Niterói
2003
LEONARDO AUGUSTO BARBOSA LEMOS
BANCA EXAMINADORA
Niterói
2003
Este trabalho é dedicado
À minha mãe, pelo amor, dedicação e incentivo total durante toda minha vida.
Aos professores André Luiz e Carlos Alberto, pelo interesse em participar da banca
examinadora e pelos comentários e observações realizados acerca deste trabalho.
Aos colegas e amigos da UFF, que muito contribuíram para dirimir dúvidas e para
ajudar a resolver os problemas do dia-a-dia.
FOLHA DE APROVAÇÃO 2
DEDICATÓRIA 3
AGRADECIMENTOS 4
SUMÁRIO 5
LISTA DE TABELAS 8
LISTA DE SIGLAS 10
RESUMO 12
ABSTRACT 13
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 14
1.1 APRESENTAÇÃO 14
1.2 OBJETIVO 14
1.3 RELEVÂNCIA 15
1.4 METODOLOGIA 15
2.1 INTRODUÇÃO 18
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO 89
6 – OBRAS CITADAS 93
7 – OBRAS CONSULTADAS 95
8 – ANEXOS 98
RD Resolução de Diretoria
VA Veterans Administration
RESUMO
1.1 – Apresentação
1.2 – Objetivo
1.3 – Relevância
1.4 – Metodologia
2.1 – Introdução
1
Apresentação de Ovídio de Angelis – Ministro da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano.
2
Projeto PNUD–BRA–00/019 – Habitar Brasil – BID.
O termo déficit, apesar de sua ampla institucionalização e aceitação nos
meios acadêmicos e profissionais, deve seguir um novo conceito, sendo
caracterizado como um subitem das necessidades habitacionais, que englobam não
apenas a unidade habitacional em si, mas também os serviços de infra-estrutura e
saneamento, ou seja, o habitat de uma forma geral. Seguindo este raciocínio, as
necessidades habitacionais convergem a três segmentos: Déficit Habitacional,
Inadequação de Moradias e Demanda Demográfica.
A Inadequação de Moradias reflete os problemas relacionados à qualidade de
vida dos moradores e não deve ser relacionada ao dimensionamento do estoque de
habitações. O conhecimento dos números relativos à Inadequação de Moradias visa
ao delineamento de políticas complementares à construção de moradias, o que não
faz parte do escopo desta dissertação. Neste sentido, a combinação de forças entre
prefeituras e governos estaduais, gerando condições de infra-estrutura, e o governo
federal cuidando da área de financiamento, é de suma importância para buscar
soluções para esta problemática.
O ônus excessivo com aluguel corresponde aos domicílios com até três
salários mínimos de renda familiar mensal que despendem mais do que 30% desta
renda com o aluguel, sendo consideradas apenas as casas e apartamentos urbanos
duráveis. Devido ao fato que, para determinada parcela da sociedade o aluguel é
uma opção, já que para alguns, pagar aluguel em bairros melhores é preferível do
que se tornar proprietário em áreas pior localizadas, o ônus excessivo com aluguel
em famílias com renda superior ao limite estipulado não foi considerado como
parcela do déficit.
1
Nas grandes metrópoles, setores de classe média, por vezes, optam por morar de aluguel em
bairros melhores do que se tornarem proprietários em áreas menos bem localizadas (infra-estrutura,
status, etc.). Do mesmo modo, para a classe média, as características da regulação da política de
aluguel vai significar a oferta maior ou menor de imóveis, em contraposição àqueles que se mantêm
vagos por decisão dos proprietários.
O índice de comprometimento máximo de 30% de renda familiar foi adotado,
tendo em vista parâmetro tradicional do antigo BNH e, atualmente, da própria Caixa
Econômica Federal, que considera esta percentagem o máximo tolerável de gasto
direto com a habitação.
