32 NO PNEUMOPATA Adriana Paulino de Oliveira Fisioterapeuta da Santa Casa de São Paulo Supervisora do Curso de Especialização em Fisioterapia Respiratória –Santa Casa SP Mestranda em Gerontologia -PUC Rogério Serafim Fisioterapeuta da Santa Casa de São Paulo Supervisor do Curso de Especialização em Fisioterapia Respiratória –Santa Casa de São Paulo Vera Lúcia Alves dos Santos Chefe do Serviço de Fisioterapia da Santa Casa de São Paulo Coordenadora dos estágios de Fisioterapia da Santa Casa de São Paulo Mestranda em Gerontologia -PUC
Ventilação Não Invasiva em 1952, onde a taxa de sobrevivência era maior,
comparada com pacientes ventilados com pressão A ventilação não invasiva (VNI) é definida como negativa. A higiene brônquica em pacientes intubados uma técnica de ventilação onde não é empregado qual- e os inconvenientes da utilização da VPN, como por quer tipo de prótese invasiva (tubo orotraqueal, exemplo, o paciente só poder dormir em decúbito nasotraqueal ou cânula de traqueostomia), sendo a dorsal, problemas de ajuste, a disposição de vários conexão entre o ventilador e o paciente feita através auxiliares por um longo período e a falta de oxigênio do uso de uma máscara [1]. (O2) facilitaram a substituição da VPN, por ventila- O uso da ventilação não invasiva não é recente. ção mecânica invasiva com pressão positiva. Durante o século XVIII, já existiam estudos tentando Os anos 60 trouxeram novos horizontes para a mostrar o aumento da ventilação alveolar através do ventilação mecânica com pressão positiva. Os avan- uso de ventilação com pressão negativa (VPN). ços tecnológicos da eletrônica, provenientes da corri- O primeiro ventilador com pressão negativa de- da espacial, e a incorporação de microprocessadores senvolvido foi o Ventilador de Tanque ou Pulmão de tornaram os ventiladores artificiais mais sofisticados, Aço em 1838. Várias modificações ocorreram nestes confiáveis e acessíveis e somados ao uso de cânulas ventiladores, como poncho ou coletes de tórax, que de traqueostomia e aos tubos orotraqueais proporci- eram usados efetivamente na epidemia de Poliomieli- onaram a utilização das próteses o procedimento pa- te, dos anos 30 até os anos 50 em pacientes com In- drão para ventilação mecânica invasiva nas unidades suficiência Respiratória Aguda (IRA) e ou Insuficiên- de terapia intensiva. cia Respiratória Crônica (IRC). Os tubos traqueais, com os respectivos cuffs A partir da década de 30 começaram a surgir (balonetes para oclusão da traquéia), mostraram-se trabalhos sobre a VNI, os pioneiros foram publicados importantes na manutenção da permeabilidade da via por Barach e Motley, que descreveram a técnica e os aérea superior e garantia do volume corrente (VC) benefícios do uso da ventilação com pressão positiva em pacientes graves. Por outro lado, não demorou a (VPP) oferecida através de uma máscara, para paci- iniciarem as complicações relacionadas ao uso dessas entes com insuficiência respiratória de variadas etiolo- próteses artificiais, posicionadas por longos períodos gias. na via aérea. Atualmente sabemos que isso provoca Como melhoria foi desenvolvida a ventilação uma lesão local, secundária à isquemia da mucosa da mecânica com pressão positiva invasiva, através da via aérea superior e a agressão aos mecanismos de intubação orotraqueal ou cânula de traqueostomia, defesa pulmonar facilitam a ocorrência de pneumonia usada durante surtos de Poliomielite em Copenhague nosocomial, sendo essas as complicações mais temi-
