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Revista Pensando Fleming


Revista Ciêntífica da Faculdade Fleming, Campinas, SP

Coordenação Editorial
Profª Ms. Eloah Risk

Comissão Editorial
Profª Anne Crishi Piccolo Santos
Profª Ângela Aparecida Peguin
Profª Ms. Eloah Risk

Comissão Consultiva
Profº Fernando Aparecido Eufrázio - Coordenador de Ciências Contábeis
Profº Ms. Paschoal Antônio Bonin - Coordenador de Administração Geral

Ilustração
Edmar Antônio Chagas Gomes
Júlio César Sartori

Editoração Eletrônica
Santiago Garcia

Organização
Profª Ms. Eloah Risk

Revisão
Profª Ângela Aparecida Peguin

Responsável pela edição


Profª Ms. Eloah Risk

Campinas-SP
2008

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Índice
Editorial
Por Eloah Risk.............................................................................................................................. 05

Artigos
A Tecnologia da Informação em Sala de Aula como Prática Pedagógica Pós-Moderna.... 07
Ângela Aparecida Peguim

Uma Perspectiva Ética sobre a Credibilidade dos Procedimentos de Auditoria................. 13


Beatriz Varjal de Melo Risk

Necessidade das Empresas nos Novos Tempos..................................................................... 19


Douglair Aparecida Buzato

Marketing, Internet e os Novos Tempos....................................................................................... 23


Mara Elisa Frare Toso

No Passado: Banespa - No Presente: Santander...................................................................... 31


Reinaldo Antônio de Oliveira

Prestação de Serviços nos Tempos Pós-Modernos.................................................................. 40


Sérgio Roberto Zermo

As Condições das Brasileiras no Mercado de Trabalho........................................................... 45


Érica Cristina Fessel Torquato

Recrutamento e Seleção -
O que é e como funciona o recrutamento e seleção nas empresas?...................................... 50
Flávia Furquim

As Principais Teorias da Motivação Aplicadas na Gestão de Pessoas.................................. 52


Jairo Vieira dos Santos

Responsabilidade Social no Varejo (RSV).................................................................................. 60


Regina Lúcia Ribeiro e Eduardo Martins Junqueira

A Participação da Mulher no Mercado de Trabalho:


Lutas, conquistas e sua evolução................................................................................................. 65
Terezinha Antonieta Trevisan

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SIG - Sistemas Integrados de Gestão ou Sistemas ERP -
Enterprise Resouce Planning, Gestão Integrada de Empresas com o uso da
Informática..................................................................................................................................... 68
Cláudio Buono Júnior

Poesias: Exercitando o gênero Pessoa... daquele tal Fernando

A Rota do Sol................................................................................................................................ 77
Cláudio Buono Júnior

Normas para Colaboradores...................................................................................... 80

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Editorial

A 5ª Edição da Revista Fleming foi elaborada com o objetivo de


propiciar aos seus leitores elementos de comparação sobre a
performance dos alunos da Faculdade Fleming em nível de Pós-Gradu-
ação Lato Sensu, quando publica alguns trabalhos de alunos que já con-
cluíram a Especialização em fins de 2007 e dos que ingressaram no pro-
grama em 2008.
A maturidade do olhar profissional, se reflete no tratamento dado
aos artigos, pelas análises acuradas dos temas enfocados. A comparação
permite observar os avanços, bem como comprovar o bom nível
intelectual dos ingressantes na pós. Essa edição também é histórica
porque publica o primeiro artigo desenvolvido pelo Programa de
Iniciação Científica da Faculdade Fleming, de autoria do graduando
Claudio Buono Junior sob a orientação do Prof. Ms. Wagner Pereira
Sergio.
Completa essa edição, preenchendo o espaço reservado à sessão
“Exercitando o Gênero Pessoa... Aquele tal Fernando”, o próprio aluno
Claudio Buono Junior agora como poeta, numa demonstração inequívoca
de que espírito científico e artístico pode caminhar junto, e humanamente
harmonizado.
Esperamos que esta edição corresponda mais uma vez às
expectativas dos nossos leitores, que sabemos exigentes e ávidos por
conhecimento.

Eloah Risk
Responsável pela Edição.

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A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM SALA DE AULA COMO
PRÁTICA PEDAGÓGICA PÓS-MODERNA

Por Ângela Aparecida Peguim, aluna do curso de pós-graduação lato sensu,


Faculdades Fleming, Campinas, SP.

Resumo

Este artigo pretende demonstrar por meio da evolução do processo histórico da Educação, como profissi-
onais da área de educação, que se tornem docentes, podem utilizar o aparato tecnológico de forma eficiente a
serviço de sua didática. Os avanços tecnológicos estão propiciando uma verdadeira revolução no processo
ensino-aprendizagem. Nas últimas décadas do século XX assistiu-se a grandes transformações, tanto no campo
sócio-econômico e político, quanto no da cultura, da ciência e da tecnologia. As conseqüências da evolução das
novas tecnologias, centradas na comunicação de massa, na difusão do conhecimento, ainda não se fizeram sentir
plenamente no ensino. A educação opera com a linguagem escrita e a cultura atual dominante vive impregnada por
uma nova linguagem, a da televisão e a da informática, particularmente a linguagem da internet. Os sistemas
educacionais ainda não conseguiram avaliar, suficientemente, o impacto da comunicação audiovisual e da informática,
seja para informar, seja para bitolar ou controlar as mentes. Ainda trabalha-se muito com recursos tradicionais
que não têm o mesmo apelo que esses veículos despertam nos jovens hoje em dia. Os que defendem a informatização
da educação sustentam que é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro
humano a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memória. Assim, a função da Instituição de Ensino será
cada vez mais, a de ensinar a pensar criticamente. Para isso, é preciso que os profissionais dominem mais
metodologias e linguagens, inclusive a linguagem eletrônica e as utilizem como prática pedagógica efetiva.

Palavras- chave: educação, avanços tecnológicos, prática Pedagógica.

INTRODUÇÃO

O mundo contemporâneo se caracteriza por mu- traduz em um problema, porque a Educação sistemática
danças aceleradas verificadas em todos os campos da deveria ser disponibilizada para todos os brasileiros de
atividade humana. Atribui-se a essa dinâmica a explosão igual forma, como reza na Constituição Federal: “Direito
tecnológica que a partir de 1990 se intensificou dentro de Todos e Obrigação do Estado”. Entretanto esse ain-
de uma lógica de mercado globalizado, disponibilizando da não é o maior problema, visto que, considerando a
novas formas de se comunicar, de produzir e consumir relação ensino-aprendizagem como um processo
bens intangíveis, já que se vive a Era do Conhecimento. cognitivo, basta apenas a disposição dos seus atores prin-
O papel da Tecnologia da Informação nesse contexto é cipais professor-aluno, para que ele aconteça. Porém,
preponderante, uma vez que propicia a informação inte- quando inversamente essa relação passa a ser
grada, de maneira sistêmica e estratégica. intermediada pelos recursos tecnológicos, aí sim, o pro-
Os meios de divulgação das informações são cada blema se evidencia de forma brutal. A grande armadilha,
vez mais sofisticados e integradores. Hoje já é possível portanto, é o uso indiscriminado dos recursos
integrar profissionais do mundo inteiro, por meio do sis- tecnológicos, substituindo a didática do professor em sala
tema de videoconferência, via satélite, para encontros de aula.
de trabalho, rodadas de negociações, dentre outras pos- O debate que se trava no âmbito da Educação é
sibilidades. Essa prática adentrou a sala de aula. Algu- exatamente quanto ao papel que exerce a tecnologia de
mas IES - Instituições de Ensino Superior adotam tal ponta dentro da sala de aula. Isto porque, sabe-se que a
recurso, bem como outros tantos, de igual alcance. Evi- relação ensino-aprendizagem sendo um processo
dentemente que, não são todas as instituições que po- cognitivo, a relação professor-aluno precisa ser neces-
dem adotar tais práticas como recursos audiovisuais. O sariamente fortalecida, para que o processo se conclua.
fator econômico se transforma no vetor natural, promo- Assim, saber utilizar os recursos disponíveis passa a ser
vendo a distinção entre as várias IES. Isso por si só já se uma obrigação do professor, para que sua ação não seja

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inócua, desqualificando a sua prática docente. É preciso nais não levam em conta a influência crescente de todos
que se ressalte o fato de que a pura disponibilização da os tipos de mídias e de organizações, que embora de-
informação não se traduz na introjeção do conhecimen- sempenhem um papel na educação, não estão compro-
to. Portanto, todos os meios que se utilize, tanto na cap- metidos com o ensino formal. O sistema educacional
tação ou projeção da informação são meros aparatos, deixa de ter o monopólio do ensino, e nessa medida, os
entendidos como meios e não fins para o processo resultados produzidos fogem ao controle do Estado, uma
educativo. O professor deve ser entendido como o co- vez que podem resultar numa formação diferenciada,
mandante em chefe do processo ensino-aprendizagem, e em que alguns estarão mais bem preparados do que
nessa condição deverá fazer o uso adequado do material outros para acessar aos códigos de modernidade.
auxiliar produzido pelos avanços tecnológicos. Ao aluno Neste momento, observa-se também que o con-
precisa ser passada a noção de que pesquisar é interagir teúdo do ensino superior não se ajusta à nova situação,
com o instrumento visando a produção do conhecimen- devido à dificuldade que a própria informatização cau-
to. Nessa medida a Internet, por exemplo, deverá ser sou, criando uma diferenciação e individualização das
entendida como fonte de pesquisa, tão útil como a bibli- trajetórias educacionais. Acresce a isso, a própria exi-
oteca e outros. gência da grade curricular que obriga desde os anos 60
Os avanços tecnológicos representam um papel im- a inserção de disciplinas técnicas, para atender ao que-
portante nas relações entre sociedade e educação. É sito formação profissional.
imprescindível para o desenvolvimento socioeconômico Muitas instituições de ensino decidiram organizar
de uma sociedade um bom Sistema de Ensino, que utilize cursos de iniciação à informática. Inúmeros professores
a tecnologia para promover uma Educação de Qualida- realizaram cursos especiais, enquanto muitos outros
de. Entretanto, embora se reconheça a importância da aprenderam sozinhos a utilizar um computador. A inicia-
tecnologia na atualidade, é preciso também que se reco- ção à informática surgiu como um objetivo pedagógico
nheça e valorize o papel do professor na formação da importante, pois a introdução de novas tecnologias no
sociedade tecnológica. Assim, o profissional da docência ensino, com a utilização de computadores proporcio-
também carece de ressignificação, uma vez que a ele cabe nou necessariamente vantagens suplementares. A partir
a tarefa de posicionar corretamente o uso da tecnologia desse momento, observa-se a grande insegurança por
no processo educativo, de maneira que não se verifiquem parte de alguns docentes, que não estavam preparados
distorções pelo seu uso intensivo e generalizado. para essa inovação, dentro da sala de aula. O computa-
No Brasil, a introdução do computador no ensino dor como uma ferramenta pedagógica integrada no pro-
se deu no início de 1980, e a partir de então observa-se grama de estudos, representa uma inovação de difícil
a influência que essa nova tecnologia exerceu sobre a assimilação por parte dos docentes quanto ao papel que
prática profissional dos professores em final do século ela desempenha extra ou em sala de aula. Daí a dificul-
XX e início do século XXI. Criou-se, então, uma grande dade dos educadores em lidar com essa nova situação,
expectativa por parte dos educadores, sobre a influência para saber conciliar o uso de novas tecnologias com a
das tecnologias da informação na prática escolar, alguns sua prática docente, privilegiando evidentemente a ab-
prevendo uma revolução no ensino e outros vendo no sorção dos conteúdos trabalhados. O que se tem ob-
computador apenas mais um auxiliar didático. Sob um servado é a prevalência da técnica na ação pedagógica,
ponto de vista e outro, o fato é que para os profissionais pelo afrouxamento da atitude do professor, que de ator
da docência, a introdução dos computadores nas suas principal na relação ensino-aprendizagem, passa a ser
vidas e nas dos alunos, provocou uma série de proble- coadjuvante, elevando à categoria de mestre, os recur-
mas, dentre eles, a falta de condições financeiras para sos tecnológicos, como se os mesmos tivessem essa
adquirir o equipamento que para muitos alunos já era uma capacidade. Os resultados foram decepcionantes, as
realidade no seu cotidiano. Esse problema, na realidade dificuldades tornaram-se mais evidentes, principalmen-
brasileira, ainda é recorrente, porque nem todos os pro- te nas IES da área da Administração, tendo em vista o
fissionais da docência, encontram-se logados à Internet duplo papel dos seus docentes, que em grande parte
por recursos próprios, o que dificulta a sua utilização atua no mercado de trabalho empresarial onde o uso da
otimizada. Essa condição se faz presente nas escolas pú- tecnologia faz a diferença.
blicas, onde a tecnologia da informação ainda não foi de Percebe-se, portanto, que a informática torna-se
todo implantada. um risco se seu uso for indiscriminado. Assim sendo,
No nível macro-analítico, a busca da eficácia no en- deve ser usada como um meio e não como um fim em si
sino, sem dúvida, exerce um papel importante na intro- mesma. Essa lógica também deve ser entendida pelos
dução das novas tecnologias, porém as políticas nacio- docentes dos cursos de Administração, de maneira a

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que possam conciliar uma formação técnica objetivada Tudo estaria tranqüilo dentro dos muros escola-
para a utilização no mercado de trabalho formal, com a res, não fosse um fato digno de observação, ainda que
didática indispensável ao docente em sua prática de sala o sistema escolar seja estruturado para a reprodução,
de aula, como forma de garantir o exercício consciente e nele pulsam sonhos de criação. A leitura reverencial e
efetivo na perspectiva de educador. literal, as cópias e transcrições de obras alheias acabam
por despertar desejos de ir além do registro, de consti-
1. EDUCAÇÃO: SEUS FUNDAMENTOS E tuir as próprias mensagens. Até porque a escola vive o
OBJETIVOS trivial da reprodução, mas exalta a criação nela. Ao lado
Conhecer um pouco da História da Educação aju- de aulas reprodutivas, cintilam aulas criativas.
da a entender os saltos tecnológicos empreendidos pela Entendendo-se a criação textual não como sendo
humanidade e sua influência na Educação formal. exclusivamente a criação literária e tendo-se por escri-
De acordo com Manacorda (2002, p.9) “Não so- tor os autores de literatura, ciência, religião e de filoso-
mente a Fenícia, mas também a Mesopotâmia parece fia, não é difícil imaginar os desejos e necessidades do
reconhecer no Egito a origem da própria cultura...” escriba escolar ir além da repetição dos textos lidos,
A escola grega nasce nos fins do século V. É nessa crítica e criativamente.
época que nascem ou se desenvolvem com mais viço na A expansão da cultura escrita e da educação es-
Grécia a Filosofia, a História, a Medicina, a Retórica, a colar, porém, vai conhecer um retraimento de alguns
Política, o Teatro, a Poesia. É quando se expandem os séculos. Após a queda do Império Romano, o livro per-
usos da escrita, antes confinados em todo mundo antigo manecerá trancado nos mosteiros. Sua reprodução será
às atividades dos escribas, sacerdotes e dos legislado- regularmente mantida pelos monges copistas, dedica-
res. É verdade que essa expansão não se faz sem restri- dos ao texto verbal, e por monges iluminadores, res-
ções, sempre se cita a oposição conservadora de Platão. ponsáveis pelos ornamentos gráficos dos manuscritos.
Mas o próprio filósofo acaba por perpetuar sua obra Do século V ao XII, denominado período monástico
pela escrita e não pela memória oral dos ouvintes. Como do livro manuscrito, a rotina da cópia se faz por discipli-
se não bastasse, mostra-se um excelente escritor. Como na, como parte do trabalho a que os monges se obri-
ele também, seu discípulo Aristóteles, cujas obras copi- gam por força das normas de cada ordem
adas manualmente, foram disputadas em toda antiguida- (MANACORDA, 2002).
de clássica. Simultaneamente à criação de obras por es- Entretanto, o objetivo maior do trabalho de cópias
crito, outras vindas de uma longa tradição oral passam a é fornecer textos para a leitura dos religiosos, leitura
ser transcritas, registradas, para manutenção de um ver- iniciada na alfabetização dos noviços. Depois de alfa-
dadeiro tesouro, o pensamento antigo betizados, para alimentar a fé e a informação doutriná-
(MESERANI,1995). ria, os monges lêem os textos das sagradas escrituras,
Desde a escola grega, a escrita registrava que an- de hagiografias, dos livros de meditações e orações. São
tes era mantido pela tradição oral, de modo muito mais longas horas de leitura diária.
eficaz e em dimensões enormemente superiores, tanto
no que diz respeito ao tempo de preservação da mensa- São Bento estipulou sete horas de trabalho para cada
gem, quanto a sua distribuição espacial. Registrar men- religioso, trabalho principalmente manual, embora po-
dendo ser literário; e duas a cinco horas de leitura por
sagens nos cadernos e obter conhecimentos por meio dia. São Basílio, no oriente, já estipulara regras seme-
de mensagens registradas nos livros incorporam o coti- lhantes. Os maiores benefícios sociais do monarquismo
diano escolar com a maior facilidade, após a alfabetiza- decorreram desse regime de trabalho imposto como dis-
ção do aprendiz. O mesmo não se pode dizer, no tocan- ciplina aos monges. Se os monges têm de ler, têm inevi-
te à facilidade da outra função da escrita, a de constituir tavelmente de aprender a ler, devem ter livros e ensi-
nar, por sua vez, aos noviços a leitura e a cópia de ma-
mensagens, pois a escola ensina a transcrever e não es- nuscritos (MONROE, 1985, p.107.)
crever, no sentido de se deter mais no registro do que na
constituição de textos. A partir do final do século XIII, o feudalismo vai
O registro de mensagens alheias leva à reprodu- se transformando e ler não é mais um privilégio de cléri-
ção, repetição, produção do mesmo, do igual. A consti- gos, nobres e universitários. Uma nova classe burguesa
tuição de mensagens escritas implica criação: produção começa a se delinear, mostrando entre suas expectati-
da diferença, conforme Taylor (1971) “Urge distinguir vas o desejo de ascender até o tesouro cultural dos li-
criatividade de produtividade, uma vez que esta implica vros. Cria-se não só um novo público que procura não
quantidade e aquela significa alta qualidade de uma es- só livros de uso escolar ou das especialidades profissi-
pécie particular”. onais, mas também literários. Diante da demanda, ou-
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tros caminhos se fazem necessários (MANACORDA, ência por parte dos jovens (especialmente estudantes)
2002). da desigualdade na relação educativa.
Por volta do século XV, entra em cena a imprensa,
quando Gutemberg introduz a reprodução mecânica do À medida que os avanços tecnológicos foram ocu-
livro, a sua invenção traz uma verdadeira revolução cul- pando seu espaço, na sociedade, e o homem cada vez
tural. Do livro manuscrito para o impresso há um salto mais consciente, houve a necessidade de uma adequa-
notável, multiplicam-se enormemente os títulos e as tira- ção do sistema de ensino à nova realidade.
gens. O livro começa a se tornar um produto cultural Manacorda (2002, p.46) afirma:
popularmente acessível, rompendo seus estreitos círcu-
No que diz respeito às mudanças sociais, os mestres
los de leitores escolares, religiosos ou de elite. Mas a não devem fazer da escola nem um baluarte em defesa
escola não rompe com o livro, ao contrário firma-se da ordem estabelecida, nem uma arma para revolucionar
como agência da cultura escrita erudita (Ibid). a sociedade... Não é um plano revolucionário, mas prin-
Tanto quanto em sua origem grega e nas escolas cipalmente em função deste plano geral, que consiste
monásticas, as universidades e escolas elementares da em aprender a pensar, que eles entre os fins secundários
de sua obra, devem desenvolver em seus alunos uma
alta Idade Média se fundam na linguagem verbal escrita. compreensão vivencial da democracia.
A tal ponto que no Humanismo renascentista começa a
ser observada certa disfunção escolar. Em momentos de transformação social, o papel do
Inicialmente, o ideal de humanismo era modelagem “mestre” é fundamental, pois é preciso que ele assuma
do homem, preparado para a natureza e para a vida so- sua função de facilitador, intermediário do processo en-
cial, a partir dos modelos clássicos greco-latinos. Nesse sino-aprendizagem e que saiba conduzir a nova situação
sentido, os livros greco-latinos eram uma fonte inestimá- de forma equilibrada e adequada aos avanços
vel. Faz-se necessário estudar a língua e a literatura clás- tecnológicos.
sicas como um instrumental para a compreensão e assi- Na segunda metade do século XX, em todo o mun-
milação do modelo de vida educacionalmente eleito. do, começa o abalo sísmico da cultura escrita, com o
Com o tempo, porém, esse instrumental se sobrepõe de advento do novo veículo eletrônico e a exacerbação da
tal modo aos objetivos propostos, que a educação aca- cultura de massa, a televisão, momento revolucionário
ba se transformando em um exercício de linguagem, de para o ensino/aprendizagem.
conhecimento da língua, uma educação verbalista, livresca Mészaros (2005, p.44) afirma:
(MANACORDA,2002)
O desenvolvimento das ciências, a partir do século As instituições formais de educação certamente são uma
XVIII, vai fazer com que elas não só entrem para os parte importante do sistema global de internalização. Mas
currículos, ocupando espaços da humanidade, como vai apenas uma parte. Quer os indivíduos participem ou não
informar a própria pedagogia, renovando seus conceitos por mais ou menos tempo, mas sempre em um número
de anos bastante limitado das instituições formais de
e métodos. Mas mesmo acusada de livresca, a escola educação, eles devem ser induzidos a uma aceitação ati-
continuará, na Idade Moderna até hoje, a usar o livro va (ou mais ou menos resignada) dos princípios
como sua fonte principal, quando não exclusiva de infor- reprodutivos orientadores dominantes na própria socie-
mação, conhecimento e de preparação de seus dade, adequados a sua posição na ordem social, e de
educandos. Talvez em uma ou outra escola técnica a pre- acordo com as tarefas reprodutivas que lhes foram atri-
buídas.
sença do livro seja mais discreta. Mas no comum, essa
presença se sobrepõe a vivências, práticas não verbais,
Os anos 60 foram mais que os anos rebeldes. Em
observação da realidade, experiência e experimentos.
termos de comunicação, foram revolucionários. Uma ex-
tensão da rede de televisão, que começara a ser implan-
2. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
tada na década anterior, começa a cobrir todo o territó-
rio nacional. Os domicílios mais humildes, nos quais não
(MANACORDA 2002, p. 335) aponta dois fenô-
há um único livro, procuram ter um aparelho de televisão
menos decisivos para a educação, na segunda metade
para receber as mensagens das emissoras que começam
do século: o progresso tecnológico e a maturação das
a surgir. No Brasil, como nos outros países do mundo
consciências subalternas.
em que a televisão é implantada, aparecem opiniões di-
Trata-se da tomada de consciência da própria expansão vergentes e até opostas sobre o novo veículo, sua lin-
da Instrução e com as expectativas e desilusões que ela guagem e suas mensagens. Há dois pólos radicalizantes,
cria nas novas gerações. Trata-se da tomada de consci- batizados por Umberto Eco com muita felicidade como

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o dos “apocalípticos” e o dos “integrados”. A escola si- conhecimento. Esse é o paradigma construcionista em
tua-se como uma urgência que abriga os apocalípticos. que a ênfase está na aprendizagem ao invés de estar no
Entende-se. O novo veículo vai competir com a cultura ensino; na construção do conhecimento e não na instru-
escrita da qual ela é agência (ECO,1970). ção.
Na competição, a escola procura mostrar que a te- O computador é um meio didático, todo cidadão
levisão vai promover a idiotia das massas (massas com deveria ter um computador. O computador é utilizado
as quais jamais ela tinha antes se preocupado), vai fazer para demonstrar um fenômeno ou um conceito, antes do
manipulação ideológica (coisa que a escola sempre fez). fenômeno ou conceito ser passado ao aluno. De fato,
O que realmente preocupa é o anunciado fim da cultura certas características do computador, como capacida-
escrita, muito discutido na época, e a indiscutível substi- des de animação, facilidade de assimilar fenômenos, con-
tuição dos hábitos tradicionais de leitura pelos novos há- tribuem para que ele seja facilmente usado na condição
bitos de ver televisão (MESERANI,1995). de meio didático. No entanto, isso pode ser caracteriza-
Desamparada dos hábitos de leitura, a escola pro- do como uma subutilização do computador ao se pensar
clama a degenerescência da juventude que, sem o ler/ nos recursos que ele oferece como ferramenta de apren-
escrever, ficará não só afásica como mentalmente per- dizagem.
turbada, debilitada. Isso para não falar na falta de A escola do século XVII não consegue compe-
criticidade e de raciocínio que, segundo a escola, o novo tir com a realidade do início do século XXI em que o
veículo promove. É o fim da civilização, e o início de uma aluno vive. É necessário tornar essa escola mais
nova barbárie. Ou, como se verá, é apenas o fim da motivadora e interessante. Entretanto, esse tipo de argu-
hegemonia da cultura escrita e o início de um tempo em mento é preocupante e revela o descompasso pedagógi-
que, como nunca, haverá a pluralidade cultural e a com- co em que se encontra a escola atualmente.
petição entre veículos, linguagens e mensagens (Ibid).
Nos anos 60, o clima torna-se propício para os re- 3. DIFICULDADES DO DOCENTE DA ÁREA DE
volucionários em educação e não apenas para os refor- ADMINISTRAÇÃO NA PRÁTICA
mistas. É hora de se pensar um novo sistema educacio- PEDAGÓGOCA
nal e não só de continuar remendando um modelo exausto
e obsoleto. É tempo de novas ciências e de novas pro- A escola deveria ser interessante não pelo fato de
postas educacionais. possuir um artefato, mas, pelo que acontece na escola
A virada do milênio é razão oportuna para um ba- em termos de aprendizado e desenvolvimento intelectu-
lanço sobre práticas e teorias que atravessaram os tem- al, afetivo, cultural e social. Tomando o computador como
pos. Falar de “perspectivas atuais da educação” é tam- agente motivador pressupõe que a escola, como um todo,
bém falar, discutir, identificar o “espírito” presente no permaneça como ela é que não haja mudança de
campo de idéias dos valores e das práticas educacionais paradigma ou de postura do professor. O computador
que as perpassa, marcando o passado, caracterizando o entra na escola como meio didático ou como objeto que
presente e abrindo possibilidades para o futuro. o aluno deve se familiarizar, mas sem alterar a ordem do
A educação apresenta-se numa dupla encruzilhada: que acontece em sala de aula. O computador nunca é
de um lado, o desempenho do sistema escolar não tem incorporado à prática pedagógica. Ele serve somente para
dado conta da universalização da educação básica de tornar um pouco mais interessante e “moderno” o ambi-
qualidade; de outro lado, as novas matrizes teóricas não ente da escola do século XVIII.
apresentam ainda a consistência global necessária para Desenvolver o raciocínio ou possibilitar situações
indicar caminhos realmente seguros numa época de pro- de resolução de problemas, certamente é a razão mais
fundas e rápidas transformações. nobre e irrefutável do uso do computador na educação.
Com o advento do computador houve neces- Quem não quer promover o desenvolvimento do poder
sidade de provocar uma mudança de paradigma peda- de pensamento do aluno? No entanto, isso é fácil de ser
gógico. Existem diferentes maneiras de usar o computa- falado e difícil de ser conseguido. Já foram propostas
dor na educação. Uma maneira é informatizando os mé- outras soluções que prometiam esses resultados, e até
todos tradicionais de instrução, pois o computador pode hoje a escola contribui muito pouco para o desenvolvi-
enriquecer ambientes de aprendizagem em que o aluno, mento do pensamento do aluno.
interagindo com os objetos desse ambiente, tem chance O computador pode ser usado na educação como
de construir o seu conhecimento. Nesse caso, o conhe- máquina de ensinar ou como ferramenta. O uso do com-
cimento não é passado para o aluno. O aluno não é mais putador como máquina de ensinar consiste na
instruído, ensinado, mas é o construtor do seu próprio informatização dos métodos de ensino tradicionais. Do

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ponto de vista pedagógico esse é o paradigma educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa,
instrucionista. pois podem, de casa, acessar o ciberespaço da forma-
O computador deve ser utilizado como um ção e da aprendizagem à distância, buscar “fora” – a
catalisador de uma mudança do paradigma educacional. informação disponível nas redes de computadores inter-
Um novo paradigma que promove a aprendizagem ao ligados – serviços que respondem as suas demandas de
invés do ensino, que coloca o controle do processo de conhecimento. Por outro lado, a sociedade civil (ONGs,
aprendizagem nas mãos do aprendiz, e que auxilia o pro- associações, sindicatos, igrejas, etc.) está se fortalecen-
fessor a entender que a educação não é somente a trans- do não apenas como espaço de difusão de conhecimen-
ferência de conhecimento, mas um processo de constru- tos e de formação continuada. É um espaço
ção do conhecimento pelo aluno, como produto do seu potencializado pelas novas tecnologias, inovadoras cons-
próprio engajamento intelectual ou do aluno como um tantemente nas metodologias. Novas oportunidades pa-
todo. rece abrirem-se para os educadores. Esses espaços de
A educação engloba ensinar e aprender. É um fenô- formação têm tudo para permitir maior democratização
meno visto em qualquer sociedade, responsável pela sua da informação e do conhecimento, portanto, menos
manutenção e perpetuação a partir da passagem, às ge- distorção e menos manipulação, menos controle e mais
rações que se seguem, dos meios culturais necessários à liberdade. É uma questão de tempo, de políticas públi-
convivência de um membro na sociedade. Ela está pre- cas adequadas e de iniciativa da sociedade. A tecnologia
sente nos mais variados espaços de convívio social. não basta. É preciso a participação mais intensa e orga-
Ao professor da área de Administração cobra-se, nizada da sociedade. O acesso à informação não é ape-
portanto, a superação da visão simplista da sua prática nas um direito. É um direito fundamental, primário, o pri-
docente como mero instrutor de ensino, elevando-a à meiro de todos os direitos, pois sem ele não se tem aces-
categoria de Educador, com um desempenho pleno e so aos outros direitos.
satisfatório dentro da sala de aula, atuando como Na formação continuada, necessita-se de maior
estimulador e orientador do processo ensino-aprendiza- integração entre os espaços sociais (domiciliar, escolar,
gem. empresarial, etc.), visando equipar o aluno para viver
melhor na sociedade do conhecimento.
4. EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE Cabe à escola, na sociedade informacional, orga-
GLOBALIZAÇÃO nizar um movimento global de renovação cultural, apro-
veitando-se de toda a riqueza das informações. Hoje, é
Seja qual for a perspectiva que a educação con- a empresa que está assumindo esse papel inovador. A
temporânea tomar, uma educação voltada para o futuro escola não pode ficar a reboque das inovações
será sempre uma educação contestadora, superadora dos tecnológicas. Ela precisa ser um centro de inovação.
limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, Na sociedade da informação, a escola deve
uma educação mais voltada para a transformação cultu- servir de bússola para navegar nesse mar do conheci-
ral. Por isso, acredita-se que a pedagogia da práxis, aque- mento, superando a visão utilitarista de só oferecer in-
la que é transformadora e orientada para a concepção formações “úteis para a competitividade, para obter re-
de finalidades, em suas várias manifestações, pode ofe- sultados”. Deve oferecer uma formação geral na direção
recer um referencial geral mais seguro do que as peda- de uma educação integral, orientar criticamente, sobre-
gogias centradas na transmissão cultural, neste momento tudo a criança e os jovens, na busca de uma informação
de perplexidade. que os faça crescer e não embrutecer.
O processo da globalização está mudando a políti-
ca, a economia, a cultura, a história e, portanto, também CONCLUSÃO
a educação. É um tema que deve ser enfocado sob vári-
os prismas. A globalização remete também ao poder lo- A partir da evolução histórica da Educação, per-
cal e às conseqüências locais da nossa dívida externa cebe-se que a tecnologia está presente em todas as épo-
global (e dívida interna também, a ela associada). Para cas.
pensar a educação do futuro, é necessário refletir sobre No início, a palavra falada era o veio condutor da
o processo de globalização da economia, da cultura e história. Em seguida, com o advento da imprensa é
das comunicações. introduzida a reprodução mecânica dos livros, substitu-
As novas tecnologias criaram novos espaços do co- indo o trabalho dos copistas. O livro passa a ser disse-
nhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, minado como meio preferencial de propagação da cul-
o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se tura.

12
Nesse período, observa-se que os recursos
audiovisuais vão se expandindo e com eles a dissemina-
ção da cultura, bem como a sua prática em sala de aula.
Na atualidade, a Tecnologia da Informação assu-
me um papel preponderante na divulgação da informa-
ção, de forma generalizada e global. O uso do computa-
dor passa a ser ferramenta obrigatória no meio educaci-
onal, muito embora se perceba que sua utilização, mes-
mo disponível, ainda, não se encontra à disposição de
todos. O fator econômico funciona como um vetor na-
tural para a não democratização da ferramenta.
É bom lembrar que o computador é um meio para
se buscar conhecimento, e torna-se um risco, se o seu
uso for indiscriminado. Assim sendo, deve ser visto e
utilizado como um meio e não como um fim em si mes-
mo, e que essa consciência deve ser apreendida, princi-
palmente, pela classe docente, e particularmente pelos
professores especialistas de área da Administração, cuja
duplicidade de papéis não podem ser confundidos em
seu lócus preferencial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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pectiva,1970
MANACORDA, M. A. História da Educação. 10 ed.
São Paulo: Cortez, 2002.
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Cortez, 1995.
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onal, 1985.
TAYLOR.C.W. (ORG). Criatividade: progresso e po-
tencial. São Paulo: Ibrasa/Edusp, 1971.

13
UMA PERSPECTIVA ÉTICA SOBRE A CREDIBILIDADE
DOS PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA

Por Beatriz Varjal de Melo Risk, aluna da 1ª turma do


curso de Pós-Graduação Lato Sensu da Faculdade Fleming

Resumo
Evidenciam-se nos dias atuais, no meio coorporativo, tanto no setor público quanto no privado, sucessivos
escândalos políticos e econômicos que envolvem práticas antiéticas de corrupção e fraudes nas organizações em-
presariais. Por esta razão a conceituação e a reflexão sobre Ética Profissional tornam-se oportunas, para uma
análise conjuntural acerca do futuro dessas entidades. Este artigo pretende enfocar o trabalho das auditorias e suas
respostas futuras no aspecto da Ética Profissional.

Palavras-chave: ética profissional, código de ética, credibilidade empresarial.

INTRODUÇÃO

As grandes transformações econômicas e políticas, de Auditoria em observância aos princípios éticos empre-
como a industrialização e o capitalismo, trouxeram mo- sariais.
dificações sócio-culturais que exigem do homem atual,
profundas mudanças em sua formação humana e profis- Conceituação de Ética Empresarial
sional, pois as empresas estão se tornando cada vez mais
exigentes, na busca da pessoa certa para o lugar certo. A Ética, numa reflexão mais ampla, pode ser entendi-
Para projetar uma situação futura sobre a da como a “ciência da conduta humana perante o ser e seus
credibilidade dos procedimentos de Auditoria em uma semelhantes”. (SÁ, 2001, p. 15), podendo ainda, ser defi-
perspectiva da Ética Profissional é necessário, primeira- nida como “um ramo da filosofia que lida com o que é mo-
mente, trabalhar os conceitos que implicam nesta análi- ralmente bom ou mau, certo ou errado”. (LISBOA, 1997,
se. p. 23).
Num primeiro momento, trabalha-se o conceito A preocupação com essa ciência, muitas vezes desig-
da Ética sob um enfoque moderno, apresentando suas nada, também, como Moral (mesmo que de forma equivo-
características e a razão de seus conflitos, focando, prin- cada) é muito antiga. Há cerca de mil anos, já podia ser
cipalmente, a Ética Empresarial. Ressalta-se a crise ins- apreciada, por meio de trabalhos de filósofos como
taurada da Ética denotada por práticas como corrupção Pitágoras, e também, em fragmentos de escritos
e fraudes que contrapõe e denigre os princípios éticos antiqüíssimos registrados nas obras do filósofo Aristóteles.
estabelecidos. Ainda, define o que é Código de Ética. Num contexto mais moderno, o ramo da filosofia que
No segundo ponto do artigo o foco desloca-se estuda a Ciência da Ética está voltado para a aprovação ou
para as empresas de Auditorias, no que tange ao con- desaprovação da ação dos homens, fazendo ponderações
ceito, a evolução histórica, preceitos e objetivos e ferra- sobre a realidade e o voluntarismo sobre as ações virtuo-
mentas para seu exercício. Contempla, ainda, fragmen- sas. As palavras: bem, mal, vontade, virtude, valor e outras
tos de análises sobre posturas e atitudes de gestão ad- mais, são objetos de estudo e profundas reflexões por par-
ministrativa que refletem ações de imprudência, imperí- te de antigos e modernos pensadores.
cia, ou o mais, grave delas, fraudes. Propício é registrar a existência de uma corrente filo-
Em seguida se pontua a questão da Auditoria x sófica menos rigorosa, a Estóica, que entendia a Ética como
Independência, análise esta, fundamental, no que diz res- uma “conduta volvida à realidade de cada época, portanto
peito à ética das auditorias. Remete o leitor a uma refle- mutável”. (ESTOBEU, apud Sá, 2001, p.18). A importân-
xão sobre a prática de algumas instituições auditoras, cia desta afirmativa consiste no caráter de mutabilidade, que
por realizar consultorias, concomitantemente aos traba- se encontra presente em formulações conceptuais e nos
lhos de auditoria como atividades que se contrapõem na costumes da época. Tal condição provocou efeitos
medida em que possuem finalidades específicas distin- conceituais contundentes, em diversas ciências, como os
tas. Princípios de Isaac Newton (século XVII), os de Darwin
Por fim, é traçado um panorama dos procedimentos (sobre a origem no homem), Smith (1759) entre outras, e

14
hoje, adequa-se a realidade de dinamismo e velocidade ções de confiança entre empresas, investidores e a soci-
de informações, características gritantes da sociedade edade em geral. Casos como os das gigantes america-
moderna. nas Enron (2001), Arthur Andersen (2002), WordCom
Sá faz algumas ponderações sobre a existência de (2002) são exemplos de comportamento antiético no
variadas correntes filosóficas e seus estudos sobre Éti- meio corporativo. Recentemente no Brasil, a popular
ca, quando assim comenta: empresa McDonald’s, foi alvo de denúncia em artigo da
Revista Época em 20061 . No âmbito governamental,
Em todos esses estudos filosóficos da questão, mesmo também o ano de 2006 foi cenário de sucessivos escân-
diante das mudanças do ambiente por alterações
dalos nacionais, tais como “Mensalão”, Máfia das Am-
conceituais, observa-se que a preocupação é o homem,
em suas formações espiritual e mental, com vistas aos bulâncias e, mais recente, a compra de dossiês compro-
seus procedimentos perante terceiros, mas sempre bus- metedores de candidatos a cargos públicos.
cando praticar o que não venha a ferir ou prejudicar a A Ética Profissional ou Moral Profissional está
quem quer que seja, inclusive o responsável pelo ato balizada nos conceitos básicos do direito e do dever.
(SÁ, 2001, p.18). Lisboa (1997, p. 58), define Código de Ética:

