Anda di halaman 1dari 17

W W W. DIARIOINS U L AR .

CO M

251 # 27.01.2008
Jornal Diário | Ano LX I | Nº18966 | 0,55 e
Fundado em 1946 | Terceira | Açores

Bettencourt Picanço

graciosense
nos sindicatos
museu aberto 059 NOTA DE ABERTURA
FOTOGRAFIA antónio araújo José Lourenço

Miniatura de
“Dança Popular”
04 Leodolfo Bettencourt Picanço
Bettencourt Picanço
[entrevista] O tema de abertura: natural da ilha Gra-
ciosa, Leodolfo Bettencourt Picanço é

10 Eleições com novas regras


uma das mais destacadas figuras do sin-
[reportagem] dicalismo português. O presidente do
Sindicato dos Quadros Técnicos do Es-

12 Francisco Coelho e Reis Leite


tado (STE) assegura que os funcionários
[PERSPECTIVAS] da administração pública têm razões pa-
ra temer as consequências das políti-

14 Maduro-Dias
cas assumidas pelos governos nos últi-
[VELA DE ESTAI] mos anos. Bettencourt Picanço conside-
ra que os Açores podem ser o local ide-

16 A noite das Candeias


al para a implementação de um projecto
[reportagem] inovador de administração aberta, mas
coloca reservas a algumas iniciativas do

18 Luiz Fagundes Duarte


Governo Regional como sejam os “qua-
[FOLHETIM] dros de ilha”.
Reportagem: os próximos dois actos elei-

20 José Cid
torais – Regionais e Autárquicas – têm
[ENTREVISTA] novas regras. Em Outubro, o voto de ca-
da açoriano contará duas vezes: para o
círculo da sua ilha e para um círculo re-
gional de compensação. Em 2009, vota-
rá só para uma lista, de onde sairá todo
o elenco do seu município.
Outra reportagem: quando o sol se pu-
nha, depois do toque das Trindades, ca-
da um se fechava na sua própria casa.
Os labregos, que vinham do mar, subin-
do as ribeiras, obrigavam a que em to-
das as casas, pelo menos em uma das
janelas, houvesse uma candeia acesa.
Era a noite de 2 de Fevereiro.
Entrevista: Ok, você conhece-o. É o can-
tor de “A cabana junto à praia” e “Como
o macaco gosta de banana”. O que po-
de não saber é que José Cid começou

24 Guilherme Marinho
por cantar fado e jazz, viu músicas cen-
[OPINIÃO] suradas antes do 25 de Abril, lançou um
álbum de homenagem a Garcia Lorca e

25 Arnaldo Ourique
bateu-se pela questão timorense. E con-
[OPINIÃO] tinua a ser politicamente incorrecto: “A
ministra da Cultura não é culta”. O ou-

26 Dédalo Enes
tro lado de um cantor que se afirma an-
Miniatura de “Dança Popular”. na cabeça, à maneira de antigos cavaleiros, e o ratão na sua [DESPORTO] ti-sistema. Esteve em Angra e DI-Revista
Tecido, papel e cartão. 31,5 x 57,5 x 57,5 cm. Ilha Tercei- figura de velho trocista. Feita pelas crianças de uma esco- não perdeu a oportunidade de falar com

28 Sugestões
ra, Escola Mista da Ladeira Grande. Séc. XX [1940-1950]. la de uma freguesia rural da ilha Terceira, sob a orientação “l’enfant terrible”.
MAH.R.2007.1 da sua professora, esta miniatura ilustra a tradição popular [AGENDA] Desporto: na Liga Profissional, de “leão”
das danças de Entrudo da ilha Terceira, enquanto celebra- ao peito, confirmou capacidades inatas

29 Cartoon
Miniatura de uma dança formada por bonecos de pano, re- ções dos aspectos mais físicos e efémeros da vida como o para a prática do basquetebol. Agora,
presentando o mestre da dança e os dançarinos vestidos corpo e a palavra. [TIRO&QUEDA] como capitão do Terceira Basket, o ex-
de branco, com as suas faixas vermelhas e douradas cruza- tremo/posto Dédalo Enes sonha em as-
das no peito e cingidas na cintura, e uma espécie de coroa Esta peça pertence ao acervo do Museu de Angra do Heroísmo. cender ao Campeonato da Proliga.

DI DOMINGO  27.janeiro.2008 DI DOMINGO  27.janeiro.2008


Bettencourt Picanço

OS Sindicatos
e o poder político
Natural da ilha Graciosa, Leodolfo Bettencourt Picanço é

uma das mais destacadas figuras do sindicalismo português. O

presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE)

assegura que os funcionários da administração pública têm

razões para temer as consequências das políticas assumidas

pelos governos nos últimos anos. »

DI DOMINGO  27.janeiro.2008
entrevista hélio vieira fotografia André Kosters|Lusa Bettencourt Picanço considera de esquerda, ainda não foi encontrado substituto pa- panhado pela fragilização das organizações sindicais,
ra as ideias e, consequentemente, para as opções de substituídas, a prazo, por movimentações sociais inor-
que os Açores podem ser o local ideal para a implementação de cada um quanto ao que lhe parece que é melhor pa- gânicas.
ra o futuro.
um projecto inovador, de administração aberta, mas coloca re- ACORDAR AS PESSOAS
Tendo em conta que desempenha as funções de presiden- Apesar das greves realizadas o ano passado, o Governo
servas a algumas iniciativas do Governo Regional como sejam os te do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) há continua insensível aos argumentos dos sindicatos. Quer
cerca de duas décadas como vê o actual momento do mo- isso dizer que os meios de luta dos trabalhadores estão a
“quadros de ilha”. vimento sindical? ficar esgotados?
O actual momento do movimento sindical é difícil. O A nossa administração pública é a maior organização
do país. O que vai acontecendo nela é quase sempre
um prenúncio do que vai acontecer com as condições
de trabalho de todos os trabalhadores.
É a precarização, a flexibilização, a redução das remu-
nerações reais… Não tem sido possível ganhar estas
“guerras” todas. Mas tem-se conseguido introduzir al-
gumas alterações, corrigir alguns caminhos.
E, muito especial, tem-se acordado muitas pessoas
para a necessidade de todos e cada um de nós usar a
sua voz e dar vida à democracia todos os dias e não
só de quatro em quatro anos.

Tendo em conta as reformas em curso na administração


pública considera que os funcionários do Estado têm cada
vez mais razões para temerem pela manutenção dos seus
postos de trabalho?
O Governo pôs em marcha um processo destinado a
ficar com o poder de mandar para casa os trabalhado-
res que escolher e, depois, contratar os que lhe apete-
cer, com a remuneração que quiser.
É um facto que o medo está aí. E quem tem medo
tem razões para isso. O problema está na resposta
que há que dar nessas situações. E isto porque a nos-
sa administração não tem gente a mais. O que é que
lhe falta então? Falta-lhe uma organização capaz e es-
tável.
Mas falta-lhe, também, uma gestão atenta às pessoas
e aos objectivos. E, já agora, transparente.

O Governo decidiu alargar aos funcionários públicos o


acesso ao subsídio de desemprego, mas em contrapartida
exige mais um por cento do salário para descontos. É caso
para dizer que estamos perante uma situação de dar com
uma mão e tirar com a outra?
Fazer com que os trabalhadores da administração pú-
blica com contratos administrativos de provimento e
descontos para a Caixa Geral de Aposentações des-
contem mais um por cento para o subsídio de desem-
prego é um manifesto contra-censo.
O sindicalismo está a atravessar uma fase em que se pri- bais, as organizações sindicais construíram também Governo não considera o movimento sindical como Fazer com que estes trabalhadores descontem mais
vilegia a concentração em super-estruturas. Essa situação respostas a nível de país, a nível europeu e a nível movimento social, determinante para o desejado de- que os outros dá bem a ideia dos caminhos que es-
não acaba por ser favorável ao poder político que poderá mundial. senvolvimento social. tão a ser seguidos.
ter a tentação para controlar o movimento sindical? Só que as organizações são das pessoas e para as pes- Grande parte do “mundo” empresarial português gos-
O sindicalismo é uma afirmação e uma resposta da soas: as pessoas querem respostas no seu dia-a-dia taria que não houvesse movimento sindical. Qual o futuro da administração pública se o Governo não
sociedade civil. Uma afirmação da sua vitalidade e da e essas respostas não lhes são dadas pelas super-es- Os trabalhadores, cada vez mais só trabalhadores dos recuar em algumas das medidas que está a colocar em prá-
capacidade de intervir diariamente na construção do truturas. serviços, estão a ser atacados com a desregulação e a tica ou pretende tomar em nome da redução de despesas?
futuro e uma resposta às condições sociais. É com ela Quanto ao controlo do movimento sindical pelo po- precarização das condições de trabalho. Eu penso que o que está em causa não é o futuro da
que eu espero também que Portugal será capaz de ul- der político, essa é uma tentação recorrente. Mas não Há uma consequente fragilização do movimento sin- administração pública.
trapassar a actual situação. podemos esquecer que, a despeito de muita gente dical. A administração pública não é uma entidade mítica.
Mas, porque os problemas são, cada vez mais, glo- dizer, hoje, que o bom governo não é de direita nem O risco é o de o nosso empobrecimento ser acom- São os docentes, os médicos, os enfermeiros, os pro-