Norte ... 283.030 ... 30.503 17.187 12.293 4.893 ... 82.966 ... 2.833
Nordeste 1.226.289 979.487 246.802 310.044 41.102 29.388 11.714 1.028.369 384.152 644.217 25.986
Sudeste 1.520.495 1.411.860 108.635 608.592 47.671 43.129 4.542 163.196 121.409 41.787 72.506
Sul 419.372 344.100 75.272 148.231 22.515 18.474 4.041 86.133 64.278 21.855 14.061
Centro-Oeste 277.842 258.312 19.530 115.396 19.389 16.651 2.738 74.243 35.651 38.592 1.612
Brasil (1) 3.731.839 3.276.789 455.050 1.212.766 147.864 119.935 27.928 1.451.953 688.456 763.497 116.998
Fonte: Dados básicos: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sinopse Preliminar do Censo Demográfico, 2000; Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD), 1999 (microdados).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações.
Legenda: ( ... ) Dado numérico não disponível.
(1) Exclusive o déficit habitacional rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
DÉFICIT HABITACIONAL
ESPECIFICAÇÃO
Total Urbano Rural
Norte ... 411.625 ...
Nordeste 2.631.790 1.729.057 902.733
Sudeste 2.412.460 2.257.496 154.964
Sul 690.312 589.144 101.168
Centro-Oeste 488.482 427.622 60.860
Brasil (1) 6.656.526 5.414.944 1.241.582
Fonte: Dados básicos: IBGE, Sinopse Preliminar do Censo Demográfico, 2000; Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 1999 (microdados).
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações.
Legenda: ( ... ) Dado numérico não disponível.
(1) Exclusive o déficit habitacional rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
Analisando-se a Tabela 1 pode-se verificar:
Coabitação Familiar
Domicílios Rústicos
(1) Exclusive o déficit por depreciação que não pôde ser calculado por faixas de renda.
(2) Inclusive sem declaração de renda.
Como parte desse novo modelo, foi criado, em 21 de agosto de 1964, pela lei
nº 4.380, o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), cujo objetivo era de “facilitar e
promover a construção e a aquisição da casa própria, especialmente pelas classes
de menor renda da população”. Assim, o SFH era composto por:
1
De acordo com a Instrução nº 5, se após 300 meses ainda persistisse débito, seriam aplicados os
critérios do Plano B. Mais tarde, de acordo com a RC nº 25/67, que criou o chamado Fundo de
Compensação de Variações Salariais, a prorrogação ficou limitada ao máximo de 50% do prazo
original. (DE FARO, 1992a, p.29)
2
A hipótese de reajuste anual do salário mínimo sempre superior a taxa anual de inflação não é, de
acordo com a análise histórica destes índices, condizente com a realidade brasileira.
A possibilidade de eternização da dívida nos contratos de financiamento
segundo as condições do Plano A, causou um grande mal-estar aos mutuários. Para
solucionar este problema, o BNH, através da RC (Resolução do Conselho de
Administração) nº 25/673, de 16 de junho de 1967, instituiu o chamado Fundo de
Compensação de Variações Salariais (FCVS). O FCVS tinha por objetivo garantir
limite de prazo para amortização da dívida aos mutuários com contratos celebrados
sob a égide do SFH.
3
Nesta mesma resolução, o Plano A passou a poder ser aplicado em financiamentos de habitações
no valor de até 500 salários mínimos e foi criado também o chamado Plano C, que será discutido
mais adiante.
à taxa de 1% a.m., pelo prazo de 10 anos. Estabelecendo-se prestações mensais
calculadas segundo a Tabela Price, com correção monetária trimestral, se for
estimado que a taxa trimestral de inflação se mantenha no nível de 20% (taxa
mensal de 6,27%), a perda do financiador será da ordem de 11,3% do capital
financiado.
4
Juntamente com a criação do PES também foi criado o Plano de Correção Monetária (PCM), que
nada mais foi do que um rebatizamento do antigo Plano B, mantido em todas as suas peculiaridades.
