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ESPELHO MEU…

Carta Aberta a Maria Armanda Plácido

Se tu de ferir não cessas,


que serve ser bom o intento?
Mais carapuças não teças;
que importa dá-las ao vento,
se podem achar cabeças?

Tendo as sátiras por boa,


do Parnaso nos dois cumes
em hora negra revoas;
Tu dás golpes nos costumes,
e cuidam que é nas pessoas.

Nicolau Tolentino de Almeida [1741-1811]


em A Guerra

(Irmão do caloiro coimbrão, depois militar e


por fim religioso António Plácido de Almeida)

Pessoalmente não consigo aceitar a indiferença nem conter a indignação com certas
atitudes prepóteras do dirigismo recém-chegado. Avisada como se pretende,
compreenderá por si, a razão que me levou a dirigir-lhe estas linhas. Em forma de
Carta Aberta. Permiti-me iniciá-la na convicção de que as palavras do Tolentino
possam dar o mote e o enquadramento em que me dirijo a si.

Tenho para mim que a forma de me dirigir aos dirigentes do Xadrez nacional, com
conhecimento a toda a comunidade xadrezista através de uma Carta Aberta vai
começar a ficar com os dias contados. Vai ganhar o tédio, a indiferença e a
resignação, mas, independentemente de ficar tranquilo com a minha consciência
pessoal, sinto que prestei um dever à consciência social a que me dirijo e, isso, por
agora, basta-me.

Poderia começar por uma qualquer forma, que seria legível e legítima, mas preferi
iniciar por dois episódios sintomáticos quanto elucidativos de uma forma de estar no
dirigismo português.

Primeiro. No passado dia 5/7, em pleno encontro das meias-finais da Taça de Portugal
entre as equipas do GC Odivelas – GD Diana, enquanto o ex-Vice-Presidente da AX
Lisboa Paulo Dias me estendeu a mão, a Presidente Maria Armanda, quando a
cumprimentei desviou o olhar e abandonou de seguida a sala de jogo sem me dirigir a
palavra.

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Em função do que tenho escrito no blogue Ala de Rei, é bem possível que a Sra. Maria
não aprecie a minha companhia e as minhas saudações.

Segundo. No passado dia 9/8, durante a 1ª sessão da fase preliminar do Camp.


Nacional Indiv. Absoluto, na Amadora, a Sra. Maria Armanda entendeu não
cumprimentar a Ana Baptista, a recente campeã nacional feminina.

A própria Ana ficou estupefacta com tal atitude, desconhecendo o que teria passado
pela cabeça da Sra. Maria, para não lhe dirigir a palavra. Já não bastava não a ter
felicitado pelo seu feito desportivo, agora ignora-a.

Estes dois episódios, são tão absurdos quanto significativos.

Não se conhecem as razões que terão levado a Sra. Maria Armanda Plácido, que é
uma jogadora de xadrez e uma dirigente associativa, a agir daquela forma. A
senhora, concentra em si mesma, os cargos de Presidente da Direcção da Associação
de Xadrez de Lisboa e Vice-Presidente da Direcção da Federação Portuguesa de
Xadrez. Não é, por isso, nem uma pessoa nem uma dirigente qualquer, acumula dois
cargos de elevada responsabilidade na modalidade. Por isso, em qualquer posição
em que se coloque, evidencia-se sempre, a sua qualidade de dirigente que presumia
uma impoluta conduta social.

Esperava-se que o seu dever de urbanidade, exigível a qualquer cidadão para a sua
conduta em sociedade, fosse exemplar, sobretudo, quando ocupa cargos no
associativismo desportivo, mas parece, que nem todos se regem pelos mesmos
códigos de conduta.

A um dirigente é exigível elevado grau de responsabilidade na forma como se


relaciona com os dirigidos, sobretudo, quando está investido de poderes de
autoridade, previstos legalmente, como é o caso dos titulares de uma federação
desportiva dotada de Utilidade Pública Desportiva.

Ademais, tem acrescidas obrigações éticas expressamente reguladas pelos códigos


de ética vertidos nas disposições legais e estatutárias. Como se não bastassem as
disposições de direito positivo constantes da Lei de Bases da Actividade Física e do
Desporto, sempre seriam aplicáveis as disposições do Código de Ética da Federação
Internacional de Xadrez (FIDE) que a Sra. como Vice-presidente da FP Xadrez tão bem
deverá conhecer.

