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FREI M. VICENTE BERNADOT, 0. P. 5. DOMINGOS E SUA ORDEM 2A EDICAO nasio Fort FRE! SEBASTILO TAUZIN, 0. P. FREI GUILHERME NERY PINTO, 0. P. CRAFICA OL{MPIGA EDITORA RUA VISCONDE DO NO BRANCO, 32—RIO DE JANEIRO _ JOFENS? ESTE LIVRO E PARA VOCES O IDEAL da vida religtosa ainda ezerce, : tempos, poderaso atrattva adbre os mats murcs © 08 mais generosos dentre voces. # grande o atmera dos que, tenciondndo elevar o proprio destino ao mdzimo de nobr © ulllidade, ¢ sentiide borbulhar no coracdo a desejo da vida perfetta, julgam ouvtr 9 apéla fetto outréra ao joven Principe do Evangeiho: “Vende tudo o que possuts, nem © segue-Me’ Vago, entretanto, ¢ o conhectmento de muitos, a res- Peito da vida religtosa, mesmo enire aquéles que a colacaim bem alto; falta-lhes além disso, mustas véses, 0 consethetzg desiateressado que thes poderia revelar a beleza austera fecunda dest vida. Um dos males do nosso tempo é qué enize os chefes postos pela Pravidéncia a frente da moci= dade eristd, alguns procuram jalsos pretextos para dés- ‘plar os jovens da. vida religiosa, que 0 proprio Deus, en- tretanto, apontou aos coragées generasos como a mais Der= Jeita ideal. Dat, tantas existéncias perdidas e estérels. No momento decisivo de orientar definitinamente © seu futuro, quisera este pequeno livro vir em auzilio de voces, fazendo-Ihes conhecer melhor 9 tdeal proposto , Por Nosso Senkor Jesis Cristo e como tentow reallzd-lo —F unid das grandes Ordens, que, segundo 0 veredicto da Santa Igreja, déle mats se aproximou. # de coracdo que thes oferecemos éate itero, Primetro, Porgue os convida a abracar o que de mator pode haver no mundo: @ vide religiosa e 0 apostolade — brotando éste das cnergias intimas dagueia, Colsa admirdvet na Igreja: sempre se pode empolgar © mats humilde dos homens, eontanto qué ame a Deus, com a simples apresentapdo de elevados pensamentos e no- bres ideais, Além disso, estas paginas nao expSem uma teorta abstrata, mas uma concepedo de vida que 44 demonsirou sex valor, Atestam. sua ¢ficdcta sete séculos de eristencia. Declaram dever-thes a santidade e a coragem uma mul- tiddo de santos, de martires e de grandes homens. Neda ‘mals jazemos do que repetir o que éles divem: “Palamos Gaquito que sabemos, damos testemunho daguilo que vimos", A Providéncia determinou a cada um de nds 0 seu tugar. No wniverso toda criatura tem utiligades na con- quista das almas, temos todos wma funcdo a exercer, mis~ $00 de lute de redengdo, Grande graga 6 conhect-la; € erecutd-ta, nosso primeiro dever. 4 para auritiar voces a discernt-ta, que thes oferece- ‘mos estas paginas, Sto 0 resultado da experiéncta. Taluez sejam vocés do mimero daguétes que Deus cha- ‘mou 4 “obra régia da redencdo das almas”, Letam e, perante Deus, reftitam.. capirezo PARIMTNAn FUNDAGAO Dd ORDEM DOMINICANA A 8 origens da Ordem Dominicana ou Ordem dos Fra- des Progadores datam do comégo do séoule treze. No ano de 1203, o ret de Castela, Afonso IX, dese- Jando casar seu filho Fernando com a filha do ref da Di- namarea, confiou ao bispa de Osama, Diogo de Azevedo, a migsAo de pedir ao monarea dinamarqueés a mio da jovem. Prineesa. O embalxador de Afonso IX escolhen como com- panheira de viagem o seu grande amigo, Domingos de Guzman, Prior do Cabldo de Osma, ‘Mal transpuseram os Plrineus, encontraram-se os dois Vinjantes em terras inteiramente dominadas pela heresia albigense que, por aquela época, infestava o sul da Franga, Em Tolosa, Domingos pereebeu que seu hospedelro era adepto da heresia ©, com ardente x8lo apostélico, desejou converté-lo. Dificil foi a tarefa! Domingos passa lida a noite a discutir, refutar e explicar. O herege estaya tenaz- Mente apegado ao érro, Mas seu antagonista era um Santo, € ndo é facil resistir aos santos. Ae romper da aurora, cedendg & Irresistivel forca de persuasio do homem de Deus, o herege abjura o érro © Professa a fé eatélica, e de vontade enérgica, era D dessas almas de esc6l eujos dotes natt- a eminente santidade — predestinam a Frovidencis., ‘0 zélo de Domingos teve logo a sua recompensa, Uma Tus divina brilhou-lhe no espirito © Deus Ihe revelou a obra para a qual o destinava. Com efeito, “a partir da~ quele momento — assevera Bernard Guy — Domingos forma © projeto de dedicar-se & salvagio dos infiéls ¢ fundar uma Ordem de pregadores para a evangelizagio dos poves”. Dali em diante, Domingos empregara sua vida intelra, ha realizaedo désse grandioso projeto: a fundagho da Ordem dos Pregadores. Em 1205, de volta de uma segunda viagem, apos terem-se demorado na Cidade Eterna, Diogo de Azevedo ¢ Domingos passaram, de novo, pelo sul da Franca. As portas de Montpellier, encontraram-se com os Legados do Papa, Arnalda Almarlc, Abade de Cister ¢ os monies Pedro e Raul. Desde varios anos, trabalhavam os missio- narios pontificios com o intufto de reconduzir 4 Igreja aquelas belag provinelas meridionais da Franga, trang- dormadas em foco permanente de perturbagdes ¢ dosor- dens, no proprio centro da Cristandade. Sem resultados; porem. Os perseverantes esforcos dos Legatos haviam Tracassado diante da obstinagdo dos hereges ¢ da indi- ferenca e, por vézes, até da cumplicidade do clero, O abade de Cister confessava, com tristeza; “Quando 10 — @ milo que Ihes contlara Com a chegada do Bispo de Osma e de seu compa~ “heir Domingos, modificou-se, porém, aquela situagao, Os Legados Pontiticlos consultaram os recém-vindos sObre se deviam ou nfo prosseguir a miksio, Responden © Pispo de Osma, expressando néo apenas o seu modo de ver, mas também sentimento intimo de Domingos: “Wao € déste modo que deyels proceder — dlsse-Ihes, Yeferindo-se & aparatosn comitiva dos Legndos, aq luxo do vestuario e das montarias — nao é'com palavras que Se reconduzem & Fé homens que s¢ apolam et éxemplos. Nao védes que, para conquistar a simpatia da gente simples, os hereges cobrem-se com as aparéncias da santidade, da pobreza e da peniténcia evangélicas? 0 espeticulo exatamente oposto de yossa vida nada oferece Ge edificante para o pove e poderd ate eontribuir para @ ruina de muitas almas. Nem um sd se convertera ! Substitui wa mistica por outra mistica, Aquela exibichio de falsa santidade devels contrapor a priitiea de uma verdadelra ¢ sincera religido.” — "Que nos aconselhais, entio?” — perguntaram os Legados — "Imital-me no que you fazer” — responde o santo bispo. B logo compelido pelo Espirito de Deus, chama sua comitiva ordena que voltem para a Espanha homens, earros © bagagens. —u Conservando consigo apenas alguns clérigos ¢ a Do- mingos, a quem votava especial afeigdo, resolve permane- cer no sul da Franga para pregar a Fé. Sem demora, Diogo © Domingos entregaram~se ao trabalho de cvangeliragée dos hereges, pondo em praticn absoluto desprendimento. i ‘© grande ideal de G0 Domingos comegava a con- eretizar-se, Mas a sua realizagfio completa havia de prosseguir com extrema lentidSo e em meio a dificul- dades que, por certo, teriam abatido uma vontade menos enérgica do que @ daquele ardoroso filho da Castela. Alguns meses depois voltava © bispo pata a Espanha, onde velo a falecer, deixando a seu amigo a diregho da Santa Pregaglo, Ox dex anos que se seguiram, de 1206 a 1216, empregou-os na conversio dos hereges aquele que ée chamou, desde entfo, frel Domingos. Nao se poupava. ‘Consagrava o dla A pregacde © a nolte & cragao, fecun- dando com Asperas peniténcias sua palavra inflamada. Sem cessar, percorria, descalgo, humilde e pobre, as regldes do sul da Franca. Para melhor eselarecer a populagao, iludids por ministros hhabilidosos ¢ siibios, institula eon- feréneias com os thefes albigenses, e com éles disputava, Vitoriosamente, em Servian, Béziers, Carcassone, Pamlers, Vortell, Montréal, Fanjeaux ¢ outras cidades, onde, multas yézes, vinha o milagre apolar-Ihe a palavra. Aparente- mente, porém, nfo correspondiam ao seu zélo © virtude herdica og resultados obtidos. Muitos ultrajes e ameacas teve que suportar, Varias yezes periclitou sua vida, A eruzada imposta, aliés, pelos destiandos praticados pelos ‘hereges, © que durou de 1208 0 1215, longe estava de 1a ‘vorecer 0 seu ministério de paz. Exasperados pela severa Tepressio exereida pelos cruzados, os eoragies tornavam- se mais rebeldes a Em melo dessa ingrata luta, 8. Domingos nfo perdia de vista © grande projeto que formara em 1203. De fato, desde a sua chegada 0 Languedoc até a sua morte (1208- 1221) uma 86 idéia Ihe dominava o pensamento; » funda- ¢60 de