O valor do CES, inicialmente determinado em função do mês de assinatura
do contrato, era fixado pelo BNH com base em estimativas do
comportamento futuro da inflação, buscando anular o valor do débito no fim
do prazo contratual. (DE FARO, 1992b, p.7)
Outro ponto a destacar é que, como demonstrado por De Faro (1992b, p.10-
11), o SAC requer um CES um pouco menor do que o relativo ao caso da Tabela
Price. Isto implicaria num débito residual menor no caso de adoção do SAC, o que
provocaria um menor comprometimento do FCVS.
Em segundo lugar, [...], o BNH é uma instituição de segunda linha [pois atua
por intermédio dos agentes financeiros] e utiliza, em grande parte, o sistema
financeiro privado para a obtenção da necessária capilaridade na
consecução de seus objetivos. Mais uma vez, este modelo de ação
discrimina contra programas cujo valor unitário de financiamento seja mais
baixo (embora possam atender a número significativamente maior de
famílias). Isto ocorre em função dos custos unitários de administração,
cobrança e fiscalização mais elevados, se comparados a financiamentos de
maior volume por unidade. A procura por aplicações de maior valor unitário
é reforçada pela remuneração mais elevada permitida para unidades
habitacionais orientadas para as classes de renda mais alta. (DE
ALBUQUERQUE, 1985, p.21)
Analisando o que foi apresentado até aqui, pode-se verificar que o BNH
pouco atuou para resolver a problemática habitacional da população de baixa renda.
De uma forma geral, como apresentado por De Albuquerque (1985, p.41), apenas
12% dos recursos do SFH eram orientados para as habitações de interesse social,
ou seja, um oitavo do total potencialmente disponível para a finalidade que, em
última análise, foi a causa geradora de criação do SFH.
Outro ponto importante a destacar diz respeito aos subsídios concedidos aos
mutuários do SFH. O Governo Federal, a fim de minimizar o problema de
inadimplência, adotou medidas de concessão indiscriminada de subsídios que
possibilitaram uma redução imediata das prestações. Foram concedidos bônus e
adotaram-se índices de reajuste inferiores aos pactuados nos contratos, onerando
excessivamente, ainda mais, o FCVS.
Como afirmado pela ABECIP (1994, p.57), o governo justificou a redução das
prestações como uma forma de benefício social aos mutuários das classes sociais
menos favorecidas. Entretanto quem mais tirou vantagem destes benefícios foram
os mutuários pertencentes aos extratos de renda média e superior, pela maior
facilidade e agilidade na interpretação da legislação.
A padronização dos CRI’s é essencial para que tais letras possam ser
facilmente reconhecidas pelos investidores, suas características definidas e seus
riscos mensurados, de forma a permitir que, assim como qualquer outro título de
grande liquidez, as mesas de operação tenham total conhecimento das
características de risco e retorno do ativo (CRI) que estão negociando.
Outro fator de relevância no estudo de securitização de hipotecas é o que se
refere aos pré-pagamentos da dívida. Esta é a denominação dada à operação de
adiantamento, total ou parcial, da dívida contratada pelo mutuário. A questão é que
tal pagamento quebra o fluxo de caixa inicialmente estipulado e, portanto, oferece
riscos à remuneração dos títulos, ainda que os recursos dela derivados sejam
aplicados em títulos de baixo risco de crédito. A solução para desencorajar esta
prática é a adoção de multas por pré-pagamentos, de forma a desestimulá-las como
prática financeira. Nos EUA esta punição é proibida em vários empréstimos, porém
tal restrição não existe na lei que rege o SFI. Desta forma, é permitida a celebração
de contratos hipotecários com penas para quem realizar pré-pagamentos, porém
esta não é uma regra definida.
Por fim, a questão jurídica de maior relevância para o sucesso das operações
de securitização de hipotecas é a capacidade de retomada do imóvel no caso do
mutuário tornar-se inadimplente. A grande inovação referente às garantias é a
possibilidade de alienação fiduciária de imóveis descrito no art. 19 da lei do SFI.
Segundo este, o devedor transfere ao credor o direito de conservar e recuperar a
posse dos títulos representativos dos créditos cedidos e promover a cobrança
judicial e extrajudicial dos devedores que não paguem. Para um melhor
entendimento da questão, são apresentados no Anexo 2 comentários sobre as
Medidas Provisórias 2221 e 2223, que tratam do SFI.
