1. Contestação.
Nos termos da lei, o réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação,
exceção e reconvenção (CPC, art. 297).
Ressalte-se, de antemão, que, diante da citação a iniciativa mais comum a ser tomada pelo Réu é o oferecimento da contestação.
Assim, trataremos oportunamente da exceção e reconvenção, tão-logo concluamos nossa análise da principal peça de defesa.
Trata-se, com efeito, de peça processual destinada a carregar a antítese, ou seja, a negativa da tese que instrui a formulação,
corporificada na petição inicial.
Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o
pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir (CPC, art. 300). Essa é a defesa direta, que discute, grosso modo,
a existência ou inexistência de relação jurídica de direito material.
Mas essa não é a única forma de defesa possível, pois poderá (leia-se: deverá) o Réu impugnar a tese invocando questões
processuais e materiais que impedem a implmentação prática dessa discussão (acerca da existência ou inexistência de relação
jurídica de direito material).
Novamente tendo em vista o que prescreve codex processual (art. 301), cabe ao Réu, antes de discutir o mérito, alegar:
II - incompetência absoluta; Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e
pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição,
independentemente de exceção.
Parte da doutrina classifica essas matérias como exceções processuais que, por sua vez, ainda nessa mesma classificação
doutrinária, dividem-se em exceções processuais dilatórias (que são as que não importam a extinção do processo) ou peremptórias
(que importam a extinção do processo).
Esses mesmos doutrinadores defendem a existência de um outro tipo de exceção, denominada substancial, que são exatamente
aquelas relacionadas ao mérito da pretensão. Essas exceções substanciais podem ser diretas, quando dizem respeito à existência ou
inexistência da relação jurídica de direito material, ou indiretas, quando, mesmo não importando semelhante discussão, importam
solução de mérito.
OBS: Salvo o disposto no art. 267, V (LITISPENDÊNCIA E COISA JULGADA), a extinção do processo não obsta a que o autor intente
de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos
honorários de advogado (art. 268).
Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro Ihe opuser impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor, este será ouvido no prazo de 10 (dez) dias, facultando-lhe o juiz a produção de prova documental.
(d) as exceções substanciais diretas: a exposição das razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor (art. 300,
caput).
Mais ainda: cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, pois se presumem
verdadeiros os fatos não impugnados (CPC, art. 302).
Isso se chama REVELIA.
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato;
Os efeitos da revelia estão previstos no artigo 319, que fixa que se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos
afirmados pelo autor.
Todavia, seus efeitos não se operam (1) se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; (2) se o litígio versar sobre
direitos indisponíveis e (3) se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à
prova do ato (CPC, art. 320).
Do que se vê, toda a defesa deve ser argüida até o momento da contestação, pois, nos termos da lei, depois da contestação, só é
lícito deduzir novas alegações quando (1) relativas a direito superveniente; (2) competir ao juiz conhecer delas de ofício; (3) por
expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo (CPC, art. 303).
2. Exceções.
As exceções encontram-se previstas no artigo 304 do CPC, que comete às partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art.
112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).
Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de 15 (quinze)
dias, contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição (CPC, art. 305).
Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente julgada (CPC, art. 306).
O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e devidamente instruída, indicando o juízo para o qual declina (CPC,
art. 307).
Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição pode ser protocolizada no juízo de domicílio do réu, com
requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação (CPC, art. 305, parágrafo único).
Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o excepto dentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo
(CPC, art. 308).
Poderá ele (1) indeferir a petição inicial da exceção, quando manifestamente improcedente (CPC, art. 310) ou, havendo
necessidade de prova testemunhal, (2) designar audiência de instrução (CPC, art. 309).
Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz competente (CPC, art. 311).
Conforme consta do artigo 312 do CPC, a parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, especificando o motivo da
recusa (arts. 134 e 135).
A petição, dirigida ao juiz da causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a alegação e conterá o rol de
testemunhas (CPC, art. 312, parte final).
(1) se reconhecer o impedimento ou a suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal;
(2) em caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se
houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal.