O autor remete esta análise para outra, sobre con- Um código de ética pode ser entendido como uma rela-
vivência em sociedade, em que pessoas estabelecem ção das práticas de comportamento que se espera sejam
entre si, variado número de relacionamentos com vistas observadas no exercício da profissão. As normas do có-
a atingir objetivos, podendo estes, serem de natureza digo de ética visam ao bem-estar da sociedade, de forma
a lhe segurar a lisura de procedimentos de seus mem-
individual (particular) ou coletiva (englobando parte ou bros, dentro e fora da instituição.
o conjunto inteiro da sociedade), permitindo perceber-
se um caráter complementar entre ambas. Os princípios éticos podem existir de forma natu-
Os Relacionamentos travados entre as pessoas são ral, ou seja, por consenso de uma sociedade. No entan-
fortemente influenciados por aspectos do comportamento to, quando se apresentam na forma escrita, passam a
humano, que por sua vez são influenciados pelos valo- serem considerados Códigos de Ética. Assim, os princí-
res e crenças que as pessoas carregam, em outras pala- pios éticos são obrigatórios e sua observância deve ser
vras, o modelo mental de cada indivíduo é a base de assegurada com o objetivo de formar consciência pro-
suas atitudes e ações. Segundo Angeloni (2003, p. 95): fissional sobre padrões de conduta.
Normalmente, os Códigos de Ética contêm princí-
Modelos mentais são imagens, pressupostos e histórias
que trazemos em nossas mentes acerca de nós mesmos,
pios gerais e regras particulares sobre problemas espe-
de outras pessoas, das instituições e de diversos outros cíficos de cada profissão. Embora não consigam con-
aspectos do mundo e da vida. Eles constituem verdadei- templar todos os problemas que aparecem quando do
ros “mapas mentais” cognitivos com os quais exercício de determinada profissão, são procedimentos
navegamos por meio de ambientes complexos da vida. úteis para coibir atitudes antiéticas, auxiliados, inclusive,
com o suplemento de opiniões de órgãos competentes e
A autora distingue com bastante clareza os associações profissionais.
intervenientes do comportamento humano, quando se Contudo, o primordial objetivo de um Código de
refere à formação do caldo cultural que define cada mo- Ética é a expressão e o encorajamento do sentido de
delo mental. justiça e decência em cada membro do grupo organiza-
Há evidência de conflitos estabelecidos nos relaci- do, indicando um novo padrão de conduta interpessoal
onamentos que os homens travam diariamente dentro na vida profissional de cada trabalhador que esteja exer-
de uma sociedade de natureza variada, tais como: ma- cendo qualquer cargo na organização. (LISBOA, 1997,
trimonial, profissional, religiosa, de lazer, de saúde, mili- p.59)
tar etc., pode ser explicada e entendida como fruto da É oportuna a reflexão da profissão em contabilida-
divergência entre os modelos mentais de cada indiví- de, em que comumente, o trabalho da auditoria é enqua-
duo. drado:
O meio empresarial historicamente apresenta con-
tundentes conflitos de interesses, que de certa maneira, A profissão contábil consiste num trabalho exercido ha-
são originários da ótica capitalista, que visa o lucro pelo bitualmente nas células sociais, com o objetivo de pres-
lucro, privilegiando interesses de uma minoria em detri- tar informações e orientações baseadas na explicação
mento da maioria. Nesse contexto, crises de credibilidade dos fenômenos patrimoniais, ensejando o cumprimento
de deveres sociais, legais, econômicos, tão como a toma-
são desencadeadas por escândalos que abalam as rela-

1
- Revista Época - N. 416 - 08 de maio de 2006, p.32 e 33. 15
da de decisões administrativas, além de servir de conceituam a auditoria:
instrumentação histórica da vida da riqueza (SÁ, 2001, p.
130) Auditoria é a técnica que consiste no exame de documen-
tos, livros e registros, inspeções, obtenção de informa-
Em suma, o profissional que se dedica à Contabili- ções e confirmações externas e internas, obedecendo às
dade possui deveres para com a regularidade do em- normas apropriadas de procedimento, objetivando verifi-
prego racional das riquezas nas empresas, e para tanto, car se as demonstrações contábeis representam adequa-
necessita de uma consciência profissional e virtudes que damente a situação nelas demonstradas, de acordo com
os princípios fundamentais e normas de contabilidade de
orientem seus trabalhos de forma responsável. maneira uniforme.
Segundo o filósofo Aristóteles (in: SÁ, 2001, p.131)
“O trabalho é um dever social, mas, além de tudo, algo Esta conceituação aborda a fidedignidade de uma
que realiza quem o faz, se, realmente, no exercício de situação a ser demonstrada aos usuários, utilizando-se a
suas tarefas, emprega o amor como guia de suas ações”. atestação de conformidade com determinado padrão.
Sá (Ibid) assim conclui: Embora que restrita no sentido de contemplar unicamen-
te os usuários externos das informações, esta definição
A profissão permite que o indivíduo exerça sua função
de solidariedade para com seus semelhantes, recebendo
constitui o cerne da compreensão deste artigo no que
em troca, não só dignidades, mas compensações que tange a Auditoria.
permitem, inclusive, o enriquecimento material. Os primeiros indícios de auditoria, segundo Motta
(1988), surgiram na civilização suméria, identificáveis com
Ao tentar responder a pergunta sobre por que al- a prática da conferência dos bens oriundos da atividade
guns administradores contrariam os princípios éticos que pastoril.
deveriam prevalecer no ambiente empresarial, Gellerman A origem da Auditoria é imprecisa, segundo Santi
(1986, s.nt) pondera: (1988). Pode ter se originado dentre os guardas-livros
prestadores de serviços aos comerciantes italianos para
A resposta é geralmente encontrada na natureza humana assessorar os demais especialistas na atividade de escri-
– na forma que ambição e dever sofrem distorções, em turação das transações. A origem na Itália deve-se às
ocasiões de pressão. A fronteira entre o certo e errado é
deslocada para o sentido conveniente, ou mesmo igno-
demandas do clero, detentor das grandes fortunas nos
rada, apesar de o gerente não ter intenção de fazê-lo. séculos XV e XVI pontua Perez Junior (1988). Confor-
me Araújo (1998) citando Sandroni, as contas governa-
Quando o profissional prioriza o “enriquecimento mentais em Roma, por volta do ano 200 a.C, eram fisca-
material” pode ser levado a minimizar a importância de lizadas pelos magistrados, denominados questores, res-
ser solidário para com seus semelhantes e o recebimen- ponsáveis pelas finanças.
to de dignidades como troca pelo exercício de sua fun- Mas foi na Inglaterra, segundo Sá (1980), no reina-
ção, sendo assim, este estará fortemente inclinado a co- do de Eduardo I que surgiu o termo auditor (aquele de-
meter ações antiéticas para a concretização do seu ob- signado para examinar as contas públicas de cujo teste-
jetivo prioritário. São essas ações que se têm em evi- munho poderia levar à punição de possíveis infratores).
dência na atualidade e que se pretende projetá-las a um Apesar de não haver consenso entre os autores
futuro próximo. quanto ao surgimento da auditoria, observa-se à presen-
Como este artigo tem o foco no trabalho das em- ça desta técnica com vários estágios evolutivos diferen-
presas de auditorias, passa-se a seguir a contextualizá-la ciados desde o início da atividade econômica do homem.
na atualidade. A consolidação da necessidade da auditoria nas or-
ganizações se deu no período da Revolução Industrial, a
Contextualização da Auditoria partir da segunda metade do século XVIII. As empresas
passaram a ter uma complexidade maior na composição
Fiscalizar documentos, analisar, resguardar e con- societária, pela abertura do capital a terceiros. Outro fato
firmar dados e informações fornecidos por demonstra- que corroborou para a consolidação da auditoria, se-
ções contábeis e outros relatórios; zelar pela obediência gundo Franco & Marra (1982) foi a instituição da co-
às normas e procedimentos da contabilidade, bem como, brança do imposto de renda com base no lucro, na In-
os preceitos da Ética Profissional são alguns dos traba- glaterra.
lhos previstos pelos processos de auditorias. Chegou aos Estados Unidos a Auditoria, segundo
Os autores Franco & Marra (2000, p.24) Santi (1998), no momento em que ocorreu a instalação
das companhias de estradas de ferro. Este fato precipi-

16
tou a necessidade de oferecer informações aos acionis- tra à pessoa do auditor. São eles:
tas impossibilitados pela distância, de acompanhar de 1. Aspectos técnicos para a
perto os investimentos. Este foi o passo para a sua ex- execução do trabalho;
pansão ao resto do mundo. 2. Aspectos comportamentais do profissional;
No Brasil, o boom da Auditoria aconteceu por vol- 3. Aspectos atitudinais do auditado;
ta da década de 40 com a chegada das Multinacionais, 4. Aspectos culturais do auditado.
embora já houvesse relatos de trabalhos desenvolvidos A resolução que trata da atividade da auditoria é a
anteriormente, conforme Motta (1998). 820/97. Esta apresenta os principais conceitos utiliza-
Segundo Franco & Marra (1982) foi decisiva a par- dos, define a técnica de auditoria, os tipos de procedi-
ticipação do poder público na difusão da auditoria e da mento com os quais trabalha, e também estabelece o
figura do Auditor Independente. A primeira lei do mer- entendimento da classe quanto aos papéis de trabalho e
cado de capitais, a lei nº. 4.728 de 14 de julho de 1965 a postura do auditor frente ao erro e / ou fraude.
é considerado o texto legal histórico pioneiro a tratar e Esta resolução enfatiza questões relacionadas à im-
tornar obrigatória esta prática. A partir de então, inúme-
portância do planejamento dos trabalhos e a atenção ao
ras disposições legais estabeleceram a obrigatoriedade risco envolvido nos objetos de exames. Prevê as etapas
da Auditoria para alguns segmentos específicos da eco- necessárias para a supervisão e controle de qualidade,
nomia. estudo e avaliação do sistema contábil e de controles
Contudo, o marco histórico da Contabilidade e da internos, aplicação dos procedimentos de auditoria e,
Auditoria foi a criação da Comissão de Valores Mobili- ainda, recomenda a documentação da auditoria, o uso
ários por meio da lei nº. 6.385/76 e a promulgação da lei
da amostragem e do procedimento eletrônico de dados,
6.404/76. Mas no que tange a Auditoria, propriamente
as estimativas contábeis, as transações com parte relaci-
dita, as leis referidas ampliaram a abrangência de sua
onadas, os eventos subseqüentes, carta de responsabili-
atuação, pois até então, estava restrita a atividades que
dade da administração e contingências. Por tudo isso,
envolviam a economia popular.
essa resolução delibera sobre as características
A Auditoria está baseada em normas. Estas têm a
extrínsecas e intrínsecas do Parecer de Auditoria.
finalidade de estabelecer os padrões técnicos e de com-
Por outro lado, a norma 821/97 versa sobre as nor-
portamento com vistas a alcançar uma ação / atitude co-
mas inerentes ao profissional de auditoria, enfatizando a
letiva e / ou individual desejável. Objetivam a qualifica-
essência da competência técnico-profissional e da inde-
ção do trabalho oferecido pelo auditor, no que tange a
pendência. Estabelece regras de fixação de honorários,
garantia de atuação suficiente e técnicas consistentes para
guarda de documentação e guarda de sigilo. Define ain-
emissão de pareceres.
da, a responsabilidade pela utilização de trabalho de au-
American Institute of Accountants, órgão que ante-
ditores internos e especialistas, as informações anuais a
cedeu o AICPA (American Institute of Certified Public
serem fornecidas ao CRC, a comprovação de educa-
Accountants) foi o órgão responsável pela edição das
ção continuada e o exame de competência profissional.
primeiras normas geralmente aceitas internacionalmente,
Os preceitos de ética profissional para os auditores
datadas de 1917.
que resguardam os conceitos de honestidade, objetivi-
No Brasil, as normas de auditoria são adaptações
dade, diligência e lealdade, resumidamente, são
das normas editadas pelo IFAC (International Federation
comumente, compartilhado entre o Instituto Brasileiro
of Accountants) e estão contidas nas resoluções emana-
de Auditores Independentes (IBRACOM) e o Instituto
das pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade).
de Auditores Internos do Brasil (AUDIBRA), consistem
em:
A resolução CFC 560/83 define que a auditoria é
- Independência profissional;
uma atribuição do contador, no entanto, esse exercício
- Independência de atitudes e decisões;
possui, também, um regulamento específico além do Pró-
- Intrasferibilidade de funções;
prio Código de Ética do Contabilista aprovado pela re-
- Eficiência técnica;
solução CFC 803/96 e dos Princípios Éticos definidos
- Integridade;
pelo IBRACOM (Instituto dos Auditores independen-
- Sigilo e discrição;
tes do Brasil).
- Imparciabilidade;
O Conselho Nacional de Contabilidade (CFC) con-
- Lealdade de classe.
sidera atribuição do auditor a convergência de 04 (qua-
O exercício da auditoria está revertido de acentua-
tro) aspectos, que se dividem em 02 (dois) tipos de nor-
do caráter social, razão principal que justifica a preocu-
mas. Uma que se refere à atividade de auditoria e a ou-

17
pação em normatizar a atividade por parte dos organis- auditores, publicidades e angariações de clientes.
mos reguladores. Portanto, abrange, muito mais do que Pode-se observar nos dias de hoje que algumas
empresa e investidor, uma vez que extrapola o mercado das empresas de auditoria são, concomitantemente, lí-
imobiliário, pois alcança governo e a sociedade como deres mundiais no mercado de consultoria empresarial,
um todo. atividade que lhes representa importante fonte de recei-
Contudo, o estabelecimento de normas regulado- ta, e que se relaciona tecnicamente de maneira profunda
ras da prática de auditoria e da postura do auditor não com as recomendações contidas nos relatórios que emi-
garante 100% de prática ética por parte desses profissi- tem quando do exame anual dos balanços. No entanto,
onais, como atestam os escândalos promovidos por gran- ao associar essas duas atividades, as instituições podem
des empresas americanas, inclusive empresa tradicional ferir o princípio da Independência, uma vez que deixam
do segmento de auditoria - Arthur Andersen - que afeta- de ser imparciais no apontamento dos erros para, tam-
ram a economia mundial, e que demonstraram a sua bém, indicar possíveis soluções. Na verdade, essas duas
vulnerabilidade. atividades são interdependentes e interfuncionais, por essa
A Lei Sarbanes-Oxley tão em voga nos dias atuais razão, a tentação ao casuísmo e ao dirigismo é quase
surgiu com o objetivo de restaurar o nível de confiança incontrolável, na medida em que as ações que apontam
dos investidores, e o equilíbrio dos mercados por meio as irregularidades são aquelas que tendem a corrigi-las.
do estabelecimento de mecanismos que assegurem a res- Cabe ao auditor a análise dos atos de gestão pra-
ponsabilidade da alta administração de uma empresa ticados no período de seu exame, a verificação e o con-
sobre a confiabilidade da informação por ela fornecida. fronto dos atos praticados com a legislação vigente, às
(BORGERTH, 2007). Aplica-se a todas as empresas regras estatutárias, do contrato social e do regimento in-
americanas de capital aberto. Portanto, muitos países, terno e normas internas existentes. É sua função ainda,
deverão adequar-se as exigências dessa lei se quiserem emitir pareceres e recomendações de alterações em re-
preservar o capital investido em seus domínios. gimentos, normas internas de procedimentos que conte-
É oportuna a análise mais aprofundada da relação nham disposições contrárias a leis e / ou a regulamentos
do binômio: Auditoria x Independência. Algumas insti- editados por órgãos públicos, ou às técnicas de adminis-
tuições auditoras vêm agregando às suas práticas o tra- tração geral, de produção, recursos humanos, etc.
balho de consultoria, atividades essas que possuem pro- Em contrapartida, o consultor tem como função
pósitos distintos, mas que pelo caráter de indicar alternativas para atos de gestão, relacionados ao
complementaridade freqüentemente se associam com o aumento de produção, à diminuição de custos, à própria
objetivo do aumento de renda dessas entidades, igno- linha de produção, com alterações ou eliminação de pro-
rando a incompatibilidade das atividades. dutos, à área fiscal, por meio de sugestões de mudança
de comportamento tributário, além, do aproveitamento
Auditoria x Independência de brechas legais com vistas a pagar menos impostos,
todas conduzindo a uma maior lucratividade.
Uma vez analisados os conceitos de Ética e Audi- É inegável a importância das duas atividades para
toria, passa-se então à definição do conceito Indepen- o meio coorporativo, mas preocupa o fato de estarem
dência. sendo praticados pela mesma entidade, pois esta rela-
A Federação Internacional dos Contadores ção pode ferir princípios éticos que deveriam ser preser-
(IFAC) define as formas de identificação de Indepen- vados com austeridade. Preocupada com esta situação,
dência: a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), deliberou a
- Independência da mente: imparciabilidade, inte- Instrução nº 308 proibindo aquelas empresas de exerce-
gridade, objetividade e ceticismo profissional; rem a dupla atividade.
- Independência na aparência: evitar que fatos ou
circunstâncias permitam o surgimento de dúvidas acerca Perspectivas Futuras
da integridade, objetividade ou ceticismo profissional.
Para garantir a qualidade e credibilidade dos tra- É evidente que a profissão do auditor está com-
balhos de auditoria, o Código de Ética deste órgão pre- prometida com a responsabilidade pública e social, e tam-
vê normas referentes à Independência, competência pro- bém, que elementos como ética e independência são es-
fissional, uso do trabalho de não contadores, honorários senciais ao profissional desta categoria, até mesmo como
e comissões, atividades incompatíveis com a prática de fator de permanência no mercado. Também é fato que a
auditoria, numerários de clientes, relações com outros sociedade brasileira não possui cultura de auditoria e ain-

18
da conta com a tradição da impunidade. Holland (1999, sistematicamente imprime valores éticos e morais à soci-
p.8-10) “afirma que diversos fatores históricos, econô- edade em geral, contribuindo para a formação de pro-
micos e legais conduziam a uma situação de desestímulo fissionais que espera-se num futuro próximo, possam
a uma atitude ética e inúmeras transgressões”. atuar imbuídos sob a inspiração de fortes princípios de
Contudo, o Brasil está atravessando um momento austeridade e compromisso com a verdade, a honesti-
de transição econômica, cultural e social, e está predis- dade e probidade, em substituição à cultura desprezível
posto a modificar o perfil de um país pouco auditado. do “jeitinho brasileiro”, que tanto denigre a imagem do
Evidencia-se o momento das auditorias, caracterizado povo brasileiro.
não pela onda de fusões, privatizações e escândalos fi- Muito embora escândalos possam eventualmente
nanceiros, e sim pela necessidade de mais controle e ocorrer demonstrando a fragilidade da moral humana no
planejamento. exercício do profissional, estes não podem se tornar re-
Até pouco tempo atrás a demanda dos trabalhos gra, mas sim, uma lamentável exceção.
de auditoria era por empresas em situação de cumpri- O exercício responsável da profissão do Auditor
mento legal, enquadramento estatutário ou ainda para que no Brasil ainda não está consolidado como uma tra-
prevenção ou solução de litígios. Agora, com o país dição, deverá ao longo do tempo se tornar uma prática
caminhando rumo à maturidade, evidenciados pelo au- rotineira dentro do meio corporativo nacional, imprimin-
mento da consciência ecológica, pelo reconhecimento do credibilidade e confiabilidade aos balanços das em-
dos direitos do consumidor e pelo despertar para a res- presas. Os acionistas assim esperam e a sociedade tam-
ponsabilidade social das empresas, os trabalhos de au- bém.
ditoria podem ter uma função social e pedagógica.
Esse momento está refletido no rigor em que os REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
órgãos regulamentadores dos trabalhos de auditoria vêm
revisando suas normas a fim de garantir a qualidade e a ANGELONI, Maria Terezinha. Organizações do Co-
credibilidade dos serviços oferecidos. nhecimento. Infra-estrutura, Pessoas e Tecnologia. São
No entanto, deve-se considerar que a ética é um Paulo: Saraiva, 2003.
aspecto pessoal, e, não, uma condição imposta, o que BORGUERTH, Vânia Maria da Costa – SOX Enten-
evidencia a importância da independência. dendo a Lei Sarbanes-Oxley. São Paulo:Thomson, 2007.
Em suma, a independência do auditor deve estar CITADINI, Antonio Roque. Auditoria x Consultoria, uma
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Por fim, a conclusão que se chega é que o instru- 2001.
mento mais poderoso no trabalho de conscientização da 1
Revista Época – N. 416 – 08 de maio de 2006, p.
ética profissional é a EDUCAÇÃO voltada para a for- 32 e 33.
mação do cidadão e do profissional ético. A boa forma-
ção técnica e moral do cidadão será a garantia da atua-
ção ética do profissional de Auditoria, sem a qual, os
preceitos legais e normativos estarão sempre sujeitos à
manipulações que uma vez descobertas, provocam o
desgaste e o descrédito daqueles que as cometeram.
Também com relação à cultura da Auditoria como
ferramenta independente exercida por profissionais éti-
cos, a Educação cumpre papel preponderante quando

19
NECESSIDADES DAS EMPRESAS NOS NOVOS TEMPOS

Por Douglair Aparecida Buzato, aluna da 1ª turma do


curso de Pós-Graduação Lato Sensu, Faculdade Fleming

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão sobre as necessidades das empresas nos novos tempos. As mudanças
ocorridas nos vários setores de atividades humanas se apresentam como grandes desafios para o homem. Já não
basta estudar para adquirir um diploma, uma formação específica. Hoje a palavra de ordem é atualização, tendo
em vista a velocidade com que o conhecimento é produzido e disseminado. Neste sentido o desenvolvimento do
profissional de mercado passa a ser entendimento como um processo de aprendizado continuado. Portanto, o
objetivo desse estudo é ressaltar a importância da busca permanente do conhecimento e sua aplicabilidade no meio
empresarial. A formação bem elaborada do profissional requer necessariamente aprimoramento constante. Sua
permanência no mercado dependerá do seu esforço na busca de novos conhecimentos, para agregar valor a sua
prática laboral.

Palavras-chave: mudanças, educação, trabalho, atualização.

INTRODUÇÃO 1 - NECESSIDADES DAS EMPRESAS NOS NO-


VOS TEMPOS
As grandes transformações econômicas e políticas,
como a industrialização e o capitalismo, trouxeram mo- Com a globalização e desenvolvimento tecnológico
dificações sócio-culturais que exigem do homem atual, cada dia mais rápido, com as mudanças econômicas
profundas mudanças em sua formação humana e profis- ocorrendo de maneira desordenada, torna-se necessá-
sional, pois as empresas estão se tornando cada vez mais ria uma nova visão em vários campos, principalmente
exigentes, na busca da pessoa certa para o lugar certo. no que se refere à contratação de pessoas para ocupar
A revolução tecnológica tem contribuído de ma- os mais diversos cargos e funções (pessoa certa no lu-
neira decisiva para a expansão do conhecimento. Em gar certo), para que as empresas possam sobreviver,
função da velocidade das descobertas, o que era novo nestes dias mais e mais competitivos.
ontem certamente se tornará obsoleto amanhã. Como a A modernização deve ocorrer em toda empresa
competição é cada vez mais acirrada, tudo indica que, que realmente deseje sobreviver: usando estratégias ade-
para conseguir se destacar na carreira, o profissional quadas, reaparelhando-se sempre que necessário, para
precisará se atualizar sempre. atingir o objetivo principal: seu cliente.
Observando as transformações econômicas e po- Estudando a seleção de pessoal dentro destas
líticas juntamente com as revoluções tecnológicas per- novas empresas deve-se abordar vários pontos antes
cebe-se que o conhecimento produzido pelo homem vem não muito importantes; a mão-de-obra especializada
dobrando a cada cinco anos. Isso significa que, ao con- torna-se um fator primordial para as empresas nos dias
cluir um curso de Medicina, de seis anos de duração, o atuais. A concorrência entre empresas gera a necessi-
aspirante a médico saberá menos da metade do que ha- dade de se encontrar o profissional pronto para assumir
via para saber quando iniciou os estudos. O conheci- o trabalho.
mento hoje é como o pacote de leite: tem selo de valida- Vigneron citando Poisson na Carta de Informa-
de”, diz o consultor Carlos Monteiro, pós-graduado em ção do Instituto Internacional de Planejamento e Edu-
Educação pela Universidade de Michigan, nos EUA cação da UNESCO, conceitua o perfil do profissional
(Monteiro, 2006). para esses tempos:
Supõem-se, portanto, que daqui ha alguns anos,
as mudanças sejam ainda mais rápidas. Então, para quem Para responder os desafios da globalização, é necessá-
rio preparar os indivíduos para um mundo de trabalho
não gosta de estudar, é bom se conformar com a regra no qual as tarefas estão em constante evolução; a hie-
de ouro do trabalho na sociedade da informação: os pro- rarquia será substituída por uma organização em forma
fissionais bem-sucedidos estão condenados a ser eter- de redes, em que a informação transitará através de uma
nos aprendizes. multidão de canais e de maneira informal; o espírito de

20
iniciativa substituirá o de obediência, melhorar suas ati- não tem nenhuma experiência anterior de trabalho nem
tudes para trabalhar em equipe. (Poisson, 1999). o mínimo de conhecimentos exigidos pelas empresas em
linguagem, em informática e em inglês.
A tendência atualmente é contratar profissionais Em um país onde falta tanto emprego, verifica-se
qualificados que não necessitem de treinamento. Essa que há uma grave escassez de pessoas qualificadas para
preferência prende-se ao fato da necessidade de con- preencher as poucas vagas existentes. É claro que edu-
tenção de custos. Se a empresa for contratar mão-de- cação não gera emprego, mas, fica claro que sem edu-
obra para treiná-la, poderá perder muito tempo e cação ninguém se emprega no mundo moderno.
despender muito dinheiro o que nos dias atuais não é Muitos têm vontade de mudar, sabem dessa ne-
viável uma vez que o necessário é baixar os custos em cessidade, mas tem medo de deixar velhos paradigmas.
todos os setores, para que o produto final seja competi- É fácil falar em mudança, o difícil é fazê-la, muitos de-
tivo e acessível. pendem de um líder para apoiá-los e conduzi-los às mu-
Para Risk (2006, p.6): danças. Liderança tem tudo a ver com caráter, já que se
trata de fazer a coisa certa, não temendo conflitos.
Quando se fala em desenvolvimento de pessoas, estar-
se referindo a um processo de contínuo aprendizado, no Hunter (2006), define liderança: “ A habilidade
sentido de não apenas instrumentalizar o profissional para de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente
o exercício de uma tarefa específica, mas principalmente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança
capacitá-lo para o exercício competente de outras fun- por meio da força do caráter”.
ções, pela aquisição de novos conhecimentos e habilida- Peter Drucker, considerado o pai da administração
des que o prepara para assumir novos encargos e res-
ponsabilidades. moderna, diz que:

O líder tem que gerenciar a si próprio; ‘conhecer as suas


A seleção deve tentar identificar pessoas com en-
forças e colocá-las em benefício dos bons propósitos. A
tendimento em várias áreas, principalmente com capaci- liderança começa, não quando você traça regras muito
dade ampla de atuação em vários setores dentro da em- exigentes para si próprio. (Drucker, 1996, p 1).
presa que fará a sua contratação.
Sendo a filosofia de “Just–in-Time” aplicada na Liderar significa conquistar as pessoas, envolvê-las
busca da interação entre a qualidade e o aperfeiçoamen- de forma que coloquem seu coração, mente, espírito,
to, eliminando total desperdício faz com que a empresa criatividade e excelência a serviço de um objetivo. É pre-
que a utiliza, obtenha poderosa vantagem competitiva ciso fazer com que se empenhem ao máximo na missão,
com redução de custos. (PEREIRA & RODRIGUES, dando tudo pela equipe. Não se gerencia pessoas. Pes-
2005). soas devem ser lideradas.
Dentro da nova realidade mundial toda empresa
para sobreviver, procura ter um conhecimento sempre 2 - NECESSIDADES DAS ESCOLAS NOS
atualizado das forças competitivas que a norteiam, ela- NOVOS TEMPOS
borando estratégias que permitam melhoria da qualida-
de de seus produtos, aperfeiçoamento de seus funcioná- A empresa que não se recicla, ou não se atualiza,
rios, redução de custos e aumento da produtividade. torna-se obsoleta, o que se comparado a uma escola é
Para tudo isso necessita que seus líderes e funcio- verdadeiro, se a mão-de-obra para a escola não for es-
nários estejam preparados e atualizados com as mudan- pecializada para os dias atuais, os professores passam a
ças e necessidades dentro e fora do seu setor. ensinar conceitos muitas vezes ultrapassados.
As transformações decorrentes das mudanças téc- Como exemplo o professor de matemática tem
nico-organizacionais no mundo, remetem-nos às relações que estar atualizado em informática o que às vezes não é
entre trabalho, qualificação e educação na formação pro- sua especialidade, o mesmo acontecendo com o profes-
fissional. sor de português que tem a necessidade de conhecer
Na vida moderna o que conta é a qualidade. Isso informática também, pois necessita ensinar os alunos a
vale para o trabalho, para a cidadania, etc. redigirem seus trabalhos no computador, mandar men-
Vê-se hoje, que quando um concurso é aberto, seja sagens em celulares, elaborar pesquisas na Internet, etc...
para qualquer cargo ou função, o número de candidatos Por sua vez a escola enquanto empresa tem que
é sempre muito maior que o número de vagas, evidenci- se preocupar com o conteúdo de seu currículo para po-
ando uma desproporção impressionante. Mais impressi- der contratar a mão-de-obra qualificada para cada cur-
onante é saber que a esmagadora maioria desses jovens so. E a mão-de-obra especializada é necessariamente

21
multifuncional, todos têm que saber um pouco da espe- ças, aberto à integração e ao trabalho multidisciplinar,
cialidade dos outros. adequando-se as novas necessidades de nossa socieda-
A facilidade de acesso à informação potencializada de.
pela popularização da Internet, colocou a escola numa A conferência de Elsinor, realizada sob os auspício
encruzilhada. Mais do que ensinar conteúdos, algo que, da UNESCO, (1929 apud NisKier, 1999), considerada
continua sendo importante, o desafio dos professores é a primeira reunião mundial enfoca a educação de adul-
preparar o aluno para enfrentar um mundo em constante tos: “Um tipo de educação voluntária, com o objetivo de
transformação. alcançar um desenvolvimento pessoal e profissional”.
Isso implica fornecer ferramentas analíticas para Para que a educação hoje tenha efeitos benéficos
que cada indivíduo possa fazer uma leitura crítica dos deve-se levar em conta a motivação, isto é, a necessida-
fatos e assim, chegar a suas próprias conclusões. de presente, gerada pela velocidade de mudanças
Os professores de Marketing da Wharton, Jerry tecnológicas, pelas situações que aparecem com as fun-
Wind e David Reibstein, em seu trabalho intitulado ções assumidas e a partir de questionamentos pessoais.
“Reiventing Training for the Global Information Age”, di- Para Golguelin (1970), Educação:
zem que:
É idealmente participar do futuro a partir do presente,
O conhecimento é uma nova fonte de vantagens compe- assumir riscos, porque educar é mudar! Educar não é ape-
titivas. Conseqüentemente, o treinamento de pessoal, não nas transmissão de conhecimentos científicos, mas tam-
deve ser uma atividade periférica, mas sim uma atividade bém de atitudes em relação à utilização desses conheci-
central nas empresas bem sucedidas do século XXI. As mentos. (Golguelin, 1970)
companhias precisam de um conhecimento radicalmente
novo para obterem sucesso em uma conjuntura em seto- Já pensou Lowe (1977, apud DESTRO, 1995,
res inteiros criados ou transformados pela tecnologia, p.25):
mudanças competitivas e estatísticas mercadológicas
inexoráveis. (WIND & REIBSTEIN, 1997).
Ampliou-se a noção de ensino, antes centrada somente
na sala de aula, a partir de 80, pela entrada em cena de
De acordo com esses autores, para atingir seus satélites, vídeos, microcomputadores e correio eletrôni-
objetivos, preparar a pessoa certa para o lugar certo, o co, possibilitando, a partir da integração entre o real e o
novo modelo de ensino, passa do conteúdo padroniza- virtual.
do para conteúdo personalizado, em horários e locais
determinados para aulas ministradas em qualquer hora e A aprendizagem do individuo deve ser de renova-
lugar com aprendizado interativo e aplicado: Just–in-Time ção constante na vida profissional, principalmente com o
na educação. avanço tecnológico, com avaliação constante de seu tra-
O programa e - Fellows da Wharton criado por balho, sendo cobrado como polivalente e não só os con-
Jerry Wind: teúdos específicos de seu currículo ex: professor-show.
No processo ensino/aprendizagem, trabalha-se to-
Tem como objetivo criar uma comunidade virtual para dos os meios e recursos audiovisuais e tecnológicos sur-
onde os participantes se envolvam em um aprendizado gindo assim a necessidade de conhecer e dominar esses
contínuo com o corpo decente e com outros colegas. “ A recursos, como ferramenta de trabalho.
maior parte da interação eletrônica entre colegas envol- Segundo Gadotti (1981, p.67):
ve a educação personalizada, no momento desejado.
A importância da educação implica a necessidade de
O surgimento desses novos paradigmas não anula recompensá-la no seu todo. Para a formação do “homem
a validade do ensino atual, apenas torna-se necessário completo cujo advento torna-se mais necessário à medi-
combinar o tradicional com o virtual, (modelos híbrido). da que as pressões mais duras separam e otimizam cada
Preparando assim, melhor as pessoas para usar a qual- ser” , A educação “deve ser global e permanente – con-
tinuada”, preparar-se para elaborar ao longo da vida, um
quer momento e em qualquer lugar seu aprendizado, sen- saber em constante evolução e de “aprender a ser”.
do capaz de agregar as mudanças e aumentar o valor
que se oferecerem. Observando-se as escolas atuais verifica-se que en-
A educação hoje deve ser abrangente, tendo como sina-se muita teoria que a maioria dos alunos só usará
objetivo a ação política, social, econômica e cultural, pos- anos mais tarde e alguns conceitos nem mesmo serão
sibilitando a integração do aluno à sociedade tecnológica, necessários em seu futuro fora de sala de aula. Muito
transformando o sujeito passivo em agente de mudan- melhor seria que o aluno adquirisse o conhecimento em

22
tempo real, isto é, quando e onde precisasse dele. cando interdisciplinares para soluções dos problemas em
Especialista em política internacional, o geógrafo várias áreas do conhecimento humano.
Nelson Bacic Olic (2002), diz: As escolas devem agir como verdadeiros agentes
das mudanças necessárias ao mercado de trabalho.
Para as pessoas da minha geração, o computador é uma Como líderes, os “professores” tem que refletir
máquina de escrever sofisticada. Saber usar essa máqui- sobre o impacto que causa na vida de outras pessoas e a
na é importante. Mas temos que ter consciência de que
ela não faz tudo sozinha. O professor deve aprender a
responsabilidade inerente a essa posição de confiança.
tirar o máximo proveito dela e deve estar tecnologicamente Não é por outro motivo que os cursos de educa-
próximo aos alunos. Se ele usar a tecnologia com con- ção continuada tem se multiplicado no Brasil. A deman-
teúdo, conseguirá combater a falta de concentração da por saber é tão pronunciada que muitas empresas
dos alunos, motivando-os a estudar. optam por proporcionar os chamados cursos in company
a seus funcionários. Nessa modalidade de ensino, a es-
Em sua célebre Lei da Conservação da Matéria, o cola vai até o aluno em seu local de trabalho. O maior
cientista francês Lavoisier sentenciou: “ Na natureza, nada objetivo dos programas de educação continuada é pos-
se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Numa apro- sibilitar a aquisição de novas competências e habilida-
ximação metafórica, esse é o princípio que norteia a nova des.
tendência da pedagogia contemporânea, a Uma coisa é certa. O primado da inteligência veio
transversalidade. Não é uma nova disciplina, mas sim para ficar. E isso é muito bom. Mas é também desafia-
uma forma diferente de lidar com conhecimentos já exis- dor. Para as nações mais pobres só resta educar os seus
tentes. Por definição, são projetos que trabalham um povos de forma acelerada.
conjunto de disciplinas, simultaneamente, para estudar A tábua de salvação é a educação de boa qualida-
determinados temas. de. Nunca um povo dependeu tanto do saber quanto
nos dias atuais.
CONCLUSÃO Em síntese, finaliza-se este artigo com o ditado chi-
nês: “Se você deseja um ano de prosperidade, cultive
As necessidades das empresas nos novos tempos grãos. Se você quer dez anos de prosperidade, cultive
são de líderes participativos, inovadores, criativos, com- árvores. Se você deseja cem anos de prosperidade, cul-
prometidos com o trabalho de equipe, que busquem tive gente”.
otimizar ações empreendedoras, capazes de promover
estratégias competentes e flexíveis que garantam solu- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ções ágeis e adequadas para com elas poder superar os
obstáculos e incertezas que possam aparecer, fazendo ALVES, João Murta – O Sistema Just-in-time reduz os
com que a empresa possa sobreviver aos desafios dos Custos – Campinas: Biblioteca Eletrônica da UNICAMP,
novos tempos. 2002.
O “homem” vem se adaptando e se transformando HUNTER, James C. – Como se Tornar um Líder Servi-
desde os tempos mais remotos, mas, atualmente, essas dor 1ª ed. – Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2006.
transformações devem ser cada vez mais rápidas e ex- MORAES, Antonio Ermírio de - Educação, pelo amor
pressivas, conciliando e integrando o “homem indivíduo” de Deus 1.ª ed. – São Paulo: Editora Gente, 2006.
(pessoa), e o profissional. PEREIRA, Ana e RODRIGUES, Renata – A Educação
Para que um indivíduo consiga atingir essas exigên- Continuada do Catalogador – O Caso da Universidade
cias torna-se necessário uma integração praticamente de de Santa Catarina – Santa Catarina, 2005.
todos os segmentos da sociedade: família, escola, em- PINHEIRO, Edna Gomes e MACIEIRA, Maria Hele-
presa, etc. na Leão – Desfazendo o Mito Sobre Liderança – Rio de
A busca cada vez maior de pessoas preparadas Janeiro – UFRJ, 2000.
tecnológica e cientificamente, que se adaptem e resol- RISK, Eloah N. V. M. - Exercitando a Orientação –
vam situações problemas que se apresentam no dia-a- Manual de Capacitação do Professor – Orientador de
dia, provoca também uma grande mudança nas escolas Trabalhos de Conclusão de Curso e Participação em
e em seus professores, obrigando também a adequação Banca Examinadora, Faculdades Fleming, Campinas,
destes aos novos tempos e novas exigências. Força as 2005.
escolas e professores a constante dinamismo para assim SEVERINO, Antonio Joaquim - Metodologia do Tra-
poder contribuir positivamente à nova ordem social, bus- balho Científico 22ª ed. – São Paulo: Editora Cortez,

23
MARKETING, INTERNET E OS NOVOS TEMPOS

Por Mara Elisa Frare Toso, aluna da 1ª turma do curso de


pós-graduação lato sensu, Faculdades Fleming

Resumo

O presente estudo objetiva apresentar conceitos, considerações e tendências, sobre marketing e internet, e
como estas ferramentas combinadas se tornam poderosos e eficientes instrumentos de competitividade no mercado
atual. O trabalho visa demonstrar a importância de se trabalhar o marketing por meio da internet baseado no
comércio eletrônico e no relacionamento com o cliente e como a interação de ambos se torna uma vantagem
competitiva no acirrado mundo globalizado.

Palavras-chave: Marketing. Marketing de Relacionamento. Internet. Tendências.

