ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA
1.NOÇÕES PRELIMINARES
1
Tourinho Filho – Fernando da Costa – Manual de Processo Penal – 5ª Edição – 2003.
1
todos os atos processuais, colheita de provas, oitiva de
partes e testemunhas. Essa atividade do Juiz tem como
objetivo final a solução de uma lide, solução do conflito
estabelecido entre os jurisdicionados. Essa atividade, com
raríssimas exceções, é indelegável e improrrogável, logo, só
é dado ao juiz esse dever-poder”.
2.CONSTITUIÇÃO DA MAGISTRATURA
2
É importante falarmos da seriedade e da humanidade do
juiz, já que estamos num Estado Democrático de Direito, com
fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana. É
impossível, portanto, se conceber a figura do juiz
napoleônico, ditador, legalista, arbitrário, que hoje dá
lugar ao juiz constitucionalista, humano, atento às regras de
direitos humanos tão discutidas diuturnamente pelos nossos
juristas e doutrinadores.
3
O período para a vitaliciedade do juiz que ingressa
na magistratura é de dois anos, que nesse período será juiz
substituto, passando depois para juiz de direito de 1ª
entrância, 2ª entrância, 3ª entrância e entrância especial. A
promoção de uma entrância para outra se dá através de sistema
misto, baseado no merecimento e na antiguidade.
3.PODER JUDICIÁRIO
4
Federal; h) as Turmas de Recursos e Juizados Especiais
Criminais. Não podemos esquecer, ainda, aqueles órgãos que
por força constitucional exercem funções jurisdicionais
anômalas, tais como o Senado Federal, a Assembléia
Legislativa, a Câmara dos Vereadores e o Tribunal Misto,
composto por Deputados estaduais e Desembargadores, que tem
competência para processar e julgar Presidente da República,
Governador, Vice-Governador do Estado e outros previstos na
Constituição Federal e na Constituição Estadual, nos casos de
impeachment.
5
Dispõe a Constituição Federal, no seu art. 127, que
o Ministério Público é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis. Da leitura do
dispositivo constitucional percebemos que a lei diz mais
quando se refere à essencialidade do Ministério Público na
atividade jurisdicional, já que o parquet não atua em todos
os feitos judiciais; em contrapartida, a lei diz menos quando
se refere somente a atividade jurisdicional e todos sabemos
que as atividades do Ministério Público vão muito dessas
atividades.
6
Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério
Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal
e Territórios; e II – os Ministérios Públicos dos Estados.
7
às demais, já que uma vez mantida ou restabelecida a ordem
jurídica certamente estará estabelecido também o regime
democrático, o Estado Democrático de Direito.
8
garantir-lhes o respeito: a) pelos poderes estaduais ou
municipais; b) pelos órgãos da Administração Pública estadual
ou municipal, direta ou indireta; c) pelos concessionários e
permissionários de serviço público estadual ou municipal; d)
por entidades que exerçam outra função delegada do Estado ou
do Município ou executem serviço de relevância pública.
9
E como função principal dizemos que é a de dono da
ação penal pública. O Ministério Público não é o titular do
Jus puniendi, mas é ele que promove o direito objetivo. O
Ministério Público o faz com independência e principalmente
com imparcialidade, sendo que a parte poderá excepcionar-lhe
a suspeição conforme preceituam os arts. 258, 254 e 104, do
CPP.
10
Cabe ressaltar que é impossível que um membro do
Ministério Público de um Estado substitua outro em outro
Estado, da mesma forma que um membro estadual não pode
substituir um federal.
11
CAPÍTULO II
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
1.NOÇÕES GERAIS
2
Tourinho Filho – Fernando da Costa – Manual de Processo Penal – Editora Saraiva – 5ª Edição – p. 218
12
A função jurisdicional é do Poder Judiciário, mas
como vimos anteriormente, existem casos em que a função de
julgar é transferida a outros, como exemplo o Senado Federal
que julga crimes de responsabilidade.