DI DOMINGO  27.janeiro.2008 DI DOMINGO  27.janeiro.2008


fissionais da segurança social, dos impostos, da justi- serviços que não se apercebem das razões de mui-
ça, os militares, os polícias... tos maus funcionamentos e trabalhadores, eles tam-
Quando o Governo diz que os trabalhadores da ad- bém utentes, que ainda por cima têm de dar a cara
ministração pública são muitos e promove o encer- todos os dias.
ramento de maternidades, hospitais, centros de saú- O terceiro nível tem a ver com os trabalhadores.
de, escolas e outros serviços públicos, quase todos no E aqui somos confrontados com a ineficiência da ges-
interior, traduzindo-se tudo em menos saúde, menos tão, com a precaridade crescente das relações laborais
segurança social, menos apoios sociais... e a sequente rotação de pessoal em alguns serviços, a
Perguntamo-nos: Será esse o futuro? Espero que não. que se soma o facto de o investimento em formação
ser paupérrimo.
TOLERÂNCIAS DE PONTO Em vez de o Estado dar o exemplo à sociedade por-
As tolerâncias de ponto para os funcionários públicos con- tuguesa aquilo a que temos assistido é à quase total
cedidas em datas festivas como o Natal e Passagem de Ano omissão por parte da administração, quer nos diag-
estão a criar cada vez mais mal-estar junto dos trabalha- nósticos preparatórios de planos de formação, quer
dores do sector privado que não tem direito a esse privilé- na elaboração destes, em termos harmónicos e sus-
gio. Como sindicalista como vê essa situação? tentados por orçamentos adequados.
As tolerâncias de ponto não são, do meu ponto de vis- É já visível na administração um gradual empobreci-
ta, problema para ninguém. mento dos seus quadros – a isto acresce a sua saída.
Nem as que o Governo pode dar por ocasião do Natal, Considerando que a administração já foi um sector li-
ou Ano Novo, compreensíveis atentos os dias da sema- derante no país, considero que isto é inquietante.
na em que aquelas datas recaíram... Nem as que qual-
quer outra entidade patronal, na Terceira, por exemplo,
pode dar por ocasião de uma determinada festa com Os sucessivos governos têm feito bandeira da moderniza-
tradição arreigada ou, até tourada à corda… ção da administração pública. Essa é uma questão mera-
mente aparente ou houve de facto progressos dignos de
Os cidadãos continuam a ter uma visão crítica dos funcio- registo nessa área?
nários públicos por que muitas vezes os serviços do Estado É verdade que a crescente informatização dos serviços
não dão resposta às suas necessidades. É caso para dizer veio reflectir-se nas respostas às populações. E de mo-
que quem está na linha da frente no contacto com os uten- do altamente favorável. rados potenciando a desertificação. Somos um país de dez milhões de habitantes, com
tes acaba por ser o bode expiatório da ineficiência de de- É de facto mais rápido obter o bilhete de identidade, duas regiões autónomas, bem delimitadas.
terminados serviços? há um maior controlo sobre o pagamento dos impos- ADMINISTRAÇÃO REGIONAL O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE)
Ao nível dos serviços públicos a questão reside no fac- tos … Tendo em conta as especificidades dos Açores considera tem um Secretariado Regional nos Açores, com se-
to de que aquilo que chega às pessoas depende de Mas está por fazer o exame dos sobrecustos que isso que existem condições para que a administração regional de em Angra do Heroísmo, que tem estado bastan-
três níveis de intervenções. tem tido e, muito em especial, tendo-se optado por possa servir para testar medidas a implementar a nível te activo.
O primeiro é o da definição das políticas públicas. em muitos desses processos se entregar toda a ope- nacional como aconteceu com os cartões de saúde e do ci- Recentemente promovemos uma reunião em Ponta
Isto é, qual vai ser ou é a extensão dos apoios na Saú- ração nas mãos de multinacionais, descapitalizando- dadão? Delgada e outra em Angra do Heroísmo a propósito
de, na Educação, na Justiça, na Segurança e dos cor- se na quase totalidade os serviços públicos dos recur- Os Açores como região autónoma distribuída por no- da nova lei relativa à Avaliação do Desempenho.
respondentes encargos a assumir pelo país. E isto ca- sos humanos necessários ao acompanhamento e de- ve ilhas têm todas as condições para a implementa- A questão chave, na Região Autónoma dos Açores,
be em exclusivo ao poder político. senvolvimento das acções, as consequências poderão ção de um projecto, inovador, de administração aber- com o respectivo Governo, tal como acontece com o
Se se assume fechar maternidades, centros de saú- ser gravíssimas. ta. Governo Central, é a do diálogo.
de, escolas ou tribunais… porque concentrando esses Este projecto permitiria o funcionamento de toda a É ver a negociação das condições de trabalho que
serviços os custos são menores, quem pode culpar os Quais são os grandes desafios da administração pública Administração em suporte informático aberto. Com ocorreu este ano, em que a negociação foi de “faz de
trabalhadores da administração pública? portuguesa para os próximos anos? todos a terem acesso à trânsitação dos processos que contas”, tal como aconteceu com o Governo Regio-
Se se reduz o número de trabalhadores sem quantifi- Os grandes desafios da administração pública portu- a todos interessam e cada um ao processo que só a nal dos Açores a propósito da criação dos Quadros
car os necessários face às cargas de trabalho, porque guesa para os próximos anos passam pela operacio- ele respeita. de Ilha.
há que reduzir o défice, quem pode culpar os traba- nalização de mecanismos básicos de gestão, nomea- Em primeiro lugar uma administração em que o po- O STE enviou os seus contributos mas sempre espe-
lhadores pelo aumento dos tempos de espera? damente de recursos humanos. der político está próximo dos serviços e dos adminis- rou que uma tal matéria fosse objecto de negociação
O segundo nível de intervenção situa-se na direcção Basta lembrar que ainda não existe uma base de da- trados. O que é bom se a governação for democrática como manda a lei.
da administração pública. dos que permita saber, em cada momento, quantos e participada. E pode ser mau caso o não seja, porque E temos fundadas preocupações com os quadros de
Direcção que incumbe ao Governo que para o efeito são e quais as características dos diversos grupos, aí a tendência será para a partidarização. ilha. E isto porque o que se fez foi transformar todas
nomeia livremente os dirigentes de topo. quantos entraram, quantos saíram... Em segundo lugar porque este projecto, de interesse as figuras da mobilidade geral em mera afectação,
A partir da altura em que se partidarizou a função - es- Outra área importante é a da formação, com a conse- nacional, pode potenciar a participação dos açorianos possibilitando a libertação de efectivos com a conse-
ses dirigentes caem quando cai o Governo – tem-se quente necessidade de construção de planos de for- na vida das suas terras e no seu desenvolvimento. quente colocação de trabalhadores, a escolher, como
assistido a uma efectiva redução das capacidades or- mação assentes nas efectivas necessidades. Continuo a pensar que são as pessoas os motores das excedentes.
ganizativas e de gestão da Administração. Por último, a consideração dos serviços públicos co- mudanças e que só com elas é possível construir o fu- E, se uma tal intenção tem, no Continente, os efei-
A intervenção política diária na condução dos serviços mo essenciais em todo o país, como esteios de cida- turo a que temos direito. tos desastrosos que já se sentem, receio bem que nas
públicos e não ao nível dos objectivos tem-se acentu- dania e do desenvolvimento social, e não como orga- nossas ilhas o efeito possa ser bem pior.
ado, empobrecendo a gestão efectiva dos meios, hu- nizações que se justificam unicamente face à rentabi- Como analisa as especificidades da administração pública Mas, como vamos iniciar um Novo Ano, há que dizer
manos e materiais. lidade ou aos custos, como vem acontecendo recen- regional, sobretudo no que se refere à legislação publica- que é sempre tempo de arrepiar caminho e projectar
Consequentemente, todos perdemos: utentes dos temente com diversos serviços que estão a ser encer- da recentemente sobre os quadros da ilha? o futuro dos Açores com os Açorianos.

