as drogas são algo que descobri no inicio da minha pós-
vida, mas ultimamente elas têm tido um papel importante na
sua continuidade. elas são o melhor jeito de esquecer de tudo. mas quem diria que nesse momento de total embriagues eu esteja vendo minha vida inteira passar por meus olhos. nasci em 1830, no dia 20 de março. nasci em berço de ouro, meu pai era uma pessoa muito rica, ele era dono de uma companhia de comércio em nova york. até meus 17 anos, estudei nas melhores escolas possiveis e tive uma vida muito boa, mas papai teve uma idéia que amaldiçoaria futuramente, ir para o oeste em busca de ouro. vendemos tudo e nós mudamos para o meio do nada, um lugar chamado hill crow. mamãe chorou muito quando chegamos e vi o lugar desolado para onde papai nós levou. era um lugar sujo e mal frequentado, um tipico cenário desses filmes de faroeste, aonde a cidade têm apenas uma rua e fica cercada de deserto por todos os lado. a companhia de mineração mcknight prosperou por um periodo de 6 meses, para logo depois falir totalmente. meu havia sido enganado, a jazida de ouro comprada por ele era pequena demais e tivemos que vender tudo novamente para pagar as dividas. era a segunda vez que via mamãe chorando tanto. eu só queria voltar para nova york. com meus 18 anos tive que arranjar o primeiro emprego. imagine só um garoto da cidade, todo acostumado a regalias tendo que limpar o vaso de cuspe do saloon local, bela cena. papai acabou conseguindo um bico no armazém e mamãe ficava em casa deprimida. apesar do emprego muito nojento, soube aproveitar os poucos bons momentos. toda quarta- feira, todos os homens da cidade se reuniam no saloon para jogar poquêr e mascar fumo. a quantidade de trabalho era imensa, mas eu ficava proximo as mesas de jogo e para passar o tempo maios rapido eu assistia as partidas. com o passar do tempo, já entendia bastante do jogo, como funcionavam as combinações, como fazer as apostas e o mais importante, como blefar. percebi que cada um dos muitos homens (e algumas mulheres) que ali se sentava para jogar tinham características únicas quando blefavam. uns prendiam a respiração, outros rangiam os dentes, alguns passavam os dedos na carta com impaciência, ou seja, todos davam um sinal de que estavam para blefar, todos eles, sem uma única exceção. foi ai, enquanto terminava de limpar o quarto vaso de cuspe na noite, que percebi que poderia recuperar o dinheiro da família. quando fui para casa, discretamente levei uns dos baralhos do saloon e me sentei na mesa da sala com algumas velas acessas. coloquei o espelho de mamãe na minha frente e iniciei uma solitária partida de pôquer. repetia o treino todo a noite durante 3 semanas, sempre tentando manter uma expressão sombria no rosto e sem fazer um mínimo movimento com o corpo. decidi então colocar em prática tudo que aprendi observando os jogadores e treinando sozinho. juntei os poucos dólares que havia juntado de meu mísero salário e parti para o saloon naquela tarde. havia poucas pessoas nas mesas, mas um grupo iniciava uma partida naquele instante. insisti para participar e tive que agüentar um pouco da gozação, dos conselhos inúteis e essas coisa que machões fazem para se sentirem mais dotados. todos naquela mesa eu já havia observado bastante e conhecia cada expressão deles durante o jogo. foi incrível. nas primeiras rodadas, eu só observei, apostei baixo e mantive uma expressão serena. confirmei todos os traquejos e manias do grupo de jogadores. lá pela primeira hora de jogo, resolvi começar a arriscar e em apenas dez minutos, já havia ganhado até as roupas de baixo de meus adversários. É claro que eles não ficaram felizes, sai de lá correndo enquanto eles atiravam para cima e me chamavam de ladrão. mas esse nervosismo durou pouco, eles sabiam que eu não era um ladrão, sabiam que um novato tinha retirado deles honestamente tudo o que carregavam e isso era muito difícil de admitir. alguns meses se passaram e eu continuei a vencer. eu pegava leve, jogava uma partida por semana, as vezes fica uma semana sem jogar, já que não estava disposto a colocar tudo a perder e ser proibido de me sentar em uma mesa de jogo em hills crow. tinha conseguido bastante dinheiro e consegui evitar uma ideia louca de mamãe, que estava disposta a se vender para melhorar nossa situação. conseguíamos comer melhor, as roupas já não eram trapos, mudei de emprego (agora eu ajudava a limpar os copos) e comprei até um belo chapéu. mas o aniversário da cidade se aproximava e tudo ia ficar diferente. uma bela festa foi armada em frente à