John Wesley
'Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para
o que fui também preso por Cristo Jesus'. (Filipenses 3:12)
'E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o
qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém, disse: Não lho
proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim'.
(Marcos 9:38-39)
1. Nos versos precedentes, nós lemos que, depois dos Doze terem disputado
'qual deles seria o maior', Jesus pegou uma criança pequena, a colocou no meio deles,
e a tomando em seus braços disse: 'Quem quer que receba um destes pequenos, em
Meu nome, recebe a mim; e quem quer que receba a Mim, não me recebe', apenas
'Aquele que me enviou'. Então, 'João respondeu', ou seja, disse, com referência ao que
nosso Senhor tinha falado, exatamente antes: 'Mestre, nós vimos alguém expulsar
demônios em Teu nome, e nós o proibimos, porque ele não nos seguia'. Como se ele
tivesse dito: ' Nós devíamos tê-lo recebido? Ao recebê-lo, nós teríamos recebido a Ti?
Não teria sido melhor proibirmos a ele? Nós não fizemos bem nisto?'. "Mas Jesus
disse, 'Não o proíbam!'".
2. Porque o diabo não pode ser considerado apenas como 'um leão que ruge, à
procura de alguém que ele possa devorar'. Não meramente como um inimigo
perspicaz, que vem, sem avisar, sobre as pobres almas, e 'as leva cativa à sua
vontade'; mas como alguém que habita nelas, e caminha nelas; quem decreta a
escuridão e a maldade deste mundo (dos homens mundanos e todos os seus desígnios
e ações da escuridão), mantendo possessão de seus corações, fixando seu trono lá, e
trazendo cada pensamento em obediência a si mesmo. Assim, 'o forte preparou-se
para manter sua casa'; e se este 'espírito impuro', algumas vezes, 'não mais habita em
um homem', ainda assim, ele retorna com 'sete espíritos piores do que ele mesmo, e
eles entram e habitam lá'. Nem ele pode ser ocioso em sua moradia. Ele está
continuamente 'trabalhando' nestes 'filhos da desobediência'. Ele trabalha neles com
poder, com energia poderosa, transformando-os a sua própria semelhança, eliminando
tudo que resta da imagem de Deus, e os preparando para toda palavra e obra
pecaminosa.
4. Ainda assim, se nós podemos confiar nos historiadores, estas são regiões,
mesmo agora, onde ele opera, tão abertamente, como nos tempos passados. 'Mas por
que nas regiões selvagens e bárbaras, apenas? Por que não na Itália, França, ou
Inglaterra?'. Por uma razão muito simples: ele conhece seus homens, e sabe o que
tem de fazer com cada um. Para os nascidos na Lapônia, ele aparece com o rosto à
mostra; porque ele os está fixando na supertição e idolatria grosseira. Mas com vocês,
ele segue uma conduta diferente. Ele faz com que vocês idolatrem a si mesmos; torna
vocês mais sábios, aos seus próprios olhos do que o próprio Deus, e do que os
oráculos de Deus. Agora, com o objetivo disto, ele não deve aparecer em sua própria
forma: porque isto frustraria seu propósito. Não: Ele usa toda sua arte para fazer você
negar sua existência, até que ele tem você a salvo em seu próprio lugar.
5. Ele reina, portanto, embora que de uma maneira diferente; ainda assim, tão
absoluto em uma terra como em outra. Ele tem a alegre infidelidade italiana, em seus
dentes, tão certamente, quanto o selvagem tártaro [habitante da Tartária]. Mas aquele
que é muito sábio para acordá-lo, rapidamente adormece na boca do leão. De modo
que ele apenas brinca com ele no presente, e, quando lhe agrada, o consome!
O deus deste mundo agarra seus adoradores ingleses, tão rapidamente quanto
esses da Lapônia. Mas não é tarefa dele aterrorizá-los, a fim de que eles não fujam
para o Deus dos céus. O príncipe da escuridão, por conseguinte, não aparece,
enquanto ele impera sobre esses súditos dispostos. O conquistador prende seus cativos
bem à salvo, porque eles se imaginam em liberdade. Assim, 'o forte mantém sua casa
segura, e seus pertences estão em paz'; nem o Deísta, nem o Cristão nominal
suspeitam que ele está lá; deste modo, ele e eles estão perfeitamente em paz um com o
outro.