É tudo isto que se espera de um jogador de xadrez bem formado e cumpridor dos
estatutos da sua federação que lhe concedeu uma licença desportiva para praticar a
modalidade e, por maioria de razão, quando ele é um dirigente nacional.

Ou será que estarei errado nas observações?

E, quando esse cidadão que é jogador, que é dirigente distrital, que é dirigente
nacional, que é membro de uma selecção nacional e que é capitão de uma
selecção nacional, o que se esperaria? Redobrados cuidados, lisura de
comportamentos e presciência.

Ou será que estarei errado nas asserções?

A Sra. Maria Armanda Plácido, enquanto jogadora e dirigente distrital e nacional do


xadrez não está em condições de exercer com isenção, equidade e independência
um cargo de elevada responsabilidade que lhe confere a posição de capitã da

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selecção nacional olímpica feminina em que foi nomeada pessoalmente pelo
Presidente da FP Xadrez.

Como vai a capitã da selecção nacional olímpica feminina dialogar na Alemanha


com uma jogadora – e logo a campeã nacional feminina e actual jogadora nº 1 do
ranking nacional, a confirmar na próxima Lista Elo FIDE de Outubro2008 – quando em
Portugal não lhe dirige a palavra?

O Xadrez e a FP Xadrez estão a 90 dias [*] de levar às Olimpíadas de Dresden uma


selecção olímpica feminina que se fosse verdadeiramente nacional representava o
País, mas parece que está apenas, aparentemente, interessada em fazer viajar uma
dirigente que tem mostrado vocação para as viagens, mas incapacidade de se
relacionar com jogadoras da selecção olímpica e com um passado que a não
dignifica, como se pode comprovar na única situação em que foi chamada a exercer
um cargo semelhante – capitã de uma equipa B – num clube desportivo.

Como se pode então manifestar confiança na sua pessoa quando, segundo


informação publicada no fórum Lusoxadrez e não desmentida, um abaixo-assinado
subscrito pela totalidade das jogadoras que disputou recentemente o Campeonato
Nacional Feminino solicita a sua substituição, como 5º tabuleiro, quando é
simultaneamente, a capitã da própria selecção.

Ora, senhora Maria Armanda Plácido, que garantias tem o País, que delegou
competência e funções na FP Xadrez e que a designou a si como capitã, de que a
Sra. vai ser objectiva, imparcial e justa, aplicando com isenção o critério que
estabelece que

«(…)
As jogadoras serão ordenadas, sendo a ordem de selecção a da
ordenação obtida. Tal não implicará contudo que tenha de ter ser essa a
ordem dos tabuleiros da equipa nacional, ficando tal ordem de tabuleiros
ao critério da capitã da equipa.
(…)»

(Nº 2, al. B) de Selecções Nacionais. Dresden 2008, critérios que já vêm de


2005) (sic)

em que a Sra. é parte interessada? Quem acredita que vai ser justa e equidistante dos
seus interesses pessoais? Quem acredita que não vai utilizar o seu poder prejudicando
uma qualquer jogadora da selecção olímpica – e, recorde-se, que foram todas as 4 –
que subscreveu um documento a pedir a sua substituição?

A Sra. Maria, nestas condições não dá quaisquer garantias. Mais, temo que se não for
impedida, possa ter alguma conduta que possa facilmente ser interpretada como
“abuso de poder”, porque tem os motivos, tem as condições e tem o momento para o
poder livremente fazer.

E mais, que competência manifesta para poder alterar, por sua iniciativa, «(…) a
ordem dos tabuleiros da equipa nacional…», incluindo substituir uma qualquer
jogadora pela sua própria pessoa, poder este que lhe foi pessoalmente conferido pelo
Presidente da FPX?

Nas circunstâncias actuais, descritas neste documento, considero um insulto ao xadrez


português a integração da Sra. Maria Armanda Plácido, na selecção nacional
olímpica feminina como jogadora – embora isso tenha a ver com a aplicação de

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regulamentos que permitem seleccionados de duvidosa valia técnica e desportiva
representarem o país – e como capitã.

A FP Xadrez tem um problema olímpico? Pois tem, mas o curioso é que já o tem há
muito tempo. Em boa verdade tem-no desde que foram conhecidas as alterações aos
regulamentos da FIDE que aumentava o número de tabuleiros da secção feminina
das Olimpíadas.