13
ordinária são a Estadual e a Federal, a especial ou
especializada são a Justiça Eleitoral, Trabalhista, Militar
etc.
2.ELEMENTOS DA JURISDIÇÃO
3.PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
14
Indeclinabilidade e da Aderência ao território. Fernando
Tourinho Filho destaca, ainda, o princípio do Juiz Natural,
da Unidade da Jurisdição, da “nulla poena sine judicio” e o
duplo grau de jurisdição.
15
Aderência ao território ou Improrrogabilidade –é a
manifestação da soberania nacional. É o princípio pelo qual o
juiz somente pode exercer sua função jurisdicional dentro dos
limites do território nacional. Para a Jurisdição atuar em
outro País, é necessário que este aceite, exemplo, carta
rogatória.
4.COMPETÊNCIA
3
ob.cit.224
16
Competência é a medida da jurisdição, é a quantidade
de jurisdição cujo exercício é atribuído por lei a um órgão
ou um grupo de órgãos.
17
4) Justiça Militar dos Estados, com previsão no art.
125 da CF, dispõe que é competência da Justiça Militar
Estadual processar e julgar os policiais militares e
bombeiros militares quando cometerem crimes militares
(próprios ou impróprios). Incluem-se também os policiais
rodoviários estaduais e membros da polícia florestal que
integram a polícia militar do Estado. Há no Congresso
alteração quanto à competência da Justiça Militar que só terá
competência para julgar e processar apenas crimes militares
próprios e os impróprios ficariam a cargo da Justiça Comum.
18
Criminal), exerce ela o poder de julgar as causas dentro das
circunscrições territoriais, Estado e Distrito Federal. No
entanto, cada Estado está dividido em pequenas áreas
denominadas comarcas, onde encontramos representantes da
Justiça Estadual e Eleitoral. Temos ainda, os órgãos de
Segundo Grau ( Tribunal de Justiça, Tribunal de Alçada ( São
Paulo, Minas e Rio Grande do Sul) e Tribunal Regional
Eleitoral) situados nas Capitais. São órgãos inferiores da
Justiça Estadual os Juízes de Direito, o Tribunal do Júri e
os Juizados Especiais.
I – o lugar da infração;
IV- a distribuição;
V- a conexão ou continência;
VI- a prevenção;
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1. lugar da infração – É a regra para fixação da
competência – Prevista no art. 70 do CPP que utilizou o local
onde ocorreu a consumação, ou em se tratando de tentativa o
lugar em que foi praticado o último ato de execução. O foro
competente para iniciar a ação penal será o local da
consumação. O domicílio do réu é critério subsidiário que só
será utilizado quando não se souber o lugar da infração. É
importante salientar que não devemos confundir essa regra de
fixação, que é do local da consumação com a regra do art. 4º
do CP que trata do tempo do crime, da consumação do crime,
que é a teoria da atividade ou com a teoria da ubiqüidade,
do art. 6º do CP – lugar do crime.
20
distribuição. Prevenção é quando um juiz, antecipando-se ao
demais, pratica ato processual ou medida relativa àquele
processo; e a distribuição é o sorteio da ação que
determinará qual o juízo competente.
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A competência para julgar essas pessoas é do STF,
STJ, STM, TRFs, TREs os Tribunais de Justiça e Tribunais de
Justiça Militar, onde houver.
5.CASOS ESPECIAIS
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4. Falso testemunho praticado mediante precatória –
Foro competente será o juízo deprecado, o local onde ocorreu
a oitiva da testemunha.
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10. crimes de competência da Lei 9099/95 – A Prof.ª
Ada Pelegrine Grinover diz que o foro competente será o local
da ação, teoria da atividade; Mirabete entende que será o
local da ação ou resultado, teoria da ubiqüidade e Tourinho
entende que será o local do resultado, teoria do resultado,
portanto.