INTRODUÇÃO saber. O estudo de mercado surgiu da necessidade dos


industriais de gerirem a nova realidade criada pela Re-
O marketing, ao longo dos anos, vem sofrendo volução Industrial, que transformou um mercado de ven-
inúmeras adaptações e reformulações provenientes das dedores em um mercado de compradores. Inicialmente
constantes mudanças ocorridas no mercado e no cená- a preocupação era meramente de logística e produtivi-
rio mundial, o que impulsiona a necessidade de adequa- dade, para aumentar os lucros. Os consumidores não
ções das premissas mercadológicas. tinham qualquer poder de barganha.
Com o início do século XXI, várias mudanças fo- Até o fim da Segunda Guerra Mundial esta situa-
ram previstas e outras muitas virão. Por isso, torna-se ção manteve-se sem qualquer alteração, foi quando houve
pertinente a presente discussão sobre as tendências para um crescimento da concorrência que, até então era
o uso do marketing e da internet no contexto inexistente. Reagindo a ele, mercadólogos começaram a
mercadológico das organizações. teorizar sobre como atrair e lidar com seus consumido-
Tecnologias estão permitindo que o comércio não res. Surge, então, a cultura de “vender a qualquer pre-
se limite somente à loja física, mas a um comércio virtual ço” (BARNUM, 1880). Este período foi marcado por
em que demandes e ofertantes a todo o momento con- truques e charlatanices que deram, até hoje, um ar de
cretizam negócios. incredibilidade aos profissionais da área. As técnicas
Nos dias de hoje, o estudo do marketing e da existentes baseavam-se mais na intuição do que na prá-
internet e a compreensão das novas necessidades dos tica.
consumidores vêm favorecendo a ampliação deste canal
de vendas e relacionamento. As pessoas consomem cada Precursores
vez mais produtos e serviços pela internet, o que faz com Nos anos de 1940, a questão principal era o
que a rede deixe de ser apenas um grande canal de in- questionamento sobre o desenvolvimento de teorias de
formação, para se tornar também um nicho de mercado mercado. Alguns autores afirmavam que não seria pos-
com forte potencial a ser explorado, onde clientes e sível formar uma teoria genuinamente mercadológica, pois
empresas podem se beneficiar. consideravam um conceito muito subjetivo, quase uma
Apresenta-se a seguir uma pesquisa sobre a evo- forma de arte. Entretanto, Robert Bartels (1976) e ou-
lução do conceito de marketing e como a internet vem tros defendiam uma potencialidade para a teoria
se tornando uma ferramenta imprescindível para que as mercadológica se tornar uma ciência. Em 1954, Peter
empresas continuem a existir de forma competitiva no Drucker em seu livro “Prática da Administração de Em-
mercado globalizado. presas”, cita o marketing como uma força poderosa a
ser considerada pelos administradores.
1. EVOLUÇÃO DO MARKETING
Década de 1960
Apesar de ter suas raízes ao longo da história da A primeira grande mudança deste cenário veio com
humanidade, o marketing é um campo de estudo relati- o artigo intitulado “Miopia de Marketing”, por Theodore
vamente novo se comparado com outros campos do Levitt (1960), que mais tarde foi chamado de “pai do

24
marketing”. Neste artigo ele expôs uma série de erros maximarketing (RAPP & COLLINS, 1994), o
de percepções, e mostrou a importância da satisfação maketing 1 to 1 (PEPPERS & ROGERS, 1994), o
dos clientes, transformando para sempre o mundo dos aftermarketing (VAVRA, 1992) e o marketing direto
negócios. O vender a qualquer custo deu lugar à satis- de Stone (1990).
fação garantida. Outra tendência foi o fortalecimento do conceito
Muitos artigos científicos foram escritos, pesquisas de marketing social, tornou-se uma exigência de mer-
foram feitas e dados estatísticos coletados. Este conhe- cado a preocupação com o bem-estar da sociedade. O
cimento ficou espalhado, muitas vezes restrito apenas ao consumidor e a opinião pública passam a cobrar das
mundo acadêmico. Em 1967, Philip Kotler, lançou a pri- organizações uma participação mais direta nas causas
meira edição de seu livro “Administração de sociais, e a responsabilidade social torna-se vantagem
Marketing”, onde consolidou as primeiras bases da- competitiva.
quilo que é hoje o marketing.
O Novo Milênio (2000)
Década de 1970 Com o novo milênio vieram a segmentação da tele-
Nos anos de 1970, surgiram departamentos e di- visão a cabo, a popularização da telefonia celular e uma
retorias de marketing em todas as grandes empresas. A maior disseminação dos meios de comunicação, em es-
preocupação com o marketing passou a ser uma ne- pecial, a Internet. Começa a surgir uma infinidade de
cessidade de sobrevivência. A contribuição do pesquisas e publicações sobre webmarketing e comér-
marketing é tão significativa nas empresas, que passa, cio eletrônico. O cliente agora não tem apenas poder de
então, a ser adotado em outros setores da atividade hu- barganha, mas também poder de informação. Os esfor-
mana. O governo, organizações civis, entidades religio- ços da assessoria de imprensa, relações públicas e
sas e partidos políticos passaram a utilizar as estratégias marketing social começam a tomar o espaço da propa-
de marketing adaptando-as as suas realidades e neces- ganda tradicional.
sidades.
2. MARKETING
Década de 1980
Em 1982, o livro “Em Busca da Excelência”, de Definição
Thomas Peters e Bob Waterman, inaugurou a era dos O conceito contemporâneo de marketing englo-
gurus de marketing e levou o marketing para as mas- ba a construção de um relacionamento do tipo ganha-
sas, logo, para as pequenas e médias empresas, e a todo ganha entre indivíduos e empresas para obterem aquilo
tipo de profissionais. O marketing passa a ser uma pre- que desejam. Muitas pessoas associam o marketing à
ocupação direta da alta direção de mega-corporações, publicidade ou vendas, entretanto estas são apenas duas
não estando mais restrito a uma diretoria ou departa- de suas ferramentas.
mento. O marketing começa muito antes da empresa ter
O fenômeno dos gurus, porém é responsável por um produto, ele vem desde a fase de detecção de ne-
uma tendência a modismos e um descuido com o rigor cessidades e transformação destas em oportunidades e
científico. Entretanto, em meio a isso, surgiram concei- continua ao longo da vida do produto, tentando con-
tos como o de posicionamento (RIES & TROUT, 1980), quistar novos clientes, melhorando o aspecto e
marketing de guerrilha (LEVINSON, 1982) que ga- performance do produto, aprendendo com resultados
nharam prestígio no mundo dos negócios e reputação de vendas e tentando manter os clientes já conquista-
por suas idéias e abordagens originais. dos.
As técnicas de marketing não se restringem ao
Década de 1990 mundo empresarial, são aplicadas, por exemplo, na po-
O avanço tecnológico teve grande impacto no mun- lítica e em muitos outros aspectos da vida. Marketing é
do do marketing. O comércio eletrônico foi uma revo- um processo social e gerencial por meio do qual, pesso-
lução na logística, distribuição e formas de pagamento. as e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam
A Internet chegou como um novo e instantâneo meio de e o que desejam, com a criação, oferta e livre negocia-
comunicação. O CRM (Customer Relationship ção de produtos e serviços de valor com outros
Management) e os serviços de atendimento ao consu- (KOTLER e KELLER, 2006).
midor, tornaram possível uma gestão de relacionamento Seguem algumas considerações significativas:
com o consumidor em larga escala. Surgem o Marketing é o processo de encontrar necessida-

25
des e satisfazê-las de forma rentável. Marketing são as aos públicos internos, fornecedores, intermediários e
atividades sistemáticas de uma organização humana vol- multiplicadores. Entende-se hoje que o caminho para o
tadas à busca e realização de trocas para com o seu sucesso está no fortalecimento dos relacionamentos com
meio ambiente, visando benefícios específicos seus públicos, criando elos e rotinas que melhoram a ima-
(RICHERS, 1986). gem das empresas, aumentando a qualidade percebida e
Marketing é a entrega de satisfação para o cliente garantindo assim, a superação de suas tão desejadas
em forma de benefício (KOTLER e ARMSTRONG, metas comerciais e financeiras.
1999). Segundo Welch (1996), para sobreviver na “era do
Marketing é uma função organizacional e um con- valor”, a verdadeira vantagem competitiva das organiza-
junto de processos que envolvem a criação, a comuni- ções deve ser o relacionamento.
cação e a entrega de valor para os clientes, bem como a O marketing de relacionamento tem por objetivo a
administração do relacionamento com eles, de modo que fidelização de clientes, fazendo uso de bancos de dados
beneficie a organização e seu público interessado (nova inteligentes que permitem um conhecimento mais profun-
definição de 2005, da AMA - American Marketing do das demandas, expectativas e necessidades dos mes-
Association). mos. Com a utilização de várias ferramentas, procura-se
obter uma lealdade à marca, por meio da humanização
3. O MARKETING DE do contato com os clientes, realizado a qualquer mo-
RELACIONAMENTO mento, mesmo após a concretização do processo de
venda.
O marketing hoje deixou de ser um diferencial para O marketing de relacionamento engloba algumas
virar obrigação dentro das estratégias empresariais. Neste outras formas de marketing como ferramenta pra al-
contexto, soluções tradicionais de marketing, como pro- cançar seus objetivos, como por exemplo, o database
paganda e promoção de vendas, bem como estratégias marketing1 e o marketing direto2 .
de relações públicas, convivem com a necessidade de De acordo com Zymberg (1997): “Proporcionar ao
contribuir ativamente para o sucesso dos objetivos co- seu cliente um atendimento espetacular é uma das for-
merciais das organizações. mas mais importantes de diferenciar o seu produto”.
No mercado atual, de acordo com o consultor e Para Gordon (1999) o marketing de relacionamento
colunista Miyashita (2006), as técnicas tradicionais es- é: “O processo contínuo de identificação e criação de
tão consolidadas dentro das empresas, tornando-se es- novos valores com clientes individuais e o
tratégias básicas, lógicas, naturais e usuais. Para vencer, compartilhamento de seus benefícios durante uma vida
surge a necessidade de desenvolver novas soluções e toda de parceria”.
métodos de trabalho mais eficazes. O marketing de re- O marketing de relacionamento constrói alicerces
lacionamento é uma evolução dos conceitos de fortes entre a empresa e seus públicos. Segundo
marketing e comunicação, sendo o diferencial compe- McKenna (1992) o ciclo de feedback do cliente é im-
titivo que as empresas estão buscando para liderar mer- portante para o desenvolvimento de tecnologias de pro-
cados. dutos e essencial para as boas relações, tornando-as du-
Ele representa uma nova postura na interação entre radouras. O ciclo de feedback integra o cliente e a em-
uma empresa ou entidade e seus clientes. Até a metade presa estabelecendo um diálogo entre eles e transfor-
da década de 90, a maioria das organizações tinha ape- mando o produto em serviço e o serviço em produto.
nas a preocupação de buscar novos consumidores e não
preservar aqueles já conquistados. A experiência e a con-
corrência acirrada demonstraram que a satisfação do cli- 1 Database marketing é a coleta, armazenamento e utiliza-
ente não se resume à aquisição do produto ou serviço. ção de informações detalhadas e dados comportamentais
sobre o mercado, produtos e consumidores, com o objetivo
O cliente espera que a empresa possa continuar pres- de aumentar a eficiência da segmentação e customização
tando-lhe atendimento, e de qualidade, mesmo após ter- das ações de marketing.
se encerrado o processo de aquisição, ou seja, a rela- 2 Marketing direto é uma ferramenta que procura atingir o
ção entre uma empresa e seu cliente é eterna. consumidor de forma específica e direta, tem como vanta-
Aplicar os conceitos de marketing de relaciona- gem o relacionamento individual, rapidez e especificação do
público-alvo.
mento significa customizar os esforços de marketing por Para Cooke (1994:4): “Existe uma grande similaridade entre o
meio de comunicações direcionadas e pertinentes aos database marketing e o marketing direto. Na realidade,
seus públicos, não somente aos clientes, mas também ambos são inseparáveis”.

26
4. O NOVO MARKETING nhamento e na formação destas relações. Enquanto as
informações são passageiras, as relações possuem uma
A nova abordagem do marketing leva em conta as permanência muito poderosa em um mundo em proces-
mudanças dinâmicas em indústrias e mercados. Esta abor- so de rápida transformação. Com a formação das rela-
dagem enfatiza a formação de relações, a comunicação ções certas, uma companhia pode conquistar uma
de conceitos e a criação de novos mercados. credibilidade e um reconhecimento que jamais conquis-
Existem diversas forças agindo para a formação de taria por meio da publicidade.
novos métodos de marketing, e a mais importante, é o McKenna (2000) avalia que embora o marketing
ritmo acelerado da transformação. Normas tradicionais tenha a responsabilidade de distinguir as mudanças de
de marketing foram criadas para mercados e indústrias mercado e fornecer respostas a elas, ele não tem sido
estáticas, mas o mundo dos negócios é dinâmico e avan- um indicador confiável nos últimos anos, pois as respos-
ços tecnológicos fazem produtos e companhias se mo- tas às mudanças do mercado pelas companhias foram
dificarem com grande rapidez. medidas de reação, e não de previsão. Ele define cinco
Melhor se observa esta aceleração, em indústrias regras básicas para uma nova maneira de se fazer
de alta tecnologia. De acordo com uma estimativa, a cada marketing, sendo elas as seguintes:
trinta segundos ocorre uma inovação no Vale do Silí-
cio3 . 01. A subestrutura digital muda tudo - a estrutu-
ra digital auxilia a comunicação voltada para os negóci-
A transformação atual é tão rápida e inexorável nas os, mas seu maior diferencial é o acesso sem preceden-
tecnossociedades que as verdades de ontem se tornam tes que possibilita, tanto do sistema aos clientes, como
subitamente as ficções de hoje, e os membros mais alta-
mente qualificados e inteligentes da sociedade admitem
no sentido inverso. A conseqüência é o aumento da co-
ter dificuldade para acompanhar a avalanche de novos municação interativa, o que leva a desmassificação dos
conhecimentos - mesmo em campos extremamente limita- mercados, à fragmentação do público e ao aumento da
dos. (TOFFLER, 1974). individualidade.

Para McKenna (2000), considerado a máxima au- 02. A fidelidade à marca desaparece - a revolu-
toridade do novo marketing, se passou de uma era de ção digital estimulou a infidelidade às marcas, possibili-
artigos produzidos em série para uma era de produtos tou uma vasta rede de distribuição, capaz de administrar
feitos sob encomenda. Os clientes exigirão cada vez mais uma imensa variedade de produtos. Logo, a escolha e o
diversidade em seus produtos. preço têm um valor maior que a marca e existe uma cons-
Os administradores precisam ser mais criativos, in- tante espera por novidade.
teligentes, agressivos e abertos a mudanças, visto que,
no novo meio empresarial todos devem pensar sobre 03. Redefine-se o conceito de imagem - a ima-
marketing. gem vai originar-se menos dos meios de comunicação
As companhias precisam desenvolver uma forma estáticos e mais das experiências interativas com os con-
de posicionamento e estratégias que sobrevivam às mu- sumidores. Em conseqüência disso, a presença substitui
danças turbulentas e dinâmicas do mercado. Para tal, a consciência da marca. A Internet obriga todos os ne-
precisam compreender a estrutura do mercado para que gócios a tornarem-se serviços.
possam desenvolver relações estratégicas com outras
pessoas e companhias, precisam formar relações com 04. O cliente torna-se seu próprio “marketeiro”
fornecedores, distribuidores, investidores e clientes. Re- - está surgindo um novo tipo de relacionamento com o
lações como estas, segundo McKenna (1992), são hoje, cliente, totalmente baseado no acesso, na interface, nos
mais importantes que preço baixo e promoções grandi- serviços incorporados e nos sistemas inteligentes de in-
osas, ou mesmo, tecnologias avançadas. Mudanças formações que operam por trás de tudo. Portanto, é cada
merca-dológicas podem, rapidamente, alterar preços e vez mais importante entender as atitudes do consumidor.
tecnologias, entretanto, relações próximas, podem du-
rar por longos tempos. 3
Vale do Silício é o nome dado a uma região no estado da
Os clientes estão saturados de informações. Na so- Califórnia onde estão concentradas as mais importantes
empresas de tecnologia, como a Intel, Apple, Oracle, IBM e
ciedade atual, as informações tornaram-se descartáveis,
Microsoft. Foi o berço do desenvolvimento tecnológico
poucas pessoas se lembram das notícias vistas ou lidas nos Estados Unidos e é o centro das grandes descobertas
no dia anterior. Deste modo, o marketing deve ter seu em tecnologia e das grandes sociedades que dão nome,
enfoque no entendimento do mercado, no seu acompa- principalmente, aos equipamentos eletrônicos e de
informática que temos hoje.
27
05. O marketing será centrado na tecnologia presas irá terceirizar suas atividades, em 60% e até
da informação - são abundantes os indícios de conver- 100%, obtendo formidáveis índices de retorno. Elas es-
gência entre empresas de software e agências de publi- tarão ligadas em rede, alicerçadas em alianças estratégi-
cidade. O marketing deve mudar seu foco na imagem cas. Por fim, as empresas irão constatar que a única van-
para o foco na tecnologia da informação. tagem sustentável será a capacidade de aprender e mu-
O resultado de tudo isso é que o novo marketing dar rápido.
vai transformar-se em um processo de aprendizado con-
tínuo por meio do qual a empresa ganha conhecimento 6. A INTERNET COMO FERRAMENTA DE
ao interagir com os clientes e o mercado, e dessa manei- MARKETING
ra consegue adaptar-se e competir à altura.
Para Kotler (1999), o novo conceito de marketing As práticas de marketing buscam não somente atrair
consiste em convidar o cliente a participar do projeto do novos clientes, mas também um relacionamento de lon-
produto. As novas empresas já fazem uso de meios de go prazo com os mesmos, a partir de uma relação cada
comunicação mais direcionados, integrando suas ativi- vez mais personalizada. Essas tendências têm sido
dades de marketing, para transmitir uma mensagem mais fortalecidas por novas tecnologias que facilitam o
coerente para os clientes. armazenamento, gestão e fluxo de informações. É muito
De acordo com o autor, far-se-á uso de mais importante compreender os benefícios de novas
tecnologias, videoconferência, automação de vendas, tecnologias, como a internet, na comunicação e relacio-
softwares, páginas na internet, intranet e extranet. Nessa namento com os clientes.
nova abordagem, as empresas estão disponíveis sete dias A internet representa uma nova ferramenta de apoio
por semana, 24 horas por dia, em linhas 0800, websites, às práticas de marketing, sendo usada para diversas fun-
chats ou correio eletrônico. A capacidade de identificar ções e objetivos, desde o pré-venda, passando pelo ato
clientes mais lucrativos e estabelecer diferentes níveis dede venda em si, até o pós-venda. As empresas devem
atendimento aumenta. A visão dos canais de distribuição estar atentas para aproveitar as opções inovadoras que
também foi modificada: agora são vistos como parcei- a internet oferece, o que pode representar um diferencial
ros, e não como adversários. Em resumo, as empresas de competitividade bastante significativo.
encontraram maneiras de fornecer um valor superior a A infra-estrutura também mudou. No mercado tra-
seus clientes. dicional o cliente vai até a loja, o produto é tangível e a
empresa é responsável por toda a estrutura física, esto-
5. O MARKETING DO FUTURO ques, controles de vendas, etc. Com o comércio eletrô-
nico, a empresa divide esta responsabilidade com o cli-
O futuro para o marketing está, principalmente, no ente a partir do momento em que o mesmo precisa ter
crescimento da internet que possibilita atingir milhões de uma estrutura própria (computador, telefone, etc.) para
consumidores simultaneamente. A internet traz para a efetuar a sua compra.
rotina do consumidor moderno a realidade do e- Embora as regras de negócios tenham mudado, as
commerce e dos negócios e transações comerciais rea- medidas de sucesso permanecem as mesmas: lucro, re-
lizados por meio da Web. ceitas mais altas, custos reduzidos, market share e cres-
Em seu livro “Marketing para o século XXI: como cimento.
criar, conquistar e dominar mercados”, Kotler (1999)
prevê que possivelmente, já na primeira década do sé- O marketing na internet:
culo, quase todos os gêneros de produtos estarão dis-
poníveis na internet, o cliente terá acesso ao que quiser - Atinge camadas fortemente formadoras e
pelo computador. Haverá uma diminuição do movimen- multiplicadoras de opinião.
- Oferece o que mídia alguma oferece, a interatividade
to nos estabelecimentos varejistas que precisarão adap- imediata, potencializando o efeito da mensagem publici-
tar-se a esta nova realidade, adicionando, talvez, um tária.
pouco de entretenimento aos negócios. Os gigantescos - Reduz custos e aumenta a agilidade com relação a for-
bancos de dados das empresas terão ricas informações necedores, diminuindo a necessidade de estoques e pos-
sobre as preferências e exigências dos clientes, a fim de sibilitando preços mais competitivos.
personalizar suas ofertas. O cliente montará seus produ-
tos conforme sua necessidade via internet. A internet é uma ferramenta de custo baixo que pro-
Ainda segundo Kotler (1999) a maioria das em- porciona maior facilidade na realização de pesquisas e

28
levantamentos de informações sobre clientes. É um ca- automatizar a compra e venda de bens e serviços”.
nal eficiente para conquistar novos clientes e manter os O comércio eletrônico contribui de forma ampla para
já efetivos, além de oferecer diversas vantagens compe- a administração, pois torna uma empresa competitiva no
titivas e representar uma alternativa diferenciada de pu- mercado mundial por meio da tecnologia da informação.
blicidade, com um diferencial, em relação aos outros Ao invés do empresário ficar esperando o cliente
meios de divulgação, quem entra em contato, neste caso, entrar em sua loja, ele tem a oportunidade de ir até ele,
tem real interesse no produto veiculado. De modo geral, estreitar este relacionamento e conhecer mais sobre suas
a internet facilita os negócios entre empresas e clientes e necessidades através de enquetes, pesquisas, listas de
agiliza a tomada de decisão de compra. discussões, etc.
Ela vem sendo usada no âmbito do marketing em- Segundo Laudon e Laudon (1999) o comércio ele-
presarial para: trônico traz muitos benefícios tanto para compradores
quanto para fornecedores, no que diz respeito à econo-
- Apoiar a comunicação institucional das empresas e for- mia com a impressão de papéis; ao tempo que é um fator
talecer suas imagens e marcas. significativo no atual mundo competitivo, em que o com-
- Promover produtos e serviços, com maior quantidade
prador pode fazer suas compras no conforto de sua casa
de informações agregadas.
- Vender produtos e serviços, estabelecendo-se como o ou escritório e também no que diz respeito a oportunida-
próprio canal em que são realizadas as transações co- de de comparar qualidade e preço entre vários fornece-
merciais. dores. O fornecedor terá uma relação estreita com o
- Fornecer suporte aos clientes a um custo mais baixo comprador, pois as informações de seus produtos esta-
que nos meios convencionais e possibilitar interações.
rão à disposição do comprador, e as distâncias serão
- Personalizar relacionamento com o cliente.
- Realizar campanhas interativas de divulgação de pro- quase que eliminadas pela aproximação da internet.
dutos e serviços.
Vantagens
Ao contrário do que possa se pensar, a Internet não
é um veículo de divulgação em massa eficiente, como são - Possibilidade de fácil comparação entre ofertas, marcas,
alguns meios de comunicação convencionalmente utiliza- produtos/serviços e lojas (formas de pagamento, prazos
dos pela publicidade, como o rádio, o jornal, e a televi- de entrega, segurança, etc.).
- Preços mais baixos devido aos baixos custos de opera-
são. A publicidade na Internet não é massiva, ela é ção de uma loja virtual.
direcionada de forma específica e personalizada. - Possibilidade de se comprar produtos não disponíveis
O anunciante que investir na Internet como uma fer- em lojas próximas, como por exemplo, produtos importa-
ramenta de divulgação em massa, certamente irá se de- dos de qualquer parte do mundo.
cepcionar com os resultados, pois o objetivo do marketing - Oferta de serviços e produtos 24 horas por dia.
- Não é necessário ir à loja para efetuar a compra.
na internet é agir como uma flecha e atingir de forma
direcionada o seu cliente, sendo assim, não é um bom
Desvantagens
veículo para tornar um produto conhecido do grande pú-
blico, deve ser usada como ação complementar. No en- - Impossibilidade de se manusear o produto.
tanto, a combinação entre interatividade e multimídia faz - Insegurança quanto à procedência/qualidade dos pro-
da rede um poderoso ambiente de conquista de consumi- dutos oferecidos e quanto à segurança para realização de
dores por meio da troca de informações sobre a empresa pagamentos com cartões de crédito.
e seus produtos, e a coleta e armazenamento de dados - Falta de credibilidade na autenticidade dos sites.
- Demora nos prazos de entrega.
dos consumidores. Hoje, a internet ocupa lugar de desta-
que numa estratégia de mix de marketing, a ênfase está
Do lado das empresas a internet também oferece
na relação com o cliente focando-se a troca, e não mais a
vantagens competitivas, tais como: manter um negócio
simples divulgação.
com pouco capital, pois os custos com lojas, publicida-
de e fornecedores são menores; atuar globalmente; tes-
7. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO E-
tar e mudar rapidamente as estratégias e promoções de
COMMERCE
vendas.
As lojas físicas começam a ser usadas, por alguns
Segundo Laudon e Laudon (1999, p.187): [...] “Co-
clientes que priorizam os preços mais baixos, como sim-
mércio Eletrônico é o uso da tecnologia da informação
ples vitrines, para manusear, experimentar e escolher seus
como computadores e telecomunicações para
produtos, mas finalizam as compras pela internet para ga-

29
rantir a vantagem do preço.
Da mesma forma, também acontece o contrário, mui- O grande caminho da internet é ser um instrumento de
tos consumidores poupam tempo, fazendo suas pesqui- realização de negócios comerciais. Pesquisas apontam para
sas pela internet e vão às lojas escolhidas já com a deci- um fenomenal crescimento desta área, tanto no “business-
são tomada, somente para concretizar a compra de forma to-consumer” (negócios realizados entre a empresa e o
segura e imediata. consumidor), mas especialmente no “business-to-business”
Sendo assim, vê-se que tanto as lojas virtuais como (negócios realizados de empresa para empresa).
físicas têm seu espaço garantido e se complementam. A A interatividade entre anunciantes e usuários
ameaça fica para as empresas que não se modernizarem e disponibiliza uma dinâmica nos negócios sem precedentes,
não disponibilizarem a seus clientes, também, uma opção que até hoje não tinha sido possibilitado por outra mídia.
digital, visto que a preferência por compras pela internet Isto faz da internet um veículo direto de vendas.
vem crescendo a cada dia. Afirma Kelly (1999, p. 11):

8. A INTERNET E O RELACIONAMENTO COM Como aprendemos com os mais recentes estudos ecoló-
CLIENTE gicos, não existe um suave “balanço” na natureza; ao
contrário, durante a evolução há um perpétuo rompimen-
to de velhas ordens, à medida que novas espécies su-
Empresas que se preocupam em atender bem seus plantam velhas espécies vivas, alteram sua forma, e orga-
clientes, certamente, terão sucesso no ambiente virtual. nismos e ambientes transformam-se uns aos outros. Esta
Muitas organizações invadem a privacidade do cli- é a perspectiva da economia em rede: companhias sur-
ente sem sua permissão o que bate de frente com a idéia gem e desaparecem com rapidez, carreiras são colchas de
de um bom relacionamento. Ninguém gosta de ser inco- retalhos e vocações e setores de atividade são grupos
indefinidos de empresas flutuantes.
modado principalmente no que tange a propaganda de
produtos e serviços. Uma proposta seria o cliente autori-
Todas as companhias, inclusive aquelas que tentam ig-
zar o envio de mensagens sobre novidades que lhe inte-
norar as novas tecnologias, serão impactadas pela mudança
resse e surpreendê-lo em momentos especiais, como da-
nos mercados e nas expectativas dos clientes.
tas comemorativas e até mesmo no próprio aniversário.
O comércio eletrônico é a forma de permitir e suportar
A cultura da internet traduziu normas de conduta
tais mudanças em uma escala global, ele permite que as com-
bem estabelecidas em padrões de etiqueta, sendo uma
panhias sejam mais eficientes e flexíveis em suas operações
delas, a forte repulsa por comportamentos considerados
internas, para trabalhar mais próximos de seus fornecedo-
inapropriados ou invasivos. O envio de anúncios não soli-
res, e ser mais ágeis às necessidades e expectativas de seus
citados aos usuários é uma ação de alto risco para a ima-
clientes. Permite selecionar os melhores fornecedores sem
gem do remetente. A internet é um ambiente social sensí-
se preocupar com suas localizações geográficas e vender
vel e intolerante a comportamentos que violam esses pa-
em um mercado global. Da mesma forma, os indivíduos de
drões, o que impõe às atividades comerciais a necessida-
uma sociedade serão apresentados a novas formas de com-
de de conhecerem profundamente a cultura da rede.
prar bens, acessar informações e serviços, e interagir com
Godin (2000) propõe: “Pedir licença para entrar
órgãos governamentais. As escolhas serão enormes, e res-
na casa dos consumidores, especialmente pela internet,
trições de geografia e tempo serão quase que eliminadas.
é o segredo para transformá-los em amigos que po-
dem tornar-se clientes fiéis”.
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Silva (2006) afirma que vários fatores contribuem
para um bom atendimento ao cliente. O layout da home
Todas as premissas analisadas anteriormente mostram
page; informações seguras sobre o produto contendo suas
que o novo milênio está se preparando para práticas de
especificações, imagens por vários ângulos e informações
prestação de serviços voltados a satisfação das necessida-
tangíveis como os meios de contato (endereço da empre-
des dos clientes, por meio de uma percepção baseada no
sa, telefone de contato e até mesmo um atendimento on-
relacionamento com o cliente e na observação cada vez
line). Outra forma de conquistar clientes é se comprome-
mais crítica do mercado, encontrando na internet outra for-
ter com o pós-venda, oferecendo garantia do produto e
te ferramenta de vantagem competitiva para a empresa.
se for necessário a sua devida troca.
O presente estudo possibilita também entender a
importância do comércio eletrônico em relação ao mer-
9. INTERNET E AS NOVAS TENDÊNCIAS DE
cado e os benefícios que ele traz. Hoje, as empresas que
MERCADO

30
querem se destacar em algum ramo de negócio, não de- marketing. São Paulo: LTC, 1999.
vem descartar de seu planejamento estratégico a utiliza-KOTLER, Philip e KELLER, Kevin. Administração de
ção do comércio eletrônico, o que acarretará na maior marketing. 12. ed. São Paulo: Prentice- Hall, 2006.
competitividade e no alcance de novos mercados, e con- LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de infor-
seqüentemente maior lucro. mação. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
Este trabalho procurou apresentar conceitos e in- LEVINSON, Jay Conrad. Marketing de Guerrilha. São
formações do que é marketing, internet, e quais são as Paulo: Best Seller, 1982.
novas tendências de mercado, e que com a combinação LEVITT, Theodore. Miopia em marketing. (Coleção
de ambos está surgindo, talvez o mais poderoso instru- Harvard de Administração-1). São Paulo: Nova Cultu-
mento de comercialização de produtos e serviços, que ral, 1960. p. 23-56.
fatalmente produzirá mudanças no cotidiano de empre- McKENNA, Regis. As cinco regras do novo marketing.
sas e consumidores. Revista HSM Management, n. 22, set/out 2000, p. 14-
Modernas técnicas de gerenciamento de clientes e 22.
fornecedores vêm maximizando a relação com os mes- McKENNA, Regis. Marketing de relacionamento. Rio
mos, e criando uma atmosfera de atendimento persona- de Janeiro: Campus, 1992.
lizado. MIYASHITA, Marcelo. Curso de marketing de relacio-
Toda e qualquer organização depende do relacio- namento. 2006. Disponível em:
namento com funcionários, consumidores, beneficiários, <http://www.facasper.com.br/eventos/site/
fornecedores, formadores de opinião, comunidades, entre cursos_nota.php?id_secao=7>. Acesso em: 11 set.
outros, para poder existir e sobreviver. Ao focar suas 2006.
ações de comunicação no relacionamento com os públi- PEPPERS, D.; ROGERS, M. Marketing um a um:
cos de interesse, e não apenas no consumidor, será pos- marketing individualizado na era do cliente. Rio de Ja-
sível ativar e construir uma verdadeira relação de “valor”
neiro: Campus, 1994.
com todos eles, capaz de transformá-los, naturalmente, PETERS, T. J. & WATERMAN, R. H. In serch of
em verdadeiros defensores da marca, e, conseqüente- excelence. New York: Warner Books, 1982.
mente, de seus produtos e serviços. RAPP, Stan Rapp & COLLINS, Thomas L.
Maximarketing. São Paulo: Makron Books, 1994.
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em: sua mente. São Paulo: Makron Books, 1980.
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Acesso em: 11 set. 2006. passos. 2006. Disponível em:
BARTELS, Robert. History of Marketing. Ohio: < h t t p : / / w w w . c a m a r a - e . n e t /
Columbus Grid, 1976. interna.asp?tipo=1&valor=3892>. Acesso em: 07 jan.
COOKE, Simon. Database marketing: strategy or tactical 2007.
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KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: como KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de
criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futu- marketing. São Paulo: Prentice-Hall, 2003.
ra, 1999.
KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Introdução de

31
NO PASSADO: BANESPA - NO PRESENTE: SANTANDER

Por Reinaldo Antonio de Oliveira, aluno da 1ª turma do curso


de Pós-Graduação Lato Sensu, Faculdades Fleming

Resumo

Este artigo busca identificar os pressupostos para a privatização do Banespa, bem como a ambiência em que
ela se concretizou, ao mesmo tempo analisa suas conseqüências, tanto do ponto de vista ideológico, quanto da
tecnologia aplicada e por fim, da gestão de pessoas, esta última com sérias repercussões sócio-econômica para os
funcionários remanescentes. O artigo se inicia com uma apreciação do processo de desestatização dos países
periféricos como orientação dos organismos internacionais de fomento para uma nova ordem social com base nas
políticas neoliberais de economia de mercado. Em seguida, analisa-se brevemente, o impacto das novas tecnologias
avançadas utilizadas pelo sistema bancário para manter a competitividade, pontuando o desempenho do Banespa,
antes e após a sua privatização. Ainda é objeto de apreciação nesse artigo, a gestão do RH, como órgão respon-
sável pela promoção da adaptação dos funcionários às políticas definidas para o setor pelo novo controlador. A
pesquisa desenvolvida junto aos funcionários dá conta de revelar suas expectativas dentro da nova realidade.

Palavras-chave: Banespa, Privatização, tecnologia, gestão de pessoas.

INTRODUÇÃO busca reduzir o estado na economia com o jargão da


“incompetência das estatais”, o que se observa no anuá-
Em 1944, após acordo de Bretton-Woods (EUA), rio das Nações Unidas de 1991, é justamente o contrá-
em reunião fica definida a criação do Fundo Monetário rio, quando relata - por exemplo -, que na Dinamarca o
Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), institui- percentual de participação do Estado no PIB é de
ções que deveriam atuar em nível mundial provendo 51,96%; já na Suécia é de 49,78%, na França 42,10%,
fundos para incrementar o desenvolvimento dos países na Alemanha é 39,38% e nos Estados Unidos 28,14%.
do terceiro mundo (ALMEIDA, 2003). Já em 1989, No Brasil em 1990 antes, portanto, da privatização das
portanto, 45 anos após serem fundadas, seus desafios indústrias siderúrgicas e petroquímicas, a participação
ainda se voltam para as demandas do terceiro mundo, do estado no PIB (produto interno bruto) - nacional era
com vistas a promover o desenvolvimento dos países de 21,44%; da Costa Rica 19,18%; da Índia 16,76%;
periféricos, sob a inspiração neoliberal de economia de Etiópia 16,21%; Uganda 15%, e Peru 10,76%, donde
mercado globalizado. se conclui que quanto mais atrasado o país, menor a
A política neoliberal praticada no Brasil, a qual participação do Estado no PIB. Assim, essa orientação
embasou a privatização da maior estatal financeira bra- torna-se falaciosa quando analisados os números dos
sileira, reflete apenas um dos capítulos do movimento percentuais de participação do Estado nas economias
que começou a tomar força a partir de 1990 em todo o dos países centrais. A presença forte desses Estados em
mundo ocidental, sob a denominação de Estado Míni- suas economias, antes de enfraquecê-las, como argu-
mo. Em reuniões de economistas do FMI, do Bird e do mentam os ideólogos do neoliberalismo, as robustecem,
Tesouro Norte-americano, foram definidas recomenda- legitimando a presença determinante do Estado nos des-
ções dos países desenvolvidos (Centrais) para os países tinos das nações.
periféricos (em desenvolvimento) para que adotassem
políticas de abertura de seus mercados e de “Estado 1. A DESESTATIZAÇÃO DOS PAISES PERIFÉ-
Mínimo”, ou seja, um Estado com um mínimo de atribui- RICOS COMO NOVA ORDEM MUNDIAL,
ções, devendo privatizar suas atividades produtivas, para CONFORME O IDEÁRIO NEOLIBERAL DE
reduzir despesas, enfrentando a crise fiscal para solucio- ECONOMIA DE MERCADO
nar os problemas com a inflação alta, déficits em conta
corrente no balanço de pagamentos, crescimento eco- A verdade é que a partir dos anos 70, em decor-
nômico insuficiente e distorções na distribuição da renda rência às transformações tecnológicas no setor produti-
funcional e regional (Sandroni, 2002, p. 123). vo e no setor financeiro, os países capitalistas desenvol-
Contradizendo a política neoliberal, em que se vidos, sentiram sua fragilidade tendo em vista a depen-

32
dência de principais matérias-primas advindas do ter- Enquanto os argumentos neoliberalizantes ganha-
ceiro mundo, como o petróleo e metais nobres. Assim vam todos os espaços na mídia, os defensores das esta-
sendo, precisavam criar mecanismos que facilitassem a tais desapareciam dos noticiários – como se não existis-
comercialização em nível global. sem – enfrentando lobistas pagos em dólares que defen-
O FMI e o BIRD passaram a exigir que países diam o neoliberalismo nos corredores do Congresso
endividados obrigatoriamente adotassem o novo mode- Nacional e junto aos meios oligopolizados da mídia ele-
lo econômico que impunha a desregulamentação e a trônica e televisiva.
privatização das estatais. Estes órgãos, em 1989, senta- O governo do Presidente Fernando Henrique, au-
ram-se à mesa para avaliar e estimular o neoliberalismo mentou ainda mais o controle, quando assinou o decreto
na América, reunião que ficou conhecida como “Con- 1.403 criando uma espécie de serviço de informação e
senso de Washington” cujas diretrizes – principalmente fiscalização, com a tarefa de detectar, para demissão
a que determina a privatização das estatais – regem hoje imediata, qualquer funcionário estatal que participasse,
as economias latino-americanas, via organismos interna- colaborasse ou promovesse atos contrários à política de
cionais além do governo americano (ALMEIDA, 2003). desmantelamento das estatais determinada pelos credo-
O México foi o primeiro a aplicar em sua economia res internacionais do Brasil (BRENER, 2002).
o modelo definido pelo Consenso de Washington - como Sobre essa questão, o prof. de Economia Ricardo
resultado, - em 1989 foram criados 275 mil empregos e, Carneiro, em seu livro “Globalização financeira e inser-
em 1994 extintos mais de 74 mil. A receita neoliberal ção periférica – A globalização como ordem internacio-
resultou na desindustrialização, redução de emprego, nal”, assim comenta sua proposta de investigação:
desnacionalização da economia e fez a dívida externa
mexicana alcançar 68% do seu PIB (ALMEIDA, 2003). [...] examinar as características do processo de
Em 1989, foi a vez da Argentina adentrar ao proje- globalização que nos parecem essenciais como
definidoras de uma ordem econômica internacional. O
to neoliberal, capitaneado pelo Presidente Menen e seu objetivo é aprender os principais traços do pro-
Ministro Domingos Cavallo. Com as fronteiras abertas e cesso com o intuito de estabelecer as formas e os limites
as estatais privatizadas, a participação do Estado entre da inserção dos países periféricos (CARNEIRO, 1999, p.
as mil empresas mais importantes do país, caiu de 29,4% 57).
em 1990, para 3,4% em 1993 (ALMEIDA, 2003).
Registram-se apenas esses dois exemplos, para A preocupação central do autor é identificar exa-
enfatizar os efeitos conhecidos de países que adotaram tamente de que forma os países periféricos comporão o
como direcionamento a política neoliberal traçada pelos mundo globalizado dos mercados e em que medida se
países ricos como redirecionamento do modelo finan- dará sua inserção. Ao que parece, os papéis a priori já
ceiro-econômico mundial conhecido como a era da estavam definidos, cabendo aos países periféricos ope-
Globalização. rar como coadjuvantes na economia de contexto global.
Já no Brasil em 1989, com a eleição do presidente Sempre como fornecedores de matérias-primas e im-
Collor adentra-se supostamente à “modernidade” eco- portadores de produto acabado, a julgar pela preocu-
nômica, quando ao assumir o governo, assinou uma sé- pação inicial dos países centrais, com a obtenção de
rie de decretos e regulamentos que viraram a economia matérias-primas oriundas dos países em desenvolvimento.
de cabeça para baixo e lançaram o Brasil na modernidade É do mesmo autor, os comentários que se seguem,
neoliberal (BRENER, 2002). agora com relação à desnacionalização do setor bancá-
As medidas do então presidente Collor visavam rio.
três pilares:
- Ajuste fiscal; Na segunda metade da década, assistiu-se a uma desna-
- Abertura de mercado; cionalização sem precedentes do setor bancário nacio-
- Privatização de estatais. nal. Os argumentos em favor desse processo enfatizavam
a ampliação da concorrência e a introdução de inova-
ções, bem como a superioridade dos bancos estrangei-
As medidas se alinhavam às orientações do “Con- ros sobre os nacionais do ponto-de-vista operacional.
senso de Washington”. O exemplo emblemático dessa Adicionalmente, buscava-se reduzir o papel do Estado
adesão foi o pronunciamento do então Ministro da Infra- no setor, ampliando a eficiência pela privatização de par-
estrutura, João Saldanha, em entrevista ao Jornal o Es- te expressiva dos bancos públicos estaduais (CARNEI-
tado de São Paulo (2000) quando afirmou que acabaria RO, 1999, p. 70).
com o monopólio da Petrobrás, e demitira qualquer diri-
gente da estatal que ousasse defendê-la. Portanto pode-se inferir que apesar da mídia di-

33
vulgar amplamente que a necessidade de privatizar o mentos necessários às finalizações dos atendimentos ocor-
Banespa consistia na utilização do banco para fins políti- ridos nos pontos de atendimento. Entretanto, muito em-
cos e os prejuízos que este acumulava, pela utilização bora a tecnologia da informação tenha permitido avan-
dos recursos pelo Estado de maneira inadequada, esta- ços no gerenciamento dos processos, o que se observa
va sim, refletindo um movimento internacional muito além nas agências bancárias ainda é certa insatisfação por parte
do que se divulgou. Visava, promover a desestatização dos clientes pelo tratamento que lhe é dispensado, ape-
do sistema financeiro como ordem para alavancar os in- sar do uso de toda tecnologia disponível. O tempo de
teresses econômicos dos países do primeiro mundo, em espera do cliente na agência bancária para atendimento
países em desenvolvimento, ampliando suas participa- é incompatível com a modernidade que o setor apregoa
ções no setor, em nível regional. na disponibilização das informações.