6. Tudo isto, enquanto ele trabalha com energia absorvida deles. Ele cega os
olhos de seu entendimento, de modo que a luz do evangelho glorioso de Cristo não
pode brilhar sobre eles. Ele algema suas almas na terra e inferno, com as algemas das
próprias afeições vis deles. Ele os liga a terra, através do amor ao mundo, ao dinheiro,
ao prazer e louvor. E por meio do orgulho, cobiça, ira, ódio, desejo de vingança, ele
faz com que suas almas se aproximem do inferno; agindo de maneira segura e
desimpedida, uma vez que eles não sabem que ele age, afinal.
7. Mas quão facilmente podemos conhecer a causa por seus efeitos! Essas,
algumas vezes, são grosseiras e palpáveis. Assim, elas eram nas mais refinadas das
nações pagãs. Não precisam ir muito longe do que os virtuosos e admiráveis romanos;
e vocês encontrarão estes, quando no alto de seu aprendizado e glória, 'cheios com
iniqüidade, fornicação, maldade, cobiça, malícia; cheios de inveja, assassinato,
disputa, fraude, malignidade, murmúrios, calúnias, acinte, orgulho, ostentação,
desobediência aos pais, quebras de aliança, sem afeição natural, implacáveis, e sem
misericórdia'.
8. As partes mais fortes desta descrição são confirmadas por alguém que
alguns podem pensar ser a mais inquestionável testemunha. Eu quero dizer o irmão
ateu deles, Dion Cassius; que observa que, antes do retorno de César da Gália, não
apenas a glutonaria e a lascívia de todo o tipo eram notórias, e com o rosto à mostra;
não apenas a falsidade, injustiça, e a falta de misericórdia abundavam, nas cortes
públicas, assim como nas famílias privadas; mas a maioria dos roubos ultrajantes,
saques, e assassinatos eram tão freqüentes, em todas as partes de Roma, que poucos
homens saíam de suas portas, sem antes fazerem seus testamentos, já que não sabiam
se retornariam vivos!
11. Esses monstros poderiam quase nos fazer não tomarmos conhecimento das
obras do diabo que são forjadas em nossa região. Mas, ai de mim! Nós não podemos
abrir nossos olhos, mesmo aqui, sem os vermos de todos os lados. Não é uma pequena
prova de seu poder, que blasfemadores comuns, bêbados, homens devassos, adúlteros,
ladrões, assaltantes, sodomitas, assassinos, ainda sejam encontrados em todas as
partes de nossa terra? Quão triunfante o príncipe deste mundo reina nesses filhos da
desobediência!
12. Menos abertamente, mas não menos efetivamente, ele opera nos
dissimuladores, mexeriqueiros, mentirosos, caluniadores; nos opressores e usurários,
no perjuro, no vendedor de seu amigo, sua honra, sua consciência, sua cidade. E ainda
assim, esses podem falar de religião ou de consciência; de honra, virtude, de espírito
público! Mas eles não podem mais enganar satanás do que podem enganar a Deus. Ele
igualmente conhece esses que são seus: e uma grande multidão deles, de todas as
nações e povos, dos quais ele tem possessão completa até este dia.
13. Se você considera isto, você não pode deixar de ver em que sentido os
homens podem também expulsar demônios; sim, e todo Ministro da igreja os expulsa,
se a obra do Senhor prospera em suas mãos.
Através do poder de Deus, atendendo sua palavra, ele traz esses pecadores ao
arrependimento; uma mudança interna completa, assim como externa. De todo mal
para todo bem. E isto é, em um sentido profundo, expulsar demônios das almas, nas
quais eles têm habitado até agora. O forte não pode manter sua casa por muito tempo.