DI DOMINGO  27.janeiro.2008 DI DOMINGO  27.janeiro.2008


reportagem rui messias

fotografia antónio araújo

Eleições
Mudanças no voto
Os próximos dois actos eleitorais governativa nos executivos camarários e de freguesia.
A aprovação da lei eleitoral dos Açores ocorreu em Ju-
– Regionais e Autárquicas – têm no- lho de 2006, recebendo os votos a favor de todos os
partidos, exceptuando o PSD, que se insurge contra o
vas regras. Em Outubro, o voto de novo sistema de distribuição de lugares no parlamen-
to açoriano, e que, na altura, apresentou uma alterna-
cada açoriano contará duas ve- tiva, que não vingou.
Os social-democratas justificaram a sua oposição ao
zes: para o círculo da sua ilha e pa- novo texto por considerarem que os socialistas pre-
tenderam “moldar a lei eleitoral à sua medida” e qui- voto, usado, em primeira instância, para a eleição dos órgão executivo é o cidadão que encabeçar a lista mais
ra um círculo regional de compen- seram “perpetuar-se no poder através de manobras candidatos por ilha; depois, o seu voto é contabiliza- votada na eleição para o órgão deliberativo”, havendo
de secretaria”. do uma segunda vez para a selecção dos candidatos um só boletim de voto em vez dos actuais dois.
sação. Em 2009, votará só para uma A proposta de lei para as eleições autárquicas encon- regionais. Independentemente do resultado eleitoral, cabe à lis-
tra-se em discussão na Assembleia da República. Ape- E é esta contabilidade dupla que gerou vários protes- ta do presidente “obrigatoriamente” a maioria dos
lista, de onde sairá todo o elenco sar do coro de críticas – oriundo dos partidos mais pe- tos, já que diversas vozes se insurgiram contra a utili- membros do órgão executivo, que escolhe de entre
quenos no hemiciclo nacional e da Associação Nacio- zação “indirecta” do seu voto para a eleição de cinco os membros da assembleia.
do seu município. nal de Freguesias (que acusa a medida de inconstitu- mandatos para a Assembleia Legislativa dos Açores. As listas não vencedoras têm “o direito de indicar ve-
cionalidade) – a sintonia de posições entre o PS e o Na génese desta argumentação centra-se a velha dis- readores para o executivo”, que nunca serão mais de
PSD (autores conjuntos da proposta de lei) garante, à cussão “ilha/região”, dois conceitos intrinsecamente dois quintos do total, escolhidos igualmente entre os
partida, o seu sucesso. ligados na análise do sistema eleitoral insular. membros eleitos da assembleia municipal.
Mudaram as regras para as eleições regionais. E as O apuramento dos cinco “mandatos regionais” faz-se No caso dos Açores, partindo do número de eleitores
eleições autárquicas estão a seguir o mesmo rumo. Círculo de compensação pela contagem da soma dos votos de cada partido em registado no início de 2007 – que dimensiona os exe-
Na prática, o objectivo é o mesmo. Mas os eleitores Em Outubro, mês em que decorrerão as eleições re- cada círculo de ilha. cutivos camarários – não haverá alteração ao número
serão confrontados com algumas alterações. No caso gionais, os açorianos serão confrontados com o novo Aqui reside outra das questões ligadas a este proces- de vereadores em cada autarquia insular.
das eleições para os órgãos de governo próprio das modelo eleitoral no arquipélago, que impõe dez círcu- so: em que termos se estabelece neste procedimen- Ponta Delgada terá direito a oito vereadores (sendo
regiões autónomas, os açorianos, já em Outubro, vão los eleitorais, embora cada açoriano só vote uma vez. to a relação eleito-eleitor, peça fundamental das elei- três da oposição); Lagoa, Ribeira Grande, Angra do
encontrar um modelo em que o seu voto será conta- A nova Lei Eleitoral para os Açores aumenta de 52 pa- ções democráticas. Heroísmo, Praia da Vitória e Horta manterão os seus
do duas vezes: votam uma só vez, mas elegeram os ra 57 o número de deputados na Assembleia Legisla- Os defensores do novo modelo argumentam que es- seis vereadores (sendo dois da oposição); e os restan-
deputados da sua ilha e deputados por um círculo re- tiva Regional. sa relação se mantém porque cada um dos candida- tes municípios terão quatro vereadores, com um a sair
gional, onde serão contabilizados todos os votos en- A lei cria um novo círculo eleitoral regional de “com- tos incluídos na lista regional tem, obrigatoriamente, da lista derrotada mais votada.
tregues nas urnas espalhadas pelo arquipélago. pensação”, com cinco deputados, que acresce aos res- de estar integrado numa lista para um círculo de ilha; Quanto aos poderes das assembleias municipais, são
Em 2009, ao que tudo indica, será a vez das Autárqui- tantes nove já existentes - um por cada ilha do arqui- os detractores sustentam que a contabilidade dupla acrescentados dois: “Apreciar a composição do órgão
cas surgirem com regras novas – acabam as duas lis- pélago - que elegem um total de 52 representantes. do voto, encerra essa ligação. executivo e o programa de acção apresentados pe-
tas para as eleições para os municípios, havendo ape- Com estas alterações, pretende-se melhorar a propor- A discussão, contudo, cingiu-se aos partidos. A lei pas- lo presidente da câmara municipal” e “votar moções
nas uma de onde sai o presidente da Câmara, os vere- cionalidade do sistema, reduzindo o risco do partido sou e estará em vigor em Outubro. de rejeição dos executivos apresentados pelo presi-
adores e os membros da Assembleia Municipal. mais votado em legislativas regionais não obter, porém, dente”.
No primeiro caso – nas Regionais – a mudança das o maior número de lugares no parlamento açoriano. Menos listas As moções de rejeição do executivo proposto pelo
regras foi justificada pelos legisladores com a neces- A proposta lança um novo conceito: a lista pelo círculo PS e PSD – promotores da revisão da lei eleitoral pa- presidente da câmara podem ser apresentadas por
sidade de garantir maior proporcionalidade represen- regional, concorrente a cinco mandatos, além dos 52 já ra as autarquias – querem que as novas regras para a “um terço dos membros do órgão deliberativo” e são
tativa. Isto é, conseguir-se que aos votos corresponda existentes, distribuídos pelas nove ilhas do arquipélago. eleição dos executivos das câmaras municipais e das aprovadas “por maioria de três quintos dos membros
o número correcto de parlamentares, aproveitando-se O novo sistema eleitoral, explicado grosso modo, fun- juntas de freguesia estejam em vigor em 2009, ano eleitos directamente”.
os “restos” de cada ilha. cionará assim: cada partido apresenta uma lista de previsto para novo escrutínio no poder local. A rejeição de uma segunda proposta do presidente
No segundo caso – nas Autárquicas – a mudança (que candidato por cada ilha onde pretende concorrer e, Uma das novidades é o fim da lista para a Câmara Mu- “implica a realização de eleições intercalares”.
se encontra em análise na Assembleia da República) além dessas, apresenta uma outra, de âmbito regio- nicipal, existindo apenas uma única lista, de onde sai- Na votação de moções de rejeição, das opções do pla-
tem por base a vontade dos partidos (no caso o PS e nal, incluindo e ordenando os candidatos por sua von- rão todos os eleitos locais – uma forma idêntica ao no, das propostas de orçamento e das suas revisões,
o PSD já que os restantes grupos parlamentares são tade. que já existe para as juntas de freguesia. são excluídos os presidentes das juntas de freguesia.
contra esta proposta de Lei) de garantir estabilidade Depois, no acto de votação, o eleitor mantém um só O projecto de lei eleitoral prevê que “o presidente do A partir de 2009, as regras estarão em vigor.

DI DOMINGO 10 27.janeiro.2008 DI DOMINGO 11 27.janeiro.2008


P E R S P E C T I V A S
Francisco coelho reis leite

SERVIÇO PÚBLICo O ALERTA


O Grupo Parlamentar televisão públicas regio- blico de comunicação so- gerais (e esperamos que O alerta foi lançado pelo televisão estatal para os se no processo regional e ele acabaria sem audi-
do Partido Socialista soli- nais, exactamente por o cial. E é com condições, comuns) para o impor- jornalista Joel Neto e tem matar. No fundo absolu- num tratamento de igual- ência, por desaparecer e
citou, na última semana, serem, sempre merece- meios e recursos descen- tante serviço público de o peso que a personali- tamente a mesma estra- dade para todos os cida- também sem protestos.
a audição do Director do ram grandes níveis de tralizados que se produz formação e informação, dade em causa lhe traz, tégia que tem levado a dãos. O actual governo Recuso-me a acreditar
Centro Regional da Rá- exigência por parte do e exercita o serviço públi- que é um poderoso ins- porque Joel Neto é um cabo com a Universida- da República faz absolu- que Pedro Bicudo, um
dio e Televisão de Portu- cidadão. E justamente. É co. Produtivo e com pro- trumento de identidade jornalista de grande mé- de e com outros serviços tamente o contrário e to- açoriano, se preste a se-
gal, S.A. que temos direito ao ser- dutividade. e pluralismo social e po- rito e muita audiência. periféricos da sua única dos os dias vão surgindo melhante papel que não
Trata-se, afinal, de exerci- viço público nacional. E a Estes são, concerteza, lítico. O que neste imbróglio responsabilidade. notícias do seu desmaze- poderia deixar de ser
tar, pela primeira vez, um um serviço público regio- desafios de sempre e de- Para já, a Lei, em pro- me parece deveras preo- Nunca se assistiu, nem lo em relação às Regiões considerado uma trai-
poder-dever, cometido à nal. Cuja realidade con- safios muito actuais. De posta do PS, reconheceu cupante nem é a concor- mesmo nos momentos Autónomas e às suas ati- ção. Por isso mesmo sou
nossa Assembleia Legis- ceptual, sendo neces- resposta e satisfação di- que os órgãos de Gover- dância ou discordância mais negros do passa- tudes de um centralismo de parecer que o Director
lativa desde 2007, por di- sária, é complexa e di- fíceis; talvez até caros e no próprio têm uma pa- acerca de uma nova pro- do, a um concertado ata- vesgo, o que parece de- da RDP/RTP Açores de-
ploma, que reestruturou fícil de operacionalizar, exigentes. Estes são, de lavra política a dizer (no gramação da RTP e da que do governo central monstrar um certo ódio via, não verdadeiramente
aquela empresa e lhe em 9 ilhas, com realida- certeza, os desafios que sentido mais nobre do RDP, que inevitavelmen- às Regiões Autónomas, às ilhas. dar uma resposta a Joel
aprovou os actuais esta- des, dimensões e hierar- o Director do Centro Re- termo) sobre os objecti- te agradará a uns e não que chega a pôr em cau- Tudo isto ao ponto do Neto, mas explicar com
tutos. quias noticiosas diferen- gional aceitou e quer al- vos e orientação do Cen- a outros, como é costu- sa a unidade nacional, próprio Presidente do frontalidade qual é o seu
Os poderes são natu- tes. A insularidade repar- cançar. tro da RTP/SA, sediado me nestas coisas. O que que deve ser um dos pi- Governo Regional e líder programa para a televi-
ralmente para exercitar, tida implica sempre so- Será pois inevitavelmen- numa Região Autónoma. é deveras preocupante lares de actuação dos go- da maioria socialista aler- são regional e o que pre-
sendo útil lembrar a boa brecustos – aqui tam- te frutuosa a audição do O exercício desse poder, são os sinais que nos vão vernos. tar para as infiltrações tende conseguir para re-
prática legislativa que, re- bém, e de que manei- nosso Parlamento ao Di- mais do que uma facul- chegando que o Gover- Não é inviabilizando as centralistas no governo e novar o interesse por um
lativamente a serviços ou ra. Mas é essa realidade rector do Centro Regio- dade, é um imperativo e no da República também aspirações autonómicas nos seus agentes. canal que tem sido, com
organismos de carácter e esses sobrecustos que nal da RTP. Ambas as uma responsabilidade. neste campo se prepara dos açorianos que o go- Ora, Joel Neto levantou todos os seus defeitos,
nacional com âmbito na- justificam a existência do partes ficarão a conhe- Que a audição nos traga para desamparar os cen- verno garante a unidade, a suspeição que o actu- um elemento fundamen-
cional e actividade nos Centro Regional, absolu- cer melhor os objectivos boas-novas… tros regionais da rádio e mas antes empenhando- al director da nova em- tal na construção da Re-
Açores, tem recentemen- tamente diferente duma presa de comunicação gião Autónoma dos Aço-
te concedido poderes de mera Delegação. RDP/RTP nos Açores, res.
audição e informação Os economicismos sim- o seu colega jornalista O silêncio de Pedro Bicu-
aos órgãos de Governo ples são inimigos sem- Pedro Bicudo, ele tam- do e a demora numa re-
próprio. Assim é também pre da descentralização bém com pergaminhos novação, que é palpável,
com a última orgânica da e a Autonomia…e são firmados, trazia a mis- não é de molde a des-
PSP, de Agosto do ano efectivamente empobre- são de acabar por ma- cansar-nos e a afastar,
transacto, que confere cedores. tar, fechando-o, o centro neste campo também, as
um poder de audição do Porque é a nossa iden- de produção regional da suspeições de mais uma
respectivo Comandante tidade que, em primeiro RTP, substituindo-o pe- “perfídia centralista”.
Regional, recentemente lugar, a rádio e televisão la sempre falada jane- Também aqui, se tudo
já exercitado pelo nosso públicas devem servir, e la nos canais nacionais. continuar na mesma, o
Governo ajudar a consolidar, do Levaria avante este pro- Governo Regional não
É certo que o serviço pú- mesmo modo que a co- pósito, que lhe terá si- poderá fazer de contas
blico de rádio e televi- formaram. do encomendado pelos que nada é com ele e as-
são aguça apetites e gera E realidades multi-po- “centralistas infiltrados sistir de braços cruzados
polémicas apaixonadas. lares rejeitam soluções na empresa”, acrescen- à morte do canal regio-
Sempre assim foi. Assim uni-direccionais. Fora ou to eu, fazendo degradar nal de televisão, que se
continuará a ser. dentro. Seja na universi- de tal maneira a qualida- encontra realmente mo-
Efectivamente, a rádio e dade. Seja no serviço pú- de do canal regional que ribundo.

