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A internacionalização pela via da inovação e do conhecimento

Quero começar por agradecer o convite para intervir no Vosso Congresso. Propondo-me
como tema “A Internacionalização pela Via da Inovação e do Conhecimento”, deduzo
que face a uma audiência de engenheiros não se pretende que venha fazer o discurso
habitual de que “é necessário inovar”, mas que antes se procura que das minhas funções
possa retirar evidência de que essa estratégia de internacionalização assente na
inovação e no conhecimento é de facto possível em Portugal. São muitos os casos que o
provam, tantos que deixaram de poder ser tratados como excepção, como as três dezenas
de intervenções de empresas previstas para os três dias deste Congresso decerto o
provarão à saciedade. Procurei por isso coligir alguns dados estatísticos que permitam
uma abordagem mais global e sistemática.

1. Culminando uma década em que cresceu às maiores taxas da UE a I&D empresarial


ultrapassou finalmente a I&D universitária, que como é sabido também tem crescido a
ritmo elevado.

O investimento em I&D das Empresas ultrapassou o do Ensino Superior


Evolução da despesa total em I&D, a preços constantes, por sector de execução
(1982-2005)

Lino Fernandes XVII Congresso da Ordem dos Engenheiros


1
Business R&D
Annual growth rate, 1995-2001
(1995 PPP dollars)

EU Countries

Portugal
Finland
Greece (1995-1999)
Denmark (1995-1999)
Austria (1993-1998)
Spain
Sweden
Ireland
Belgium (1995-2000)
Norway
EU
Germany
Netherlands (1996-2001)
Italy
France (1997-2001)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Annual growth rate, 1995-2001

OECD Science, Technology and Industry Scoreboard 2003 - Towards a knowledge-based economy

Um passo de importância simbólica na transformação da economia portuguesa de uma


economia baseada dos baixos custos dos recursos humanos e naturais numa economia
competitiva pela incorporação de conhecimento qualificado.
Também os indicadores de “resultados” confirmam que esta mudança está a ser
conseguida. A balança comercial embora globalmente continue deficitária revela uma
alteração da estrutura das exportações com um aumento significativo do peso dos
sectores de alta e média intensidade tecnológica. Na balança de serviços com o exterior a
balança tecnológica culmina uma década de melhoria contínua tendo mesmo passado a
ser positiva desde o ano passado.

Grau de Cobertura das Balanças Externas

1,2
Balança Comercial de Mercadorias
1,0
Exportação / Importação

Balança de Pagamentos
Tecnológica
0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Fonte: Banco de Portugal (Setembro de 2007) Ano
Nota: 2007 - valores até Julho

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Da estrutura de especialização da nossa economia resulta que em muitos casos a
valorização dos resultados da I&D se faça (pelo menos numa primeira fase) pela criação
de novas empresas spin-offs das instituições de C&T. Esta via de valorização tem uma
elevada importância estratégica pelo seu forte carácter inovador com a introdução de
novas tecnologias no tecido empresarial.

Criação de Empresas de Base Tecnológica

Evolução do nº de spin-offs 1985-2006

45

40 60%
35
Nº de spin-offs formados

30

25

20

15

10

0
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Fonte: OCES e AdI Ano de fundação
Novembro de 2007

Dos dados do gráfico ressalta que este movimento se intensificou nos últimos anos. Estas
empresas são em geral subestimadas, como excepções sem significado económico. Não é
verdade. Calculando só para aquelas de que temos informação económica mais recente
constatamos que o valor das vendas destas empresas, que “saltaram” do sistema C&T,
ultrapassam os 500 milhões de euros.
O quadro seguinte permite evidenciar o particular dinamismo destas Empresas de Base
Tecnológica (EBT) face às outras empresas apoiadas pela AdI (e que têm também um
dinamismo acima da média da nossa economia).

