Luz, para nós este é o tema a ser trabalhado no Ano Mundial da Física. Em
dois mil e cinco se comemoram cem anos dos trabalhos de Albert Einstein, entre
eles os que giraram em torno da velocidade da luz como uma constante, base da
teoria da relatividade restrita e o que tratou de interações da luz com a matéria,
explicando o efeito fotoelétrico. Além de tema científico, a luz penetra com
facilidade também na cultura popular.
Com sua arte, Chico Buarque de Holanda expõe o que todos sentem: a luz
é fundamental para a vida! Em meio às rimas de sua poesia, podemos encontrar
conhecimentos de ciência e ir longe na compreensão da relação entre vida e luz.
Em seu verso - pulsa, pulsa mais - Chico vai ainda mais longe, unindo o que se
passa com o sangue nas veias ao que caracteriza a natureza ondulatória da luz: o
pulsar. E a partir daí, prossegue com a ciência gerando tecnologia nos sinais
lançados pelos faróis da costeira que tanto ajudam os navegadores a se
localizarem no mar (Santiago, Queiroz e Mundim, no prelo).
Mas não são apenas os artistas os seres capazes de emocionar a todos
com suas criações, tocando fundo na sensibilidade humana e instigando a
imaginação. O trabalho dos cientistas também exige criatividade e em muitos
momentos se une ao dos artistas, produzindo belas obras em forma de música,
pintura ou escultura. Ao representarem as belezas da natureza e ao inventarem
outras tantas, artistas em colaboração com cientistas deleitam e enriquecem a
cultura com novos elementos.
A ciência em geral e a Física em particular fazem parte da cultura e
algumas vezes surpreendem e por outras encantam ao oferecer explicações para
o que não se compreendia antes, levando com suas teorias e modelos a um
melhor conhecimento do mundo, tornando ainda possíveis boas previsões que
podem, além disso, facilitar a vida em geral.
O estudo da luz como geradora direta de vida por meio da fotossíntese é
feito com detalhes por biólogos e químicos, porém os físicos têm especial
participação no conhecimento de uma parte fundamental da vida, a visão,
reservando para a natureza da luz e os fenômenos a ela relativos uma área
especial, a Óptica.
2
O tema “luz” foi o escolhido por nós para o desenvolvimento deste projeto
para comemorar o Ano Mundial da Física – 2005, devido à intrínseca relação que
os trabalhos de Einstein possuem com o tema.
Há vários séculos, Ciência e Arte costumam andar juntas nos eventos que
envolvem a luz, em um mundo repleto de sinais em constante mudança, seja na
natureza, dentro das residências, nas obras de arte, nas telas do cinema, da
televisão ou dos computadores. Para vê-los os homens contam com os olhos que
juntamente com o cérebro fornecem as imagens.
A palavra arte vem do latim ars, correspondendo ao termo grego techne,
significando na sua origem tudo o que se apresenta ordenado, inclusive a
atividade humana submetida a regras. Em sentido estrito, arte era sinônimo de
ofício, ciência. Em sentido mais amplo queria dizer habilidade, agilidade. Assim,
nos primórdios do conhecimento humano, não era possível diferenciar arte,
ciência e tecnologia. Artistas-cientistas, como Piero della Francesca e Leonardo
Da Vinci, conjugavam numa só pessoa um tipo de trabalho inovador nos dois
campos de conhecimento, já no século XV, fazendo emergir novos núcleos de
reflexão teórica.
A história da humanidade nos é contada como tendo separado a arte da
ciência durante muitos séculos, guardando para a primeira toda a possibilidade de
uso irrestrito da sensibilidade e da criatividade e submetendo a segunda a regras
muito rígidas de produção de conhecimento. No entanto, tem se tornado difícil
negar que esses dois campos da atividade humana estão e sempre estiveram
muito mais próximos do que se pensou um dia. E é no estudo da luz que podemos
constatar esse fato.
Até o século XVII a luz era definida como “aquilo que os nossos olhos
vêem”. No entanto, com o desenvolvimento posterior da Física, concluiu-se que a
luz visível é apenas uma pequeníssima parte de um grande conjunto de outras
formas de radiação. Já que a visibilidade não pode definir o que é a luz, foi
necessário pesquisar o que possuem em comum todos os outros tipos de “luz”,
reunidos sob a denominação geral de radiação eletromagnética. Hoje em dia
estamos acostumados a conviver com vários tipos de radiação que se apresentam
como o espectro eletromagnético: ondas de rádio, microondas, radiação
infravermelha, radiação ultravioleta, raios X e raios gama.