Um mais forte do que ele vem sobre si, e o expulsa, e toma posse para si mesmo, e faz
dela habitação de Deus, através de Seu Espírito. Aqui, então, a energia de satanás
termina, e o Filho de Deus 'destrói as obras do diabo'. O entendimento do pecador
está agora clareado, e seu coração suavemente se volta para Deus. Seus desejos são
refinados, suas afeições purificadas; e, sendo preenchidas com o Espírito Santo, ele
cresce na graça. Até que ele não seja apenas santo no coração, mas em tudo aquilo que
fala.
14. Tudo isto é, de fato, a obra de Deus. É Deus somente quem pode expulsar
satanás. Mas Ele está geralmente agradado de fazer isto, através do homem, como um
instrumento nas mãos Dele: quem, então, é dito que expulsa demônio em seu nome,
pelo seu poder e autoridade. E Ele envia aqueles a quem Ele irá enviar para esta
grande obra; mas usualmente tais homens que nunca teriam pensado sobre isto:
porque 'Os caminhos de Deus não são como nossos caminhos; nem seus
pensamentos, como nossos pensamentos'. Assim sendo, Ele escolhe o fraco para
confundir o forte; o tolo para confundir o sábio; e por este motivo simples, para que
Ele possa garantir a glória para si mesmo; para que 'nenhuma carne possa gloriar-se
aos olhos Dele'.
II
1. Mas nós não podemos proibir alguém que assim 'expulsa demônios', se 'ele
não nos segue?'. Isto, pelo parece, foi ambos o julgamento e a prática do Apóstolo, até
que ele referiu o caso ao seu Mestre: 'Nós o proibimos, disse ele, 'porque ele não nos
segue!' O que ele supôs ser uma razão mais do que suficiente. O que nós podemos
entender por esta expressão: 'Ele não nos segue' é o próximo ponto a ser considerado.
A menor circunstância, que nós podemos entender, por meio disto, é que
aquela pessoa não tem ligação exterior conosco. Nós não trabalhamos, em união um
com o outro. Ele não é nosso ajudador nas causas do Evangelho. E, de fato, quando
quer que agrade nosso Senhor enviar muitos trabalhadores para sua colheita, eles não
podem agir, em subordinação, ou ligação, uns com os outros. Mais ainda, eles não
podem estar pessoalmente familiarizados, nem serem tão conhecidos uns dos outros.
Muitos deverão estar necessariamente, em diferentes partes da colheita, tão longe de
terem um intercurso mútuo, que eles serão como absolutos estranhos uns aos outros,
como se eles tivessem vivido em diferentes épocas. E concernente alguns desses a
quem nós não conhecemos, sem dúvidas, nós podemos dizer: 'Eles não nos seguem'.
4. Ele pode diferir de nós, em Quarto Lugar, não apenas em opinião, mas
igualmente em algum ponto da prática. Ele pode não aprovar aquela maneira de
adorar a Deus, e que seja praticada em nossa congregação; e pode julgar que seja mais
proveitoso para sua alma que tenha seu progresso de Calvim ou Martinho Lutero. Ele
pode ter muitas objeções, com respeito àquela liturgia que nós aprovamos além de
todas as outras; muitas dúvidas, concernentes esta da direção da igreja que nós
estimamos ser tanto apostólica, quanto bíblica. Talvez, ele possa ir mais além do que
nós: ele pode, por um princípio de consciência, abster-se de diversas dessas
ordenanças, que nós acreditamos, serem as ordenanças de Cristo. Ou, se ambos
concordamos que elas sejam ordenadas de Deus, ainda pode permanecer uma
diferença entre nós, seja quanto à maneira de administrar essas ordenanças, ou quanto
às pessoas a quem elas possam ser administradas. Agora, a inevitável conseqüência de
algumas dessas diferenças será a de que ele que assim difere de nós deve separar-se de
nossa sociedade, com respeito a esses pontos. Neste contexto, portanto, 'ele não nos
segue': Ele não é (como exprimimos isto) 'de nossa igreja'.
