Departamento de Matemática
Análise Matemática II
Apontamentos Teóricos
Cursos: Bioquı́mica, Eng. Quı́mica, Fı́sica e Quı́mica (ensino de), e
Quı́mica Industrial
♦♦
1 Séries 1
1.1 Séries Numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Definição. Convergência. Propriedades . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Séries de termos não negativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.3 Séries alternadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.4 Convergência absoluta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 Séries de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.1 Convergência pontual e uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.2 Séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.3 Teorema de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1
2.9.1 Extremos livres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.9.2 Extremos condicionados. Método dos Multiplicadores de La-
grange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.10 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2
Capı́tulo 1
Séries
Definição 1.1.1. Seja un uma sucessão numérica. Chama-se série gerada por un
à sucessão Sn definida do seguinte modo:
S 1 = u1
S 2 = u1 + u2
S 3 = u1 + u2 + u3
..
.
S n = u1 + u2 + u3 + · · · + un
..
.
As somas S1 , S2 , ... chamam-se somas parciais.
1
Capı́tulo 1. Séries 2
∞
X
Definição 1.1.2. A série un diz-se convergente se existir e for finito o limite
n=1
n
X
lim Sn = lim ui .
n→+∞ n→+∞
i=1
1. Uma série gerada por uma progressão geométrica chama-se série Geométrica
e pode ser escrita como
∞
X
u1 rn−1 ,
n=1
1 − rn
Sn = u1 + u1 r2 + u1 r3 + · · · + u1 rn = u1 . .
1−r
E Sn é convergente se, e só se, |r| < 1, pois neste caso lim rn = 0
n→+∞
1 1
e, portanto, lim Sn = u1 . , isto é, S = u1 . . Com efeito,
n→+∞ 1−r 1−r
uma série geométrica é convergente quando |r| < 1.
2. Uma série cujo termo geral un se pode escrever na forma an −an+k , com k ∈ N
chama-se série de Mengoli ou Telescópica e pode ser escrita como
∞
X
(an − an+k ).
n=1
n
X
Sn = (ai − ai+k )
i=1
n
X n
X
= ai − ai+k
i=1 i=1
= a1 + · · · + ak + ak+1 + · · · + an − (ak+1 + · · · + an + an+1 + · · · + an+k )
Donde,
X∞
4 2n−1
(b)
n=1
6n+2
∞
X 1
(c)
n=1
n2
+ 3n
X∞ µ ¶ µ ¶
1 1
(d) cos − cos −
n=1
n n+4
O resultado que se segue indica uma condição necessária mas não suficiente para
que uma série seja convergente.
∞
X
Teorema 1.1.5. Se a série un é convergente então lim un = 0.
n→+∞
n=1
Exemplos 1.1.6.
X∞
n n
1. Como lim = 1 6= 0, então a série é divergente.
n→+∞ n + 1 n+1
n=1
1
2. Como lim √ = 0, então não podemos concluir nada sobre a natureza da
n→+∞ n
X∞
1
série √ . No entanto, verifique que anteriormente mostrou que a série é
n=1
n
divergente.
∞
X ∞
X
Teorema 1.1.7. Sejam un e vn séries convergentes de somas A e B, respec-
n=1 n=1
tivamente, e λ ∈ IR. Então,
∞
X
1. A série (un + vn ) também é convergente e a sua soma é A + B:
n=1
∞
X ∞
X ∞
X
(un + vn ) = un + vn .
n=1 n=1 n=1
Capı́tulo 1. Séries 5
∞
X
2. A série λun é convergente e a sua soma é λA:
n=1
∞
X ∞
X
λun = λ un .
n=1 n=1
X∞
1 1
Exemplo 1.1.9. A série harmónica , cujo primeiro termo é é divergente,
n=3
n 3
porque
X∞ ∞ ∞
1 X1 1 X 1
= −1− e é divergente.
n=3
n n=1 n 2 n=1
n
∞
X 1
Exercı́cio 1.1.10. Mostre que a série é convergente e a sua
n=1
n(n + 3)(n + 6)
73
soma é igual a .
1080
∞
X ∞
X
Teorema 1.1.13 (Critério de comparação geral). Sejam un e vn duas
n=1 n=1
séries de termos não negativos tais que un ≤ vn , ∀n ∈ N. Então,
∞
X ∞
X
a) Se a série vn é convergente então a série un é convergente.
n=1 n=1
∞
X ∞
X
b) Se a série un é divergente então a série vn é divergente.
n=1 n=1
X∞
1
2.
n=1
n!
X∞
n+1
3. √
n=1
3
n
∞
X 1
4. √
n=2
n− n
∞
X ∞
X
Corolário 1.1.15. Sejam un e vn duas séries tais que un ≥ 0 e vn > 0, ∀n ∈
n=1 n=1
un
N. Se lim = l ∈ IR+ então as séries são da mesma natureza.
n→+∞ vn
Capı́tulo 1. Séries 7
∞
X ∞
X
Corolário 1.1.16. Sejam un e vn duas séries tais que un ≥ 0 e vn > 0, ∀n ∈
n=1 n=1
un
N. Se lim = 0 então
n→+∞ vn
∞
X ∞
X
a) se a série vn é convergente, a série un também é convergente;
n=1 n=1
∞
X ∞
X
b) se a série un é divergente, a série vn também é divergente.
n=1 n=1
∞
X ∞
X
Corolário 1.1.17. Sejam un e vn duas séries tais que un ≥ 0 e vn > 0, ∀n ∈
n=1 n=1
un
N. Se lim = +∞ então
n→+∞ vn
∞
X ∞
X
a) se a série vn é divergente, a série un também é divergente;
n=1 n=1
∞
X ∞
X
b) se a série un é convergente, a série vn também é convergente.
n=1 n=1
X∞
(n!)2 + n!