Estudos sobre as interações entre matéria e radiação se intensificaram ao
longo dos séculos seguintes e no século XX o estudo do micromundo levou os
próprios cientistas e os filósofos a reconhecerem que a ciência não é uma coleção
de leis e de fatos sobre uma realidade que ingenuamente acreditavam poder
alcançar na sua totalidade. Muitos conceitos e idéias são inicialmente inventados
para que se possa representar por meio de modelos aquilo a ser estudado.
Reconhecer o papel da sensibilidade e da criatividade não nos impede de afirmar
que o compromisso da ciência continua o mesmo: submeter nossas teorias aos
fatos experimentais, ampliando a capacidade de organizar o mundo para
compreendê-lo cada vez mais. O desenvolvimento de novos instrumentos
científicos torna-se mais um ponto de união entre arte, ciência e técnica.
Do ponto de vista da didática para o ensino da Física, reconhecer os
pressupostos aqui apresentados nos leva a uma proposta capaz de motivar
3
estudantes desde os níveis escolares básicos até os universitários, por meio de
um projeto interdisciplinar, contextualizado historicamente, no qual se destaca a
relevância da Física na construção da cultura artística, filosófica, científica e
tecnológica em que estamos mergulhados.
Partindo da provocação de um filme recém lançado em DVD, “A Moça com
Brinco de Pérola”, inspirado no quadro de J. Vermeer, nós caminharemos das
inovações barrocas do pintor, relacionando-as à questão da luz, passando pela
ciência óptica da época e desembocando na ciência e na arte do século XX.
Descrição detalhada da proposta
O século XVII, época de revolução na Mecânica, é conhecido como o
século de ouro na Holanda (Struik, 1982). Nosso projeto estará contextualizado
inicialmente nesse século, destacando a relevância da cultura científica, artística e
filosófica desenvolvida nesta época nesse país da Europa, poucas vezes
destacado nos estudos escolares de Física ou de História da Ciência. Sobre a
Física desenvolvida nesse século, todos falam da Itália de Galileu ou da Inglaterra
de Newton, com muita razão para isso, porém queremos dar destaque à Holanda
– Os Países Baixos – importante centro econômico e cultural da Europa em
tempos coloniais para o Brasil, tendo influenciado de maneira fundamental a
cultura brasileira. Nesse século, os portugueses defenderam o Brasil dos
invasores ingleses, franceses e holandeses. Porém, os holandeses resistiram e se
instalaram no nordeste do país por quase 25 anos (início em 1624). O Conde
Maurício de Nassau trouxe artistas e cientistas à “nova Holanda” que se
instalaram em Recife, tendo sido de fundamental importância para o Brasil e para
a América ao abordarem a paisagem, os tipos étnicos, a fauna e a flora como
temática, livres dos preconceitos e das superstições que eram de praxe se
encontrarem nas representações pictóricas que apresentavam temas americanos.
Foram verdadeiros repórteres do século XVII, estreitando laços entre povos
europeus e americanos. A construção do primeiro observatório astronômico da
América do Sul, na cidade do Recife, em Pernambuco, devemos diretamente a
Nassau.
Lentes e espelhos, além de outros instrumentos mais sofisticados e teorias ópticas em
pleno desenvolvimento na época tiveram presença marcante na vida de holandeses ilustres do
i
século XVII, destacando-se entre eles – o físico e filósofo Christian Huygens , o microscopista
ii iii iv
Leeuwenhoek , o pintor J. Vermeer e o filósofo Espinosa . A partir de suas biografias serão
levantados os temas em torno dos quais se desenvolverá o projeto “Ciência, Arte, História e
Filosofia: A Relevância Cultural da Física do século XVII para a Ciência dos dias de hoje.”
