Anda di halaman 1dari 6

DIREITO PENAL III – (4.

° ano diurno)
Prof. João Paulo Martinelli

DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR

ATO OBSCENO

Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

1) Tipicidade objetiva:

A conduta consiste em ofender o pudor público. Objetivamente, pudor público é o


sentimento comum vigente no meio social (Bitencourt).
O ato obsceno deve ser praticado em local público ou aberto ou exposto ao
público. Basta que haja possibilidade de alguém perceber o ato, mesmo que casualmente.

“Para a caracterização do crime de ato obsceno é suficiente a mera potencialidade do escândalo


decorrente da conduta do agente, independentemente de ser ou não presenciado por várias pessoas”
(TACRIM-SP – Ap. – Rel. Teixeira de Freitas – JUTACRIM 36/122).

“A orientação tolerante da prática sexual visualizável por terceiros não alçou à condição de
moralidade média da população, tanto que subsiste a regra do Código Penal, que não teria resistido, no
sistema jurídico e na aplicação efetiva, se não fosse ainda amparada por fortes correntes do
comportamento público. Ignorar a norma, sob o argumento da liberalização dos costumes, seria lançar à
desproteção significativa parcela da sociedade que a apóia e a mantém” (TACRIM-SP – Rec. – Rel. Sidnei
Beneti – JUTACRIM 87/130).

“Mostrar, acintosamente, as partes genitais é uma das mais típicas manifestações do crime do
art. 233 do Código Penal, por ínsito o dolo do exibicionista imputável. E tanto se mostra imputável o
agente, que nega haver mostrado o pênis para a vítima, mesmo diante de prova consistente dessa
exibição” (TACRIM-SP – AC – Rel. Renato Nalini – JUTACRIM 80/114).

“Pratica ato obsceno o agente que, ao se despir em frente à janela de apartamento vizinho, exibe
seus órgãos genitais em plena luz do dia, bastando para a caracterização da referida infração que sua
janela aberta permita que pessoas de outro apartamento o vejam” (TACRIM-SP – AC – Rel. Silva Rico –
RT 537/332).

“Se o agente se masturba no interior do automóvel, em local público, fazendo questão de que tal
prática seja observada por passantes, caracterizado fica o crime do art. 233 do CP” (TACRIM-SP – AC –
Rel. Adauto Suannes – RT 592/350).

“Ainda que o lugar seja público, não haverá o crime do art. 233 do CP se se demonstrar a
impossibilidade de ser o ato observado por alguém” (TACRIM-SP – AC – Rel. Adauto Suannes – RT
557/348).

2) Tipicidade subjetiva:
O dolo é a vontade e a consciência de praticar ato obsceno em local público,
aberto ou exposto ao público. O agente deve ter consciência de que o local é público.
Parte da doutrina entende que não há necessidade do especial fim de agir que
consiste no propósito de ofender o pudor público. Há outra corrente que entende ser
fundamental a intenção especial de atentar contra o pudor público.
Interessante o acórdão publicado em RT 602/344: há necessidade da consciência
da ilicitude do fato e a intenção e vontade de atingir o pudor público (costume da
comunidade).

3) Sujeitos do delito:

a) Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher.


b) Sujeito passivo: é a coletividade; também a pessoa que eventualmente tenha
presenciado o ato.

4) Micção em público:

Em princípio, constitui o crime. No entanto, se o agente toma as precauções


devidas para evitar a exposição dos órgãos genitais, não há o delito.

“A prática da micção em si não caracteriza nenhum delito, por ser considerado um ato
fisiológico natural; no entanto, o fato de urinar em lugar público, aberto ou exposto ao público, configura
o crime de ato obsceno, previsto no art. 233 do CP, por ofensa ao pudor” (TACRIM-SP – Ap. – Rel. Carlos
Biasotti – RT 763/598).

“Inexiste o crime do art. 233 do CP na conduta do agente que urina em local público durante a
madrugada, de maneira discreta, sem a presença de pessoas e de frente para a parede, vez que evidente a
ausência de ânimo de atingir o pudor público nesse comportamento” (TACRIM-SP – AC – Rel. Emeric
Levai – RT 683/326).

5) Nudez em público:

“Configura o crime de ato obsceno a conduta do agente que, ainda que em decorrência de bebida
alcoólica, exibe-se em local público completamente despido, pois a embriaguez, quando não é decorrente
de caso fortuito ou força maior e completa, não elide a responsabilidade penal pela infração ao art. 233
do CP” (TACRIM-SP – Ap. – Rel. Rissio Barbosa – JUTACRIM 36/126).