DI DOMINGO 12 27.janeiro.2008 DI DOMINGO 13 27.janeiro.2008


VELA DE ESTAI
Francisco Maduro-Dias
maduro.dias@mail.telepac.pt

Viver de
parabólicas
“Não se vive de raízes, vive-se de parabólicas!” vezes sem cuidar do modo certo de fazer, adaptando,
Esta frase, fantástica, foi dita assim, tal e qual, por um percebendo esta terra e a outra, e as diferenças e se-
sacerdote, missionário em Moçambique, durante um melhanças de cada uma.
programa que vi na TV. A gente vê centros comerciais lá fora e bimba, há que
Já não me lembro do canal mas sei que se falava de ter um!
progresso e de sustentabilidade. E também se falava São alguns exemplos, dos muitos que qualquer um
das dificuldades da vida e do como procurar o futuro. pode encontrar.
Esqueci quase tudo! Basta olhar e ver, ao nível dos costumes, das casas,
Só não esqueci, com uma pontinha de inveja por não ter das soluções políticas, das propostas de acção cultu-
sido o descobridor de tal frase, a força dela e o peso dela! ral, e por aí fora o modo como se copia sem pensar
Mas vamos adiante! muito ou até pensando nada.
E tomemos para nós a frase, a ver se porventura não É verdade que somos seres humanos como os demais
estaremos todos um bocado a viver do que as ante- e, portanto, é natural a procura da semelhança.
nas parabólicas nos trazem, sem cuidar das raízes, co- A questão não está aí!
mo é preciso. A questão está em:
Uma árvore, uma planta, qualquer que seja, tem raí- Porque é mais cómodo;
zes, caule ou tronco, ramos e folhas. Porque é mais fácil;
Da terra, precisa tirar o alimento e a humidade, mas é Porque aborrece muito menos;
do ar e do sol que tira o resto para viver e dar fruto. Porque é só comprar;
Até a batateira, que entesoura as suas riquezas no escuro Porque fica muito mais “igual”;
do chão, lança ramos e flores e vive ao de cimo da terra. A gente copia de um lado e cola no outro, sem cuida-
Esta crítica do tal missionário, mesmo feita ali ao do- do e inteligência, perdendo a identidade aos bocadi-
brar da esquina passada por Bartolomeu Dias e já em nhos, o estatuto cultural, a capacidade de pensar pela
vista dos Orientes vários, que de lá se vislumbram, própria cabeça, a humanidade própria, em suma.
não encaixa só em Moçambique, infelizmente… Deixo-vos ainda um exemplo:
A gente vive, mais do que parece, de parabólicas! Neste país de navegadores e de gente ligada ao mar –
Porque a gente copia sem saber porquê; tenta fazer neste arquipélago – os parques para as crianças brin-
igual sem cuidar das diferenças, esforça-se por ser tal carem são todos iguaizinhos e comprados, prontos a
e qual sem pensar que, naturalmente somos pareci- montar, aí fora, num qualquer fornecedor!
dos e diferentes ao mesmo tempo. Ninguém se atreveu a remar contra a maré e a procu-
A gente vê umas casas feitas lá longe e pumba, toca rar coisas de cada sítio que servissem de inspiração.
de fazer igual na paisagem das ilhas! Uma burra de milho ou um cafuão, reinterpretados
(A gente vê umas casas aqui perto, antigas e bem fei- não dariam uma excelente coisa para trepar, subir e
tas, ditas “das nossas” e com a mesma ligeireza, pum- descer? Um bote da baleia, com rampas e escadinhas,
ba, toca de copiar, sem saber também das razões, dos não seria muito mais nosso que uma “coisa” que pa-
métodos, etc.). rece barco mas não passa disso?
fotografia antónio araújo

A gente vê umas estradas grandes e largas na TV e to- Não seria muito mais interessante ver gente de palmo
ca de querer fazer igual, mesmo que seja só para ir e meio, descobrindo formas dessas?
daqui perto ali mais abaixo, coisa que menos asfalto e Depois queixem-se do nada em que a gente mais no-
betão resolviam na mesma. va cai, sem saber e sem conhecer.
A gente vê parques e multi usos e tem de ter. Muitas As raízes plantam-se enquanto é tempo!