4
experimentos com material de baixo custo, pesquisas a serem apresentadas em
painéis, maquetes etc – a serem expostos ao longo da II Semana de Ciência e
Tecnologia (de 3 a 9 de outubro de 2005) em um evento com núcleo itinerante
intitulado “Ciência, Arte, História e Filosofia: A Relevância Cultural da Física do
século XVII para a Ciência dos dias de hoje”, que consiste em uma exposição de
reproduções do pintor Vermeer e de cartazes e aparatos que sustentem a
argumentação sobre o “olhar óptico” do artista contemporâneo Hockney (2001),
autor do livro “O Conhecimento Secreto” e apresentação de um hipertexto
abrigando as ramificações do presente projeto, já em construção, a ser
disponibilizado aos visitantes da exposição e oferecido a Bibliotecas e
interessados.
Cartazes sobre os desdobramentos que os estudos sobre a “luz” e suas
interações com a matéria tiveram na Ciência e na Tecnologia contemporâneas
apresentarão os trabalhos desenvolvidos por alunos e professores da UERJ, no
âmbito das disciplinas curriculares da Licenciatura no Instituto de Física - Prática
de Ensino e Instrumentação para o Ensino - compondo também a parte itinerante
da exposição, enquanto em cada uma das escolas haverá o acréscimo dos
trabalhos desenvolvidos por seus alunos e professores, a partir do que será
proposto pelo presente projeto. As escolas contarão com o apoio dos estagiários
da universidade1.
Entre as inovações educacionais que o projeto almeja estaremos trazendo
para a educação em ciências, com essa abordagem, aquilo que historiadores da
arte há muito reconheceram como uma mudança fortemente marcada por
inovações tecnológicas na arte. A guinada rumo a um naturalismo perfeccionista,
tendo início no século XV e ápice no século XVII, perdurou até a emergência da
fotografia. O processo não foi no entanto gradual: o chamado “olhar óptico”
chegou de repente e foi imediatamente coerente e completo, indicando inovações
tais como o uso da perspectiva e também de lentes, espelhos e câmaras escuras,
provocando discussões até os dias de hoje sobre o “talento inato” de certos
pintoresv (Hockney, 2001). “Somente na Holanda do século XVII, num contexto em
que havia grande interesse pela ciência óptica, Vermeer conseguirá representar a
difusão da cor com mestria semelhante à de Leonardo.”(Gênios da Ciência, 2005)
Durante a elaboração da exposição, um conjunto de palestras será
oferecido no Instituto de Física a alunos e professores, sendo aberto a professores
de Ensino Médio, como forma de engajamento na preparação da própria
exposição e de atividades de divulgação científica que poderão acompanhar a
exposição. Para isso professores de diferentes universidades serão convidados a
participarem dos “Seminários de Licenciatura”, atividade consolidada no
Departamento de Física Aplicada e Termodinâmica, no seu terceiro ano de
realização na UERJ.
1
Para a I Semana de Ciência e Tecnologia, realizada em 2004, a UERJ e o Colégio Pedro II, unidade Tijuca,
desenvolveram o Projeto: Exposição Energia Interativa, reapresentado ainda no XVI SNEF.
5
Um conjunto de oficinas e mini-cursos será oferecido a professores de
ensino médio e alunos universitários durante a II Semana de Ciência e Tecnologia
– na UERJ.
2
Outros holandeses prêmios nóbeis em Física: Em 1902 -Peter Zeeman (1865-1945), Universidade de
Amsterdan – Influência do Magnetismo no fenômeno da radiação; Em 1910 - Van der Waals (1837 – 1923),
Universidade de Amsterdan, Equação de Estado para gases e líquidos.
6
deveria diminuir cada vez mais, chegando a zero no zero absoluto. Para ele, as
vibrações dos átomos do metal, que dificultam o deslocamento dos elétrons e
causam a resistência, deveriam cessar no zero absoluto. Nesse caso, a
resistência elétrica cairia a zero gradualmente. Estudos posteriores feitos por ele
mostraram que o estado supercondutor surge abruptamente (numa transição de
fase). Uma aplicação importante da supercondutividade é a construção de ímãs
poderosos, com grande repercussão tecnológica.
