“O mito das três raças – índios, negros e brancos – é pouco para falar sobre um povo
e sua capacidade de misturar ou fazer conviverem, com diferenças e hierarquias,
muitas tradições culturais.
Na terra que cultiva o doce, na festa que colore as roupas, nos tachos que atiçam a
fome, nos cantos que celebram a vida e lamentam a morte, na fé que ora leva ao
terreiro de candomblé, ora à igreja, os brasileiros se encontram e se diferenciam, se
igualam e se distinguem.
Das nações indígenas que aqui vivem de longa data, das muitas Áfricas para cá
trazidas, de portugueses, alemães, turcos, libaneses, italianos, japoneses e muitos
outros que também chegaram, em épocas diversas e por motivos vários, se faz a
expressão ímpar de um povo plural.”
Embora sua definição ainda gere controvérsias, para o Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae): “Artesanato é toda atividade produtiva que
resulta em objetos e artefatos acabados, feitos manualmente ou com a utilização de
meios tradicionais, com habilidade, qualidade e criatividade.”
Para Silveira Bueno - Artesão: s.m. Artífice; operário; pessoa que faz artesanato; para
Vera de Vives, em “O artesão tradicional e seu papel na sociedade contemporânea”: O
artesão tradicional é o agente que conhece o meio onde se situa, domina técnicas
para construir trabalhos manualmente e possui sensibilidade para criação.
É necessário ações efetivas que valorizem o artesão brasileiro como responsável por
manter viva as tradições locais e como testemunha de sua época, que torna visível os
traços do cotidiano que referenciam as múltiplas identidades culturais.
Esta valorização passa por investimentos que contribuam para a elevação do seu nível
cultural, profissional e econômico, partindo de uma maior organização e investimento
em especialização, visando qualidade no método artesanal produtivo, através da
implantação ou implementação de unidades de processamento e/ou beneficiamento
de matérias-primas, melhoria da capacitação técnica, administrativa e organizacional
dos artesãos e/ou núcleos de produção e comercialização, reivindicação de legislação
fiscal e tributária de acordo com a realidade das associações e cooperativas, fomento
à exportação, criação de pólos de comercialização.
A concordância pela importância do diálogo entre setor público, privado, terceiro setor
e Instituições de ensino superior para melhorar a qualidade, diversificar a produção e
tornar um destino atrativo ao turismo cultural; considera a urgente atenção à
elaboração de políticas socioculturais para a promoção do desenvolvimento e a
democracia das expressões culturais, priorizando o trabalho artesanal, em toda cadeia
produtiva; desde o manejo da matéria prima, à divulgação e comercialização,
fundamentada na crença de que o talento, a identidade cultural e a criatividade podem
gerar produtos com valor agregado e divisas.
Os resultados, desta via de mão dupla, pode ser observado nas iniciativas em que o
setor das artes impulsiona e incentiva a gestão integrada com o social, fazendo surgir
novos tipos de relação entre os capitais social, cultural e econômico.
Cada vez mais envolvido com os grupos sociais, o setor das artes aponta soluções
para melhorar os indicadores da educação, impulsionar a percepção e proteção do
patrimônio através do turismo cultural, além de criar empregos e gerar renda.
“Os navios partem do Brasil pelo Oceano Atlântico, rompendo fronteiras e mostrando
nossa arte para povos de outros mares.”
Fátima Trombini
Professora / Artesã
Designer de Bijuterias
E-mail: jasmim-manga@hotmail.com