6.CONEXÃO E CONTINÊNCIA
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O art. 77 do CPP estabelece quando a competência será
fixada pela continência. Essa também pode ser: subjetiva –
quando pesar sobre duas ou mais pessoas a acusação pela mesma
infração, configurando o concurso de agentes – notem que na
conexão subjetiva são duas infrações, na continência
subjetiva há apenas uma infração e não duas. E, por fim, a
objetiva, nos casos de “aberratio ictus” (erro na execução),
concurso formal (art. 70, 1ª parte do CP) e “aberratio
criminis” ( resultado diverso do pretendido pelo agente).
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O art. 81 do CPP dispõe acerca da perpetuação da
competência. O efeito principal da conexão e da continência é
a vis atractiva, é através desta que a competência é
deslocada para um mesmo julgador. Se o juiz ou o Tribunal
absolver ou desclassificar o crime de competência do
Tribunal, continua sua competência em relação as demais
infrações. Ex. concurso de agentes – juiz e escrivão cometem
crime de furto. Os dois serão julgados pelo TJ em razão da
vis atractiva . Se ocorrer a absolvição do Juiz, mesmo assim,
a competência para julgar o escrivão continua sendo do TJ. Já
no caso do Tribunal do Júri, se o juiz desclassificar,
impronunciar ou absolver o acusado, de tal forma que a
competência não seja mais do Tribunal do Júri, os autos serão
remetidos ao juiz competente.
26
A competência para oferecer a denúncia é do
Procurador-Geral da República, quando for de competência do
STF, e do Procurador Geral da Justiça quando for competência
do TJ.
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CAPÍTULO III
SUJEITOS PROCESSUAIS
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1. NOÇÕES GERAIS
29
disciplinadas nos arts. 497 e 794, ambos do Código de
Processo Penal.
2.DO IMPUTADO
30
investigação, do inquérito policial em que o imputado é
chamado de indiciado, investigado, posteriormente, já no
curso da ação penal passa a ser acusado, imputado, réu,
denunciado, na ação penal privada é denominado querelado.
Imputado é o sujeito passivo da relação processual penal.
Quando do trânsito em julgado da sentença passa a ser chamado
de condenado.
31
2.1. DIREITOS DO IMPUTADO
32
- direito de não ter, contra si, colhida uma prova
ilícita;
33
- O direito de não ser levado, nem mantido em cárcere,
quando a lei admite liberdade provisória, com ou sem fiança.
2.2. DA REVELIA
3. DO DEFENSOR
34
A defesa é de fundamental importância, sob pena de
nulidade processual. A Constituição Federal destaca a
importância da defesa ao proclamar a indispensabilidade do
advogado no processo, no art. 133, e o faz também, no art.
5º, incisos LIV – ninguém será privado da liberdade ou de
seus bens sem o devido processo legal, e inciso LV – aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla
defesa, com os meios de recursos a ela inerentes.
35
O nosso Código de Processo Penal utiliza duas
terminologias diferentes para a pessoa que realiza a defesa:
defensor e procurador.
36
Entretanto, não se há falar em nulidade se, na
pluralidade de réus, o advogado constituído for o mesmo. Isso
porque a liberdade de escolha é um direito dos imputados.
Caberá então ao advogado, em ocorrendo defesas conflitantes,
renunciar ao mandato de um ou de alguns dos réus, afim de que
não prejudique a defesa sob pena de ser responsabilizado
criminalmente – art. 355 do CP.
4. DO ASSISTENTE
37
Fernando da Costa Tourinho Filho diz ainda saltar aos
olhos a permissão estatal ao ofendido no processo penal, nos
crimes de ação pública, “para velar pelo seu direito à
indenização”.4
38
prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e
os articulados, participar do debate oral e arrazoar os
recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele
próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598”.
39
Tribunal do Júri esse prazo é de cinco dias e corre
conjuntamente para o MP e o assistente.