(1) verificando que a exceção não tem fundamento legal, determinará o seu arquivamento;
(2) no caso contrário, condenará o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal.
Só poderá ter por base os fatos alegados pelo autor na inicial, somente se fazendo novo enquadramento jurídico.
FUNDAMENTOS: Como regra, o réu admite que os fatos alegados pelo autor existem, entretanto apresenta outros fundamentos
jurídicos, alegando que não é o autor que tem direito.
(b) Reconvenção:
Pode ter dois FUNDAMENTOS: ou o réu dá um outro enquadramento jurídico ao pedido do autor (ficando semelhante ao pedido
contraposto), ou tem por base um direito alegado na defesa (Ex: numa cobrança, o réu alega em reconvenção que também tem um
crédito em face do autor).
A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peças autônomas; a exceção será processada em apenso aos
autos principais (CPC, art. 299).
Capítulo 2 - TERCEIROS.
1. Litisconsórcio e assistência.
1.1 Litisconsórcio.
Litisconsórcio é a pluralidade de sujeitos nos pólos da relação processual. Nos termos da lei, duas ou mais pessoas podem litigar, no
mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando (CPC, art. 46):
(3) entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;
1.1.1 Modalidades.
Tem-se litisconsórcio ativo quando há pluralidade de autores; passivo, quando há pluralidade de réus; e misto quando há pluralidade
de ambos.
Diz-se inicial o litisconsórcio verificado desde o momento do ajuizamento da ação, ao passo que o litisconsórcio ulterior é aquele
noticiado em oportunidade posterior a esse marco.
É muito comum na prática forense a tentativa de incluir um litisconsorte ativo, sobretudo após a distribuição do feito a Juízo com
entendimento favorável à tese autoral e, ainda, depois do deferimento de medida liminar. A jurisprudência rejeita essa possibilidade,
por observar nela, odiosa burla ao princípio do Juiz natural.
O litisconsórcio não será facultativo, mas necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver
de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes (CPC, art. 47). Mais do que isso: para que exista litisconsórcio necessário a
interação entre os litisconsortes deve decorrer de relação material incindível, de maneira que a sentença, quando proferida contra um, alcance,
naturalmente, as disponibilidades jurídicas do outro.
Nessa hipótese, a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo. Sendo assim, cabe ao
juiz ordenar ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de
declarar extinto o processo (CPC, art. 47, parágrafo único).
Mais qual o fundamento dessa extinção?
A resposta é depende. A dúvida está quanto ao pólo ativo. Há quem defenda se trata de questão de legitimidade, mormente quanto
ao pólo ativo. Parece-me, contudo, tratar-se de questão de ausência de capacidade processual, de modo que a ausência de um dos
litisconsortes no pólo ativo gera a extinção por falta de pressuposto processual de validade. Já no pólo passivo, a ausência do
litisconsorte necessário gera a extinção por ausência de citação daquele que deveria integrar a relação processual, verificando-se,
também a ausência de pressuposto processual (art. 267, IV, do CPC).
Sendo facultativo o litisconsórcio, o juiz poderá limitá-lo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução
do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão (CPC
art. 46, parágrafo único). Fica ao critério do Juiz.
Há litisconsorte unitário quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo
uniforme para todas as partes (CPC, art. 47).
Note-se que o legislador confundiu as hipóteses de litisconsórcio unitário e necessário, para cuja configuração exige-se ainda a
existência de relação jurídica de direito material incindível.
O litisconsórcio será unitário quando a lide puder ser decidida de maneira uniforme para todos os litisconsortes. No litisconsórcio
necessário temos algo mais: nele, mesmo que o litisconsorte não seja chamado, a sentença (que pode ou não decidir a lide de forma
uniforme) necessariamente o atingirá. Daí a imposição do sistema processual a que esse tipo litisconsorte (necessário) seja sempre
chamado aos autos, sob pena de extinção do feito, justamente para que a decisão não atinja aquele que não quis litigar ou aquele
que não se defendeu.
