Anda di halaman 1dari 6

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO Nº

352.378-2 DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE


FORMOSA DO OESTE
APELANTE: DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO
ESTADO DO PARANÁ – DETRAN.
APELADO: SANDRO DALLO CAPELIM.
RELATOR: DES. MARCOS DE LUCA
FANCHIN¨

MANDADO DE SEGURANÇA. SENTENÇA PENAL


POR INFRAÇÃO DE TRÂNSITO QUE DETERMINOU
A SUSPENSÃO DA HABILITAÇÃO DO IMPETRANTE
PARA DIRIGIR VEÍCULO AUTOMOTOR PELO
PRAZO DE DOIS MESES. ÓRGÃO DE TRÂNSITO
QUE CASSOU A CARTEIRA DE HABILITAÇÃO DO
IMPETRANTE, COM BASE NOS ARTIGOS 263, III e §
2º E 160, AMBOS DO CÓDIGO DE TRÂNSITO, SEM
REALIZAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO.
SENTENÇA QUE CONCEDEU A SEGURANÇA PARA
O FIM DE ANULAR O ATO ADMINISTRATIVO QUE
DECRETOU A CASSAÇÃO DA HABILITAÇÃO DO
IMPETRANTE, DETERMINANDO QUE FOSSE
ANOTADA A SUSPENSÃO DO SEU DIREITO DE
DIRIGIR, AUTORIZANDO A PARTICIPAÇÃO DO
IMPETRANTE NO CURSO DE RECICLAGEM.
APELAÇÃO.
ALEGAÇÃO DE QUE O IMPETRANTE JÁ
APRESENTOU DEFESA NO PROCESSO PENAL,
NÃO SENDO NECESSÁRIO PROCESSO
ADMINISTRATIVO PARA APRESENTAR NOVA
DEFESA. SENTENÇA CRIMINAL QUE
DETERMINOU A SUSPENSÃO DA HABILITAÇÃO
PARA DIRIGIR. ÓRGÃO DE TRÂNSITO QUE
CASSOU A HABILITAÇÃO DO IMPETRANTE, SEM A
REALIZAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO.
IMPOSSIBILIDADE. IMPOSIÇÃO DE PENALIDADE
2

ADMINISTRATIVA ALÉM DAQUELA


DETERMINADA JUDICIALMENTE, EMBORA
PREVISTA NO CÓDIGO DE TRÂNSITO, DEVE SER
PRECEDIDA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO
ONDE SE OPORTUNIZE O EXERCÍCIO DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA PELO
INFRATOR. OMISSÃO DESSE PROCESSO QUE
IMPLICA NA NULIDADE DA INFRAÇÃO IMPOSTA.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
Tendo a sentença judicial condenado o réu por crime de
trânsito, aplicando a pena de suspensão do direito de
dirigir veículo automotor por um determinado prazo,
pode a Administração Pública, na seqüência, cassar a
habilitação do réu na forma do inciso III do artigo 263
do Código de Trânsito, mas como essa pena não foi
objeto do processo e da sentença judicial, deve essa pena
ser precedida de processo administrativo, garantindo-se
ao infrator a ampla defesa e o contraditório, tudo na
forma do art. 265 do mesmo Código de Trânsito.
APELAÇÃO DESPROVIDA. SENTENÇA MANTIDA
EM REEXAME NECESSÁRIO.

I - RELATÓRIO:
O impetrante promoveu o Mandado de Segurança
pleiteando a revogação da cassação de sua Carteira Nacional de
Habilitação, devendo na mesma ser anotada a devida suspensão, com a
conseqüente autorização para submeter-se ao curso de reciclagem.
Foi negada a liminar (fl. 28 e verso).
A Autoridade impetrada respondeu (fls. 52/55),
argumentando que aplicou corretamente a cassação da Carteira Nacional
3

de Habilitação do impetrante, com base no art. 263, III e § 2º do CTB e


art. 160, também do CTB.
O Ministério Público de primeiro grau manifestou-se
contrário ao deferimento da segurança pleiteada, pois o ato não foi ilegal,
mas mera aplicação de penalidade administrativa prevista no CTB (fls.
64/66).
A sentença de fls. 69/78 entendeu que a aplicação da
penalidade administrativa de cassação depende de prévia realização de
processo administrativo (art. 265 do CTB), razão pela qual, concedeu a
segurança, para anular o ato administrativo que decretou a cassação da
CNH do impetrante, determinando a anotação de suspensão do direito de
dirigir, e autorizando sua participação no curso de reciclagem.
Apela o Detran às fls. 83/87 e, como razões de reforma,
sustenta que a cassação da CNH do apelado decorreu de uma sentença
penal, onde este foi condenado por delito de trânsito, não sendo
necessário, em tal hipótese, abrir novo processo administrativo,
oportunizando a ampla defesa e o contraditório, uma vez que o impetrante
já teve oportunidade de defesa no processo penal. Requer o provimento do
recurso, para reformar a sentença.
Apesar de devidamente intimado, o apelado não apresentou
contra-razões (fl. 89).
O Ministério Público de 1º grau opinou pelo
desprovimento do recurso (fls. 108/110), ao passo que a douta
Procuradoria Geral de Justiça opinou pelo provimento do apelo (fls.
117/123).
É O RELATÓRIO.
II – VOTO:
4