2. A TECNOLOGIA AVANÇADA COMO PRIO- 2.1. PERCURSO HISTÓRICO


RIDADE DOS BANCOS PARA ACOMPANHAR 2.1.1. Sistema Bancário dos anos 80
A COMPETITIVIDADE DO SETOR
Há pouco mais de 20 anos o movimento de
As inovações tecnológicas no sistema financeiro ex- uma agência era “tocado” manualmente pelos seus funci-
plicam em parte, a capacidade de adaptação deste seg- onários por meio de documentos nominalmente chama-
mento no Brasil diante das crises. dos de SLIP – pode-se entender como troca diária. Es-
A reforma bancária implementada pelo BACEN tes SLIPS traziam a movimentação ocorrida nas agênci-
(Banco central do Brasil), em 1988 (resolução n° 1524, as no dia anterior, e, toda a compensação ocorrida nos
de 21/09/1988), adaptou o marco legal à realidade outros bancos era lançada nos SLIPS no período da
institucional do mercado brasileiro, referendando um pro- manhã. No decorrer do dia, lançava-se o movimento de
cesso econômico já existente. A conformação institucional cheques ocorrido nas agências. Um trabalho manual, to-
multibancária surge inicialmente nos anos 60, como res- talmente voltado ao desempenho humano –
posta aos incentivos do governo federal, e se consolida individualizante pela mão-de-obra produtiva, embora
nos anos seguintes, por meio do movimento de concen- cada etapa se relacionasse com a outra, de forma que
tração e de conglomerados de bancos. cada processo demandava tempo para sua realização e
Com a reforma, a nova legislação facultou a cons- efetivação.
tituição do banco múltiplo: instituição financeira que abri- Por todo este trabalho manual verificava-se, en-
garia de duas a quatro carteiras – (Comercial – de In- tão, a necessidade de dois turnos de trabalho; isso por-
vestimentos (para bancos privados) – de Desenvolvi- que, normalmente os funcionários cumpriam o horário
mento (para bancos oficiais) – Imobiliário – e a de Cré- das 07h00min às 13h00min ou das 13h00min às
dito, Investimento e Financiamento). Também, extinguiu- 19h00min. Isto era necessário, pois, das 07h00min às
se a carta patente criando regras de capital, idoneidade 10h00min eram preparadas às agências para abertura e
e competência. das 16h00min as 19h00min era processado o fechamento
ATecnologia da Informação promoveu no segmento contábil do dia. Vale ressaltar que, um funcionário detin-
bancário uma mudança de comportamento em relação ha 50% do seu tempo em processo.
aos clientes e de operacionalização dos processos inter-
nos. A informação automatizada ou computadorizada, 2.1.2. Sistema Bancário nos dias atuais
bem como a informação informal e a processual, bus-
cam melhorar a relação do sistema com seus clientes. Fazendo uma analogia do passado aos dias atuais
Como informação automatizada ou computadorizada po- - do trabalho e dos processos correlatos no ambiente
dem-se entender todos os avanços que hoje se apresen- bancário – tem-se que, um funcionário precisa apenas
tam aos clientes do sistema bancário, como, - Auto-Aten- de 10 minutos para iniciar suas atividades. Também o
dimento – Internet bankink – elevado índice de produ- fechamento contábil é feito de forma descentralizada e
tos com perfil adequado e de fácil compreensão aos di- com a necessidade de apenas um funcionário para
versos níveis de segmento. executá-lo. As novas tecnologias, sem dúvida contribuí-
A informação “informal” é aquela que ocorre no ram para a otimização do tempo/trabalho.
desenrolar do atendimento da agência, porém com As mudanças que estão ocorrendo no sistema ban-
direcionamentos comerciais presentes e segmentados. cário não são como muitos analisam simples tendências,
Já a informação processual é aquela que trata dos docu- mas sem dúvida o resultado da globalização do sistema

34
financeiro como um todo e da própria tecnologia da in- Poucos têm consciência de que a automação bancária
formação. caminhou, no Brasil, não como cópia ou a reboque de
sistemas similares de outros países, mas em paralelo e
A automação bancária, o redimensionamento e o muitas vezes à frente do que se fazia em nações mais
aumento da eficiência das estruturas operacionais cons- desenvolvidas, nas quais era farta a disponibilidade de
tituem os pilares das estratégias competitivas. mão de obra qualificada, hardware, software e meios de
O setor financeiro talvez seja o que enfrenta maior comunicação (grifo do autor).
concorrência. Isto porque, se um banco lança um pro-
duto novo, obriga seu concorrente a apresentar produto Os fatores indutores da trajetória tecnológica em
similar, ou correr o risco de perder clientes – evidente- automação bancária podem ser sumariados interpreta-
mente que esta é uma característica do mercado em ge- dos como os motivados pela evolução dos sistemas de
ral e da competitividade que o capitalismo obriga a exe- informação (Hobday, 1998; Nightingale & Poll, 2000):
cutar. os motivados pela concorrência no setor bancário e os
Também no atendimento seus profissionais preci- motivados pela regulação bancária (McKendrick, 1995).
sam estar constantemente atualizados, deixando a visão – um enquadramento histórico que pode ser vislumbra-
passada de atendentes para consultores financeiros, exi- do nos demais setores de vendas e negócios empreen-
gência que hoje se faz presente no sistema financeiro. dedores. O que ocorreu foi descentralizar o setor ban-
Há uma melhor performance do profissional, que cário do poder público e colocá-lo no mercado compe-
potencializa no cliente um “consumidor” de seus produ- titivo, que busca diariamente novos “parceiros” que agre-
tos. Nisso, o trabalho passa a ter embasamentos mais guem seus investimentos neste setor privado.
sólidos de um enquadramento de gestão e de qualidade Credé (1997) estudou a mudança tecnológica nas
nos processos e atendimentos, já que a competitividade atividades de avaliação de risco e procedimentos de caixa
é grande, o bom relacionamento no atendimento passa a em bancos comerciais. O mesmo autor (1997), oferece
ser o “filão” do negócio. Houve todo um processo de uma visão (ainda que impressionista) da importância das
redirecionamento no setor bancário e novos produtos transações eletrônicas, e particularmente da internet,
lançados. Todo esse processo veio no “pacote da como um meio de reduzir custos e permitir escala global
globalização – industrialização – capitalismo”. Segundo em transações. Escrito no início da expansão da internet,
Sanchez (2005), neste novo projeto há que se perceber o texto aborda as várias aplicações, tais como:
novas tecnologias: - pagamentos (cheques, transferências, cartões de crédi-
to);
- transferência de informações (EDI);
O projeto de automação1 também incluía cartões magné- - comércio eletrônico;
ticos para saques sem cheques, nos próprios caixas, como - sistemas de compensação eletrônica.
estratégia de disseminação do hábito de uso deles, com
vistas à rede de ATMs2 (terminais de auto atendimento)
prevista para etapa posterior, e para melhor atendimento Na mesma linha de Credé, seguem os trabalhos
da legião de clientes humildes que usavam cheques de Diniz (1998), Bughi (2001), Lüneborg & Nielsen
avulsos (SANCHEZ, 2005, p. 40). (2003) e Dossani & Kenney (2003), que mostram em
geral, a importância crescente da automação (e cada vez
Na história bancária do Brasil - dados no passa- menos em sua dimensão hardware) para as estratégias
do mostram que – com as altas inflações, o lucro dos competitivas e o desempenho dos bancos.
bancos vinha do sistema inflacionário, em que não exis- Existe o conceito do termo – quase moedas – são
tiam grandes preocupações com diversidade de produ- ativos financeiros não plenamente líquidos, que transfor-
tos e preparação adequada de seus profissionais. A so- ma valores em depósito a vista, um dos principais itens
brevivência hoje está em facilitar a acessibilidade dos que mede a capacidade de um banco. A transferência
clientes com adequados canais alternativos, profissio- eletrônica de fundos permite a conversão praticamente
nais qualificados, que dominem o sistema de informação automática dos quase moedas a depósitos a vista.
tanto da automação (peça fundamental do sistema ban- A automação bancária viabilizou a transferência
cário atual) como a informal (agilidade, rapidez, auto- eletrônica de fundos, ganhando destaque na medida em
formação) e a processual (qualidade, ética). que viabiliza a agilidade de transferência de informações,
Para Sanchez (2005, p. 47): fenômeno crucial para a tomada de decisões nas finan-
ças contemporâneas.
O sistema de informação dos bancos hoje tam-
1
Processo tecnológico que visa otimizar o processo do serviço atra- bém está muito voltado para as propagandas na mídia
vés de auxílio de maquinários eletrônicos, controlado automaticamente. como meio para chamar a atenção dos clientes. São uti-
2
ATM – Terminais de auto atendimento bancário
35
lizados todos os meios de comunicação como televisão, de juros reais que propiciam trabalhar diferentes frentes
rádio, encartes em revistas, jornais, outdors. No entan- no mercado financeiro.
to busca-se apresentar produtos adequados a cada per- Um estudo detalhado das tendências apontadas
fil de cliente, alinhados aos valores e crenças, de forma tornaria possível uma discussão sistemática no debate
transparente e ética, pois a maior vantagem competitiva acadêmico a respeito do banco do futuro. A
de um banco é exatamente a credibilidade. desregulamentação dos mercados de bens e serviços os
Um banco que perde credibilidade perde clientes. novos blocos econômicos representam oportunidades
Ao perder clientes, perde depósitos; depósitos estes que para expansão do setor bancário. A globalização torna
estão operacionalizados em outras linhas, portanto não mais complexo o processo de tomada de decisões, na
disponíveis no momento. Ao perder depósitos e ter que medida em que aumenta o número de variáveis envolvi-
fechar a conta diária busca-se o redesconto em opera- das no processo, mas o que já se sabe é que haverá
ção no Bacen3 . Acaba virando um efeito dominó, em menos bancos nos próximos anos e o processo de in-
que ao perder clientes e depósitos constantes, um banco corporação deverá ser ainda mais presente.
acaba por falir. Portanto credibilidade é o maior A atuação de bancos estrangeiros foi muito forte
patrimônio de um banco. Condição fundamental para nos últimos anos, mas já se vêem movimentos de
adquirir e manter clientes. interligações com bancos nacionais privados na medida
A busca contínua por resultado e a acirrada com- que uma parceria societária traria mais rentabilidade e
petição no mercado brasileiro aliado à necessidade de menos custos agregados. Este é um caminho em decor-
se expor de maneira global tem levado os grandes ban- rência da estabilidade da moeda tornando os ganhos fi-
cos a fazerem incorporações de maneira a garantir e au- nanceiros de tesouraria menores e os ganhos com ativi-
mentar fatias de mercado. dades de balcão limitadas a um menor número de con-
Alguns casos conhecidos como a compra do ban- correntes obviamente, após determinado tempo de atu-
co estatal de São Paulo (Banespa) pelo grupo Santander, ação estabilizando ganhos.
o banco holandês na aquisição do banco Real, e , recen-
temente o Itaú adquirindo a franquia do banco de Boston 3. PESSOAS E RH - GESTÃO E ADAPTAÇÃO
no Brasil, são algumas das várias movimentações que FRENTE AO NOVO CONTROLADOR
ocorreram no setor bancário, demonstrando a tendência
de redução do número de bandeiras que atuarão no A Gestão de RH pelos novos controladores
mercado neste segmento. do Banespa se constituiu num desafio à parte, tendo em
Comparando os números do Brasil com o vizinho vista que a aquisição do Banespa se deu após um longo
Chile pode-se ter uma idéia de quanto ainda o setor ban- processo de intervenção – 1994 a 2000, - quando em
cário tem para explorar: 20/11/2000, em um leilão com transmissão nacional e
ao vivo, um procurador em nome do Banco espanhol
QUADRO 1 Santander, entregou um cheque de $ 7.050 bilhões, con-
Dados Estatísticos:4 BRASIL CHILE solidando a maior aquisição do sistema financeiro no país.
Com novo controlador, novos desafios, novos
População economica- direcionamentos, os princípios básicos para um banco
mente ativa 93 milhões 06 milhões
que em matéria de tecnologia ficara para trás do merca-
do bancário, em razão dos anos de intervenção que so-
População com conta
bancária 30% 30% freu pelo banco Central do Brasil – de 1994 a 2000 –
seus funcionários se mantiveram ao longo desse perío-
Rentabilidade dos do, na expectativa dos acontecimentos, amargando for-
bancos 21% 19% te angústia diante das incertezas do futuro. Esse quadro
foi agravado pela falta da cultura existente em banco es-
Inflação 05% 04% tatal, de incentivo a auto-formação, levando à
desqualificação para o mercado do seu contingente hu-
Juros reais ao ano 11% 01% mano. Por ultimo, suas edificações e mobiliários encon-
travam-se em muito desgastados pelo tempo, pois o in-
Os números acima mostram rentabilidade e infla-
ção equivalentes, no entanto ainda demonstra um enor-
me potencial de população a explorar e a elevada taxa 3
BACEN – Banco Central do Brasil
4
2005 – fonte Banco central do Brasil, Banco do Chi-
le, FMI, IBGE.
36
vestimento no período de intervenção foi extremamente Decisões são compromissos com ações, e estas sempre
escasso. Foram estes fatores os responsáveis pela de- se dão no presente e somente nele. Porém as ações no
preciação do Banespa em relação aos bancos concor- presente também são a única maneira de se fazer o futu-
ro. Os executivos são pagos para executar – isto é, agir
rentes. de forma eficaz. Eles somente podem fazê-lo tendo em
As dificuldades de adaptação à nova realidade vista o presente e explorando as mudanças que já ocor-
foram muitas, porém, os exemplos de transições empre- reram.
sariais que ocorreram no mundo, serviram como funda-
mento para que as mudanças fossem absorvidas de for- As agências foram divididas entre gerências gerais
ma menos traumáticas. que atuavam no direcionamento comercial, necessário
O autor Coriat (1994) em seu livro Pensar pelo para que continuasse a produzir os resultados e a
avesso, defende a tese que com, e através de “OHNO” lucratividade da empresa, e as gerências operacionais
emerge claramente um novo discurso sobre o método, que atuavam de forma a garantir que os novos conceitos
abrindo a era das organizações pós-tayloristas.” e direcionamentos fossem incorporados pelo corpo de
O autor aborda o sistema Toyota ou Ohnismo, da funcionários.
escola japonesa em busca de inovações na produtivida- Esse foi um período de muito atrito, pois as agên-
de, estabelecendo paralelos entre o Fordismo e o cias caminhavam com duplo comando. No entanto, ana-
Taylorismo enquanto modelos de gestão. Dentre os pres- lisando todo o processo de privatização, chega-se à con-
supostos neotaylorista (Toyotismo), estão o enxugamento clusão de que esta medida foi sem dúvida uma decisão
de funcionários, o sistema de multifuncionalidade, a estratégica para garantir a efetividade da mudança e a
terceirização, além da disponibilização de layout favore- continuidade dos resultados.
cendo à racionalização dos meios de produção, dentre Não menos importante foi a implementação ime-
outros, foram levados em consideração quando do pro- diata de programas de treinamento para melhor capaci-
cesso de adaptação do antigo Banespa, às exigências tar o corpo profissional da instituição, uma vez que esta-
do atual Santander. va defasada com relação às outras instituições do mes-
Com a privatização, as atualizações tecnológicas mo segmento, em virtude do processo conturbado vivi-
e físicas (imóveis e mobiliários) demandantes de ordem do no período que antecedeu à sua privatização, sem
financeira e de logística, foram submetidas a um plano que houvesse nenhuma providência nesse sentido. Fo-
de atualização e reforma das agências, para adequá-las ram gastas muitas horas de dedicação à qualificação dos
às novas concepções operacionais. Após, definido e con- funcionários inclusive para atender a novos quadros
cretizado o redesenho da estrutura física das agências, gerenciais, preenchidos via promoção dos funcionários
restou cumprir o desafio da implementação da nova cul- remanescentes. Somente nos dois primeiros anos foram
tura organizacional, com características de empresa pri- treinadas 85 turmas de 25 pessoas totalizando 2.050
vada, em substituição dos resquícios da cultura de em- funcionários treinados e atualizados perfazendo 164.000
presa pública, impregnada na memória dos funcionários horas de treinamento, alem de 2000 promoções, foi um
remanescentes do regime anterior. Formar equipes de dos maiores treinamentos e promoções empresarial que
profissionais de mercado era uma exigência para a ges- se tem noticia.
tão atual, a qual não ignorava os vínculos remanescentes As políticas de RH do novo controlador preconi-
da instituição Banespa com seus funcionários, ainda muito zavam adoção de comportamentos similares em todas
fortes. as agências para atuar com a mesma característica, de
Duas certezas o novo controlador, como de forma uniforme tanto nos aspectos de atendimento como
resto todo o mercado reconhecia: 1º, a marca Banespa nas atividades comerciais. Para tanto dois programas
se constituía num marco muito forte; 2º, o relacionamen- foram fundamentais para se atingir tais objetivos: Pro-
to dos funcionários do banco com clientes e a fidelização grama A+ e Organização Comercial.
dos funcionários públicos do Estado de S. Paulo para O primeiro buscava definir padrão e disciplina no
com a instituição Banespa. atendimento e processos nas agências, e o segundo de-
Portanto, o novo controlador precisaria executar finia padrão e disciplina na atividade comercial.
algumas ações de impacto que fossem de encontro com As agências passaram a contar com: o gerente
a realidade do banco e as gestões necessárias para as geral sendo responsável por toda a agência, porém atu-
mudanças conceituais que teriam de ser incorporadas. ando de maneira direcionada à atividade comercial; com
Assim, atentando para as orientações de Drucker o gerente operacional respondendo pela garantia de que
(1995, p. 70), deveria observar: os processos na agência seguiriam o novo padrão, e os

37
gestores A+ que acompanhavam o desempenho dos fun- requalificação profissional, imprimir uma nova política de
cionários nas agências dentro do novo padrão de aten- atuação comercial, com a oferta de novos produtos, com
dimento. agências reformadas, tecnologia de ponta a disposição e
A nova gestão seguia os pressupostos teóricos do principalmente a base de clientes - funcionários públicos
Toyotismo, utilizando ao seu modo, o sistema kanban, que se mantiveram fieis -, viu-se em pouco tempo o fan-
entendendo-o como um conjunto de ferramentas e pa- tástico retorno do investimento inicial de $ 7.050 bilhões.
drões para garantir os resultados e a administração pelo Esse resultado espelha a contribuição e a confiança dos
olhar em que tudo é visto e acompanhado de forma a funcionários remanescentes do antigo banco estatal, no
garantir os resultados e qualidade. novo controlador, emprestando a credibilidade para este
A esse respeito, Coriat (1994, p. 80) assim co- investir e expandir seus negócios no país, fazendo do Brasil
menta: um importante elo da instituição espanhola no mundo.
Os resultados apresentados nos cinco anos após
No conjunto por adoção de métodos de gestão pelos privatização, entre 2001 a 2005 dão mostra de que real-
estoques e da administração pelos olhos” , termina por mente o investimento feito para aquisição do Banespa,
se constituir um novo tipo de fabrica: A fabrica “ma-
gra”, transparente e flexível, onde a “magreza” é
teve seu retorno muito mais rápido do que se imaginava
garantida e mantida pela transparência; Onde a econo- conforme os dados abaixo relacionados:
mia e os ganhos de produtividade são constantemen- 2001/2002 – os 2 primeiros anos após a privatização
te buscados internamente muito mais que em extensão não encontramos especificados claramente o resultado
como no modelo da fábrica fordista. do banco, pois tinham contabilmente alguns benefícios
atribuídos ao controlador principalmente nos aspectos
Assim sendo, procurou o novo controlador manter
de renovação física do qual poderia ser abatido custo
a base de funcionários, pois ai também se constituía um
nestes processos.
valor a ser preservado, obviamente teria que requalificar
2002 – não encontrado dados preciso
estes funcionários e reordenar uma nova política de atu-
2003 – 1.747 milhões
ação e visão corporativa.
2004 – 1.750 milhões
Para os gerentes gerais novos conceitos foram in-
2005 – 1.744 milhões
corporados ao seu dia-a-dia, temas importantes, que no
Do ponto de vista econômico, o processo de
modelo estatal eram desprezados.
privatização do Banespa, hoje Santander foi um suces-
Orçamento das agências, conjunto de metas e ob-
so, como espelham os números supra. Resta, portanto,
jetivos, comitês diários nas agências, padrão no atendi-
tecer as últimas considerações sobre como os atuais funci-
mento e padrão na abordagem, passaram a fazer parte
onários do Santander, remanescentes do Banespa, ana-
da agenda dos gestores sob nova direção. O conceito
lisam a mudança do ponto de vista profissional e da sa-
de que a partir de então a instituição “tem um dono”
tisfação pessoal.
ficou bem presente, bem como que as decisões e dire-
ções caminham e chegam à base de maneira muito mais
4. DADOS DA PESQUISA: SOBRE A ENTREVIS-
ágil e objetiva. Muito ao inverso do modelo estatal, em
TA REALIZADA
que todas as decisões passavam por conselhos e demo-
ravam a chegar aos executores, e, se ainda a decisão
4.1 Como os funcionários Banespa vestiram a ca-
fosse contra o interesse dos funcionários, inúmeros ór-
misa do Santander
gãos existiam para contestar e barrar decisões mesmo
que de aspecto comercial. Isto, sem contar com a atua-
A pesquisa, em seu caráter empírico, reflete os da-
ção do sindicato de classe além de diversas associações
dos coletados em entrevista feita a alguns funcionários –
como – Associação dos funcionários ativos – Associa-
público total 50 -, remanescentes e novos colaborado-
ção dos funcionários aposentados – Associação dos
res da empresa Banespa-Santander. Teve por objetivo
gerentes – Caixa beneficente, cujas mobilizações quase
avaliar o ambiente de trabalho pós privatização. Portan-
sempre se concentravam em demandas a favor dos em-
to, conta-se com a avaliação de funcionários remanes-
pregados e contra os direcionamentos da empresa. Por-
centes da antiga empresa (Banespa), bem como dos con-
tanto, decisões estratégicas importantes e fundamentais
tratados após a privatização, com o intuito de avaliar os
neste segmento eram barradas, impedindo operar o mer-
processos de mudanças ocasionados nos antigos, bem
cado com a agressividade comercial e competitividade
como a visão dos novos integrantes.
necessárias para atuar com resultados otimizados.
Foram feitas 06 perguntas, numeradas abaixo, com
Após passar os funcionários por processo de

38
notas de 01 a 10 sendo 01 piorou e 10 melhorou. lidade atual do mercado como um todo.
No final de cada pergunta o pesquisador avaliou as
respostas coletadas com seus comentários particulares. AMBIENTE DE TRABALHO
Pergunta: Camaradagem, amizade,
AMBIENTE FÍSICO companheirismo?
Pergunta: Com relação ao ambiente físico das agên- a) Remanescentes 4,3
cias após privatização? b) Novos 9
Respostas: Este é o item que mais evidencia o processo pós
Remanescentes 8,1 privatização e a competitividade interna com relação aos
Novos 6,6 antigos funcionários do Banespa, que se viram na emi-
Os funcionários antigos têm uma visão melhor da nência de buscar seu espaço se adaptando ao novo
melhoria do ambiente físico o que caracteriza e compro- controlador. Fica claro que na visão destes piorou, no
va a deteorização das agencias do Banespa no processo entanto, as demais perguntas direcionam por melhoria.
de intervenção, já os novos a vêem com pequena supe- Já os novos estão no extremo superior sinalizando que
rioridade em relação ao mercado. encontraram na empresa um ambiente muito confortável
sendo inclusive estes novos concorrentes interno dos
TECNOLOGIA antigos, olhando-os como ponte para as ascensões no
Pergunta: Equipamentos e sistemas de automação? trabalho.
Respostas:
a) Remanescentes 7,8 PRESSÃO EMPRESARIAL
b) Novos 6,3 Pergunta: Direcionamento comercial da instituição?
Igualmente a pergunta anterior, com relação ao am- Respostas:
biente físico, agora aplicado as questões tecnológicas, a) Remanescentes 5,7
notou-se basicamente a mesma visão dos funcionários, b) Novos 6,8
com uma pequena queda nos dois segmentos, o que neste Também aqui se pode dizer que houve uma sur-
caso demonstra o quanto o mercado é equivalente com presa pois ambos segmentos estão acima da média sen-
relação ao sistema de informação. do que os funcionários antigos apontam uma pequena
melhora na pressão comercial onde se imaginava que no
PRODUTOS passado os funcionários da empresa pública era menos
Pergunta: Portifólio de produtos em relação a con- exigido, no entanto os 07 anos de intervenção criou uma
corrência? cortina de pressão muito superior a própria pressão em-
Respostas: presarial comercial.
a) Remanescentes 8,3
b) Novos 8,3 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dois segmentos perguntados sinalizam uma nota
acima da média o que comprova que o Santander tem A pesquisa permite concluir que na visão dos fun-
um direcionamento de criação de novos produtos acima cionários atuais (novos e remanescentes) a privatização
dos demais bancos concorrentes. bancária trouxe alguns aspectos positivos. Nota-se, se-
gundo as pontuações avaliadas pelos funcionários nesta
METAS pesquisa, uma progressiva melhora na configuração da
Pergunta: Atividade comercial nos aspectos de co- empresa bancária, se comparada à corrosão da qual foi
brança sobre resultados? submetido o Banespa durante a intervenção.
Respostas: Desta forma, e aplicado aos diálogos teóricos te-
Remanescentes 6,8 cidos nesta pesquisa, conclui-se que as privatizações nos
Novos 6,1 países periféricos podem ser vistas como movimentos
Este item surpreendeu pois, ambos os segmentos que assume a forma de desestatizar, diminuir e minar o
tem uma visão muito parecida e a expectativa era de que poder do Estado. Nestes países periféricos aplica-se a
os remanescentes achassem que piorou pois a atividade correlação da privatização como uma das medidas que
empresarial privada é muito mais atuante na cobrança ajudam à abertura de mercado, e assim, ao avanço eco-
por resultados do que a pública e a pesquisa comprova nômico crescente com a entrada das empresas
que este funcionários assimilaram e se adaptaram a rea- multinacionais, inerentes ao processo de globalização e

39
necessário ao fortalecimento dos paises centrais. LÜNEBORG, J. L.; Nilsen, J. F. Customer focused
No Brasil, em especifico, percebe-se um caminhar technology and performance in small and large banks.
nesta direção, – pelo menos no que fez ver nesta pesqui- European Management Journal, v. 21, n. 2, p. 258-269,
sa, que não pretende, de forma alguma, se fazer única, abril de 2003
mas possibilitar propostas a novas investigações – ao MCKENDRICK, D. Improving bank process
menos no setor financeiro. Portanto, a ineficácia do ban- capabilities. Research Policy, v. 24, p. 783-802, 1995.
co público não foi o ponto principal, como amplamente NIGHTINGALE, P; POLL, R. Innovation in investment
divulgado, que levou o Estado à privatização do Banespa, banking: the dynamics of control systems within the
mas resultado de um processo tecido no bojo de mu- Chandlerian firm. Industrial and Corporate Change, v.9,
danças estruturais da sociedade e atrelado a interesses n.1., p. 113-141, 2000.
políticos e econômicos mundiais. PINHEIRO, Armando Costelar//FUSASAKU Kiichiro
A Privatização no Brasil Fev 2000.
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40
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NOS TEMPOS PÓS-MODERNOS

Por Sergio Roberto Zermo, aluno da 1ª turma do curso de


Pós-Graduação Lato Sensu, Faculdades Fleming,

Resumo

Este artigo pretende demonstrar as mudanças ocorridas ao longo do tempo na relação das empresas com seus
clientes. O perfil do consumidor mudou radicalmente, tornando-o mais exigentes na medida em que cresceu tam-
bém a oferta de produtos e serviços, agora numa perspectiva de mercado globalizado. A exigência de mudanças
operadas com rapidez e qualidade obrigou as empresas a repensar seus métodos de gestão e ferramentas moder-
nas disponíveis de forma a garantir a consecução dos seus objetivos organizacionais. A fidelização do cliente passa
a ser uma necessidade para a manutenção dos negócios dos prestadores de serviços. O conservadorismo na
gestão passa a ser substituído pela gestão estratégica que leva os gestores a atuar no presente com visão de futuro.

Palavras-chave: mudança, mercado, prestação de serviços, qualidade.

INTRODUÇÃO A empresa que possui visão estratégica tem cons-


ciência de que apenas bom produto ou um serviço de
O grande desafio das organizações na atualidade, qualidade, não será a solução para todos os seus pro-
não é conseguir vender seu produto ou seu serviço, mas blemas. Esta visão já se apresenta como uma vantagem
sim conseguir conquistar a fidelização dos clientes, para competitiva sobre as demais que não pensam dessa for-
que no futuro eles tornem a adquirir novamente os pro- ma. Atuar com visão estratégica permite a empresa se
dutos e serviços da mesma empresa. posicionar entre a concorrência, mantendo a liderança e
Comparando as empresas do passado com as atu- garantindo a sobrevivência na disputa de mercado.
ais pode-se inferir que muitas das modificações efetuadas
em seus métodos operacionais as tornaram mais eficien- 1. DIFERENÇAS ENTRE O PRESENTE E O PAS-
tes e ágeis, sendo que as empresas que não acompanha- SADO
ram essa exigência da evolução, imposta pelo mercado,
tornaram-se obsoletas e muitas deixaram de existir. Em comparação com o passado, muitas vezes os
Essas mudanças decorreram da evolução do perfil clientes se viam quase que obrigados a adquirirem um
do consumidor, que se tornou mais exigente ao escolher determinado produto ou serviço de um único fornece-
seus produtos e serviços, tendo em vista o crescimento dor local, regional ou algumas vezes internacional, por
de empresas do mesmo segmento, aumentando a oferta não haver outras opções de escolha no mercado. Por
de produtos e serviços similares. Atualmente o cliente é falta da concorrência ostensiva para ameaçar suas
visto como o principal influenciador destas mudanças e performances, muitas empresas durante muito tempo
é considerado como foco principal dos objetivos das não investiram em áreas de desenvolvimento de produ-
empresas. tos e tecnologia.
O destaque ficou para as empresas prestadoras de Este costume se estendeu por décadas, tornando-
serviços que sentem essas mudanças de forma mais acen- se um paradigma na política das grandes empresas. A
tuada, fazendo com que essas adequações ao novo mer- comodidade engessou muitas organizações, sufocando
cado se tornem constante, exigindo mais rapidez e me- os profissionais criativos por falta de melhores oportuni-
lhor qualidade em seus serviços, tornando as visões es- dades de mercado. Eram poucas as ocasiões em que
tratégicas cada vez mais competentes. surgia um projeto de desenvolvimento de produto ou
A exigência de mudanças rápidas e com qualidade serviço que fosse bem recepcionado e implementado
fez com que muitas empresas, se reavaliassem e adotas- com vigor dentro de um setor. Somente eram aceitos
sem novas ferramentas e métodos modernos de produ- aqueles que apresentavam retorno certo e em curto pra-
ção e de gestão para atingirem seus objetivos, buscando zo, pois a redução de custos era primordial nas organi-
satisfazer as necessidades dos consumidores e melho- zações, a fim de garantir lucros altíssimos.
rando os índices de fidelização dos mesmos para com a Um exemplo a ser citado pode ser o das empresas
empresa.
41
automotivas européias, sendo que estas optaram em não visão e acomodação, pois teve sua hegemonia quebrada
investir em tecnologia e desenvolvimento dos setores de com o surgimento de vários concorrentes em seu seg-
produção de seus automóveis, preferindo atuar em seu mento. (PRAHALAD; HAMEL, 2005.p. 33).
próprio mercado interno a enfrentar as grandes Muitas empresas ainda mantêm esse tipo de com-
montadoras norte-americanas e japonesas fora da Eu- portamento, subestimando a concorrência até o momen-
ropa. Deve-se este atraso no desenvolvimento das to em que ela de fato comece a ameaçar. Assim, não se
montadoras européias ao medo que os executivos con- preocupam em promover o desenvolvimento contínuo de
servadores sentiram em aprender novos métodos de tra- seus produtos/processos ou serviços. Esta falta de vi-
balho que os concorrentes apresentavam no mercado são, as fragilizam em relação àquelas empresas inovado-
internacional. Esta demora em aceitar as mudanças acar- ras, que embora sejam consideradas “não ameaçado-
retou em reduções dos quadros de funcionários e perda ras” devido ao seu pequeno porte, nada as impede de
nas vendas nas exportações. (PRAHALAD; HAMEL, em pouco tempo vir a dominar as grandes e tradicionais
2005.p. 32). organizações que existem no mercado. A mudança da
Cohen (1999, p. 197), enfatiza a cultura de resis- base tecnológica, hoje é a grande responsável pelas trans-
tência desenvolvida pelas pessoas dentro das organiza- formações no mercado. Acompanhar esse movimento de
ções, como a responsável pela dificuldade para realiza- perto se torna obrigatório para as empresas que dese-
ção de mudanças. O autor cita como exemplo, um acon- jam se manter competitiva em meio ao ambiente
tecimento ocorrido em uma empresa de produtos de globalizado de negócio.
metal. Seus gerentes estavam sobrecarregados de tare-
fas e vinham comprometendo os resultados esperados 2. MUDANÇAS NO MERCADO CONSUMI-
pela empresa. Analisando os baixos índices de produti- DOR
vidade e eficiência, o diretor reuniu seu quadro de ge-
rentes propondo a liberdade para reclamarem quando Com o surgimento e o crescimento das organiza-
sentissem que estavam duplicando seus esforços, sem ções de pequeno porte, muitas das empresas considera-
agregar maiores valores para a empresa. Com esse novo das onipotentes perderam grande parte do seu mercado,
procedimento, quem estivesse com problemas para exe- e algumas delas sucumbiram diante de seus novos con-
cutar suas tarefas deveria pedir ajuda. A princípio todos correntes.
aceitaram, porém não comprovaram na prática essa idéia Atualmente os produtos e serviços que as empre-
por acreditarem que estariam demonstrando ao seu su- sas oferecem ao mercado para satisfazer as necessida-
perior seus pontos fracos. Na verdade já estavam acos- des dos consumidores, se tornaram muito semelhantes e
tumados com a rotina existente dentro da empresa. de fácil acesso. Esta realidade se deve ao desenvolvi-
Essa atitude demonstra claramente que o ser hu- mento de vários setores de forma sistêmica e integrada,
mano possui resistências naturais às mudanças, mesmo facilitado pela tecnologia da informação.
quando elas poderiam beneficiá-lo. Esse tipo de concei- No Brasil a oferta de bens e serviços se intensifica a
to é muito comum, mesmo quando se trata de uma orga- partir dos anos 90, quando o governo do Presidente
nização, que se habitua a não desenvolver estratégicas Fernando Collor de Mello (1990-1992) abriu as portas
de desenvolvimento principalmente em períodos de alta do país para os produtos importados, derrubando as
nas vendas. barreiras alfandegárias. Com essa mudança novos pro-
As grandes corporações consideradas fortes refe- dutos e tecnologia puderam entrar no país criando o pe-
rências como líderes de mercado, sempre foram inveja- ríodo de livre concorrência de mercado.
das pelas empresas de pequeno porte. Estas, para com- (ENCICLOPEDIA DIGITAL MASTER ONLINE,
pensar suas fragilidades em função do porte, optaram 2007).
por desenvolver métodos estratégicos para superarem Essa mudança acarretou vários problemas, uma vez
suas dificuldades para conquistar uma fatia do mercado. que não foram criados mecanismos de proteção para em-
Outro caso emblemático de conservadorismo presas nacionais que, disputando com as estrangeiras,
organizacional foi fornecido pela empresa IBM, que sendo de forma desproporcional, não conseguiram vencer os
um grande fornecedor de computadores e sistemas, do- desafios da concorrência em nível global. Muitas faliram
minou durante alguns anos o mercado de informática. ou foram absorvidas pelas estrangeiras. Entretanto, o dado
Detendo a hegemonia a IBM não acreditou que pudesse positivo foi à necessidade do desenvolvimento em
surgir algum concorrente ameaçador em seu mercado, tecnologia, demandando investimentos nas indústrias in-
cada vez mais promissor. Pagou caro por sua falta de ternas, que se viram obrigadas a crescerem e a mudarem

42
seus conceitos para se manterem atuantes no mercado. tas estrategicamente lojas à beira da estrada, onde os
proprietários colocavam seus produtos à frente das lo-
3. SURGEM NOVAS EMPRESAS jas de maneira a atrair os turistas conseguindo assim au-
mentar seu faturamento. Atualmente uma grande fonte
As modificações que influenciaram significativamente de renda da região é proporcionada pelo consumo dos
o mercado e o aumento do número de consumidores produtos das lojas pelas pessoas em trânsito pela re-
fortaleceram as empresas de pequeno e médio porte, as gião. (GUIMARÃES, 2006. p. 64).
quais abocanharam uma grande fatia do mercado, abran- Este exemplo demonstra que a visão estratégica per-
gendo cerca de 98% das 4,1 milhões de empresas for- mite resolver problemas de vários setores. Ao se utilizar
mais na indústria, comércio e serviços, o que corresponde de um diferencial para atrair os clientes, as empresas
a 20% do PIB - Produto Interno Bruto. Esses números certamente se colocam à frente das demais que não pos-
representam cerca de 45% da força de trabalho no Bra- suem este tipo de atuação. Portanto, as que estão sem-
sil que possui carteira assinada, significando 70 milhões pre preocupadas em proceder à leitura atualizada do
de brasileiros que constituem a População Economica- mercado para dela se utilizar no desenvolvimento de
mente Ativa (PEA). (SEBRAE, 2007). ações estratégicas, adequando-se às constantes mudan-
Com esses dados é possível afirmar que as Micro ças em seus ambientes de negócios, conseguem se per-
e Pequenas Empresas (MEPs) possuem uma significati- petuar em seu segmento, mantendo-se cada vez mais
va influência na economia do país e uma grande parte competitiva.
destas empresas é prestadora de serviços, sendo que
atualmente, com a semelhança dos produtos e serviços 4. EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS
oferecidos aos consumidores, o grande diferencial entre
elas está na forma em que esses serviços são prestados. A partir dos anos 90, o setor da economia que mais
Com as constantes mudanças no mercado, as em- cresceu foi o da prestação de serviços, e com ele, as
presas perceberam que os consumidores se tornaram empresas de pequeno e médio porte. Este segmento se
especialistas adquirindo produtos e serviços que ofere- destaca dos demais de maneira significativa, até porque
cem maiores vantagens para suprir assim suas necessi- atua como o termômetro das mudanças ocorridas no
dades. Estudos e pesquisas foram desenvolvidos no sen- perfil do consumidor, hoje muito mais exigente. São elas
tido de identificar quais as necessidades que impulsio- portanto, as que encontram maiores dificuldades em sa-
nam o consumidor a adquirir um determinado produto tisfazer o cliente e conseqüentemente, manter a sua
ou serviço. A partir do conhecimento das motivações do fidelização.
consumidor as empresas desenvolvem suas estratégias A maneira encontrada pelas prestadoras de servi-
de mercado, definindo seu público-alvo e a abordagem ços preocupadas em atrair cada vez mais seus clientes
mais indicada para conquistá-lo. foi à utilização das ferramentas de qualidade, para me-
O exemplo de estratégia adotada para contornar lhorar o atendimento e por extensão a satisfação do cli-
um problema financeiro da cidade de Pedreira, interior ente, suprindo assim suas necessidades pela oferta de
de São Paulo, cuja fonte de renda é a fabricação de um serviço especial e único para ele. A empresa que
louças e porcelana ocorreu na década de 90. Com a passa a utilizar essas ferramentas apresenta uma grande
crise gerada pela abertura de mercado pelo ex-presi- vantagem competitiva sobre as demais. (LIKER, 2005.
dente Collor, a cidade deixou de vender seus produtos e p. 261).
muitas empresas fecharam por falta de capital financei- Essas ferramentas de qualidade são consideradas
ro. A estratégia utilizada pelo prefeito foi aproveitar a estratégicas, pois oferecem um diferencial ao cliente, que
reputação que a cidade possuía por confeccionar louças ao comparar entre as concorrentes, se define pela que
e porcelanas conciliando-a com o roteiro turístico exis- oferece maiores vantagens e comodidade nos serviços
tente na região, denominado “Circuito das Águas”, mui- por ele solicitados. As empresas, ao utilizar esse tipo de
to procurado pelas pessoas de outras regiões nos fins de estratégia, tornam possível identificar os pontos fracos
semana. Por meio de pesquisa foi detectado que muitas dentro da organização e oferecer soluções para os mes-
pessoas que seguiam esse roteiro utilizavam rotas alter- mos. Caso não seja possível solucioná-los definitivamen-
nativas e não passavam pela cidade. Por isso foi feito te, ainda assim, é possível contorná-los de maneira que
investimento em melhorias na cidade, oferecendo mais não influenciem negativamente a execução de uma ope-
conforto aos turistas que procuravam à região. Com o ração.
aumento do fluxo de passagens pela cidade foram pos-