DI DOMINGO 14 27.janeiro.2008 DI DOMINGO 15 27.janeiro.2008


reportagem . fotografia henrique dédalo

LENDAS DOS NOSSOS AVÓS


noite das Candeias
Quando o sol se punha, depois terra, vindos do mar, por tudo quanto era ribeira.
Eles vinham, por entre o ruído das correntes das su-
do toque das Trindades, cada um se as mais horrendas prisões na terra em busca de qual-
quer ser vivo que pudessem encontrar. Fosse homem
fechava na sua própria casa. Os la- ou animal, tudo eles levariam consigo antes da alvora-
da de um novo dia e sem quaisquer contemplações.
bregos, que vinham do mar, subin- Ainda não há mais de meio século, essa noite era as-
sim nas ilhas, e os labregos eram conhecidos por di-
do as ribeiras, obrigavam a que em versos nomes, sendo denominados, na zona oeste da
ilha Terceira, por diabretes, sendo que esta expressão
todas as casas, pelo menos em uma é oriunda da ilha de S. Jorge, onde o culto destes se-
res vindos do mar à terra, foi mais forte do que em te estivesse muito próximo dele. Manuel assim fez e, de Santa Luzia, tocar as Trindades.
das janelas, houvesse uma candeia qualquer outra ilha açoriana, embora se saiba que era para seu deslumbramento, diga-se que mais susto do Homens de lavoura, que se levantavam com o alvor
também um dos maiores cultos na ilha do Arcanjo, que outra coisa, viu cair aos seus pés um homem des- do dia, contaram, gerações atrás de gerações, as si-
acesa. Era a noite de 2 de Fevereiro. onde o cantar da Noite das Estrelas, ou à Senhora das conhecido, nu, sem saber onde se encontrava, Mais lhuetas horrendas que viam, dos labregos ou diabre-
Estrelas, ainda hoje anima aquela ilha, cada vez com um mistério ocorrido numa noite das Candeias. tes a regressarem ao mar, por vezes parecendo que
maior número de grupos em quase todas as localida- Mas também há muito quem diga que esse tipo de levavam ao colo outros seres vivos, que haviam en-
des, para que a tradição se mantenha. ocorrência era frequente, e não apenas na noite de 2 contrado na rua, e só com o céu já todo despido de
A noite do dia 2 de Fevereiro é celebrada hoje, já O povo temia-os mais que a tudo e os poucos ho- de Fevereiro, mas ao longo de todo o ano. estrelas é que as candeias se iam começando a apa-
com algum, ou muito folclore à mistura, porém ain- mens que se atreviam a sair de noite, provocados pe- Embora pudesse ocorrer em muitos outros locais, o gar nas portas e janelas das casas, sem excepção, des-
da com muito respeito por parte do povo, e há pesso- lo anseio de visitarem uma qualquer taberna que fos- Caminho que vai da Rua da Pereira ao Terreiro de São de a mais humilde até à mais fidalga.
as mais antigas, e não só, que sentem ainda hoje os se possível encontrar aberta, encontravam um ror de João de Deus em Angra, denominado de Caminho Eram outros tempos, outras pessoas, outras vivências,
mesmos medos de outrora, quando nessa noite o re- candeias em todas as casas, acompanhadas por um Fundo, em tempos uma espécie de ribeira, foi palco, mas como a voz do povo é voz de Deus, e porque
gresso a casa era feito somente com a luz do dia e o horrendo arrepio na espinha que os fazia tremer até na década de 1940, de uma verdadeira comédia em ao homem pouco mais do que nada é dado a sa-
toque das Trindades a todos chamava de forma mais aos ossos, de m frio do outro mundo. noite de Candeias. ber, mais vale colocar na janela, qualquer objecto que
insistente do que em qualquer outro dia do ano. A noite era entrecortada pelos gemidos dos labregos Um homem, na casa dos quarenta, que tinha por hábi- emane luz, a cada dia 2 de Fevereiro, não vá o Dia-
Estivessem onde fosse, homens, mulheres e crianças, e, pelo chão de terra, as correntes roçavam a sua toa- to beber uns copitos a mais, subia aquela custaneira to- bo tecê-las.
corriam para casa, recolhendo-se nos seus lares, mas da ameaçadora, de fazer tremer os mais valentes. das as noites, com um, ou muitos, grãos na asa, a cami- Das duas uma, ou os labregos já não sobem as ribei-
não sem que antes acendessem uma candeia, vela, nho de casa onde o esperavam a mulher e as filhas. ras e os medos não se farão sentir, ou ainda o fazem
ou qualquer outro tipo de luminária, que colocavam FENÓMENOS Um vizinho, mais afoito, em noite de Candeias, resol- e todo o cuidado será pouco.
numa das janelas da casa, de preferência com as por- Maria Augusta, nascida na freguesia de São Brás, há veu ir para o seu quintal e, noite escura como breu, Seguramente, as ilhas ficarão iluminadas, e com uma
tadas bem cerradas e trancas na porta. muitas décadas, contava que numa dessas noites, o quando o homem passava, resolveu arrastar longas rara beleza nocturna, com milhares de candeias ace-
Só os muito bravos se ficavam pelas tabernas até mais marido ficara fora de casa até às tantas e quando re- correntes junto às paredes dos cerrados que davam sas.
tarde. E mesmo esses, quase sempre acabavam por gressava, foi perseguido por um fogoso cavalo que lhe para o caminho, provocando os mais horrendos sons, A celebração de Nossa Senhora das Candeias, da Es-
se arrepender da sua ousadia, já que, pelo menos do embaraçava os passos. Bem que tentou ver-se livre que assustariam o mais valente dos homens. trela, ou da Luz, chegou aos nossos dias, enquanto
susto não se livravam. dele, mas em vão. O bicho não o deixava de jeito ne- Este, subiu todo o caminho a correr, olhando para trás, que os medos do povo, todos nós sabemos que ainda
Era a noite da Estrela, das Candeias ou da Luz. nhum e não havia quem o socorresse, até que uma quase a cada passada, verdadeiramente aterrorizado, não se perderam totalmente, mas já não é como era,
mulher que se encontrava à janela, por detrás da luz tendo chegado a casa cós os bofes a quererem sair- apesar de tudo. De qualquer modo, e durante todo o
LABREGOS OU DIABRETES de uma candeia, o chamou aos gritos e lá lhe conse- lhe pela boca, de tão grande o assombramento. ano, sempre que falta a luz, sente-se qualquer coisa
Mal caía a noite, os labregos, uma espécie de homens guiu colocar nas mãos uma agulha, daquelas de co- Consta que, pelo menos em noite das Candeias, não de estranho, que até faz o mais rijo dos homens asso-
disformes, cobertos de algas verde escuro, subiam à zer o pano e lhe disse para picar o animal quando es- voltou a andar na rua depois do sino da velha igreja biar para afugentar os medos… Não é?

DI DOMINGO 16 27.janeiro.2008 DI DOMINGO 17 27.janeiro.2008


folhetim
luiz fagundes duarte
357

O que está à vista


não se esconde
Quem me conhece sabe que eu sou deputado e fa- cou-me:
ço parte do grupo parlamentar que apoia o governo, «Não me provoque!».
numa situação de maioria absoluta. Coisa menos im- Este diálogo, meio atontado, tem uma história: é que,
portante, mas não menos real, eu sou o coordenador mesmo tendo em conta que os dois governos são do
dos deputados do meu grupo parlamentar nas maté- Partido Socialista, muitas das medidas mais polémicas
rias que têm a ver com Educação, Ciência, Ensino Su- tomadas pelo ministério da Educação não produzem
perior, Juventude e Desporto (antes também tinha a efeitos aqui na Região, mercê da Autonomia que te-
Cultura, mas as alterações recentemente introduzidas mos – o que traz como efeito situações bizarras como
no regimento da Assembleia da República mandaram a FENPROF, que é afecta ao Partido Comunista, ou o
a pobre da Cultura para a esfera da… Ética, o que me PSD, ou o CDS-PP, bradarem aos altos ventos que, em
faz coçar a orelha). Tudo isto somado faz com que, na matéria de Educação (porque é disso que falamos), o
prática, uma decisão minha na Comissão de Educação, Governo da República tem muito que aprender com
tomada numa circunstância imprevista, se possa trans- o Governo dos Açores, que aqui é que se está bem…
formar em lei – o que, muitas vezes, torna o meu traba- para depois me zurzirem nas orelhas explorando, sa-
lho muito atraente mas, também, muito angustiante. biamente, a minha situação incómoda de, enquanto
Para que não se cometam erros de maior, os três minis- deputado socialista eleito pelos Açores, estar conotado
tros e quatro secretários de estado que tutelam as áre- com o bom trabalho que por cá se faz (injustamente,
as correspondentes ao meu campo de intervenção par- porque eu nada tenho a ver com o trabalho do actual
lamentar vão frequentemente reunir-se comigo e com Governo dos Açores, a não ser pelo meu voto de cida-
os restantes deputados que eu coordeno: nós, que te- dão), e ao mesmo tempo, enquanto coordenador sec-
mos que defender no parlamento, e em muitos outros torial do grupo parlamentar socialista que sustenta o
locais, os actos do governo, temos que saber de ante- governo da República, ter que defender coisas que eles
mão o que é que o governo está a fazer, o que é que consideram más – e, em certos casos, de sinal e quali-
pensa fazer a seguir, e porque é que faz assim e não dade opostos.
assado. Eu não vou discutir isso, até porque aquelas forças sin-
De todas as áreas que coordeno, a Educação é, sem dicais e partidárias só por puro interesse é que louvam
dúvida, a mais trabalhosa e, de longe, a que mais dores agora a actuação do Governo dos Açores em matéria
de cabeça me dá. Não será preciso explicar porquê. de Educação, quando até há pouco a combatiam: que-
Hoje, quarta-feira, foi a vez de a Ministra de Educação rem aproveitar-se do clima de alguma agitação (a meu
comparecer à reunião – a que chegou atrasada por- ver exagerada) que dizem existir no país inteiro, explo-
que fora à Costa da Caparica inaugurar uma nova esco- rando-o contra o Governo da República.
la. “Uma escola muito bonita!”, justificou ela, claramen- Mas, no fundo, esta sagrada aliança PCP-PSD-CDS não
te orgulhosa. Ao que eu respondi, em tom de brinca- deixa de ter as suas razões: eu conheço muitas escolas
deira: “Deve ter sido mais uma imitação dos que se faz do Continente, conheço muitas escolas dos Açores – e
nos Açores…”. quando toca a comparar, eu também sei fazer as mi-
A ministra pôs-se séria, pausou uns segundos, e repli- nhas contas.

DI DOMINGO 18 27.janeiro.2008 DI DOMINGO 19 27.janeiro.2008


entrevista helena fagundes Como está a ser o acolhimento do público a este seu últi- tida, porque não dialoga com os professores. Hoje é
fotografia antónio araújo mo trabalho? mais caro educar um jovem do que na época de Mar-
Em 2006 lancei o álbum “Baladas da Minha Vida” e celo Caetano... Estou a falar de saúde, da educação e

José Cid no ano passado avancei com outro, que acho bas-
tante divertido, que se chama “Pop rock e vice-versa”,
da cultura. A ministra da cultura não é culta, não in-
centiva aquilo que é a nossa arte, a nossa música tra-

“marimbo-me para
que é um pouco o historial do pop e do rock portu- dicional e não tem currículo sequer para ser minis-
gueses, que começa com o “Quarteto 1111” e comi- tra. Há no Partido Socialista três ou quatro figuras que
go. É um trabalho que inclui algumas versões de anti- tem currículo para serem ministros da cultura, como
gos temas meus e até de temas de outros autores. É por exemplo Manuel Alegre. Esta ministra não tem es-
um álbum de que gosto muito, tem um grafismo mui- sa bagagem. Sou a única pessoa que tem coragem de