Existem situações em que o litisconsórcio será, ao mesmo tempo, unitário e necessário. Veja-se o seguinte julgado do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal:
Na verdade, quase sempre, teremos a coincidência dos institutos, o que não significa dizer ser inviável a formação de
litisconsórcio unitário que não seja necessário, ou vice versa.
A doutrina de GRECCO FILHO nos trás importante exemplo dessa possibilidade, ao acentuar, que, numa hipótese em um dos
proprietários de um imóvel em relação de condomínio vem a juízo demandar direito referente a esse imóvel. Nesse caso, a sentença
decidirá uniformemente a lide para todos os condôminos. No entanto, exigir-se a presença de todos eles no pólo ativo da lide,
significaria impedir o exercício do direito de ação, de maneira que o litisconsórcio, no caso, é unitário, mas não é necessário.
No caso da usucapião, o litisconsórcio entre o proprietário e os confrontantes é necessário mas não é unitário.
Mas existem exceções a essa regra. Vimos, no tópico anterior, que, havendo litisconsórcio passivo, a apresentação da contestação
por um dos réus citados impede a produção dos efeitos da revelia (320).
Demais disso, havendo litisconsortes unitários a regra é inaplicável, pois o objeto do litígio é indivisível, cabendo ao juiz decidir a lide
de modo uniforme para todas as partes.
1.2 Assistência.
Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma
delas, poderá intervir no processo para assisti-la (CPC, art. 50).
A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição (leia-se: nas instâncias
ordinárias); mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra (CPC, art. 50, parágrafo único).
1.2.1 Procedimento.
Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz (CPC,
art. 51):
(1) determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuadas em
apenso;
O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que
o assistido (CPC, art. 52). Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios (CPC, art. 52, parágrafo
único).
Não obstante a isso, a assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou transija
sobre direitos controvertidos; casos em que, terminando o processo, cessa a intervenção do assistente (CPC, art. 53).
1.2.3 Modalidades de assistência.
A assistência será simples ou litisconsorcial. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença
houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido (CPC, art. 54).
O traço distintivo entre as modalidades de assistência está, em princípio, no vínculo existente entre o terceiro e cada um das partes
no processo.
A assistência litisconsorcial terá lugar quando o assistente (terceiro) for titular de relação jurídica com o adversário processual do
assistido, de modo que poderia ter sido parte originária no processo, e só não foi por não ter manifestado a pretensão em conjunto
na petição inicial, por qualquer razão que seja (assistência ao pólo ativo), ou porque não foi instado pelo autor da demanda ao pólo
passivo do feito, por qualquer motivo que não interessa discutir. Resumindo: ter-se-á assistência litisconsorcial quando o assistente
poderia compor um dos pólos da relação jurídica processual e não compôs apenas por uma questão de conveniência.
A assistência simples, por sua vez, recobrando o mesmo elemento de distinção utilizado para caracterizar a modalidade
litisconsorcial (relação jurídica com as partes no processo), configura-se quando o assistente possui relação jurídica com o assistido
(e não com o adversário processual do assistido) da qual decorra o interesse jurídico no desfecho da demanda, que precisa ser
devidamente comprovado. Essa modalidade de assistência repousa-se sobre o interesse que tem o terceiro interveniente de que a
sentença proferida no processo venha a favorecer a parte assistida.
RESUMINDO:
1.2.4 Interesse.
Esse interesse, que embasa tanto uma quanto outra modalidade interventiva, conforme PONTES DE MIRANDA, “há de ser jurídico”
(Comentários ao código de processo civil. Tomo I. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 58).
Mas o que seria, para efeito da assistência, interesse jurídico? Nas sempre pertinentes observações do tratadista, “é preciso é que
a sentença proferida entre as partes atinja ou possa atingir direito, pretensão, ou ação, ou exceção, do terceiro”.
(PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante. Comentários ao código de processo civil. Tomo I. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995,
p. 58).