5. Mas, em um sentido muito mais forte, 'ele não nos segue', não significa
apenas que ele é de uma igreja diferente, mas de tal igreja que nós consideramos, em
muitos aspectos, não ser bíblica, nem cristã, – uma igreja que nós acreditamos ser
extremamente falsa e errônea, em suas doutrinas, assim como, muito perigosamente
errada, em sua prática; culpada de supertição grosseira, tanto quanto idolatria, -- uma
igreja que tem acrescentado muitas profissões de fé, que, uma vez, foram entregues
aos santos; que tem renunciado a um dos mandamentos de Deus, e tem tornado sem
efeito os demais, através de suas tradições; e que, pretendendo a mais alta veneração,
e mais estrita conformidade para com a igreja primitiva, tem trazido, não obstante,
inúmeras inovações, sem qualquer garantia, tanto da Antigüidade, quanto das
Escrituras. Agora, mais certamente, 'ele não nos segue', é alguém que fica a uma
grande distância de nós.
6. E, ainda assim, pode existir uma diferença mais ampla do que está. Ele que
difere de nós, em julgamento ou prática, pode, possivelmente permanecer a uma
distância maior de nós na afeição do que no julgamento. E isto, de fato, é um efeito
muito natural e muito comum do outro. As diferenças que começam nos pontos de
opinião, raramente terminam lá. Elas geralmente se espalham nas afeições, e, então,
separam os principais amigos. Nem algumas animosidades são tão profundas e
irreconciliáveis quanto essas que brotam das discordâncias na religião. Porque este
motivo, os mais amargos inimigos de um homem são aqueles de sua própria casa.
Uma vez que um pai se ergue contra seus filhos; e seus filhos contra o pai; e, talvez,
persigam, uns aos outros, até mesmo, à morte, pensando, todo o tempo, que eles estão
fazendo um serviço a Deus.
Portanto, tudo que podemos esperar destes que diferem de nós, tanto nas
opiniões religiosas, quanto nas práticas, é que eles logo contraiam uma aspereza; sim,
uma amargura em direção a nós; se forem, mais ou menos, imbuídos de preconceitos
contra nós, até terem uma opinião doentia quanto à nossa pessoa ou aos nossos
princípios. Uma conseqüência quase necessária disto será que eles irão falar da
mesma maneira que eles pensam de nós. Eles irão situar-se em oposição a nós, e,
quanto mais eles forem capazes, mais ocultarão nossa obra; vendo que ela não parece
a eles ser obra de Deus, mas tanto de homem, quanto do diabo. Ele que pensa, fala, e
age de tal maneira como esta, no mais alto sentido, 'não nos segue'.
6. E, ainda assim, pode existir uma diferença maior do que esta. Ele que difere
de nós, em julgamento ou prática, pode, possivelmente permanecer a uma distância
maior de nós na afeição do que no julgamento. E isto, de fato, é um efeito muito
natural e muito comum do outro. As diferenças que começam nos pontos de opinião,
raramente terminam lá. Elas geralmente se espalham nas afeições, e, então, separam
os principais amigos. Nem algumas animosidades são tão profundas e irreconciliáveis
quanto essas que brotam das discordâncias na religião. Porque este motivo, os mais
amargos inimigos de um homem são aqueles de sua própria casa. Uma vez que um pai
se ergue contra seus filhos; e seus filhos contra o pai; e, talvez, persigam, uns aos
outros, até mesmo, à morte, pensando, todo o tempo, que eles estão fazendo um
serviço a Deus.
Portanto, tudo que podemos esperar destes que diferem de nós, tanto nas
opiniões religiosas, quanto nas práticas, é que eles logo contraiam uma aspereza; sim,
uma amargura em direção a nós; se forem, mais ou menos, imbuídos de preconceitos
contra nós, até terem uma opinião doentia quanto à nossa pessoa ou aos nossos
princípios. Uma conseqüência quase necessária disto será que eles irão falar da
mesma maneira que eles pensam de nós. Eles irão situar-se em oposição a nós, e,
quanto mais eles forem capazes, mais ocultarão nossa obra; vendo que ela não parece
a eles ser obra de Deus, mas tanto de homem, quanto do diabo. Ele que pensa, fala, e
age de tal maneira como esta, no mais alto sentido, 'não nos segue'.