uma Ordem de Pregadores, Por este propisito, ram inspirados todos os seus atos, viagens © esforcos; com tanta clarividéneia e forga de yontade, quo historin~ dores modernos qualificaram o Fundador dos Progadores como um grande politico, Era éle, acima de tudo, um santo, compenetrada do amor de Deus e das almas, @ fol éste amor, servido por raras qualidades naturais, que 0 tornon capaz de coneeber e exceutar tao grande projet. Desde os primelros dias fol bem definido o seu in- tento: fundar uma Ordem de pregadores, cujo apostolade se eXercesse pelo exemplo da reniincia evangélica e pela pregacho da doutrina, Durante as longas viagens, © no seu laborioso apostolade em regi6es dominadas pela he- resis, observara os graves perigos que ameagavam a s0- ciedade crists, © como era impotente para conjurd-los 0 elero recentemente secularizado. Para socorrer a £6 amea- gada, quis fundar uma Ordem de apéstolos. Era absolutamente inédito, na Igreja, aquéle projeto. Até ento, levando uma vida em comum, na pratioa da perfelta rentincia e sob a imediata autoridade do bispo, tanto o clero tegular cotho os monges 8 grupavam em forme de uma igreja particular, da qual se tornavam os Thinistros ordindrios. 5. Domingos fol o primeiro a idealizar uma Ordem extra-hierdrquiea, ou seja uma sociedade de religiosos que, adotando plenamente a vida de contemplagio e pe- uiténcia insiituida pelos apdstolos, se consagrassem a0 apostolade, sob a imediata dependéncia do Pontifice ro- mano, Néo serlam os clérigos de tal bispo, nem monges ih de tal abade, mas missiondrios ¢ teologes do Papa, cuja Palavra fariam ouvir por téda parte onde éle julgasse necessirio confiar-lhe a defesa da verdade, Constituiriama Uma Orderh essencialmente apostdlica, a Ordem da. pre- gaeho universal, sob a autoridade imediata do Soberano | Pontifice, que enviarin seus membros por todo o mundo, para instruir os fidls, converter os hereges, defender @ £6 entre as nagdes cristis, e propagar o Evangelho entre os ‘povds barbaros. FUNDAGAO E APROVACAO Fico reatmente notavel na Histéria € aquéle empreen- dimento, to novo na Iereja, ter sido planejado de um 86 lance € com tal clarividéncia, que, desde entio, jamais teve necessidade de ser remodelado, ou simplesmente yetocado. Por essa época, fundaram-se também multes outras aociedades religiosas que, com o correr do tempo vwieram a ter semelhanca acentuada com a Ordem dos Pregadores. Foram, porém, todas no inielo, fraternidades leigas, que para mais wtilmente se integrarem no movi- mento eclesidstico tiveram que evolulr para a forma clerical, desde 0 inicio adotado pelo Pai dos Pregadores. A ‘Ordem de 8. Domingos, ao contrarlo, possula desde o ero todos os clementas necessirios a0 exercicio de um apostolado adaptado As exigéncias da socledade cristh, © fol a dnien que entdo se fundou em tats condigdes. (Nao resta davida que tude isso fol consegnido gragas 0 genio organizador de S. Domingos, mas também muito contribuiu ao pleno exite a estrelta Mgaeso que 0 santo pairiarca. manteve desde os primérdios com a Igreja ro~ Mana. Durante desessels anos, de 1205 a 1221, enquanto amadurecia © executava seu projeto, dirigiu-se S. Do- atl mingos por sels vézes a Roma, mantendo ao par de seus Planos os dois grandes Papas que ocuparam entio a cd tedra de Pedro. Até que ponto, porém, eontribuiram Ino- eéncio TT e Hondrio IM para a fixagio do projeto do Prior de Osma? Qual terin sido s parte pessoal désses Papas na inspiractio da obra? Impoasivel discernt-lo, diante da caréncia de documentos explicitos. Um fato, porém, prova que nfo fol nula a interferéncia pontificia, ‘Quando 0 quarto Concilio de Latrae protbiu a eriacko de novas congregagtes religiosas, pareeen a militos qué condenaya’ & morte a fundacao dominicana, © proprio Papa, porém, aconselhou 8. Domingos a harmonivar o seu, modo de ver com os decretos do Conellio, abrigando-se sob a Regra de Sto. Agostinho, De qualquer modo, a apro- vagdo pelo Papa dos estorgos de 8. Domingos, dada com entusiasmo e em evidente desacirda com a costumeira Jentidio e reserva romana, mostra que a Santa $é conhecia. profundamente & nova obra ¢ nela confiava plenamente. Com efeito, desde 17 de Novembro de 1206, por melo de cartas a seus legados no