Nesse mesmo sentido preleciona o Ministro LUIZ FUX, ilustre jurista e um dos mais influentes membros do Superior Tribunal de
Justiça:
O assistente luta pela vitória do assistido porque a sua relação jurídica ou é vinculada com a daquele ou a res
in judicium deducta também lhe pertence. De toda sorte, além desses fatores, o assistente intervém de
qualquer maneira porque a decisão proferida na causa entre assistido e a parte contrária interferirá
na sua esfera jurídica (FUX, Luiz. Intervenção de terceiros: aspectos do instituto. São Paulo: Saraiva, 1990,
fl. 09).
Fica acertado, então, que a admissibilidade da assistência condiciona-se à afetação da esfera jurídica do terceiro (assistente) pelo
resultado da sentença proferida na lide sustentada. Essa afetação, por sua vez, pode ser positiva ou negativa, devendo qualificar-se,
segundo GRECO FILHO, pela interferência do resultado do litígio em outra relação jurídica (não posta em juízo), modificando ou
extinguindo direito que dela resulta (Da intervenção de terceiros. 3. ed. São Paulo: Saraiva. 1991, p. 74).
Não basta, pois, o interesse econômico/social/humanitário (ex: credor que ingressa no feito para auxiliar um amigo).
Exceção se faz à hipótese descrita na Lei 9.469/97, que prevê a intervenção das pessoas jurídicas de direito público de âmbito
federal (principalmente a União), com base exclusivamente em interesse econômico.
1.2.5 Pedido.
Na assistência, embora seja ela modalidade interventiva que não ostenta a natureza jurídica de ação, o pedido (ou requerimento) é
indispensável. Em suma: não basta ao pretendo assistente manifestar seu interesse no deslinde da causa; ele tem que dizer a que
veio; ele tem que afirmar que quer se habilitar na lide como assistente simples ou litisconsorcial; ele tem que pedir ao Juízo a sua
admissão.
A pessoa que quer assistir tem de fazer o pedido, nos autos da ação. Incumbe-lhe, na petição, satisfazer
os pressupostos exigidos nas petições iniciais, porque o juiz os tem de verificar e determinar à petição que se
complete, ou seja emendada. Se isso não se cumpre, cabe ao juiz, desde logo, indeferir o pedido.
(PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante. Comentários ao código de processo civil. Tomo I. 3 ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1995, p. 61).
Nos termos da lei, transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo
posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que (CPC, art. 55):
(1) pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis
de influir na sentença;
(2) desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
2. Intervenção de terceiros.
2.1 Oposição.
Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença,
oferecer oposição contra ambos (CPC, art. 56).
Trata-se de ação própria do opoente em face do autor e do réu, em cumulação subjetiva obrigatória.
2.1.1 Procedimento.
O opoente deduzirá o seu pedido, observando os requisitos exigidos para a propositura da ação (arts. 282 e 283). Distribuída a
oposição por dependência, serão os opostos citados, na pessoa dos seus respectivos advogados, para contestar o pedido no prazo
comum de 15 (quinze) dias (CPC, art. 57).
Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o opoente (CPC, art. 58).
Se for oferecida antes da audiência, será apensada aos autos principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas
julgadas pela mesma sentença (CPC, art. 59).
Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa
principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-
la conjuntamente com a oposição (CPC, art. 60).
Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar (CPC, art. 61).
O ato decisório que encerra a oposição (mesmo na rejeição liminar) é uma sentença, contra a qual caberá o recurso de apelação.
2.1.2 RESUMINDO...
A oposição:
a) em natureza jurídica de AÇÃO;
b) é intervenção espontânea do terceiro (assim como na assistência);
c) é ação do terceiro que pretende o bem em litígio, ajuizada, simultaneamente contra o autor e o réu;
d) é prejudicial em relação à ação principal, que fica suspensa com o seu ajuizamento.
c) Nesse último caso, o Código permite a suspensão do processo principal por 90 dias, para tornar viável que os feitos fiquem no
mesmo estágio.
c.1) Se tal ocorrer, o juiz dará sentença única, julgando a ação e a oposição.
c.2) Do contrário, poderá ele julgar a ação principal e, nessa hipótese, a disputa na oposição ficará entre o terceiro e o vencedor da
ação principal.