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Spin-offs: taxas médias de crescimento anual

Spin-offs Outras
Txmca

Vendas 22 5

Exportacao 17 5

Trabalhadores 10 -1

Licenciados 10 6
Rácio Lic ano +
65 18
recente

Fonte: Empresas apoiadas pela AdI

Tendo 65% dos seus trabalhadores com formação superior estas EBT apresentam taxas
de crescimento anuais excepcionais, quer das vendas ou das exportações quer de criação
de emprego.

Spin-offs: importância relativa por níveis intensidade tecnológica

Intensidade
% Spin-offs
Tecnológica
Alta 19%
Média-alta 1%
ia

Média-baixa 2%
tr
us
I nd

Baixa 2%
KIS Financeiros 0%
KIS HT 26%
s
ço

KIS Market 16%


r vi
Se

Less KIS 3%
Outros Out Act 4%
Total 9%
Fonte: Empresas apoiadas pela AdI

Considerando a importância relativa dos spin-offs por níveis de intensidade tecnológica,


confirmamos que estão a ter um papel muito relevante na mudança do perfil de
especialização da nossa economia. Do universo das empresas apoiadas pela AdI
representam 19% das empresas industriais de elevada intensidade tecnológica e 26% e
19% respectivamente das empresas de serviços de maior intensidade tecnológica, a
confrontar com os 9% do total das empresas apoiadas.

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Em 2005-2006 a AdI analisou mais de duzentas candidaturas ao apoio à criação deste
tipo de empresas. Foram aprovados mais de cem projectos de criação de empresas, que
tinham um período de dois anos para as constituírem. Algumas já integram o gráfico
atrás, muitas outras conseguiram chegar ao mercado nos dois anos seguintes.

Vários sinais sugerem que estas tendências de mudança se irão a acelerar nos
próximos anos.
Este surto de Spin-offs, permite antever a continuação da mudança de conteúdo
tecnológico da economia portuguesa.
O investimento na I&D empresarial está a intensificar a taxa, já de si elevada, do seu
crescimento. Isso ressalta por exemplo da evolução dos pedidos de apoio no âmbito da
medida de I&D em co-promoção do QREN. Na última “chamada”, que acabamos agora
de avaliar, os pedidos de apoio ultrapassam largamente as expectativas que estavam
implícitas nos plafonds anunciados no aviso do concurso: cinco vezes mais do que o
financiamento previsto!

2. A Globalização que acrescentou vagas sucessivas de novos concorrentes, com


recursos humanos de custos ainda mais baixos, está a dar também origem ao
aparecimento de novas oportunidades de mercado nas economias emergentes, com a
libertação da miséria de centenas de milhões de pessoas.
O alargamento do mercado mundial possibilita estratégias de especialização de nicho
ao nível global. A globalização não se esgota no domínio dos circuitos comerciais pelas
grandes multinacionais. Várias empresas portuguesas estão a ser bem sucedidas ao
abordar os seus clientes finais ao nível global.
A inovação é atitude, é diferenciação de produto, é melhoria de processo mas é também,
e isto é fundamental no nosso caso, domínio de novas tecnologias que nos permitam
passar para outro nível tecnológico.
O domínio das novas tecnologias não é “por si” condição de sucesso na
internacionalização. Mas é condição de acesso às “divisões” cimeiras da
concorrência internacional. O domínio de tecnologias mais sofisticadas dando-nos
ferramentas de trabalho para tipologias de produtos em que é menor a concorrência e em
que é maior o valor - é uma condição básica de diferenciação. Por outro lado só o
domínio efectivo das novas tecnologias nos permite a margem de manobra para construir
estratégias de mercado que permitam tirar partido da globalização dos mercados.
Os sucessos já alcançados só foram possíveis porque já começamos a beneficiar da
aposta feita nas últimas três décadas na formação dos Recursos Humanos, que permitiu a
subida significativa do nível de formação dos trabalhadores tendo a percentagem de
diplomados duplicado desde meados de 1990.