43
5. UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DE Melhoria Contínua, é utilizada para que novos métodos
QUALIDADE de controle de processos e qualidade se desenvolvam e
tem como finalidade criar outros métodos quando a ne-
Oferecer algo a mais é essencial numa cessidade do momento exigir. O Programa 5S consiste
competição entre concorrentes nos tempos atuais e a em melhorar o ambiente de trabalho, fazendo com que
utilização das ferramentas de qualidade é um recurso os colaboradores tenham um ambiente saudável para tra-
utilizado há pouco tempo no Brasil, sendo que no balhar é muito utilizado dentro de algumas empresas
Japão já o era logo após o fim da Segunda Guerra (LIKER, 2005. p. 244).
Mundial. No período do pós-guerra, o Japão se Um novo programa de qualidade atualmente está
encontrava praticamente destruído e as fábricas sendo implantado dentro das concessionárias de auto-
totalmente desorganizadas. Diante dessa situação, móveis no Brasil. O TSM – Marketing de Serviços
foram desenvolvidos métodos de produção e controle Toyota. A Toyota do Japão analisando o mercado brasi-
de qualidade que levaram o país à condição de líder leiro verificou que os resultados obtidos no país atingi-
mundial em tecnologia e métodos operacionais de ram níveis positivos, superiores a muitos países com maior
produção. (LIKER, 2005. p. 41). tradição na fabricação de veículos. O estudo serviu de
A Toyota tem como filosofia estender seus méto- base para o desenvolvimento do Programa TSM -
dos de trabalho e de controle às demais empresas, seus Marketing de Serviços Toyota, cujo objetivo é fixar a
fornecedores ou que prestam serviços ao consumidor imagem da prestação de serviço com transparência, per-
utilizando a sua marca. Este tipo de controle faz com que mitindo ao cliente obter todas as informações sobre os
a qualidade de serviços ou produtos se mantenha dentro custos e o que acontece com o seu veículo dentro da
dos rigorosos padrões exigidos pela montadora. Sua concessionária, além do seu acompanhamento após o
preocupação em melhorias contínuas fez com que a ide- serviço executado. Dessa forma obtêm-se os índices para
ologia implantada em suas fábricas se tornasse um ponto análise da satisfação dos clientes atendidos. (TOYOTA,
de referência entre os demais do setor. 2008).
A Toyota adotou metodologias que investem, em Com esse programa o proprietário poderá se pro-
longo prazo, em sistemas de pessoas e emprega em sua gramar melhor quanto à manutenção de seu veículo, sa-
organização e nas demais que lhe prestam serviços algu- bendo com antecedência quanto irá gastar na próxima
mas ferramentas de qualidade que obtém um alto pa- revisão, até porque os preços de serviços e peças estão
drão de qualidade em seus produtos e serviços presta- dentro da realidade de mercado. Foi desenvolvido por
dos. Algumas das mais conhecidas são: meio de pesquisas realizadas junto aos clientes, coletan-
5S do opiniões e sugestões demonstrando as necessidades
Kanban dos consumidores do produto e suas expectativas ao
Os 5 porquês adquirir o produto. O resultado tem se mostrado alta-
Kaizen mente compensatório na fidelização dos clientes.
Sua preocupação em relação à qualidade dos ser- A eficiência dos métodos desenvolvidos pela Toyota
viços de pós-vendas de seus produtos se tornou uma tem servido de benchmarket para outras empresas, prin-
filosofia para a empresa, pois não importa somente ven- cipalmente aquelas que atuam no setor de serviços. Está
der seus automóveis, mas a manutenção dos mesmos é provado que em tempos de intensa concorrência o gran-
primordial para a satisfação de seus clientes, pois ao es- de diferencial de mercado está no atendimento prestado
tar satisfeito com seu veículo durante o período em que ao cliente com maior qualidade e transparência na de-
o utiliza, o proprietário certamente irá adquirir um outro monstração dos custos com o serviço. Essa conduta re-
da mesma marca quando decidir trocar seu automóvel. flete antes de tudo uma estratégia vencedora em busca
Por causa dessa preocupação são solicitados aos da satisfação do cliente.
concessionários prestadores de serviços aos clientes, que
se preocupem em atender os mesmos de maneira séria e 6. AS EMPRESAS E SUAS ESTRATÉGIAS DE
eficaz. Vários procedimentos de controle foram criados MERCADO
para se manter um padrão de atendimento ao cliente em
qualquer região do país e as ferramentas de qualidade Atualmente as empresas disputam entre si uma fatia
são utilizadas amplamente dentro dessas concessionári- do mercado em que atuam, porém algumas se enganam
as. quando acreditam que basta ter um bom produto, ou ser-
A ferramenta de qualidade Kaizen, cuja tradução é viço de alta qualidade para se manter na liderança. São

44
necessários vários fatores interligados para que os resul- cia globalizada torna-se uma exigência para se manter
tados obtidos sejam satisfatórios. Ou seja, oferecer um no mercado e, no segmento da prestação de serviço essa
diferencial se torna fundamental para que todas as por- lógica se intensifica, uma vez que o consumidor além de
tas das oportunidades futuras se abram. Esse conjunto mais exigente, dispõe de muitas alternativas de escolha.
de fatores representa a competência essencial, cada vez Assim sendo, utilizar uma ferramenta de Marketing
mais exigida nos tempos atuais para as empresas atuar de Serviço é estrategicamente recomendável principal-
com qualidade e de forma estratégica, mantendo seus mente para as pequenas empresas que buscam oferecer
negócios saudáveis. um diferencial no atendimento até como forma de so-
Quando a Sharp e a Toshiba desenvolveram a brevivência.
tecnologia do monitor de tela plana, o mercado não exi- Para aquelas que já atuam com esta visão, o futuro
gia essa tecnologia naquele momento, mas a visão estra- é promissor, entretanto, para as que ainda não desperta-
tégica em levar a empresa à liderança no mercado deste ram para a necessidade de definição de estratégia, têm
segmento foi essencial para que se tornassem as únicas a um longo e tortuoso caminho a percorrer, no sentido de
dominar esse tipo de tecnologia. Esse acontecimento conquistar sua fatia de mercado e o mais difícil, manter e
exemplifica a necessidade deste tipo de visão que as ampliar sua participação.
empresas necessitam ter para se manterem atuantes no Não há mais espaço para se atuar em ambiente de
mercado. (PRAHALAD; HAMEL, 2005.p. 224). negócio com improvisação. Vive-se a era da qualidade,
Quando o desenvolvimento tecnológico e da prestação de serviço responsável e transparente.
operacional de uma empresa permanece estagnado por Quem ignorar esse paradigma está fatalmente destinado
um tempo excessivo, ela se torna arcaica e dificilmente a fechar suas portas, e em seu lugar, outras empresas
conseguirá acompanhar aquelas que investem em surgirão, com uma proposta de atendimento estrategi-
tecnologia e desenvolvimento. Estarão, portanto, sujei- camente concebida para encantar e fidelizar o cliente.
tas a serem fechadas ou adquiridas por seus concorren-
tes que não ficaram estagnados nesta corrida pela lide- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
rança do mercado.
COHEN, Allan R. MBA: Curso Prático Administração
7. CONCLUSÃO – Rio de Janeiro: 4ª Ed. Campus, 1999.
GUIMARÃES, Antonio Teodoro Ribeiro. Diagnóstico
Em tempos pós-modernos, as empresas que real- de Cluster de Negócios - São Paulo: Academia Editori-
mente desejam se manter atuantes no mercado altamen- al, 2006.
te competitivo, não podem mais continuar ignorando a LIKER, Jeffrey K. O Modelo Toyota. 14 Princípios de
capacidade de discernimento de seus consumidores. Gestão do Maior Fabricante do Mundo – São Paulo:
Nesse mercado em que a competição entre as empresas Artmed Editora S.A., 2005.
é acirrada, os clientes têm se tornados seres privilegia- PRAHALAD, C.K; HAMEL, Gary. Competindo pelo
dos e, cônscios disso, também mais exigentes. Adequan- Futuro – Rio de Janeiro: 21ª Ed. Campus, 2005.
do-se rapidamente a essa nova realidade, a empresa deve ENCICLOPÉDIA DIGITAL MASTER ONLINE. Dis-
saber reconhecer as exigências dos seus consumidores ponível em: <www.enciclopedia.com.br>. Acesso em 05
e atender às suas necessidades. de jan. de 2007.
A empresa deve também buscar o desenvolvimen- SEBRAE. Disponível em: <www.sebrae.com.br>. Aces-
to de ferramentas que possibilitem o aprimoramento so em 26 de out.2007.
constante do seu processo produtivo a fim de oferecer TOYOTA. Disponível em: <http://www.toyota.com.br/
ao consumidor, além de produtos e serviços compro- sobre_toyota/brasil.asp>. Acesso em 16 de mar. 2008.
metidos com a qualidade, algo que promova sua distin-
ção dentre as suas concorrentes. A tecnologia tem muito
a oferecer nessa perspectiva. Portanto, agindo dessa
forma, assegura as condições para enfrentar as incerte-
zas do mercado com um mínimo de garantia de não su-
cumbir diante das contingências, uma vez que busca pre-
servar o seu valor maior – seus clientes – sem os quais o
negócio não se perpetua.
A fidelização do cliente em tempos de concorrên-

45
AS CONDIÇÕES DAS BRASILEIRAS NO MERCADO DE TRABALHO

Por Erica Cristina Fessel Torquato, aluna da 2ª turma de


Pós-Graduação da Faculdade Fleming

Resumo

No passado a mulher não possuía qualquer tipo de direito; não podia votar, não tinha direito a propriedade,
não freqüentava instituições de ensino, não trabalhava e ficava responsável somente pelo trabalho doméstico e por
cuidar dos filhos. Mas as mulheres lutaram muito e buscaram mudar essa situação, com o objetivo de ter os mesmos
direitos conferidos aos homens. Com o passar do tempo as reivindicações resultaram em direitos adquiridos,
garantidos por Constituição Federal. As mulheres passaram a ter direito a fazer as mesmas atividades que os
homens e não apenas ficar restritas ao âmbito familiar. O trabalho feminino passou a fazer parte do cotidiano das
sociedades modernas, mas infelizmente as desigualdades continuaram a existir. Na atualidade a principal dificuldade
é garantir a homens e mulheres as mesmas condições de trabalho, pois não basta oferecer oportunidades de
trabalho as mulheres se essas são de péssima qualidade ou em diferentes níveis, com benefícios e remuneração
diferenciados pela divisão de gênero. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho é demonstrar exatamente
como esta relação funciona, sua história e qual foi sua evolução ao longo dos anos.

Palavras-chave: Mercado de trabalho, trabalho feminino, desigualdades.

1. INTRODUÇÃO os mesmos direitos dos homens, considerando que to-


dos são iguais.
Desde que se tem conhecimento da diferença bio- Atualmente, há um grande avanço feminino em es-
lógica entre homem e mulher também se sabe das dife- paços antes dominados pelos homens, apesar de, fre-
renças sociais e culturais provenientes dela. As desigual- quentemente, as mulheres ainda encontrarem reminiscên-
dades sociais de gênero surgiram de aspectos culturais e cias sufocantes do passado mais patriarcal. De acordo,
sociais, que dividiam funções femininas e masculinas, atri- com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
buindo às mulheres atividades diferentes das dos homens (IBGE) as mulheres somam 44% da População Econo-
no ambiente familiar, escolar, desportivo e no trabalho, micamente Ativa (PEA) no país (NEGRÃO, 2008).
principalmente devido ao fato de a mulher estar associa- A participação da mulher começou no mercado de
da a gestação e a criação dos filhos, responsabilidades trabalho depois das grandes guerras mundiais e com o
consideradas quase exclusiva delas. surgimento e fortalecimento do capitalismo. Até então o
Homens e mulheres em nenhum momento da histó- homem era considerado o provedor do lar, deixando
ria mundial foram tratados em condição de igualdade, mulheres viúvas e separadas completamente desampa-
nenhum país possui igualdade total entre homens e mu- radas.
lheres. Ao longo do tempo, as sociedades foram se cons- A inclusão feminina é crescente e apesar de algu-
tituindo como patriarcais, limitando a presença feminina mas profissões ainda serem consideradas como apenas
aos espaços privados (domésticos). masculinas e segregarem as mulheres, não há uma única
Às mulheres são atribuídas características de per- profissão que ainda não tenha sido invadida por elas.
sonalidade como: emocionais, sensíveis, dependentes, Mas infelizmente existe muita discriminação no tipo de
inseguras, restringindo as suas participações, pois são ocupação e na diferença de remuneração, originando
consideradas como insuficientes para tomar decisões. diferenças na divisão social e sexual do trabalho.
Muitas vezes, algumas dessas características são assu- Assim, cabe indagar quais são as condições ofere-
midas como qualidades femininas, porém não são consi- cidas ao gênero feminino em detrimento àquelas ofereci-
deradas como qualificações para diversas atividades. das ao masculino e se a mulher realmente busca o de-
No entanto, as mulheres sempre foram guerreiras senvolvimento profissional ou precisa cada vez mais aju-
por natureza e brigaram por tudo em que acreditavam. dar no sustento da família. E qual é de fato a importância
Após muitos anos de luta, em 5 de outubro de 1988 foi da mulher no mercado de trabalho? Por que os homens
promulgada a Constituição Federal que, rompendo com dominam em quantidade as vagas públicas e privadas no
o autoritarismo militar, garantia às mulheres brasileiras mercado de trabalho?

46
Este artigo tem por objetivo mostrar o histórico das lho.
mudanças ocorridas em relação às mulheres em diver-
sas atividades, a situação educacional feminina, a atua-
ção no mercado de trabalho e as principais dificuldades,
suas condições na vida pública (política) e os trabalhos
sociais que realizam.
2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS

Nos últimos trinta anos as mulheres obtiveram inú-


meros ganhos sociais, políticos e econômicos. Porém, o É importante salientar que não somente é preciso
crescimento da participação feminina no mercado de tra- que as mulheres tenham mais oportunidades de trabalho,
balho é um bom indicador para medir quão grande fo- mas que essas sejam de boa qualidade e em nível de
ram os ganhos em âmbito geral. igualdade com as que são oferecidas aos homens, na ten-
Durante as décadas posteriores ao pós-guerra mu- tativa de diminuir as desigualdades existentes.
danças sociais importantes ocorreram e uma das mais O aumento da participação feminina no mercado
importantes foi a feminização da força de trabalho. Os de trabalho é expressivo, tanto na indústria quanto espe-
homens que saíam de seus lares para as batalhas faziam cialmente no setor de serviços. As trabalhadoras brasi-
com que as mulheres que ficavam se tornassem respon- leiras concentram-se em 80% no setor de serviços como
sáveis pelo sustento familiar. No entanto, o aumento ex- professoras, comerciárias, cabeleireiras, manicures, fun-
pressivo do trabalho feminino aconteceu, principalmen- cionárias públicas, serviços de saúde e o maior contin-
te, no trabalho precário, subcontratado e terceirizado, gente no serviço doméstico remunerado (TEIXEIRA,
com salários geralmente mais baixos. 2005).
Segundo Calás & Smircich (1999, p. 297): Por este motivo se faz necessário atentar para o fato
da qualidade das oportunidades de trabalho que são cri-
Historicamente, a transição do modo de produção agrá- adas, não somente na quantidade em que elas aparecem.
rio para o industrial criou a separação entre o local de É possível observar este fato por meio da análise de da-
trabalho e o lar, e produziu uma estrutura de gênero em
que mulheres e homens têm empregos diferentes, em in-
dos fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
dústrias diferentes e em diferentes níveis organizacionais. Estatística (IBGE).

Com o fortalecimento do capitalismo no século XIX


e com o advento da tecnologia houve mudanças na or-
ganização do trabalho, transferindo a mão-de-obra fe-
minina também para as fábricas.
Na Constituição de 1932 algumas leis passaram a
beneficiar as mulheres, mas continuavam insuficientes.
Na década de sessenta, a segunda onda do movimento
feminista buscava maior representação das mulheres na
vida pública. A partir da década de oitenta, os movimen-
tos feministas intensificaram a luta pelos direitos da mu-
lher no Brasil. Com a promulgação da Constituição de
1988, a qual declara que “todos são iguais perante a
lei”, a situação feminina é reconhecida e mudanças con-
tinuam acontecendo (NEGRÃO, 2008). Assim, o trabalho realizado pelas mulheres tem sido
Foi a partir dos últimos vinte anos, na história re- com freqüência relacionado a informalidade e precarieda-
cente do Brasil, que as discussões sobre as diferenças de, aumentando em quantidade e diminuindo em qualida-
de gênero realmente entraram em todos os assuntos, de, oferecendo às mulheres oportunidades desqualificadas
como política, mercado de trabalho, sindicatos de clas- e mal remuneradas.
se e tantos outros setores.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geogra- 3. EDUCAÇÃO
fia e Estatística (IBGE) é possível acompanhar o cresci-
mento da participação da mulher no mercado de traba- Desde o princípio, o trabalho feminino foi restrito ao

47
âmbito doméstico e, por isso, não havia necessidade de do em vista que muitos “pais de família” morreram ou
qualquer tipo de qualificação. A educação dirigida a foram mutilados durante as batalhas.
profissionalização, era freqüentada pelos homens que pre- Principalmente nos últimos trinta anos as mudanças
cisavam se qualificar para ter uma oportunidade de traba- sociais e, por conseqüência, do mercado de trabalho pas-
lho e garantir o sustento da família. saram a acontecer mais fortemente.
No entanto, com a participação crescente da mulher O crescimento da participação da mulher no mer-
no mercado de trabalho e sua tentativa de atingir cargos cado de trabalho e sua precária condição inscrevem-se
mais altos, percebe-se a busca cada vez maior em se qua- no contexto do processo de reestruturação do capitalis-
lificar profissionalmente. Com a globalização e especiali- mo, processo este que revela novas formas de racionali-
zação dos setores da economia, a educação passou a ser zação do trabalho (SEGNINI, 1999, p.331).
fator essencial e eliminatório, apesar de não ser garantia No entanto, juntamente com o aumento do número
de vaga de emprego e de boa oportunidade com boa re- de mulheres no mercado de trabalho houve também acen-
muneração. tuação da divisão sexual do trabalho, tornando visível as
A América Latina está atrasada em relação a ou- diferenças entre o trabalho masculino e feminino.
tras regiões no que tange o assunto educação, apesar de Antunes (2991, p.86) comenta:
apresentar aumento nos indicadores. Conforme mostra
o estudo “Mapa da Educação Superior na América La-
tina” da Organização das Nações Unidas para a Educa- Enquanto o primeiro atua predominantemente em áreas
ção, a Ciência e a Cultura (Unesco) aumentou o número de capital intensivo, com maquinaria informatizada, o tra-
balho feminino se concentra nas áreas mais rotineiras, de
de matrículas e a presença de mulheres nas universida- trabalho intensivo. [...] Nas áreas de tecnologia mais avan-
des públicas e privadas da América Latina, enquanto que çada, as mulheres são incorporadas somente nas ativida-
as taxas de deserção entre os homens cresceram (COR- des mais rotineiras e que requerem menor qualificação.
REIO POPULAR, 8 jun. 2008).
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geogra- Portanto, os números continuam mostrando a enor-
fia e Estatística (IBGE) – CENSO 2000, 51% da popu- me distância que existe entre homens e mulheres e que,
lação brasileira é composta por mulheres e a população apesar de muitas mudanças e o número cada vez maior
economicamente ativa (PEA) brasileira em 2001 tinha de mulheres no mercado de trabalho, elas continuam en-
uma média de escolaridade de 6,1 anos, sendo que a frentando muitas desigualdades. As mulheres ocupam
escolaridade média das mulheres ocupadas era de 7,3 40% de postos de trabalho precários, enquanto que para
anos e a dos homens de 6,3 anos (SANDEN, 2005). os homens esse índice é de 10,7%. As mulheres empre-
Porém, para as mulheres, a questão do aperfeiçoa- gadas somam 41,9%, mas indicadores como jornada de
mento profissional para o desenvolvimento de sua car- trabalho, rendimentos, registro em carteira e direitos no
reira demanda tempo, dificultando a realização de cur- trabalho demonstram a diferença efetiva na ocupação das
sos, pois além da jornada de trabalho, a mulher normal- vagas disponíveis (SEGNINI, 1999).
mente, precisa cuidar da casa e dos filhos. O artigo 7º da Constituição Federal diz ser direito
Uma boa solução para esta dificuldade é o ensino a do trabalhador a proibição de diferenças de salários, de
distância. Este tipo de ensino permite ao aluno estudar exercício de funções e de critério de admissão por moti-
em casa, no horário em que preferir e o aprendizado é vo de sexo, idade, cor ou estado civil (SANDEN, 2005).
estimulado por meio da utilização de material didático A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) tam-
específico. O grande desafio dos cursos a distância ain- bém garante que é proibido negar emprego ou promo-
da é vencer o preconceito, porque no Brasil ainda se ção em razão do sexo, situação familiar ou estado de
tem a idéia de que cursos feitos a distância não possuem gravidez (PAULINA & ZAIDAN, 2008).
a mesma qualidade do que os cursos presenciais regula- Na prática todas essas determinações não são se-
res (JORDÃO, 2008). guidas porque não há punição para quem não as pratica,
apenas regulamentam regras que deveriam existir na rea-
4. MERCADO DE TRABALHO lidade. Empregos em níveis mais baixos, de meio-expe-
diente e menos remunerados costumam ser oferecidos
Ao final da I e II Guerras Mundiais as mulheres às mulheres. Quando se trata de remuneração, promo-
passaram a participar mais ativamente do mercado de ção e avaliação de desempenho o trabalho feminino tam-
trabalho, tanto pela necessidade pessoal de desenvolvi- bém costuma ser preterido e discriminado.
mento como pela necessidade de sustentar a família, ten-

48
4.1 Trabalho Precário depois dos 40 anos de idade (PROBST, 2003).

O trabalho precário e informal (sem carteira assinada) 4.3 Trabalho Pessoal


sempre assolou mais o trabalho feminino. A partir dos anos
noventa, com a reestruturação produtiva, postos de traba- As mulheres enfrentam os mesmos desafios que os
homens na vida profissional, mas elas possuem um trabalho
lho flexíveis passaram a ser criados. Essa flexibilidade abran-
ge menos direitos trabalhistas e remuneração. Os postos de adicional, o “trabalho pessoal”. Segundo o Instituto Brasi-
trabalho precários atingem homens e mulheres, no entanto leiro de Geografia e Estatística (IBGE), 91% das brasileiras
como elas anteriormente ocupavam postos de trabalho pre- que trabalham fora fazem serviços domésticos quando es-
cários, tendem a cada vez mais trabalhar na informalidade etão em casa. Entre os homens, o número cai para 42%
precariedade em relação aos homens. (NEGRÃO, 2008, p. 50).
Para a realização de atividades rotineiras e em grupo O trabalho doméstico se torna uma segunda jornada
o capital se aproveita da capacidade multifuncional do tra-de trabalho para as mulheres, dificultando o seu desempe-
nho profissional, porque pode impedir o processo de quali-
balho feminino, esta que, em parte, é resultado da experiên-
cia do trabalho doméstico. Ao contrário, em assuntos con- ficação. No entanto, as mulheres passaram a ser obrigadas
siderados técnicos e em momentos de tomada de decisões a trabalhar, pois se em 1991, 18% das mulheres eram res-
as mulheres costumam ser excluídas. ponsáveis pelas suas famílias, atualmente este número pas-
sou a ser 25%. Em busca de diminuir os empecilhos para
Os sindicatos de classe, que podem lutar e reivindicar
os direitos trabalhistas, têm a possibilidade de colocar emsua carreira profissional, a mulher moderna passou a ter cada
pauta assuntos relacionados ao trabalho feminino, porém vez menos filhos. Se no passado a média de filhos por mu-
os mesmos também ignoram a divisão de gênero. lher poderia chegar até seis, atualmente a média nacional é
de no máximo dois filhos.
4.2 postos de direção As mulheres têm consciência das condições precárias
que lhes são oferecidas, mas aceitam diante da dificuldade
Apesar de leis regulamentarem que não pode haver em que se encontram, principalmente porque as taxas de
diferenças entre homens e mulheres, as barreiras culturais desemprego têm sido maiores para o trabalho feminino. As
impedem que elas sejam praticadas na realidade. As posi- taxas de desemprego masculino estão em 7% enquanto que
ções de status e alta remuneração costumam ser relaciona- as taxas para as mulheres estão em 12% (TEIXEIRA, 2005).
das aos homens e quanto mais se sobe na hierarquia menos O desemprego feminino também tem aumentado de-
mulheres são encontradas. vido ao fato de que homens sem oportunidades de empre-
Quando uma pessoa imagina como deveria ser o pre- go têm aceitado as vagas precárias que anteriormente eram
sidente de uma grande organização logo imagina a figura de aceitas somente pelas mulheres. Por isso é importante aten-
um homem. tar ao fato de que as mulheres lutam pela igualdade de direi-
Negrão (2008, p.50) sintetiza essa questão com o tos, porém ela não pode ser alcançada com a deterioração
seguinte comentário: das condições dos homens, e sim com a superação das
condições femininas.
“As mulheres estão muito bem preparadas para assumir
postos de direção. Porém, no caso de igualdade de forma- 5. POLÍTICA
ção, o cargo vai sempre para um homem. Somente quando
as mulheres se destacam excepcionalmente é que elas são
chamadas”. Na história brasileira é recente o fato d a mulher parti-
cipar não só do mercado de trabalho, mas também o seu
Felizmente esta situação tem mudado e um número crescimento no setor público, como atuante na política, área
crescente de mulheres tem ocupado postos diretivos. quase que completamente dominada por homens.
Atualmente as mulheres ocupam 41% da força de tra- Embora exista muita dificuldade, a participação das
balho, mas apenas 24% dos cargos de gerência são ocu- mulheres nos espaços de poder está crescendo ainda que
pados por elas. As mulheres brasileiras recebem, em mé- de forma lenta. A presença feminina é fundamental para a
dia, 71% do salário dos homens, sendo que essa diferença elaboração de leis e políticas públicas que promovam a igual-
é maior em cargos mais baixos e praticamente nula quando dade entre homens e mulheres.
se trata de cargos mais altos. Em relação a idade, as mulhe- Mesmo assim, a presença feminina no poder ilustra
res chegam mais cedo aos cargos de gerência, em média bem a realidade brasileira: as mulheres representam apenas
aos 36 anos, enquanto que os homens costumam chegar 8,6% na Câmara dos Deputados e 12,3% no Senado Fe-

49
deral (NEGRÃO, 2008). e não há punições regulamentadas para aqueles que as in-
A lei determina uma cota para a participação das fringem, sendo que o Estado também não faz qualquer tipo
mulheres para que 30% das candidaturas sejam reserva- de intervenção para tentar mudar esta situação. É preciso
das a elas. Na realidade, a participação feminina continua encontrar formas de controle e punição para as ações
ínfima e os partidos políticos impõem dificuldades para discriminatórias do trabalho feminino.
que um número reduzido de mulheres tenha acesso. Isto A sociedade precisa mudar os seus conceitos e tradi-
ocorre porque apesar da cota ser garantida por lei não há ções, acabar com a divisão sexual do trabalho e entender
punição para quem não a cumpre (NEGRÃO, 2008). que não existem trabalhos tipicamente femininos e masculi-
nos. Independente do gênero, todos possuem habilidades e
6. TRABALHO SOCIAL podem ter acesso a qualificação, precisando reestruturar as
relações de trabalho. Os sindicatos precisam ter uma postu-
Pelo fato da mulher ter sido historicamente deixada às ra mais ativa neste sentido e desenvolver negociações cole-
margens do mercado de trabalho e encarregada do traba- tivas do assunto, pois no Brasil a cultura negocial tem se
lho doméstico, a ela também passou a ser facultado o tra- perdido com o passar do tempo. É preciso lutar pela igual
balho social. valorização e remuneração do trabalho, garantindo
Inicialmente, o trabalho social era encarado apenas direitos e benefícios iguais a todos.
como trabalho de mulher, mal remunerado e, muitas vezes,
sem nenhuma remuneração, tendo em vista que teriam tem- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
po disponível para se dedicar a esse tipo de atividade.
Na década de noventa, o Terceiro Setor passou a ser ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio
reconhecido no Brasil e, consequentemente, as organiza- sobre a afirmação e a negação do trabalho. 5ª ed. São
ções não-governamentais (ONGs) começaram a se Paulo: Boitempo Editorial, 2001.
profissionalizar. Dessa forma, com o maior reconhecimento CALÁS, M. B.; SMIRCICH, L. Do ponto de vista da
e profissionalismo do trabalho social, as mulheres envolvi- mulher: abordagens feministas em estudos organizacionais.
das nessas atividades também passaram a ser valorizadas e In: CLEGG, S. R. et al. Handbook de estudos
a perder a imagem de assistencialismo e serem vistas como organizacionais: modelos de análise e novas questões
trabalhadoras (NEGRÃO, 2008). em estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1999.
Atualmente, as mulheres são maioria no comando das CORREIO POPULAR. Ensino Superior está em crise na
ONGs, associações e instituições sociais, assumindo por AL. Campinas, 8 jun. 2008, p. B10, c. mundo.
todo o Brasil o desafio de criar estruturas para propiciar JORDÃO, Claudia. Aprendendo a distância. Isto É. São
educação, saúde e Justiça à população carente (ibid). Paulo, 7 maio 2008, p. 60-61.
Para exemplificar esta situação, segundo o Centro de NEGRÃO, Patrícia. Políticas Públicas e Trabalho Social.
Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Claudia. São Paulo: Ed. Abril, jul. 2008, p. 48-51.
Setor (Ceats) da Fundação Instituto de Administração (FIA) PAULINA, Iracy; ZAIDAN, Patrícia. A mulher e a lei. Clau-
da Fundação Getúlio Vargas (FGV), nos cursos de dia. São Paulo: Ed. Abril, jul. 2008, p. 126-132.
profissionalização, gestão de terceiro setor ou MBAs de PROBST, E. R. (2003). A evolução da mulher no mercado
empreendedorismo social 80% da participação é feminina, de trabalho. www.icpg.com.br. Acesso em 28 jun. 2008.
com tendência forte de crescimento devido a enorme habi- SANDEN, A. F. M. de S. (2005). A mulher e o mercado
lidade das mulheres para trabalhar neste setor (NEGRÃO, de trabalho no Brasil globalizado. http://
2008). www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=8458.Acesso
em 25 jul. 2008.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS SEGNINI, L. R. P. Nota técnica: do ponto de vista do Bra-
sil: estudos organizacionais e a questão do feminismo. In:
Nos últimos cinquenta anos, um dos fatos mais CLEGG, S. R. et al. Handbook de estudos
marcantes ocorridos na sociedade brasileira foi a inserção organizacionais: modelos de análise e novas questões
crescente das mulheres na força de trabalho. As mulheres em estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 1999.
enfrentam numerosas barreiras em suas carreiras profissio- STONER, J. A. F.; FREEMAN, R. E. Administração. 5ª
nais e apesar delas terem sido reduzidas nos últimos anos, ed. Trad. Alves Calado. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
ainda enfrentarão problemas por algum tempo. TEIXEIRA, Z. A. (2005). As mulheres e o mercado de
No Brasil não faltam normas e leis que determinam os trabalho. http://www.universia.com.br/html/materia/
direitos trabalhistas femininos, mas elas não são cumpridas materia_daba.html. Acesso em 25 jul. 2008.
50
RECRUTAMENTO E SELEÇÃO: O QUE É E COMO FUNCIONA O RECRUTAMENTO
E A SELEÇÃO NAS EMPRESAS?

Por Flavia Furquim, aluna da 2ª turma de Pós-Graduação da Faculdade Fleming.

Resumo

Atualmente o processo de seleção de uma empresa é mais complicado do que antigamente, pois o número de
profissionais e universidades vêm aumentando dia após dia. Ter o conhecimento mais aprofundado sobre o candi-
dato é de suma importância para a organização, pois esta necessita de um profissional competente e comprometido
para exercer o cargo disponível. Caso o recrutador conduza uma entrevista de má qualidade poderá sobrecarregar
a empresa, pois o funcionário que não se adaptou e não se enquadrou nas normas da empresa sairá e o processo
terá que ser refeito. Para o entrevistado, o método de entrevista também é viável, pois terá a chance de apresentar-
se à entidade. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é explicar o que é e como funciona o recrutamento e seleção
nas empresas que poderá servir de orientação aos futuros candidatos no processo seletivo.

Palavras-Chaves: Planejamento, Recrutamento e Seleção.

INTRODUÇÃO 2008).
As organizações utilizam os processos de recrutamen-
A área de Recursos Humanos era conhecida como to e seleção, para atrair e identificar talentos, que são essen-
Administração de Pessoal e é responsável por controlar ciais ao sucesso dos negócios. Para Chiavenato (1994,
todas as pessoas dentro da organização. A área surgiu da p.175):
necessidade de controlar pessoas que trabalhavam na or-
ganização, inicialmente em aspectos muitos simples como Recrutamento é um conjunto de procedimentos que visa a
horas trabalhadas, faltas e salários. De seu surgimento aos atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de
seus dias de hoje, a área foi crescendo bem com maiores ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um
responsabilidades e maior sucesso para organização (COS- sistema de informação, através do qual a organização divul-
ga e oferece ao mercado de recursos humanos oportunida-
TA, 2008).
des de empregos que pretende preencher. Para ser eficaz, o
Balteman & Snell (1990) oferecem uma visão históri- recrutamento deve atrair um contingente de candidatos su-
ca dessa transformação: ficientes para abastecer adequadamente o processo de sele-
ção. Aliás, a função de recrutamento é a de suprir a seleção
“Na década de setenta, o trabalho de RH era manter suas de matéria-prima básica (candidatos) para seu funcionamen-
empresas fora dos tribunais e estar de acordo com o número to.
cada vez maior de regulamentações que governam o local
de trabalho. Na década de oitenta, tiveram que resolver pro- Ou seja, a entrevista é um método de seleção bastante
blemas de custo nos quadros de pessoal relacionados a eficiente, mas existe a necessidade de uma boa preparação
fusões e aquisições. Na década de noventa caracteriza por
questões econômicas relacionadas ao um local de trabalho
do recrutamento antes de marcar a entrevista. E para isso,
cada vez mais global e competitivo” faz-se necessário seguir algumas regras para exposição de
uma vaga dentro de uma organização.
No Brasil a área de RH iniciou-se na década de trinta, A primeira regra, o cargo disponível deve ser descrito,
época da criação da legislação trabalhista, do início do mo- isto é, o título deve estar bem claro para ajudar o candidato
vimento sindical e da proteção dos trabalhadores. Nas dé- a ter uma noção geral do cargo e das tarefas essenciais.
cadas de quarenta e cinqüenta, a intervenção governamen- Lembrando que é importante discutir o perfil da vaga
tal nas relações trabalhistas se acentuou, mostrando a ne- com a equipe e verificar a oportunidade de reavaliá-lo, tal-
cessidade de ampliação nas atividades do Departamento vez redefinindo as atribuições e agregando as tarefas a ou-
de Recursos Humanos (1943 – Promulgações da CLT). tro cargo. As funções devem ser especificadas, deve-se ter
Nas décadas sessenta e setenta, foram promulgadas as Leis um “retrato” daquilo que o cargo compreende e analisar o
de Segurança do Trabalho, Saúde Ocupacional e Pensões. que uma pessoa precisa ter para desempenhar eficiente-
De lá pra cá, a área foi mudando e ganhando cada vez mais mente esse trabalho.
importância, e hoje ela tem o papel de destaque na tomada Depois da descrição do cargo, deverá ser escolhido
de decisão de parte das organizações brasileiras (COSTA, qual o método de divulgação será utilizado. Terceirizada,
51
cadastro por e-mails para oportunidades de emprego, site planejar antes de entrar no processo seletivo, para respon-
da empresa e se houver a necessidade de divulgação em der às perguntas de forma mais clara e objetiva. Segue abaixo
jornais, o texto deve ser claro, preciso e é importante fazer um roteiro de planejamento para os candidatos:
uma revisão ortográfica. - Primeiramente raciocine sobre qual é o objetivo da
Após a divulgação, os candidatos estarão encaminhan- entrevista. O Recrutador gostará de saber: quem você é, o
do seus respectivos currículos para organização conforme que já fez, o que o seu último empregador acha de você,
solicitado. As empresas muitas vezes solicitam que se ca- que resultados conseguiu nos últimos empregos e em que
dastra no site da empresa caso o processo seletivo seja por poderá contribuir para atual empresa.
uma terceirizada se cadastra no site correspondente ou en- - Para responder essas perguntas, faça primeiramente
caminha por e-mail. Antigamente utilizavam-se mais os cor- um roteiro breve do que você dirá na entrevista, preferivel-
reios, hoje ele é pouco usado. mente seguindo a ordem colocada no currículo.
Mediante às técnicas de divulgação, o recrutador avalia - Conforme RADUAN (2008), antes de ir a um pro-
alguns critérios que julgam importantes para serem analisa- cesso seletivo é interessante descobrir o máximo possível
dos, ou seja, critérios que podem ser observados numa de informações sobre a empresa. O que produz, qual é o
seleção tais como: formação, cursos, experiência de traba- seu relacionamento com o mercado, imagem que tem junto
lho, habilidades em informática, em comunicação, em ne- ao público e a concorrência, problemas que podem estar
gociação, viagens, entre outros. O processo de seleção deve enfrentando, entre outros.
ser projetado e conduzido com o objetivo de descobrir se - Mais uma vez tenha consciência de qual é a função
o candidato correspondente à especificação e transmitir a para qual o entrevistador está encaminhando você. Verifi-
ele como seria trabalhar naquela empresa. Isso é importan- que como você pode contribuir para a empresa com a sua
te porque funciona como cartão de visitas da empresa di- experiência e formação. E saiba se há alguma coisa que
ante dos candidatos. Segundo Chiavenato (1994, p.193): possa aprender para desempenhar de melhor forma a fun-
ção para qual foi escolhido.
A tarefa do recrutamento é a de atrair com seletividade, Passado por todo esse processo de seleção, resta
mediante várias técnicas de divulgação, candidatos que pos- aguardar a organização; entrar em contato para informar a
suam os requisitos mínimos do cargo a ser preenchido, en-
quanto a tarefa de seleção é a de escolher, entre os candida-
resposta positiva ou negativa.
tos recrutados, aqueles que tenham maiores possibilidades
de ajustar-se ao cargo. Assim, o objetivo básico do recruta- CONSIDERAÇÕES FINAIS
mento é abastecer o processo seletivo de sua matéria-prima
básica: os candidatos. O objetivo básico da seleção é o de Diante do exposto chega-se a conclusão que a em-
escolher e classificar os candidatos adequados às necessi-
dades da organização.
presa só consegue aumentar sua eficiência se tiver funcioná-
rios adequados para cada cargo. Para conseguir isso é im-
Como se pode perceber recrutamento e seleção é um portante fazer o recrutamento e seleção com eficiência e
elo, ou seja, um depende do outro, caso a seleção não dê critérios bem definidos para contratar alguém.
certo, se inicia novamente a recrutação. Verifica-se, portanto, que o recrutamento e seleção é
Desta forma, o recrutador deverá seguir um roteiro o momento que propõe desafios para ambas às partes e
para conduzir a entrevista, ou seja, seguir um método de requer preparo das duas partes, em conhecimento, dedica-
seleção que possa deixar o entrevistador e o entrevistador ção e profissionalismo.
confortáveis.
Para marcar a seleção é necessário definir como será REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
o processo, por quantas entrevistas o candidato terá que
passar, quem participará dela e se a seleção será individual CARLETTO, Balduir. A seleção de talentos na gestão por
ou coletiva. competências. Disponível em <http://www.pg.cefetpr.br/
Quando definido o roteiro é interessante que se pre- ppgep/Ebook/ARTIGOS/15.pdf.Acesso 22 Jul. 2008.
veja a duração e se escolha os entrevistadores. A opinião COSTA, Tatiana Ribeiro. E-RH: O impacto da Tecnologia
da futura chefia ou até mesmo dos futuros colega de traba- para Gestão Competitiva de Recursos Humanos. Disponí-
lho poderá ser muito valiosa. vel em <http://www.ead.fea.usp.br/tcc/trabalhos/
Decidido o calendário das seleções, deve-se prepa- Artigo_Tatiana%20Costa.pdf.Acesso em 22 Jul. 2008.
rar o local para realizá-las, pois é difícil extrair o melhor de RADUAN, André. Ajudando as pessoas vivendo melhor.
alguém que não se sente à vontade. Esse local deve ter Disponível em <http://www.catho.com.br/jcs/
privacidade e condições de permitir ao candidato que se inpute.phtml?=68&e=352&fixo1.Acesso em 22 Jul. 2008.
imagine no ambiente de trabalho. O candidato precisa se
52
AS PRINCIPAIS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO APLICADAS NA GESTÃO DE PESSOAS

Por Jairo Vieira dos Santos, aluno da 2ª turma de Pós-Graduação da Faculdade Fleming

Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão a respeito do conceito de motivação e sua importância dentro das orga-
nizações como elemento propiciador de maior integração, produtividade e satisfação no desempenho profissional.
Aborda o tema do ponto de vista individual e organizacional na perspectiva organizacional, levantando o quadro de
necessidades e satisfação humanas, para compreender o ajuste e desajuste das pessoas no meio organizacional.

Palavras-chave: motivação, satisfação, necessidades, clima organizacional.

