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BIKINISD

BRASIL TÊXTIL, UM GIGANTE DESCONHECIDO


Um Sector totalmente orientado para o mercado interno, seguro, num País
de dimensões continentais, quase exclusivamente concentrado no algodão
(tanto nos têxteis como nas confecções), com aglomerados industriais de
indústria e a grande estrutura de algumas das suas
empresas.
A ITV (Indústria Têxtil e do Vestuário) brasileira
produz 21 biliões de Euros, um número idêntico
grandes dimensões (Hering, Santista etc.), empresas com volumes de à soma das indústrias de Espanha e Portugal; 45%
negócios que superam largamente a barreira dos 100 milhões de Euros, mais do que realiza a ITV francesa; ou ainda 50%
habituadas a “cavalgar” numa economia incerta, de altos índices de do volume de negócios que realiza a ITV mais
inflação. Um sector feito também de médias empresas e muitos milhares importante da Europa, ou seja, a italiana.
de pequenas empresas familiares, cerca de 30 mil no total.
O MITO: A SENSUALIDADE BRASILEIRA
Nos anos 90, abanadas por sucessivas crises, apoiadas por uma associação
Brasil é um mundo, não somente pela extensão
dinâmica (a ABIT, a principal agremiação do sector têxtil brasileiro) e
do seu território e pelos mais de 187 milhões
animados pelo sucesso do Plano Real – um plano que recolocou uma
de pessoas que o habitam, mas sobretudo pelo
certa racionalidade na economia afastando o fantasma da hiper-inflação –
‘melting-pot’ de raças, que se misturam há 500
liderado por Fernando Henrique Cardoso (assim catapultado para a
anos inventando um País que é, em numerosos
Presidência da República), as empresas brasileiras puderam investir na
aspectos, absolutamente incomparável. Gilberto
modernização da sua estrutura produtiva (números oficiais estimam o
Freyre, talvez o mais célebre dos seus antropólogos
investimento na ordem de 9 biliões de Dólares).
(é recente o centenário do seu nascimento), foi o
Em paralelo, houve um maior vigor no desenvolvimento das marcas, primeiro a atribuir a natural sensualidade brasileira
criaram-se outras novas, e nasceram as ‘Fashion Weeks’ em São Paulo e à mestiçagem de índios, africanos e portugueses (e
também no Rio de Janeiro, e o Brasil passou a entoar a voz de “presente” depois outros europeus), procurando mostrar através
na restrita lista da chamada moda internacional. da sua obra que a miscigenação, historicamente
vista como sinal de subdesenvolvimento, é, pelo
Durante a maior parte da década de 90, todo esse esforço continuou contrário, um tesouro. O fim da ditadura militar,
a ser exclusivamente dirigido ao mercado interno (com 187 milhões de em 1985 (regime que durou 21 anos), supôs um
habitantes), e que nesses anos, graças aos benefícios do Plano Real, impulso à revalorização das raízes africanas, que
conseguiram integrar milhões de “novos” consumidores no mercado, são a parte dessa miscigenação que traz o ritmo,
pessoas até esse momento, praticamente à margem do mercado de a exuberância e a cor, que todos consideramos
consumo, porque com os efeitos da hiper-inflação, que corroíam os as principais senhas de identidade brasileiras.
já baixos salários, a nada mais podiam aspirar do que à subsistência.
A sensualidade que os brasileiros consideram,
Essa é uma das principais razões pela qual o Brasil permanece como um com orgulho, parte da sua identidade, tem, no
gigante relativamente desconhecido no têxtil internacional (as estatísticas Brasil moderno, uma das suas expressões no culto
colocam-no como 6º produtor têxtil mundial, 3º no ranking em sectores ao corpo que, sendo verdade que é um fenómeno
como o da malha de algodão, e com mais de 1,5 milhões de trabalhadores omnipresente em todo o Ocidente, adquire no Brasil
nos sectores têxtil e da confecção - tanto quanto em toda a Europa), com um carácter extraordinário. A influência mediática
excepção para os seus vizinhos do Mercosul, destino fundamental (embora do ‘lifestyle’ carioca (do Rio de Janeiro), onde a
os EUA também o seja, e a Europa para alguns sub-sectores) dum volume “cultura do corpo” assume um lugar central nas
de exportações ainda pequeno quando comparado com a dimensão da relações sociais, propagou-se por todo o país.
INSIDE
OUT

OS BIKINIS SÃO PARA O BRASIL O QUE OS JEANS SÃO PARA A AMÉRICA. MUITO MAIS DO QUE UM PRODUTO SÃO TAMBÉM UM
ÍCONE, A PEÇA DE VESTUÁRIO QUE MELHOR SINTETIZA O CARÁCTER DO PAÍS. MAS, ALÉM DISSO, SÃO A PONTA DE LANÇA PARA
O RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DA MODA.
CHICK INTIMATE CULT PREPAROU ESTA REPORTAGEM, NA QUAL SE COMBINA A EXPLICAÇÃO DO MERCADO E OS SEUS
PRINCIPAIS ACTORES, OS HÁBITOS DE CONSUMO E DA MODA, COM OS MITOS E FENÓMENOS SÓCIO-CULTURAIS QUE
TRANSFORMAM ESTE GRANDE PAÍS, TALVEZ, NO ÚNICO ‘TREND SETTER’ ENTRE OS PAÍSES FORA DA ÓRBITA EUROPA-EUA.

OBRASIL
«Esses trajes de banho têm o paradoxo de ter trazido
uma maior liberdade ao corpo, ao mesmo tempo que
trazem um maior controle social sobre os corpos
desnudados»1. O corpo nu deve ser livre de gordura,
“ A SENSUALIDADE DA MULHER BRASILEIRA É HOJE, SEM
SOMBRA DE DÚVIDA, UMA TRADUÇÃO DA FEMINILIDADE
DESTE NOVO MILÉNIO, E FAZER ROUPA PARA ESTA MULHER
flacidez para ser “decente”, pois “indecente” é o
corpo fora de forma. A resposta são a cultura da
“malhação” e da cirurgia estética.
ACABA POR ENCANTAR O MUNDO” AMIR SLAMA, ROSA CHÁ.
imagem das praias, onde em vez dos coqueiros e palmeiras, mostradas por