40
absolutória, já que o art. 598 fala de sentença, podendo ser
condenatória ou absolutória. Seu entendimento é no sentido de
que se a sentença condenar o réu, o assistente não terá
interesse na reforma, já que atingindo seu direito à
satisfação do dano pretendido.
CAPÍTULO IV
1. NOÇÕES GERAIS
41
superveniente. Circunstância acidental. Fato que sobrevém.
Dificuldade que alguém suscita numa questão.
42
2. DA PREJUDICIALIDADE
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haverá o crime; logo, questão de direito penal e de direito
civil.
44
A controvérsia se relaciona, portanto, conforme
disposto no art. 92 do CPP, com o estado das pessoas e este
estado deve ter influência na existência da infração, não
basta a simples verificação da maioridade, por exemplo.
45
São aquelas que se referem à matéria diversa do
estado das pessoas. As prejudiciais facultativas são
relacionadas ao direito penal, ao direito civil, trabalhista,
comercial etc.
46
Nos casos de ação penal pública, em que o “dono” da
ação é o Ministério Público, incumbe a ele a intervenção no
processo civil a fim de promover o seu mais rápido andamento
(art. 93,§ 3º, do CPP).
47
Um terceiro sistema é o da prejudicialidade
facultativa (ou da remessa facultativa ao juiz especializado)
. Esse sistema está baseado na prevalência em razão da
natureza da questão prejudicial. Prevalecendo o aspecto
civil, prevalece o juízo cível; se o penal prevalece o juízo
penal.
3. DAS EXCEÇÕES
5
Mirabete, Julio Fabrini – Processo Penal – Editora Atlas – 2003 – 14ª Edição, p. 207
48
São dilatórias aquelas cujo objetivo é
procrastinatório, visa prorrogar o curso do processo ou
transferir o exercício deste, como nos casos de suspeição,
incompetência, ilegitimidade de parte etc.
São peremptórias aquelas que visam por fim ao
processo: coisa julgada e litispendência.
As exceções são incidentes processuais próprios da
defesa, mas também podem ser opostas pelo autor.
Nosso Código de Processo Penal dispõe sobre as
exceções no art.95, incisos I a V, e são elas: A suspeição, a
incompetência do juízo, a litispendência, a ilegitimidade de
parte e a coisa julgada.
Estudaremos a seguir cada uma delas.
49
e não taxativo, cabendo, portanto, interpretação extensiva e o
uso da analogia.
As hipóteses de suspeição do juiz são:
I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer
deles;
II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente,
estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo
caráter criminoso haja controvérsia;
III – se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo,
ou afim, até o 3º grau, inclusive, sustentar demanda ou
responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer
das partes;
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
qualquer das partes;
VI – se for sócio, acionista ou administrador de
sociedade interessado no processo.
É importante que analisemos algumas dessas hipóteses
de suspeição do juízo de maneira mais profunda.
50
suspeição a amizade do juiz com o advogado ou com o
representante do Ministério Público, testemunhas.
A inimizade capital também citada refere-se a
sentimento de gravidade evidente, que traduz ódio, desejo de
vingança, não basta a simples malquerença em razão de algum
procedimento enérgico adotado pelo juiz contra a parte.
Também não importa em suspeição a inimizade em relação
ao advogado, mas o juiz poderá dar-se por suspeito, por motivo
de foro íntimo.
A hipótese do inciso II, quanto a caso análogo, é
claro motivo de suspeição. É evidente o interesse do juiz numa
causa dessa natureza, o que poderá cominar em decisão
favorável ao réu.
A hipótese do inciso III também fere o princípio da
imparcialidade do juiz. Esse inciso há que ser interpretado de
maneira extensiva, alcançando também a companheira (o) do
juiz, na união estável.