Languedoc, constituia Tno- eéneio II a Domingos ¢ seus companhelros Pregadores Apostdlicas. Era uma absoluta novidade na Igreja. ésse regime, No entanto, o grupo era dos mais humildes, poueo numeroso: pauei, diz o B. Jordao de Saxonia, B nado de- morou muito para que S. Domingos ficasse quase 6, No fim de nove anos, ¢ & custa de multa perseveranca, conseguiu atralr um pequeno nimero de discipulos, uns dove, que reuniu em Tolosa, fundando dessa forma o pri- tneiro convento, em 25 de Abril de 1215, Pareco que a Igreja aguardava apenas essa fundacho Para recomendar phblicamente a nova milicia. Algumas semanas depots. em julho, o bispo Foulques aprovava canOnicamente para a sua diocese a nova Orden, expedindo cartas que nos mostram desde entiio realizado — 15 ‘escolha, pols os Premonstratenses reformaram e aper- picoaram a regra de Sto. Agostinho, do mesmo modo que — “os Cistercienses a Regra de S, Bento, Nesta forma de_ ‘austeridade de vida e beleza das observanelas, como pelo prudente gavérno de grande nfimero de religiosos feito por melo de capitulos gerais e ae visitas candnicas. Fis porque, nfo podendo obter de sua Santidade o Papa a Tegra nova e austera que desejava a sua generosidade, 0 Bem-aventurado Domingos e os primelras irm&os ado- taram a Regra de Sto. Agostinho ¢ colheram nas Cons- titulgSes dos mais fervorosos cénegos regulares o que de mais austero, de mais belo ¢ de mais prudente pudesse servir a seu fim: Quod arduum, quod decorum, quod dis- eretum. Nio contentes ainda, os Pregadores acrescenta- ram (e ¢m seus capftulos anuais ndo dcixam de acres conta?) multas outras observancias, pois aspiram ao pri- meiro lugar na regra de Sto. Agostinho, nfo apenas pelo ensino © pregacSo, mas também pela santidade de vida.” 16 — » 1 religiosa ocupam les o primeiro lugar tanto pela — le She Daraingee paso, = frimehar seg 1, de desompure, dus da fundardo da Ordem Foro YAN (routovsr) No mesmo dia, nova bula, agora entuslasta, aprova 05 HovOs Feligiosos como Pregadores, “Considerando — esereve 0 Papa a Domingos — que os Prades de tua Or- Gem sero os campedes da fé © as luzes do mundo, con— firmamos a tua Ordem, e tomamd-la 50b nosso govérno @ protegiio™, 2 Um mes mals tarde, em 21 de Janelro de 1217, uma. bula ainds mais calorosa frouxe a Domingos 6 a seus amdos novo estimulo ¢ deu-Ihes o titulo que og distin- guiré doravante na Igreja; “Hondrio, bispo servo dos servos de Deus, aos earos filhos Pregadores na regio de Tolosa”, 8. Domingos volta & Frangs ¢, em 15 de Agtsto de 1217, convoca em Prouilhe nova assembiéia. Abriu-se a Teunido em meio & alegria geral, E nfo podia ser de cutra forma; Voltava @ suavisstma Pal, como seus fithos © chamavam, trazendo as bémgios do Pal eomum dos fils, © @ Ordem, fundada, aprovads, acabava de ser calorosa~ mente recomendada a todos og bispos em comunh&io com No fin de wma ‘we etiretta der 2 a 8 Igreja romana, Fanfeaux, ela Dom 2 0 , sue Orden, fi wo 2 o —7 Foro FAN proves) pra s eae A DISPERSAO Toamaxov, porém, 2 assembléla, como ninguém havia previsto. Depois de ter novamente tecebido a profissio dos Frades, exp0s-lhes S80 Domingos os grandes projetos que concebera para o desenvolvimento da Ordem. E, empre- Bando as proprias palavras do Salvador, disse: “Ide pelo mundo inteiro a pregar 0 Evangelho a i6das as criaturas | Sols apenas um pequeno grupo, mas no meu coragho Jé Se formou o projeto de vos dispersar. N&o permanecercis, ‘Por mais tempo reunidos nesta casa”, Anunela-Ihes, entilo, que vai dispers4ios pelo mundo, Eram apenas dezessels ! ‘Em torno déle, acusam-no todos de imprudente, Nin- guém compreendera a auddcia daquele plano. Seus me- Ahares amigos, 0 bispo Foulques, Simio de Montfort, f1- zeram-lhe ver o perigo que havia em dispersar uma obra. que estaya apenas no comégo. Dividi-la seria arruind-la. | Mas, “o Bem-aventurado Domingos era homem dotado de firmeza nos seus propésitos — relata Jordio da Saxt= nia — e raramente Ihe acontecia voltar atras, depois de séria reflexdo, feita diante de Deus”. Naquele momento, gla inspirado pelo espirito de Deus, que lhe fazia langar para o futuro um olhar profético. E disse-Lhes: — “Meus Senhores e meus irmiios, N&o yos oponhals: a mim. Sei o que estou fazendo. O grio, se