Tal plano é dividido em dois, sendo o primeiro orientado para famílias com
renda inferior a US$120, chamado de Viviendas Progresivas, e o segundo,
conhecido como Viviendas Básicas, é voltado para famílias com renda entre US$120
e US$260.
Além desses sistemas de subsídios, o governo chileno ainda tem planos para
a população rural, objetivando reduzir o fluxo migratório em direção às áreas
urbanas, e planos especiais para trabalhadores organizados em cooperativas,
sindicatos, empresas e outros.
Deste modo, como afirmado por Carneiro (2001a, p.30), os projetos das
operadoras descentralizadas permitem acesso das famílias de grupo sócio-
econômico mais baixo, enquanto os programas tradicionais do FONAVI com
financiamento completo estariam destinados fundamentalmente a setores de nível
médio-baixo. Por outro lado, os projetos co-financiados são destinados a famílias
com maior renda. Os prazos para pagamento variam de 15 a 25 anos, e os níveis de
subsídios são variáveis de acordo com a operadora.
Com isso, é possível dar condições a famílias de renda baixa e que não
tenham habitação própria, para que estas possam adquirir unidades residenciais
modestas, opção inexistente no mercado hipotecário privado.
(A + (N x P) + (D x Y)), onde:
• “A” é a diferença entre 1,25 e a raiz quadrada do quociente de “V” por 20.000;
Portanto, mais uma vez, o problema de falta de renda somente pode ser
combatido através da ação do setor público. Assim, haveria duas formas de
possibilitar a participação das famílias de baixa renda no mercado de crédito
imobiliário. A primeira se daria através da redução do saldo devedor, subsidiando
determinado valor a título de entrada. A segunda funciona através de subsídio de
taxa de juros.
Ambas opções apresentam o mesmo custo para o setor público, uma vez que
visam a reduzir o valor da prestação para o nível máximo da capacidade de
pagamento dos mutuários. Logicamente, trazendo a segunda opção a valor
presente, ambos os sistemas se equivalem.
1
Valores retirados do Projeto de Moradia do Partido dos Trabalhadores.
Na Tabela 13 estão simuladas algumas operações de acordo com o
estabelecido no Artigo 18 do projeto.
TABELA 13 – Financiamentos Subsidiados de Acordo com o Projeto de Lei n° 227
Poupança Peso da
Rendimento Valor da Tempo de Valor Saldo Valor da Prazo de
sobre Subsídio Prestação no
Familiar Operação Poupança Poupado Devedor Prestação Amortização
Salário Salário
1 S.M. 10.000 60 meses 1.000 7,96% 90% 0
2 S.M. 15.000 60 meses 2.250 8,96% 85% 0
3 S.M. 20.000 60 meses 4.000 10,62% 73% 1.400 R$ 106,36 14 meses 19,70%
4 S.M. 20.000 60 meses 4.000 7,96% 73% 1.400 R$ 146,50 10 meses 20,35%
5 S.M. 20.000 60 meses 4.000 6,37% 73% 1.400 R$ 181,63 8 meses 20,18%
5 S.M. 30.000 60 meses 7.500 11,94% 35% 11.992 R$ 179,55 98 meses 19,95%
6 S.M. 20.000 60 meses 4.000 5,31% 73% 1.400 R$ 206,72 7 meses 19,14%
6 S.M. 30.000 60 meses 7.500 9,95% 35% 11.992 R$ 213,64 76 meses 19,78%
7 S.M. 20.000 60 meses 4.000 4,55% 73% 1.400 R$ 240,19 6 meses 19,06%
7 S.M. 30.000 60 meses 7.500 8,53% 35% 11.992 R$ 251,58 61 meses 19,97%
7 S.M. 36.000 60 meses 9.000 10,24% 23% 18.599 R$ 252,04 115 meses 20,00%
8 S.M. 20.000 60 meses 4.000 3,98% 73% 1.400 R$ 287,04 5 meses 19,93%
8 S.M. 30.000 60 meses 7.500 7,47% 35% 11.992 R$ 285,13 52 meses 19,80%
8 S.M. 36.000 60 meses 9.000 8,96% 23% 18.599 R$ 288,19 93 meses 20,01%
Foram simuladas as possibilidades para famílias com renda salarial até 8
salários mínimos. Em todos os casos, foi prevista a acumulação de poupança pelo
prazo máximo permitido, de 60 meses, de forma a minimizar os dispêndios mensais
das famílias já demasiadamente apertadas com os gastos referentes à atual
residência. Os valores das operações consideradas foram de R$ 10.000 a R$
36.000, sendo que foram calculadas diversas possibilidades de acordo com a renda
familiar. Para os níveis mais baixos de renda, os recursos seriam utilizados para
aquisição do material de construção, enquanto que as famílias com renda igual ou
superior a 3 salários mínimos já teriam condições, pelas regras estabelecidas, de
adquirir uma unidade pronta.