igreja na cidade. música, comida, dança, visitantes de outras cidades e é claro, um bom e velho campeonato de pôquer. o pequeno salão da igreja seria o local, pode parecer estranho, mas o próprio pastor que ofereceu. um sorteio foi feito para dividir as mesas e eu cai numa situação que acreditava ser muito difícil, meus adversários eram todos de fora e nunca havia visto qualquer um deles jogar. nessa oportunidade, descobri que eu era melhor do que imaginava. as cartas foram dadas e a partida se iniciou. esperei por uma longa hora inteira, somente observando e perdendo meu cacife. ao final desse tempo, já tinha certeza de tudo, já sabia como cada um ali blefava e sabia como fazê-los cair em meu blefe. mantive o semblante estático e apostei tudo! essa foi minha vitória mais rápida e acredito que ainda seja um recorde na costa oeste. após esperar as outras mesas terminarem, os campeões se reuniram em uma única mesa, mas com o chegar do dia, um senhor pediu para que o jogo fosse interrompido. todos concordaram e a partida foi remarcada para iniciar ao por do sol. dormi o dia inteiro. sonhei com aquele senhor que pediu para o jogo ser interrompido. no sonho, eu me via jogando na mesa que acabara de vencer, mas percebi que enquanto jogava, o senhor me observava, olhava mais para mim do que para suas cartas. acordei e me dirigi para o salão da igreja. tentei não ficar pensando muito nesse sonho e me concentrar na partida que viria. fui o primeiro a chegar à mesa e logo me sentei. alguns minutos depois, os outros cinco participantes chegaram, mas o senhor do meu sonho ainda não havia dado sinal de vida. percebi que entre os participantes da final havia mais alguém que vale a pena mencionar. o tenente da união, sr. mccallister, pessoa bem conhecida pelos lados da minha cidade como o cara que nunca havia perdido na vida; não só no pôquer, mas em tudo que participou. uma lenda estranha, mas as pessoas aquela época gostavam de cultivá-las. exatos cinco segundos antes da partida se iniciar, o estranho senhor se apresentou. o esquisito é que eu não havia reparado nele na noite anterior, só o vi pela manhã quando fez seu pedido. ele era muito alto e magro, pálido como leite, usava um chapéu esquisito com uma longa pena vermelha. não tinha pelos no rosto, além das sobrancelhas e suas unhas eram um pouco longas para um cavalheiro. além dessa descrição física, eu não conseguia saber mais nada, absolutamente nada! era como um corpo sem vida que não se expressava de modo algum. isso começou a me preocupar, porque percebi que não conseguiria saber quando ele estava blefando. só me restava acreditar no meu poder de blefar, mas logo percebi que nem com ele poderia contar. sr. lancaster era seu nome e ele se tornou meu maior adversário até então. era incrível como ele tinha o mesmo dom que desenvolvi, ou até melhor do que eu. como vi que seria difícil vence-lo, me concentrei nos outros e eliminei dois deles, outros dois foram eliminados pelo sr. lancaster, sobrando somente nós e o ten. mccallister. o jogo se tornou muito equilibrado, mas percebi que o tenente não era bom como nós, ele só tinha sorte, e no pôquer não baste ter apenas sorte. quando consegui elimina-lo, o tenente se manteve em silêncio e se levantou para somente ai sacar sua colt e mirar no meio de meus olhos. essa foi a primeira vez que vi minha vida passar por meus olhos, nunca estive com tanto pânico até então, mas como um mestre do blefe, fingi que estava totalmente tranqüilo e até acendi um cigarro. sr. lancaster se levantou e calmamente disse algumas palavras em francês. o ten. olhou fixamente para ele e se retirou. agradeci com um gesto, arremessei o fósforo longe, dei uma bela tragada e olhei minhas cartas, que estavam completamente encharcadas de suor. lancaster me olhou de canto de olho e piscou! ele sabia que eu havia praticamente me borrado. o jogo estava perdido. durante uns cinqüenta minutos jogamos calmamente, sem se arriscar e somente nos medindo. era impossível, mas lancaster parecia não ter uma única falha em sua feição, ela era dura como pedra e eu não estava mais suportando manter a pose. já quase pela manhã, resolvi arriscar e apostei uma grande quantia. minhas cartas não eram tão boas, eu tinha uma dupla de setes e uma dupla de cincos. ele aceitou e dobrou. no momento em que empurrava as fichas para o centro da mesa, percebi algo. a ponta de sua sobrancelha esquerda tremia bem devagar. eu havia encontrado uma brecha naquele escudo impenetrável, ele estava blefando! apostei tudo, mantendo minha feição impassível