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01.03S “PANORAMA DE DOMINGO” # 10

A emissora “Voz da Rússia” dá início ao “Panorama de Domingo”, uma

resenha semanal dos mais importantes acontecimentos ocorridos na vida nacional

e internacional. A edição de hoje foi preparada como sempre pelo nosso

observador Aleksandr Kuchnir.

Na sexta-feira, 7 de março, foram apurados os resultados finais da

presidenciais na Rússia. Mais de 70 por cento dos russos que compareceram às

urnas votaram em Dmitri Medvedev, de 42 anos, um companheiro político do

atual presidente Vladimir Putin.

A circunstância proporcionou ao candidato pelo partido governamental uma

vitória impressionante e incondicional sobre os outros três pretendentes:

Ghennadi Ziuganov, pelo Partido Comunista; Vladimir Jirinovski, pelo Partido

Liberal Democrático; e Andrei Bogdanov, do Partido Democrático. Estes

resultados da campanha presidenciais eram absolutamente predizíveis – considera

Viatcheslav Nikonov, presidente da fundação “Politica”.

Estes resultados provam que a candidatura de Dmitri Medvedev era

realmente forte, porque era podia se apoiar na esperança dos eleitores, porque ele
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era um “candidato da esperança”, também nos êxitos inegáveis alcançados pela

Rússia nos últimos anos, sobretudo na economia. Do ponto de vista econômico,

pode-se dizer que acabamos de viver um dos períodos mais bem sucedidos na

história nacional – resume Viatcheslav Nikonov.

Nestes dias, Dmitri Medvedev está recebendo felicitações e planejando

umas primeiras viagens ao Exterior. Como foi anunciado, uma das primeiras

visitas será a um país da Comunidade de Estados Pós-Soviéticos. Esta é uma

prova da principal prioridade da política externa do País, a qual se poderia definir

como estreitamento dos laços integracionistas no espaço pós-soviético. Logo em

suas primeiras declarações na nova condição, Dmitri Medvedev confirmou a

intenção de levar adiante a política de liberalização da economia da Rússia e

reforço das suas posições internacionais.

Devemos conduzir uma política externa independente, a mesma que esteve

sendo conduzida nos últimos 8 anos – declarou o presidente eleito da Rússia em

sua primeira coletiva de imprensa. Seu escopo fundamental é defender os

interesses nacionais em todos os azimutes e por todos os meios possíveis, mas

sempre nos marcos das respetivas normas jurídicas internacionais.

Nas eleições de 2 de março, os eleitores apoiaram a continuidade do atual

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rumo político. O presidente do Comitê para os Assuntos Internacionais na Câmara

Alta do Parlamento federal da Rússia, Mikhail Marghelov, não duvida de que este

rumo será levado adiante.

Tenho a certeza de que o novo presidente será pargmático – diz Mikhail

Merghelov. – Não duvido em absoluto de que ele vai se fundamentar não em

dogmas ideológicos e sim em sua visão dos interesses nacionais do País. Estou

também certo de que ele vai desenvolver o quanto de melhor foi lançado na

política externa da Rússia nos últimos 8 anos – julga Mikhail Marghelov.

Hoje, depois de apurados definitivamente os resultados do pleito, Dmitri

Medvedev recebeu o status de presidente eleito, mas por enquanto não investido

no cargo. A cerimônia de posse está prevista para 7 de maio. Nesse dia, Vladimir

Putin entregará a seu sucessos a corrente de ouro de primeiro mandatário da

Nação, o gabinete no Kremlin e a “maleta nuclear”…

Entretanto, daqui a 7 de maio, ou seja, ao longo de 2 meses inteiros,

Vladimir Putin continuará exercendo a Presidência federal. Aliás, Dmitri

Medvedev já deu uns primeiros passos no caminho para a nova função. Foi, por

exemplo, incumbido por Vladimir Putin de preparar uma reunião do Conselho de

Estado para a próxima semana, missão essa até o momento sempre realizada pelo
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presidente cessante.