51
Quanto à suspeição, é importante também a leitura do
art. 258 do CPP, que trata do impedimento do Ministério
Público de funcionar em processos em que tiver parentesco ou
for cônjuge do juiz ou de qualquer das partes.
52
prorrogação da competência do juiz. Se a incompetência for
absoluta poderá ser alegada a qualquer tempo.
Uma vez argüida a exceção, serão formados autos em
apartado, o que não suspende o processo. Depois de ouvido o
Ministério Público, se aceita a incompetência, os autos serão
remetidos ao juízo competente, se não aceita não caberá
qualquer tipo de recurso e o juiz continuará no processo. Da
decisão que aceita a exceção cabe recurso em sentido estrito,
nos termos do art. 581,II, do CPP.
3.6. LITISPENDÊNCIA
53
A exceção de litispendência não obedece ao prazo da
defesa prévia, de 03 dias, não ocorrendo preclusão e podendo
ser oposta a qualquer tempo. Acolhida a exceção caberá recurso
em sentido estrito, mas se reconhecida pelo juiz, de ofício,
caberá o recurso de apelação, nos termos do art. 593,II, do
CPP, já que ocorrerá o fim do processo com o trancamento da
ação penal.
54
3.8. COISA JULGADA
55
Da decisão que reconhecer a coisa julgada caberá
recurso em sentido estrito e da decisão proferida, de ofício,
pelo juiz caberá apelação, por se tratar de decisão definitiva
(art. 593,II).
Se ocorrer a duplicidade de sentenças, ou seja,
existirem duas condenações, prevalece a primeira que transitou
em julgado, já que a segunda é nula porque já existe a coisa
julgada.
4. INCOMPATIBILIDADE E IMPEDIMENTOS
56
5. DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO
57
argüir, por meio de exceção de incompetência, essa condição
do juiz. Ratificando os atos já praticados, agora já no juízo
competente, o processo prosseguirá normalmente.
58
O art. 114, II, trata da hipótese de conexão ou
continência, podendo estender-se para as hipóteses de crime
continuado, permanente e habitual, quando dispõe sobre o
conflito de jurisdição quando entre elas surgir controvérsia
sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos.
59
5.3. FORMA DE ARGÜIÇÃO
60
já que presente o risco da incompetência do juízo. O texto
legal diz que o relator poderá determinar o sobrestamento do
feito, se referindo a uma faculdade e não obrigatoriedade ,
isso porque ele fará, mesmo que de maneira perfunctória, uma
análise da presença do “fumus boni juris”.
61
Já estudamos que a primordial finalidade do processo
penal é a busca, ou pelo menos a tentativa de buscar a
verdade dos fatos, a verdade processual, e, para tanto, é
fundamental que o processo seja revestido da mais absoluta
seriedade e que todos os documentos que o componham tenham a
mesma característica.
62
e oito) horas para resposta. Posteriormente diligências serão
feitas para que se comprove a eiva apontada.
63
Concluímos então, que para a aplicação da pena face
ao cometimento de uma infração é fundamental que o indivíduo
saiba do caráter criminoso do fato. Daí decorre a necessidade
de falarmos da imputabilidade.
6
Tourinho Filho – Fernando da Costa – Manual de Processo Penal – 5ª Edição – Editora Saraiva – p. 426.
64
O nosso Código Penal no art.26 descreve os
inimputáveis: “É isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.”
7.1. DO INCIDENTE
65
Quando da determinação do laudo o juiz nomeará um
curador ao acusado ou investigado; sua falta acarreta
nulidade absoluta e o processo ficará suspenso, sem prejuízo
das diligências que forem urgentes.
66
CAPITULO VI
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Como já estudamos, quando do Inquérito Policial,
depois da notícia da ocorrência do fato criminoso, a
autoridade policial se dirige ao local e recolhe todos os
instrumentos existentes no local que estejam ligados ao
crime. Essa atividade é autorizada pela lei e os objetos
apreendidos acompanham os autos de inquérito, conforme o art.