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das. Os problemas citados com a VPN e as crescen- utilizada à longo prazo, diminui a PaCO2 e aumenta a tes complicações associadas ao uso de próteses artifi- pressão arterial de oxigênio (PaO2), reduzindo, por- ciais estimularam novos estudos sobre ventilação não tanto a pressão na artéria pulmonar, melhorando a fra- invasiva. ção de ejeção do ventrículo direito e conseqüentemen- Na década de 80, vários estudos sobre VNI res- te, reduzindo o edema periférico. Além disso, obser- surgiram para o tratamento de apnéia do sono. O su- va-se redução nas medidas das catecolaminas e dos cesso obtido por Sullivan com o uso do Continuous peptídeos natriuréticos atriais e cerebrais, com o uso Positive Airway Pressure (CPAP) para o tratamento da VNI mediante o uso da pressão positiva [5]. da apnéia obstrutiva do sono, serviu como impulsão O uso da pressão positiva contínua através de para o retorno da VNI e rapidamente às máscaras máscara facial ou nasal tem como efeitos positivos começaram a ser adaptadas aos ventiladores de pres- sobre o desempenho cardíaco, a redução da pós-car- são positiva em pacientes com insuficiência respirató- ga através da redução da pressão transmural do ven- ria crônica [2]. trículo esquerdo. Efeitos crônicos sobre a melhora da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, também fo- Efeitos Respiratórios e Mecânicos da VNI ram relatados após aplicação noturna diária de pres- O aumento da resistência de via aérea e a dimi- são positiva contínua, em pacientes com insuficiência nuição da complacência pulmonar são efeitos que so- cardíaca congestiva e concomitantemente apnéia obs- mados, aumentam o trabalho respiratório, o gasto de trutiva do sono [5]. oxigênio e provocam uma necessidade de pressões Pacientes que respondem à pressão positiva con- intratorácicas mais negativas, para a manutenção da tínua com aumento do débito cardíaco apresentam ventilação, demonstrando que a aplicação de pressão como efeito predominante, a redução da pós-carga. positiva contínua (PPC) reduz a frequência respirató- Para os pacientes que não respondem a esse efeito, a ria, a pressão arterial de gás carbônico (PaCO2), a redução do retorno venoso é observada [6]. pressão transpulmonar e o trabalho respiratório [3]. No edema pulmonar cardiogênico, a oxigenação Aplicações da Ventilação Não Invasiva encontra-se afetada pelo aumento de shunt pulmonar. Embora os ventiladores com pressão negativa A utilização da PPC melhora a oxigenação desses tenham sido os primeiros a serem introduzidos na prá- pacientes reduzindo o shunt [4]. Esse efeito pode ser tica clínica, poucos avanços têm sido desenvolvidos explicado pela capacidade que a VNI com pressão quanto aos equipamentos e suas potencialidades [7]. positiva (VNIPP) tem de reexpandir alvéolos pouco A VPN submete da parede torácica a uma pres- ventilados. são sub atmosférica durante a inspiração e na expiração A soma dos efeitos mecânicos na oxigenação e a parede torácica retorna a níveis normais.[8] Nor- no sistema circulatório resulta na redução da necessi- malmente, a duração da fase inspiratória e expiratória dade de ventilação mecânica invasiva, nos pacientes é determinada por um simples mecanismo controlador que se submetem ao tratamento com pressão positiva de tempo, mas existe a opção de se acoplar um sensor contínua. nasal de pressão, capaz de deflagrar ciclos assistidos Alguns estudos sugerem uma diminuição no tra- em resposta a pequenos esforços inspiratórios do pa- balho do diafragma e freqüência respiratória em pa- ciente. Nos modelos mais modernos e confortáveis, a cientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica bomba geradora de pressão negativa é ligada a uma (DPOC) permitindo o descanso dos músculos respi- veste toracoabdominal hermeticamente fechada, per- ratórios e recuperação precoce da função muscular. mitindo ao paciente ficar deitado ou sentado numa Outros mecanismos possíveis apontam a diminuição poltrona normal, evitando os desconfortos inerentes da AUTO-PEEP, o aumento da capacidade residual ao conhecidos pulmões de aço [7]. funcional e também diminuição à fadiga muscular. Alguns estudos mostraram que a VPN apresenta benefício para o paciente com IRC, devido a proble- Efeitos Hemodinâmicos e Endócrinos da VNI mas neuromusculares ou doenças neurológicas que A ventilação não invasiva com pressão positiva levam a hipoventilação central [9 e 10]. Entretanto,