e como se fosse mágica, eu venci! lancaster quase perdeu a compostura quando venci de tanto que ria. achei estranho, mas não contrariei. peguei minhas fichas, cumprimentei o adversário, que continuava rindo, e me retirei sob os aplausos de todos que estava lá. estava feliz com a vitória, mas a boa sensação era suplantada pela desconfiança. quem era lancaster? como ele conseguiu me enganar por tanto tempo? como ele conseguia ver pelos meus blefes perfeitos? perdido em pensamentos, não percebi a aproximação de mccallister e só senti a dor de uma coronhada e fui de encontro ao chão. lutando para me manter acordado, me arrastava pelo chão de terra tentando ouvir o que o maldito tenente dizia, mas o pânico da morte embaralhava as palavras dele e eu só conseguia me afastar do cano da espingarda dele. a multidão que a pouco me aplaudia, agora assistia sem fazer nada enquanto me arrastava pelo chão com uma arma apontada para minha cabeça. ele a engatinhou, eu fechei os olhos e nada aconteceu. novamente lancaster interveio por mim. ouvi sua voz, com um leve sotaque francês pedindo delicadamente para que mccallister relevasse a situação e me deixasse morrer com um pouco de honra, que um duelo ao por do sol seria o melhor meio de tudo se acertar. que loucura achar que mccallister aceitaria isso, eu já me dava como morto, mas novamente lancaster o convenceu a não me matar e a aceitar o duelo. lancaster me ajudou a levantar e me disse calmamente que eu devia mais uma para ele, mas dessa vez ele disse isso sem sotaque algum! limpei a sujeira do corpo e comecei a me dar conta que logo mais, ao por do sol, eu estaria duelando com um tenente do exercito! obviamente eu morreria! ele era do exército e sabia atirar muito bem e eu mal sabia pegar numa arma. fiquei tão desesperado que não dormi nada. próximo ao momento do duelo, eu tremia como vara verde. estava exausto e em pânico. entreguei parte do dinheiro para minha mãe e sai, sem dizer nada, já que não sabia o que dizer. caminhei até a rua principal e quando estava prestes a ser visto por todo o povo que espera ali para me ver ser massacrado, parei! não podia fazer isso, era covarde demais para entrar num duelo besta. corri para o primeiro beco que vi, me escondi atrás de entulhos e esperei, não sei pelo que exatamente, mas esperei. a noite já havia caído quando uma pessoa me encontrou. era uma garota de no máximo 16 anos, loira de cabelos compridos, olhos castanhos, um ar meio desesperado e vestida como um homem. ela disse que se eu não queria morrer nas mãos de mccallister e seus subordinados, eu deveria segui-la. nem pensei, parecia a minha única escolha. corremos até o limite de hills crow e lá encontramos numa carroagem, a garota me pediu para entrar e assumiu a posição do cocheiro. hoje percebo que entrar ali foi a decisão mais importante da minha vida. sentado na carruagem estava o sr. lancaster e estranhamente não me assustei quando o vi, simplesmente sentei e o agradeci. lancaster disse que esperava que eu não fosse duelar, que só tenho coragem em uma mesa de pôquer e era disso que ele precisava, ele tinha planos para mim. quando terminou seu discurso inicial, ele disse apenas para eu dormir e instantaneamente cai no sono. não sei quanto tempo dormi, mas acordei em uma cama, num quarto muito bonito, com quadros nas paredes, carpetes e móveis renascentistas. estava morto de fome, me levantei e ataquei a cesta de frutas que estava na mesa de centro. enquanto comia, ouvi a porta abrir, não levantei os olhos e continuei comendo, até ver os pés da pessoa que estava ali ao meu lado. eram pés femininos, delicados. parei de comer e levantei a cabeça vagarosamente. ela vestia um vestido branco, quase transparente, tinha cabelos loiros e olhos castanhos, era muito bonita. levemente ela fechou minha boca, que estava aberta de admiração e com um sorriso, perguntou se eu não me lembrava dela. como dizem hoje em dia, a ficha então caiu, era a garota que me salvou no beco! as roupas masculinas que ela usava escondiam toda a sua beleza. ela tomou minha mão e me ajudou a levantar. eu ainda estava bobo com a beleza dela e ela não tirava o sorriso da boca, percebendo que eu estava completamente fascinado. ela me deitou novamente e disse seu nome, maxine. seus olhos agora estavam mais brilhantes do que nunca, ela reclinou minha cabeça com leveza e disse que iria doer um pouco. na hora não entendi nada e apenas curti o momento. ela cravou os dentes em meu pescoço. realmente doeu somente no começo e eu cai num estranho sono cheio de êxtase. acordei