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Emprego de diplomados nas empresas (licenciados)

1995 2000 2005

Total de Trabalhadores 2.062.505 2.370.575 3.069.070

Total de Diplomados 70.769 136.233 271.136

% Diplomados 3,4% 5,7% 8,8%

Fonte: QPMT

Nº de Empresas com pelo menos um bacharel ou licenciado

1995 26.130

Aumento de 198%
2000 44.900

2005 77.907
Fonte: QPMT

Para além deste valor médio interessa reter o aumento do número de empresas com
pelo menos um bacharel, que aumentou 200% em dez anos. Em 1995 só 14% tinham
pelo menos um bacharel ou licenciados. Dez anos depois esta percentagem passou para
os 23%. O que constitui uma mudança chave na relação das empresas com as
universidades porque estes quadros são o “elo” fundamental para que a comunicação se
estabeleça e seja profícua.

A capacidade de desenvolvimento de novos produtos e da sua colocação no mercado


internacional passa por um bom networking internacional que pode tirar partido da
elevada internacionalização da ciência portuguesa.

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Networking internacional
Doutoramentos no estrangeiro
18.000 70%

16.000
60%
14.000
50%
12.000

10.000 40%
Total Doutoramentos
8.000 % Doutoramentos no Estrangeiro
30%

6.000
20%
4.000
10%
2.000

0 0%
80 9

9
90
91

92
93
94

95
96
97
98
99
00

01
02
03
04
05
06

07
19 1 97

98
19
19

19
19
19

19
19
19

19
19
20

20
20
20

20
20
20
20
-1
-
70
19

Fonte: GPEARI, MCTES

No esforço de formação pós-graduada realizado desde os anos 80 os doutoramentos


realizados no estrangeiro representam uma percentagem significativa, nomeadamente
na fase inicial, com taxas superiores a 30%. A internacionalização do processo de
formação da comunidade científica reflecte-se posteriormente na elevada
internacionalização do trabalho científico de que a percentagem crescente de artigos
científicos publicados em co-autoria internacional é um bom indicador, que passou
dos 30 para os 50%, em vinte anos.

Networking internacional
I&D em cooperação internacional

300 60,0

250 50,0

200 40,0
Publicações / mil investigadores
(ETI)
150 30,0
Publicações em co-autoria
internacional (%)
100 20,0

50 10,0

0 0,0
1982 1984 1986 1988 1990 1992 1995 1997 1999 2001 2003 2005

Fonte: GPEARI, MCTES

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A elevada ambição de mercado da centena de projectos de criação de novas empresas
de base tecnológica que a AdI apoiou nos últimos anos é também sustentada na elevada
internacionalização do networking das equipas de empreendedores.

MERCADOS ALVO dos projectos NEOTEC

28,3% 31,1% 32,3% 65,1%


21,7%

2 15,1%
0,0% 5,7%
Anos
5 Nacional Ibérico Europeu Mundial
Anos

Previsão a: 5 Anos 2 Anos

Fonte: AdI

Networking internacional
Das equipas empreendedoras de projectos NEOTEC

EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL DOS PROMOTORES

18,4% 38,8%
34,7%
8,2%
Experiência TRUE
Empresarial

FALSE
FALSE TRUE

Experiência Académica

Fonte: AdI

Mais de dois terços das equipas empreendedoras tinha prévia experiência


internacional, académica ou empresarial.

3. Embora estas novas empresas visem a valorização no mercado de tecnologias de ponta


verifica-se que dos seus mercados de aplicação fazem parte um leque muito alargado de
sectores incluindo os mais tradicionais como o agro-alimentar ou a construção civil. Só
num número residual o mercado é de consumo final.