A emissora “Voz da Rússia” continua seu “Panorama de Domingo”.

Esta semana, a Rússia viu-se obrigada a limitar os suprimentos de gás à

Ucrânia. A medida foi adotada porque os sócios ucranianos até agora não

saldaram a dívida no valor de 600 milhões de dólares perante o consórcio russo

“Gazprom”, apesar dos entendimentos alcançados pelos dois presidentes: Viktor

Iuchenko e Vladimir Putin. Entretanto, o “Gazprom” ressaltou que os

consumidores europeus não serão prejudicados com essa medida. Desta vez, não

se repetiu a situação criada há dois anos, quando a Ucrânia reduziu

unilateralmente, sem prévia notificação do lado russo, tampouco dos

consumidores europeus, os suprimentos de gás russo à Europa 20 por cento.

Entre 120 e 125 bilhões de metros cúbicos de gás anuais transitam à Europa

pelo território ucraniano. Até o momento, a Ucrânia está recebendo gás russo a

preços abaixo da média européia. O consórcio russo “Gazprom” é uma sociedade

acionária; portanto, não pode subsidiar a economia ucraniana. A aplicação do

esquema de taxação dos preços em conformidade com as regras de livre mercado,

portanto, é inevitável. Todavia, vêm surgindo periodicamente problemas no

pagamento do gás russo já fornecido à Ucrânia. E quando a não-saldação da

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dívida acarreta redução dos suprimentos pelo “Gazprom”, a Ucrânia, como já

aconteceu no inverno de 2005 a 2006, passa a retirar unilateralmente dos

gasodutos uma parte do combustível em trânsito à Europa.

Na coletiva de imprensa da terça-feira, os representanteas do “Gazprom”

asseveraram que os fornecimentos de gás russo à Europa prosseguirão conforme

previsto. Esse litígio comercial entre uma companhia russa e seus sócios europeus

há de ser resolvido em conformidade com as regras do Direito Internacional, não

devendo incidir de qualquer forma nos consumidores europeus. A situação é

comentada por Valeri Iazev, presidente da Sociedade Russa de Gãs:

Isso é garantido não somente pelo senso comum da parte da Ucrânia. Esse

país é capaz de sofrer um grande prejuízo psicológico aos olhos dos seus

parceiros ocidentais. Agora, a situação não é a mesma que a registrada no inverno

de 2005 a 2006, quando os suprimentos a países da União Européia foram

torpedeados por culpa da Ucrânia. E tantou apresentar a Rússia como a culpada

do ocorrido. Agora, os países europeus compreendem que a culpa pela

interrupção daqueles fornecimentos não era da Rússia – acentuou o especialista

russo Valeri Iazev.

A Rússia procura reduzir o máximo os riscos de trânsito e diversificar os

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roteiros de suprimentos de gás à Europa. É a “Corrente do Norte”, como se chama

o projeto de construção de um gasoduto em direção à Alemanha, do qual uma

grande parte passará no fundo do mar Báltico. É também a “Corrente do Sul”, ou

seja, projeto de construção de um gasoduto da Rússia em direção à Europa

Meridional pelo mar Negro. É ainda a duplicação da capacidade do gasoduto já

em operação “Corrente Azul” com destino à Turquia. Está previsto que todos

esses dutos serão inauguradas em 2013 a 2015. Até então, a Rússia está

interessada num funcionamento normal do atual esquema de trânsito de seu

combustível à Europa e está preparada para negociações construtivas com o lado

ucraniano.

O tema seguinte do nosso “Panorama de Domingo” é o problema nuclear

iraniano.

As Nações Unidas concederam a Teerã 90 dias para o cumprimento das

reivindicações formuladas pela comunidade internacional. Essa condição consta

da nova resolução adotada ontem pelo Conselho de Segurança, a qual endurece as

anteriores sanções contra o Irã pela sua recusa em suspender o trabalho de

enriquecimento de urânio.

