAIXA ETÁRIA
ABS PERC
20 |----------- 25 06 17,1%
25 |----------- 30 04 11,4%
30 |----------- 35 04 11,4%
35 |----------- 40 06 17,1%
40 |----------- 45 09 25,7%
45 |----------- 50 04 11,4%
Em Branco 02 5.7%
TOTAL 35 100,0%
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FONTES DE TENSÃO
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A análise das principais questões elencadas no SRQ – 20 e
expostas na tabela abaixo demonstra que as mesmas são a tradução de
um sofrimento que se representa no corpo destes trabalhadores e reflete
indiretamente as condições em que desempenham suas tarefas.
QUESTÕES DO SRQ-20
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A CONSTRUÇÃO COLETIVA SOBRE O SABER NO TRABALHO
Objetivos:
MÉTODO
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articulação dos diversos modos de pensar as experiências e ações
desenvolvidas em campo, a partir do reconhecimento do saber de cada
um sobre o seu trabalho.
Nossa tarefa foi coletivizar e auxiliar a elaboração desse saber
subjetivo, do qual faz parte não apenas o conhecimento da atividade em
si, mas também a percepção das relações que se estabelecem no
trabalho, da divisão e conteúdo das tarefas, do volume de trabalho, o
suporte técnico (equipamentos, treinamento) oferecido pelo empregador
– que consistem em uma dada organização do trabalho à qual estes
trabalhadores se sujeitam - bem como as condições de negociação com
o mesmo. É na análise integrada destes aspectos que se encontram os
dados para se repensar a relação trabalho-saúde.
Para a constituição do grupo foi estipulado um número de 15
participantes, convidados pelo sindicato durante a entrega dos folhetos
explicativos sobre a pesquisa, tendo o mesmo sido reforçado quando da
distribuição dos questionários pela equipe do CRST.
Foram realizados 6 (seis) encontros, sendo apenas os 4 (quatro)
últimos gravados em fitas K-7, conforme decisão do grupo.
Diante do baixo índice de comparecimento, as pessoas ali
reunidas definiram por reiterarem, elas próprias, o convite aos colegas
de trabalho, na tentativa de mobilizá-los a contribuírem também com
esta etapa da pesquisa.
Essa proposta foi bem recebida pela equipe coordenadora, por ser
um indicativo da compreensão do objetivo dos encontros grupais, bem
como do comprometimento dos que ali se encontravam.
Essa tentativa resultou na presença de novos integrantes, porém
de forma inconstante, de maneira que os encontros também se
caracterizaram pela rotatividade dos participantes.
Neste sentido, o grupo ficou constituído por um núcleo fixo
(formado pelas pessoas que compareceram desde o primeiro encontro)
e por outros componentes que participaram de forma eventual.
Ao final do segundo encontro, as coordenadoras procederam a
uma avaliação da configuração grupal que se delineava, propondo que
os encontros seguintes fossem gravados.
Isso imprimiu ao grupo a característica de estar aberto, a cada
encontro, a novos integrantes.
Essa problemática retorna como ponto de discussão no último
encontro.
O local escolhido para realização dos encontros foi o consultório
da psicóloga, por se tratar de um ambiente neutro e em condições boas
de acomodação e acesso, uma vez que a localização do CRST mostrou-
se inadequada para o uso no horário definido para os encontros
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 16
(segundas e quintas de 18:30 às 20:30 h e, posteriormente, aos
sábados de 09:30 às 11:30 h).
OS ENCONTROS
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 17
entregue naquele dia. Cabe, ainda, ao funcionário entrar em contato por
telefone com a empresa para saber se há alguma tarefa extra para ser
executada.
Quanto aos equipamentos de segurança1 e às ações educativas
referentes a ocorrência de riscos no ambiente de trabalho, primeiros
socorros, e utilização de equipamentos de segurança, percebe-se uma
insuficiência e falta de sistematização por parte das empreiteiras. Tal
fato aumenta o perigo, inerente a esta função.
Os eletricistas apontam que, além destes, existem outros fatores
que contribuem com a ocorrência de desgaste pessoal, tornando o
trabalho mais arriscado: entre eles o acúmulo de funções, e a execução
das tarefas prescritas de forma isolada.
Podemos observar o acúmulo de funções, por exemplo, nas
situações de corte de energia do usuário (onde o eletricista deve
também desempenhar a função de negociante do débito e da iminência
do corte com o próprio usuário) e como motorista do veículo utilizado.