não sei quanto tempo depois. estava no chão do quarto, imundo. estava numa poça de sangue, fezes, urina e outros fluidos corporais. ao me lado, vi maxine e lancaster, ela estava com a boca e ele com a manga de seu fino casaco sujos de sangue. não entendi a situação, mas me senti seguro. cai no sono novamente. quando abri os olhos, eu estava limpo, novamente na cama, no mesmo quarto. por um instante achei que tudo não havia passado de um sonho mas olhei na cama ao meu lado e vi maxine, que me observava com grande ternura no olhar. continuei ali, por não sei quanto tempo, somente olhando para ela. um barulho no corredor faz com que nós dois saiamos do estranho transe. maxine olhou para porta e se voltou para mim pedindo que eu me acalmasse, que tudo iria ser explicado. lancaster entrou no quarto, conversou com maxine em francês e ela se retirou,acenando para mim. lancaster sentou numa das cadeiras do quarto e pediu para que eu me sentasse em outra. após eu me acomodar, ele contou uma história fantástica, sobre criaturas da noite, sobre sangue, sobre clãs. tudo era fantástico demais, louco demais, mas mesmo assim me sentia a vontade, mesmo ele dizendo que ele e eu estávamos envolvidos nisso até o pescoço, que agora eu era um dessas criaturas, um vampiro. por seis meses ele me explicou tudo que eu deveria saber. ele disse que apesar da minha covardia inerente, eu soube lidar bem com meu futuro negro. para falar a verdade, somente uma coisa me manteve calmo, o fato de poder jogar pôquer, ou melhor, de blefar de um modo que jamais pensei! ler a mente dos jogadores, saber seu estado de espírito ou até de convence-los de com total facilidade de qualquer coisa que eu desejasse. isso sim valeria a pena, acreditava que nunca mais teria problemas com minha covardia. lancaster deixou claro que esse era o único motivo do meu abraço, eu era a personificação do dos blefadores. fiquei todo esse tempo dentro de sua casa, e só descobri onde estava quando ele permitiu que eu saísse pela primeira vez. fui junto com ele e maxine ao centro de nova orleans, eles iriam me ensinar a caçar. foram mais seis meses de aprendizado e tudo parecia incrível para mim, até eu ser apresentado a tão falada sociedade vampírica. naquela noite descobri que apesar de tudo que aprendi e descobri, eu era um nada perante a todos aqueles vampiros. tão velhos, arrogantes, prepotentes. depois de minha apresentação e mais algumas reuniões vampíricas, descobri que só havia um jeito de lidar com eles, como se tudo fosse um jogo de pôquer! vampiros viviam de aparência e eu era o mestre das aparências, só me faltava agora destrinchar as regras desse jogo e foi o que comecei a fazer. praticamente interroguei meu senhor sobre todas as leis da camarilla e seus nuances. eu anotava tudo e estudava sem cansar. percebi que só o conhecimento de meu senhor não bastaria, então com a ajuda de maxine, comecei a observar e tentar entender o comportamento de cada clã. meus poderes recém ganhos me ajudaram bastante nessa empreitada. fiz coisa absurdas para tentar saber mais sobre cada um dos clãs e suas leis. segui membros, me coloquei em situações delicadas, fiz favores, foi um tempo difícil, mas valeu a pena. até que comecei chamar a atenção demais com minhas tentativas de desvendar os segredos do jogo social da camarilla. fui colocado contra parede pelos poderosos, mas nesse instante percebi que poderia colocar tudo que aprendi em ação. e deu certo! em poucos dias me tornei o queridinho dos velhos e com isso consegui aprender mais ainda, foi perfeito! nunca havia blefado com seres tão poderosos e me saído bem. a partir desse ponto da minha vida tudo começa a ficar nebuloso. não porque estava ruim, mas porque fui apresentado ao ópio e as orgias. sai dos eua por causa da guerra civil e fui para europa e fiquei lá por um bom tempo, joguei com bons jogadores, ganhei muito dinheiro, dormi com belas mulheres e blefei muito! fiz até uma cria, meio no impulso e tal, mas sem dores na consciência, já que mal me lembrava dele até encontra-lo novamente por aqui. só me lembro que depois de juntar muito dinheiro, me despedi de lancaster e de maxine e retornei para a américa. resolvi voltar para ajudar a criar a capital mundial dos jogos, las vegas! em 1931, eu e meu grupo de amigos (narradores, o andre ta nesse meio, mas não sei a historia dele direito...) conseguimos tornar o jogo legalizado na cidade e criamos nosso próprio paraíso! foram anos de alegria, drogas, jogo e muito dinheiro, até que velhos amigos se voltaram contra outros velhos