O referido documento, já o terceiro dos últimos dois anos, pressupõe não-

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concessão de visto aos altos funcionários envolvidos no programa nuclear desse

país e congelamento das contas bancárias de algumas companhias e bancos

iranianos, assim como inspeções às cargas suspeitas. O representante permanente

da Rússia junto às Nações Unidas, Vitali Tchurkin, sublinhou que as novas

sanções não afetam as áreas, inclusive a econômica, as quais não têm a ver com o

programa nuclear. O importante é que esse novo documento está bem equilibrado

e leva em consideração os progressos alcançados nos contatos entre o Irã e a

Agência Internacional de Energia Atômica – indicou o diplomata russo.

Sublinhou em seguida que o documento agora promulgado está voltado

exclusivamente para os assuntos causadores de preocupações internacionais no

referente á não-proliferação das armas nucleares – salientou Vitali Tchurkin. E

esclareceu:

Fica totalmente excluída sequer a mais leve suposição de que o Conselho de

Segurança tenha podido aprovar, fosse de que forma fosse, o recurso à força

contra o Irã. Isso porque continuamos sustentando firmemente que uma resolução

para o problema nuclear iraniano só pode ser encontrada por via política.

A par da referida resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas,

foi aprovada, na realidade a fazer parte de um mesmo pacote documental, uma

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declaração preparada pelos chanceleres dos seus países mediadores nesse

conflito: Rússia, China, França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Esse

grupo internacional convidou o Irá a acatar as reivindicações do Conselho de

Segurança das Nações Unidas e da Agência Internacional de Energia Atômica,

especialmente no referente à necessidade de acabar com o enriquecimento de

urânio e processamento de combustível nuclear. Entretanto, o documento

confirma a adesão dos seus signatários à idéia de uma pronta resolução do

problema nuclear iraniano por via negociada. O alto comissário da União

Européia para a Política Externa e a Segurança, Javier Solana, foi incumbido de

entabular contato com seu colega iraniano para que o diálogo possa continuar. Na

opinião de Vitali Tchurkin, tudo isso poderia criar novas condições para que no

fim de contas Teerã revise seu programa nuclear. Ao lado dos seus colaboradores

dentro desse grupo, a Rússia está prestes a dar uma contribuição para que uma

conversa séria e prática com o Irã permita resolver as pendências remanescentes

de uma forma eficaz.

Estão sintonizando o “Panorama de Domingo” da emissora “Voz da Rússia”.

Nos Estados Unidos houve esta semana eleições primárias de candidatos a

presidente em quatro Estados: Texas, Ohio, Rhode Island e Vermont. O candidato

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republicano senador John McCain obteve uma vitória impressionante. Entre os

Democratas, nos primeiros três Estados venceu a senadora Hillary Clinton,

enquanto que o senador Barack Obama ganhou no Illinois. O tema é comentado

pelo nosso observador político Viktor Ienikeev.

Neste último turno, John McCain, de 71 anos, veterano da Guerra do Vietnã,

juntou um número de delegados até maior que o necessário, o que lhe garante a

propositura oficial de sua candidatura para presidente dos Estados Unidos pelo

Partido Republicano, o qual se reunirá em congresso nacional em setembro.

Entre os Democratas, a situação é muito mais complicada. A vitória de

Hillary Clinton, alcançada após 11 derrotas consecutivas em outros Estados, só

lhe permitiu reduzir o atraso em relação a Barakh Obama para 80 votos de

delegados à convenção nacional. É difícil predizer quem dos dois vencerá nessa

corrida. Entretanto, muitos analistas nos Estados Unidos inclinam-se para a

suposição de que nenhum dos dois poderá obter os 2 025 mandatos necessários.

