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Ciência & Saúde Coletiva, 10(1):18-34, 2005


dos para reflexão sobre propostas peculiares do
Laços perigosos entre machismo setor para essa categoria, da mesma forma que
e violência se pensam cuidados de saúde para a mulher.
Dangerous liaisons between No papel de debatedora do texto redigido
machismo and violence por Lilia, Romeu e Márcia, tentarei contribuir,
discutindo alguns fundamentos que possam
Maria Cecília de Souza Minayo 4 lançar luz sobre a questão das relações entre
masculinidade e violência. Minhas reflexões
Desde quando comecei a pesquisar o impacto têm como pano de fundo a problemática de gê-
da violência sobre a saúde, intriga-me a perfor- nero, historicamente construída, na qual se evi-
mance do “homem” no processo em que esse denciam, sem dúvida, expressões cabais do hí-
fenômeno social se desenrola. Estudando Meni- brido biológico-social (Latour, 1994). É nessa vi-
nos e meninas de rua (Minayo et al., 1993) lá es- são de híbrido que desenvolvo a discussão sobre
tão eles como o grupo principal de exposição. masculinidade e violência, tendo como referên-
Analisando a magnitude e a dinâmica dos in- cia os textos de Roberto Connell (1987), Fonse-
fratores (Assis, 1999), os do sexo masculino são ca (1998), Machado (2001) e o próprio artigo
a maioria esmagadora. Observando os dados de em debate, dentre outros. Esses estudos histo-
mortalidade e de morbidade por acidentes (Mi- riam as falácias do essencialismo, do positivis-
nayo & Souza, 2003), ei-los em primeiro lugar. mo, e do normativismo presentes até hoje nas
Avaliando os óbitos por homicídios, ganham definições do senso comum e de muitos cientis-
disparado como vítimas e agressores. Aprofun- tas sociais sobre as relações entre homens e mu-
dando as vulnerabilidades para uso de drogas, lheres. Mas neles os autores também demons-
os homens correspondem à maioria dos usuá- tram mudanças culturais e teóricas que estão
rios (Minayo & Deslandes, 1998). E, ainda, nos ocorrendo, principalmente, promovidas e im-
casos de suicídios, são eles que estão na frente pulsionadas pelo movimento feminista e, de
em sua própria destruição (Minayo & Souza, forma menos contundente, pela dinâmica dos
2003). Lendo um trabalho de Laurenti (1998) vários grupos de liberação do homem.
sobre a problemática da saúde do homem, to- Minha referência principal neste debate é
ma-se conhecimento de que a desvantagem Machado (2001) que focaliza, numa pesquisa
masculina está presente em relação à quase to- antropológica, especificamente, as relações en-
das as causas específicas de mortalidade, quan- tre as formas de viver a masculinidade e a cul-
do comparada à situação feminina. E, comple- tura da violência, tendo como parâmetro a aná-
tando o quadro, estudos de Mello Jorge, Gotlieb lise de valores de longa duração que estruturam
& Laurenti (2001), confirmados por análises es- a cultura ocidental patriarcal e o que a autora
tatísticas do IBGE, ressaltam que a desvantagem denomina valores da alta modernidade corres-
do homem quando medida por expectativa de pondendo às mudanças da conjuntura atual.
vida é de oito anos em relação à mulher, no Machado trabalha o discurso e a performance
contexto brasileiro atual. de grupo de delinqüentes sociais apenados (es-
Considero tais informações de alta relevân- tupradores, espancadores de mulheres, ladrões
cia social e para a saúde e, por isso, parabenizo e assassinos), nos quais a autora encontra de
Lilia, Romeu e Márcia por terem assumido a forma aguçada os caracteres da cultura machis-
responsabilidade de organizar este número te- ta. A exacerbação do machismo nesse grupo o
mático que, com certeza, trará luz sobre vários torna “bom para pensar” sobre o assunto, indo
aspectos das desvantagens masculinas quanto à assim ao encontro da indagação que venho man-
saúde, a partir de análises epidemiológicas, so- tendo nesses anos de estudo da violência. O tex-
ciológicas e culturais. Pessoalmente, ficarei mui- to de Machado traz uma grande riqueza de de-
to feliz se este número temático der pelo menos talhes que, pela exigüidade do espaço, deixarei
dois frutos: 1) mostrar a relevância do tema ho- de comentar, remetendo os leitores ao artigo
mem na pauta dos estudos de gênero, tradicio- completo.