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em pacientes com DPOC e IRC em uma fase estável, Fig. 1 – VNIPP o modo de ventilação sob pressão negativa não mos- aplicada através trou benefícios. Essa modalidade de assistência venti- de máscara de latória não tem sido amplamente utilizada, pela pouca CPAP. praticidade do método e pouca aceitação por parte do paciente. No entanto, paciente com doença neuromuscular, deformidade da parede torácica, me determinado para cada ciclo respiratório e um vo- hipoventilação central ou paralisia diafragmática se lume variável quando o ciclo respiratório for gerado beneficiam com a ventilação com pressão negativa. pelo paciente. Alguns pacientes apresentam melhora Na última década a VNIPP, através de máscaras na sua evolução com essa modalidade, porém, outros faciais ou nasais está sendo cada vez mais utilizada, pacientes não apresentam em detrimento da VPN. Com o aperfeiçoamento de sincronia, visto que são ne- várias máscaras que oferecem uma melhor adaptação cessárias pressões elevadas do paciente, a VNIPP surge como método alternati- podendo causar algum vo. desconforto e um maior A ventilação com pressão positiva apresenta três escape de ar. Fig. 2. formas diferentes de adaptação: O CPAP (pressão positiva contínua nas vias aé- reas), modalidade de assistência ventilatória conheci- da como pressão positiva contínua nas vias aéreas deve ser utilizada através de uma máscara necessariamente de duas vias, uma recebe o fluxo vindo da rede e outra Fig. 2– VNIPP por onde o fluxo de ar sai continuamente. Na via expi- aplicada através ratória são conectadas válvulas que pressurizam a via de ventiladores aérea, a PEEP. convencionais. A máscara estará conectada a um sistema de flu- xo contínuo, que pressuriza a câmara formada pela máscara e face do paciente e, consequentemente, sua via aérea. Neste sistema a pressão é constante, tanto O BIPAP oferece pressão positiva com altos flu- durante a inspiração como na expiração. A modalida- xos, ciclando entre uma pressão inspiratória alta (IPAP) de de assistência ventilatória é conhecida como pres- e uma pressão expiratória mais baixa (EPAP). No são positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) [7]. modo ventilação espontânea do BIPAP, o ventilador É fundamental que o fluxo seja adequado, sem- capta o esforço respiratório do paciente, mesmo que pre tendo cuidado com fluxos baixos em relação à haja escape de fluxo pelo circuito. Quando o paciente demanda do paciente que pode aumentar o trabalho inspira, uma pressão maior é oferecida por um tempo respiratório, isto ocorre porque a válvula expiratória é determinado ou até o fluxo cair para um limiar pré- unidirecional, de modo que todo o ar inspirado deve estabelecido. Fig. 3. necessariamente vir do fluxo fornecido pela válvula ins- piratória (sempre fluxo alto). A FiO2 é fornecida pela rede, sendo variável. Fig. 1 A VNIPP aplicada através dos ventiladores con- Fig. 3 - BipapÒ vencionais é uma forma eficiente e prática de instalar a ventilação não invasiva. Ela pode ser colocada no modo CPAP mais pressão suporte, que é uma modalidade A VNI com pressão po- assistida em que o fluxo é livre e dependerá das exi- sitiva apresenta melhores resul- gências do paciente, mantendo sempre uma PEEP. Na tados quando o paciente en- VNI a volume (SIMV), o ventilador oferece um volu- contra-se calmo, cooperativo e
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Fig. 1 – VNIPP aplicada através de máscara de
colaborativo com o método. O preparo do paciente é • Doenças neuromusculares e doenças restritivas fundamental. Em situações não emergenciais, as pri- do tórax: a VNI será muito utilizada na piora noturna meiras sessões podem ser simplesmente para familia- também em períodos de fadiga muscular e no suporte rizar o paciente com a máscara. domiciliar [8]; A eficácia do método pode ser avaliada pela • Apnéia do Sono: a VNI é utilizada para suporte palpação da musculatura acessória, observação da noturno domiciliar na prevenção de hipóxia. expansibilidade da caixa torácica e pela avaliação da Sendo também indicada na prevenção da melhora dos gases sanguíneos. reintubação e para evitar atelectasias e áreas de Quando submetidos a VNI