Tal como a assistência, a nomeação de autoria não tem natureza jurídica de ação.
Nos termos da lei, aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o
proprietário ou o possuidor (CPC, art. 62).
Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito
sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de
terceiro (CPC, art. 63).
Note-se, dos dispositivos citados, que a função da nomeação à autoria é o saneamento de vício processual insanável, qual seja: a
ilegitimidade daquele que se qualifica como simples gestor de negócios do verdadeiro proprietário do bem (que é o titular da relação
jurídica material e, portanto, a parte processual).
Por tal singularidade, a nomeação à autoria nem precisaria ser apresentada, bastando ao réu alegar a ilegitimidade ad causam (que
importa a carência de ação) na sua defesa ou deixar que o juiz perceba oficiosamente a existência desta que é uma questão de
ordem pública.
Ocorre que, não obstante a isso, o réu, nos termos da lei, poderá ser obrigado a responder por perdas e danos quando deixar de
nomear à autoria, quando lhe competia fazê-lo; sanção idêntica é atribuída àquele que nomeia pessoa diversa daquela em cujo
nome detém a coisa demandada (CPC, art. 69). O que é bastante lógico, pois a sua inércia poderia impor ao Judiciário o ônus de
proferir sentença contra quem não pode cumpri-la.
2.2.1 Procedimento.
Nessas hipóteses, o réu requererá a nomeação no prazo para a defesa. O juiz, ao deferir o pedido, suspenderá o processo e
mandará ouvir o autor no prazo de 5 (cinco) dias (CPC, art. 64).
Anote-se que, conquanto o CPC se refira neste dispositivo, à suspensão do processo, o prazo para a defesa, diante da nomeação é
interrompido, pois, ainda recorrendo aos termos da lei processual, quando o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a
qualidade que lhe é atribuída, assinar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar (CPC, art. 67).
Cumpre ressaltar, por fim, que a nomeação à autoria não se resolve por decisão judicial. Com efeito, o deferimento do pedido a que
se refere o artigo 64 repousa-se exclusivamente sobre o cumprimento dos requisitos mínimos para o manejo da via interventiva. A
nomeação surtirá efeito (ou não) conforme haja (ou não) aceitação a ser manifestada, sucessivamente, pelo autor (do nomeado) e
pelo nomeante (da imputação que lhe é dirigida).
Num primeiro momento há que se verificar a aceitação do autor, que poderá aceitar (ou não) o nomeado. Nos termos da lei,
aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação; recusando-o, ficará sem efeito a nomeação (CPC, art. 65).
Assim:
(a) se o autor rejeita a nomeação: a ação prossegue tal como proposta, ou seja, contra o réu primitivo. Não é demais lembrar
que se esse réu for, de fato, mero detentor da coisa, o feito acabará sendo extinto sem julgamento de mérito, por ilegitimidade
processual dele.
Nessa segunda fase tem lugar a aceitação do nomeado, que poderá aceitar (ou não) a nomeação. Se o nomeado reconhecer a
qualidade que lhe é atribuída, contra ele correrá o processo; se a negar, o processo continuará contra o nomeante (CPC, art. 66).
Assim:
OBS: Presume-se aceita a nomeação se (CPC, art. 68): (1) o autor nada requereu, no prazo em que, a seu respeito, lhe competia
manifestar-se; ou se (2) o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada alegar.
2.2.3 RESUMINDO...
A nomeação à autoria:
a) é intervenção provocada pelo réu, que não tem natureza jurídica de AÇÃO;
b) decorre da dificuldade na distinção entre posse e detenção;
c) é cabível quando a ação é movida equivocadamente contra o detentor;
d) é obrigatória ao detentor, sob pena de responder por perdas e danos;
e) comporta aceitação do autor e do nomeado.