III
3. 'Mas o que é uma prova suficiente e razoável de que um homem (no sentido
acima citado) expulsa demônios?'. A resposta é fácil. Existem provas completas: (1)
Esta pessoa foi antes um pecador grosseiro e declarado? (2) Ela não é assim agora?
Ela rompeu com seus pecados, e vive uma vida cristã? (3) Esta mudança foi forjada,
através de ouvir este homem pregar? Se esses três pontos foram claros e inegáveis,
então, você tem prova suficiente e inegável - tal que você não poderá recusar, sem
pecar terrivelmente, de que este homem expulsa demônios.
4. Então, 'não o proíba'. Cuide de não tentar impedi-lo, quer através de sua
autoridade, seus argumentos, ou persuasões. De maneira alguma, esforce-se para
impedir que ele use de todo o poder que Deus deu a ele. Se você tem autoridade sobre
ele, não use desta autoridade para parar a obra de Deus. Não lhe forneça razões, com
as quais ele não possa mais falar em nome de Jesus. Satanás não falhará em supri-lo
com essas, se você não subordiná-lo nisto. Persuada-o a não deixar a obra. Se ele der
lugar para o diabo e você, muitas almas poderão perecer, nas suas iniqüidades, mas o
sangue delas, Deus irá requer de suas mãos, e não, das mãos dele.
5. 'Mas, e se ele for apenas um leigo que expulsa demônios, nós não devemos
proibi-lo, então?'.
Admitiu-se o fato? Existe prova razoável de que este homem tem ou expulsa
demônios? Se há, não o proíba; não, colocando em risco a sua alma! Deus não deverá
operar, através daquele que ele irá operar? Nenhum homem pode fazer essas obras, a
menos que Deus esteja com ele; a menos que Deus o tenha enviado para esta mesma
coisa. Mas, se Deus o tem enviado, você irá chamá-lo de volta? Você irá proibi-lo de
ir?
6. 'Mas eu não sei, se ele é enviado de Deus'. 'Agora, nisto está uma coisa
maravilhosa': (possam quaisquer dos sinais de sua missão dizer de alguém, a quem
ele trouxe de satanás para Deus). 'Mesmo que você não saiba de onde este homem é;
observe, ele abriu meus olhos! Se este homem não fosse de Deus, ele não poderia
fazer coisa alguma!'. Se você duvida do fato, mande buscar os pais deste homem;
seus irmãos, amigos, familiares. Mas, se você não pode duvidar disto; se você não tem
necessidade de reconhecer 'que um milagre notável tem sido forjado', então, com que
consciência; com que cara, você pode instruir aquele a quem Deus enviou a 'não mais
falar em seu nome?'.
7. Eu admito que é altamente expediente, quem quer que pregue em seu nome,
possa ter um chamado exterior, assim como interior, mas que seja absolutamente
necessário, eu nego.
"Mas não são as Escrituras que dizem: 'E ninguém toma para si esta honra,
senão o que é chamado por Deus, como Arão'. (Hebreus 5:4)?".
Inúmeras vezes, este texto tem sido citado para esta ocasião, como contendo a
mais forte das razões; mas, certamente, nunca em tão infeliz citação: Porque,
Primeiro, Arão não foi chamado para pregar, afinal: ele foi chamado para 'oferecer
dons e sacrifícios pelo pecado'. Aquela foi sua ocupação peculiar. Em Segundo Lugar,
esses homens não oferecem sacrifício, afinal, mas apenas pregam; o que Arão não fez.
Por conseguinte, não é possível encontrar algum texto, em toda a Bíblia que seja mais
distante do ponto que este.
8. 'Mas qual era a prática dos tempos apostólicos?'. Você pode facilmente ver
nos Atos dos Apóstolos. No oitavo capítulo, nós lemos: (Verso 1) 'Havia uma grande
perseguição contra a igreja que havia em Jerusalém, e eles todos se espalharam por
todos os lados, através de regiões da Judéia e Samaria, exceto os Apóstolos'.-- (Verso
4) 'Conseqüentemente, eles que foram espalhados nos arredores foram para todos os
lugares pregarem a Palavra'. (Atos 8:4) 'Mas os que andavam dispersos iam por
toda à parte, anunciando a palavra'. Agora, todos esses foram chamados
exteriormente para pregar? Nenhum homem de bom senso pode pensar assim. Aqui,
então, está uma prova inegável do que foi a prática dos tempos apostólicos. Aqui você
não vê uma, mas uma multidão de pregadores leigos; homens que foram apenas
enviados de Deus.