com pressão positi- hipoventilação principalmente em pós-operatórios. va, os pacientes devem ser monitorizados continua- É muito importante ressaltar a necessidade de uma mente com relação a frequência respiratória, frequência equipe bem treinada e familiarizada ao método, a ori- cardíaca, saturação da oxi-hemoglobina. Deve-se ob- entação, a cooperação e a escolha da máscara ade- servar assincronia com o ventilador, intolerância à quada àquele tipo de paciente e a reavaliação cons- máscara, escapes de fluxos de ar importantes, distensão tante mantendo atenção aos seus sinais clínicos. gástrica, ressecamento das córneas e necrose de pele facial. Contra-Indicações Alguns pacientes não toleram ou se recusam a As contra indicações para o uso da VNI podem usar a máscara. Em geral, a VNI não deveria ser utili- ser: zada em pacientes que não são capazes de cooperar, a) Absolutas: Parada respiratória; instabilidade apresenta nível de consciência comprometido, secre- hemodinâmica; pacientes não cooperativos; pós-ope- ção abundante nas vias aéreas ou instabilidade ratório facial, gástrico, esofágico; trauma de face; al- hemodinâmica. teração anatômica fixa de via aérea superior e vômi- tos. Indicações b) Relativas: ansiedade; obesidade mórbida; A indicação dos pacientes para VNI deve ser hipersecreção pulmonar; rebaixamento do nível de feita de acordo com a doença de base e seu quadro consciência e Síndrome da Angústia Respiratória, pois clínico [11]: em alguns casos, o paciente consegue se adaptar ao • Edema Agudo de Pulmão (EAP): a VNI tem método e apresenta bons resultados com o uso da VNI seu mecanismo de ação ligado à diminuição da pré- [11]. carga, recruta alvéolos colapsados e diminui a pós- carga do VE [8,12]; Vantagens • DPOC agudizada: existe uma diminuição no tra- As vantagens da VNI são de extrema importân- balho respiratório, na AUTO-PEEP e PaCO2, redu- cia, por valorizar ainda mais o método. A VNI é de zindo significativamente a ocorrência de intubação fácil instalação, não necessita de sedação, diminui as [13,14], associada também à melhora da sobrevida e chances de hipotensão, preserva a fala, a ingestão ali- diminuição do período de internação de pacientes em mentar, expectoração e a fisiologia das vias aéreas comparação com pacientes ventilados de modo inva- superiores. Por evitar em alguns casos a intubação sivo [15,16]; endotraqueal, preveni também suas complicações e • Mal Asmático: a VNI diminui o trabalho respi- facilita o desmame; ainda diminui a mortalidade, o tempo ratório, a AUTO-PEEP, melhorando significativamente de internação em UTI e consequentemente os gastos o padrão respiratório e a fadiga muscular deste doen- hospitalares [11]. te [8,12]; • Pneumonias intersticiais: a VNI terá extrema Desvantagens importância na melhora das trocas gasosas, na dimi- As desvantagens da VNI estão relacionadas às nuição do trabalho respiratório, no aumento da PaO2 complicações que podem vir a ocorrer com o uso da e também no agravo das pneumonias associadas à máscara, como os escapes de ar ao redor da mesma ventilação mecânica invasiva [8,12]; que podem provocar hipoventilação (queda do VC);
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lesões cutâneas e cefaléia com a pressão do fixador; mento muscular respiratório, a partir do momento que distensão gástrica quando a respiração predominante houver um desequilíbrio crônico ou agudo entre a de- for oral e broncoaspiração de conteúdo gástrico. Exis- manda de trabalho respiratório e a capacidade mus- tem complicações relacionadas à pressão positiva como cular respiratória [21, 22, 18]. hiperinsuflação dinâmica, pneumotórax e hipotensão Todo tipo de treinamento dos músculos respi- em casos isolados. São desvantagens também a ratórios deve contar com o controle voluntário da res- assincronia paciente-ventilador, claustrofobia e descon- piração, consistindo em promover a aprendizagem e a forto que levam a hipoxemia e a reinalação de CO2; automatização e movimentos, adequando as necessi- estes fatores expõem o paciente ao risco de uma dades