Apesar dos temas serem olhados dentro da sua complexidade, na ciência
daremos destaque ao estudo das partículas, desde a Eletricidade (elétrons) à
Física de Partículas, apresentando em palestras e mini-cursos projeto anterior do
grupo proponente (Rastreando o mundo: do visível ao invisível, em busca do
indivisível), discutindo-se a Teoria ondulatória e a chegada no século XX à
dualidade onda-partícula. Na Biologia chegaremos ao desenvolvimento
contemporâneo da genética, projeto Genoma etc. Na tecnologia um dos
destaques estará no surgimento da fotografia (Óptica), passando-se pelas
máquinas tradicionais e chegando-se até os princípios das atuais digitais. Outro
estará nas formas de restauração e climatização para preservação (Termologia,
Calor) das obras de arte de todos os tempos. Na filosofia, após discutirmos o
império indutivista de Bacon e o racionalismo de Espinosa – com destaque para o
princípio da totalidade, apresentaremos o conceito de fato na visão de filósofos do
século XX, entre eles Karl Popper, comparando-o aos anteriores. Na Arte faremos
um passeio do naturalismo ao abstracionismo. O suporte da História da Ciência
trará outros temas de fundamental importância para a Física contemporânea,
como por exemplo a diversidade de temas estudados por Huygens, que
contemplam a Mecânica das partículas, a ondulatória e a Òptica.
Novas formas de aprender e ensinar ciências, artes e filosofia serão
desenvolvidas neste Projeto, de modo a abrir espaços para a presença da
sensibilidade na educação formal e não formal. Esperamos assim propiciar
aprendizagens repletas de emoções durante os processos educacionais, levando
alunos e mestres a se sentirem mais aptos para enfrentar com criatividade os
problemas com que se defrontam diariamente, entre eles os inerentes à própria
escola.
AS ATIVIDADES
As atividades que pretendemos desenvolver neste projeto podem ser
divididas em dois blocos: o primeiro relaciona-se diretamente com a pesquisa e a
produção de materiais instrucionais e de divulgação científica, enquanto o
segundo envolve a interação entre o conhecimento já instituído e sua divulgação
para os públicos dos ensinos universitário e médio, abrangendo também o público
geral, como por exemplo os alunos da UNATI – Universidade da Terceira Idade –
instituto da UERJ para adultos a partir de 60 anos ou ainda para o público que
visita os Museus de Astronomia e Ciências Afins e o Museu da Vida da
FIOCRUZ, instituições com as quais mantemos intenso intercâmbio e que
abrigarão algumas das atividades propostas por nós a serem desenvolvidas no
decorrer do ano mundial da Física.
7
Atividades de Pesquisa:
a) Para montagem de uma exposição itinerante e elaboração de hipertexto:
Pesquisa qualitativa do tipo documental, sobre a utilização da luz, de
técnicas de desenho e pintura e de fabricação de pigmentos, por Vermeer em seu
quadro “A Moça com Brinco de Pérola”, obra que serviu de tema de livro e filme
contemporâneos, a serem também analisados. O item “técnicas de desenho e
pintura” nos abrirá os caminhos para a pesquisa de instrumentos ópticos
empregados no século XVII por Vermeer e outros pintores, nos levando da
utilização de espelhos côncavos, lentes, câmaras escura e lúdica até chegar à
fotografia e aos dispositivos hoje utilizados como recurso e apoio à pintura e a
gravação de imagens, como por exemplo às câmeras digitais.
A pesquisa sobre fabricação dos pigmentos nos levará às contribuições da
Química e da Biologia, integrando-as à História da Arte, além da Física que
discutirá a natureza da cor: pigmento ou freqüência, levando-nos à discussão da
natureza da luz e dos fenômenos a ela relacionados.
Diretamente ligada ao quadro, além de sua elaboração no século XVII, vem
sua conservação, envolvendo: restauração, climatização do ambiente de
exposição e ações contra fungos. Essa etapa nos levará à pesquisa sobre
questões mais atuais, às técnicas desenvolvidas no século XX e/ou que ainda
estão em fase de investigação, como por exemplo a aplicação de raios γ (gama)
para livrar as obras de fungos sem haver prejuízos irreparáveis. Essa etapa
envolverá Física, História da Arte, Biologia e Química.