11 do CPP.
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achadas ou obtidas por meios criminosos; c) apreender
instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos
falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e munições,
instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a
fim delituoso; e) descobrir objetos necessários à prova de
infração ou à defesa do réu; f) apreender cartas, abertas ou
não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja
suspeita de que o conhecimento de seu conteúdo possa ser útil
à elucidação do fato; g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção. Ainda, conforme o
parágrafo 2º do mesmo artigo, proceder-se-á à busca pessoal
quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo
arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra
h do parágrafo anterior.
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Quando o assunto é a restituição de coisa não podemos
olvidar da hipótese que se refere o art. 91, II, a, do CP,
que diz que os instrumentos cujo uso, porte, fabrico,
alienação ou detenção constituam fato ilícito, passam para o
domínio da União, obviamente, como conseqüência da sentença
penal condenatória transitada em julgado, respeitando sempre
o direito do lesado e do terceiro de boa-fé.
70
O art. 91,II, b, do Código Penal se refere a “produto
do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso”. É
importante lembrar que o produto direto do crime trata-se da
coisa roubada ou furtada por exemplo e, portanto, desde que
não se enquadre no art. 91, II, b, do CP, poderão ser
restituídas ao lesado ou ao terceiro de boa-fé.
71
de terceiro somente a autoridade judicial é que poderá
determinar a restituição.
72
decretará a perda dos objetos apreendidos em favor da União e
sua venda em leilão público.
73
Mas a grande indagação é acerca do receio de que
quando da prolação da sentença final, o devedor não mais
disponha de bens que garantam e tornem efetiva a reparação.
Para tanto, o nosso ordenamento jurídico se vale das
medidas assecuratórias, que são as mesmas do processo civil:
seqüestro, arresto e hipoteca legal. Estas estão expressas no
artigo 125 e seguintes do Código de Processo Penal.
2.1. SEQÜESTRO
Essa medida assecuratória é incidente sempre sobre
bens imóveis adquiridos com os proventos do crime. O artigo
125 do Código de Processo Penal diz: “Caberá o seqüestro dos
bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da
infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro”.
Para a decretação do seqüestro há que se observar o
pressuposto essencial, que é a existência de indícios
veementes da proveniência ilícita dos bens. Essa medida
poderá ser decretada em qualquer fase do processo, ou ainda
antes de oferecida a denúncia ou queixa, ou seja, também na
fase de inquérito policial.
A decretação do seqüestro, conforme o art. 127, do
CPP, poderá ser de ofício pelo juiz, a requerimento do
Ministério Público ou do ofendido, ou ainda, mediante
representação da autoridade policial. É claro que quanto ao
juiz trata-se de faculdade e não obrigatoriedade. O seqüestro
é medida judicial, ou seja, somente o juiz poderá fazê-lo.
74
Uma vez decretado o seqüestro sobre os bens imóveis,
no próprio despacho o juiz determina a expedição do mandado
que terá seu cumprimento através de dois oficiais de justiça.
A lavratura dos auto de seqüestro segue a regra do 665 do
CPC. Após a juntada do mandado devidamente cumprido e
formalmente perfeito, o juiz ordenará se proceda à inscrição
do seqüestro no Registro de Imóveis (art. 128 do CPP).
Da decisão de decreta o seqüestro dos imóveis
poderão ser opostos embargos, que é meio de defesa do
terceiro senhor e possuidor, do indiciado ou réu, e do
terceiro de boa-fé.
Embora entendamos que em se tratando do indiciado ou
réu seja impróprio chamar de embargos, mas sim de
contestação, já que é medida cautelar.
Na contestação o indiciado ou réu poderá apenas
alegar não ter sido aquele imóvel adquirido com os proventos
da infração penal.