A denunciação da lide, assim como a oposição, tem natureza jurídica de ação e, portanto, deve ser formulada em petição autônoma,
na qual estejam cumpridos os requisitos da petição inicial (CPC, art. 283 e 283). Não obstante a isso, a jurisprudência admite a sua
formulação na peça de defesa (contestação), desde que esses mesmo requisitos sejam cumpridos, principalmente a existência de
pedido expresso.
Ela cabe nas hipóteses em que existe relação de regresso entre denunciante e denunciado (conforme se extrai da leitura do artigo
70 do CPC).
Trata-se, com efeito, de ação subsidiária, secundária, embutida e justaposta, cujo ajuizamento está condicionado ao risco de a parte
denunciante vir a sofrer prejuízo com o processo.
(1) ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o
direito que da evicção Ihe resulta (EVICÇÃO2);
1
Nessas hipóteses, o denunciado intimará do litígio o alienante, o proprietário, o possuidor indireto ou o responsável pela indenização e, assim,
sucessivamente, observando-se, quanto aos prazos, o disposto no artigo 72 (CPC, art. 73).
2
É a perda da coisa, em virtude de sentença judicial, por quem a possuía como sua (evicto), em favor de terceiro, detentor de direito anterior sobre
ela (evincente). O evicto terá direito de regresso contra o transmitente, desde que o contrato entre eles tenha sido oneroso (art. 447). Para que tal
direito se efetive, é essencial a boa-fé do evicto, não lhe sendo dado demandar pela evicção se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa (art. 457). Já o
fato de o transmitente ter procedido de boa-fé não afasta seu dever de indenizar.
(2) ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor
pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
(3) àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.
2.3.1 Procedimento.
A citação do denunciado será requerida, juntamente com a do réu, se o denunciante for o autor; e, no prazo para contestar, se o
denunciante for o réu (CPC, art. 71), devendo ficar claro que a ilegitimidade da parte prejudica a denunciação (construção
doutrinária e jurisprudencial).
Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posição de litisconsorte do denunciante e poderá aditar a
petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu (CPC, art. 74).
(1) se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o processo prosseguirá entre o autor, de um lado, e de outro, como
litisconsortes, o denunciante e o denunciado;
(2) se o denunciado for revel, ou comparecer apenas para negar a qualidade que lhe foi atribuída, cumprirá ao denunciante
prosseguir na defesa até final;
(3) se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor, poderá o denunciante prosseguir na defesa.
A citação do alienante, do proprietário, do possuidor indireto ou do responsável pela indenização far-se-á (CPC, art. 72, § 1º):
(2) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro de 30 (trinta) dias.
Não se procedendo à citação no prazo marcado, a ação prosseguirá unicamente em relação ao denunciante (CPC, art. 72, § 2º).
A sentença, que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o direito do evicto, ou a responsabilidade por perdas e danos,
valendo como título executivo (CPC, art. 76).
2.3.3 RESUMINDO...
A denunciação da lide:
a) tem natureza jurídica de AÇÃO;
b) pode ser manejada pelo autor e pelo réu.
Quanto ao cabimento, todas as suas hipóteses estão relacionadas com o DIREITO DE REGRESSO, quais sejam:
a) Evicção: regresso do adquirente (evicto) contra o vendedor (3ª não proprietário)
b) Possuidor indireto X proprietário (regresso do 3ª contra o possuidor indireto);
c) Regresso (puro): por força do contrato ou da lei.
Quanto aos efeitos da sentença (lembrar que a denunciação e ação serão julgadas numa única sentença):
a) Denunciação pelo Réu:
a.1) O juiz, ao prolatar a sentença, poderá afirmar a existência (ou inexistência) de duas relações jurídicas distintas: uma principal
e uma de regresso.
a.2) Assim, no caso do acolhimento dos pedidos formulados na ação e na denunciação, forma-se título executivo: (i) entre o autor
e o réu, pela obrigação principal; (ii) entre réu e denunciado, pela obrigação de regresso.
a.3) A sentença da denunciação não liga, por relação jurídica, autor e denunciado, mas, apenas, assegura, no mesmo processo, o
regresso do denunciante (réu).
a.4) No entanto, se o denunciante (o Réu) for vencedor, prejudica-se a denunciação (lide secundária), que será extinta por ausência
de interesse processual.