Mas um quadro não é feito por passe de mágica, existe todo um contexto
que influencia sua geração. A Moça com brinco de Pérola, o quadro em questão,
pintado na cidade de Delft, Holanda, no século XVII, traduz a situação social,
artística e científica daquele país na época. Isso nos remete à pesquisa de outras
obras de Vermeer e ao próprio personagem e seus contemporâneos, chegando a
Leeuwenhoek, o pai da microscopia, vizinho e amigo do pintor, a Huygens, físico,
matemático e filósofo de grande importância na história da Física e a Espinosa,
filósofo, todos conterrâneos. O conhecimento construído nessa época, de grande
progresso na Holanda, teve grande repercussão em nossa cultura, fazendo
também com que o Brasil passasse a ser conhecido na Europa por meio das
obras científicas e pinturas aqui realizadas. Pintores e cientistas brasileiros foram
influenciados pelos holandeses.
8
Vista de Delft
3
Contatos iniciais realizados com o professor de Física do CAP/UERJ, Fernando Carvalho.
9
Atividades de divulgação:
a) apresentação e vídeo- debates relacionados à exposição
Além do DVD A Moça com Brinco de Pérola, o Consulado da Holanda possui
vídeos culturais. Eles serão apresentados na FIOCRUZ e no MAST, sendo
seguidos de debates coordenados por pesquisadores convidados.
b) palestras sobre temas de Física, Filosofia, História da Arte e Biologia
As palestras serão realizadas dentro do projeto “Seminários de Licenciatura”, já
em andamento no DEFAT/IF/UERJ, sendo aberto a alunos e professores da
universidade e demais interessados do ensino médio. No caso específico elas
serão também divulgadas para a UNATI.
c) oficinas e mini-cursos
Um conjunto de oficinas e mini-cursos, alguns já desenvolvidos pelo grupo de
pesquisa em Ensino de Física da Uerj (Queiroz, Barbosa Lima, Santiago, Damião,
Pacheco) e oferecidos nos dois últimos Simpósios Nacionais de Ensino de Física
serão reapresentados para alunos e professores durante o ano. Outros mais
específicos sobre Óptica e Física Contemporânea serão planejados e oferecidos
dentro deste projeto.
ESPECIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES E DATAS DOS EVENTOS
Público Geral e de nível médio
10
• “O Ponto de Mutação” – Elza Maria Nefa Vieira de Castro – Local: Núcleo de
Referência Ambienta NUREDAM/EDU/UERJ – 5 de outubro – 18:30 h
11
• Física de Partículas – Dílson de Jesus Damião e Marco André Pacheco – 3 de
abril de 2005 – 17 horas -MAST/MCT
5
O mini-curso será apresentado também no MAST/MCT, em 8 de maio de 2005, dentro da programação Bate
Papo Hiperinteressante.
6
O mini-curso será apresentado também no MAST/MCT, em 3 de abril de 2005, dentro da programação Bate
Papo Hiperinteressante.
12
• Oficina Elementos de Fotografia - Amanda Campos de Santana e Marco
André Pacheco – 4 horas
Os elementos a serem discutidos de forma teórico-prática dizem respeito a:
Lente– foco, abertura de diafragma; Câmera – velocidade do obturador, penta-
prisma para correção de imagem, ajuste da sensibilidade do filme e interação
câmera e lente e Fonte de Luz – fotômetro e qualidade do vidro das lentes,
posicionamento para a foto.
Obs: A partir da II Semana de Ciência e Tecnologia a exposição e os minicursos e
oficinas estarão itinerando em outras instituições escolares ou de divulgação
científica. Já está acertada com o secretário de Educação do Município de São
João de Meriti, Prof. Cláudio Elias da Silva (afastado temporariamente do
IF/UERJ) a ida a uma escola nesse município da Baixada Fluminense - Escola
Municipal Dr. João Alves Martins. Também está acertada a ida à Faculdade de
Filosofia Santa Dorotéia7, em Nova Friburgo, que estará se preparando para
receber o núcleo itinerante nos moldes do projeto. O conjunto de atividades será
ainda submetido para reapresentação na SBPC Jovem de 2006 e no próximo
Simpósio Nacional de Ensino de Física de 2007.