O recurso não merece provimento e a sentença deve ser


mantida, em reexame necessário.
A matéria devolvida a este segundo grau diz respeito à
aplicação da penalidade de cassação da CNH do impetrante sem a
realização de processo administrativo.
Alega o Detran que o impetrante teve oportunidade de
defesa, durante o processo penal, no qual foi condenado por crime de
trânsito (art. 302, CP), não sendo necessário, portanto, abrir processo
administrativo, para oportunizar nova defesa.
Ocorre que a sentença criminal, que condenou o apelado
em razão da infração penal cometida, transitada em julgado em 03/11/03,
determinou a suspensão de sua habilitação para dirigir veículo pelo prazo
de dois meses, e não a cassação da CNH (fl. 18, último parágrafo e fl. 20).
Já o órgão de trânsito, cassou a CNH do apelado, até
03/05/2004 (fls. 21 e 23), sem que para isso, fosse realizado processo
administrativo, conforme prevê o art. 265 do CTB.
Portanto, resta evidente que o apelante, não poderia aplicar
tal penalidade, ainda que prevista no Código de Trânsito Brasileiro, sem
oportunizar o contraditório e a ampla defesa ao ora impetrante.
Certo é que o inciso III do artigo 263 do Código de
Trânsito autoriza a cassação da habilitação quando houver condenação
judicial por delito de trânsito, como foi o caso. Porém, para que a cassação
da habilitação seja automática (isto é, sem o devido processo
administrativo) é necessário que a sentença também aplique essa pena.
Nesse caso, teria razão a autoridade impetrada quando diz que o réu já
teve oportunidade de defesa no processo judicial. Ocorre que no processo
5

judicial não houve a cassação da habilitação, mas sim somente a


suspensão da habilitação.
Por isso essa pena de cassação deve ser precedida de
processo administrativo, garantindo-se ao infrator a ampla defesa e o
contraditório, tudo na forma do art. 265 do mesmo Código de Trânsito.
Em fim, uma coisa é a penalidade aplicada em razão da
infração de trânsito, na esfera judicial, e outra, é a aplicada tão somente na
esfera administrativa. Se para a aplicação da penalidade administrativa se
exige que seja oportunizado o contraditório e a ampla defesa ao infrator, a
omissão de tal processo implicará na anulação da infração imposta.
Nesse sentido, esta Corte assim já decidiu:
MANDADO DE SEGURANÇA - DETRAN - PRETENDIDA
ALTERAÇÃO DE CATEGORIA DA CARTEIRA NACIONAL DE
HABILITAÇÃO - CANCELAMENTO DA LICENÇA POR SUPOSTAS
IRREGULARIDADES NA SUA EXPEDIÇÃO - AUSÊNCIA DE
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO COM AS GARANTIAS DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA - VIOLAÇÃO AOS
ARTIGOS 263 E 265 DO CTB E ARTIGO 5º, LV, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - ORDEM CONCEDIDA - SENTENÇA
CONFIRMADA EM GRAU DE REEXAME NECESSÁRIO. (TJPR,
Reex Nec 163774-7, Terceira Câmara Cível, relator Des. Munir
Karam, DJ 18/03/05).

MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DO DIREITO DE


DIRIGIR E RECOLHIMENTO DA CARTEIRA NACIONAL DE
HABILITAÇÃO, POR INFRAÇÃO DE EXCESSO DE
VELOCIDADE. AUSÊNCIA DE COMPROVADA NOTIFICAÇÃO.
CERCEAMENTO DE DEFESA DO SUPOSTO INFRATOR. ORDEM
CONCEDIDA. DECISÃO CONFIRMADA. A imposição de
penalidade (art. 265/CTB) deve ser precedida de processo
administrativo, garantindo-se ao infrator ampla defesa e
contraditório. Omitido esse processo, concede-se a segurança para
anular a infração imposta, garantindo ao impetrante o direito de
dirigir veículos automotores. (TJPR, Ap Cv e Reex Nec 141401-5,
Sétima Câmara Cível, relator Des. Accácio Cambi, DJ 15/09/03).
6

Assim considerando, acertada a sentença recorrida, ao


conceder a segurança, na forma pleiteada.
Diante disso, meu voto é pelo DESPROVIMENTO do
recurso e MANUTENÇÃO da sentença em reexame necessário.
ACORDAM, os Desembargadores integrantes da Quarta
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por
unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, e MANTER a
sentença em reexame necessário, nos termos do voto.
Participaram do julgamento os Senhores Desembargadores,
Regina Afonso Portes, Presidente, sem voto, Abrham Lincoln Calixto e
Maria Aparecida Blanco de Lima.

Curitiba, 08 de abril de 2008.

DES. MARCOS DE LUCA FANCHIN


Relator

Anda mungkin juga menyukai