guardado em Montes, estraga-se; se, porém, semeado, frutifica”. Assim, trangtillamente, em nome de Deus dividiu a. Europa por seus dezessels companheiros. Natal ¢ Guilherme Claret ficaram com a dire¢io do Convento de Prouilhe, 1 Pedro Seila e Tomax continuaram em 8. Romilo de Tolosa ‘A quatro outros compatriotas seus, Pedro de Madrid, Miguel de Uzero, Domingos de Segovia e Suero de Gomes designou a Espanha, Quanto » Mateus de Franga, Manes, Miguel de Pabro, Beltrho de Garrigue, Lourengo de Inglaterra, Joio de Na- yatta e Oderieo de Normandia, envidu-os a Paris. ‘Abengoando-os em seguida, disse-Ihes; —“Ide a pé, sem dinhetro. Nao vos preocupels com 0 dia de amanhd. Mendigal 0 yosse pao: prometo-vos que jamais vos faltard o necessirio, ¢ proteger-vos-el com as jminhas oragbes”. Levando como companheiro a Estévio de Mets, re- totiou éle proprio o caminho de Roma. Desta vez, porém, para ali fixar-se definitivamente e “‘escolher para capital ds Ordem o proprio centro da unidade catdlica”. Estava definitivamente fundada a Ordem dos Frades Progadores, PRIMEIRA PARTE PREPARACAO AQ APOSTOLADO como objeto especial de sua voragilo almas pela pregadio da doutrina, : ‘© Frade Pregador procura, antes de mais nada, trans mitir aos homens a verdade divina: aos fiéis expondo-Ines ‘as riquezas da £8; aos transviados, estorcando-se por es- Glarect-Ios & Teconduztilos ao bom camimho; ¢ até, por melo de longinquas misses, aos infelizes hablitantes dos ‘paises néo civilizados, adormecidos ainda na noite do pa- ganismo, © Frade Pregador ¢, pols, essencialmente, um apéstolo. No dizer de Sto. Tomas de Aquino, esta ¢a mais perfeita das obras de caridade: “Ocupar-se da. salvacho espiritual o proximo, diz éle, ¢ muito mals til do que prover Bs suas necessidades corporais. 2 uma obra que sobreleva a qualquer outra, do mesmo modo que a alma 90 corpo. Manis eficazmente que as outras, ela alcanga a gidria de Deus, a quem nada 6 mais agradével do que o zélo pelas A Ordem Dominicana ¢, essencialmente, apostolica. Mas € preciso bem comypreender €sse termo apostdlico © conservar-Ihe o sentido que lhe atribue a tradicao. & at A vida mixta ou apostdlica exclusivamente contempistiva. da vida ativa e a eontem- she perfelta que a vida encerta = pertel Plativa, oe A Ordem fundada tn eardter mixto, ist bortantes conelusses: Por Sie Domingos, repetimes, tem © 6, apostélica. Dai, decorrem im- a imperfettos.” ‘Veraos, em segundo lugar, que, para desempenhar ea- palmente 0, santo ministérlo, a contemplagio, ng Ordem, nfo pode ser considerada como simples melo, sea embora principal. . Qual 6, pols, a finalidade 4a Ordem Dominicana 2 A contemplacéo. Nao, porém, apenas contemplagio, mas “a contemplaeéo que produx frutos de apostolado”. “Na obra de 8, Domingos, a vida contemplativa nfo 5t subordina & acdo apostélica eomo um meio para atingir um fim; nela, 0 apostolado ¢ 0 efelto, o truto de uma contemplagio eminente @ exuberante Tal é, em verdade, a earacteristica das Orden mixtas ‘ou apostélicas, nas quels o apostolado nic é uma finali- dade, mas © fruto da contemplag’o, “A Ordem religiosa mixta, diz Passerinl, se define pela otlentacko directa @ imedinta para contemplagio; mas nfo de modo que esta tenha um fm ezclusivo em sf mesma: ¢ uma vida contemplativa que, pelo dinamisme interno, se desenvolve € frutifica em obras agradaveis a Deus, como seja a sal- Yagio das almas, Em uma palavra, a finalidade do uma Ordem mixta ¢ a contemplagéio expandindo-se e frutifi- Cando nas almas”, V amwos, por a4, quai o rugar que occupa, entre os institutos Fegulares, s Ordem Dominicana. Seguindo ums nova coneepeio dé vida réligiosa, as Congregagtes apostélicas tem sido por seus fundadores, desde 0 século XVI, geralmente, dispensadas das antigas Tegras religiosas, Os seus membros nfo se preparam mais ‘0 apostolado, como faziam os antlgas elérigos, pela. oragdo Upargics ¢ pelo conjunto de observanclas religiosas, até entéo universalinente inseparivels da pritica dos con- selhog evangélleos. Limitando-se as obrigagdes dos clé- Tigos seculares e dos simples fiéis, nbandonatam a ascese tradicional ¢ renuneiaram & maioria de suas pratiens es+ Senelais como, por exemplo, o oficlo littrgico célebrado em comum de dia ¢ de noite © os