Entretanto, esta não deve ser a única forma de atuação, uma vez que mesmo
às taxas de juros dos títulos públicos a grande maioria das famílias brasileiras não
apresenta rendimentos que permitam a aquisição das unidades. Portanto, além da
garantia contra inadimplência, é necessário que sejam concedidos subsídios, a
fundo perdido, para diminuir o saldo devedor, gerando condições para o pagamento
das prestações mensais.
FARO, Clovis de. Vinte anos de BNH: a evolução dos planos básicos de
financiamento para aquisição da casa própria do Banco Nacional da Habitação:
1964–1984. Niterói, RJ: Ed. EDUFF; Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 1992a. 134 p.
FARO, Clovis de. Sistema Financeiro da Habitação: a necessidade de reforma. Rio
de Janeiro: Ed. da FGV, 1992b. 12 p. (Ensaios Econômicos EPGE).
LEITÃO, Miriam. Casa dos pobres. Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 2 jun 2002.
Economia, Panorama Econômico.
LUCENA, Jose Mario Pereira de. O mercado habitacional no Brasil. Rio de Janeiro:
Ed. da FGV, 1985. 185 p. (Teses EPGE, n° 9).
Por suposto, sendo i a taxa periódica de juros contratual, admite-se que, a preços da
época 0 (zero), que é a de assinatura do contrato de financiamento, ou, como
também se diz, a preços constantes, sendo C = D0,0 o valor financiado, a preços
desta mesma época 0, seja, válida a equação fundamental de equivalência
financeira:
n
C = ∑ PK ,0 (1 + i) − K
K =1
n
D K ,0 = ∑P
j = K +1
j ,0 (1 + i ) K − j
PK,L = ( IL / I0 ) PK,0
Exemplo 1:
A publicação das MPs 2221 e 2223 trouxe algumas mudanças que podem
fortalecer as perspectivas de financiamento, em novas bases para o setor imobiliário,
viabilizando o aperfeiçoamento das operações, de forma a atrair uma diversa gama
de investidores interessados em adquirir ativos de longo prazo lastreados em
hipotecas.
Por fim, outra mudança instituída pelas MPs foi a permissão para a
indexação mensal das prestações relativas a contratos acima de 36 meses, a
índices de preços, como o IGP-M. A lei fala de permissão, que é recomendável por
implicar maior liberdade. Porém, tal fator gerou certa dúvida quanto à evolução da
capacidade de pagamento do mutuário, uma vez que os salários e a inflação,
principalmente quando se considera freqüência mensal, são pouco relacionados,
efeito ainda mais forte em ambientes de estabilidade monetária.
CAPÍTULO I
Art. 1º O Sistema de Aquisição da Habitação Social - SAHS tem por finalidade promover o
acesso da habitação de natureza social, em todo o território nacional.
I - habitação social: a habitação urbana ou rural, nova ou usada, com o respectivo terreno,
destinada à população de menor poder aquisitivo, que tenha:
III - população de menor poder aquisitivo: as famílias com renda mensal insuficiente para
suprir as necessidades básicas de habitação.