nalmente dominada por problemas femininos, A concepção do masculino como sujeito da
sobretudo na área de saúde; e 2) propiciar da- sexualidade e o feminino como seu objeto é um
valor de longa duração da cultura ocidental. Na
visão arraigada no patriarcalismo, o masculino
é ritualizado como o lugar da ação, da decisão,
4 Claves–ENSP/Fiocruz. cecilia@claves.fiocruz.br. da chefia da rede de relações familiares e da pa-
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Knauth, D. R. et al.

ternidade como sinônimo de provimento ma- mentalidade patriarcal que realiza e re-atualiza
terial: é o “impensado” e o “naturalizado” dos o controle das mulheres e a rivalidade presumi-
valores tradicionais de gênero. Da mesma for- da entre homens estão sempre presentes nas
ma e em conseqüência, o masculino é investido agressões por ciúme (medo da perda do objeto
significativamente com a posição social (natu- sexual e social) cujo ponto culminante são os
ralizada) de agente do poder da violência, ha- homicídios pelas chamadas “razões de honra”.
vendo, historicamente, uma relação direta entre No Brasil, “razão de honra” é uma categoria re-
as concepções vigentes de masculinidade e o lacional forte e ao mesmo tempo provisória,
exercício do domínio de pessoas, das guerras e pois sua existência, culturalmente, depende do
das conquistas. O vocabulário militarista erudi- exercício de vários papéis masculinos: o de pro-
to e popular está recheado de expressões ma- vedor, o de pai e, sobretudo, o de marido que
chistas, não havendo como separar um de ou- precisa assegurar a fidelidade da parceira no de-
tro. Levando em conta o caso brasileiro, típico safio com outros homens. Neste último caso
da cultura ocidental e ao mesmo tempo especí- evidencia-se uma contradição de termos, pois o
fico em sua historicidade, comentarei três situa- homem “honrado” vive em eterna vigilância
ções: a do estupro, a da violência contra a mu- contra o homem “bicho danado” (Machado,
lher na condição de cônjuge e a do homicídio 2001), e esses papéis podem ser trocados sem-
cometido por homens contra homens. pre, dependendo do olhar do outro. Como num
No ato do estupro realiza-se superlativamen- jogo de espelhos, o “homem honrado” enxerga
te a dissociação entre o sujeito e o objeto da se- a masculinidade como o lugar dos instintos in-
xualidade, entre o apoderamento sexual do ou- controláveis, da agressividade e da violência.
tro e a anulação da vontade da vítima. Machado No mundo da criminalidade, a idéia fundan-
(2001) comenta que todos os estupradores que te de macho violento se centra na mesma crença
entrevistou em sua pesquisa, apesar de confes- arraigada do masculino como o espaço da ini-
sarem que forçaram a relação sexual (o que te- ciativa, do poder e da imposição da vontade, fa-
ria sido feito como “uma fraqueza” ou “num zendo a associação de dois planos, o da sexuali-
momento de fraqueza”), no fundo acreditavam dade e o da sociabilidade. A moral do macho
que a mulher queria ser violentada. Essa crença, violento é a da virilidade que se apodera do cor-
de um lado insinua pelo menos duas coisas: 1) po, dos desejos, dos projetos, dos negócios e da
“macho mesmo”, do ponto de vista sexual, dei- vida do outro. Machado (2001) analisa essa di-
xa-se levar pela fraqueza, pois seus impulsos são nâmica tomando como exemplo as falas de jo-
tão fortes que ele não consegue controlá-los, vens infratores do Distrito Federal. A partir de-
por isso, “naturalmente” precisa ser compreen- les, busca entender os efeitos da pós-moderni-
dido e perdoado; 2) o “não” da mulher nunca dade sobre a construção das categorias de mas-
deve ser considerado verdadeiro e sim parte do culinidade em associação com novas modalida-
ritual de sedução. Portanto, a plenitude da ma- des de violência. A autora evidencia a convivên-
cheza não admite que a mulher (em sendo ob- cia de várias lógicas temporais fortemente pre-
jeto) possa dizer “não”. sentes na sociabilidade violenta dos jovens in-
No caso das relações conjugais, a prática cul- fratores: 1) a permanência do machismo da
tural do “normal masculino” como a posição do “honra”; 2) o crescimento da consciência de di-
“macho social” apresenta suas atitudes e rela- reito, vivido no exagero do “individualismo das
ções violentas como “atos corretivos”. Por isso, singularidades” (2001) que se expressa no culto
em geral, quando acusados, os agressores reco- da hiperliberdade individual per si; 3) a expe-
nhecem apenas “seus excessos” e não sua fun- riência da compressão do tempo-espaço pela va-
ção disciplinar da qual se investem em nome de lorização do tempo curto e rápido e 4) o culto do
um poder e de uma lei que julgam encarnar. imediatismo nas vivências de prazer e sucesso.