Isso significa que o destino eleitoral do candidato por esse partido será decidido

pelos chamados “superdelegados” na convenção de agosto, os quais somam umas

centenas de pessoas, entre as quais aqueles que exercem cargos eleitorais federais

ou os que possuem uns méritos especiais perante o Partido Democrata, como, por
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exemplo, ex-primeiros magistrados. A circunstância forneceu ao moderador da

companhia de televisão BNC um motivo para ironia. Perguntou que democracia é

essa se tudo será decidido por pessoas não eleitas por ninguém. A questão vem

muito a propósito considerando que a América se reputa o padrão de democracia

e tenta impor essa idéia ao resto do mundo.

No momento, só uma coisa está clara: o presidente seguinte dos Estados

Unidos será um dos três candidatos continuando a corrida. Vista através da ótica

dos interesses russos, Barack Obama deixa a impressão de um político mais

ponderado e mais comedido que não se permite comentários bruscos, o que não se

pode dizer do republicano McCain, tampouco da democrata Clinton. Aliás, não

esquecemos que antes de sua eleição também Richard Nixon, tanto menos Ronald

Reagan, não prometiam nada de bom para as relações com Moscou. A realidade,

porém, refutou aquelas previsões iniciais. Resultado lógico, porquwe uma coisa é

ser candidato a presidente e outra é conduzir o Estado em termos práticos e

construir suas relações com o Exterior.

Quanto à Rússia, o vencedor das recentes eleições presidenciais, Dmitri

Medvedev, declarou que o País está disposto a manter um diálogo construtivo

com os Estados Unidos, devendo preserva o quanto de bom foi acumulado nos 8
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anos de presidência de Vladimir Putin. Disse-o durante a conversa com o

presidente George Bush, o qual lhe telefonou para dizer que também desejava

manter boas relações com a Rússia. Seu interlocutor russo asseverou que Moscou

está preparada para trabalhar com qualquer presidente que tiver sido eleito pelo

povo americano.

Nossa resenha semanal dos principais acontecimentos ocorridos na vida

nacional e internacional vai finalizando. Queremos encerrá-la com o tema do Dia

Internacional da Mulher, o qual foi comemorado em 8 de março na Rússia e em

muitos outros países.

“O Exército Sabe: Amor Está Acima de Tudo!”. Foi assim intitulado o

concerto preparado para a festa de ontem pelo lendário Conjunto Musical do

Exército Russo Aleksandrov. “Uma caraterística especial do Exército russo

sempre foi um espírito vibrante em relação à Mulher – diz Leonid Maleev, diretor

artístico desse elenco. – Queremos com esta ação demonstrar uma vez mais nosso

amor e respeito em relação a todas as belas damas.”

Este ano, o maior conjunto artístico das Forças Armadas nacionais

comemora seu 80º aniversário. Já se apresentou em 4 continentes, tendo viajado

por mais de 70 países. Seus concertos foram sempre um sucesso estrondoso. Há

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algum tempo, chegou a “aportar” em Bruxelas, onde se apresentou na sede da

OTAN. A mestraria do coro militar russo cativou, inclusive, os severos generais

dessa aliança, os quais aplaudiram vivamente cada canções ouvida. Isso parta já

não falar nos corações das ouvintes presentes…

Além desse conjunto militar, do concerto preparado para o Dia Internacional

da Mulher participaram outros cantores e grupos musicais populares da Rússia e

dois visitantes estrangeiros: Demis Roussos, da Grécia, e o compositor e cantor

italiano Toto Cotugno. Por sinal, esse artistas italiano traz umas canções russas no

seu repertório. Por exemplo, “As Noites de Moscou”, escrita há meio-século, mas

ainda popular no mundo inteiro.

E é com um fragmento da canção “As Noites de Moscou” na voz de Toto

Cotugno que damos por terminada esta edição do nosso programa semanal

“Panorama de Domingo”. Passem bem e até o próximo encontro nas ondas da

“Voz da Rússia”!