o protagonismo”
to interessante, inspirado em Andy Warhol, mas que o dizer.
não funcionou tanto como o “Baladas da Minha Vida,
que é dupla platina. Nunca se sentiu prejudicado por essa postura anti-sistema?
Já, mas até acho piada. Não funciono por interesses,
Porque pensa que o álbum “Baladas da Minha Vida” fun- bato-me por causas. O facto de, neste momento, a mi-
cionou melhor? Era menos difícil de absorver? nha carreira estar muito bem e sólida e toda a gente
Desde sempre, na história da música portuguesa, são me querer ouvir e ver, não me faz ficar do tipo: “Dei-
as baladas que funcionam bem. Não apenas as mi- xa-me agora ficar quieto e calado, que isto está tudo
nhas baladas, mas as de toda a gente... O público por- a correr bem. Deixa-me só controlar a minha conta
tuguês consome muito bem baladas, mas ainda não bancária”. Eu não sirvo para isso, nunca fui assim. Nas-
existe um mercado alargado para o rock e o pop. Uma ci numa família que se pode dizer rica. O meu pai e a
boa balada funciona sempre melhor que um óptimo minha mãe nasceram com um estatuto social muito
tema pop/rock. É algo que tem a ver com a nossa pró- bom na sua Região e também no país, mas isso não
pria alma, que é melancólica. me impede de me continuar a bater pelo que gosto
e acredito. Não funciono em torno do estatuto social,
Disse que o álbum “Pop Rock e Vice-versa” revisita a sua mas do povo português, do meu país.
história e a do próprio início do pop/rock português. Co-
mo era o panorama musical do nosso país nos anos 70? Que país é esse?
Este álbum lembra temas como “Fácil pouco dócil”, O melhor do mundo. Somos um povo que sabe es-
que são controversos, contra o sistema, contra o regi- perar, que acredita, que é pacífico. Até transferimos os
me marcelista. O rock português efectivamente come- nossos desejos e esperanças para os mitos e para as
ça nos fins dos anos sessenta, princípio dos anos se- lendas. É o caso de São Sebastião e do milagre de Fá-
tenta, com o “Quarteto 111”, comigo, e também com tima. Espera-se que nossa senhora resolva os proble-
outras bandas. O panorama dos anos 70 era interes- mas... Mas não é assim. Penso que a pessoa que me-
sante, começava a despontar o José Afonso, o Adria- lhor visão teve de Portugal foi o Marquês de Pombal,
no, o Carlos Paredes, e havia também a música mais que o olhou de forma estratósférica. De há cem anos
comercial, mais popular, com os grandes vultos, como para cá, Portugal, se teve 10 ou 20 anos de República
Simone de Oliveira, Madalena Iglésias e António Cal- a sério, já é muito. Teve 10 anos com Salazar e outros
vário. Depois aparece o “Quarteto 1111”, que vai real- 10 com Cavaco Silva, enquanto este não se assumiu
mente mexer bastante com esse cenário. Existia uma como uma pessoa que raramente se enganava e que
nova geração para quem essa música portuguesa não não lia jornais. Aí, perdeu terreno...
era muito apelativa, que, de repente, ganha uma ban-
da portuguesa de que gosta. Essa nova geração hoje É assumidamente controverso?
tem uns 50, 60 anos. Nessa altura começa-se a per- Eu não tenho uma postura controversa na sociedade.
ceber que em Portugal existe uma banda criativa, tão Quem a tem é o Governo. Eu não contesto, constato.
interessante como as inglesas e as americanas. Mas,
ao mesmo tempo, essa era uma banda que ia buscar As pessoas percebem essa postura?
Ok, você conhece-o. Abril, lançou um álbum de muito à música tradicional, tinha um conceito muito As novas gerações percebem muito bem. Comecei a
próprio de portugalidade. É uma obra que permane- cantar em Coimbra, nos anos 50. Cinquenta anos de-
É o cantor de “A cabana junto à homenagem a Garcia Lorca e ce ainda hoje por revelar, porque não interessou às pois, voltei lá para actuar para 15 mil jovens e tive-os
editoras, ou porque não convinha ao sistema. Talvez a cantar as minhas músicas do princípio ao fim. Isto
praia” e “Como o macaco gosta de bateu-se pela questão timoren- fosse politicamente incorrecta, como eu hoje conti- quer dizer alguma coisa. Em contrapartida, o sistema
nuo a ser. político conimbricense odeia-me. Não canto na Coim-
banana”. O que pode não saber é se. E continua a ser politicamente bra Capital da Cultura, embora seja o único ícone vivo
Considera que ainda existe um regime que é preciso com- da música coimbrã. Nunca sou chamado pela câmara
que José Cid começou por incorrecto: “A ministra da Cultura bater? municipal para qualquer actividade e, no entanto, em
Sim, claro. Uma democracia maioritária pode-se trans- Coimbra, há dois meses atrás, 15 mil jovens cantaram
cantar fado e jazz, viu temas não é culta”. O outro lado de um formar numa ditadura compulsiva. Só num país como e dançaram comigo do princípio ao fim...
o nosso é que o ministro da Saúde não é demitido
seus censurados antes do 25 de cantor que se afirma anti-sistema. imediatamente e a ministra da Educação não é demi- Qual era a diferença entre a censura anterior ao 25 de

DI DOMINGO 20 27.janeiro.2008 DI DOMINGO 21 27.janeiro.2008


Abril e esta “censura” de que agora fala? zer que foi uma descolonização exemplar. Como este
Antes do 25 de Abril a censura era declarada. Censu- Governo é exemplar... E lá está o chato do José Cid pa-
ravam-me as canções, embora nunca tenha sido pre- ra dizer que não. Mas podem-me perseguir à vontade,
so. O regime prendia e perseguia basicamente as pes- que eu tenho 65 anos e não tenho medo.
soas filiadas no Partido Comunista Português. Agora,
posso dizer que tenho umas 40 canções que todo o Não tem medo de nada?
meu país canta e que existem outros cantores e can- Não. Tenho das doenças, da poluição, da energia nu-
toras que têm duas ou três e acompanham os primei- clear, mas isso toda a gente tem.
ros-ministros e presidentes da República para tudo o
que é sítio do planeta e eu não. Não precisei foi de Não tem medo que o público o esqueça?
ninguém que me ajudasse a escrever as minhas can- Já atravessei isso. Atravessei o deserto nos anos 90
ções. Mas depois tenho o público, o lado do país re- e foi óptimo. Todos os desertos têm oásis. O deser-
al. to não é só deserto. Gravei o álbum que é uma ode a
Garcia Lorca, outro de jazz, outro com Pedro Caldeira
Que valor tem para si esse país real? Cabral, Carlos de Carmo e Jorge Palma sobre os Des-
Todo, absolutamente todo. O poder sabe muito bem cobrimentos. Gravei um outro, lindíssimo, que está
que eu não vou estar com ele. Isto a não ser que eu por revelar e que se chama “Vendedor de Sonhos”.
concorde. Como já disse, eu não contesto, constato.
Agora vão fazer o aeroporto em Alcochete. Em vez de Deu-lhe liberdade essa travessia pelo deserto?
aproveitarem a Ponte Vasco da Gama, vão construir Deu-me, porque eu sou uma pessoa que gosta basi-
outra ao lado. Isto é impensável num país pobre, em camente de música. Para mim o protagonismo não é
que há miséria e é cada vez mais difícil estudar e ter importante. Há cantores, quer na música pimbosa, co-
acesso aos hospitais. Vão-se fazer gastos faraónicos mo na de qualidade, que vivem no medo de perder
numa ponte ao lado de outra, esplendorosa, que sai o protagonismo. Eu não quero protagonismo. Estou-
praticamente em Lisboa. Quem vai enriquecer com is- me marimbando para o protagonismo. Sou um can-
to? É um país mal pensado, é isso que eu acho. E lá tor. Continuo com a mentalidade do vocalista na ban-
estou eu a dizer estas coisas. Sou sempre o mau da da. Se não me ligarem nenhuma, formo uma banda e
fita. começo a tocar em bailes.

Utiliza a música para lutar por causas? Mas agora voltou em força...
Também. Tenho temas que são ecológicos ou políti- Sim, porque meti marketing na minha carreira. Ho-
cos... je em dia é indispensável. Temos um cagalhão musi-
cal, perfumamo-lo, metemos uma miúda gira a cantar
É o caso do álbum em que aborda a causa timorense... ou um rapaz que só sabe abrir e fechar a boca e diz- “Depois logo se vê”... os blues. Ao mesmo tempo, não existe nenhum pro-
O meu álbum pelos direitos humanos foi uma expe- se que é fantástico. Agora, pode-se fazer marqueting Também canta fado. Que lugar tem este género na sua vi- grama sobre fado no canal de televisão pública, que
riência muito gratificante, que contou com algumas sobre boa melodia e boa poesia, o que é melhor. Na da? todos nós pagamos… Parece que se hostiliza o fado,
participações de amigos meus, como a Sara Tavares, música portuguesa há coisas que são boas e que não Eu começo por cantar fado e jazz, nos anos 50. Na de uma forma tão anti-cultural que até irrita. É muito
o Olavo Bilac ou o Miguel Ângelo. Isso para mim foi têm direito a marqueting nenhum. Eu posso dizer que minha família existiam uns dois guitarristas, pessoas mais interessante ver um programa de fado, de músi-
muito bom. Ficámos com a vitória do povo português encontrei um grupo de pessoas que acreditam em que escreviam poesia e eu aprendi a cantar fado des- ca popular ou de baladas portuguesas do que ver um
sobre o mundo inteiro. Vi o país unir-se e provar ser mim, que me vêem como um cantor ao vivo. O que de pequeno. Sou um fadista amador e um cantor de filme com o Steve McQueen, há 30 anos atrás, a ma-
solidário... vim fazer aqui à ilha Terceira é praticamente o mais di- jazz amador. tar 50 índios.
fícil que há: Trazer um piano, e ficar praticamente sozi-
Teve orgulho do país nesse momento? nho no palco. Sobreviver a isso é tão difícil... O que é que canta em termos de jazz? Quais são os seus projectos para o futuro?
Sim. Mas é preciso sempre não esquecer a forma co- Canto coisas em português, que é coisa que os can- Gerir a minha decadência. Tenho 65 anos e os meus
mo saímos de Timor, que é vergonhosa. Não podemos Como é essa sensação de estar sozinho num palco, só o tores de jazz portugueses não fazem. No dia em que únicos medos são não ter saúde e morrer de uma for-
esquecer que, quando se dá a grande invasão pela In- cantor e o público... os cantores de jazz portugueses perceberem que es- ma violenta… Em termos musicais, vou preservando
donésia, podíamos ao menos tentar negociado. Talvez Quem anda a fazer muito isso é Ney Matogrosso, que tão em Portugal e que só podem ser universais assu- a minha voz e a minha imagem, não fumando e dor-
a Austrália nos pudesse ter dado uma ajuda. Ali estava pega numa guitarra, sobe ao palco e fica sozinho em mindo isso - porque nós temos ritmos na nossa mú- mindo bem, aparecendo bem em palco. Tenho vários
em causa o mar de Timor, com o maior depósito de frente ao público. Diz: “Eu sou assim, ouçam a minha sica popular que são perfeitamente jazzísticos - aí po- álbuns já arquivados e prontos para saírem. Vou lan-
petróleo do mundo por explorar. Ninguém foi capaz música”. Esse cantar sem rede torna tudo muito mais dem ultrapassar as barreiras. Agora, nunca o pode- çar dois discos de baladas originais, um de pop/rock,
de o dizer. Nem os portugueses souberam explorar difícil, mas muito mais verdadeiro. Metade dos cantor- rão fazer enquanto continuarem a imitar a Ella Fitzge- chamado “Menino-Prodígio”, o meu último concerto
esse jazigo de petróleo. Somos uma gargalhada mun- zinhos e cantorazinhas nunca teria coragem de fazer rald ou o Coltrane. O fado e o jazz seduzem-me por- no Campo Pequeno, que foi inesquecível, e outro dis-
dial... Podíamos muito bem ter-nos unido a outros pa- isso. A maior parte dos espectáculos deles é em play- que são as únicas expressões musicais no mundo em co, que se chama “Fados e Fandangos”. São cinco ál-
íses na exploração do petróleo, o que também seria back. O público é que tem de distinguir. A crítica tem que nunca se canta igual, existe sempre um feeling buns para serem lançados.
rentável para a ilha de Timor. Outro exemplo é a nossa de analisar o que é verdadeiro e o que não é. Hoje, vê- diferente. Além disso, o fado ainda tem uma grande
descolonização “exemplar” em que morreu mais de em-se espectáculos de cantores e cantoras internacio- vantagem sobre o jazz e os blues, que é ser poetica- Disse que os próximos anos serão para gerir a sua carrei-
um milhão de pessoas. É um exemplo mundial aban- nais, de dimensão mundial, em que 70 por cento do mente muito superior. Sempre existiram grandes po- ra, mas também a sua decadência. Como gostava que o re-
donar um país, quando a guerra colonial estava ga- espectáculo é disparado da mesa de som. Mas cada etas a escrever para o fado. Hoje todo o mundo per- cordassem?
nha, sem condições, precipitadamente, para os russos vez mais as gerações mais jovens têm a percepção do cebeu que o fado é uma expressão musical tão uni- Esse é o título do meu próximo álbum. Chama-se “De-
se meterem lá. Depois vem o doutor Mário Soares di- que estão a ver, o que me dá muita esperança. versal e tão rica como o tango, a bossa nova, o jazz ou pois logo se vê”…