prolongados jejuns. Aos Breciosos eneficios que provinham da salmédia solene € do salutar exerciclo dos longos jejuns, substituiram a Priiiea assidua da meditagio e do exame de consciéncia.. ‘Tiveram como finalidade, ao abandonar as praticas rell- glosas antigas, dar mais ampla liberdade a9 mintstério, ‘0 Frade Pregador, porém, continuou fiel 20 primitive metodo de formagiio spostdliea. Pela pentténcia © con templacso, prepara-se pata o ministério, Longe de ver incompattbilidade entre 0 apostolado e as observancias mo- nisticas, une estreitamente éstes dols elementos na sua vida, ©, cot infimeras geragbes de santos, encontra nla ascese tradicional precioso auxilio para a vida ativa, Pretendendo expor seus filhos a tédas as tadigas do Mministério, poderia. apresentar-se a §. Domingos @ ques- tlio, tantas yézes formulads por outros fundadores, s¢ Seria prudente Subtieté-los, a mesmo tempo, aos rigores ae ; Jamats, porém, ao que pa- = Perenaxe Foes ésse ponto de interroracio. rere, nao era ele préprio a solugso viva da or Se er soe ‘javam em perfelta coneérdia, desde mm ee ey vida, Orar sem descanso, passar noltes em conter placso, estudar, Jejuar, flagelar-se, e sani ne = fotos, proteger’0s fiels, perseguir & Reresia, fs, fumo's sua vida. quotidiana. Longe de encontrar, nessas gpservancias, um obstdculo, dai Ihe vinha sua en Es ‘também 0 Bo que éle fez, pediu aos seus filhos que fisessom. Decidiu que se preparariam ao apostolado pelas antigas observancias, As quais acrescentou o estudo. a Antes de ser apéstolo, 0 Prade Pregador 4, pols, asta » contemplativo. Asceta, procura na peniténcia a purl! cagho da alma, wma preparagio para a earidade, @ pro- tego e desenvolvimento do homem interior, Contemplative, pede ao silénelo do claustro, & leltura ‘assidua de Livros Santos, ao estudo das ciénclas divinas, 4 oracho privada ¢ Iitirgica, que lhe enriquecam « alma de vida sobrenatural. Somente entéo so torna apéstole, Com a alma repleta de vida intetior transbordante de caridade, volta-se para seus irmos, repartinde com éles suas riquezas espirituals, Protegido contra os perigos inerentes as actes exteriores pela vida conyentual, seu apostolado buses na contem- placso uma eficdcia verdadelramente extraordindria. Os mais importantes momentos de sua existtncia sho as horas em que vive a assomelhar-se ao Cristo, pols so 8 que The trazem malores beneficios para o futuro, e nas quails atinge éle o ponto culminante de sus vocasio 27 ‘ Outras Ordens religiosas, to antigas quanto a do _ Pregadores ou anteriores a cla destinam-se & contempla- _ $ho: encaminham og monges para a unitio divina pelo oficio littirgico e as observaneias repulares e provéem ha: Ditualmente As necessidades do proxime por melo ofagio e da penlténeia, relegando, porgm, as obras exte- niores de caridade fraterna para um plano secundario por assim dizer, acess6rio. J& as instituicdes modernas, _ abandonande as antlgas praticas, que inesgotiveis _ 808 outorgaram @ nossos pais, dedicam-sp diretamente & sao. A Ordem Dominicana situada, exatamente, no melo dessas duas concepeies de vida religiosa, nfo sendo ex- elusivamente ativa, nem unicamente contemplativa, funde Asses diversos elementos num tipo completamente & parte. Em vex de apresentarem oposicao dentro da economia | dominicana, ago e contemplacio se unem ¢ s¢ fortalecem mituamente, A contemplagio prepara, fecunda e all- menta a ago que, no dizer de Sta, Catarina de Sena, niio'¢ mais que o transbordar de uma plenitude interior. Fecunéando o trabalho, vivificando a palavra, peniten- cia e contemplagao fazem do pregador um apéstolo. Sairla do seu caminho 0 fitho de 8. Domingos que — confundisse a sua vocacio com a dos filhos de 8, Bruno ou 8. Bernardo e se recolhesse a uma silenciosa contem-_ caPiruLo PRIMEIRO A PERFEITA RENUNCIA EVANGELICA 4. A ESSENCIA DA VIDA PERFEITA yrcuNDO o pensamento tradicional da Iereja, a pratica da perfelta rentncia ¢ o estado normal de quem aspire " ®honra de exercer o santo ministérlo, Os Doutores € os Santos sio undnimes em ensinar que a vida perfeita, instituida pelos Apéstolos, ¢ a malg conforme & yocagio dos ministros de Deus ¢ a mais adequada ao desempenho de sua missio espiritual. "Ora, esta perfetta vida apostélica é a vida religiosa na qual, diz Sto. Tomas, o eristio “se eonsagra totalmente 0 servico divino © se oferece a Deus em holocausto”.