RECURSOS HUMANOS
EQUIPE do PROJETO
A equipe do Projeto se divide entre Professores da UERJ e Professores
Colaboradores de outras instituições. Os da UERJ compõem o Núcleo de
Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação em Ciências da UERJ (NPE3), criado
em 2003, que tem pautado suas ações de pesquisa e formação de professores
nas tentativas de diálogo entre a Ciência, a Arte e a Filosofia (Queiroz, Barbosa
Lima e Nonato Junior, 2003; Queiroz, Barbosa Lima e Vasconcellos, 2004;
Queiroz, Barbosa Lima e Castro, 2003) tendo partido para isso dos trabalhos de
doutoramento de dois de seus componentes (Queiroz, 2000 e Barbosa Lima,
2001). Tal núcleo, ao se abrir para outros membros, conta com a participação
efetiva de professores interessados nos problemas dos cursos de graduação em
Física da universidade (Santiago e Queiroz, 2003, 2004 e 2005) e alunos de
graduação e de pós-graduação do Instituto de Física (IF) que vem participando de
apresentações do grupo em congressos e simpósios acadêmicos (Queiroz e
outros, 2003). Contamos também na equipe com uma professora da Faculdade de
Educação da mesma instituição e um do Colégio de Aplicação, campo de estágio
de alunos de graduação. Entre os colaboradores temos antigos parceiros
pesquisadores (Queiroz e Cardozo, 2004) de outras instituições e estamos
contactando novos parceiros para a realização de algumas atividades específicas
deste projeto.
Professores UERJ
7
Intercâmbio acertado com a Coordenadora Geral da Faculdade, Professora Ms Selma Ferro dos Santos e
com a professora de Metodologia de Ciências, Ms. Margarida Carvalho de Santana.
13
Glória Regina Pessôa Campello Queiroz – Doutora em Educação – PUC-Rio –
Professora do Instituto de Física e Coordenadora do Projeto
Maria da Conceição Barbosa Lima – Doutora em Educação – USP -Sub –
Professora do Instituto de Física e Sub-Coordenadora do Projeto
Rosana Bulos Santiago – Doutora em Física – CBPF - Professora do Instituto de
Física - Pesquisadora e Professora de mini-curso e oficina
Elza Maria Neffa Vieira de Castro – Doutora em Desenvolvimento, Agricultura e
Sociedade – UFRRJ – Professora da Faculdade de Educação e Diretora do
Núcleo de Referência em Educação Ambiental NUREDAM/EDU/UERJ.
Pesquisadora, Debatedora de vídeo e Consultora
Amador Perez – Artista Plástico, Bacharel pela Escola de Belas Artes e professor
da Escola Superior de Desenho Industrial - Palestrante
Roberto Conduru – historiador da arte, Doutor em História – UFF e Professor do
Instituto de Artes - Palestrante
Dílson de Jesus Damião, Marco André Pacheco - Mestrandos do IF - professores
de oficina e mini-curso
Amanda Campos de Santana, Arthur Vilar, Pedro Zille, Giselle Faur – alunos da
graduação do IF - professores de mini-curso e oficina
Professores Colaboradores
CBPF
Roberto Moreira Araújo – Doutor em Física - CBPF - Palestrante
UENF
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ESCOLA MUNICIPAL MARTIN LUTHER KING
Solange de Almeida Cardoso – Mestre em Educação PUC-Rio - Professora de
Ciências e Coordenadora das atividades do projeto na escola municipal
RECURSOS FINANCEIROS
BIBLIOGRAFIA
15
QUEIROZ, G. (2000) Professores artistas-reflexivos de Física no Ensino Médio –Tese de
Doutorado em Educação – Rio de Janeiro: PUC
QUEIROZ, G. e CARDOZO S. (2004) A Prática de ensino sob a perspectiva teórica dos saberes
docentes: um curso na VI Escola de Verão CD-rom do XII ENDIPE Curitiba
QUEIROZ, G. LIMA,.C.B., NONATO JUNIOR, R. (2003) Uma Atriz contribui para a formação de
professores artistas-reflexivos VI Escola de verão para Professores de Prática de Ensino de
Biologia, Física, Química e Áreas afins. Niterói: UFF
QUEIROZ,G e PACHECO, M. (2003) Estratégias Didáticas para o Ensino de Luz e Cor CD-rom
das Atas do XIV SNEF Curitiba
QUEIROZ, G. BARBOSA LIMA, M.C. e Castro, G. (2004) Estudo de caso: Um Licenciando e suas
decisões na adoção de um modelo filosófico com propósitos pedagógicos Cd-rom das Atas do XV
SNEF Curitiba
QUEIROZ, G. BARBOSA LIMA, M.C. e VASCONCELLOS, M.M.N. (2004) Física e Arte nas
Estações do Ano revista eletrônica RELEA v. 1, n.1
STRUIK, D.J. (1982) The land of Stevin and Huygens: A sketch of Science and Technology in the
Dutch Republic during the Golden Century Nova York: D.Reidel.