DI DOMINGO 22 27.janeiro.2008 DI DOMINGO 23 27.janeiro.2008


opinião sala da autonomia
guilherme marinho arnaldo ourique
http://chaverde.blogspot.com/ arnaldo.ourique@dacores.com

«Açorianos, quem
somos nós?» *
Os pequenos e os Estou convencido que somos homens da autono-
mia. A expressão homem autonómico não enceta ca-

“pechinchinhos”
minhos que a locução homem da autonomia consen-
te.
Penso que o açoriano, numa primeira fase, seria mais
da ilha, do mar e do clima. Homem solitário e solidá-
rio com o que o rodeia até à borda da terra. É um so-
nhador para dentro, para as coisas da terra, não quer
Face ao recente Acórdão do Tribunal Constitucio- dentes de fiscalização, caso contrário a perversão de- nada com o mundo e com o mar
nal (1), após a reclamação de diversos pequenos par- mocrática estará, de novo, não na causa, mas, no re- Por altura do liberalismo, consequente da Revolu-
tidos, entre os quais, o “nosso” PDA, da obrigação de médio. ção Francesa, o açoriano é outro. Tem consciência do
fazer prova de que têm pelo menos cinco mil militan- É, pois, imprudente o argumentário desses partidos seu carácter marcadamente pela humidade, geogra-
tes, imposta pela lei dos partidos políticos aprovada quando se refugiam numa demagógica fumaça de fia, terra queimada e encharcada de mar e de chuva.
em 2003 (2), sob pena de extinção judicial, teremos atentado à liberdade de expressão, como se a con- Aqui é já não apenas português mas sobretudo ilhéu.
de concordar, em primeira via, que há um erro mate- quista de um estatuto, e dos seus direitos, não acarre- É agora ali um homem sonhador do e pelo mundo.
rial de previsão desproporcionada pela Assembleia da tasse obrigações. É-nos evidente que nada impede es- Quer mais.
República (curioso, no entanto, que a criação de no- ses grupos políticos de se manifestarem ou explana- Hoje o açoriano, embora seja tudo isso, é mais algu-
vos partidos está dependente de 7500 assinaturas). rem as suas ideias políticas enquanto associações. ma coisa, sobretudo mais substancial. É o homem da
Na altura, perante um arroubo dos grandes partidos, Quer isto dizer que os interesses em causa merecem autonomia. Tem um sentido de região insular e arqui-
os outros, os pequenos com assento parlamentar, vo- uma ponderação que pode não obrigar à comprova- pelágica; tem um sentido da sua unidade social e cul-
taram favoravelmente, por unanimidade (3) (o CDS/ ção de militância (pelos menos nos actuais números), tural; tem o sentido de uma identidade própria. Mes-
PP era parte do arco da governação, o PCP e o Bloco mas cuja, indispensável, prova de vida, para aceder a mo sem a saber definir, aliás, sobretudo por não o sa-
de Esquerda nada disseram), a sentença de morte dos tempos de antena ou a recursos públicos, impõe que ber fazer. O homem da autonomia não quer o mun-
mais pequenos ainda, esquecendo-se que, um dia, a se vá além do que hoje é pedido (veja-se a obrigação do, não quer mais do mundo do quanto quer agir nu-
lâmina pender-lhes-ia sobre o pescoço. Além disso, e de apresentação de candidaturas em quaisquer elei- ma participação democrática mais do que o portu-
sobretudo, convém precisar que, aqui, a questão de ções gerais, pelo menos uma vez, durante um perío- guês continental ou o ilhéu da Madeira. O açoriano
fundo é a de defesa de uma concepção política do sis- do de seis anos consecutivos, em pelo menos um ter- da autonomia quer agarrar a vida e modificar-lhe, não
tema democrático português que assume a importân- ço dos círculos eleitorais, ou um quinto das assem- os predicados estruturais naturais, mas a sua utilida-
cia da diversidade de soluções e orientações ideoló- bleias municipais, no caso de eleições para as autar- de e funcionalidade.
gicas num sistema, exclusivamente, partidário, como quias locais). Assim, confesso que não me repugna a O homem da autonomia não quer apenas significar
é o nosso. Relembramos que a Região já deu passos cláusula barreira, em vigor noutros sistemas, quando que o seja por existir nos Açores uma região autóno-
importantes nessa afirmação, com um círculo regional determina um determinado número de votos, ou uma ma dotada de poderes próprios de res publica. É-o
que permite assegurar um mínimo de representativi- percentagem eleitoral, para o reconhecimento públi- em primeiro lugar porque se encontra inserido no e
dade aos partidos mais pequenos. co de partidos políticos. Claro que, como em tudo, o num mundo que os meios de informação instantânea
Não obstante, também, importa sublinhar, que, pa- segredo está no bom senso, o que, parece, anda a fal- o colocam no lugar dos acontecimentos mais signifi- cular nos particulares do todo.
ra haver uma representatividade parlamentar mínima, tar… cativos. Isto é, num mundo que quer a globalização Quem é este novo homem, o homem da autonomia?
é fundamental que os pequenos partidos desenvol- (1) http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/20080001.html mas simultaneamente quer a individualidade regio-
vam trabalho sustentado junto do eleitorado, e, bem (2) http://www.cne.pt/dl/lpartidos2003.pdf nal; melhor ainda, num mundo que quer e não quer a * O título é de um programa da RTPAçores, “Estação de Servi-
assim, cumpram obrigações perante órgãos indepen- (3) http://www3.parlamento.pt/PLC/Iniciativa.aspx?ID_Ini=19430 globalização; ou antes, num mundo que quer o parti- ço”, Nov. 2007.

DI DOMINGO 24 27.janeiro.2008 DI DOMINGO 25 27.janeiro.2008


reportagem mateus rocha digo que seja impossível, mas não tenho essa ilu- nos últimos dois anos. Estão a actuar com regularida-
fotografia antónio araújo são”. de no Terceira Basket por mérito próprio. Depois, for-
No entanto, o capitão do Terceira Basket garante que mamos um conjunto extremamente ambicioso e com
não perdeu a ambição e admite que a Proliga seria um balneário magnífico. Podemos não ter o melhor
uma solução interessante, sobretudo se atingisse o plantel, mas somos uma das equipas mais fortes do

DÉDALO ENES segundo escalão do basquetebol luso com a camisola


do antigo emblema satélite dos “leões”.
campeonato. Se chegarmos bem aos play-offs, tudo
pode acontecer”, acrescenta, com evidente satisfação.

PALAVRA DE CAPITÃO
“A Proliga é, de facto, um campeonato muito engraça- O extremo/poste considera a passagem pela Liga Pro-
do. Há equipas de excelente qualidade, recheadas de fissional, ao serviço do Lusitânia Angra Património
óptimos jogadores portugueses. Como ainda sou no- Mundial, como um momento “muito interessante”,
vo, tenho o objectivo de chegar mais além, surgindo a atendendo a que acabou a época com uma média de
Proliga como uma opção bastante atractiva. Conside- utilização bastante aceitável.