Pode parecer incrível, mas as mulheres brasileiras caribenhos e antilhanos na sua promoção turística, encontramos eternas
são, depois das japonesas, as mais insatisfeitas garotas de Ipanema.
com o próprio corpo2. O que fazer? O bisturi aparece A “beleza nacional”, natural ou conquistada, converte-se em “identidade
como solução. O Brasil surge em segundo lugar do nacional”, na imagem forte do Brasil no mundo.
ranking mundial de cirurgias plásticas (liderado
BRASIL MARCA
pelas americanas), calculando-se que 7% das
brasileiras já se submeteu pelo menos uma vez a O Brasil entra no selecto grupo de nações que pode merecer a definição
uma, enquanto 50% consideram a possibilidade de “País-Marca”. Muitos querem, tentam, mas não conseguem. Hoje, para
ou sonham poder fazê-lo3. Neste último ano diz-se ser-se marca são seguramente indispensáveis três elementos: estilo e
terem sido realizadas 800.000 intervenções, e personalidade, dimensão e, porque não, uma ponta de extravagância, que
apesar do Brasil ser uma espécie de Meca da o Brasil inquestionavelmente tem.
especialidade (Pitanguy e os seus “discípulos”
recebem pacientes de todo o mundo), são de facto Um exemplo: Há menos de um ano, foi inaugurado, em São Paulo, um
grande espaço’ de 20.000 m2 inteiramente dedicado às marcas de luxo
as brasileiras que engordam a lista. Em Janeiro e
chamado Daslu4. Uma das fundadoras, Eliana Tranchesi, afirma que se
Fevereiro, antes do Carnaval, é frequente ouvir-se
inspirou, em termos arquitectónicos, na embaixada italiana em Berlim.
na comunicação social que esgotaram os stocks de
Na Daslu só se entra de automóvel ou de helicóptero (dispõe dum heliporto),
silicone.
e as compras, desde um fato Chanel ou Gucci, a um jeans Dolce & Gabbana,
Ter um ‘bum bum’ perfeito é uma antiga obsessão uma caixinha de Moet Chandon, ou um aparelho da Bang & Olufsen,
nacional – os pedidos de implantes de silicone nos chegam à garagem num tapete rolante como nos aeroportos. Para
glúteos são comuns –, hoje vê-se complementada movimentar-se duma ponta à outra dentro do espaço comercial não são
com a ambição de ter seios proeminentes que nunca precisos esforços: carrinhos, como aqueles usados nos ‘greens’ de golfe,
estão à disposição dos clientes. E, num dia de sorte, pode-se cruzar com
caracterizaram as mulheres brasileiras: em dez anos
a Paris Hilton, que inseriu a Daslu na “tournée” de apresentação do seu
a aplicação de próteses de silicone que era, em
novo perfume. A abertura deste espaço não passou inadvertida à imprensa
média, de 120 a 180 mililitros passou para 160 internacional. O que talvez sim tenha passado é o facto da Daslu ter sido
a 220 mililitros. A morfologia típica da brasileira, construída ao lado duma pequena favela chamada pomposamente de
de busto pequeno e ancas largas, vai passando Coliseu, pelo que não faltou quem defrontasse a sociedade ‘chic’ perante
gradualmente para a história. Corpos não só cálculos ‘choc’: com a soma da renda mensal dos cerca de 150 habitantes
cultivados como também autenticamente esculpidos da favela Coliseu (uns 4.100 Euros5) estes poderiam comprar na Daslu nada
conquistam o protagonismo nos média de todo mais do que dois pares de jeans Dolce & Gabbana, que são vendidos por
o mundo que mostram o Carnaval carioca ou a cerca de 1.800 Euros. Se, por um momento, deixarmos de lado os
99
CHICK
exercícios de falso moralismo, pode-se dizer que naquele contexto a 2. Os números revelam o seu melhor lado no que
INSIDE OUT
Daslu não deixa de ser uma enorme extravagância, a irónica e inquietante se refere aos preços de exportação, crescendo mais
realidade da nossa modernidade. de 50% em 2004 em relação ao ano anterior.
Além de extravagante e por vezes exagerado, como se de uma ‘pop-star’ se Os “modestos” 8% de crescimento em número de
tratasse, o Brasil tem o terceiro ingrediente, o mais apetecido para fazer-se peças representam na realidade um aumento de
marca hoje. É o ‘sex-appeal’, a soma da sensualidade, tolerância e 65% no valor das exportações.
facilidade com que se relaciona esse povo. O ‘lifestyle’ associado ao 3. A produção (em unidades) cresce, porém,
Brasil vende, tendo como embaixadores desde o amarelo da “canarinha” a um ritmo bem mais modesto: 2,5% em 2004
(o futebol) até Carlinhos Brown que arrasta multidões com a sua folia em em relação ao ano anterior. Assim como o consumo
Paris ou Barcelona. interno no mesmo período, 1,7%, ainda que em
O Brasil já era ‘trend-setter’ antes mesmo dos profissionais brasileiros do valor calcula-se que supere os 15%.
mundo da moda começarem a pensar em como explorar esse facto para 4. Quando comparado com os maiores produtores
vender os seus produtos ao mundo. europeus, o Brasil exporta menos 20% do que a
DEPOIS DO ‘BOOM’ DE ESTILO, SERÁ O ‘BOOM’ DAS MARCAS? Espanha em número de peças, e menos de metade
em valor. Em relação à Itália, o Brasil exporta cerca
Durante toda a década de 1990 até hoje, para europeus e americanos, da metade das peças, produzindo um quinto do
o Brasil foi um grande baú onde foram buscar as modelos, pois só o Brasil valor que os italianos.
pode ter uma “alemã” ou “italiana” (Gisele Bundchen, Mariana Weickert,
Isabelli Fontana, Carol Trentini, etc.) com ‘ginga’ brasileira e ambição para 5. O mercado interno calcula-se em 1400 milhões
enfrentar os sacrifícios da profissão. Os criadores de moda internacionais de Euros. Quase o dobro do italiano, que vale cerca
também encontraram alguns dos elementos que são hoje estilisticamente de 750 milhões de Euros. Quase o triplo do
fundamentais no ‘jeanswear’ e no ‘beachwear’: as cintas descidas das espanhol, que vale cerca de 550 milhões de Euros.
calças; a modelagem dos bikinis, cujo reflexo no ‘underwear’ é mais do E três vezes e meia o francês, que vale uns 400
que evidente, vejam-se os cortes de slip mais cavados, as tangas e shorts milhões de euros.
de cinta descida. Logicamente, também encontraram contínuos motivos O mercado brasileiro continuará, previsivelmente,
de inspiração na exuberância das cores, na natureza, nos sons, na cativo das marcas locais, sem grandes pressões
miscigenação das raças e contrastes. Foram as marcas da Alta Moda que nos segmentos médio, médio-alto e inclusive o alto,
apresentaram “o Brasil” às passerelles, de Gucci a Dolce & Gabbana ou onde a penetração de marcas europeias só poderia
Dior, adaptando elementos da iconografia e estilos a seu bel-prazer; depois dar-se no segmento de alta moda, e, talvez,
as marcas europeias de gama alta seguiram o trilho, e por fim as cadeias nalgumas faixas de produtos estruturados,
de grande consumo. em ambos os casos, com volumes moderados.
Quando as empresas brasileiras começaram a abordar seriamente o Actualmente, as exportações de ‘beachwear’ europeu
mercado internacional depararam-se com duas realidades: a primeira, para o Brasil são insignificantes: as estatísticas
e boa notícia, é que o Brasil, ou, mais precisamente, a parte do seu cifram 9.000 unidades, vendidas, em média, por
‘lifestyle’ que chega à Europa (não isento de tópicos) está de moda. menos de e5 a unidade. Ou seja, um mercado que
Com intermitências no fulgor, nuns anos mais e noutros menos, volta ainda não existe, hoje, para os europeus, nem
ciclicamente à ribalta. A generalidade dos profissionais brasileiros do sequer nas gamas altas. Nos segmentos mais baixos
sector da moda identificam o ‘beachwear’ e o ‘jeanswear’ como os dois os brasileiros temem a penetração dos têxteis
sectores onde as marcas brasileiras poderão ter maiores oportunidades chineses no seu mercado; da mesma forma que
no futuro, porque neles o seu ‘mood’ é uma referência natural. Dizem que a China não dá muitas esperanças ao Brasil para
um mostruário de ‘beachwear’ brasileiro sempre encontra um comprador tornar-se um “actor” de primeiro plano como
disposto a que lhe seja mostrado. exportador de grandes volumes.