Isto ocorre na empresa privatizada e nas empreiteiras: na primeira, o
cargo de motorista está em vias de extinção, sendo desempenhado por
funcionários antigos, mas apenas para dirigirem as carretas e alguns
caminhões munk. Atualmente, não há vagas específicas para este
cargo: os funcionários que são contratados para as funções de
eletricista, operador ou técnico, acabam acumulando a função de
motorista. Por esta tarefa extra, segundo as informações fornecidas no
grupo, o funcionário recebe um adicional (de R$0,11 a R$0,12) por Km
dirigido e o veículo utilizado pertence à empresa.
Quanto às empreiteiras, nestas não há o cargo de motorista e,
geralmente, segundo os relatos, elas não possuem veículo próprio:
alugam-no, cabendo ao dono do mesmo arcar com as despesas. Muitas
vezes, este é o próprio eletricista que, para aumentar a renda salarial,
utiliza seu carro particular.
Trabalho isolado é aquele em que o eletricista sai sozinho para
executar as tarefas nos postos de trabalho. Esta forma de trabalho é
encontrada, particularmente, nas empreiteiras. É-nos relatado no grupo
que ainda é possível encontrar na empresa privatizada, casos de
trabalho isolado nas situações de plantão em regiões do interior do
estado, devido à precariedade de pessoal. Para os plantões da região
1
Equipamentos de segurança necessários segundo os participantes: botina (resistente e com
isolamento elétrico); cinto com talabarte ( o talabarte é uma tira de couro ou outro material resistente
que passa pela cintura e pelo poste para dar sustentação, facilidade de movimentação, destreza e
liberação das mãos para a execução das tarefas); cordão umbilical (ligado ao cinto de segurança e
anexado a uma parte fixa do poste ou estrutura metálica que permite, em caso de queda do
eletricista, que o mesmo fique dependurado); capacete com jugular ( próprio para isolar energia,
evitar impacto na cabeça a jugular impede que o capacete caia) ; luvas (luva isolante para alta
tensão, luva isolante para baixa tensão, e uma luva de couro sobre as outras, para proteção)
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 18
metropolitana tem sido adotado, ultimamente, um sistema de trabalho
em equipe de, no mínimo, dois profissionais, sendo um deles funcionário
de empreiteira. Como a capacitação deste último, tanto para a tarefa
prescrita quanto para uma intervenção em primeiros socorros é
considerada insuficiente, o profissional melhor treinado termina por
sentir-se solitário, temeroso em ter que depender de um auxiliar com tão
poucos recursos.
É apontado pelo grupo a importância de se trabalhar numa equipe
entrosada, devido à confiança e ao respeito mútuo já estabelecidos,
que permitem a cada um fazer uma auto-avaliação e dizer para os
demais companheiros da equipe como está se sentindo, se lhe é
possível ou não assumir a frente de trabalho naquele dia ou se seria
melhor (mais prudente) atuar como auxiliar. Neste sentido, é comum que
a entrada de um membro novo na equipe cause um certo
estranhamento inicial, gere aumento de tensão.
2
C. Dejours : “A loucura do trabalho – estudo de psicopatologia do trabalho” p. 63-79
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 19
Segundo Dejours, “o medo relativo ao risco pode ficar
sensivelmente amplificado pelo desconhecimento dos limites deste risco
ou pela ignorância dos métodos de prevenção eficazes. Além de ser um
coeficiente de multiplicação do medo, a ignorância aumenta
também o custo mental ou psíquico do trabalho “. 3
O corte de energia e a relação direta com o consumidor são
tarefas que se mostram altamente geradoras de tensão. De um modo
geral, os trabalhadores desta área buscam fazer uma ponte (impossível)
entre o posicionamento da empresa e o do consumidor. Buscam de fato,
fazer a mediação (negociação) que lhes é cobrada pela empreiteira.
Estão em posição de absorção imediata do confronto de interesses
(na‘ linha de frente’) sem, no entanto, estarem devidamente
preparados.
3
Idem páginas 66 - 7
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 20
O trabalho em linha viva apresenta uma característica distinta da
linha morta, pois nela todos os procedimentos necessários são
efetuados com a linha ligada, inclusive sua manutenção. Apenas em
alguns finais de semana os trabalhadores operam com a rede desligada.
O fundamental na atividade de linha viva é a segurança, pois
qualquer descuido ou acidente pode ser fatal.
Por mais paradoxal que possa parecer, na linha morta ocorre mais
acidentes do que na linha viva. O risco de sofrer acidentes na linha
morta se torna maior porque apesar da linha viva estar energizada, há
mais proteção para se trabalhar (EPI’s e EPC’s), portanto, ela se torna
mais segura.