do seu organismo, consumindo energia física e intubação de urgência em condições menos favorá- metabólica de forma satisfatória e econômica [24, 25]. veis [11]. A base fundamental do treinamento muscular A intenção deste texto foi mostrar que a VNI atu- respiratório é a realização de exercícios respiratórios almente é de grande importância para doentes que ativos resistidos, onde a resistência é conhecida ou não, evoluem com insuficiência respiratória, seja ela aguda fazendo assim com que a força dos músculos ou crônica. inspiratórios esteja aumentada em relação à medida A VNI pode ser oferecida de várias formas, com anterior da força muscular respiratória [18, 23,25]. material sempre existente em um serviço de emergên- A American Thoracic Society (ATS) definiu fa- cia ou UTI, e promove diminuição da PaCO2 e o pH, diga muscular como a condição na qual há perda na aumentando a PaO2. Reduz a permanência em UTI e capacidade de desenvolvimento de força ou velocida- consequêntemente à internação hospitalar e como de de um músculo em resposta a uma carga, reversível consequência, melhora a sobrevida dos pacientes re- pelo repouso. A fraqueza muscular é uma condição na duzindo a mortalidade, sendo bem tolerada evitando qual a capacidade de gerar força de um músculo des- maiores complicações que podem exigir condutas cansado está diminuída. Tais definições tornam-se im- muitas vezes agressivas e invasivas. portante na prática clínica para determinar o momento A VNI mostrou ser um método seguro e eficaz, de descanso ou treinamento dos músculos respiratóri- capaz de reduzir as complicações nos doentes e os os [20, 21,26]. custos hospitalares. Apesar de um grande número de Em adultos normais há um limiar de fadiga que é pesquisas desenvolvidas neste campo, destacando encontrado quando o índice tensão/tempo (TTDI) ex- abordagens em diferentes patologias, a VNI e sua cede 0,15. Este índice TTDI é o produto da fração aplicação de forma adequada pelo fisioterapeuta, é de entre o tempo inspiratório e o tempo total (Ti/Ttot), grande importância e possibilita um maior benefício com a fração, entre a pressão desenvolvida pelo dia- para os pacientes. fragma durante a inspiração (PDI), e a pressão máxi- ma desenvolvida pelo diafragma, durante um esforço TREINAMENTO MUSCULAR inspiratório máximo (PDImáx), ao nível de capacida- RESPIRATÓRIO NO PNEUMOPATA de residual funcional (CRF). Sendo assim o índice tensão tempo é representado pelo produto entre Ti/ O treinamento muscular respiratório a que pode Ttot e PDI/PDImáx. e TI/Ttot é o tempo de gasto ener- ser submetido o paciente com doença pulmonar, ba- gético, isto é, o tempo durante o qual há contração seia-se no estabelecimento da função dos músculos diafragmática [19, 21, 24, 26, 25]. respiratórios e a readaptação progressiva aos esfor- Independente da técnica a ser adotada, no trei- ços [17, 25, 19]. O objetivo do treinamento é aumen- namento muscular respiratório, é indispensável o tar a eficiência muscular e a capacidade de trabalho, monitoramento tanto da força que o paciente apre- através de exercícios específicos realizados como pro- senta, quanto da precisão da carga a ele imposta [25]. cedimentos fisioterapêuticos visando a melhora da força Numa avaliação dos músculos respiratórios, muscular ou endurance muscular respiratória [25, 18, deve-se sempre levar em consideração a mecânica 19, 24]. respiratória, sobretudo à dinâmica dos movimentos do O doente pulmonar vai necessitar de fortaleci- tórax e do abdome, bem como diferenciar uma ação