A segunda notícia não é tão boa porque entretanto o mundo apropriou-se As marcas brasileiras que se estão a impor
internacionalmente, e aquelas que se irão impor
dum estilo que os brasileiros consideravam como seu. Nos corredores da
no futuro, precisam dos mesmos ingredientes que
última edição de Lyon Mode City exibiram-se produtos de 480 marcas de
as marcas doutras partes do mundo: ou um nível
Moda Balnear, sendo uma trintena delas brasileiras. Mas em Lyon havia
criativo e de diferenciação do produto realmente
muito mais Brasil do que aquele representado pelas marcas brasileiras. excepcional que lhes permita captar a atenção dos
Muitas dezenas de marcas europeias incorporam como padrão a distribuidores e potenciais investidores; ou recursos
exuberância da cor, os cortes cavados e reduzidos, as tangas, os tops financeiros suficientes para sustentar um processo
“cortininha” (soutien em forma triangular onde a parte inferior da copa é de expansão internacional, preferencialmente
regulável - recordando o efeito duma cortina) ou triangulares de dimensões dominando a componente da distribuição. Melhor
mínimas, isto para não contar com as marcas europeias que introduzem o ainda, e cada vez mais importante, é a soma das
nome Brasil, ou têm um nome “abrasileirado”6, tal como noutros sectores duas componentes. Já o factor ou “marca Brasil”
da moda é frequente a inspiração francesa e italiana para dar o nome às é fundamental na medida em que os contactos são
marcas. Em síntese, dentro do seu estilo os brasileiros têm que concorrer ainda superficiais, como uma espécie de “aval”, que
não apenas entre si, como também com marcas internacionais que o dura apenas o tempo necessário para mostrar quais
interpretam e adaptam ao gosto de cada mercado. são as “armas” de que se dispõe. É um impulso,
não um motor.
Vale a pena também analisar alguns números7 para compreender o que está
a acontecer neste momento: O facto é que dificilmente veremos um ‘boom’ de
marcas brasileiras no mercado europeu, mas isto
1. O crescimento das exportações brasileiras de moda balnear, duplicou em não invalida que o ‘beachwear’ brasileiro venha a
número de peças exportadas em 2003, em relação a 2002 (passou de 3 a conquistar aqui na Europa posições acordes com
6,4 milhões de unidades). Em 2004 o crescimento abrandou as potencialidades das suas principais marcas e
sensivelmente (+8%). fabricantes.
MAIS BRASIL NA EUROPA Novas pequenas e médias empresas tentam também
dar o salto, em alguns casos unidas a um consórcio
Hoje chegam do Brasil para toda a Europa cerca de em volta duma marca e imagem comum, geralmente
1,7 milhões de bikinis e fatos de banho. Portugal e associada fortemente à cultura duma região
Itália são os principais destinos, mas com matizes brasileira, como a marca Pantanal. A ABIT,
diferentes. Portugal é o principal importador, pois conjuntamente com a APEX (agência para a
9% das exportações brasileiras dirigem-se a um país promoção das exportações brasileiras) reuniu
com um mercado limitado em termos de dimensões, um grupo de empresas que marcou presença
mas que para as marcas do país sul-americano tem na última edição de Lyon Mode City, num ano
outros trunfos: o primeiro é a afinidade cultural em que Brasil foi, por muitas razões, notícia
sendo mais fácil para os brasileiros encontrar um em França, na qual encontramos pequenos
parceiro comercial, convertendo-se nalguns casos exportadores, empresas já “tarimbadas” que
em entreposto na Europa de algumas das principais começam a dar os seus primeiros passos no
marcas, como por exemplo Rosa Chá. Mas há mercado externo, os já referidos consórcios,
também aspectos relacionados com a moda: as e empresas com uma forte componente
jovens portuguesas são claras adeptas das propostas artesanal (tecidos pintados à mão, etc.).
brasileiras de ‘beachwear’, e não pedem adaptações
na modelagem como lhes é exigido nos EUA e Todos, grandes e pequenos ou estilistas
noutros mercados europeus. Fazendo a equação badalados, descobriram nestes anos que o
entre as importações e a dimensão de mercado, seu principal trunfo está na reafirmação da
pode-se dizer que em Portugal o ‘beachwear’ própria cultura, ou seja a “brasilinidade”
brasileiro representa cerca de 10% do consumo destacada noutras partes deste dossier.
local. A Itália é o segundo mercado na Europa (8%); Se o custo da mão de obra é,
apesar de importar uma quantidade similar à de naturalmente, muito competitivo quando
Portugal, esta dilui-se nas mais de 38 milhões de comparado com o europeu ou americano,
peças de ‘beachwear’ que são consumidas e que a não o é em relação ao asiático.
convertem, a par da Espanha, no maior mercado Permite-lhes um certo grau de
europeu. Também os italianos costumam importar o competitividade nas gamas médias
‘beachwear’ brasileiro com a modelagem original, já com artigos que chegam ao público
que para eles assume a forma dum produto de nicho normalmente entre e30 e e40,
(para marcar diferença) e muitas italianas, como mas para mostrarem-se
outras mulheres mediterrânicas (gregas e francesas realmente concorrenciais e
por exemplo), apreciam o típico corte reduzido dos conseguirem diferenciarem-se
modelos. A excepção, até ao momento, é a Espanha as marcas brasileiras de
que tem, para além de marcas e uma produção local todos os segmentos (até no
forte, gostos próprios, nalguns casos antagónicos ao private label) recorrem cada
estilo brasileiro como, por exemplo, a preferência vez mais à personalização,
(mesmo entre a maioria das jovens) por modelagens introduzindo o elemento
que garantam uma maior cobertura (full bottom). artesanal que agrega um valor,
além de estético, cultural ao
Mas, como mostram os depoimentos que resumimos produto industrial que é o bikini
mais adiante, as marcas brasileiras apesar de ou fato de banho. As aplicações,
concentrarem as suas exportações europeias nos o croché, os elementos da natureza
países do sul e mediterrânicos, colocam os seus como as sementes, a pedraria,
produtos um pouco por todo lado. Têm marcas somaram-se aos já conhecidos
que exportam até para destinos aparentemente motivos estampados.
inverosímeis como a Rússia ou a Finlândia; adaptam
as modelagens a mercados como o americano (que A penetração das marcas na
absorve um terço das exportações), e mostram uma Europa será feita através da
enorme vontade de expandir-se suprindo com diferenciação e valorização
coragem a escassa experiência internacional (na dos produtos. A elevação do
maioria dos casos). Marcas internacionalmente preço médio de exportação do
‘beachwear’ brasileiro que chega
conhecidas, como Rosa Chá de Amir Slama, que
à Europa, num momento em que,
encontramos por preços entre e80 e e450 na sua
em termos gerais, o nosso
loja de Lisboa, e em boutiques e ‘department stores’
continente está a importar por preços
espalhadas em vários países de Europa; ou Lenny,
mais baixos, reflecte a definição dum
de Lenny Niemayer, presente na Harvey Nichol’s,
novo paradigma, fundado cada vez
ou na exclusiva Quinta do Lago, no Algarve (entre
mais no valor acrescentado, fortemente
muitos outros pontos de venda na Europa), com centrado na componente cultural e
preços de venda ao público que variam entre e80 não, unicamente, no volume e
e e200. Em gamas um pouco mais acessíveis, capacidade industrial.
Salinas, Poko Pano, Água de Coco ou Cia. Marítima
(do Grupo Rosset, considerado o maior fabricante
de tecidos com Lycra da América Latina) estão
presentes em vários mercados europeus
incrementando ano após ano a sua presença
SALINAS
e vendas.
CHICK 101
No Sul, além do estilo europeizado que
INSIDE OUT
caracterizamos como tipicamente paulista, existem
regiões como Santa Catarina onde a cultura do ‘surf’
é muito forte, influenciando estilos, tons e tipo de
estampados, que de alguma forma remetem à tribo
global indo desde a Califórnia, Hawaii, ou por
Florianopolis.