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 21
Na linha viva há maior liberdade para a execução das atividades
(administração do tempo) porque este tipo de atividade
Por outro lado, quem trabalha com linha morta tem um prazo de
até 06 horas para realização das atividades (desligamento programado).
Ainda segundo os relatos, o encarregado que assume o compromisso
do serviço, normalmente não tem a prática da realização das mesmas.
Assume sem saber de fato o tempo real necessário para a sua
execução. Além disso, são atividades que se iniciam às 6 horas da
manhã, o que significa que o funcionário tem que sair- dependendo de
onde mora - “de madrugada de casa, na maior parte das vezes sem
café da manhã ”
“Chegando na obra, tem que fazer (...). De cada dez
desligamentos, um ou dois cumprem o horário; oito não tem
condição de cumprir, não têm! Aí, ou faz uma parte de uma
manobra e deixa a outra desligada , ou libera o tronco ,
libera e deixa os ramais abertos...Tem que se fazer alguma
coisa! Então, a pressão deles são muito maiores. (...) Se tivesse um
planejamento, o qual ... por exemplo: se é você que vai fazer, se o
superior chegasse pra você: - Vem cá, tem essa obra aqui para
fazer cara: seis horas dá?”
Também foi ponto de discussão no grupo o nível de adesão à
proposta de trabalho da pesquisa por parte da categoria dos eletricistas,
apesar da divulgação e da reiteração do convite feita pelos próprios
colegas de trabalho:
“Muitas pessoas disseram que vinham, confirmaram que
vinham, e não apareceram...Porque, aqui, o subsídio para pesquisa
é informação. E quem pode dar informação, são os trabalhadores...
E não estão aguçando a curiosidade de vir; nós mudamos até de
horário. Vocês estão vindo aqui, no sábado, fora de horário
também... Não sei por quê, alguns nem perguntam, né, ? Da
pesquisa... “
“Eu não sei nem dizer, não quero nem me aprofundar muito
pra mim não ficar triste e me decepcionar. (...) Já tô chateado com
certas questões, né ? Coisas de lá de dentro da empresa mesmo; e
agora com os colegas de trabalho.”
Essas falas revelam um sentimento de impotência e desamparo
dos trabalhadores e sua desmobilização diante de um panorama social
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 22
em processo de definição. Apontam, ainda, para seu distanciamento do
movimento sindical.
Particularmente este último ponto, segundo relato dos
trabalhadores de uma empreiteira, oportunizou a implementação de um
outro sindicato – paralelo ao SINERGIA – O SINDPREST (Sindicato das
Prestadoras de Serviço). O mesmo tem desconto compulsório na folha
de pagamento e muitos são os trabalhadores que mantêm esta
contribuição por desconhecerem que a filiação a um sindicato é
opcional.
Por outro lado, também emergem falas que denotam consciência
da importância de seu papel de trabalhador, dono da força de trabalho,
fundamental para a reprodução do trabalho.
“Se cada trabalhador conseguisse mostrar, ou conseguisse
enxergar que ele também é importante, que o empresário sem ele
também não é empresário. (...) Quem dera se tivéssemos este
poder... Só que nós temos esse poder, basta nos conscientizarmos.
A pessoa que vai entrar (na empresa) tivesse essa
conscientização... Mas não tem.”
“Hoje poucos podem manifestar insatisfação com as
condições de trabalho e falar com o patrão: se quiser me mandar
embora, que mande.”
As expectativas quanto à repercussão desta pesquisa, no sentido
de possibilitar mudanças no cotidiano desta categoria (particularmente
no que tange à relação trabalhador/empregador) são muito grandes,
conforme constatamos nas falas:
“(...) Vim porque se abriu uma porta... Se é uma oportunidade
de mudar alguma coisa, ou pelo menos de tentar, vamos abraçá-la!
Porque às vezes a gente sai do serviço e vai para casa sem
perspectiva, se frusta... Se isso aqui pode evitar aquele medo do
futuro, se pode trazer alguma coisa do tipo: alertou / mostrou ao
patrão alguma coisa... Pois nós temos muitos companheiros que
não têm nem escolaridade. Há o medo de perder o emprego e, se
perdê-lo, até achar outro vai suar muito.”
“... Que esse relatório mostre realmente os problemas e um
pouco da solução, que talvez seja a capacitação, né? Pode ser o
próprio SEBRAE, o SENAI, o próprio sindicato procurar esse lado e
também uma luta. A classe está precisando de um apoio.”