Parágrafo único. O Conselho de Administração do FAHS, de que trata o art. 9º, à vista de
proposta do Prefeito, poderá, em decisão fundamentada em condições locais e regionais e
em razões sócio-econômicas, reduzir os limites máximos de preço de que tratam a alínea
"a" do inciso I e o inciso II deste artigo, relativamente a habitações sociais ou lotes sociais
situados no respectivo Município.
VII - garantia real da dívida, mediante hipoteca ou alienação fiduciária, na forma do disposto
na legislação pertinente.
Capítulo II
Da Composição
III - o Fundo para Aquisição da Habitação Social - FAHS, destinado a prover recursos para
custear subsídio direto, consubstanciado na emissão e doação com encargos, à população
de menor poder aquisitivo, de Certificados para Aquisição à Habitação - CAH's; e
§ 1º Também poderão operar no SAHS, de acordo com o disposto na legislação que lhes é
aplicável, as companhias hipotecárias e as companhias securitizadoras.
III - os recursos que lhes forem repassados pelo Fundo de Garantia de Tempo de Serviço -
FGTS, na forma e segundo as condições estabelecidas pelo respectivo Conselho Curador;
Art. 7º Os recursos financeiros de que trata o artigo anterior, ressalvado o disposto em seu §
1º, serão exclusivamente aplicados pelos agentes financeiros do SAHS no financiamento:
III - da construção ou incorporação, pelas entidades a que se refere o inciso II do art. 4º, de
edificações ou conjuntos de edificações compostas de habitações sociais autônomas;
§ 2º Os créditos gerados pelas operações de financiamento de que trata este artigo e que
forem provenientes do SBPE e do FGTS terão remuneração e condições que respeitem as
respectivas regulamentações.
Capítulo IV
II - dos recursos que lhe forem transferidos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios,
para custeio de CAH´s vinculados ao financiamento de operações de que trata o art. 7º, de
acordo com projetos aprovados pelos respectivos Governos;
III - de doações efetuadas, com ou sem encargos, por pessoas jurídicas de direito privado
ou de direito público, nacionais ou estrangeiras, bem assim por organismos internacionais
ou por pessoas naturais;
§ 5º Do valor dos recursos transferidos pela União, na forma do disposto no inciso II:
a) 50% (cinqüenta por cento) serão convertidos em quotas dos Municípios, na proporção
dos recursos por estes transferidos ao FAHS, no exercício financeiro anterior;
b) 25% (vinte e cinco por cento) serão convertidos em quotas dos Estados, na proporção
dos recursos por estes transferidos ao FAHS, no exercício financeiro anterior;
c) 25% (vinte e cinco por cento) serão representados por quotas vinculadas à conversão em
CAH's, conforme critérios estabelecidos pelo respectivo Poder Executivo.
§ 6º Do valor dos recursos transferidos pelos Estados, na forma do disposto no inciso II:
b) 50% (cinqüenta por cento) serão representados por quotas vinculadas à conversão em
CAH's, conforme critérios estabelecidos pelo respectivo Poder Executivo.
III - revisar os valores referidos no art. 2º, I, a, e II, e no art. 18, relativos a operação
habitacional básica, de forma a manter o seu poder de aquisição;
IV - aprovar o orçamento de aplicação dos recursos do FAHS e suas alterações;
VI - fazer publicar, no "Diário Oficial" e em pelo menos três jornais diários de grande
circulação nacional, os balanços anuais e os balancetes mensais do FAHS;
VII - apreciar os recursos interpostos das decisões do agente operador de que trata o art.
12; e
I - dispor de quadro de pessoal, bem assim nomear, admitir, contratar, requisitar ou, por
qualquer forma, remunerar, ressalvado o disposto no § 3º do art. 9º, servidores ou
profissionais de qualquer natureza;
II - adquirir imóvel;
b) organizar e manter o Cadastro Geral dos donatários de CAH´s, ao qual terão livre acesso
o Conselho de Administração do FAHS e os agentes financeiros do SAHS;
Art. 13. O Certificado para Aquisição à Habitação - CAH, expresso em quantidade de quotas
do FAHS, é um título nominativo e representativo de promessa de pagamento em dinheiro
do valor de doação, com encargos, efetuada por esse Fundo e destinada e vinculada,
exclusivamente, ao pagamento de parte do preço a que se refere o inciso II do art. 14.