Passando para temas práticos, onde as brasileiras


compram os seus bikinis e fatos de banho, e quanto
estão dispostas a pagar? Calcula-se que são
vendidas no Brasil mais de 200 milhões de peças
(femininas e masculinas), e que o rácio de peças
adquiridas por habitante seja 60% superior ao dos
países mediterrânicos que mais consomem (Itália e
Espanha). Como disse David Azulay, na nossa
entrevista: «no Brasil a “moda praia” é coisa séria».

Existem muitas lojas dedicadas exclusivamente à


“moda praia” (‘beachwear’, complementos e algum
vestuário ligeiro), e praticamente todas as marcas
relevantes, têm pelo menos uma pequena cadeia de
O CONSUMO: ONDE E COMO COMPRAM A MODA BALNEAR OS BRASILEIROS
boutiques, onde comercializam as suas linhas.
No Brasil, com seus oito mil quilómetros de costa e oito meses de sol, Existem também lojas multimarcas, dedicadas a
o Verão é muito mais do que apenas a estação das praias e das férias. artigos desportivos, “surf-shops” e logicamente,
É impossível generalizar, dadas as dimensões e diversidade do Brasil porque ali também não faltam, grandes superfícies
(étnica, cultural e económica), mas podem ser explicadas em poucas linhas como Carrefour. É consensual que o “preço
algumas das suas principais características e costumes do mercado local. psicológico”, ou seja o valor que a mulher brasileira
está disposta a pagar por um bikini de marca, situa-
Primeiro existem duas grandes formas de interpretar o ‘beachwear’ se entre 25 e 30 Euros. O comércio começa pelos
brasileiro que demarcam a sua fronteira (litoral) a partir do Rio de Janeiro. ambulantes, que vendem para além de produtos
Desde as praias cariocas até o extremo litoral norte, vive-se intensamente a locais também produtos importados da China e
praia, mostra-se mais o corpo e, em termos gerais, tem-se um menor poder complementos da Índia. A segmentação vai
de compra. Preferem-se os modelos mais reduzidos, na parte de cima o gradualmente subindo, e nos hipermercados um
chamado “cortininha” ou os triangulares sem estrutura, que em alguns bikini custa cerca de 7 Euros; nas cadeias de lojas
casos cobrem pouco mais do que o mamilo; a parte de baixo de dimensões de retalho popular, como C&A e Lojas
reduzidas e cinta descida, e o string, que os cariocas chamam de Pernambucanas sobe-se para 10 a 15 Euros. E nas
“fio dental”. Os modelos são coloridos e a aposta recai sobre os boutiques situadas nos ‘shoppings centers’, que por
estampados que são o que personaliza realmente os modelos e onde as questões de segurança transformaram-se no lugar
marcas “marcam” o próprio terreno criativo. As praias do Rio de Janeiro privilegiado para as compras, encontra-se a maioria
e do Nordeste reflectem a imagem que os europeus têm do modo como das lojas monomarcas dos principais fabricantes,
as mulheres brasileiras vivem a praia. Mesmo assim há matizes entre as que praticam preços entre os 25 até 90 Euros (nas
praias cariocas e as nordestinas: o Rio de Janeiro é mais moderno e gamas mais luxuosas). Existem lojas como a já
sensual, assume-se como trend-setter. No Nordeste vive-se a praia pela mencionada Daslu, e algumas boutiques monomarca
praia, ou seja duma forma mais livre, menos condicionada pelo “stress” situadas nas zonas mais exclusivas das grandes
do culto ao corpo carioca. metrópoles (como a rua Oscar Freire, em São Paulo)
que vendem gamas mais caras decididamente para
No Sudeste e Sul do Brasil, mais concretamente a partir de São Paulo, uma restrita minoria.
temos uma consumidora diferente. Utilizando a linguagem irreverente e
bem humorada dos brasileiros, diríamos que o seu padrão de bikini está Na reportagem os entrevistados afirmam que as
entre aquele duma brasileira “bem comportada” e o duma europeia mulheres brasileiras mostram-se dispostas a pagar
“atrevida”. ‘Gags’ à parte, o que acontece é que nestas regiões encontramos proporcionalmente mais por um bom bikini do que
uma maior influência da emigração europeia que veio somar-se durante por uma boa peça de vestuário, e nos shoppings
todo o século XX à dos colonizadores portugueses: são italianos, espanhóis, centers é frequente encontrarmos mais do que uma
alemães, eslavos e também asiáticos, sobretudo japoneses e coreanos. Nas loja dedicada à “moda praia” (termo brasileiro). O
colecções pensadas para estas zonas, encontramos uma maior preocupação responsável da marca Lagoon contou-nos em
com a estruturação da parte de cima do bikini, com copas estruturadas, entrevista uma situação limite: num shopping center
o ‘bandeau’, e na parte de baixo há o cuidado em proporcionar opções no Nordeste do País contabilizou 16 pontos de
para quem quer uma maior cobertura. Nas linhas são mais frequentes os venda dedicados ao sector. O Brasil tem mercado,
adornos, em parte porque não se destinam unicamente à praia, pois as mas também tem fabricantes e marcas empenhadas