Quanto ao terceiro de boa-fé, conforme preceitua o
art. 130,II, do CPP, não basta a comprovada boa-fé, mas
também a transferência a título oneroso, e ainda, não poderá
ser pronunciada decisão dos embargos antes de transitada em
julgado a sentença penal condenatória.
75
ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado. Mas,
conforme já estudamos, a sentença absolutória não impede a
propositura da ação civil para a satisfação do dano sofrido
pela vítima.
3. HIPOTECA LEGAL
É o direito real de garantia em virtude de qual um
bem imóvel, que continua em poder do devedor, assegura ao
credor o pagamento.
O nosso Código civil dispõe que a lei confere ao
ofendido, ou seus herdeiros, hipoteca sobre os imóveis do
autor do autor do crime com a finalidade de assegurar a
efetiva reparação do dano causado com o cometimento do crime.
E, também para garantir eventuais pagamentos pecuniários e
custas processuais.
76
Já vimos que se o autor do fato, com os proventos do
crime, vier a adquirir bens móveis ou imóveis, a medida
cabível é o seqüestro (arresto). Não cabendo uma dessas
medidas o interessado poderá requerer a especialização de
hipoteca legal sobre os imóveis do réu ou indiciado em
qualquer momento processual e também na fase de inquérito
policial.
Para tanto, é fundamental o preenchimento dos
requisitos legais: certeza da infração, ou seja, prova
inequívoca da materialidade do crime e indícios suficientes
da autoria.
Especializar é individuar os imóveis sobre os quais
irão incidir a medida constritiva da hipoteca legal.
Quanto à competência é evidente que é do juízo penal,
mas se já ajuizada a ação civil “Ex delicto” será do juízo
cível a competência para a apreciação do pedido incidente.
A hipoteca legal também pode ser requerida pelo órgão
do Ministério Público caso haja interesse da Fazenda Pública
e se o ofendido for pobre e assim requerer.
Quanto à finalidade da hipoteca legal é de garantir a
satisfação do dano “ex delicto” e o pagamento de eventuais
penas pecuniárias e despesas processuais.
3.1. DO PROCEDIMENTO
77
que ele atribui a título de responsabilidade civil. Lógico
que o valor do imóvel, que também deverá constar da petição,
deve corresponder ao valor da reparação, nem mais nem menos.
O Juiz irá nomear perito para a verificação do
cálculo apresentado para a reparação do dano e a avaliação
dos imóveis elencados na petição.
Posteriormente o juiz abrirá vistas às partes para
manifestação no prazo de 02 dias.
O magistrado não estará vinculado aos laudos e fará a
correção que se fizerem necessárias para a adequação dos
valores de tal forma que a reparação do dano sofrido seja
efetiva mas sem o enriquecimento sem causa.
Determinará então, o registro da hipoteca no Registro
de Imóveis.
O artigo 135, § 6º do CPP prevê a possibilidade do
réu oferecer caução para que o imóvel não sofra a hipoteca.
Em razão da possibilidade de alongamento do processo
de inscrição e especialização da hipoteca e conseqüentemente
a ocorrência de possíveis fraudes, o legislador no artigo 136
do CPP, assegura ainda, a formulação do pedido de seqüestro
sobre esses bens que pretende sejam objeto de hipoteca
legal.
A parte contará com um prazo de 15 dias para promover
a especialização da hipoteca, sob pena de revogação da medida
de seqüestro.
Nos termos do art. 143 do CPP, transitada em julgado
a sentença penal condenatória, os autos de hipoteca ou
seqüestro serão encaminhados ao juízo cível. Se ainda, não
ajuizada a ação civil o juiz penal terá que aguardar a
execução se iniciar.
Se a sentença for absolutória transitada em julgado
ou se extinta a punibilidade o nosso código autoriza o
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cancelamento da hipoteca e os autos não serão enviados para o
juízo cível para garantir a ação civil “ex delicto”, já que
sabemos que as duas responsabilidades (civil e penal) são
independentes.
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