amigos e eu e meu time de pôquer fossos expulsos de todos os cassinos da cidade. foi dureza largar tudo que ajudei a construir, mas precisava continuar jogando. estive nos cassinos de reno, lidei com o bando de giovannis que mandava na cidade e pra variar um pouco, cai nas graças deles, até roubar todo o dinheiro de seus cassinos e ser ameaçado de morte. poderia ter ficado, mas o medo de morrer novamente me fez tremer e fui obrigado a sair de lá. nesse ponto da minha vida, percebi que as coisas estavam perdendo a graça. já havia desvendado os segredos da política da camarilla, já havia vencido os melhores jogadores do mundo, não restava mais nada. resolvi então tentar descobrir o rumo de minha família. retornei a hills crow e depois de algumas noites na biblioteca local e invadindo cartórios, descobri que minha família havia imigrado para ao brasil, após a guerra civil americana. parecia interessante, um novo rumo para encontrar as velhas raízes. cheguei na cidade de americana, interior de são paulo, lugar aonde minha família havia chegado no século passado. rapidamente me habituei a camarilla local e comecei a procurar maneiras de ganhar dinheiro por aqui. aprendi os jogos de carta local, comecei a freqüentar os bares e ganhar algum dinheiro, mas nada era muito glamouroso. a camarilla local, na ocasião, estava se estruturando depois de muitos problemas, mas sua reestruturação acabou indo toda por água abaixo. uma guerra envolvendo membros do sabá, caçadores de vampiro e os homens-lobo estava acontecendo, tudo o que eu não queria para minha vida fui encontrar nesse local maldito. as chances de sair daqui eram pequenas e lutar estava fora de questão. acabei destruindo quase todo meu clã para me manter vivo. numa certa noite, os lobos atentaram contra minha vida, acabei fazendo um acordo com eles, eles me mantinham vivo e eu contava para eles aonde podiam encontrar outros vampiros. foi um bom blefe, consegui ficar vivo, mas tive que realmente indicar o refúgio de vários membros que encontraram a morte final por minha culpa. os lobos me mantiveram cativo e me torturavam com freqüência, mas havia uma entre eles que não era uma loba. usei tudo que sabia para conseguir afeta-la, mas parecia que ela resistia bem. certa noite, após mais uma sessão de tortura, o líder deles simplesmente me deixou ao ar livre para ser morto pelo sol. meu acordo para me manter vivo tinha sido cancelado, eu morreria ali, como um covarde traidor. pouco antes do sol nascer, aquela garota que estivera presente nas sessões de tortura apareceu e me livrou das correntes, sem dizer nada. ela me levou até um local seguro, onde deixou eu me alimentar e recuperar minhas forças. sabia que a minha influência tinha funcionado, mas existia algo mais naquela historia para ela fazer aquilo tudo contra seu próprio povo. começamos então uma fuga da cidade, nós dois seriamos mortos pelos lupinos caso nos encontrassem, o que acabou acontecendo. a garota lutou contra aqueles monstros bravamente e eu, em toda a minha covardia, aproveitei e fugi. a dor na consciência acabou sendo maior que a covardia e resolvi retornar. encontrei-a praticamente morta, no chão, numa poça de sangue. não podia deixá-la morrer depois de tudo que ela fez por mim e melhor ainda, me vingaria dos malditos lupinos pela quebra de contrato, abracei a garota ali mesmo. retirei seu corpo imóvel dali e levei para um lugar que achava seguro. esperei ela acordar e expliquei o que tinha feito. esperei uma reação de ódio, mas ela pareceu satisfeita com a situação. passamos os 5 anos seguidos fugindo dos lobos e esperando a poeira baixar. descobri o nome de minha mais nova cria, revena, que acabou contando um pouco de sua história. cheguei a conclusão que ela foi uma ótima escolha! ela é forte como um touro e rápida como um raio, ninguém melhor para me proteger. resolvemos retornar a sociedade após receber a confirmação que um velho amigo de las vegas (narradores: esse é o pc do andre) havia aberto um cassino ilegal em americana. apesar do possível perigo com os lobos por ai, não resisti a vontade de voltar a jogar um jogo de classe num local propício. tornei-me sócio dele no empreendimento no mesmo dia que recebemos o convite do ancião brujah da cidade, único sobrevivente de seu clã, convidado todos para reerguer a camarilla local. nada como voltar a sociedade vampírica e jogar um pouco desse jogo de poder inebriante. estou de volta. agora preciso voltar ao estado sóbrio e deixar as drogas de lado por um tempo, não quero reviver toda essa historia novamente.