paulistas são mais frequentadoras de clubes e piscinas. Os tons são mais em atendê-lo: calcula-se cerca de 750 fabricantes
sóbrios e os estampados menos exuberantes, assim como são mais de moda balnear espalhados por todo o território.
frequentes os modelos lisos. O poder de compra é maior, visto
encontrarmo-nos na zona mais economicamente desenvolvida do País. Deixamos para o final algumas curiosidades como as
Como no caso do Rio de Janeiro e Nordeste, também no Sudeste e Sul diferenças de pontos de vista entre um e outro lado
existem matizes entre as várias zonas: São Paulo, como grande metrópole do Atlântico: as mulheres brasileiras, ao contrário
(mais de 20 milhões de habitantes) reúne pessoas de todas as regiões e das europeias, raramente fazem topless, pudor que
costumes, pelo que é frequente dizer-se que em São Paulo “cabe tudo”. para europeus parece anacrónico tendo em
consideração as reduzidas dimensões dos bikinis
que vestem. Por outro lado, as brasileiras acham
absolutamente inestéticas as versões “full bottom”
dos slips, preferidos nalgumas zonas da Europa e
AS MARCAS
O SELO DA PERSONALIDADE DO CRIADOR.
nos EUA. Outro ponto de vista divergente: para
muitas brasileiras, a marca do bikini deixada pelo DAVID AZULAY E A “TRIBO GLOBAL”
bronzeado é sexy. Pelo contrário, as europeias «Blue Man é uma marca focada numa tribo presente em todo o mundo,
procuram equilibrar o tom das partes cobertas que agrada a mulher e ao surfista “bacana” (cool) de outros lugares do
durante a exposição solar, recorrendo precisamente mundo». Para David Azulay «... “bacana” hoje é manter-se jovem, e não
ao topless e ao ‘solarium’. ambicionar conquistar o mundo». A diferença da Blueman está na
‘brasilinidade pop’, como ele próprio definiu. Procurando imprimir sempre
Por fim, a mais relevante e talvez mais polémica essa atitude, que o catapultou para o mundo da moda, deixou a sua terra
entre os fabricantes: as brasileiras estão habituadas natal, no Pará (bem perto da linha do equador, no extremo norte do Brasil),
a bikinis e fato de banhos com uma malha mais para se aventurar nos finais dos anos 60 em Ipanema, trazendo como
grossa, e a peças forradas, o que entre nós está novidade o bikini jeans (hoje ícone da marca). Com um target de preços
em desuso, salvo para as linhas modeladoras e ao público entre e90 e e120 o bikini, a marca tem 21 lojas, próprias e
de contenção. Argumenta-se que as brasileiras em ‘franchising’ no Brasil, e exporta as suas linhas principalmente para
privilegiam a durabilidade (por isso preferem peças Portugal, Espanha, Caribe, México, Inglaterra, EUA e Japão
com tecidos mais grossos), e não querem que o
tecido origine transparências; na realização desta AMIR SLAMA E A DÉCADA DE OURO
reportagem alguns fabricantes brasileiros afirmaram Amir Slama, criador da Rosa Chá, demonstra além da inegável criatividade
que as europeias, preferem malhas mais finas e sem que imprime na marca, uma grande capacidade para marcar a própria
forros porque não se importam que se notem as diferença e movimentar-se no exclusivo círculo da moda internacional.
transparências, o que talvez seja um erro de Criada em São Paulo em 1988, Rosa Chá destacou-se desde o principio
apreciação. Na realidade, também na Europa se pela originalidade com que combina materiais, conceitos, comunicação,
usavam malhas em Lycra mais grossas e forros gerando grande curiosidade e interesse em cada nova colecção. Visão
(embora em algumas linhas e marcas ainda se global, fazendo emergir o melhor das suas raízes brasileiras, parece ser
usem). No entanto, as recentes malhas utilizadas essa a filosofia que guia Slama. Com um ‘exploit’ invejável, Rosa Chá é
pelos principais fabricantes conseguem ser mais talvez a marca brasileira mais conhecida a nível internacional no que se
finas e ao mesmo tempo mais compactas refere ao beachwear, apesar de actualmente a colecção integrar também
(tecnicamente é possível com as novas gerações de produtos de jeanswear e lingerie. A carreira internacional começou em
fios utilizados). Deste modo, produzem-se malhas 1997, pela América, Los Angeles e Nova Iorque, consolidando-se a partir
mais leves que secam mais rápido, mais resistentes de 2000 com a participação nos desfiles da Mercedes Benz Fahion Week
à salitre e ao cloro, dispensando de forros pois não (Nova Iorque). Em 2002 dá-se a chegada à Europa, sendo Lisboa a porta
transparecem. Na Europa foram necessárias algumas de entrada, com a abertura duma primeira ‘flagship store’ que antecipou a
estações, e a aposta das marcas de topo nestas segunda abertura internacional, desta vez em Miami. Rosa Chá, com
malhas, para que as consumidoras aderissem e modelos que geralmente superam os e150 nas lojas, está presente desde a
perdessem os receios iniciais. Bergdorf Goodmann, em Nova Iorque, ao Harvey Nichols, em Londres, ou a