INTRODUÇÃO O clima organizacional, portanto, é a qualidade ou


propriedade do ambiente organizacional que é percebi-
O conceito de motivação no nível individual con- da ou experimentada pelos membros da organização e
duz ao conceito de clima organizacional. As pessoas es- que influencia diretamente o seu comportamento.
tão continuamente se ajustando a uma variedade de situ- O objetivo deste trabalho é a comparação entre as
ações, no sentido de satisfazer suas necessidades e man- principais teorias de motivação para determinar qual se-
ter o equilíbrio emocional. Isso pode ser definido como ria o ideal ser praticada no dia-a-dia do individuo
um estado de contínuo ajustamento.
Tal ajustamento não se refere somente à satisfação 1. O CLIMA ORGANIZACIONAL
de necessidades primárias, mas, sobretudo, as necessi-
dades mais elevadas. É a frustração dessas necessida- Segundo Chiavenato (2004) o conceito de clima
des mais elevadas que provocam muitos dos problemas organizacional envolve um quadro amplo e flexível da
de ajustamento. Como a satisfação dessas necessidades influência ambiental sobre a motivação. Refere-se espe-
superiores depende particularmente daquelas pessoas que cificamente às propriedades motivacionais do ambiente
estão em posições de autoridade, torna-se importante organizacional, aqueles aspectos da organização que le-
para a administração compreender a natureza do ajusta- vam à provocação de diferentes espécies de motivação
mento e desajustamento das pessoas. nos seus participantes.
O ajustamento varia de uma pessoa a outra e, den- Assim, o clima organizacional é favorável quando
tro do mesmo indivíduo, de um momento a outro, um proporciona a satisfação das necessidades pessoais dos
bom ajustamento denota saúde mental. participantes e elevação do moral. E é desfavorável quan-
Uma das maneiras de definir saúde mental é des- do proporciona a frustração daquelas necessidades. Na
crever as característica da pessoa mentalmente sadia. realidade, o clima organizacional influencia o estado
Essas características básicas compreendem como se sen- motivacional das pessoas e é por ele influenciado.
tem bem consigo mesma, sentem-se bem em relação às Para Chiavenato (2004) a motivação está intima-
outras pessoas, são capazes de enfrentar por si mesmas mente relacionada com o moral do pessoal. Contudo,
as demandas da vida. enquanto o moral é uma foto instantânea que captura os
A denominação de clima organizacional é dada ao sentimentos das pessoas em um dado momento, a moti-
ambiente interno existente entre os membros da organi- vação é uma indicação do que as faz desejar mudanças
zação. O clima organizacional está intimamente relacio- ou investir suas energias em algo.
nado com o grau de motivação de seus participantes. A maior parte da literatura sobre motivação ofere-
Quando há elevada motivação entre os membros, o cli- ce metodologias administrativas para encorajar as pes-
ma organizacional se eleva e traduz-se em relações de soas a trabalhar mais e cuidar da qualidade do seu tra-
satisfação, animação, interesse, colaboração. balho. Porém, são poucos os textos que fazem uma co-
Quando há baixa motivação entre os membros, nexão entre motivação e o efeito das hierarquias de po-
pode-se, por exemplo, chegar a estados de agressividade; der, burocracias, processos decisórios autocráticos e sis-
tumulto e inconformismo, típicos de situações em que os temas administrativos ultrapassados.
membros se defrontam abertamente com a organização, Chiavenato (2004) enfatiza as premissas da
como nos casos de greves e piquetes. metodologia feita para estudar o comportamento

53
motivacional, levando em conta os determinantes dores nas decisões que os afetem, como a fixação de
ambientais da motivação. Todas as pessoas têm moti- objetivos ou a definição dos procedimentos no trabalho.
vos ou necessidades básicas que representam compor- - Vincular as recompensas ao desempenho: deixar
tamentos potenciais, e somente influenciam o comporta- claro para todos os colaboradores que as recompensas,
mento quando provocados. A provocação ou não des- sejam elas financeiras ou não, estão diretamente relacio-
ses motivos depende da situação ou do ambiente perce- nadas ao desempenho no trabalho. Fazer com que as
bido pela pessoa, as propriedades particulares do ambi- recompensas sejam percebidas como justas vinculando
ente servem para estimular ou provocar certos motivos. as recompensas às experiências, habilidades, responsa-
Um motivo específico não influencia o comporta- bilidades e esforços apresentados pelos colaboradores
mento até que seja provocada por uma influência (CHIAVENATO, 2004).
ambiental apropriada, mudança no ambiente percebido
que resultarão em mudanças no padrão da motivação 2. MOTIVAÇÃO
provocada, e cada espécie de motivação é dirigida para
a satisfação de uma espécie de necessidade. De acordo com Bergamini & Coda (1997), a pala-
O padrão da motivação provocada determina o vra motivação provém do latim “movere”, que significa
comportamento e a mudança nesse padrão o que resul- mover. Apesar de sua enorme importância, não existe
tará em mudança de comportamento. um consenso absoluto sobre o assunto. As conclusões
Quando se pergunta às pessoas porque estão tra- iniciais sobre motivação podem ser resumidas em várias
balhando, a maioria responde que é para sobreviver ou teorias que tentam interpretar de maneira diferente e
comprar coisas de que necessita. Isso significa visualizar enfatizar certos aspectos da motivação.
o trabalho como algo instrumental para a satisfação das O conceito de motivação está intimamente relacio-
necessidades, e não como uma necessidade em si mes- nado com o comportamento e desempenho das pesso-
ma. O trabalho define as pessoas e suas relações com as. A motivação das pessoas certamente envolve metas
os outros. O ideal seria trabalhar por amor, pelo prazer e objetivos e existem diferenças fisiológicas, psicológi-
de dar algo e pela auto-atualização, que são aspectos cas e ambientais das mesmas que são fatores importan-
que dependem de relacionamentos da interação pesso- tes na explicação da motivação.
al, participação, cooperação, empowerment e aprova- Para os autores, a motivação é um processo psico-
ção. lógico básico juntamente com percepção, atitudes, per-
O trabalho em hierarquias de poder significa traba- sonalidade e aprendizagem, a motivação sobressai como
lhar para aquelas pessoas que tem mais poder na hierar- um importante processo do comportamento humano.
quia. Nesse sentido, não existe prazer de trabalhar para Ela interage e atua em conjunto com outros pro-
si mesmo ou pelo amor aos outros, devidos à inconsci- cessos mediadores e o ambiente, ajuda a compreender
ência entre a generosidade externa, para com os outros o comportamento humano em um sentido sistêmico. A
e a interna que reduz a motivação das pessoas. motivação consiste de três elementos integrantes e
Ao permitir que as pessoas administrem o seu com- interdependentes: necessidades, impulsos e incentivos.
portamento, democraticamente, recebem poder para to- As necessidades são criadas quando surge um
mar decisões quanto a aspectos importantes, as organi- desbalanceamento fisiológico ou psicológico. Ela apare-
zações estão impulsionando um poderoso motivador. ce quando as células do corpo são privadas de alimento
Existem algumas condutas e critérios para estimu- e água ou quando as pessoas são privadas de seus ami-
lar a motivação na empresa, conforme Chiavenato gos e companheiros. (BLANCHARD & HERSEY,
(2004): 1996).
- Não tratar os colaboradores como se fossem to- Em suma, uma necessidade significa uma carência
dos iguais, pois eles possuem necessidades diferentes. interna da pessoa, como fome, insegurança, solidão, etc.
Procurar compreender o que é importante para cada um O organismo se caracteriza pelo estado de equilíbrio,
deles. que é rompido toda vez que surge uma necessidade que
- Definir os objetivos e fornecer feedback: traçar é um estado interno que, quando não satisfeita, cria ten-
objetivos que sejam específicos, desafiantes e que pos- são e estimula algum impulso no indivíduo, visando à sua
sam ser monitoráveis. Permitir que os colaboradores fi- redução ou atenuação.
quem sabendo como estão se saindo. Os impulsos são os meios que aliviam necessida-
- Estimular a participação nas decisões: permitir, des e geram um comportamento de busca e pesquisa
ou até mesmo, encorajar a participação dos colabora- para localizar o objetivo, ou incentivar, se atingidos, sa-

54
tisfarão a necessidade e produzirão redução da tensão. organização de maneira particular e com isso, sempre
São orientados para a ação e proporcionam as condi- levando a motivação como fonte de necessidade.
ções energizadoras no sentido de alcançar um incentivo. Com esse tratamento possibilita ao supervisor ou
(BLANCHARD & HERSEY, 1996). gerente colocar os funcionários em uma área de trabalho
As três dimensões do processo motivacional bási- que mais se adequar ao perfil, identificando as necessi-
co necessidades, impulsos e incentivos constituem o pon- dades de cada um.
to de partida para as teorias de motivação. As necessi- Os objetivos são focos de motivação aos funcio-
dades servem de impulso para o alcance ou obtenção nários. Os funcionários sentem a importância do desem-
de incentivos desejados (BERGAMINI e CODA, 1997). penho, das recompensas e da satisfação pessoal. Sen-
tem necessidade de crescimento e criam desafios para o
2.1. PROCESSO MOTIVACIONAL futuro, visando a realização dos objetivos.
É importante se oferecer feedback do desempe-
De acordo com Wagner III & Hollenbeck (2002), nho, para mostrar aos funcionários como estão realizan-
as pessoas são motivadas por uma grande variedade de do o trabalho, sendo um fator motivacional.
fatores. Para a maioria das teorias, os processos
motivacionais estão dirigidos pelas metas ou necessida-
des. As metas são resultados procurados pela pessoa e 3. CLASSIFICAÇÃO DAS TEORIAS SOBRE
atuam como forças vitais que a atraem. O alcance das MOTIVAÇÃO
metas desejadas conduz a uma redução das necessida-
des humanas, que podem ser positivas como elogios e Segundo Chiavenato (2004), não faltam teorias para
reconhecimento, ou negativas como, por exemplo, críti- motivação, mas o assunto é complexo, pois cada pes-
ca. soa é atraída por um conjunto de metas. Podem-se clas-
As necessidades são carências ou deficiências que sificar as teorias sobre motivação em três grupos: as te-
a pessoa experimenta em um determinado período de orias de conteúdo (que se relacionam com os fatores
tempo. Pode ser fisiológica, como necessidade de ali- internos à pessoa e que ativam, dirigem, sustentam ou
mento, ou psicológica, como necessidade de auto-esti- paralisam o comportamento, ou seja, as necessidades
ma. As necessidades são energizadoras ou específicas que motivam as pessoas), as teorias de pro-
desencadeadoras das respostas comportamentais. Quan- cesso (que descrevem e analisam o processo pelo qual
do surge uma necessidade, a pessoa se torna mais sus- o comportamento é ativado, dirigido, mantido ou parali-
cetível aos esforços motivacionais dos líderes ou geren- sado) e as teorias de reforço (que se baseiam nas con-
tes. (MINUCCI, 1995) seqüências do comportamento bem ou mal sucedido).
Segundo Chiavenato (2004), enquanto a necessi- As teorias partem do princípio de que os motivos
dade satisfeita gera um estado de satisfação e conse- do comportamento humano residem no próprio indiví-
qüente bem-estar, uma necessidade não satisfeita pode duo, a motivação para agir e se comportar deriva de
gerar frustração, conflito e estresse. O bloqueio de cer- forças que existem dentro dele.
tas necessidades pode resultar em um desempenho in-
desejável à frustração. Os mecanismos de reação dife- 3.1. Teoria ERC – (Existência, Relacionamento e
rem de pessoa para pessoa em função de fatores Crescimento)
ambientais, situacionais e pessoais.
A inabilidade em reduzir uma carência pode con- De acordo com Chiavenato (2004), a teoria
duzir a um esforço maior para melhorar o desempenho, motivacional de Maslow se baseia na chamada hierar-
ou para suprir essa necessidade, mas pode também ge- quia de necessidades. O fundamento dessa teoria é que
rar comportamentos defensivos. Assim, a fuga, a agres- as necessidades podem ser hierarquizadas, distribuídas
são e a regressão são exemplos de comportamentos em uma hierarquia de importância e de influência do com-
defensivos que resultam da incapacidade de satisfazer portamento humano. As necessidades apontadas por
certas necessidades. Maslow são as seguintes:
De acordo com Davis e Newstrom (2002), a apli- - Necessidades fisiológicas: são as necessida-
cação gerencial das necessidades é feita por meio do des de alimentação, bebida, habitação e proteção con-
conhecimento das forças motivacionais pelos adminis- tra a dor ou sofrimento. São também denominadas ne-
tradores, sendo assim, são identificadas as atitudes de cessidades biológicas e exigem satisfação cíclica e reite-
seus funcionários, podendo lidar com cada membro da rada a fim de garantir a sobrevivência do indivíduo.

55
Fora do trabalho a necessidade é comida e água, estima de Maslow.
logo no trabalho é a remuneração e benefícios, horário Necessidades de crescimento são necessidades de
de trabalho, Intervalos de descanso e conforto físico. desenvolvimento do potencial humano, desejo de cres-
- As necessidades de segurança: são as de es- cimento e competência pessoal. Incluem os componen-
tar livre de perigos reais ou imaginários e de proteção tes intrínsecos das necessidades, bem como a necessi-
contra ameaças externas ou ambientais. Estão também dade de auto-realização.
intimamente relacionados com a sobrevivência do indi- Existem algumas diferenças entre a abordagem de
víduo, fora do trabalho eles possuem satisfações como Maslow Ano e a de Alderfer Ano substituiu as cinco ne-
amizade dos colegas, interação com clientes, chefia ami- cessidades básicas de Maslow, mais de uma necessida-
gável e camaradagem, mas no trabalho possuem outros de pode ser ativada ao mesmo tempo. Uma pessoa pode
fatores como trabalho seguro, permanência no emprego estar orientada para o crescimento, a existência e o rela-
e proteção. cionamento ao mesmo tempo e em qualquer seqüência,
- As necessidades sociais: são as amizades, par- e todas essas necessidades podem estar atuando simul-
ticipação, filiação a grupos, amor e estão relacionadas taneamente.
com a vida associativa do indivíduo, junto a outras pes- Se uma necessidade de nível mais alto for reprimi-
soas e com o desejo de dar ou receber afeto. da, o desejo de satisfazer outra de nível mais baixo de-
Para o indivíduo a satisfação fora do trabalho é fa- verá aumentar.
mília, amigos, grupos sociais e a comunidade, mas no A hierarquia de Maslow segue uma progressão rí-
trabalho é a amizade dos colegas, interação com clien- gida em etapas consecutivas, enquanto a ERC não assu-
tes, chefia amigável e camaradagem. me a existência de uma hierarquia rígida, em que uma
- Necessidades de estima: são relacionadas com necessidade de nível mais baixo tem de ser satisfeita an-
a maneira pela qual a pessoa se vê e se auto-avalia, como tes de se seguir adiante.
auto-estima, auto-apreciação e auto-confiança. As sa- A teoria ERC tem uma dimensão de frustração-
tisfações fora do trabalho são a aprovação da família, regressão. Quando uma necessidade de nível alto é frus-
aprovação dos amigos e reconhecimento da comunida- trada, cresce o desejo de atender a uma necessidade de
de. No trabalho as satisfações são o reconhecimento, nível baixo.
responsabilidade, orgulho e promoções. A incapacidade de satisfazer a uma necessidade de
- Necessidades de auto-realização: são as mais interação social pode aumentar o desejo de ganhar mais
elevadas do ser humano e que o leva a se realizar, dinheiro, ou de ter melhores condições de trabalho. A
maximizando suas aptidões e capacidades potenciais. frustração pode levar a regressão e ativar a uma neces-
São as necessidades humanas que se concentram no topo sidade de nível mais baixo, muitas pessoas comem de-
da hierarquia e se traduzem na tentativa de cada pessoa mais quando estão ansiosas ou frustradas em suas ne-
realizar seu próprio potencial e se desenvolver continua- cessidades mais elevadas (SPECTOR, 2002).
mente como ser humano ao longo da vida.
As satisfações fora do trabalho provém de educa- 3.2. Teoria dos dois fatores de Herzberg
ção, crescimento pessoal, passatempos e religião; já as
satisfações no trabalho provem de trabalho desafiante, De acordo com Spector (2002), a teoria demons-
diversidade, autonomia, crescimento, pessoal e partici- tra que a motivação das pessoas para o trabalho depen-
pação nas decisões. de de dois fatores intimamente relacionados.
Segundo Spector (2002), a hierarquia de Maslow - Fatores higiênicos: referem-se às condições que
serviu como base para alinhar melhor sua pesquisa rodeiam a pessoa enquanto trabalha, englobando as con-
empírica, condensada nas necessidades de existir, rela- dições físicas e ambientais de trabalho, salário e benefí-
cionar-se e crescer. Daí sua teoria ERC (Existência, cios, políticas da organização, estilo de liderança recebi-
Relacionamento e Crescimento) que sintetiza as neces- do, clima de relações entre a direção e os empregados,
sidades: existência, preservação e sobrevivência. Inclu- regulamentos internos, oportunidades de crescimento e
em as necessidades fisiológicas e de segurança de relacionamento com colegas.
Maslow, necessidades de relacionamento são as neces- Correspondem ao contexto do trabalho, na práti-
sidades de relações interpessoais, e referem-se ao de- ca, constituem os fatores tradicionalmente utilizados pe-
sejo de interação social com outras pessoas, a sociabili- las organizações para obter motivação das pessoas.
dade e ao relacionamento social, incluindo as categorias Contudo, os fatores higiênicos são limitados em sua ca-
sociais e os componentes externos da necessidade de pacidade de influenciar as pessoas.

56
Os fatores higiênicos estão relacionados com as dade ou quantidade de produção para aumentar a en-
condições externas ao indivíduo, e estão relacionados trada na relação e restabelecer a equidade.
com as necessidades primárias da pessoa. Quando a remuneração é feita com base no tempo,
- Os fatores motivacionais: referem-se ao con- as pessoas sub-remuneradas produzem menos ou com
teúdo do cargo, as tarefas e as atividades relacionadas menor qualidade. O empenho diminui o que resulta em
com o cargo em si, produzem efeito duradouro de satis- menor produtividade ou qualidade, em comparação com
fação e de aumento de produtividade em níveis de exce- pessoas pagas com equidade. Porérm, quando a remu-
lência. neração é feita por quantidade de produção, as pessoas
Quando os fatores motivacionais são ótimos, ele- super-remuneradas produzem menos que as pessoas
vam substancialmente a satisfação das pessoas. Os fa- pagas com equidade.
tores motivacionais estão relacionados com as condi- Para a remuneração feita por quantidade de pro-
ções internas do indivíduo que conduzem a sentimentos dução, as pessoas sub-remuneradas produzem um gran-
de satisfação e de auto-realização, estão relacionados de número de unidades de baixa qualidade, em compa-
com as necessidades secundárias da pessoa. ração com pessoas pagas com equidade. Assim, conse-
A teoria descreve à conclusão de que os fatores guem equidade, pois a troca da qualidade pela quanti-
responsáveis pela satisfação profissional são totalmente dade vai resultar em aumento na recompensa com pou-
desligados e distintos dos fatores responsáveis pela in- co ou nenhum aumento nas contribuições.
satisfação, o oposto de satisfação não é a insatisfação, Para Davis e Newstrom (2002), a teoria da
mas nenhuma satisfação. Da mesma maneira, o oposto equidade sempre enfocou a justiça distributiva, isto é, a
de insatisfação não é a satisfação, mas nenhuma insatis- justiça que se percebe na quantidade e alocação das
fação. Cada um dos dois fatores tem uma dimensão pró- recompensas entre as pessoas. A equidade passou a
pria. considerar a justiça de processo, a justiça percebida no
As abordagens de Maslow e Herzberg, embora di- processo utilizado para determinar a distribuição das re-
ferentes, apresentam alguns pontos de concordância que compensas.
permitem uma configuração mais rica a respeito da mo- A justiça de distribuição tem uma influência maior
tivação humana para o trabalho Davis & Newstrom sobre a satisfação das pessoas do que a justiça de pro-
(2002) cesso, enquanto esta última tende a afetar o comporta-
mento das pessoas como a organização, a confiança na
3.3. Teoria da Equidade chefia e a intenção de permanecer.
A teoria da equidade mostra que, para a maioria
De acordo com Davis e Newstrom (2002), é a pri- das pessoas, a motivação é fortemente influenciada pe-
meira das teorias de motivação relacionadas com o pro- las recompensas relativas e pelas recompensas absolu-
cesso motivacional, que se baseia na comparação que tas.
geralmente as pessoas fazem a respeito de suas contri-
buições e de suas recompensas em relação às contribui- 3.4. Teoria da Definição de Objetivos
ções e recompensas dos outros.
As pessoas fazem comparações entre o seu traba- Para Minicucci (1995), a intenção de lutar pelo al-
lho, como esforço, experiência, educação, competên- cance de um objetivo é a maior fonte de motivação, pois
cia, e os resultados obtidos, como remuneração, aumen- o objetivo sinaliza a pessoa o que precisa ser feito e
tos, reconhecimento e o das outras pessoas. Elas perce- quanto esforço ela terá de despender para o seu alcan-
bem o que recebem do trabalho como resultados em ce. Assim, surgiu a teoria da definição de objetivos para
relação ao que dão a ele como entradas e comparam avaliar o impacto da especificação do objetivo, o desa-
essa relação resultados, entradas com a relação resulta- fio e a retroação sobre o desempenho das pessoas.
dos e entradas de outras pessoas relevantes. As evidências confirmam a importância dos objeti-
Segundo Davis e Newstrom (2002), a teoria da vos, como os objetivos específicos melhoram o desem-
equidade mostra que a remuneração constitui uma im- penho, como os objetivos mais difíceis, quando aceitos,
portante fonte de equidade ou iniqüidade, pois, quando melhoram o desempenho do que os mais fáceis e que a
a remuneração é feita com base no tempo salário men- retroação conduz a melhores desempenhos.
sal, as pessoas super-remuneradas produzem mais do Essa abordagem mostra que os objetivos específi-
que as pessoas pagas com equidade. Em outras pala- cos difíceis produzem melhores resultados, a
vras, as pessoas super-remuneradas geram maior quali- especificidade do objetivo funciona como um estímulo

57
interno. Quando um vendedor define o objetivo de ven- como analisar e predizer os cursos de ação que as pes-
der doze carros por mês, ele fará o melhor possível para soas irão tomar, quando tiverem oportunidade de reali-
alcançar a meta determinada. zar escolhas sobre seu comportamento.
Se a pessoa é capacitada e aceita o objetivo, quanto A teoria da expectativa propõe que as pessoas são
mais difícil ele for, tanto mais alto o nível de desempe- motivadas quando acreditam que podem cumprir a tare-
nho. O compromisso com um objetivo difícil depende fa em resultado intermediário. E que as recompensas do
de um alto nível de esforço da pessoa, pois as pessoas resultado final decorrentes são maiores do que o esforço
trabalham melhor quando têm retroação com relação ao feito.
seu progresso. Pois isso ajuda a perceber a distância Existem três conceitos básicos da teoria da
entre o que têm feito e aquilo que precisa ser realizado expectância a valência que é o valor ou importância focada
para o alcance do objetivo. em uma recompensa específica, sendo que cada pessoa
A retroação funciona como um guia para o com- tem preferência para determinados resultados finais. Uma
portamento, e quando a retroação é auto gerenciada a valência positiva indica um desejo de alcançar determi-
pessoa consegue monitorar seu desempenho e progres- nado resultado final, enquanto uma valência negativa im-
so, ela é mais eficiente do que a retroação externa. plica um desejo de fugir de determinado resultado final.
Segundo Minicucci (1995) a auto-eficácia se refe- Fonte: Davis & Newstrom (2002).
re à convicção individual de que se é capaz de realizar A expectância é a crença de que o esforço levará
determinada tarefa. Quanto maior a auto-eficácia, tanto ao desempenho desejado. Existem objetivos intermedi-
maior a confiança na possibilidade de realizar uma tarefa ários e gradativos que conduzem a um resultado final.
com sucesso. Pessoas com baixa auto-eficácia tendem A motivação é um processo que governa escolhas
a abandonar a tarefa e as desistir dos esforços, enquan- entre comportamentos. A pessoa percebe as conseqü-
to aquelas com elevada auto-eficácia tendem a lutar mais ências de cada alternativa de comportamento como re-
arduamente. Estas respondem à retroação negativa com sultado, representando uma cadeia de relações entre
mais determinação. meios e fins. Quando uma pessoa procura um resultado
Para a teoria da definição de objetivos, existem intermediário como produtividade elevada, está buscan-
quatro métodos básicos para motivar as pessoas: dinheiro do meios para alcançar um resultado final como dinhei-
que não deve ser o único motivador, mas devem ser apli- ro, reconhecimento do gerente e aceitação do grupo.
cados juntamente com os outros métodos, como defini- A percepção da capacidade da pessoa de influen-
ção objetiva, participação na tomada de decisões e na ciar seu próprio nível de produtividade, se da através da
definição de objetivos, redesenho de cargos e tarefas crença, a pessoa acredita que um enorme esforço
para proporcionar maior desafio e responsabilidade às despendido tem efeito sobre o resultado e tenderá a se
pessoas. esforçar muito.

3.5. Teoria da Expectância 3.6. Teoria das necessidades adquiridas de


McClelland
De acordo com Davis & Newstrom (2002), é de-
nominada teoria da expectativa à parte das necessida- Segundo Blanchard e Hersey (1996), é uma teoria
des humanas, podem ser satisfeitas por meio do seu focada no conteúdo e foi desenvolvida por McClelland e
engajamento em certos comportamentos. sua equipe.
Em todas as situações, as pessoas se encontram De acordo com essa teoria, existem três motivos
diante de vários comportamentos, que potencialmente ou necessidades básicas na dinâmica do comportamento
podem satisfazer as suas necessidades e devem optar humano. As necessidades de realização que são defini-
por um deles. A explicação sobre como as pessoas es- das por necessidade de êxito competitivo, de busca da
colhem entre um conjunto de comportamentos alternati- excelência e de realização em relação a determinados
vos é a chamada teoria da expectativa. padrões e de luta pelo sucesso.
Ela se baseia, na proposição aparentemente sim- Algumas pessoas têm inclinação natural para o su-
ples de que as pessoas optam por aqueles comporta- cesso e buscam a realização pessoal mais do que a re-
mentos, que julgam que as levarão os resultados. Como compensa pelo sucesso em si, os grandes realizadores
recompensas; salário; reconhecimento e sucesso, que são se diferenciam pelo seu desejo de fazer melhores as coi-
atrativos e atendem às necessidades específicas. Basea- sas, pois buscam situações em que possam assumir a
da nessa proposição, a teoria da expectativa mostra responsabilidade de encontrar soluções para os proble-

58
mas. condicionar o comportamento das pessoas.
Outra Necessidade que Blanchard e Hersey Não se deve omitir a utilidade do reforço como
(1996), relatam é a de poder, a necessidade de contro- ferramenta motivacional, o reforço tem uma influência
lar ou influenciar outras pessoas, de fazer com que as muito importante no comportamento.
pessoas se comportem de uma maneira que não o fari- Segundo Blanchard e Hersey (1996), as premis-
am naturalmente. sas básicas dessa teoria estão baseadas na lei do efeito
Representa o desejo de causar impacto, de ter in- o comportamento que proporciona um resultado agra-
fluência e de controlar as outras pessoas, de estar no dável e tende a se repetir. Enquanto o comportamento
comando. Pessoas com essa necessidade preferem situ- que proporciona um resultado desagradável tende a não
ações competitivas e de status e tendem a se preocupar se repetir.
mais com o prestígio e a influência do que com o desem- O condicionamento operante é uma forma de apren-
penho eficaz. dizagem por reforço, alguns autores propõem a modifi-
Contudo, a última necessidade de afiliação é a ne- cação do comportamento organizacional, a utilização sis-
cessidade de relacionamento humano, de manter rela- temática dos princípios do reforço, para encorajar o com-
ções interpessoais próximas e amigáveis. Representa o portamento desejável e desencorajar o comportamento
desejo de ser amado e aceito pelos outros. As pessoas indesejável no trabalho.
que possuem essa necessidade buscam amizade, prefe- Existem estratégias de modificação do comporta-
rem situações de cooperação em vez de competição, mento organizacional, o reforço positivo para aumentar
desejam relacionamentos que envolvam compreensão a freqüência ou intensidade do comportamento desejá-
mútua. vel, relacionando-o com as conseqüências agradáveis e
Essas três necessidades são aprendidas e adquiri- contingentes à sua ocorrência. A aprovação da atitude
das ao longo da vida como resultado das experiências de um funcionário pela gerência, e a concessão de um
de cada pessoa. Como as necessidades são aprendidas, prêmio financeiro a um funcionário por uma boa suges-
o comportamento recompensado tende a repetir-se com tão são exemplos de reforço positivo.
mais freqüência. Como resultado desse processo de O Reforço negativo pode aumentar a freqüência
aprendizagem, as pessoas desenvolvem padrões únicos ou intensidade do comportamento desejável, pelo fato
de necessidade que afetam seu comportamento e de- de evitar uma conseqüência desagradável e contingente
sempenho. à sua ocorrência.
A exigência de que o funcionário não cometa mais
3.7. Teoria do Reforço determinada falta é um exemplo de reforço negativo.
A Punição para diminuir a freqüência ou eliminar
Segundo Blanchard e Hersey (1996), a teoria do um comportamento indesejável, pela aplicação da con-
reforço trata-se de uma contrapartida à teoria da defini- seqüência desagradável e contingente à sua ocorrência,
ção de objetivos que sugere os propósitos de cada pes- a repreensão do funcionário ou suspensão do pagamen-
soa que orientam as suas ações. Por sua vez, a teoria do to de bônus ao funcionário que atrasa indevidamente ao
reforço é uma abordagem comportamental que argumenta trabalho são exemplos de punição.
que o reforço condiciona o comportamento. Ambas as Há também a Extinção para diminuir a freqüência
teorias são discordantes entre si. ou eliminar um comportamento indesejável, pela remo-
A teoria do reforço visualiza o comportamento como ção de uma conseqüência agradável e contingente à sua
causa do ambiente sem se preocupar com os eventos ocorrência. A extinção não encoraja nem recompensa.
cognitivos internos. Para ela, o que controla o compor- Por exemplo, o gerente observa que um funcionário
tamento são os reforços tomados como qualquer con- faltoso recebe aprovação social de seus colegas e os
seqüência que, quando seguem imediatamente uma res- aconselha a não lhe dar mais tal aprovação.
posta, aumentam a probabilidade de que aquele com- Essas estratégias são alternativas disponíveis para
portamento se repita. influenciar as pessoas em relação à melhoria contínua
O comportamento é uma função de suas conseqü- das práticas de trabalho. Tanto o retorço positivo como
ências, se a conseqüência é positiva e favorável ele é o negativo serve para fortalecer o comportamento dese-
reforçado. Embora não se preocupe com as condições jável. A punição e a extinção servem para enfraquecer
internas da pessoa, a teoria do reforço oferece meios de ou eliminar os comportamentos indesejáveis
análise daquilo que controla o comportamento. Quando (BLANCHARD e HERSEY, 1996).
aborda aprendizagem, verifica-se como o reforço pode

59
CONCLUSÃO 4. ed. São Paulo: EPU, 1996.
CHIAVENATO, I. Comportamento Organizacional: a
As teorias da motivação são muitas e nenhuma de- dinâmica do sucesso das organizações. Volume 6. São
las corresponde à realidade. Contudo, várias delas têm Paulo: Thomson, 2004.
embasamento científico. E isso complica ainda mais, pois DAVIS, K; NEWSTROM, J. Comportamento humano
seria mais oportuno se, após a apresentação de todas as no trabalho: uma abordagem psicológica. Volume I. São
teorias, apenas uma fosse validada, pois nenhuma delas Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
compete com as demais. Uma provável explicação é que MINUCCI, A. Psicologia aplicada à administração. 5.
cada teoria aborda um aspecto específico de um con- ed. São Paulo: Atlas, 1995.
ceito extremamente complexo e contingências. O desa- SPECTOR, P. Psicologia nas organizações. 2. ed. São
fio é juntá-las para tentar compreender o seu inter-rela- Paulo: Saraiva 2002.
cionamento. Para isso, parte-se do modelo de
expectação que envolve quatro passos o esforço indivi-
dual, desempenho individual, recompensas
organizacionais e metas pessoais.
De um lado, o esforço individual depende da capa-
cidade da pessoa e das oportunidades que lhe são ofe-
recidas pela organização para que ela possa ter um de-
sempenho individual. Por outro lado, o reforço incrementa
a percepção das recompensas organizacionais, isso con-
duz ao alcance de metas pessoais, dependendo das ne-
cessidades dominantes, do nível de necessidade de rea-
lização da pessoa e dos objetivos definidos que orien-
tam seu comportamento.
A motivação dos funcionários está mais voltada para
o desenvolvimento com o cliente e não para o próprio
funcionário. Os aspectos motivacionais de relacionamento
entre os funcionários e auto-interesse podem ser mais
bem explorados pela empresa e com isso desenvolver
melhor a viabilidade e desempenho de seus funcionári-
os.
Conclui-se que a motivação é um processo de es-
tímulo pessoal ou a direcionado para alguém com o in-
tuito de gerar uma ação desejada. As necessidades que
operam a motivação das pessoas devem estar baseadas
no seu cotidiano, nas suas referências de vida e no pró-
prio desempenho de trabalho, nas atitudes das pessoas
e no inter-relacionamento.
Ao tratar com indivíduos em grupo, um administra-
dor ou gerente não só afeta apenas as próprias funções
desempenhadas, mas também, os atos, ações, atitudes e
aparência de seus subordinados, esta é a importância
deste estudo para a organização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERGAMINI, C; CODA, R. Psicodinâmica da vida


organizacional: motivação e liderança. Volume 3. São
Paulo: Atlas, 1997.
BLANCHARD, K; HERSEY,P. Psicologia para admi-
nistradores: a teoria e as técnicas da liderança situacional.

60
RESPONSABILIDADE SOCIAL NO VAREJO (RSV)

Por Regina Lúcia Ribeiro e Eduardo Martins Junqueira, alunos da 2ª turma de


Pós-Graduação da Faculdade Fleming

Resumo

Este artigo apresenta um estudo sobre a Responsabilidade Social no Varejo, abordando o ambiente em que se
insere o setor varejista e suas características. Neste contexto, destaca os conceitos de responsabilidade social,
stakeholders e sua importância, bem como elenca o novo paradigma que prevalece nas estratégias empresariais de
se conseguir simultaneamente gerar valor social e econômico. O enfoque principal é dado na vocação do setor
varejista para a responsabilidade social e no apontamento das práticas socialmente responsáveis que podem ser
adotadas e implementadas no setor, incluindo a estas o código de ética em sua teoria e criação por parte das
empresas e, os indicadores de responsabilidade social empresarial desenvolvidos pelo Instituto Ethos como ferra-
menta que auxilia na incorporação da responsabilidade social na gestão das empresas.

Palavras-chave: responsabilidade social, stakeholders, sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO Parcela deste desafio consiste em alinhar o discur-


so, a boa vontade e a crescente conscientização do
Desde que se tem conhecimento da diferença bio- empresariado varejista em efetiva prática da gestão so-
lógica entre homem e mulher também se sabe das dife- cialmente responsável por parte de todos os níveis hie-
renças sociais e culturais provenientes dela. As desigual- rárquicos da empresa, de forma estruturada e sistêmica.
dades sociais de gênero surgiram de aspectos culturais e O objetivo deste artigo é de demonstrar a relação
sociais, que dividiam funções femininas e masculinas, atri- entre as empresas varejistas e as práticas socialmente
buindo às mulheres atividades diferentes das dos homens responsáveis realizadas, de acordo com a evolução deste
no ambiente familiar, escolar, desportivo e no trabalho, tema em questão, bem como a responsabilidade social
principalmente devido ao fato de a mulher estar associa- no varejo (RSV) como ferramenta de gestão empresari-
da a gestação e a criação dos filhos, responsabilidades al e a vocação das empresas varejistas para a responsa-
consideradas quase exclusiva delas. bilidade social.
A temática que envolve a responsabilidade social Nesse sentido, o presente artigo está estruturado
no varejo (RSV) é muito recente, dinâmica e ao mesmo da seguinte forma: a seção dois detalha o contexto histó-
tempo com visões diferentes, pois deve ser levada em rico/ambiente do setor varejista e a motivação para es-
consideração a geração de lucros pelos empresários num tudo da vocação do varejo para a responsabilidade so-
formato organizado, transparente e socialmente respon- cial, a seção três apresenta os fatores que caracterizam
sável por meio de práticas e mudanças profundas de a vocação do varejo para a responsabilidade social, a
atitudes em todos os escalões da organização. seção quatro analisa as práticas socialmente responsá-
Implica também que para a sua implementação seja veis que podem ser adotadas pelo setor e, a seção cinco
inserida no plano de negócios da organização, com o apresenta as conclusões e perspectivas futuras.
objetivo de haver práticas de conversação e gestão con-
vergida para um bom relacionamento entre a empresa, 2. Contexto e Motivação - Ambiente e característi-
empregados, clientes, fornecedores, consumidores, meio cas do setor varejista
ambientes, governos e sociedade, também conhecidos
como stakeholders. Apesar de exercer um papel de intermediador, o
No presente momento, algumas empresas varejis- empresário varejista a cada dia vem desenvolvendo um
tas têm desenvolvido práticas conscientes de gestão so- papel mais pró-ativo em identificar o seu papel como
cialmente responsável, mas o grande desafio é de en- empresário socialmente responsável.
contrar o ponto e equilíbrio entre gerenciar seus negóci- Historicamente, o fenômeno começou a ocorrer a
os com a exigida competitividade de mercado, contem- partir da intensificação do processo de globalização evi-
plando os aspectos do desenvolvimento sustentável ali- denciada na última década e pela grande influência do
ado às reivindicações da sociedade civil. livre-comércio que promoveu e facilitou a realização de

61
novos negócios no mundo, o que gerou riqueza surpre- damenta-se no setor empresarial, justamente pelo poder
endente. Porém, paralelamente os problemas sociais se econômico que se concentram nas empresas e também
acentuaram em relação a alguns aspectos: elevada con- pela capacidade que tem de estimular e mobilizar toda
centração de recursos e informações e aumento das sua cadeia de valor a contribuir para a melhoria da soci-
mazelas sociais provocadas pela degradação do meio edade.
ambiente, dentre outros que se agravaram afligindo e Sabe-se que diversas são as características do se-
impondo condições de desigualdade social. Em tor varejista, pois são as atividades desenvolvidas na
contrapartida, as empresas começaram a se dar conta venda de produtos e serviços que têm como objetivo o
de que a adoção de uma postura ética e socialmente atendimento à necessidade pessoal do consumidor final
responsável poderia não somente ser uma forma de agre- e, tais atividades varejistas podem ser desenvolvidas de
gar valor às suas atividades e fortalecer suas imagens, diversos formatos como: via internet, correios,
como também, que poderiam desenvolver iniciativas para telemarketing, na própria casa do consumidor, entre ou-
transformar a realidade social das comunidades nas quais tras.
se inserem. Assim, desenvolve-se uma sistemática de relacio-
O fato é que a partir desta percepção, a estratégia namento envolvendo toda a cadeia produtiva por inter-
da responsabilidade social corporativa cada vez mais está médio das relações comerciais existentes entre a empre-
se tornando uma forma de gestão empresarial que pos- sa varejista com produtores, indústrias, atacadistas, dis-
sibilita a criação de vantagens competitivas aos negóci- tribuidores, consumidores finais, instituições financeiras,
os. funcionários e seus familiares, entidades de classes, go-
Por volta da década de cinqüenta surgiram nos vernos, comunidade local, etc.
EUA, as primeiras tentativas de definição do termo “res- A motivação para o desenvolvimento do trabalho
ponsabilidade social”, que ganharam forma somente a apresentado neste artigo é a coleta de informações no
partir da disseminação do conceito na Europa, entre as que tange ao setor varejista que, exatamente por suas
décadas de sessenta e setenta. Porém, a idéia se fortale- peculiaridades como negócio, pressupõe uma vocação
ceu na década de oitenta, efetivando e implementando- especial para a área de responsabilidade social. Desta
se no meio empresarial mundial e brasileiro no início dos forma, identifica-se a necessidade de explorar quais são
anos 90. os fatores que determinam e reforçam tal vocação e as
Cabe ressaltar que segundo estudo realizado pelo possíveis práticas socialmente responsáveis que podem
GVcev – Centro de Excelência e Varejo da EAESP ser implementadas neste setor. A metodologia utilizada
(2006), o Brasil tomou a dianteira em relação ao restan- para tal ,embasa-se nas pesquisas qualitativa, exploratória
te dos países da América Latina na efetivação da idéia e bibliográfica, além da observação participativa.
da responsabilidade social.
A partir daí, as empresas aumentaram sua atuação 3. Fatores da Vocação do Varejo para a Responsa-
na área social pois, perceberam que a promoção do de- bilidade Social
senvolvimento social não se restringia à realização de
ações filantrópicas mas, que responsabilidade social pas- Antes de explorar os possíveis fatores supracitados
sava a ser uma forte estratégia competitiva que deveria cabe elencar o papel e a importância do varejo no Brasil
ser incorporada aos seus negócios, capaz de transfor- e, segundo a Revista Exame – Maiores e Melhores
mar a cultura corporativa. No Brasil, muitas empresas (2004) “existem mais de um milhão de empresas vare-
vêm desenvolvendo discussões para a responsabilidade jistas no Brasil: 7 delas estão entre as 100 maiores em-
social, agregada à promoção de ações eficazes para a presas do país”. E a grande maioria delas são micro e
diminuição das diferenças sociais, a gestão dos negócios pequenas empresas.
de maneira responsável e transparente, objetivando a Nesta estatística aplicam-se os mais diversos seg-
sua sustentabilidade. mentos e dentre os vários tipos de lojas pode-se citar
Segundo Parente e Gelman (2006, p. 19) “a res- desde os grandes hipermercados até as pequenas uni-
ponsabilidade social engloba todos os setores da socie- dades como: farmácias, bancas, mercearias, casas
dade”, cujas representações em escala compreendem: o lotéricas, bares, restaurantes, minimercados, etc., que
primeiro setor é o governo; o segundo se constitui pelas estão situadas em todo o país e segundos dados do IBGE
empresas; e o terceiro setor é composto pelas ONGs, são responsáveis pela geração de um número muito sig-
instituições sociais e a própria sociedade. Entretanto, a nificativo de empregos e pelo faturamento de mais de
maior possibilidade de mobilização para a mudança fun- R$ 300 bilhões de reais por ano.