“Fiquei feliz de ter participado, de ter ajudado, ter visto
colegas com mais dificuldades, mas querendo falar, ajudar.”
“... que o relatório mostre as dificuldades pela opressão que o
trabalhador tem; a vontade de falar que ele tem, de ser
capacitado...”
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 23
CONSIDERAÇÕES
4
Sérgio Santense Junior – Engenheiro de Segurança, em entrevista à Revista Proteção, 1998, p. 28.
5
Idem
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 24
trabalhador é facultado o papel de mero executor de tarefas, com um
mínimo de possibilidade de intervenção sobre o modo operatório das
mesmas. Isto ocorre tanto em função da forma como se dá a
organização do trabalho quanto pela precariedade do conhecimento
sobre a profissão.
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 25
O quadro de instabilidade geral provoca revolta e medo. O
resultado desta ”mistura” é a imobilidade e a fragilização das relações
interpessoais, a alienação na própria dor, o que se tornou evidente na
questão da participação no grupo.
Olhamos para este posicionamento da categoria com grande
pesar, pois entendemos que num primeiro plano encontra-se o indivíduo
e sua relação com o trabalho (satisfação pessoal, realização
profissional, possibilidade de controle sobre suas tarefas, etc.), e que é
através da apropriação do conhecimento sobre seu processo de
trabalho e da compreensão da repercussão deste em sua vida, que é
possível ao trabalhador implicar-se na problemática saúde X trabalho, e
assim transformar a sua queixa individual em ação coletiva.
Visamos, com a abertura de um espaço para a discussão grupal,
propiciar um ponto de partida para este movimento. Nestes encontros
observamos que há necessidade de realização de uma avaliação
ergonômica do trabalho, principalmente nas funções onde o risco de
vida é maior.
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 26
AVALIAÇÃO TÉCNICA
LOCAIS INSPECIONADOS
PERÍODO DA INSPEÇÃO
04/05/2000 a 09/12/2000.
METODOLOGIA APLICADA
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 27
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS ELETRICITÁRIOS
NA EMPRESA
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 28
RISCOS AMBIENTAIS NOS LOCAIS DE TRABALHO
Físico
- Calor (carga solar);
- Umidade ( em dias de precipitação ) ;
- Ruído ( em algumas situações ).
Químicos
- Manutenção de transformadores contendo ascarel;
Ergonômicos
- Trabalho em pé;
- Batenção e responsabilidade;
- Esforço físico;
- Trabalho em altura;
- Exigência de posturas incômodas (de pé), agachado, curvado;
- Espaço físico limitado.
Riscos de Acidentes
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 29
CONSIDERAÇÕES
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 30
encontravam-se em condições de uso e de acordo com a portaria do
MTb, no que diz respeito às condições sanitárias e de conforto no
local de trabalho. A GECEL estava transferindo-se para suas novas
instalações, onde constatamos que a mesma apresentava-se em
boas condições de uso.
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 31
CONCLUSÃO
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 32
faixa etária mais tardia 40 a 45 anos (25,7%) apontando tanto para a
fragilidade dos mecanismos de defesa, frente ao novo e desconhecido,
bem como para o desgaste quando se expuser a situações inadequadas
de trabalho.
Estes dados se agregam junto aos fornecidos pelo sindicato, que
apontaram para perda de 1281 dias sobre 16 acidentes entre leves,
moderados e graves ocorridos na ESCELSA em 1999 e 331 dias sobre
18 acidentes nas empreiteiras em 1999, com graus variados de lesões.
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 33
dados têm que ser levados em consideração para serem construídas
proposta de melhoria na qualidade de vida no trabalho
Tendo por base as observações técnicas realizadas, a
conversação no grupo que possibilitou um desvelamento do
desempenho e as queixas apresentadas no inquérito epidemiológico,
nos guiamos pelas seguintes questões para construção de um provável
pré-diagnóstico:
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 34
• Incentivo ao desenvolvimento de trabalho em equipe.
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 35
possam ser ofertadas para estes trabalhadores. Se isto for efetivado,
cumprem os serviços públicos, o papel a que se destinam, de
interventores da qualidade de vida da sociedade, razão maior de suas
existências.
REFERÊNCIAS
Quadro sério:
Privatizações e novidades em normas afetam os trabalhos em redes
elétricas. In: Revista proteção, maio de 1998, p.26-32.
PERFIL_DOS_ELETRICITARIOS_I.doc 36