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muscular primária e ordenada de outra acessória, quase tempo que o paciente pode respirar com uma carga sempre descoordenada e sem o sincronismo necessá- de pressão pré-determinada [18, 23, 25]. rio para os movimentos naturais da ventilação pulmo- No treinamento muscular respiratório com carga nar [18, 21, 22, 25]. alinear pressórica (Fluxo dependente), a resistência O procedimento mais comum, usado para avali- inspiratória é obtida por orifícios (resistor de fluxo) e ar a força dos músculos respiratórios é a medida da depende do fluxo inspiratório da paciente [24, 26]. pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expi- O fortalecimento da musculatura respiratória pode ratória máxima (PEmáx). Os valores normais de PImáx ser realizado por meio da respiração contra-resistida, e PEmáx são dependentes do sexo e idade e decres- contra uma carga, conhecida ou contra a mão do fisi- cem rapidamente nas últimas décadas da vida [18, 23, oterapeuta. Também é possível fortalecer os músculos 26]. respiratórios por meio da respiração mantida, respira- As medidas de PImáx e PEmáx dependem do ção fracionada, expiração prolongada e contra resisti- volume pulmonar, essa dependência se deve, em par- da [24, 26, 25]. te, aos efeitos do compartimento do músculo na capa- Todos esses recursos visam o fortalecimento dos cidade de gerar força, mas pode também se relacio- músculos respiratórios e se caracterizam com os exer- nar às alterações na configuração do tórax, que ocor- cícios respiratórios terapêuticos [25]. re com expansão e contração da caixa torácica. Ge- Embora esses recursos eminentemente ralmente mede-se a Pimáx a partir do volume residual cinesioterápicos, sejam úteis e amplamente utilizados, (VR) e a PEmáx a partir da capacidade pulmonar to- o fortalecimento dos músculos respiratórios, e os tal (CPT) [20,22]. incentivadores respiratórios de carga linear continuam O treinamento da força e da endurance muscu- sendo os mais eficazes quando se trata de ganho de lar respiratória podem ser realizados através de vários força e resistência muscular respiratória [24, 26]. métodos de exercícios ativos resistidos, sendo a resis- Recentemente, para treinar a força e a resistência tência conhecida através de um resistor pressórico ou muscular, tem sido utilizado o próprio instrumento de também de resistência não mensurada, dependente de medida desta força, o manovacuômetro [25]. variação do fluxo inspiratório do paciente. Um tercei- Os exercícios de fortalecimento da musculatura ro tipo de exercício é o exercício de fortalecimento da abdominal, associados à respiração são indispensá- musculatura respiratória realizado por meio de respi- veis neste processo de fortalecimento dos músculos ração contra resistida. No treinamento com carga li- inspiratórios, pois com isso será possível adquirir um near pressórica utiliza-se uma resistência inspiratória aumento da pressão intrabdominal e consequentemente obtida por meio de válvula com molas (Resistor Spring proporcionar uma vantagem mecânica diafragmática, Loaded) e não depende do fluxo inspiratório do paci- especialmente no que se refere à dinâmica ente levando a um controle total da carga inspiratória abdominodiafragmática [18, 22]. e da força inspiratória máxima. Além disso, este tipo Os exercícios de alongamento do diafragma, por de treinamento adota o mesmo princípio descrito por meio de manobras de dissociação toracoabdominal Nickerson & Keens, o qual utiliza um êmbolo pesado (rotação e torção do tronco), são fundamentais, pois e a partir dele se requer que o indivíduo gere e susten- proporcionam as condições favoráveis para que este te uma pressão inspiratória a fim de se obter fluxo de músculo retraído volte a ter funcionamento adequado ar. Sendo assim, o treinamento com carga linear [25]. pressórica é o mais indicado em função do controle e Quando a função dos músculos respiratórios esta administração da carga inspiratória. Sendo que uma muito prejudicada, a fadiga respiratória, pode evoluir carga inicial de 30 a 50% da PImáx, a duração da para falência respiratória. O treinamento da força dos inspiração deve ser de 40 a 50% do tempo inspirató- músculos respiratórios, vencendo cargas mecânicas rio, o tempo de treinamento diário é de 30 minutos impostas, dentro da assistência fisioterapêutica pode aproximadamente, a melhor postura é a sentada e a ser útil para impedir a fadiga muscular respiratória [17, resposta do treinamento, é avaliada pelo aumento do 20, 26, 25].
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