62
Percebe-se que além da função de “distribuição” modificador da cadeia de valor mediante os procedi-
de mercadorias, o varejo concilia outros papéis na soci- mentos inerentes à sua atividade, dentre eles: estabeleci-
edade que vão desde a influência nos índices de geração mento de vínculos comerciais e relações de troca com o
de empregos até o desenvolvimento das comunidades consumidores na realização de parceiras com seus for-
onde estão situados. necedores, disseminando uma série de práticas, iniciati-
Segundo Parente (2000, p.12): “O varejo está es- vas e políticas sociais com as demais empresas da sua
trategicamente localizado entre os fornecedores e con- cadeia de valor, e na “educação” dos seus consumido-
sumidores e tal papel de intermediador tem fundamental res, que segundo Swindley (1990) “passam a associar a
importância na cadeia de suprimentos”, tornando-o res- prática da responsabilidade social à “boa” empresa, en-
ponsável por: quanto a ausência dessas iniciativas causa a impressão
- Todas as atividades inerentes ao processo de vendacontrária”.
de produtos e/ou serviços para o consumidor final; c - Representatividade e capilaridade geográ-
- Facilitar o acesso dos consumidores aos produ- fica - Pela enorme importância econômica no Brasil e
tos/serviços que desejam adquirir, fornecendo todas as no mundo fica clara sua representatividade tanto em
condições pertinentes: de armazenagem e entrega; faturamento, quanto em geração de empregos diretos e
- Garantir o fornecimento de variedade de produ- por sua capilaridade geográfica pelo fato da rede vare-
jista estar espalhada geograficamente por todas as regi-
tos/serviços, de várias marcas para propiciar e facilitar a
comparação e escolha por parte dos consumidores; ões do país. Como exemplo, pode-se citar o fato de
- Divisão de lotes, atendendo às necessidades tan- mesmo em regiões ou vilarejos mais remotos encontra-
to dos fornecedores quanto dos consumidores, pois per- se lojas e pontos de vendas exercendo a importante fun-
mite que o fabricante venda em grande quantidade, en- ção social de facilitar a vida dos habitantes que residem
quanto o consumidor adquira em menor quantidade; nestas regiões.
- Esclarecer as dúvidas dos consumidores sobre Atendo-se a idéia central dos autores é correto afir-
um determinado produto ou serviço. (BERNARDINO, mar que o novo paradigma que prevalece nas estratégi-
2004). as empresarias é a busca de geração simultânea entre o
valor social e econômico, ou seja, simultaneamente atin-
Face ao exposto, o varejo tem um papel funda- gir o duplo objetivo de conseguir o máximo de impacto
mental na cadeia de suprimentos quanto aos produtos social e econômico.
consumidos no país, pois, segundo as teorias da hierar- Torna-se importante, portanto, abordar o conceito
quia das necessidades de Maslow e de marketing por de Stakeholders e suas influências no varejo, porém, a
Kotlher (1994): “(...) o principal objetivo das empresas priori faz-se necessário compreender o conceito de Res-
é atender as necessidades do consumidor” e é exata- ponsabilidade social Empresarial, que segundo o Institu-
mente um dos principais papéis desenvolvidos pelo to Ethos:
varejo. “É a forma de gestão que se define pela relação
A partir deste enfoque e, segundo Parente e Gelman ética e transparente da empresa com todos os públicos
(2006, p.22) e Bernardinho (2004) vários são os fato- com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de
res que caracterizam a vocação do varejo para a res- metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento
ponsabilidade social: sustentável da sociedade, preservando recursos
a - Proximidade com o consumidor final e arti- ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando
culação social nas comunidades - Não somente no a diversidade e promovendo a redução das desigualda-
ponto de vista físico, como também no de freqüência. des sociais”.
As lojas são um pólo de atração de pessoas e, conside- Uma vez que responsabilidade social empresarial é
rando a freqüência de visitas de consumidores a estabe- considerada a forma de gestão delineada pela relação
lecimentos varejistas pode-se imaginar a interação que ética e transparente com todos os públicos com as quais
acontece entre os mesmos, logo, o estabelecimento pode se relaciona, identifica-se os stakeholders, cujo concei-
se transformar em um centro disseminador de valores to, segundo Certo e Peter (1993, p.277-278) e Parente
para a comunidade. Certamente a melhoria da qualida- e Gelman (2006, p.25) compreende:
de de vida da comunidade trará benefícios à empresa e
vice-versa. – acionistas, investidores ou proprietários das empre-
sas. Todavia com o aumento da complexidade das socie-
b - Papel modificador na cadeia de valor - O dades, começaram a ser identificados outros grupos que
varejo é capaz de operar intensamente como agente tinham interesse (stake, em inglês) nas organizações, de

63
modo que eles passaram a ser incluídos nas decisões.
questões como o bom clima organizacional, igualdade
Sendo assim, pessoas e grupos que outrora eram consi-
derados ser poder ou incapazes de fazer reivindicações de oportunidades, política salarial e de incentivos consis-
às empresas tornaram-se seus stakeholders. tente e de segurança no trabalho. O cumprimento da
legislação trabalhista é o requisito mínimo que uma em-
Assim sendo, pode-se definir stakeholders como presa socialmente responsável deve atender. Além dis-
indivíduos que estão ligados a uma organização ou que so, cabe salientar que tratar os funcionários com o devi-
apresentam interesses em uma organização e são afeta- do respeito, atenção e dignidade é uma filosofia que deve
dos pelas decisões tomadas por ela. (FEARN-BANKS, ser adotada, principalmente porque somente após terem
1996). suas necessidades essenciais atendidas, os funcionários
Observa-se que os vários públicos de interesse passam a ter motivação e se predispõem à realização de
(stakeholders) no varejo são: os funcionários, os con- possíveis campanhas de trabalhos voluntários promovi-
correntes, a mídia, os clientes, os acionistas, entre ou- dos pela empresa.
tros, e que o varejo pode exercer com mais plenitude c - Consumidores e clientes - Um elemento fun-
sua função de interagir com o meio, uma vez que igual- damental para todos os empreendimentos e, sobretudo
mente tem muita intimidade com a comunidade, com o para o varejo é a satisfação dos clientes oferecendo não
meio ambiente e com seus clientes, colaboradores e for- somente produtos ou serviços que estes desejam consu-
necedores. mir mas, ir além, objetivando preservar o bem-estar dos
Define-se então que o varejo socialmente respon- mesmos, do meio ambiente e da sociedade. Certamente
sável é aquele que mantém um relacionamento ético e esta satisfação poderá ser alcançada por meio de políti-
respeitoso com todos os seus stakeholders. cas de preços justos e, propagandas éticas e oferta de
produtos que detenham a qualidade desejada e que não
4. Práticas socialmente responsáveis que podem ser ofereçam riscos à saúde.
adotadas pelo setor varejista d - Meio ambiente - Face à escassez de recursos
naturais, que cada vez são percebidas e divulgadas, a
É fundamental se atentar ao comportamento do sociedade tem se conscientizado a este respeito e a pro-
varejo em relação aos seus stakeholders e, conforme teção ao meio ambiente passa a ser objeto de especial
estudo realizado pelo GVcev – Centro de Excelência atenção por parte das empresas varejistas com o
em Varejo da Escola de Administração de Empresas da posicionamento socialmente responsável, para tal, práti-
Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) em parceria cas de utilização de embalagens recicláveis e
com a empresa Philip Morris Brasil, bem como, o Ma- biodegradáveis, incentivo à prática de coleta seletiva de
nual de Boas Práticas e Indicadores de responsabilida- lixo, utilização de fontes de energias renováveis e não-
de Social nas Empresas Varejistas desenvolvido pelo poluentes, prevenção de desperdícios dos recursos: água
Instituto Ethos e Relatório Socioambiental 2004, publi- e energia elétrica e preferência por fornecedores que tam-
cado pela empresa Unilever são apresentadas algumas bém adotem tais práticas. É importante mencionar que a
práticas e comportamentos socialmente responsáveis que partir do momento em que a empresa demonstra e/ou
são inerentes ao setor varejista e as empresas devem comunica o seu envolvimento com a causa passa a influ-
adotar com seus stakeholders, dentre as quais citam: enciar o comportamento dos funcionários, fornecedores
a - Acionistas - Que devem receber um retorno e consumidores, levando-os a adotar algumas das práti-
justo e adequado ao capital investido e confiado aos cas em casa, no trabalho e na comunidade.
gestores do negócio pois, exercer uma gestão compe- e - Comunidade - Além do envolvimento com a
tente de seus negócios objetivando a obtenção de resul- comunidade pelo fator intrínseco da capilaridade e fre-
tados satisfatórios que garantam a sua sobrevivência é qüência de interações com os clientes, o varejo pode
ser uma empresa socialmente responsável. cooperar em prol da melhoria de vida da comunidade
b - Funcionários - Considerados de especial rele- por meio da oferta de produtos e serviços e também de
vância para o varejo, pois o modo como uma empresa se envolver com alguma organização não-governamental
trata os mesmos é o indicador utilizado pelos consumi- de sua área de influência tais como: creches, asilos, hos-
dores na categorização da empresa “boa” ou “má”. Ou- pitais, etc., com participação em programas comunitári-
tro aspecto é que tanto a qualidade dos serviços quanto os, utilização de instalações ociosas da loja para ativida-
a imagem da empresa dependem da qualidade das des comunitárias, que como exemplo, pode-se citar: posto
interações que ocorrem entre consumidores e funcioná- de coleta de doações, de interação da comunidade, de
rios, o que torna fundamental tratar criteriosamente as incentivo ao trabalho voluntário, dentre outras ações so-

64
ciais. vimento.
f - Fornecedores - Ao se esforçar em estender
sua atuação social a outros elos, o varejo pode ainda 5. Considerações Finais e Perspectivas Futuras
contribuir com ações socialmente responsáveis para com
seus fornecedores como quando adota práticas de rela- O processo de responsabilidade social nas empre-
ções comerciais estabelecidas por parcerias norteadas sas se inicia no âmbito pessoal e atinge o organizacional,
nos princípios da honestidade. Isto se caracteriza quan- pois é a partir da decisão de uma pessoa do grupo co-
do faz a opção por produtos feitos por empresas soci- meçar a agir de maneira socialmente responsável que se
almente responsáveis e também por fornecedores que “desperta” a consciência coletiva daquele grupo e, basta
arquem com suas responsabilidades para com a nação e a expansão desta consciência para ocorrer uma mudan-
pagam devidamente seus impostos. ça de postura que consequentemente se estenderá a toda
Dentre as práticas mencionadas é importante des- empresa e à comunidade.
tacar que um dos aspectos mais importantes da respon- Por sua lógica sistêmica, que enfatiza e torna visível
sabilidade social empresarial é estabelecer os padrões a relação de interdependência entre a empresa e seu am-
éticos de conduta a serem seguidos pela empresa. Ou biente, o setor varejista é o que está mais suscetível às
seja, estabelecer qual o conjunto de valores sobre os relações de troca mútua, também denominada “energia
quais o negócio será estruturado, que guiarão sua con- vai e volta” e, dependendo da qualidade da energia que
duta e a dos colaboradores durante o período de traba- a empresa emite para o ambiente, poderá tornar essa
lho. relação de reciprocidade um círculo vicioso ou virtuoso.
O código de ética é a representação deste conjun- O que se caracterizou neste estudo foi principal-
to de valores que deve ser redigido formalmente, previ- mente, a grande interação que ocorre entre o varejo e o
amente discutido com todos os colaboradores e, a partir consumidor, que se estende a sua cadeia de valor e
de um consenso, divulgado para todos os públicos com que o pode transformar em um centro de disseminação
os quais a empresa se relaciona. de valores para a comunidade.
O envolvimento dos colaboradores neste processo Logo, o que se pensava ser utópico começa a se
é fundamental para que ele seja redigido de forma a conter tornar plausível, pois o ideal da sustentabilidade se tor-
todas as informações sobre o comportamento espera- nou abrangente e passou a ser uma solução inteligente
do, em diversos aspectos, tais como: importância do cli- para garantir a sobrevivência não só das pessoas e em-
ente, forma de agir perante situações de tentativa de pro- presas, mas também de toda a sociedade
pina e corrupção, qualidade dos produtos ou serviços Contudo, percebe-se a prática da responsabilida-
vendidos, etc., e também para que seja seguido por to- de social como um novo paradigma que, para ser efeti-
dos. vamente adotada pelas empresas do setor varejista en-
A divulgação é extremamente importante e pode frentará dois grandes desafios: o das diferenças entre o
ser feita de forma simples, como por exemplo, por meio discurso e a prática da responsabilidade social e a forma
de cartazes em pontos estratégicos na empresa. de competição dentro do próprio setor.
Para que uma empresa trabalhe nesta perspectiva A perspectiva futura é de que para vencer tais obs-
estruturada, sistêmica e abrangente, faz-se necessário que táculos, as empresas varejistas (as de micro e pequeno
o tema seja incorporado nos processos de gestão e seja porte) possam se associar com o objetivo de produzir
tratado no plano estratégico do negócio. um manual ou documento de “princípios do comércio
É importante ressaltar que a utilização de instru- ético” que oriente as ações dos concorrentes associa-
mentos adequados para diagnosticar, implantar, monitorar dos e ao mesmo tempo monitore, para que o princípio
e avaliar os resultados das práticas de gestão socialmen- da isonomia possa então prevalecer.
te responsável. Estes últimos podem ser feitos com a
implementação de indicadores de responsabilidade so- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
cial. O Instituto Ethos1 criou os indicadores de RSE como
ferramenta para auxiliar no processo de incorporação e CERTO, Samuel C. , PETER J. P. . Administração
monitoração da mesma na gestão, fortalecendo tal mo- Estratgica. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
1993.
1
A partir do acesso aos site: www.ethos.com.br o gestor terá acesso KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Pau-
gratuito a todas informações referentes tema, ao banco de práticas, lo: Atlas, 1994.
estrutura do questionário de avaliação da empresa, de aplicação de PARENTE, Juracy. Varejo no Brasil: Gestão e Estraté-
indicadores para que a partir das práticas implementadas e das
informações levantadas seja possível elaborar o balanço social. gia. São Paulo: Atlas, 2000.

65
PARENTE, Juracy., GELMAN, Jacob – Varejo e Res-
ponsabilidade Social. Porto Alegre: Bookman, 2006.
BERNARDINO, E. C. Marketing de Varejo. – São
Paulo: Ed. FGV, 2004.
LANDINI, Dinaura. Relatório Socioambiental 2004.
Elos Comunicação, 2005.
SITES E HOME PAGES CONSULTADOS:
TERREO, Gláucia. Indicadores de Responsabilidade So-
cial nas Empresas Varejistas. Disponível em http://
www.ethos.org.br - acesso em 06/08/2008.

66
A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO:
lutas, conquistas e sua evolução

Por Terezinha Antonieta Trevisan, aluna da 2ª turma de pós-graduação da Faculdade Fleming.

Resumo

Este trabalho tem como principal objetivo analisar e compreender a relação entre o papel social do
gênero feminino e as transformações históricas dentro do mercado de trabalho. Pretende demonstrar como a
sociedade visualiza a mulher como um ser submisso, passivo e inferior, que não agia, pois guardava a ação do
homem. Esta luta iniciou com as I e II Guerras Mundiais em que as mulheres tiveram que assumir a posição dos
homens no mercado de trabalho. Com a consolidação do sistema capitalista no século XIX, algumas leis passaram
a beneficiar as mulheres. Mesmo com estas conquistas algumas explorações continuaram a existir. Com a evolução
dos tempos, as mulheres conquistaram seu espaço, aumentando a importância da sua presença na vida social. As
estatísticas apontam que há mais mulheres do que os homens no Brasil. Mostram também que elas vêm conseguin-
do emprego com mais facilidade e que seus rendimentos crescem a um ritmo mais acelerado que os homens.
Mesmo com todas estas conquistas da mulher no mercado de trabalho, ela ainda não está numa condição de
vantagem em relação aos homens, existem ainda muitas delas desempregadas, faltam-lhes oportunidades, escola-
ridade, qualificação profissional e campos de trabalho. Este estudo busca conhecer a realidade de exclusão e
pobreza em que vivem essas mulheres, descobrir dentre as dificuldades, a esperança que alimenta o sonho de uma
vida melhor, com emprego, salário, alimentação decente, moradia e dignidade. Será que ainda sonham? Quais as
perspectivas dessas mulheres com relação ao emprego? A chave é manter viva a esperança! Arregaçar as mangas
continuar lutando e buscando soluções para essa problemática do preconceito e discriminação, mas principalmente
desigualdade salarial entre homens e mulheres. Neste contexto identificar-se o fenômeno sutil e velado nas organi-
zações, mas muito forte para manifestar angústias, medos e aflições às mulheres em suas organizações. Buscou
compreender também, as representações sociais de mulheres sobre o que significa ser mulher no mundo tão com-
petitivo que é o organizacional.

Palavra chave: Mulher, Mercado de trabalho, Discriminação, Desigualdade.

1. INTRODUÇÃO Killingsworth & Heckman (1986), apontam que a


Taxa de Participação Feminina na Força de Trabalho
A sustentabilidade do desenvolvimento (TPFT) nos Estados Unidos passou de 60% para 71%
socioeconômico está diretamente associada à velocida- entre 1980 e 1995. No Canadá entre 1970 e 1980, a
de e à continuidade do processo de expansão educacio- TPFT passou de 40% para 52%. Estes processos tam-
nal. Essa diretriz se estabelece a partir de duas vias de bém vêm ocorrendo no Brasil. Por exemplo, Scorzafave
transmissão distintas. De um lado, a própria expansão & Menezes,(2001) mostram que o TPFT feminina pas-
educacional quando aumenta a produtividade do traba- sou de 41% para 54% entre 1982 a 1997, ou seja, um
lho, contribuindo para o crescimento econômico, aumen- crescimento de cerca de 13 pontos porcentuais. Os mes-
tos de salários e a diminuição da pobreza. Por outro mos autores descrevem a evolução da taxa de participa-
lado propicia maior igualdade e mobilidade social, na ção desagregada por diversos indicadores como região
medida em que a condição de ativo não-transferível faz de residência, escolaridade, idade, entre outros.
da educação um ativo de distribuição mais fácil do que a Esse processo surgiu de um interesse crescente nas
maioria dos ativos físicos. Além disso, observar-se que rápidas e profundas transformações do papel da mulher
a educação é um ativo que pode ser reproduzido e ge- na economia, na família e na sociedade. O principal ob-
ralmente é ofertado por intermédio da esfera pública, jetivo do presente estudo é tentar descrever o cresci-
principalmente à população menos favorecida. mento das taxas de participação feminina nos últimos anos
(SCORZAFAVE, 2001). no Brasil e apontar fatores que possam estar atuando de
Na segunda metade do século XX, diversos países maneira mais ou menos intensa nessa decisão em dife-
experimentaram um significativo crescimento da partici- rentes períodos de tempo.
pação feminina no mercado de trabalho, Ao longo da Revolução Industrial, o mercado de

67
trabalho substituiu as fazendas pelas fábricas. Agora, na vezes, demitidas e perseguidas. Nada cala uma mulher
renovação da informação, o mesmo está acontecendo que acredita num sonho de libertação! A resistência
quando se verifica o deslocamento rápido do setor in- feminina é grande demais para ser silenciada muitas
dustrial para a economia de serviços. A indústria está vezes covardemente.
oferecendo menos emprego, embora estejam produzin- Mais dificuldades são encontradas pelas mulheres
do cada vez mais graças à modernização, novas negras ou pardas, as quais apresentam menor escolari-
tecnologia, melhorias de processos e aumento da pro- dade, renda familiar, piores condições de moradia do
dutividade das pessoas. O desemprego no Brasil está que as mulheres brancas. Ao mesmo tempo, usam me-
sendo provocado não pelo avanço tecnológico, e sim nos métodos contraceptivos, tem mais filhos e apresen-
pelo atraso educacional e pela falta de mão-de-obra tam maior perda fetal do que as mulheres brancas. As
capacitada. mulheres negras eram mais separadas, divorciadas ou
A questão cultural de cada país faz com que as mu- viúvas, evidenciando assim mais um aspecto de
lheres tenham uma atuação mais ativa em países cultu- pauperização das mulheres negras, principalmente pelo
ralmente mais desenvolvidos do que nos países que têm limitado acesso dessas ao mercado de trabalho. Na
uma cultura mais rígida onde a mulher é ainda vista como medida em que havia escurecimento da pele, piores eram
inferior aos homens. as condições socioeconômicas das mulheres.
No Brasil, devido à luta pelo desenvolvimento só- BEMFAM, 1997).
cio - cultural e político, ao longo dos anos, as mulheres No ano de 1973, no Brasil apenas 30,9% da po-
vêm conquistando o seu espaço no mercado de traba- pulação economicamente ativa era do sexo feminino. Em
lho. Embora de forma lenta, esta conquista está sendo 1999, elas já representavam 41,4% do total da força de
significativa. trabalho, que representa aproximadamente 33 milhões
A conquista da mulher por um espaço no mercado de mulheres. Quatro anos depois, mais 62 mil mulheres
de trabalho começou de fato com as I e II Guerras Mun- ingressaram pela primeira vez no mercado de trabalho.
diais (1914-1918 e 1939-1945), respectivamente: quan- Consideradas ainda peças fundamentais na admi-
do os homens foram para as frentes de batalha e as mu- nistração do lar, as mulheres acumulam funções, tornan-
lheres passaram a assumir os negócios da família e a do-se essenciais tanto no âmbito familiar como no mer-
posição dos homens no mercado de trabalho. Foi nesse cado de trabalho. Mas, mesmo com as evoluções e con-
momento que as mulheres sentiram-se na obrigação de quistas da mulher no mercado de trabalho, ainda conti-
deixar a casa e os filhos para levar adiante os projetos e nua existindo muito preconceito e discriminação, princi-
o trabalho que eram realizados pelos seus maridos (ARA- palmente em relação à desigualdade salarial entre ho-
ÚJO, 2004). mens e mulheres.
Infelizmente a história oficial não registra a partici- A pesquisa Perfil Social da Mulher no Mercado de
pação da mulher nas lutas sociais, no setor econômico Trabalho, da Revista Exame (868, p.14), relata ainda
ou em qualquer outro setor da sociedade. As mulheres, que embora ocorra avanço feminino nas empresas, elas
porém, sempre estiveram presentes na luta contra a es- estão menos satisfeitas do que seus colegas do sexo
cravidão e pela liberdade. Contou-se sempre com a pre- masculino. Isto ocorre devido sentirem-se injustiçadas
sença feminina nas lutas pela independência, nas lutas nas promoções e indicam estar menos contentes com
pela educação e no mercado de trabalho. Quando as seus salários do que os homens que ocupam as mesmas
primeiras máquinas chegaram ao Brasil, elas estavam posições de trabalho.
presentes, integrando o contingente do operariado bra- Nos cargos executivos os homens ocupam 90%
sileiro. Por isso não escaparam da exploração perversa nas grandes empresas brasileiras. Com um detalhe; são
e excludente vivida pelas operárias do mundo industria- brancos o que também demonstram discriminação raci-
lizado: salários insignificantes, pesadas jornadas de tra- al. Na pesquisa conduzida pelo IBOPE, (2003), cons-
balho, condições subumanas de trabalho. Além de mães, tatou que a presença de mulheres e negros é bem redu-
assumiram com garra, o papel de colaborar com a ma- zida se comparada à participação desses grupos na po-
nutenção da família. pulação economicamente ativa.
Desde o início da industrialização, a mulher desem- Segundo Hirata (1990), nos anos de 1990, as mu-
penhou importante papel na luta por melhores condi- lheres foram marcadas pelo fortalecimento de sua parti-
ções de trabalho e pelo direito ao voto. Organizaram-se cipação no mercado de trabalho e o aumento da sua
para defender melhores condições de vida, denuncia- responsabilidade no comando das famílias. A mulher, que
ram os maus tratos dos patrões, sendo, por isso, muitas representa a maior parcela da população, viu aumentar

68
nesta época, o seu poder aquisitivo, o nível de escolarida- ter adquirido mais instrução, os salários não acompanha-
de e conseguiu reduzir a diferença salarial em relação aos ram este crescimento. As mulheres ganham cerca de 30%
homens. Dentre os resultados dos estudos pelo IBGE a menos que os homens exercendo a mesma função. Con-
(2005) sobre as dificuldades enfrentadas pelas brasilei- forme o salário cresce, cai a participação feminina. Entre
ras, cabe destacar os seguintes aspectos: a renda média aqueles que recebem mais de vinte salários, apenas 19,3%
das trabalhadoras passou de R$ 281,00 para R$ 410, são mulheres. Embora exista certa discriminação em rela-
00, as famílias comandadas por mulheres passaram em ção ao trabalho feminino, elas estão conseguindo um es-
18% para 25%, a média de escolaridade das mulheres, paço muito grande em áreas que antes era reduto mascu-
que são chefes de família aumentou, em um ano, de 4,4 lino, e ganhou o respeito mostrando um profissionalismo
para 5,6 anos de estudos. A média salarial passou de R$ muito grande. Apesar de ser de forma ainda pequena,
365,00 para R$ 591, 00, em 2005. está sendo cada vez maior o número de mulheres que
Neste sentido a história da mulher no mercado de ganham mais que os maridos. O grande desafio para as
trabalho, no Brasil, está fundamentada em dois aspectos: mulheres dessa geração, é tentar reverter o quadro da
a queda da taxa de fecundidade e o aumento do nível de desigualdade salarial entre homens e mulheres.
instrução. Estes fatores vêm ocasionando a crescente in- Porém, observa-se que elas já provaram que além
serção da mulher nesse mercado de trabalho e de ótimas donas de casa, podem também ser boas moto-
consequentemente a elevação de sua renda. Para Guerra ristas, mecânicas, engenheiras, advogadas. Já está mais
(2004), a velocidade com que isto se dá não é mais rele- do que provado que as mulheres são perfeitamente capa-
vante, o que importa é a conquista por segmentos que não zes de cuidar de si, de conquistar aquilo que deseja e de
empregavam mulheres, como por exemplo, nas Forças provocar mudanças profundas no decorrer da história da
Armadas, onde elas estão ingressando como oficiais, car- humanidade.
gos antes conferido apenas ao sexo masculino.
A mulher, de acordo com Shinyashiki (2006), está REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
cada vez mais assumindo cargos estratégicos nas organi-
zações. O constante crescimento da participação em al- ARAUJO, Luiz César G. de. As mulheres no controle do
tos cargos nas empresas pode ser verificado por pesqui- mundo-ela têm influencia em todas as esferas, da política
sas realizadas pela Catho Associados (2005), que mostra à comunidade. Forbes Brasil, São Paulo, set.2004.
que as mulheres já superam os resultados obtidos pelos BEMFAM (Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no
homens no mundo dos negócios. Uma das principais Brasil)1997,Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saú-
características apresentadas pelas mulheres, é que possu- de – 1996, Rio de Janeiro.
em mais habilidade de lidar com estruturas não hierárqui- CATHO ASSOCIADO, Estatísticas aumento de empre-
cas, enquanto os homens operam melhor com essas es- gos, 2005.
truturas. GUERRA, V. S. Principais mudanças introduzidas nos con-
Isso ocorre devido à própria natureza da mulher, a ceitos e definições da PNAD para as pesquisas de 1992.
qual ao longo dos anos vem se adaptando as diferentes IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Perfil
situações, nos diferentes papéis que desempenha na soci- das mulheres responsáveis pelos Domicílios no Brasil, Rio
edade. de Janeiro, 2005.
IBOPE, Estatísticas discriminação de gênero, julho, se-
CONSIDERAÇÕES FINAIS tembro, 2003.
Killingsworth, M. R; Heckman, J.J. Female labor supply:
Atualmente, o perfil das mulheres é muito diferente a survey. In: Ashenfelter, O Layard, R. Handbook of la-
do apresentado no começo do sé7culo. Além de traba- bor economics. 1986, cap2, p.102-204.
lhar e ocupar cargos de responsabilidade assim como os LUCA. T.Indústria e trabalho na História do Brasil. São
homens, ela ainda realiza as tarefas tradicionais, como a Paulo. Contexto, 2001
de ser mãe, esposa e dona de casa. Trabalhar fora de PESSOA, Ana Claudia. O perfil da Mulher Executiva,
casa é uma conquista relativamente recente para as mu- Revista Exame, edição 868, 2006.
lheres. Ganhar seu próprio dinheiro, ser independente e Scorzafave, L.; Menezes - Filho, N. Participação femini-
ainda ter sua competência reconhecida é motivo de orgu- na no Mercado de trabalho brasileiro: evolução e
lho para todas. determinantes. Pesquisa e Planejamento Econômico, v 31,
Apesar da evolução da mulher dentro de uma ativi- n3, p.441-478, 2001.
dade que era antes exclusivamente masculina, e apesar de http://www.shinyashiki.com.br- destaque _Roberto. jsp,
acessado em 14 de julho de 2008.
69
SIG - SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO OU SISTEMAS ERP - ENTERPRISE
RESOUCE PLANNING1 , GESTÃO INTEGRADA DE EMPRESAS COM O USO DA
INFORMÁTICA

Claudio Buono Junior - Graduando do Curso de Administração com Habilitação em


Análise de Sistemas das Faculdades Fleming de Campinas/SP.
claudiojrbuono@yahoo.com.br

RESUMO
As empresas ao longo do tempo sentiram a necessidade de dominar todas as suas ações, tanto no plano
interno como no externo com a finalidade de gerir adequadamente seus negócios. Para isso houve a criação de
rotinas e procedimentos que visavam manter sob controle os movimentos de cada um dos setores da organização.
Com o surgimento da informática, mesmo que incipiente se comparada aos dias de hoje, a quantidade de dados
disponíveis cresceu assustadoramente num curto espaço de tempo, de tal forma que passou a ser inviável coletar,
entender e processar esses dados adequadamente por meio de processos manuais ou mecanizados. As organiza-
ções passaram a registrar os dados em sistemas informatizados estanques em cada um dos setores e esses dados
após serem elaborados se transformavam em informação, porém, ficavam em uso restrito no próprio local onde
eram geradas. Eram agrupadas por processos manuais e de conteúdo precário com resultados não confiáveis, sem
relatórios com informações cruzadas. Pressionadas por necessidades cada vez maiores de repensar seus negócios
e obterem informações precisas e muito rapidamente para se manterem no mercado e também para ganharem
vantagem competitiva, surgiu a necessidade de agregar os dados em um só sistema que fosse integrado com todos
os departamentos da organização, transformando esses mesmos dados em informações precisas e seguras para a
tomada de decisões com bases sólidas e consistentes. Dentro do conceito de TI - Tecnologia da Informação,
surgiram os SIG - Sistemas Integrados de Gestão para atender essa necessidade do mercado empresarial.

Palavras-chave: sistemas integrados de gestão, sistemas de informação

1. INTRODUÇÃO como aqueles usados no sistema bancário, por exemplo,


em que milhares de terminais operados pelos clientes e
Muito se tem falado dos SIG - Sistemas Integra- também pelos funcionários da organização como os cai-
dos de Gestão ou ERP - Enterprise Resource Planning, xas e outros, acessam o sistema simultaneamente, pro-
mais popularmente conhecidos por sistema SAP, que é cessando e armazenando dados das mais variadas ope-
a sigla do nome da empresa alemã SAP AG, SAP - rações do sistema bancário. Não se pode esquecer que
System Analyse und Programmentwicklung ou Análi- os acessos além de simultâneos são feitos por todas as
se de Sistemas e Desenvolvimento de Programas e AG - agências, terminais de atendimento automático no Brasil
Agentur, em alemão, Sociedade Anônima. e no mundo, lembrando ainda dos acessos via internet,
Para um melhor entendimento da relação Empresa via fone, etc.
Usuária com o software do SIG - Sistema Integrado de Posteriormente a SAP lançou outra versão de siste-
Gestão é necessário inteirar-se de como surgiu esse con- ma de gestão integrada que se consagrou universalmente
ceito de sistema ao longo dos anos. junto às grandes corporações mundiais, o SAP R/3 e
A empresa SAP surgiu no ano de 1972 como uma que pode ser utilizado em hardwares com arquitetura PC,
empresa de desenvolvimento de sistemas e cujo primei- cujo servidor fica ligado em rede com os outros PC’s de
ro produto importante foi o lançamento do software de forma on line real time4 , tendo sido desenvolvidos em
gestão integrada (composto por módulos) SAP R/2 ambiente cliente/servidor, onde algumas estações solici-
(Realtime System Version 22 ) destinado a ser usado em tam serviços (clientes), e outras (servidores) atendem;
Mainframes3. (www.sap.com.br. Acesso em 25/10/08). desta forma podem realizar os mais variados tipos de
Os Mainframes são computadores de grande porte processamento e também compartilhar recursos, tais
quais, impressoras, arquivos, banco de dados, etc.
(www.sap.com.br. Acesso em: 25/10/08).
1
Em Potuguês SIG - Sistemas Integrados de Gestão
2
Versão 2 de Sistema em Tempo Real. Outras empresas que desenvolvem softwares de
3
Mainframes - Servidores de porte muito grande, uso gestão, internacionais e brasileiras, acabaram por criar
específicopara o processamento de milhares de programas análogos ao SAP e também passaram a dis-
informações ao mesmo tempo.
4
Conectado em tempo real. 70
putar o promissor mercado.
existe desde o início da utilização dos computadores em
Para se fortalecerem nesse segmento houve asso-
empresas na década de 60. no entanto, uma série de difi-
ciações, fusões, aquisições, acordos operacionais e ou- culdades de ordem prática e tecnológica não permitiu
tros tipos de relacionamento entre as empresas fornece- que essa visão fosse implementada na maior parte das
doras do software de gestão, que dessa forma contri- empresas. Entre elas pode-se citar a própria -dificuldade
buíram e contribuem significativamente para a evolução dos departamentos internos de TI em desenvolver siste-
mas integrados, em face de solicitações
contínua da qualidade do sistema de gestão e das infor-
departamentalizadas dos usuários.
mações produzidas pelos dados inseridos no seu con-
texto. Bancroft et al. (1998) afirmam que:
O advento da globalização da economia, mais e no passado os sistemas customizados eram desenvolvi-
mais reafirmou a necessidade de integração operacional dos a pedido de um departamento da empresa. A visão
dos vários setores de uma mesma organização incluin- destes departamentos era naturalmente limitada por sua
responsabilidade operacional. Cada departamento defi-
do-se fábricas, filiais e escritórios ao redor do mundo
nia seus dados de acordo com seus próprios objetivos e
com o uso da tecnologia de comunicação oferecida pela prioridades”. [...] Isto se refletia no software desenvolvi-
internet. do pelos departamentos de TI das empresas.
A abrangência dos recursos de comunicação ele-
trônica chegou ao estágio em que um vendedor, quando Para caracterizar o ambiente de ERP, é necessário
no ponto de venda, ao registrar uma encomenda do seu descrever em primeiro lugar como se originou a necessi-
cliente em um computador de mão (palmtop 5 , dade de um software de gestão e como se deu sua evo-
handheld6 , ou PDA7), pode saber no mesmo instante lução.
qual foi o último preço pago pelo cliente, quando ocor- A gestão de quaisquer ações dentro da empresa
reu a última venda, quanto foi comprado, se os paga- moderna necessita de uma orientação básica de condu-
mentos das faturas estão em dia, quais são os parâmetros ta, que um software de gestão quando adequadamente
das promoções em vigor e outras centenas de informa- estruturado e implantado, pode proporcionar.
ções para a realização da venda. Para explicar como surgiu a necessidade de carac-
Ao mesmo tempo quando insere uma nova enco- terizar produtos, rotinas, ordens de produção, gestão e
menda do seu cliente em seu computador de mão e es- temas correlatos, se pode começar registrando algumas
tando on-line, estará alimentando uma série de módulos passagens do Gênesis: 6, 14, quando DEUS ordenou a
do sistema integrado de gestão que estão interligados e Noé que construísse uma arca com determinadas carac-
irão disseminar os dados instantaneamente para todo o terísticas, o que, aliás, é um belo exemplo, a saber:
sistema, transformando-os em informação. Terá de ime-
diato a confirmação da aceitação da encomenda, da data Gênesis: 6, 14
de entrega, o valor da duplicata, qual banco será encar- Faze para ti uma arca de madeira de Gofe (cipreste); farás
compartimentos na arca, e a betumarás por dentro e por
regado da cobrança, etc.
fora com betume”. “E desta maneira farás: - De trezentos
côvados9 (200 metros) o comprimento da arca, e de cin-
SIG - SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO qüenta côvados (33 metros) a sua largura, e de trinta
côvados (20 metros) a sua altura.
O entendimento de um sistema integrado de gestão Gênesis, 6, 15. Farás na arca uma janela, e de um côvado
(0,66 metro) a acabarás em cima; e a porta da arca porás a
é bastante complexo, envolvendo aspectos específicos
seu lado; far-lhe-ás andares baixos, segundos e tercei-
para cada aplicação. ros.
Os softwares de sistemas de gestão são formados Gênesis, 6, 16. (Bíblia Sagrada O primeiro livro de Moisés).
por módulos integrados e cada um a primeira vista re-
presentando um departamento ou setor de uma E assim DEUS criou a primeira estrutura de produ-
corporação; todos geram dados que são automatica- to, o primeiro roteiro de fabricação e a primeira ordem
mente enviados para um banco de dados central, Data
Werehouse8 de onde são extraídos já elaborados na for- 5 Palmtop - Computadores de mão
ma de informação, sendo então usados pela organiza- 7 Handheld - Computadores de mão
6

PDAs - Personal Digital Assitent


ção na gestão do seu ramo de negócio. 8
Data Werehouse - Armazém de Dados, sistema de computa-
Segundo Alsène (1999, p. 63), a idéia de sistemas ção utilizado para armazenar informações relativas as ativida-
de informação integrados: des deu ma organização em bancos de dados de forma conso-
lidada.
9
Côvado, medida de comprimento entre o cotovelo e a
pontados dedos, usada no Egito Antigo, em torno de 3.000AC.