Na Liga Profissional, de “leão” ao pei- Produto dos escalões de formação do SC Lusitâ- ro, inclusive, que seria o quadro competitivo ideal pa- Amante confesso da bola ao cesto, Dédalo Enes, natu-
nia, Dédalo Enes, de 27 anos de idade e 1.93 metros ra o Terceira Basket”. ral da Praia da Vitória, não coloca de parte a possibili-
to, confirmou capacidades inatas de altura, é um dos principais talentos do basquete- Elemento habitual no cinco inicial do representante dade de abraçar a carreira de treinador.
bol açoriano. A vestir pelo segundo ano consecutivo das ilhas de bruma no Campeonato Nacional de Bas- “Vivi duas experiências ao serviço dos escalões de for-
para a prática do basquetebol. Ago- a camisola do Terceira Basket Clube, o nosso entre- quetebol 1 (CNB1) – Zona Sul, Dédalo Enes mostra- mação do Lusitânia. Gostei, mas sinto que tenho de
vistado, embora não feche totalmente a porta, assu- se deveras agradado com as condições que o clube estar devidamente preparado. A experiência de atleta
ra, como capitão do Terceira Basket, me como pouco provável o regresso ao grémio ver- oferece: não é suficiente. Por outro lado, se já é difícil conci-
de e branco. “Conheço as pessoas envolvidas neste projecto há liar a vida profissional com a prática desportiva, mais
o extremo/posto Dédalo Enes sonha “Atendendo à minha actividade profissional (funcio- muitos anos e sinto que confiam em mim. O treina- complicado seria aliar as três vertentes”.
nário da SATA Air Açores), não é fácil voltar ao Lusi- dor Nuno Barroso, para além de meu antigo colega de “Quando deixar de jogar, aí, sim, é um cenário que se
em ascender ao Campeonato da Pro- tânia, conquanto gostasse de sublinhar o apoio fan- equipa, é uma das minhas grandes referências na mo- pode concretizar, até porque é maravilhoso trabalhar
tástico que tenho recebido da empresa e dos meus dalidade. Como pessoa, é também excelente. Em face com miúdos. Vamos ver o que é que o futuro nos re-
liga. Tarefa complicada, reconhece, colegas de profissão. Trabalho por turnos, o que tor- de tudo isto, não vejo razões para mudar”. serva. Para já, estou concentrado a 100% na minha
na sobremaneira complicado conciliar as exigências “A equipa comporta atletas muito jovens, mas que actividade enquanto atleta do Terceira Basket”, ter-
mas não impossível. competitivas da Liga com a vida profissional. Não cresceram imenso, em termos de qualidade de jogo, mina.

DI DOMINGO 26 27.janeiro.2008 DI DOMINGO 27 27.janeiro.2008


rui messias

sugestões tiro&queda
LIVROS Paula Mota, patente na
Sala Dacosta do Museu
O Afinador de Pianos de Angra, até 27 de Ja-
Cristina Norton neiro.
Dom Quixote “La Mirada Panorámica”
221 Páginas é o título de uma exposi-
ção de fotografia paten-
De Perón a Evita, passan- te na Sala do Capítulo do
do por Franco e Salazar, Museu de Angra, até 27
Benjamim, um afinador de Janeiro.
de pianos madrileno, vê- Uma exposição de co-
se arrastado por aconte- nhas de Augusto Veiga
cimentos políticos que o está patente no Museu
condicionam. da Graciosa, até 31 de
A profissão leva-o a viajar Janeiro.
até à Galiza nas vésperas
da Guerra Civil espanho- Cinema
la. Separado da família
durante os três anos que Uma extensão do CineE-
dura o conflito, a sua vi- co 2007 - Festival de Ci-
da complica-se ao ponto nema e Vídeo da Serra
de empreender uma fu- da Estrela - Seia decor-
ga que o leva a uma Lis- re até hoje, domingo, no
boa de espiões e de re- Centro Cultural de Angra
fugiados e, mais tarde, a e no Auditório do Ramo
Buenos Aires. Grande.
Com uma narrativa apai- O Centro Cultural de An-
xonante, Cristina Norton gra apresenta de segun-
envolve-nos numa his- da a quinta-feira, dias 28
tória de encontros e de- tura, da autoria de Flori- toria de Carlos Laranjeira a 31, pelas 21h00, “Pro-
sencontros, de amor e mundo Soares, patente está patente no Centro messas Perigosas”.
de guerra, onde quaren- na Carmina Galeria, até 2 Cultural de Angra, até 23
ta anos de realidade his- de Março. de Fevereiro.
tórica convivem com o Uma exposição de Cari- “Loop” é o título de uma workshop
imaginário latino-ameri- caturas e Cartoons da au- exposição de pintura de
cano. O humor e a ironia “Bebés & Família” é o tí-
estão sempre presentes tulo de um workshop
e os enredos picarescos que decorre até hoje, do-
de várias personagens mingo, no Centro Cultu-
imprimem ao livro um ral de Angra.
compasso de tango.
Carnaval
EXPOSIÇÕES DIÁRIO INSULAR - Ficha Técnica: Propriedade: Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda., nº. Pessoa Colectiva: 512002746 nº. registo título 101105 Jornal diário de manhã Composição
Um baile de máscaras, e Impressão: Oficinas gráficas da Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda. Sede: Administração e Redacção - Avenida Infante D. Henrique, n.º 1, 9701-098 Angra do Heroísmo Terceira
“Corpo Intermitente” é o com jantar incluído e ac- - Açores - Portugal Telefone: 295401050 Telefax: 295214246 diarioins@mail.telepac.pt | www.diarioinsular.com Director: José Lourenço Chefe de Redacção: Armando Mendes Redacção:
título de uma mostra de tuação do bailinho de Hélio Jorge Vieira, Fátima Martins, Vanda Mendonça, Henrique Dédalo, Rui Messias e Helena Fagundes Desporto: Mateus Rocha (coordenador), Luís Almeida, Daniel Costa, José Eliseu
arte contemporânea pa- João Mendonça “As sete Costa, Jorge Cipriano e Carlos do Carmo. Artes e Letras: Álamo Oliveira (coordenador) Colaboradores: Francisco dos Reis Maduro Dias, Ramiro Carrola, Claudia Cardoso, Luís Rafael do
tente no Museu de An- maravilhas de Portugal”, Carmo, Luiz Fagundes Duarte, Gustavo Moura, Francisco Coelho, José Guilherme Reis Leite, Ferreira Moreno, António Vallacorba, Diniz Borges, Bento Barcelos, Jorge Moreira, Duarte Frei-
gra, até 21 de Abril. tem lugar sexta-feira, dia tas, Guilherme Marinho, Daniel de Sá, Soares de Barcelos, Cristóvão de Aguiar, Vitor Toste, Luis Filipe Miranda, Paulo Melo e Fábio Vieira Fotografia: António Araújo, Rodrigo Bento, João
“Percursos” é o título de 1, a partir das 19h30, no Costa e Fausto Costa Design gráfico: António Araújo. Agência e Serviços: Lusa Edição Electrónica: Isabel Silva Sócios-Gerentes, com mais de 10% de capital: Paula Cristina Lourenço,
PUBLICIDADE

uma exposição de pin- Centro Cultural de Angra. José Lourenço, Carlos Raulino, Manuel Raulino e Paulo Raulino. Tiragem desta edição: 3.500 exemplares,; Tiragem média do mês anterior: 3.500 exemplares; Assinatura mensal: 11 euros
PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE
serviço
técnico de
desinfecções

Profissionais em:
Desbaratizações * Desratizações
Tratamento de Madeiras LUÍS MONIZ
Semana Esotérica
(Combate às Térmitas) Tarot, Numerologia, Relaxamento e Meditação

Sede: Rua Vigário Geral, 5 A - 9500-443 Fajã de Baixo Consultas de Astrologia

PUBLICIDADE
Telefone 296 382 110 - Fax: 296 636 664 - Tm. 919 903 300 Consultas Kármicas
Cursos de Desenvolvimento Pessoal
2146
Inscrições:
964 551 040
PUBLICIDADE

DR.º RUI PAIXÃO


Naturopatia, Quiroprática, Iridologia, Fitoterapia,
Oligoterapia, Geoterapia e Correcção Osteo-articular hukka bar - pub
Informamos que O SITAR além de restaurante, oferece-lhe agora serviço de
hukka bar - pub, das 21H00 às 02H00

Temos mais de 40 pratos diferentes de Borrego, Frango, Peixe, Camarão grelhados, agridoce e
PROF.ª DR.ª TELMA GONÇALVES PEREIRA Vegetais, com um sortido de especiarias de boa qualidade preparado
MÉDICA pelo chefe especialmente vindo da Índia.
Professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa

PUBLICIDADE
Segunda a sexta-feira,Prato do dia apenas P/ e 5,00 inclui bebida e café,Pratos portugueses e indianos
Aceitam-se reservas de grupos
Para: Todas as Patologias | - Adultos, Crianças e Idosos preços especiais
Medicação: Homeopatia, Fitoterapia, Oligoterapia e Dietética. Faz-se comida para fora. Preparamos todo tipo de festas
à segunda damos o pontapé de saída durante a semana vamos a todas relaxamos ao domingo

Horário do Restaurante, aberto todos os dias das 12H00 às 14H30 e das 18H00 às 22H30

www.diarioinsular.com Rua da Graça, 19 E- Praia da Vitória | Tel: 295 54 28 84

PUBLICIDADE
Centro Dietético de F. Pacheco
Rua de São João n.º 54 Angra do Heroísmo
Tel. 295 214 969

PUBLICIDADE

CARLOS CARVALHO
Com mais de 30 anos de experiência
Homeopatia - Iridologia - Naturopatia - Nutrição

Consultas de 26 de janeiro a 8 de fevereiro

Peça grátis a Revista nº 5 - 100% Natural


PUBLICIDADE

Somos aqueles que em matéria de preços praticamos os mais baixos


31 anos ao serviço da sua saúde
DI DOMINGO 30 27.janeiro.2008
Venha confirmar
DI DOMINGO 31 27.janeiro.2008

Anda mungkin juga menyukai