(') * vida pertelta, porque conduz & perfeieso da carl- __ tniimeros abstaculos, reduzidos comumente a trés ca- _ tegorias: bens exteriores, bens do corpe e bens do espirito, impedem-nos de realizar a completa uniio com Deus, — Ra qual consiste a perfelcio do homem, — distraem o Sspirito © dividem o coragho. A vida religiosa evita éss Perigos, afastando 0 homem de tudo quanto nfo 6 Deus ou de Deus. a ~Q religioso vai mais longé ainda pelo voto de diéneia. Aqui, atinge éle a mais profunda ralz do pecado, Bocritica a propria Mberdade ¢ submete-a, com todos 05 Atos de sua existéncla, » um superior no qual éle vé o representante de Deus. Nido ¢ para um dia, nem para alguns anos apenas, mias 6 para sempre que o religioso consente nestastriplice renuneia — ato magnifico que 0 eleva a0 ponto culml- nawite da grandez moral. Obriga-se & perfelgio até 0 ltimo dia de sua existéncia neste mundo: usgue ad mor- tem, como diz & férmula de profissio religiosa domini~_ cana, ‘Assim éle escapa dos val-vens da fragilidade e dos novos surtes da covardia humans. Fixando-se na caridadé | perfeita, ligase indissolivelmente a Deus ¢ participa, tanta ‘quanto possivel na terra, da propria imutabilidade dos bem- aventuradas. © triplice voto de pobreza, castidade e obedi¢ncla” leva o religloso A consumagio da justiga, & plenitude do Torna o-religioso “uma héstia viva, santa e do agraday perfume’ Par 1s80, diz Sto, Tomas que a profissio religioss ¢ holocausto. Comparam-na ao martirio os Padres Igreja, pols segundo afrma $, Bernardo terlo a mesm 32— ‘de sscrificio", todos os atos do religioso professo, que sejam éstes, cada um déles torna-se um do e de tal modo elevado que segundo a opinifio “a menor obra feita por obediéncia agrada @ Deus e vale ineomparivelmente mais que acdo feita sem o coneurso da obediéneia”. @em esstncia a vida religiosa, na qual desejarla ver integrados todos os seus ministros, que $em a quel nso pode haver vida religiosa, Confiando, ‘Potéin, wa missio especial a seus filhos, tave éle, ‘também, que prever um modo especial de praticar os ‘WSs votos. H fell compreender que, conservando-se, em e a mesma, a pratica dog conselhos evangelicos aeveste-se de modalldades diversas, segundo o fim que mem mira. Assim, por exemplo, o clérigo que se destina ensino nio praticara a proeza do mesmo modo que 0 lense, que cultiva a terra. Essencialmente ap6s- 8, 0 Frade Fregador obedece aos trés votes, de acdrdo gitida como apdstolo, consagrado & salvagdo das pela pregngio da doutrina, Eis porque a pratica Yotos, muito embora comum a tédas as Ordens, da, en fretanto, 4 sua vida religiosa uma fisionomia pec A POBREZA ” A pobreza religiosa antes de Sdo Domingos Ness primetros séeulos da Igréja, vivia o clero na po breza evangélica, Julgava-se tio obrigado a reninela. do ‘pens terrenas, quanto & abstenc&o do casamento. De fate, no s¢ pode conceber a perfelia vide comum fem & CO mmunidade de todos os bens e a estrelta dependéneia de pobreza que dal resulta. Esta dependéneia 6, em verd: © trago caracteristico da vida perfelta, 0 cunho re de uma existéncia intetramente consagrada a Pobre ao nascer como ao thorrer, Jesis quer pobres ‘seus éiscipulos e considera a pobreza como primeira of Gieho ae vida perfeita: Si vis perfectus ese, vade, omnia quae habes, ef sequere me. “Be quetes ser perfel ‘yal, vende tudo quanto possuis, e seque-me”. Por multo tempo foram os clérigos um model dessa perfeita reminela. Tudo tinham em comum, comunidade possula ¢ distribula entre os elérigos, comi ans primeiros pobres de Cristo, oo médicos recursos m cessirios @ sua manutencdo, Afirma Thomassin que primetras derrogacSes désse bAbito primitive tiver inicio no século VI, quando comegaram a destacar do eonjunto dos bens da Tereja (até entdo indiviso alguns bens particulares, cujos rendimentos eram 4 nados a uma obra especial ou a um clérigo. N&o & ainda grave o abuso, Avolumou-se porém nos sécl ae — 4 ce X,e scabou por invadir t0da a hierarquia, Apare- “era ¢ miultiplicnram-se, entilo, como se féssem feudos, Se speneficios”. Do mesmo modo que entre os chetes mi- iitares se cividiam os frutos das conquistas, os ministros do aitar repartiam entre si os bens da Iereja, conside- rados até entio como patriménio dos pobres. B o clero tornoti-se proprietario. 