2.
n=1
(4n)! + n4
∞
X
Proposição 1.1.21 (Critério de Cauchy ou da Raiz). Seja un uma série
√ n=1
de termos não negativos. Se existir lim n un = λ (λ ∈ IR+
0 ou λ = +∞),então
n→+∞
∞
X
a) se λ < 1, a série un é convergente;
n=1
∞
X
b) se λ > 1, a série un é divergente;
n=1
Definição 1.1.23. Uma série diz-se alternada se os seus termos são alterna-
X∞
damente positivos e negativos, podendo escrever-se da forma (−1)n−1 un , com
n=1
un > 0.
X∞
1
3. (−1)n α
n=1
n
X∞ µ ¶
(−1)n (−1)n
4. √ 1+ √
n=1
n n
∞
X
Definição 1.1.28. Uma série un diz-se simplesmente convergente se for
n=1
∞
X
convergente e a série |un | for divergente.
n=1
∞
X ∞
X
Proposição 1.1.29. Se a série |un | for convergente, então a série un também
n=1 n=1
é convergente.
X∞
1
3. (−1)n
n=1
n
Capı́tulo 1. Séries 11
³ x ´n
Exemplo 1.2.2. A sucessão de funções 1 + , definidas em IR, converge qual-
n
quer que seja x ∈ IR. A função limite é a função f (x) = ex :
³ x ´n
lim 1 + = ex , ∀x ∈ IR.
n→+∞ n
∞
X
Definição 1.2.4. Diz-se que a série fn converge no ponto a ∈ X se a série
n=1
∞
X
numérica fn (a) for convergente.
n=1
Capı́tulo 1. Séries 12
∞
X x2
Exemplo 1.2.5. Consideremos a série .
n=1
(1 + x2 )n
∞
X 1 1
A série x2 2 n
é uma série geométrica, de razão r = , convergente
(1 + x ) 1 + x2
¯ ¯
n=1
¯ 1 ¯
¯
pois ¯ ¯ < 1. Logo,
1 + x2 ¯
∞
X x2 1
= x2 . = 1 + x2 ,
(1 + x2 )n 1
n=1 1−
1 + x2
isto é, a função soma é
1 + x2 , se x 6= 0;
f (x) =
0, se x = 0.
∞
X
Definição 1.2.6. Diz-se que a série fn (x) converge uniformemente para
n=1
função f em D ⊂ IR (D 6= ∅) se
|fn (x)| ≤ un , ∀x ∈ D, ∀n ∈ N
∞
X
então a série fn é uniformemente convergente em D.
n=1
¯ ¯ ∞
¯ sen (nx) ¯ 1 X 1
Exemplo 1.2.8. Como ¯ ¯ ¯ ≤ 2 , ∀x ∈ IR, e a série é convergente,
n2 ¯ n n2
n=1
X∞
sen (nx)
a série 2
é uniformemente convergente em qualquer subconjunto de IR.
n=1
n
X∞
xn
Exercı́cio 1.2.9. Prove que a série de funções 2n
é uniformemente convergente
n=1
5
em [−a, a], sendo a < 25.
∞
X
Observação 1.2.11. Se a = 0 a série de potências toma a forma un x n .
n=1
∞
X
Na série de potências un (x − a)n , x é considerada uma variável, tal que a
n=1
série é convergente para alguns dos seus valores e divergente para outros.
Capı́tulo 1. Séries 14
3. IR.
Especificamente,
∞
X
Teorema 1.2.12. A série de potências un (x − a)n é
n=1
sendo
1
r= p .
lim n
|un |
∞
X
Corolário 1.2.13. Seja un (x − a)n uma série de potências com raio de con-
n=1
vergência r, então ¯ ¯
¯ un ¯
r = lim ¯¯ ¯,
n→+∞ un+1 ¯
se existir o limite.
Capı́tulo 1. Séries 15
Exercı́cios 1.2.14.
∞
X
1. Determine o raio de convergência da série (3 + (−1)n )n xn .
n=1
∞
X
Proposição 1.2.15. Toda a série de potências un xn é uniformemente conver-
n=1
gente em qualquer intervalo fechado [a, b] contido no seu intervalo de convergência
e, nesse intervalo é integrável termo a termo, isto é,
Z bX
∞ ∞
X Z b ∞
X
n n bn+1 − an+1
un x dx = un x dx = un .
a n=1 n=1 a n=1
n+1
∞
X
Proposição 1.2.16. A soma de uma série de potências un xn é uma função
n=1
contı́nua em qualquer ponto do seu intervalo de convergência.
Capı́tulo 1. Séries 16
∞
X
Proposição 1.2.17. Toda a série de potências un xn de raio de convergência
n=1
r > 0 e com soma f (x) em ] − r, r[, é derivável termo a termo no intervalo de
convergência, isto é, Ã∞ !0
X ∞
X
un x n = n un xn−1 .
n=1 n=1
Exercı́cios 1.2.18.
Z 1 X∞
x2n
1. Calcule f (x) dx sendo f (x) = (−1)n .
0 n=1
(2n)!
X∞
(x − 5)n
2. Seja f (x) = (−1)n+1 . Indique, justificando, os valores reais de x
n=1
n5n
para os quais f 0 (x) é absolutamente convergentes, simplesmente convergente e
divergente.
Exercı́cio 1.2.23. Determine a série de Taylor para as seguintes funções nos pontos
indicados:
1. f (x) = ex ; a = 0;
2. f (x) = sen x; a = 0;
1
3. f (x) = ; a = 0;
1−x
4. f (x) = ln x; a = 1.
Capı́tulo 1. Séries 18
1
5. f (x) = ; a = 0;
2 + 3x