ZANETIC, J. (1989) Física também é cultura Tese de doutorado em Educação. São Paulo:
Faculdade de Educação, USP.
Homepages consultadas:
http://www.pitoresco.com.br/espelho/valeapena/mistifica/mistifica.htm
http://www.pitoresco.com.br/espelho/destaques/vermeer/vermeer.htm
http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/artes/quatrofases/vermeer.htm
http://www.conviteafisica.com.br/
16
i
Christian Huygens (Haia 1629 -1695)
Christian Huygens nasceu em Haia (Holanda), em 14 de abril de 1629. Ele foi o segundo
filho de quatro filhos de Constantijn Huygens (1596-1687), senhor de Zuylichem, um dos mais
importantes eminentes na Política e Literatura na Holanda Renascentista. Era um homem de
ampla e variada cultura que também se dedicou às Ciências. Aos dezesseis anos de idade,
Huygens entrou para a Universidade de Leyden para estudar Direito e, logo depois, é transferido
para Breda, onde seu pai dirigia a nova Universidade, formando-se dois anos depois em Direito.
Em ambos os lugares ele estudou também Matemática, mas só após ter se formado, devota sua
atenção para o estudo das ciências físicas e matemáticas. Em 1651, aos 21 anos de idade,
Huygens publica seus primeiros trabalhos de Matemática, sendo o de maior importância o sobre as
quadraturas das secções cônicas. Em 1654, ele realizou a melhor aproximação, realizada até
então na época, da área do círculo. Dois anos mais tarde ele manda para Van Schooten seu
trabalho sobre o cálculo de probabilidade intitulado De ratiociniis in ludo aleae (1956; Do cálculo
no jogo de azar). Neste mesmo período, junto com seu irmão mais velho Constantijn, cortavam e
poliam lentes para construção de seus próprios telescópios para observações astronômicas. Eles
conseguiram melhorar a construção dos telescópios devido a um novo método de corte e
polimento no qual superavam os defeitos das aberrações cromáticas e esféricas, permitindo
aumentar a potência de ampliação até então desconhecida. Com isso suas primeiras observações
o levam à descoberta da Nebulosa de Órion, de um novo satélite de Saturno, como também,
consegue dar a primeira descrição correta dos anéis deste planeta. O problema dos anéis de
Saturno fora enfrentado por Galileu, quando foram descobertos pela primeira vez. A necessidade
de registrar, com maior precisão, os tempos das observações astronômicas levou Huygens a
estudar o problema da aplicação do pêndulo para regulagem dos relógios. Problema este não
resolvido por Galileu. Em 1657, apresentou seu primeiro método de controle de relógios utilizando-
se do movimento de um pêndulo, apresentando aos Estados-Gerais e, publicando logo após, sua
famosa obra Horologium Oscillatorium, que contém muitas das descobertas originais sobre a teoria
do pêndulo. Além da teoria e da descrição dos mecanismos de funcionamento do pêndulo, este
livro também trazia os teoremas sobre a força centrífuga no movimento circular usados por
Newton para formular sua Lei da Gravitação. Em 1678, Huygens apresentou à academia
francesa, mas só publicou em 1690, em Leyden, o Traité de la Lumière (Tratado da Luz), sua mais
importante contribuição para o progresso da Física, onde descrevia sua teoria ondulatória da luz.
No início de seu trabalho ele descreve o seu princípio:
"No estudo da propagação destas ondas, deve-se considerar que cada partícula do meio através
do qual a onda evolui, não só transmite o seu movimento à partícula seguinte, ao longo da reta que
parte do ponto luminoso, mas também a todas as partículas que a rodeiam e que se opõem ao
movimento. O resultado é uma onda em torno de cada partícula e que a tem como centro"
Huygens defendia a idéia de que a luz se propagava ondulatoriamente e com sua teoria podia
i
explicar os fenômenos da reflexão e da refração, já explicados pela teoria corpuscular da luz .