3
Insta salientar que a denunciação da lide consiste em requisito essencial para o exercício do direito do evicto contra o transmitente, como se
observa do art. 456 do CC/02 e do art. 70, I, do CPC. Uma vez citado como réu na demanda movida pelo evincente, o evicto deverá imediatamente
denunciar o transmitente da lide. Assuma ou não a defesa, o transmitente sofrerá depois o regresso do evicto, valendo a sentença que decreta a perda
da coisa em favor do evincente como título executivo judicial em seu favor.
b.2) Nesse caso, o direito de regresso é do autor, de sorte que a procedência da denunciação forma vínculo entre ele e o
denunciado.
b.3) O melhor exemplo é o caso da evicção, no qual o autor (evicto) articula pretensão reivindicatória contra aquele que se diz
também proprietário do bem; e ao mesmo tempo articula contra o terceiro vendedor pretensão indenizatória, pelo negócio
imperfeito4.
(2) dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles;
(3) de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum.
Enfim: as hipóteses de chamamento ao processo também decorrem de relações de regresso. Mas essas são relações específicas,
decorrentes da fiança ou da solidariedade.
Trata-se de ação subjacente (essa é a sua natureza jurídica: de ação), firmando a responsabilidade solidária, com vistas a formar
título executivo entre o réu primitivo e o chamado.
2.4.1 Procedimento.
Para que o juiz declare, na mesma sentença, as responsabilidades dos obrigados, a que se refere o artigo antecedente, o réu
requererá, no prazo para contestar, a citação do chamado (CPC, art. 78). Assim, no chamamento ao processo, somente o réu pode
valer-se da via interventiva.
O juiz suspenderá o processo, mandando observar, quanto à citação e aos prazos, o disposto nos arts. 72 e 74 (CPC, art. 79). Ou
seja: o procedimento é o mesmo da denunciação da lide.
A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os devedores, valerá como título executivo, em favor do que satisfizer a
dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos co-devedores a sua quota, na proporção que lhes tocar
(CPC, art. 80).
2.4.3 RESUMINDO...
O chamamento ao processo:
a) tem natureza jurídica de AÇÃO;
b) assim como a denunciação da lide, também se relaciona com o DIREITO DE REGRESSO; mas um REGRESSO ESPECÍFICO,
relacionado à FIANÇA ou à SOLIDARIEDADE.
4
Cumpre anotar que essa última pretensão jamais poderia ser articulada não fosse a via da denunciação, pois nesse caso, teria o autor, na ação
principal, pretensões distintas contra réus distintos, cuja cumulação é vedada pelo CPC (art. 292).
b) Com relação à solidariedade, que os terceiros chamados a integrar o pólo passivo assumem a qualificação de co-réus,
havendo relação jurídica entre o autor e os terceiros.
Com relação aos seus efeitos, a sentença, no chamamento, tem o condão de obrigar autor e réu pela mesma pretensão. Forma-se
um único vínculo obrigacional.
Na verdade, partindo da premissa de que o chamamento é ação subjacente – o que não é pacífico –, há formação de título executivo
entre autor e réus (réu originário + chamados) e também já fica acertado que se o réu originário arcar com o pagamento da
condenação, poderá usar a sentença com título executivo para reaver a quota-parte cabível a cada um dos outros réus. Mas cada
um só será responsável pela sua cota, de modo que só pode cobrar 1/3 de cada um dos outros, se forem, 3 réus, p.ex. Isso porque,
embora a obrigação seja externamente solidária, podendo qualquer dos co-obrigados ser demandando pela integralidade do débito,
isso não se reproduz internamente, onde a relação jurídica impõe a obrigação apenas da quota parte de cada um, mesmo que a
obrigação seja externamente indivisível.