BLUE MAN ROSA CHA LENNY


CHICK 103
Printemps, em Paris, para além de mais de 200 pontos de venda O estilo divertido da POKO PANO, de Paula Robba,
INSIDE OUT
multimarcas em todo o mundo, que se somam às cerca de 25 lojas começa na escolha do nome da marca, uma
monomarca e cerca de meio milhar de lojas multimarcas no Brasil. verdadeira declaração de intenções de quem quer
Mas Amir Slama promete não ficar por aí, abrindo novas frentes na encher as praias de modelos sensuais, irreverentes
diversificação da gama e criação de novas marcas como a Sais, e novos e divertidos. A aposta na fácil coordenação de peças
projectos como o contrato com a Speedo para o lançamento duma linha de diferentes modelos, na cor e em temáticas
desportiva “fashion”, ou, continuando num registo similar, em termos de descontraídas, fazem com que o público alvo sejam
marketing, a criação duma colecção Naomi Campbell by Rosa Chá. as jovens (também para as jovens de espírito...).
Poko Pano está no mercado há 18 anos, e no Brasil
LENNY, CHIC PAULISTA COM ALMA CARIOCA a marca possui seis boutiques próprias, três delas
A criadora Lenny Ortiz Niemeyer, paulista de origem (São Paulo), define-se em São Paulo. Além dos pontos de venda próprios,
com “alma” carioca (do Rio de Janeiro). É desta dicotomia, a da maior Poko Pano encontra-se em lojas multimarcas de todo
sofisticação que caracteriza São Paulo, e a sensualidade carioca o país. Em termos de mercado exterior, a marca
“formadora de opinião” (diz), que surgem as colecções duma das marcas exporta para Portugal (onde tem três lojas próprias
mais “couture” do beachwear brasileiro, que se apresenta com o nome da e numerosos clientes multimarcas), Espanha, Itália,
própria estilista. Lenny destaca-se pela elegância com que vestem os seus EUA, México, Chile, Bolívia, África do Sul, Austrália,
modelos considerando-se a marca brasileira com um estilo mais próximo Rússia e Japão.
do europeu, recorrendo frequentemente aos brilhos, plissados, macramés
e sempre procurando ter respostas na colecção, em termos de modelagem, A marca ÁGUA DE COCO nasceu em 1985 na cidade
para os mais variados tipos de morfologia. A primeira loja Lenny surge em de Fortaleza (no Nordeste do Brasil) criada por Liana
1993, em Ipanema. Hoje, após dez anos no mercado e com a consagração Thomaz. Os modelos mais característicos da marca
da sua linha Beach Couture, os produtos da marca (que conta com uma (e preferidos pelas brasileiras) são simples, com
vintena de lojas próprias no Brasil) podem ser encontrados em lojas estampas coloridas, num espírito ‘pop’; outras linhas
multimarcas espalhadas em todo o Mundo, como Le Bon Marché (França); mais elaboradas em tons de terra, dourados com
Sack’s (EUA); Barney’s e Harvey Nichol’s (UK); e em outros países, como bordados, pedrarias e ferragens (respondendo à
Republica Dominicana, África do Sul, Argentina, Venezuela, Canadá, demanda do mercado exterior e segmentos de
Portugal , Grécia, Espanha, Hong Kong e Austrália. consumidores mais clássicos e/ou sofisticados).
Actualmente, Água de Coco está presente em todo
MARCAS EM DESTAQUE: JOVENS, DIVERTIDAS, SENSUAIS. o Brasil, em mais de 250 lojas multimarcas e 13
boutiques monomarca. EUA, Canadá, Espanha,
SALINAS, fundada pela estilista Jacqueline De Biasi, apresenta como França, Alemanha, Itália, Portugal, Japão, Austrália,
principais credenciais o colorido pop, os modelos bem humorados onde Porto Rico, Ilhas Virgens, Caribe, República
a simplicidade e alegria traduzem o “astral” dum Rio de Janeiro ideal. Dominicana, México, Costa Rica e África do Sul,
No Brasil, Salinas é vendida actualmente em oito boutiques próprias e em são alguns dos 20 países para onde a marca exporta.
onze lojas monomarca franchisadas, além de cerca de 300 pontos de venda
multimarcas em todo o Brasil. Na frente externa, tanto a rede de distribuição CIA. MARÍTIMA fundada em 1990, pertence ao Grupo
que a Salinas possui nos EUA (onde a marca pode ser encontrada na Saks e Rosset que é o maior produtor de tecidos com Lycra
em Victoria’s Secret), como na Europa, foram ampliadas em 2002, obtendo- na América do Sul. A aposta recai assim sobre o
se uma triplicação das vendas em apenas dois anos. EUA, Portugal, Espanha, desenvolvimento de novos tecidos, técnicas de
Grécia e Rússia são alguns dos principais mercados. modelagem e acabamentos, acessórios que dão aos

SALINAS POKO PANO AGUA DE COCO CIA. MARITIMA


modelos um toque de exclusividade. Em 1999 o
Grupo Rosset decidiu lançar a segunda marca, a
Água Doce, tendo como alvo um público ainda mais
jovem do que a Cia. Maritima, que apresenta um
“ NUM SHOPPING CENTER NO NORDESTE DO PAÍS
CONTABILIZOU 16 PONTOS DE VENDA DEDICADOS AO SECTOR.
O BRASIL TEM MERCADO, MAS TAMBÉM TEM FABRICANTES E
maior conteúdo em termos de moda nas suas
colecções. Água Doce aposta nas combinações de MARCAS EMPENHADAS EM ATENDÊ-LO: CALCULA-SE CERCA
cores marcantes, divertidas, no ambiente DE 750 FABRICANTES DE MODA BALNEAR ESPALHADOS POR
descontraído da praia. A Cia. Marítima é uma das
marcas mais importantes do Brasil pela sua difusão,
considerando-se a maior exportadora de bikinis do
país tendo, essencialmente, os seus mercados na
TODO O TERRITÓRIO