Elabora o modelo das frentes de onda que vai desempenhar um papel fundamental no estudo das
ondas que se propagam na natureza em três dimensões, sejam elas ondas sonoras ou ondas
luminosas: a frente de onda é o lugar geométrico dos pontos que possuem todos a mesma crista
(ou pico) de onda. Além disso, cada ponto de uma frente de onda primária é uma nova fonte de
ondas secundárias que se propagam em todas as direções. Tal importante afirmação de Huygens
17
ficou conhecida como um Princípio. Após ter vivido mais de uma década na França, em 1681
Huygens retorna para a Holanda. A partir daí até a sua morte, que ocorreu em Haia, em 8 de junho
de 1695, aos sessenta e seis anos, ele devota o resto de sua vida a estudos científicos.
ii
Antonie Van Leeuwenhoek (Delft 1632 – 1723)
18
diferencia do renascentista por dar ênfase na emoção, no dinamismo e não nas composições
estáticas. Tanto quanto no Renascimento, o Barroco teve sua evolução em toda a Europa. No
Barroco Holandês destacamos Vermeer, que em seu “Astrônomo e Geógrafo” exemplifica com
clareza o gênero.
Como ponto de interesse para o presente projeto, vale acrescentar que Vermeer e
Leeuwenhoek viveram na mesma cidade, Delft, Holanda, tendo sido vizinhos e companheiros.
iv
Benedict de Espinosa (Amsterdan, 1632 - Haia, 1677)
19
na pintura ao longo dos séculos. Ganha destaque a obra do holandês J. Vermeer,
questionando-se se o pintor utilizava ou não lentes para realizar seu trabalho. Segundo o
autor, em seu livro "O Conhecimento Secreto" (Cosac & Naify, 2001), sim, Vermeer usava
lentes: ele "parece encantado com os efeitos ópticos da lente e tentou recriá-los na tela".
Assim, nas suas obras, há detalhes desfocados, enquanto outros são maiores, vistos a
olho nu, o que só poderia ocorrer se o artista usasse lentes.
O "elo perdido" apresentado por ele era a idéia de que artistas já utilizavam desde
1430 uma técnica semelhante à popularizada por Andy Warhol no século XX. Se o pai da
pintura pop usava slides para projetar no quadro em branco a imagem que pintaria por
cima com fidelidade, grandes mestres o faziam apenas com primitivas lentes e espelhos.
Hockney não poupava quase ninguém. Do mestre holandês Van Eyck, do começo do
século 15, até o francês Henri Fantin-Latour (1836-1904), a maior parte dos cânones da
arte ocidental teria usado truques, ou "colado", como chegou a brincar a "The New
Yorker". Lançada a ofensiva, Hockney teve de se esconder em seu ateliê na Califórnia,
como um membro do Taleban nas montanhas de Candahar, tamanha a repercussão de
suas idéias. O artigo provocou um Niagara de respostas.
Cerca de cem anos mais tarde, outros artistas também da atual Holanda e do
norte da Itália teriam resgatado o princípio da câmera escura e adaptado as primeiras
lentes de aumento nesse tipo de projeção natural Com elas, em pleno século XVII, se
podia projetar com bastante foco a imagem de modelos ou de uma natureza-morta. Com
a projeção sobre a tela, o artista poderia fazer marcações que permitiriam que ele
melhorasse sobremaneira a perspectiva e sombreamento de suas pinturas. Surgiam
assim, para Hockney, as obras dos artistas considerados os grandes entendedores do
funcionamento do olho humano, como Caravaggio (1571-1610), Velázquez (1599-1660),
Vermeer (1632-1675) e Ingres (1780-1867). O último deles, cuja habilidade pictórica
acendeu pela primeira vez a lampadinha na cabeça de Hockney, originando a pesquisa,
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teria usado também um dispositivo mais sofisticado. A chamada câmera lúcida é um
instrumento patenteado em 1806 que é constituído por prismas anexados a uma haste
que permitem que se observe simultaneamente um objeto e a imagem deste projetada
sobre uma folha de papel.
Como, até hoje, não se documentou o uso de lentes, como as que Caravaggio
teria utilizado, ou de prismas, como os de Ingres?
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