Geralmente quando narram seus comporta- Assim, o caminho para o uso das drogas, a
mentos violentos, os maridos (ou parceiros) participação em assaltos, os pegas de carro, o
costumam dizer que primeiro buscam “avisar”, excesso de velocidade no trânsito, as mortes en-
“conversar” e depois, se não são obedecidos, comendadas e executadas como fato acabado,
“batem”. Consideram, portanto, que as atitudes as ordens arbitrárias dadas às comunidades em
e ações de suas mulheres (e por extensão, de que vivem e as instituições aí presentes por par-
suas filhas) estão sempre distantes do compor- te das gangues reafirmam a valorização do ma-
tamento ideal do qual se julgam guardiões e chismo de longa duração. Atualizam-se na iden-
precisam garantir e controlar. A associação da tidade do “chefe do bando, do bonde, do gru-
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po”, do “maioral”, do “que faz e acontece”, do totalidade da juventude brasileira e nem sua
que “mata, esquarteja e esfola”, do que “humi- forma cotidiana de construir e vivenciar a reali-
lha e tripudia sem dó nem piedade”. Mas o ma- dade. Mas o pequeno número de rapazes que
chismo pós-moderno é um fenômeno novo que cria tanto sentimento de insegurança social evi-
vive da velha cultura patriarcal e a reafirma nos dencia que a violência é um problema comple-
“vícios” e “compulsões” da sociedade pós-tradi- xo e fortemente arraigado na cultura e na socia-
cional, como lembra Giddens (1991; 1995). Sua bilidade nacional. “Fazendo muito barulho” e
performance violenta não é, necessariamente, amedrontando, eles estão dizendo que sua per-
contra um rival específico, o que ocorre freqüen- formance não é apenas uma tempestade que vai
temente nas expressões da violência tradicional. passar, como um fenômeno da natureza. Ao
Ao contrário, exterioriza-se no exibicionismo, contrário, a superação da violência é um desa-
na vanglória, no prazer do domínio e na impo- fio que exige muito investimento social, políti-
sição da crueldade per si, corrompendo os valo- co e subjetivo para pensar e repensar a cultura
res cultivados na idéia do individualismo (Elias, brasileira.
1994) como valor universal que promove a res-
ponsabilidade social e a solidariedade cidadã. Referências bibliográficas
As conclusões de Machado já vinham sendo
prenunciadas por autores como Giddens (1991; Arendt H 1994. Sobre a violência. Editora Relume-Duma-
1995), Minayo, (2003), Soares (2002), Zaluar rá, Rio de Janeiro.
Assis SG 1999. Traçando caminhos em uma sociedade vio-
(2002), Assis (1999) dentre outros. Esses estu- lenta. Fiocruz, Rio de Janeiro.
diosos têm evidenciado o surgimento de novos Connell R 1987. Gender and power: society, the person and
tipos de subjetividade e de sociabilidade que social politics. Stanford University Press, Stanford.
respondem à expansão de uma sociedade con- Debord G 1997. Comentários sobre a sociedade do espetá-
sumista (Harvey, 1998), de espetáculo (Debord, culo. Editora Contraponto, Rio de Janeiro.