ACCALARENTIA do Rio de Janeiro, com bikinis que primam pela sua
exclusividade, com detalhes artesanais que remetem à personalidade e
Europa e EUA.
sensualidade brasileira. A marca situa-se num segmento médio-alto (os
SOBRE ALGUNS VALORES EMERGENTES E GRUPOS seus bikinis são vendidos nas lojas por cerca de 40/50 Euros). Exportam
CONSOLIDADOS para Portugal, Espanha, Itália, França e EUA.
Criada pela ex-editora de moda Amalia Spinardi, O GRUPO ÁGUIA fundado em 1937, é um dos principais fabricantes de
JO DE MER ambiciona dar uma nova cara ao beachwear brasileiros. Segmenta as suas colecções em cinco marcas,
beachwear brasileiro. Começando pela modelagem, próprias e licenciadas, que são distribuídas em todo o Brasil. Nos
que procura cobrir um pouco mais do corpo, ainda segmento clássico o grupo apresenta a Águia, onde se pretende o equilíbrio
que procurando não abandonar o lado sensual. Os entre a qualidade e os preços competitivos. E Catalina, marca da Warnaco
detalhes procuram imprimir um aspecto chic, por licenciada pelo grupo, com tecidos e estampados exclusivos dirigida a
vezes luxuoso, às peças, como fivelas de strass, mulher clássica, que se revê numa marca cuja fama remonta às décadas
argolas de metal, correntezinhas boogie e pérolas. 50 e 60; Manvar, modelos que actualizam o clássico; Club del Sol,
Spinardi diz «o meu bikini é limpo, sem estampas, distribuída com exclusividade no Brasil pelo grupo, dirigida à classe alta;
para a cliente colocar seu estilo em acessórios». e Praia Brasil, que é a marca mais exportada pela empresa, na qual os
É uma marca nova, que quer primar pela seus criadores procuram fazer a síntese do melhor da criatividade
exclusividade, vendida em poucos pontos de venda, brasileira, apresentando um padrão de design jovem e arrojado, que no
mas bastante seleccionados, sobretudo em São Brasil só está disponível nas lojas franchisadas pela marca.
Paulo e Rio de Janeiro, e também em Nova Iorque
e Portugal.
Para os criadores da marca “paulista” SALGAR,
a liberdade de pensamento e o grande fluxo de
informações que caracterizam a sociedade actual são
as bases para o desenvolvimento das colecções que
resultam em formas femininas, arrojadas, modernas e
confortáveis. As exportações concentram-se nos EUA
e em Portugal, como plataforma para expandir-se
para outros países da Europa.

SALGAR ACCA LARENTIA MANVAR


CHICK 105
Grécia e América Central. Na formação das
INSIDE OUT
colecções procuram transmitir a riqueza do
património natural do Brasil, como os estampados
de frutas exóticas do Amazonas e florais inspirados
na ‘vitória regia’.
GAAZ BIKINIS foi criada há três anos na Bahia
(Nordeste do Brasil), para se segmentar numa faixa
alta de mercado (chega ao público entre 70 a 200
Euros). Apostam na tecnologia digital aplicada para
a criação de estampados exclusivos; assim como na
personalização extrema dos modelos. Com uma
capacidade de produção de 60 mil peças/ano,
somente 20% dirige-se ao mercado brasileiro (onde
a Gaaz Bikinis tem quatro lojas). Os restantes 80%
da produção são exportados para países como
MEIO TOM Portugal, Espanha, Alemanha, Suíça, Itália, Israel,
África do Sul.
PANTANAL FASHION EXPORT, criado em 1999,
LYON MODE CITY: O BRASIL MOSTRA O SEU LADO ECLÉCTICO detentor da marca Pantanal, é um consórcio
formado através da associação de seis empresas que
A ABIT e a APEX reuniram um grupo de marcas que quiseram sentir o vendem os seus produtos há mais de 10 anos no
pulso do mercado europeu através da “quermesse” francesa da moda Brasil, e tem uma capacidade de produção de 600
íntima e balnear. Convém sempre destacar que, apesar de se apresentarem mil peças/ano (dedicada não exclusivamente à moda
no colectivo, cada empresa mostrava um perfil próprio e, inclusive, balnear). Tem na cidade de Campo Grande (capital
objectivos estratégicos diferentes. Pequenas empresas com produtos Estado de Mato Grosso do Sul, conhecido
altamente personalizados; outras dedicadas à grande distribuição; precisamente pela reserva natural dum incalculável
fabricantes à procura de clientes ‘private label’; marcas de moda valor ecológico) o centro de todas as operações. A
emergentes; consórcios regionais formados por pequenas e médias marca Pantanal está fortemente ligada à cultura
empresas. Nas próximas linhas procuramos uma sintética caracterização de regional e indígena e à preservação do ambiente
cada um deles. (parte das vendas remetem a projectos de
preservação), procurando no seu estilo interpretar
MEIO TOM, criada em 1986, na cidade de Fortaleza (Nordeste do Brasil), aquele Brasil ecologicamente exuberante e ao
onde possui quatro lojas. Em Lyon procurou mostrar o seu ponto forte, o mesmo tempo sensual, mas afastado do cliché do
nível criativo da sua colecção (com destaque para os trikini) e para os Brasil do Carnaval. São usadas tintas naturais nas
complementos. A marca já é exportada para a Europa (Portugal e Itália), e peças, e para valorizá-las detalhes artesanais feitos
para alguns países da América do Sul como o Uruguai e o Peru. em osso de chifre de boi, ou sementes autóctonas.
BIQUINI BRASIL de Sílvio e Denise Altman comercializam as suas gamas nas O consórcio vende os seus produtos
grandes superfícies como Carrefour, e as do Grupo Sonae no Brasil; fundamentalmente no Brasil, mas já exporta para
exportam para Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, EUA, Chipre, países como a Alemanha França e Itália.