Julgados antigos entendiam que trajes sumários também consistiam o crime:

“Constitui ato obsceno o se apresentar uma mulher em lugar exposto ao público em trajes
sumários ou completamente despida, para tomar banhos, porque fere o pudor público” (TJSP – AC – Rel.
Barbosa Pereira – RT 328/392).

6) “Streaking” ou “chispada”:

São condutas que consistem em afrontar o público com a nudez, para chamar a
atenção. Foi comportamento comum na Europa, entre os jovens, como forma de
manifestação. No Brasil, é corrente a chispada entre estudantes universitários, que
obrigam calouros a andarem nus por vias públicas. É crime de ato obsceno.
7) Beijo lascivo:

Os julgados mais recentes descaracterizam o beijo lascivo como ato obsceno,


desde que os participantes não ultrapassem os limites do tolerado.

“Constitui fato corriqueiro em nossos dias a presença de namorados, em qualquer lugar,


abraçando-se e beijando-se. Acontece tanto nas grandes cidades como nas pequenas. Durante o dia ou
durante a noite. Algumas pessoas de hábitos mais rígidos ainda demonstram seus inconformismos diante
de tais cenas amorosas nas vias públicas; outras, nem tanto. A maioria, porém, passa indiferente, sem se
mostrar escandalizada. A verdade é que tais fatos não atritam abertamente, grosseiramente, com o
sentimento médio de pudor, ou com os bons costumes” (TACRIM-SP – AC – Rel. Xavier Homrich – RT
479/339).

“A obscenidade não se limita ao ato sexual ou a equivalente real. Assim, pratica ato libidinoso
em ofensa ao pudor público o agente que, frente a populares e em pleno dia, beija lascivamente, abolina e
mordisca os seios da companheira” (TACRIM-SP – AC – Rel. Nélson Fonseca – JUTACRIM 23/136).

8) Ato obsceno e embriaguez:

“Estando o agente embriagado, embora culposamente, tal circunstância não tem o condão de
afastar o delito de ato obsceno” (TACRIM-SP – AC – Rel. Albano Nogueira – RT 319/487).

“A embriaguez voluntária não tem o condão de excluir a imputabilidade daquele que, em plena
via pública, na presença de muita gente, exibe, a todos, os órgãos sexuais, caracterizando, assim, o crime
de ultraje público ao pudor” (TACRIM-SP – AC – Rel. Silva Pinto – RT 547/339).

ESCRITO OU OBJETO OBSCENO

Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de
distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:

I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;

II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição


cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;

III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de
caráter obsceno.

São várias as condutas incriminadas: fazer (elaborar), importar, exportar, adquirir


ou ter sob sua guarda. Todas as condutas são praticadas com a finalidade de comércio. O
objeto deve ter conteúdo obsceno, capaz de ofender o pudor público.
O crime é discutível em todos os aspectos. A sexualidade faz parte da sociedade e,
a cada dia, os meios de comunicação tornam atos obscenos integrantes da vida social. A
sociedade aceita, em parte, a obscenidade, desde que restrita a aqueles que a desejam.
Por exemplo, não é justo incriminar a conduta de quem mantém filmes
pornográficos à venda, desde que estes sejam acessíveis apenas aos que querem adquiri-
lo. Vale o mesmo para as pinturas expostas em locais a que só têm acesso os que desejam.
O que o tipo penal não expõe no caput, mas é fundamental, é que as condutas
somente podem ser incriminadas se o local for público ou de acesso ao público, e que não
haja consentimento das pessoas. À luz da Constituição Federal, o mais conveniente é
considerar o caput revogado e vigentes apenas as condutas equiparadas.
“Não obstante haja registro do estabelecimento, na junta respectiva, para o comércio varejista de
‘complementos sexuais e seus correlatos’, além de outros artigos, a oferta pública de tais objetos constitui
o crime do art. 234 do CP” (TACRIM-SP – HC 127.078 – Rel. Edmeu Carmesini).

“O crime do art. 234 do CP é de perigo e, portanto, não é indispensável para configurá-lo que
haja ofensa ao pudor público, sendo bastante que haja tal possibilidade. Não é necessário, tampouco, que
haja o comércio, bastando que seja esse o intuito do agente” (TFR – AC – Rel. Aldir Passarinho)

“Não obstante o art. 234 descreva ações variadas, nele se subsume, sempre, a idéia de ‘público’.
Se os objetos ditos obscenos estão em loja fechada, na qual entram apenas os que querem vê-los ou
adquiri-los, admitindo-se que tais objetos possam ofender a moral do homem médio, a esse homem médio
não fora impingida a visão deles” (TACRIM-SP – AC – Rel. Costa Manso – RT 609/331).