Norbert E 1994. A sociedade dos indivíduos. Editora Jorge
1997); narcisista (Lasch, 1979); de decadência Zahar, Rio de Janeiro.
do trabalho como valor e da compressão do es- Fonseca AJMS 1998. A identidade masculina segundo Ro-
paço-tempo (Harvey, 1998). bert Bly. Tese de mestrado em Estudos Americanos.
Encerrando, preciso dizer que muitos pon- Universidade Aberta de Lisboa. UAL, Lisboa.
tos atinentes ao assunto em pauta nem foram Giddens A 1991. As conseqüências da modernidade. Unesp,
São Paulo.
tocados, porque eu quis focalizar e exemplificar Giddens A 1995. A vida em uma sociedade pós-tradicio-
expressões da violência brasileira, nas quais a nal, pp. 73-134. In A Gidens, U Beck & A Lasch
maioria das vítimas e dos agressores é homem. (orgs). Modernização reflexiva. Editora Unesp, São
Também não desenvolvi a discussão sobre as Paulo.
várias formas de masculinidade e nem tive opor- Harvey D 1998. A condição pós-moderna. Editora Loyola,
São Paulo.
tunidade de enumerar as mudanças positivas Lasch C 1979. A cultura do narcisismo. Warner Books, No-
trazidas pela pós-modernidade nas questões de va York.
gênero: essas também existem. Privei-me disso, Latour B 1994. Jamais fomos modernos. Editora 34, Rio de
porque, na exigüidade do espaço, preferi subli- Janeiro.
nhar a necessidade de aprofundamento de al- Laurenti R 1998. O perfil epidemiológico de saúde masculi-
na na Região das Américas. Contribuição para o enfo-
gumas questões de saúde vinculadas a estilos de que de gênero. Faculdade de Saúde Pública, São Paulo.
vida. Para isso a reflexão sobre violência é exem- Machado LZ 2001. Masculinidades e violências. Gênero e
plar, pois ela dramatiza causas (Arendt, 1994). mal-estar na sociedade contemporânea. Série Antro-
Para finalizar, aponto, sem medo de errar, pológica. UNB, Brasília. (Mimeo).
dois instrumentos servindo ao machismo pós- Mello Jorge MH, Gotlieb S & Laurenti R 2001. A saúde no
Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde, Brasília.
moderno que se associa à violência que fere, Minayo MCS 2003. A violência dramatiza causas, pp. 23-
provoca lesões e mata: 1) o carro, símbolo da 28. In MCS Minayo & ER Souza (orgs). A violência
potência, do tempo veloz e da hiperliberdade sob o olhar da saúde. Fiocruz, Rio de Janeiro.
hedonista para os rapazes da classe média; 2) a Minayo MCS & Souza ER 2003. A violência sob o olhar da
arma de fogo, mediando a performance exibi- saúde. Fiocruz, Rio de Janeiro.
Minayo MCS (org.) 1993. Meninos e meninas de rua: o li-
cionista de adolescentes e jovens das classes po- mite da exclusão social. Hucitec, São Paulo.
pulares, que internalizaram o tempo curto da Minayo MCS & Deslandes SF 1998. A complexidade das
pós-modernidade como o contexto de seu rápi- relações entre drogas, álcool e violência. Cadernos de
do prazer e domínio. É claro que, tanto uns Saúde Pública 14(1):35-42.
quanto outros (delinqüentes das classes popu- Soares LE 2002. Perspectiva de implantação de uma Polí-
tica Nacional de Segurança Pública e de Combate à
lares e dos extratos médios) não constituem a
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Knauth, D. R. et al.

Violência, pp. 40-46. In Câmara dos Deputados (Co- gênero, muitas vezes parece haver ainda pouca
ordenação de Publicações). Violência urbana e segu- clareza quando se afirma que é a mesma socie-
rança pública. Câmara dos Deputados, Brasília.