Parágrafo único. O CAH revestirá a forma escritural, dele se extraindo extrato para entrega a
seu beneficiário.
Capítulo VI
Das Operações
Art. 14. A operação habitacional básica do SAHS consiste no pagamento integral do preço
de aquisição de habitação social ou de lote social ou do valor da construção de habitação
social pelo proprietário de lote social ou da prestação inicial ou final do arrendamento
mercantil de habitação social, mediante parcelas provenientes:
III - de mútuo concedido por um agente financeiro do SAHS, com limites, prazos, reajustes,
taxa de juros, encargos e demais condições prescritas pela Lei nº 9.514, de 20 de novembro
de 1997 ou pela regulamentação pertinente ao SBPE ou FGTS, quando o crédito for
proveniente do SFH.
Parágrafo único. A operação habitacional básica do SAHS somente terá por objeto o
financiamento das operações que constam do art.7º, incisos I a V, que, por disposição de lei
municipal, seja isento, durante o prazo do mútuo de que trata o inciso III, do imposto sobre a
propriedade predial e territorial urbana e cuja transmissão de propriedade seja isenta do
imposto de transmissão inter vivos.
Art. 15. Para se beneficiar da operação habitacional básica do SAHS, o candidato terá de:
III - pleitear a concessão de mútuo junto ao agente financeiro em que mantenha a conta de
poupança habitacional.
Art. 17. A operação habitacional básica do SAHS, formalizada na forma prevista no art. 19,
será precedida de instrumento particular lavrado pelo agente financeiro, do qual constarão
as obrigações:
III - do FAHS quanto à doação com encargos dos CAH's, no valor, no prazo e nas demais
condições que forem pactuadas; e
§ 2º O instrumento particular de que trata este artigo regulará o procedimento nas hipóteses
de:
Art. 18. A relação entre o valor da doação com encargos em CAH's, a que se refere o inciso
II do art. 14, e o valor da operação habitacional básica, que em nenhuma hipótese poderá
exceder a 90%, será calculada de acordo com a aplicação da seguinte fórmula algébrica:
(A + (N x P) + (D x Y)), em que:
§ 1º Os valores mínimos de “D”e os índices “P” e “Y” são determinados em função do valor
da operação básica, de acordo com a seguinte tabela:
Art. 19. A operação de compra e venda de habitação social ou lote social e da respectiva
hipoteca ou alienação fiduciária em garantia, bem assim a de arrendamento mercantil de
habitação social, será formalizada em instrumento particular lavrado pelo agente financeiro
do SAHS e que terá força de escritura pública para todos os fins de direito, não se lhe
aplicando a norma do inciso II do art. 134 do Código Civil.
Capítulo VII
Art. 20. Incorre na pena de que trata o art. 20 da Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986, quem
autorizar, efetuar ou, de qualquer forma contribuir, para que seja efetuada a doação de
CAH's ou a concessão, no âmbito do SAHS, de mútuo, com violação dos preceitos dos
incisos I a V do art. 7º, do art. 16 e do art. 18.
Capítulo VIII
Art. 21. Às operações de financiamento imobiliário de que trata esta Lei e realizadas
conforme a Lei nº 9.514 , de 20 de novembro de 1997:
Art. 22. O valor da doação com encargos efetuada, nos termos do disposto nesta lei, pelo
FAHS incluir-se-á, como crédito desse Fundo:
III - na dívida objeto de execução de garantia hipotecária promovida na forma prescrita pelo
Código de Processo Civil.
Art. 24. As quotas do FAHS são absolutamente impenhoráveis e não poderão, sob pena de
nulidade plena, constituir objeto de garantia de qualquer espécie ou natureza.
Art. 26. Esta Lei entrará em vigor noventa dias após a data de sua publicação.