A situação é assim tão complicada? Não sei, mas posso assegurar que encontrei a
resposta num artigo, curto mas incisivo, que uma jovem jogadora de xadrez, de 13
anos, escreveu em apenas 17 linhas e colocou no fórum Lusoxadrez. Sofia Lança, o
nome da jovem, diz-nos, tão só, o que muitos adultos não ousam sussurrar, que este
assunto «foi um dos temas mais abordados no recente nacional feminino». E apresenta
a solução: «O Nacional desta época deveria contar» e devia ser «a Bianca a ter o
direito a integrar a selecção feminina». A simplicidade vista por uma jovem que tem
idade para ser sua neta.

Isto é, as jogadoras de xadrez que conhecem bem a sua força de jogo sobre o
tabuleiro, comentaram entre si e puseram em causa a sua capacidade e
competência de jogadora de xadrez que também é capitã da equipa de representar
o nosso país, na selecção olímpica, mas a Vice-presidente da Direcção da FP Xadrez
não consegue compreender o que se está a passar e vislumbrar o seu alcance. É
deveras elucidativo!

Já estou a ver a situação, repetir-se na Alemanha o que se passou na Marinha


Grande, quando a capitã Maria Armanda Plácido punha e dispunha de jogadores
como peões de um qualquer tabuleiro.

Até aqui discutiam-se créditos desportivos da jogadora Maria Armanda Plácido para
assumir o 5º tabuleiro. A partir do post da Sofia Lança e do comportamento da
senhora com a Ana Baptista, discute-se, e já publicamente, a capacidade de
liderança, de seriedade e rigor da sua putativa imparcialidade.

A sua persistência da em permanecer como 5º tabuleiro pode ter várias


interpretações, mas trouxe-me à memória o triste “caso Fátima Vieira”, que como se
recordará, relata a história com um final infeliz em que uma jogadora de xadrez do
nosso país, um dia sonhou que havia de jogar nas Olimpíadas e tudo fez para cumprir
o seu sonho e pertencer à selecção nacional olímpica feminina. Um episódio
dramático e soez do nosso xadrez, mas que dá para pensar sobre a condição
humana. A história termina com a selecção olímpica feminina a ficar apeada em
Lisboa. Um verdadeiro pacto leonino de duvidosa justiça.

Não pretendi, nestas linhas, como nunca o pretendi sempre que me dirigi a si – sempre
numa qualquer qualidade de dirigente desportiva – ofuscar-lhe a imagem, a
dignidade ou a consideração pessoais. Mas, quando escolhe ocupar um cargo
público, expõe-se, de imediato e publicamente, abrindo-se ipso facto, à crítica e ao
comentário do escrutínio público.

Mas, não posso deixar caucionar o direito da liberdade de opinião e da liberdade de


expressão que um cidadão livre de um país livre deve poder dispor, só porque alguém
se amofina com algum reparo singular.

A Sra. poderá não gostar das minhas palavras e das minhas ideias. É uma pena, mas é
um direito que lhe assiste. Mas fará a bondade de reconhecer que eu possa ter o
direito de pensar de forma diferente e de o expressar. Pelo menos, far-me-á o favor de
me deixar pensar que assim é.

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Por vezes não é fácil encontrar o lobo, como nos ensina a história do capuchinho
vermelho, sobretudo quando eles “andam por aí” à solta sem deixarem rasto.

Por tudo o que foi dito, Sra. Maria Armanda Plácido coloque os seus lugares de
jogadora e de capitã da selecção nacional olímpica feminina à disposição da
Direcção da FP Xadrez para que esta possa com lucidez, competência e rigor técnico
e desportivo, que se exigem, evitando desta forma, manipulações grosseiras de
critérios, como foi o caso presente, escolher outra pessoa que ofereça outras garantias
mais consentâneas com o seu valor sobre o tabuleiro e outra capitã que demonstre
seriedade, isenção e justiça, princípios que a senhora manifestamente não apresenta
como o abaixo-assinado referido comprova.

Pelo exposto e a manter-se a situação, não creio que a senhora tenha condições para
poder subsistir nos seus cargos directivos por muito mais tempo, mas a senhora fará a
avaliação pessoal que entender razoável ou conveniente.

Omnia mecum porto (Quando tenho, comigo o trago)

(Bias, um dos sete sábios da Antiga Grécia)

[*] Odivelas, 13 de Agosto de 2008

Francisco Vieira

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