71
de produção. As pirâmides e outras grandes maravilhas mestrais;
do mundo antigo como o farol da Alexandria, o templo - Nos anos 50-60 foram criados os sistemas base-
de Artemis, os jardins suspensos da Babilônia, a estátua ados em listas de itens críticos - ROP - BOPM - Come-
de Zeus, o colosso de Rhodes e o mausoléu de çaram a ser automatizados no início dos anos 60, pelo
Helicarnasso, foram obras que sugerem um estágio de uso das calculadoras eletromecânicas que explodiam as
planejamento dos povos da antiguidade em que eles de- listas de materiais feitas pelos cartões perfurados; com-
vem ter desenvolvido meios avançados de projetar a binava-se este procedimento com a técnica de ponto de
demanda e controlar a produção. Infelizmente não se reposição, isto elevava em muito os níveis de estoque,
tem documentos que demonstrem tais sistemas de pla- causando grandes excessos. Esta técnica ainda hoje é
nejamento, mas algumas destas maravilhas foram des- muito usada por empresas que não tem o MRP instala-
critas em crônicas da época e outras como as pirâmides, do.
resistiram ao tempo para demostrar o grau de planeja- - Em 1957 foi criado o CPM - Critical Path
mento daqueles povos antigos. Method (COM - Método do Caminho Crítico) - Esta
A história da humanidade caminhou pela Antigui- técnica foi desenvolvida para o planejamento e controle
dade, Idade Média, Idade Moderna, Revolução Indus- de projetos, trabalha com datas e duração de eventos,
trial onde houve dois registros notáveis que merecem porém não leva em consideração os níveis de estoque.
destaque para ilustrar a história dos primórdios do siste- - Em 1958 foi criado o método PERT para cons-
ma MRP e cuja evolução se tornou no Sistema ERP. trução do submarino Polaris; PERT - Program
Segundo Plossi, em 1744 foi criada a primeira es- Evoluation and Rewiew Technique (Programa de Ava-
trutura de produto demonstrada em propaganda da Frank liação e Revisão Técnica) - Esta técnica também foi de-
Stoves, fabricante de fogões. Em 1800, o primeiro sis- senvolvida para o planejamento e controle de projetos,
tema completo de controle de produção no arsenal de trabalhando com datas e duração de eventos e não le-
Veneza. vando em consideração os volumes de estoque.
- Nos anos 60, métodos, documentação, fórmulas
Podemos dizer que os Tempos Modernos se iniciam com e capacidade computacional estavam disponíveis;
os processos de produção em massa e com isso vieram - Em 1961-1962 surgem os primeiros sistemas MRP
os desenvolvimentos de fórmulas e sistemas para resol-
ver os problemas da gestão de materiais e produção que
“net change” (em rede) que são desenvolvidos pela
então se avolumaram. (SUCUPIRA, 2004). American Bosch e pela J.I. Case; sendo implantado na
J.I. Case, com projeto liderado por Joseph Orlick, por-
Sucupira (Ibid) comprova claramente com a cro- tanto, o primeiro sistema MRP em rede.
nologia a seguir que os sistemas de gestão tiveram uma - Em 1965 definem-se os princípios da demanda
evolução que requereu grande dose de criatividade e dependente e independente por Joseph Orlick; também
utilização máxima dos recursos existentes em cada épo- é desenvolvido por Martin K. Star o conceito de produ-
ca, vejamos: ção modular em que os semi-acabados são considera-
- Em 1915 foi desenvolvida a fórmula do lote eco- dos em um nível abaixo dos produtos acabados e nasce
nômico; o LEC (lote econômico de compra), ou EOQ o MPS computadorizado;
(economical order quantity) na qual se calcula qual será - Princípios da Demanda Dependente e Indepen-
o ponto ideal de compra, ou seja, em que momento e dente - Joseph Orlick criou os conceitos de demanda
quais quantidades a compra será mais econômica para a dependente e demanda independente que foram fatores
empresa. Dentro do conceito, esse ponto é o que possui essenciais para o desenvolvimento do sistema MRP. Tam-
menor custo total quando ocorre uma equivalência entre bém se chegou a conclusão que a demanda dependente
o custo do pedido (custo da compra em si) e o custo de deveria ser tratada pelo método ROP e a demanda inde-
posse (quanto custa manter a encomenda armazenada, pendente pelo sistema MRP.
por exemplo). - Conceito de Produção Modular - foi desenvolvi-
- Em 1934 foi desenvolvida a fórmula do Ponto de do por Martin K. Starr quando ficou claro que os semi-
Reposição Estatístico - ROP por R.H. Wilson; este ponto acabados ficavam em um nível inferior da estrutura de
é calculado baseado na demanda dentro do tempo de produto, desta forma ficou mais fácil de planejar os pro-
reposição acrescida do estoque de segurança. dutos acabados e os conceitos de MPS - Master
- Em 1942 foi editado o primeiro livro texto sobre Production Schedule começaram a ser praticados nos
o Controle da Produção; sistemas computadorizados.
- Nos anos 50 foi criado o sistema de ordens tri- - Sistema MRP em “batch” (lotes) - desenvolvido

72
pela American Bosch Company. as transações realizadas por uma empresa (SOUZA e
- Em 1967 é lançado livro onde há um texto mais SACCOL, 2003).
profundo sobre MRP escrito por Oliver Wight e George
W. Plossi; IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS
- Em 1980 Thomas F. Wallace consagra o termo DE GESTÃO
MRP II no Apics Dictionary;
- No ano de 1980 os primeiros sistemas MRP II Em meados de 1995 com a utilização da TI –
começam a serem vendidos no Brasil. Tecnologia da Informação e resultado da globalização,
- MRP - Material Requirement Planning ou Pla- as empresas multinacionais, incluindo-se as brasileiras,
nejamento das Requisições de Materiais, surgido na dé- passaram a utilizar os sistemas integrados de gestão, ERP
cada de 70, não contemplavam a gestão de todo o uni- – Enterprise Resource Planning cujo foco foi à utiliza-
verso de uma empresa, se restringiam a controlar o su- ção da TI – Tecnologia da Informação para gerir as or-
primento de materiais e insumos em geral para a produ- ganizações com possibilidades de extrair o máximo de
ção de bens a serem fabricados exercendo um melhor informações dos sistemas existentes por meio da elabo-
controle sobre as necessidades dos produtos e reduzin- ração de relatórios gerenciais. Tal sistema permite gerir
do gastos com estoques, lembrando que o sistema MRP a empresa como um todo e transformar dados em infor-
é restrito ao controle das necessidades de materiais. mação para tomada de decisões seguras e eficazes com
(SANTOS, 2007). ganho de vantagem competitiva em um mercado que re-
- MRP II - Manufacturing Resource Planning ou quer cada vez mais velocidade de informações e tomada
Planejamento dos Recursos de Manufatura que passou de decisões corretas.
a contemplar o controle de outras atividades inerentes Já não se pode imaginar as empresas operando sem
ao assunto, que além das necessidades dos recursos o uso dos SIG - Sistemas Integrados de Gestão e sem a
materiais, incorporou o planejamento dos outros recur- realização de projetos para cada um dos novos passos a
sos como a gestão dos materiais, considerando os níveis serem dados com direcionamento executado com base
1º relativo aos componentes e 2º relativo aos sub-con- nas informações extraídas do software de gestão visan-
juntos do produto, bem como, carga máquina, tempos, do atender às necessidades que se apresentam a cada
disponibilidades e sequenciamento da produção, inte- instante no universo empresarial.
grando, portanto, as disponibilidades de produção ao Os sistemas ERP ou SIG são sistemas de infor-
sistema. mação encontrados no mercado sob a forma de pacotes
Na década de 90 esse conceito foi disseminado comerciais de software que permitem a integração de
pelas demais áreas de uma organização como, finanças, dados dos sistemas de informação existentes e dos pro-
engenharia, gerenciamento de projetos, recursos huma- cessos de negócios em uma organização.
nos, etc. O início do uso de computadores nas empresas
Estaria então, surgindo o conceito de ERP, um marcou também o início do uso de pacotes comerciais
software multi-modular para auxiliar a gestão das em- de programas individuais como gestão financeira, gestão
presas. de produção, contas a pagar e, portanto, restritos a cada
Com a necessidade de gestões mais eficientes e re- setor específico de cada corporação, não se comunica-
almente eficazes, as corporações enxergaram a necessi- vam entre si, não permitindo a integração dos dados
dade de congregar em um só software a gestão total operacionais da empresa.
dos seus negócios, entendendo-se por gestão total a Com a evolução dos sistemas MRP e MRP II e
integração de todos os departamentos de uma empresa face da necessidade de integração entre os departamen-
envolvidos no processo de atender o mercado. tos de uma mesma empresa e também a necessidade
Assim sendo, a evolução natural do desenvolvimen- imediata de trocas de informação entre as várias unida-
to de softwares de gestão caminhou para a criação do des de uma corporação espalhadas pelo mundo, surgi-
ERP - Enterprise Resource Planning, que inclui em seu ram como conseqüência natural os sistemas integrados
conteúdo programas já em uso como, por exemplo, o de gestão ERP ou SIG, um sistema legado da evolução
MRP II que está integrado no software do ERP. Trata- dos MRP e MRP II.
se, portanto, de um sistema integrado com arquitetura Os SIG - Sistemas Integrados de Gestão podem
aberta viabilizando seu uso em conjunto com diversos proporcionar grandes benefícios às corporações que os
sistemas operacionais, banco de dados e plataformas de implantarem, porém, pode-se notar que a implantação
hardware, permitindo a visualização e controle de todas de Sistemas ERP ou SIG não é tão simples como im-

73
plantar um novo software em um computador pessoal , ou seja, como conseguir das pessoas envolvidas (as re-
a tarefa é muito mais complexa. Exige uma preparação cém contratadas nem tanto, porém as mais antigas de
cuidadosamente elaborada para a integração dos vários “casa” sim) que elas aceitem e contribuam com a im-
sistemas já existentes e em uso, e necessariamente uma plantação com um quinhão maior do que aquele que se-
mudança radical na cultura da corporação, que deve ria natural doarem para a empresa em troca dos seus
emanar essa vontade expressa de cima para baixo, ou salários.
seja, deve caminhar da direção da empresa em sentido Na realidade um programa ERP vai além do
aos colaboradores. Esse ambiente torna as coisas muito software, transcende o conceito de profissionalismo,
mais favoráveis para a implantação. Apesar de toda pre- pois, precisa de que cada componente da equipe doe a
paração e cuidados, quando os primeiros ERP passa- essência do seu conhecimento, queira aprender e consi-
ram a funcionar após serem implementados, um aspecto ga introjetar a cultura ERP dentro de si para irradiar este
ficou evidente, ou seja, o ROI – Return Over sentimento para os seus pares. O sistema não “roda”
Investment10 começou a ser discutido já que não foi sozinho, precisa de pessoas que pensem e tomem atitu-
possível comprovar os retornos reais e efetivos da im- des para poder funcionar, daí a importância da contri-
plantação destes sistemas em grande parte das empre- buição solidária de cada um.
sas. Aquelas que o implantaram notaram inúmeras trans- Processos - Outro aspecto que merece destaque
formações e obtiveram benefícios da integração de seus se refere ao ajuste de processos, tanto aqueles inclusos
processos, o que de certa forma acabou por reverter em no software do ERP, quanto àqueles relativos aos pro-
lucros não visíveis ou não mensuráveis de imediato como, cessos internos da empresa como, por exemplo:
ganho de vantagem competitiva, melhor fluxo interno de - Os processos de fabricação devem estar conci-
informações, velocidade na tomada de decisões, etc, sos com os roteiros e procedimentos do departamento
(SOUZA & SACCOL, 2003). de engenharia. Essa ação vai garantir que os produtos
Na realidade, além da elaboração de um projeto manufaturados estejam dentro dos padrões funcionais e
muito bem estruturado, um cuidado extraordinário deve de qualidade previstos em projeto. Deve-se trabalhar
ser tomado com a montagem de uma equipe interna de com itens configurados, ou seja, se houverem pequenas
implantação do sistema de gestão integrada, cujos mem- variações em vários itens, eles serão considerados um
bros tenham funções definidas e estejam afinados na fi- só item. Essa atitude se reveste da maior importância na
losofia e na prática com os consultores da empresa for- medida em que se pode trabalhar com um numero um
necedora do pacote comercial. pouco menor de itens, facilitando a implantação e tam-
A equipe deve ter um gerente com as qualidades bém com listagens mais enxutas.
necessárias para gerir todo o processo e levar a cabo Tome-se como exemplo um componente da fabri-
todas as premissas inicialmente estipuladas no escopo cação de fechaduras residenciais: se uma lingueta de um
do projeto de implantação; manter a liderança sobre a trinco tem variações no seu comprimento de um modelo
equipe e o foco no projeto como inicialmente estabele- para outro da ordem de 1 milímetro, todas as variações
cido, além de cultivar um relacionamento profissional, serão consideradas um só item.
porém, muito próximo do gerente de consultoria da em- Esta configuração tem o nome de item configura-
presa fornecedora do software que está sendo implan- do e para se conseguir agregar todos os itens é usado o
tado. Essas ações serão decisivas no sucesso da im- módulo ERP “Configurador de Produto”.
plantação do sistema de gestão integrada. Faz-se importante lembrar também que os proces-
A mudança na filosofia da empresa vai de uma vi- sos devem ter “adesividade”, ou seja, sejam afins com
são departamental para um foco baseado em proces- os processos previstos no ERP para que possa haver a
sos, passando forçosamente pelos aspectos: cultural, sinergia necessária operacionalmente falando, ou seja,
processos, medo do desconhecido, treinamento e moti- para que funcionem de fato. Se o processo não puder
vação. ser alterado, o sistema de gestão integrada deverá ser
Para um melhor entendimento os quesitos são co- ajustado às condições do processo e, portanto, deverá
mentados individualmente, a saber: ser “customizado” neste item.
Cultural - O aspecto cultural vem colocado à fren- A “customização” é um processo que aumenta os
te dada a importância que assume na implantação e custos do projeto de implantação e deve ser avaliado
operacionalização de um sistema de gestão integrada, quanto às suas reais necessidades, quanto ao risco que
pode representar ao projeto de implantação, a sua
ROI - Return Over Investment, Retorno so-
10 efetivação ou não e ao fator custo / benefício.
bre o Investimento (lucro) Medo do Desconhecido - Medo do novo é uma

74
característica inerente ao ser humano. É a reação de medo comuns, entre outros tantos que por vezes os modismos
do desconhecido. Provoca no ser humano o afastamen- acabam por impor aos projetos de implantação não tão
to de um processo de implantação de uma novidade ou profissionalizados ou pretensamente de vanguarda.
uma inovação, é a defesa natural. Por isso a manutenção (SOUZA e ZWICKER, pág. 97 e 98).
de distância do desconhecido funciona como uma pro- Os sistemas ERP requerem um longo tempo para
teção para as pessoas que apresentam este sintoma ou serem implantados. Um dos grandes problemas da im-
tem este entendimento das inovações. O sentimento acaba plantação está ligado à interface do banco de dados com
por gerar ações e reações negativas (conscientes ou não) todo o sistema do software novo.
e comentários desairosos que acabam por contaminar Normalmente a arquitetura do banco de dados da
todos aqueles que estão envolvidos no projeto empresa que está adquirindo o sistema de gestão inte-
desestimulando outros membros da equipe. Cabe ao grada não foi construída para ser interligada com outros
Gerente de Projetos identificar o problema, tentar corrigí- sistemas. Na maioria das vezes, nem se trata de um pa-
lo ou em casos extremos trocar o colaborador. cote comercial, o sistema foi “feito” conforme as neces-
Treinamento - Fator fundamental para o sucesso sidades do momento e acaba por ser um sistema “casei-
de um projeto de implantação de um sistema de gestão ro”.
integrada. Toda migração de dados de um banco já existen-
O treinamento deve ser aplicado de forma concisa te para outro que está sendo instalado leva a perdas de
com os objetivos previstos no projeto, deve ser eficaz e dados em maior ou menor volume, dependendo muito
eficiente. Devem ser aferidos os resultados para garantir de como está se desenvolvendo o processo de migra-
que os treinandos estejam preparados da melhor manei- ção e o interlock12 do banco de dados com o novo
ra possível para participar do processo de implantação software.
do sistema de gestão integrada, minimizando os erros e De toda forma deve ser preocupação do gestor
otimizando resultados. Um treinamento adequadamente do projeto, do consultor da empresa fornecedora de
aplicado resulta em segurança para os componentes da software e do pessoal do setor de TI - Tecnologia da
equipe e minimiza reações de medo do desconhecido já Informação, a geração de backups apropriados para a
que abre novos horizontes do conhecimento e produz reinserção manual dos dados perdidos do banco origi-
segurança frente ao desafio. nal.
Motivação - Provavelmente seja o item de maior
dificuldade para ser obtido dos integrantes da equipe do USOS E FUNCIONALIDADES DE UM SIG
projeto de implantação de um sistema ERP. A habilidade
do Gerente de Projetos aliada a sua liderança podem Os sistemas ERP são à base de outras iniciativas
plantar a semente da motivação em cada um dos subor- que foram desenvolvidas a partir dele e que são módulos
dinados. A motivação garante, sem dúvidas, um cami- do software de gestão integrada, sendo de vital impor-
nhar mais tranqüilo e harmônico para alcançar os objeti- tância sua utilização.
vos propostos no escopo do projeto de implantação. O São citados e comentados na seqüência três
reconhecimento, no momento certo, das capacidades módulos para que se possa ter uma idéia bastante clara
individuais é uma recompensa que extrapola uma da abrangência dos sistemas de gestão integrada, sendo
premiação monetária, por exemplo. importante destacar que o sistema SAP tem 50 módulos
Há que se levar em conta ainda que existem várias integrados inseridos no seu software.
formas de se implantar um sistema de gestão integrada: As empresas para garantirem sua sobrevivência
- o cadenciado “passo a passo”, em que os módulos precisam manter um relacionamento de longo prazo com
vão sendo implantados um a um e posteriormente inte- os seus atuais clientes e aqueles que venham a se tornar
grados; clientes e assim usufruir do melhor aproveitamento des-
- o “big bang”11 quando todo o sistema é implanta- se rela-cionamento.
do de uma só vez, normalmente chega a parar toda or- Necessário também a adoção de uma estratégia de
ganização; gestão dos negócios que forem gerados em decorrência
- o de “implantação assistida”, que é implantado do estreito relacionamento com o cliente visando à rea-
em todos os departamentos na velocidade em que seja lização de maior lucratividade e ganhos por meio da par-
possível sem causar grandes transtornos a empresa, ou ticipação da TI - Tecnologia da Informação como forma
pelo menos os menores possíveis. 11
Big Bang, Grande Explosão, na prática “de uma só vez”.
- os métodos de implantação descritos são os mais 12
Interlock, Interconexão de dados entre dois softwares.

75
de automatizar os diversos processos de negócios en- Outro aspecto muito importante do CRM é que após
volvendo vendas, marketing, serviços ao consumidor e sua implantação se passa a ter o controle e conhecimen-
suporte operacional de campo. to das informações do mercado (via clientes) de forma
Para que os resultados esperados sejam atingidos integrada por meio do registro e acompanhamento de
é necessário lançar mão de ferramentas informatizadas todas as interações do cliente com a empresa e seu con-
que permitam um rápido processamento das informa- seqüente registro, estes dados após serem elaborados
ções disponíveis e encontrar outras que precisam ser se transformam em informação.
buscadas para proporcionar uma leitura a cada instante As informações geradas podem ser consultadas por
do que acontece no mercado e nas necessidades de cada diversas áreas da organização, possibilitando nortear as
um dos clientes tomadas de decisões em vendas, marketing, engenha-
CRM – Customer Relationship Management13 , ria. Inclusive alimenta o MRP II via departamento de
O CRM é uma ferramenta que agiliza o contato com o vendas que insere as previsões de vendas para um de-
cliente/consumidor, portanto, com o mercado. Impor- terminado período de tempo à frente, esses dados vão
tante destacar que muito além do hardware e do alimentar toda a cadeia de compras, produção, financei-
software, é de fundamental importância uma mudança ro (cash flow15 ) e assim sucessivamente.
de atitude corporativa, para que com o uso do CRM SCM – Supply Chain Management16 . É uma ou-
seja possível às organizações criar e manter um bom re- tra importante ferramenta que usando a TI - Tecnologia
lacionamento com seus clientes. Esta atitude permite a da Informação proporciona às empresas fazerem a ges-
coleta e armazenagem de informações mantendo o rela- tão da cadeia de suprimentos com eficácia e eficiência e
cionamento de forma inteligente das atividades e com isso alcançar melhores padrões de competitividade.
interações do cliente com a organização ou empresa. O SCM inclui processos de logística que acom-
O CRM pode determinar o lucro estimado que panham desde a entrada das encomendas dos clientes
cada um dos clientes da empresa possa gerar ao longo até a entrega final do produto, passando por documen-
da sua vida útil, valor este trazido para os dias atuais. tos, informações, matérias-primas, equipamentos, trans-
Uma grande quantidade de leituras pode ser pro- porte, pessoas, outras organizações envolvidas no pro-
porcionada pela implantação e uso do CRM. Sob a óti- cesso, tempo, integrar os fluxos de informações com
ca da TI - Tecnologia da Informação, o CRM é um outros processos como CRM e FI17, conciliando movi-
software que captura, processa, analisa, distribui dados mentações de entrada e saída de materiais e serviços,
e informações como qualquer sistema, porém, neste caso fatores que a empresa precisa para operar dentro dos
o cliente é o centro de tudo. Todos os relatórios gerados padrões modernos e globalizados de velocidade e de-
têm o cliente como caminho de acesso, integrando ge- sempenho. (DAVENPORT, 1998).
rência de vendas, telemarketing, televendas, SAC, Os módulos citados estão presentes na maioria dos
automação de marketing, web, e-commerce14 , logística, sistemas SIG. Além deles, alguns possuem módulos adi-
etc. A integração plena dos segmentos citados permite cionais, tais como: Gerenciamento de Qualidade,
traçar estratégias e táticas de negócios direcionadas para Gerenciamento de Projetos, Gerenciamento de Manu-
o entendimento e antecipação das necessidades dos cli- tenção, entre outros, que complementam o módulo do
entes ativos e inativos da carteira de clientes e aqueles SCM.
potenciais de uma corporação. BI – Business Intelligence18 . É uma ferramenta da
O CRM tem por objetivo maior permitir às organi- TI - Tecnologia da In formação para tomada de deci-
zações angariar e fidelizar novos clientes e prospectos, sões e refere-se ao processo de coleta, organização,
consolidar a fidelização dos clientes atuais, atingindo sua análise, compartilhamento e monitoramento de informa-
satisfação total por meio da compreensão das suas ne- ções que oferecem suporte a gestão estratégica de ne-
cessidades e expectativas, formando desta maneira uma gócios, proporciona informações para direcionar com um
visão global dos ambientes de marketing. melhor nível de segurança dos rumos que serão dados à
organização.
Os sistemas ERP - Enterprise Resource Planning
13
CRM - Customer Relationship Management, Gerenciamento do
relacionamento com Clientes. ou SIG - Sistema de Gestão Integrada, acabaram por se
14
E-Commerce - Designativo da Realização de Negócios pela Internet tornar um dos principais componentes dos sistemas de
15
Cash Flow - Fluxo de Caixa.
informação das empresas.
16
SCM - Supply Chain Management, Gerenciamento da Cadeia de
Suprimentos. Seu surgimento provocou uma revolução nos con-
17
FI - Módulo Financeiro de um Sistema de Gestão Integrada ceitos empresariais no que tange aos aspectos de gestão
18
BI - Business Inteligence, Inteligência para os Negócios
e administração dos negócios de uma corporação.

76
As disputas aguerridas de mercado entre as contradas dentro da própria empresa nos demais
corporações colocam as empresas em estado de guer- módulos de um sistema de gestão integrada, mais preci-
ra. Sun Tzu (2006, p.41) fala em seu livro A Arte da samente no banco de dados; cada uma das fontes ali-
Guerra: mentam o módulo do software do BI com as melhores
informações que podem ser extraídas do sistema; outras
Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres fontes de informações incluem as necessidades do con-
cem combates a travar, cem vezes será vitorioso. Se igno- sumidor, processo de decisão do cliente, pressões com-
ras teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas chances de
petitivas, informações retiradas do CRM; condições in-
perder e de ganhar serão identicas. Se ignoras ao mesmo
tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contaras teus comba- dustriais relevantes são retiradas do SCM; aspectos eco-
tes por tuas derrotas. nômicos do FI - Módulo Financeiro e do CO - Módulo
Contábil e assim sucessivamente, somente para demons-
Pode –se entender que: trar a ligação e inter-relação entre os módulos.
Para vencer na guerra, o profissional deve deter O processo de BI pode realçar os dados dentro
todo o conhecimento de suas fraquezas e virtudes, além da informação e também dentro da área do conheci-
de todo o conhecimento das fraquezas e virtudes do ini- mento. Nesse sentido se pode considerar um sistema de
migo. A falta deste conhecimento pode resultar na der- BI como um sistema de suporte para tomada da melhor
rota. decisão (decision - support system19 ) que poderia ser
Muito embora o livro não seja da área da admi- tomada em função das informações obtidas.
nistração, deixa claro como o uso da “ferramenta co- Muitas das vezes a equipe de BI tem que desen-
nhecimento” pode servir como vantagem em um ambi- volver uma ferramenta especifica para cada caso, espe-
ente de “guerra”. cialmente quando a inteligência envolve coleta e análise
As empresas enfrentam verdadeiramente uma de grandes quantidades de dados desestruturados.
guerra a todo instante para permanecer nos seus res- Existem inúmeros softwares para gerenciamentos
pectivos mercados garantindo sua sobrevivência. destas informações, em diversas categorias. Uma pes-
Esta guerra de fato só pode ser vencida por meio quisa no mercado junto às empresas de software de ges-
do conhecimento adquirido sobre tudo o que esteja di- tão pode angariar informações sobre cada um desses
reta ou indiretamente ligado à corporação. programas.
O conceito de BI - Business Intelligence que sur- Um passo importante é ter claro o conceito de BI
giu na década de 80 e sua correta utilização como ferra- por meio do entendimento dos dois termos que o com-
menta para tomada de decisões leva ao “conhecimento” põem: Business (negócio) quer dizer a intermediação de
das próprias fraquezas e virtudes e também das fraque- uma atividade comercial com fins lucrativos, quando se
zas e virtudes dos concorrentes frente ao mercado como trata do mundo empresarial, e Intelligence (inteligência)
um todo (com o uso da vantagem competitiva); esse se refere à faculdade de aprender, apreender ou com-
conhecimento proporciona domínio do território que se preender; capacidade de resolver situações problemáti-
pretende manter ou conquistar. cas mediante a reestruturação de dados perceptivos. Os
O conceito tem implícito no seu bojo as habilida- dois termos juntos levam a supor que a inteligência do
des das corporações para acessar dados e explorar as negócio está ligada diretamente à capacidade de
informações que estão contidas em um Data Warehouse, gerenciamento das pessoas em posições estratégicas
analisando-as e desenvolvendo percepções e entendi- dentro de uma empresa. E que estejam diretamente liga-
mentos, que permitam incrementá-las e torná-las mais das ao negócio, com poder de decisão para adaptar ou
consistentes e confiáveis para a tomada de decisões. alterar o rumo da empresa, interna (estrutura, recursos
As organizações recolhem e acumulam informa- humanos, financeiros, materiais, etc) ou externamente
ções com a finalidade de avaliar o ambiente empresarial (mercado, concorrência, econômico, etc).
interno e externo da corporação, completando estas in- O BI engloba o uso de ferramentas sofisticadas,
formações com pesquisas de marketing, industriais e que fazem parte da área de pesquisa como, por exem-
de mercado, além de análises competitivas. Com esse plo, a Inteligência Artificial (IA), proporcionando além
perfil acabam por acumular “inteligência” à medida que de informações mais acuradas, uma base de conheci-
ganham sustentação na sua vantagem competitiva, po- mento, com a conseqüente disseminação do conheci-
dendo considerar tal inteligência como o aspecto central mento obtido no referido tratamento da base de dados,
para competir nos mercados em que atua ou pretende que nada mais são do que as práticas oriundas das deci-
atuar. sões tomadas, por toda a empresa, em um contínuo
As primeiras fontes de informação do BI são en-
19
Decision - Suport System - Sistema de apoio a tomada de decisão
77
“feedback”. Tranfer Protocol) e ainda outras formas de transferên-
Como não poderia deixar de ser, os sistemas de cia de dados que podem ser usadas para o mesmo fim,
informações prestam uma grande contribuição nesse sen- já que existem estudos avançados no sentido de não mais
tido. Esse sistema proporciona lucros quando permite se vender os softwares de sistemas integrados de ges-
que uma maior quantidade de bens sejam produzidos, tão, mas serem alugados, com o locatário pagando so-
uma maior quantidade de clientes sejam atendidos, a mente pelo acesso do módulo ou módulos que venha a
satisfação e fidelização dos mesmos sejam conquista- ter necessidade de usar. Essa mudança de foco do mer-
das, e finalmente, permite uma melhor alocação dos re- cado fornecedor de software poderá atender uma faixa
cursos disponíveis, gerando crescimento econômico e de empresas que hoje não podem pagar pela aquisição
financeiro na empresa e conseqüentemente maximização de um software de gestão, nem tampouco arcar com os
dos lucros. custos de implantação.
Obtendo essas informações rapidamente e de for- Seu acesso pode ser feito remotamente pelos pro-
ma estruturada, a empresa sairá na frente, descobrindo tocolos FTP ou http. Inclusive o Data Warehouse a ser
os problemas com seus produtos, possibilitando corrigí- acessado também pode ser alugado, o cliente usaria dos
los com maior velocidade, irá saber se seus clientes es- recursos do Data Minning 22 para retirar os dados do
tão satisfeitos e poderá definir novas estratégias para seu interesse do Data Warehouse e transformá-los em
expansão no mercado. informação.
Numa economia globalizada e veloz como a atual Pode parecer à primeira vista uma idéia simplista,
essas tecnologias são um grande diferencial competitivo. até conseqüência natural da evolução das comunicações
Mas, o ponto mais importante nessa mistura de via TI - Tecnologia da Informação - no entanto, esse
tecnologias é a empresa poder direcionar todo seu capi- fato vai novamente alterar as condições vigentes e mu-
tal intelectual para a sua devida função, que é pensar. dar paradigmas, já que os conceitos de “comprar um
O Business Intelligence (BI) – pode ser entendi- software de gestão integrada” poderão ser radicalmen-
do como um agregador de softwares conceituais que te substituídos pela locação do uso de hardware e do
envolvem a Inteligência Competitiva (CI), a Gerência de software de terceiros, ficando todo o trabalho de “fazer
Conhecimento (KMS) e a IBI (Internet Business funcionar a coisa toda” por conta do locador.
Intelligence), pesquisa e análise de mercado, relaciona- Entendendo que a “compra” de um software na
dos à nova era da Economia da Informação. Dedica-se realidade já é praticamente conceitual, haja vista, que é
a captura de dados, informações e conhecimentos que um bem intangível; a locação colocaria o relacionamento
permitem as organizações competirem com maior efici- comercial na condição de Prestação de Serviços e não
ência no contexto atual. É um conjunto de ferramentas na de fornecimento de um produto.
utilizado para manipular uma massa de dados operacional Os custos seriam sensivelmente reduzidos quan-
em busca de informações essenciais para o negócio. do comparados aos de uma implantação, na medida em
que o aluguel seria referente às horas de uso do sistema
O FUTURO DOS SISTEMAS INTEGRADOS DE e não haveria necessidade de aquisições caríssimas.
GESTÃO Por outro lado, as aquisições do pacote de
software e da equipe de consultores, pagos sob a rubri-
O software ERP é um sistema complexo que en- ca de aluguel, seriam lançados contabilmente como des-
volve muitas pessoas, com tecnologia sofisticada e mui- pesas e não como ativo imobilizado como é feito no
tas atividades no seu entorno. Além do custo elevado do momento.
sistema, não somente com a aquisição do software, mas Essa nova forma de usar os sistemas de gestão
com atualizações de versões e atualização dos equipa- integrada vai socializar o uso do software pelas médias
mentos (hardware) utilizados. e principalmente pelas pequenas empresas, já que as
O futuro dos SIG - Sistemas Integrados de Gestão grandes corporações vão continuar a ter seu software
está diretamente ligado à capacidade operacional plena próprio por razões das mais variadas, em especial as
dos sistemas de comunicação de dados, Protocolos relativas a segurança do sistema, bem como, por que já
FTP20 (File Transfer Protocol) e http21 (Hypertext tem a capacidade de possuir um background23 finan-
ceiro invejável para a manutenção de uma equipe de TI
20
FTP - File Transfer Protocol - Protocolo de Transferência própria.
21
http - Hypertext transfer protocol - Protocolo de transferência
de hipertexto por meio da intranet e Internet Um outro aspecto a ser considerado seria relativo
22
Data Minning - Mineração de Dados; processo a confidencialidade dos dados acessados e registrados
exploratório de grandes quantidades de dados à procura no software de terceiros e da segurança das operações
de novos subconjuntos de dados
23
Background - Retaguarda, suporte financeiro. 78
executadas pelo usuário.
A garantia da inviolabilidade dos acessos e regis-
tros deve ser uma das pautas principais para discussão e
apresentação de alternativas de solução dessas ques-
tões dentro da modalidade de relacionamento entre “usu-
ário” e “servidor”, em que estações solicitam serviços
que são os clientes - locatários e outras que são os ser-
vidores - locadores que atendem as solicitações.
Algumas correntes estão chamando essa nova
modalidade de ERP II, que sem dúvidas seria uma evo-
lução em termos de comunicação informatizada e aces-
so à tecnologia da gestão integrada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os SIG – Sistemas Integrados de gestão já fazem


parte do cotidiano das empresas. Não se pode pensar
em uma empresa moderna e atuante sem o uso e domí-
nio da TI – Tecnologia da Informação.
Assim sendo, todo e qualquer dado obtido deve
ser transformado em informação para a tomada de deci-
são mais acertada e segura.
A princípio, o todo pode parecer altamente me-
canizado e automatizado, no entanto, as informações são
apenas e tão somente os indicativos melhores para o
caminho mais acertado. Os SIG sempre irão oferecer
centenas de alternativas e estarão cada vez mais com-
pletos sob a ótica da TI, porém, irão caminhar todo o
tempo sob a tutela inteligente e criativa do homem.

BIBLIOGRAFIA

SOUZA, César Alexandre de. Saccol, Amarolina Zanela


(organizadores) e outros.
Sistemas ERP no Brasil, 1a ed. São Paulo:Atlas, 2003.
A Bíblia Sagrada.
O primeiro livro de Moisés. IMPRES – Cia. Brasileira
de Impressão e Propaganda
São Paulo, Brasil.
TZU, Sun.
A arte da guerra, 1a ed. São Paulo: L&PM Editores,
2006.
Sites e Endereços da Internet:
www.cezarsucupira.com.br
Cezar Sucupira Consultoria e Educação Ltda. maio 2004.
http:/www.sap.com/global/scripts/jump_frame 20/03/
2008
HOME PAGE http:/www.guiarh.com.br/77.htm 20/03/
2008
HOME PAGE http:/www.folha.com.br/informatica/
ult124u9066.shtml 04/07/2008

79
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A ROTA DO SOL!
23 de outubro de 2004

Sabe,
Estou falando com você mesmo,
É, você!
Mulher - menina de olhar sedutor,
Sorriso com um quê de malicioso
Cativante, ar quase inocente
Levemente enigmático,
Cabelos sedosos e brilhantes
Conjunto atraente e sensual,
Um sonho vivo!
Tocou teu coração? Então leia....Vamos lá, leia....
Hora destas
Descobri-me pensando em você,
Imaginei-me pilotando uma aeronave, a motor, destas bem pequenas,
De lona envernizada, comandos simples, mas, muito sensíveis, assim, doces e sua-
ves como você, voando não muito alto, mas, também não muito baixo, voando
apenas!
A terra ocre e a vegetação verde lá embaixo, acima o céu azul, o sol, céu de briga-
deiro, sem nenhuma nuvem sequer....Só isso não dá a perfeita sensação de veloci-
dade......
Claro, ao pensar em você, misturei tudo de racional, um perfeito “manicaca”1 ;
a aeronave entrou em “stol”2 , balançou, perdeu altitude, “glissou”3 , ficou sem
rumo!
Devaneios mil, beijos apaixonados em teus lábios carnudos e úmidos, doces como
framboesas silvestres maduras colhidas no pé; meus dedos perdidos por entre teus
cabelos, abraços apertados sentindo as curvas do teu corpo, mágicos momentos
embalados em sonhos com você, meigos carinhos, intensos, carregados de desejo,
teu cheiro de mulher e teu perfume exalando por toda cabine, tua respiração ofegan-
te e descompassada, olhar brilhante, mãos trêmulas e frias, paixão solta, próxima do
descontrole.....
Agarrados com sentimento pleno de queda livre... Somente o barulho do vento nas
alturas...
Shhhhhhhhhhhhhhh! Será este o barulho do vento nas alturas?
Bip! Bip! Bip! Perigo!!! Perigo!!!
Despertei!
Empurrei a manete e vi à frente e acelerei um pouco mais... Aumentei a pressão nas
asas da aeronave, estabilizei, continuei voando, prolongando o sonho,
Manche na mão outra vez... Controle do vôo....
Voltando rapidamente à razão, não sei bem porque, nem como,
- Acho que para não te perder - consegui colocar a aeronave no prumo, acertei a
rota e então resolvi sonhar um pouco mais vendo o pôr do sol, guinada no manche

81
e no leme, plotei e virei a bússola para 270º direção Oeste.
Você faz cada coisa em mim!!!
270 º Oeste! A rota do sol!
A rota do pôr do sol!
Aquela que quando você chega ao destino no final do dia, o sol está em poente, um momento
fantástico!
Maravilhoso!
O céu vermelho rubro!
O Astro - Rei aos poucos vai se guardando atrás da curvatura da terra, para uma nova
jornada! Finzinho de tarde, um fio de luz...
Olhos na biruta7 , vento de boreste , margeamos a pista ao longe, no sentido oposto ao pouso,
vagarosamente perdendo altitude
Longa curva a direita, já se pode ver a cabeceira da pista com suas faixas paralelas e seu eixo
central tracejado,
.......2500 rpm, 1800, 1200, o Lycoming9 4 cilindros começa a perder a força de arraste,
continuamos perdendo altitude, aeronave querendo desgarrar do eixo da pista, quase alinhada,
um pouco de leme para compensar, manche a frente, profundores10 e “ailerons”11 trabalhan-
do em conjunto, um pouco de motor, rodas dianteiras tocam o solo, seguidas da bequilha12 na
traseira, pouso perfeito, freios acionados, ajustando manete de aceleração para taxiar13 .....
Magneto em OFF14 , avião pousado, PT-MDZ15 , taxiado e travado16 .
Silêncio absoluto quase posso ouvir as descompassadas batidas do meu coração, quem sabe
se prestar bem atenção....Tum!, Tum!, Tum-Tum!-Tum! Este vôo com você.....
Os últimos raios de sol vão se perdendo absorvidos pela escuridão da noite!
Lentamente, toda luminosidade dá lugar ao negro do céu noturno, pontilhado de estrelas mil,
estrelas milhão, quem sabe bilhão?
- Não, não; estrelas infinitas! Somente infinitas....
Brilhantes! Incontáveis.....
A lua surgindo no horizonte, cheia, redonda, mas encabulada, prometendo mil juras de amor,
Lua Cheia, amarelo – pálido, lua dos enamorados, que logo se transforma em prateada, irradi-
ando muita luz, criando muitas sombras, no solo, nas flores, nas vidas...nas emoções...
Lua que tudo vê, espia, e absolutamente muda e calada, caminha pela rota perene do firmamento
infinito.
Testemunha, ao longo do tempo, de grandes amores, beijos enamorados, de sonhos desfeitos,
grandes desilusões, muitas lágrimas e esperanças, por vezes vãs...
Quando a luz da lua e o brilho das estrelas se forem,
ficando então, minha solidão juntamente com a noite fria e escura, aguardando os primeiros
raios tímidos do sol aparecerem novamente,
Restarão, neste breve hiato de tempo,
- Só e somente para mim –
O brilho e a luz dos teus olhos, intensos, que guiarão meus passos pelas trilhas escuras da vida,
iluminando os caminhos do amor e da felicidade..... e me levarão ao teu encontro para a emo-
ção suprema da paixão!

Cláudio Buono Júnior

82
para os
NORMAS

COLABORADORES

83
NORMAS PARA OS COLABORADORES

A Revista Pensando Fleming aceita para publicação trabalhos originais nas áreas de Exatas
e Humanas, que serão encaminhados para a Comissão Editorial para análise e classificação no
índice de publicação.

Os originais deverão ser apresentados em duas vias: um impresso em espaço duplo, em


folha tamanho A4, de um só lado e um disquete de preferência gravado em Word for Windows.

Os trabalhos deverão conter as seguintes informações: nome completo do autor, instituição,


setor de trabalho e ocupação profissional.

Recomenda-se que a extensão máxima dos originais obedeça às seguintes orientações:

Artigos / Entrevistas / Depoimentos - 30 páginas

Comunicações e Resenhas - 05 páginas

Notícias e Resumos - 01 página

As notas e referências bibliográficas devem observar as normas da ABNT ou de outro


sistema aceito pela comunidade científica.

A avaliação dos originais ficará sob a responsabilidade da Comissão Editorial e ou por


especialistas por ela escolhidos. Aos autores serão comunicados os pareceres da Comissão.

A Comissão Editorial espera que os colaboradores tenham especial empenho na divulgação


da Revista para que a publicação possa ampliar-se, mantendo os índices de qualidade e quanti-
dade desejável.

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Faculdade Fleming
Revista Científica da Faculdade Fleming

Presidente da Mantenedora
Marco Antonio dos Santos

Diretora Geral
Anne Crishi Piccolo Santos

Coordenador do Curso Ciências Contábeis


Fernando Aparecido Eufrázio

Coordenador do Curso Administração Geral


Antonio Paschoal Bonin

Coordenadora de Extensão e Pós-Graduação


Eloah Nazaré Varjal de Melo Risk

Campinas-SP
2008

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