Zaluar A 2002. Diagnóstico da violência urbana no Brasil,
dade que orienta a construção de elaborações
pp. 18-19. In Câmara dos Deputados (Coordenação consideradas masculinas e femininas. Se é igual-
de Publicações). Violência urbana e segurança pública. mente inegável que sua característica básica é a
Câmara dos Deputados, Brasília. assimetria de gênero, o que quero chamar a
atenção aqui é que a forma como sujeitos viven-
ciam essa dimensão em suas vidas é constituin-
te tanto de mulheres quanto de homens.
É ainda desse campo de discussão uma ou-
tra questão trazida pelos autores que diz respei-
to à lógica dos benefícios indiretos para as mu-
Homens e saúde: diversos sentidos lheres da participação dos homens no campo
em campo saúde, sexualidade e reprodução. O caminho a
Men and health: several senses in field ser percorrido para se compreender o que sig-
nifica afinal falar-se em homens como sujeitos
Pedro Nascimento 5 de direitos. Como pensar em direitos em rela-
ção a quem não só sempre usufruiu dos mes-
Para mim é uma grande satisfação a oportuni- mos, como ainda impediu que outros – outras,
dade de participar deste debate que considero as mulheres – assim se insurgissem? Caricatu-
tão importante. Além da pertinência do tema ras à parte, há um longo caminho para que con-
que já valeria a empreitada, o artigo “Homens e sigamos dar o lugar devido ao fato de tratarmos
saúde na pauta da Saúde Coletiva” consegue dos homens, por um lado, como uma categoria
mapear diversas dimensões de um mesmo cam- genérica e universal e, por outro, falar dos sujei-
po. Se por um lado essa amplitude deixa o de- tos concretos do dia a dia.
batedor com vontade de referir várias questões Os autores enfrentam esse dilema o tempo
ao mesmo tempo – o que é aqui impossível; por todo. Referências a expressões como “masculi-
outro, oferece ao leitor uma oportunidade ím- nidade hegemônica”, “padrões hegemônicos”
par de reflexão pelo que parabenizo os autores. etc., as quais são fundamentais para possibilitar
Também gostaria de situar minha fala: o lu- mesmo a caracterização, trazem os riscos das
gar onde surgem meus questionamentos cruza generalizações e por isso os autores recomen-
a experiência de um antropólogo “iniciado” em dam que não se pode desconsiderar a existência
bares junto de sujeitos que, reunidos, apren- dos diferentes estilos de masculinidade, pois na
diam a ser homens (Nascimento, 1995), com a vida cotidiana devemos levar em conta a posição
experiência de uma pessoa que participa dessa concreta e particular dos sujeitos em cada grupo
discussão propondo um espaço para a reflexão de referência. Isto, contudo, não é uma tarefa fá-
sobre os homens nos campos aqui discutidos. cil, pois a referência ao modelo traz sempre a
Não se trata de reinstalar uma pouco produtiva “tentação” da facilidade de achar que já conhe-
oposição entre produção de conhecimento e cemos o que se nos apresenta antes mesmo de
ativismo, mas dizer dos dilemas próprios de um nos darmos ao trabalho de investigar a fundo
campo em construção (Medrado et al., 2000). A suas múltiplas dimensões. Como não nos des-
apresentação desses dilemas, a propósito, é o lumbrarmos com a certeza tantas vezes repetida
maior mérito deste artigo. São alguns deles, que em diferentes espaços de que “os homens são
particularmente me chamam a atenção, de que assim”? Neste sentido, valorizar e dar visibilida-
estarei tratando. de à diversidade dos sujeitos tem, por um lado,
Uma primeira questão que destaco é que o o apelo da pertinência metodológica e, por ou-
artigo aponta para a necessidade de refletirmos tro, a força da busca da superação dos estereóti-
o que estamos dizendo quando falamos gênero pos (Nascimento, 1999).
e estimula a busca da superação da reificação Uma outra questão tem a ver com a discus-
no feminino. Se parece que há acordo quando a são sobre masculinidade e trabalho. A centrali-
referência é ao caráter histórico e cultural do dade do trabalho na vida dos homens e na ne-
gociação de suas identidades; os desafios postos
quando não são capazes de atualizar a prerro-
gativa de provimento financeiro do lar e mes-
5 Instituto Papai, Recife PE. pedro@papai.org.br mo a inconstância do trabalho precisam ser le-

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