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ÁREAS TECNOLÓGICAS X MERCADOS DE APLICAÇÃO
DOS PROJECTOS NEOTEC

26,5%

6,1% 4,1% 14,3%


4,1%
8,2% 2,0%
TICE
Outras
Biotecnologia

Ambiente

Químicas e
Construção Civil
Consumo Privado

Energia e
Telecomunicações

Outros Serviços

Serviços às
Metalomecânica

Software e
Farmacêutica
Mar, Agricultura e
Instrumentação e

Plásticos

Empresas
Metalurgica e
Agro-alimentar

Minerais não
metálicos e

Saúde e
Electrónica,

Fonte: AdI

Isto é, os projectos de I&D empresarial e a sua valorização por novas EBT são
protagonizadas principalmente por empresas produtoras de “meios de produção”. Este
facto tem um importante alcance estratégico porque tem vindo a minorar um dos pontos
fracos do nosso tecido económico tradicional. Portugal era especializado em bens de
consumo cuja tecnologia não dominava. Embora sejam uma minoria, as empresas de
“meios de produção” - pela própria posição que ocupam nas fileiras de produção - são
difusoras dos resultados da inovação tecnológica sob a forma dos produtos e serviços
que vendem para as empresas suas clientes, que naturalmente constituem um universo
bem mais alargado, nomeadamente nos sectores mais tradicionais.
Mas esta característica não é só dos spin-off. As sessões de apresentação de resultados de
projectos apoiados pela AdI, realizados por exemplo na última semana, dão-nos mais
exemplos desta característica dos projectos de I&D. Todos estes projectos são de “meios
de produção” para um vasto leque de sectores. Aplicação da marcação lazer a vários
materiais dos metais às indústrias da cortiça. Inovações nas tecnologias de moldes
aplicáveis ao sector automóvel e a outros sectores utilizadores de peças de plástico.
Aplicações do processamento computacional da voz a sectores tão diversos como
indústrias transformadoras, transportes, médico e saúde, TIE e telecomunicações, vídeo,
TV, bancário, para-bancário, seguros e investigação criminal.
Esta tendência de I&D vem aliás na linha, reforçando-a, da evolução recente da
especialização da nossa economia. Usando o indicador do grau de cobertura das
importações pelas exportações (de bens industriais) verificamos uma clara inversão da
situação da especialização tradicional. Por exemplo entre 1990 e 2004 este indicador
diminui no comércio de bens de consumo de 182% para 81% enquanto sobe nos bens de
equipamento de 20% para os 43%.
Este eixo de inovação C&T das empresas de meios de produção permite uma dupla
articulação com dois outros eixos de melhoria do nosso tecido económico: com a
modernização dos sectores tradicionais e na atracção de novos investimentos.

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Numa economia marcada ainda por um forte dualismo esta possibilidade de articular o
desenvolvimento das empresas mais intensivas tecnologicamente com a modernização
de sectores mais tradicionais constitui uma oportunidade de importância estratégica.
Importância acrescida pelo actual enquadramento internacional.
Empresas de “meios de produção” competitivas criam externalidades positivas, que
aumentam a atractividade do espaço nacional para investimentos que vejam nelas
vantagens competitivas relevantes. Este efeito será particularmente relevante na atracção
de actividades com componente de projecto/desenvolvimento, porque estas actividades,
pela densidade de interacções beneficiam particularmente de economias de proximidade.
A internacionalização destas empresas de meios de produção é naturalmente condição da
actualização e competitividade das tecnologias que desenvolvem e difundem.
O actual enquadramento internacional tem aspectos favoráveis a estratégias
competitivas baseadas na inovação e conhecimento, se formos capazes de responder à
crise, oferecendo novas soluções adequadas a um novo modelo económico sustentável à
escala global. Novas energias renováveis, mas também novas formas de produzir e novos
sistemas de consumo, menos intensivos em energia e com menor impacto ambiental.
Um mundo mais equilibrado e sustentável depende menos da ajuda ao consumo (muitas
vezes forma de escoar excedentes dos países desenvolvidos) e mais do desenvolvimento
de “meios de produção” adequados. A economia portuguesa ao evoluir nesse sentido
pode ter um papel na construção desse novo modelo sustentável ao nível global.

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