“Escrito ou objeto obsceno art. 234 do CP). Interpretação à luz da Constituição. Ponderação de
bens colidentes no caso concreto. As normas anteriores à Constituição, em que seu âmbito de proteção
revela-se distanciado da realidade fática em razão da qual foi editada, há que se valer das regras de
interpretação para lhe assegurar a aplicação que ainda se revela eficaz. As normas penais cujo objeto de
proteção é o pudor público devem ser interpretadas à luz dos princípios constitucionais, de maneira que
assegurem aqueles valores e o de liberdade de empresa, direito fundamental prescrito no art. 5.°, inciso
XIII, c/c o art. 170, da Constituição Federal. Mostra-se ‘in casu’, ilegal a coação sofrida pelas pacientes,
à medida que a atividade por elas desenvolvida não extrapolam os limites permitidos pela melhor
interpretação do art. 234, do CP, ou seja, a não exposição dos produtos a serem comercializados à vista do
público em geral, e a venda somente a pessoas maiores de 18 (dezoito) anos” (TJDF – RO
19980110436673RMO/DF – Rel. Vaz de Mello).

“Se a peça publicitária de roupa íntima não incursiona pelo chulo, pelo grosseiro, tampouco pelo
imoral, até porque exibe a nudez humana em forma de arte, não há, inequivocadamente, atentado ao
Código Penal, art. 234.” (STJ – 5.ª T. – HC 7.809 – Rel. Edson Vidigal).

“A afixação na porta do cinema de cartazes e painéis publicitários com os títulos de filme cuja
exibição e publicidade foram liberadas pela decisão judicial não viola o disposto no art. 234 do CP.
Simples referência naquela a restrições quanto a menores de 18 anos, por si só, não nulifica o direito à
publicidade. Ademais, a obscenidade deve ser apreciada objetivamente, vista nas circunstâncias de tempo
e espaço, arredada qualquer nota de subjetividade do julgamento” (TACRIM-SP – RHC – Rel. Lustosa
Goulart – RT 626/300).

DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA


DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO

BIGAMIA

Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa
circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a
bigamia, considera-se inexistente o crime.

1) Tipicidade objetiva:

O crime consiste em pessoa casada contrair novas núpcias. É pressuposto do


delito casamento CIVIL anterior.
Não importa se o casamento anterior é nulo ou anulável. Enquanto não for
decretada a anulabilidade ou nulidade do casamento, o agente não pode contrair novas
núpcias.
Deixa de existir o crime quando for declarado nulo ou anulado o matrimônio
anterior ou posterior, desde que este seja por razão diversa da bigamia (§ 2.°).
Também é crime a conduta da pessoa não casada contrair casamento com pessoa
casada, desde que conhecida tal circunstância.
Portanto, são suas as condutas puníveis!

2) Tipo subjetivo:

O dolo consiste na vontade e na consciência da pessoa casada de contrair novo


casamento ou da pessoa não casada em contrair núpcias com pessoa já casada.

3) Consumação:

Consuma-se o crime com a celebração do casamento posterior. Há concurso


necessário, mesmo que o outro não saiba da condição da pessoa casada.

4) Sujeitos do delito:

a) Sujeito ativo: É a pessoa casada que contrai novo matrimônio ou a pessoa


desimpedida de casar que contrai núpcias com pessoa casada.
b) Sujeito passivo: É o Estado, responsável pela manutenção da confiança na
instituição casamento.
5) Erro de tipo: Aquele que contrai casamento imaginando que seu casamento não tem
validade incorre em erro de tipo. Por exemplo, o agente dá entrada ao processo de
separação e imagina que já pode contrair novo matrimônio, antes de decisão judicial.

6) Casamento religioso: Só é pressuposto do crime se tiver efeitos civis, conforme o art.


226, § 2.°. da CF.

7) Falsidade documental: Se a falsidade tem por finalidade apenas contrair novo


matrimônio, e nada mais, é absorvida pelo crime de bigamia. A falsidade esgota-se na
bigamia.

“Comete o crime tipificado no art. 235 do CP o agente que, na vigência do casamento, falsifica
documentos para convolar novas núpcias” (TJDF – AC DF63724 – Rel. Estevam Maia).

8) Casamento no exterior: Se o agente for casado no exterior e este casamento tiver


validade no Brasil, não pode contrair novo matrimônio. Se o fizer, incorre no crime de
bigamia.

9) Ação penal: É pública incondicionada. No caso do art. 235, § 1.°, admite a suspensão
condicional do processo.

Anda mungkin juga menyukai