BIQUINI BRASIL GAAZ BIKINIS PANTANAL


MAMELUCA é uma novíssima marca criada em São
Paulo, estruturada numa oficina têxtil. A aposta
recai nos tecidos pintados à mão e desenhos
exclusivos, e no global das colecções a maior parte
das vendas continua a vir dos acessórios de praia. O
sucesso inicial parece evidente, pois no último ano
já exportaram para 17 países, entre os quais
Portugal, Espanha, Grécia, Itália, França.
A BRASIL SUL é pioneira no ‘active wear’ brasileiro,
produzindo modelos para fitness, assim como o
swimwear desportivo, tudo com um toque de moda
brasileiro. 60% da produção (que no total é de
aproximadamente 700.000 peças) destina-se para o
mercado local onde, além do comércio multimarcas,
possui nove pontos de venda próprios. Uns
consideráveis 40% são exportados, principalmente
para os EUA. Brasil Sul vai abrindo pontos de
vendas próprios também fora do seu país, e na
América Latina já tem sete no Mexico, dois no
Paraguai, e um no Chile. Na Europa foi aberta uma
loja na zona metropolitana de Lisboa. A presença em
mais de 800 pontos de venda multimarcas em todo
o mundo complementam a rede de distribuição
internacional.
Há 12 anos no mercado, ACQUAMARE, marca de
origem paulista, produz bikinis com padrões e
bordados exclusivos, posicionando-se num segmento BRASIL SUL ACQUAMARE
médio, destina-se a um target de idades entre os 18
e 35 anos. No Brasil, além de vender os seus
produtos em lojas multimarcas, Acquamare possui de modelagem internacional, e mostra uma clara inclinação para o
16 lojas monomarca. mercado externo. Este ano as colecções da marca seduziram grandes
Na PÊRA BRASIL, criada há apenas 4 anos, a aposta retalhistas europeus como as Galerias Lafayette, La Samaritaine (em
passa pela máxima personalização dos modelos com França) e o El Corte Inglês. A marca exporta para os EUA, Espanha, Itália,
tecidos exclusivos, pintados à mão e utilizando Portugal, Holanda, Grécia, Israel, México, França, Suíça, Alemanha,
técnicas de acabamento sofisticadas, o croché com Finlândia, Dinamarca, Eslovénia, Republica Dominicana, Guatemala, Porto
Lycra usada também no macramé, além do Rico e Uruguai.
enobrecimento das peças com complementos ou BLEND BRASIL apresentou-se em Lyon MC como um consórcio de marcas
seja com pedras semi-preciosas, madeiras, conchas coordenadas pela entidade Sebrae do Ceará, provenientes desse Estado
e penas. Pêra Brasil afirma que optou por um tipo Brasileiro (situado no nordeste do país, e tendo como capital Fortaleza),

PÊRA BRASIL BLEND BRASIL BLUE BRASIL


CHICK 107
INSIDE OUT

SUNERGY FULÔ CLEO BRASIL

que é hoje o terceiro pólo mais importante em termos de produção de internacional, apostando desde o inicio no
‘beachwear’, no Brasil. Filha do Sol, Emanuelle, Corpo de Água e Caíupe, e-business como canal estratégico para as vendas da
são marcas que têm como elo comum o trabalho manual feito sobre marca. Em termos de estilo, destaca a afirmativa
pinturas e bordados que caracterizam as colecções, uma aposta clara na defesa do estilo genuinamente brasileiro, recorrendo
personalização de cada modelo. As exportações têm como alvo a Europa nos seus estampados à inspiração da obra de
Ocidental, EUA, Israel, alguns países do Caribe e alguns africanos (Angola, artistas locais, propondo uma visão forte e
Senegal, Cabo Verde, Costa do Marfim). sofisticada do ‘beachwear’ brasileiro.
Firmo Gusmão, fundador da BLUE BRAZIL, quis fazer uma marca sustentada
na sua longa experiência internacional, procurando unir o estilismo e ENDEREÇOS E CONTACTOS SOBRE AS MARCAS REFERIDAS NESTA
capacidade de surpreender do talento brasileiro, à maleabilidade das REPORTAGEM PODEM SER PEDIDOS A CHICK@CHICK-PT.COM

colecções, necessária para mover-se em mercados tão diferentes como o


europeu, americano e asiático (Japão), para onde a marca exporta a
© CHICK INTIMATE CULT 2005
maioria da sua produção
SUNERGY (no Brasil Sol & Energia) define-se como uma marca transversal
em termos de segmentação, procurando além de manter um alto padrão de
qualidade, um estilo marcante pelos detalhes artesanais, que não impede
manter-se numa faixa de preços competitivos. A marca criada em 1989
está presente há nove anos no mercado internacional, em países como
Itália, Alemanha, Inglaterra, Japão, Portugal, França, Espanha, Suíça,
Holanda, Porto Rico, e EUA, entre outros (no total 40 países). CITAÇÕES E ORIGEM DE ALGUNS DOS DADOS PUBLICADOS:
LAGOON está no mercado desde 1995, e é procedente de Curitiba (Paraná, 1 Citações dum texto de Cláudia da Silva Pereira, sobre o livro
estado do extremo sul do país) operando no segmento de moda balnear e Brasil Nu & Vestido: dez antropólogos revelam a cultura do
‘fitness’ (com a marca KAS). Em termos de estilo tem o selo inconfundível corpo carioca.
das marcas vindas do Sul do Brasil, mais “bem-comportadas” do que as 2 Retirado dum recente estudo divulgado pela Unilever.
cariocas, mais elegantes, e igualmente criativas. A Lagoon está presente no
3 As estatísticas sobre cirurgias estéticas provêm de textos das
centro e sul do país com lojas próprias (KAS), em algumas das principais principais agremiações do sector
cidades ou localidades com alto poder de compra, além dos vizinhos
Paraguai e Uruguai (Punta del Este). 4 Na realidade trata-se da reabertura da loja numa nova
localização, maior e mais luxuosa. Daslu é considerado o mais
FULÔ foi criada há apenas quatro anos, no Rio de Janeiro, com dois importante espaço para a venda de artigos de luxo da América
objectivos: ser uma marca com vocação exportadora e, em paralelo, ter do Sul.
uma função social. As colecções reúnem todos aqueles aspectos que se 5 Os jornais brasileiros que publicaram esses dados, chegaram
esperam do ‘beachwear’ brasileiro, estando, entre as principais apostas os a essa conclusão em função dos dados do IBGE sobre a renda
bikinis elaborados em croché e com aplicações de acessórios. Fulô do colectivo residente no “Coliseu”, comparando-a com os
preços marcados na Daslu pelos jeans da marca italiana.
começou este ano a exportar para países como Suíça, Espanha (El Corte
Inglés e algumas lojas nas ilhas Baleares), Inglaterra, França e Portugal. 6 Be Brasil, Okay Brasil, Colors do Brasil, Cores do Sol, Too Hot
CLEO BRASIL apresentou-se em Lyon Mode City fora do espaço da Brazil, e um longo etcetera.
ABIT/APEX, dedicado às marcas brasileiras. A marca de Vanda Guerra, 7 Os dados directos ou derivados, provém da ABIT (Brasil);
durante anos designer em Nova Iorque, foi criada a pensar no mercado SMI (Itália); Cityc (Espanha); ATP (de todos os países citados).
CHICK 108

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