9. De fato, muito longe está a prática dos tempos apostólicos de nos inclinar a
pensar que era ilícito para um homem pregar, antes que ele fosse ordenado; que nós
temos razão para pensar que fosse, então, considerado necessário. Certamente, a
prática e a direção do Apóstolo Paulo foi provar a um homem antes que ele fosse
ordenado, afinal. 'Que estes' (os diáconos), diz ele, 'sejam primeiro provados, depois
sirvam, se forem irrepreensíveis' (I Timóteo 3:10). Provados como? Colocando-os
para traduzirem uma sentença do Grego, e perguntar a eles algumas questões triviais?
Ó, que prova surpreendente de um Ministro de Cristo! Não. Mas para fazer uma
experiência clara, aberta (como ainda é feita pela maioria das Igrejas Protestantes da
Europa), não apenas se suas vidas são santas e irrepreensíveis, mas se eles têm alguns
dons, que são absolutamente e indispensavelmente necessários, com o objetivo de
edificar a igreja de Cristo.
12. Sim, se você puder observar a direção de nosso Senhor, em seu completo
significado e extensão, então, lembre-se desta palavra: 'Ele que não é por nós, é
contra nós' -- (Lucas 9:50) 'E Jesus lhes disse: Não o proibais, porque quem não é
contra nós é por nós'.—'E ele que não se reúne a mim, se dispersa': ele que não reúne
homens, no reino de Deus, seguramente dispersa-se dele. (Mateus 12:30) 'Quem não
é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha'. Não pode existir
neutralidade nesta guerra. Cada um está, ou do lado de Deus, ou do lado de satanás.
Você está do lado de Deus? Então, você, não apenas, não irá proibir qualquer homem
de expulsar demônios, mas irá trabalhar, com o todo o seu poder, para animá-lo em
seu trabalho. Você rapidamente irá reconhecer a obra de Deus, e confessar a grandeza
dele. Você irá remover, do seu caminho, todas as dificuldades e objeções, por quanto
tempo possam existir. Você irá fortalecer suas mãos, falando honrosamente dele,
diante de todos os homens, e admitindo as coisas que você tem visto e ouvido. Você
irá encorajar outros a atenderem a sua palavra; a ouvirem a ele, a quem Deus enviou.
E você não irá desprezar uma prova real do amor terno, com que Deus dá a
oportunidade de você mostrar a ele.
IV
(1) Para que você não se condene ao fanatismo, pela má vontade em acreditar
que alguém que difira de você, expulse demônios. E se você está seguro,
tanto assim; se você reconhece o fato, então, examine-se:
(2) Será que eu não estou sendo fanático, em proibi-lo direta ou
indiretamente? Eu não o proíbo diretamente neste assunto, porque ele não
é da minha facção; porque ele não concorda com minhas opiniões; porque
ele não adora a Deus, de acordo com aquela forma de religião que eu
tenho recebido de meus antepassados?
5. Ó, permaneça afastado disto! Mas não esteja satisfeito com o não proibir
alguém de expulsar demônios. É bom ter chegado, assim tão longe; mas não pare por
aqui. Se você for esquivar-se de todo fanatismo, siga em frente. Em todo exemplo
deste tipo, qualquer que seja o instrumento, reconheça o dedo de Deus. E não apenas
reconheça, mas regozije-se do trabalho dele, e louve seu nome com ações de graça.
Encoraje a quem quer que Deus se agrade de empregar, a entregar-se completamente a
isto. Fale bem dele, onde quer que você esteja; defenda seu caráter e sua missão.
Amplie, tanto quanto você puder, a esfera de ação dele, mostre a ele toda delicadeza
em palavras e feitos; e não cesse de clamar a Deus em seu benefício; para que ele
possa tanto salvar a si mesmo, quanto àqueles que o ouvem.