4 o abuso 5¢ havin generalizado o estaya bastante enraizado quando 8. Domingos fundou sug Ordem. Grande nimero de Dispos eram altos senhores feudats, muitas vézes mals ocupados com os seus ricos dominios que com os interésses espirituals de seus rebanhos. A mialoria dos beneflelirios vivin adormecida s0bre vanta- josos 1ueros. ‘Como:era fatal, ealu a santa hierarquia na ignoran- ia © no relaxainento de costumes, e permitiu que og he- feges, principalmente os Albigenses, tirassem vantagem dessa decadéncia, excitando contra os bens ecleslasticos a célera das multidies e a ambieio dos principes. O Proprio Papado confessava, em carta a seus legados: “Os Pastores tornam-se mercendrios » nfo culdam mais do Tebanho, mas de sf proprios; s6 procutam a 1A e o lelte das ovelhias, ¢ deixam 9 lobo completamente & yontade.(#) 1 preciso diver, entretanto, que nessa época ainda se Praticava a primitiva pobrei na Ordem mondstica © também na parte do clero que, tendo conservado as tra- igGes aposidiicas, e em virtude da secularizagée da outra arte, Dassou a chamar-se de elero regular. fase olero, ee ee fervorosas Congregagtes ee nets, is espalhada era. a dos Pre- neg biulto embora tossem pessoalmente pobres esses e+ egos & monges, nSo o cram as suas abadias ¢ pricradas. ‘Assim, conforme as constituigfes mals ou menos estritas — 35 que as regiam, as comunidades de Cluny, Cister, Pré tré, © outras Ordens, eram proprietarias de vastos db minios, Concepeto dominicana da pobre A secularizacdo do clero pelas riquezas, convinha 9 melos mais. eficazes. fisses meios, Deus os inspiron a dois patriarcas mult ‘véees unidos pela Igreja nos mesmo elogios: Si0 Domina) gos e S80 Francisco de Assis. Quase ao mesmo tempo independentes um do outro, tiveram 6les a idéla de in! pretar ao pé da letra a lel fundatnental da vida “vende omnia gue habes” (vende tudo quanto suls), e de praticar rigidamente a pobreza evangéll rentnelands a qualquer propriedade, nao apenas pi sl proprios, mas também para as Ordens que fund vam. Pensamento generoso e de admiravel fecundid — como 0 comprovou a experiéneia — e que bro! a um tempo, do coracko de dois santos. Sio Domingos. So Francisca puseram-no em pratica, cada qual sua conta, movides pelo espeticulo dos abusos dagi época e pelo sentimento dag necessidades da Tgreja. Sio Domingos ampliou o concelto tradicional de breza. NGo contente de despojar o religiosa, individual mente, impos também & comunidade a renfineia a riqneza. © prdprio convento tornou-ge pobre, sem pres priedade e sem rendas, Tanto os individuos como comunidades deviam viver de esmolas. Eis porque a G dem dos Pregadores chamou-se Ordem mendicanta, Foi, na yerdade, o proprio 8. Domingos um modélo de perfeita renuncia, Embora nfo o tenha p clamandg como seu amigo de Assis, também éle, seu Sta, Catarina de Sena, “escolheu por espisa a R 70 — . Impossivel ern levar vida mais pobre e mals endida do qué tle, N&o tinha senao uma tinlca, a fgrasseira do convento; quando era préciéo Tava-la, Ria outra de empréstimo. A sua céla era a mals es- melita oincdmoda. Querendo viver como os que mada , comia apenas de um prato, Se viajava, nunca Piasia 2 cavalo nem de carro, mas sempre a pé, sem GBinhelro, sem provisves, vivendo de esmolas, dormindo “fobre a palha ou sdbre uma tdbua, feliz ge o recebiam mal. Era “um verdadeiro amante da pobreza”, diz 0 B. Jordio de Saxonia. A pobreza, meio de apostolado " Sabemos o motivo por que 8. Domingos tanto amow & pobreza, Naturalmente encontrava, nesse abeoluto desprendimento, 0 melo de satisfazer o seu incomparavel | amor a Jess, ate foi pobre, ¢ sabla que uma rigorosd pobreza seria para seus filhos eficaz instrumento de san~ fitieacio pessoal. Mas a historia nos revela, também, guas preocupacies apostdlicas na pratica da perfelta re- moneia: considerava, acima de tudo, 2 pobreza absoluta ‘eoihio poderoso fator de apostolado. ‘Sio Domingos pode constatar, com grande tristezs, a enorme influéncia que exerela a aparéncia de pobreza G05 prégadores hereges. Porisso, "ao inielar sun pregagao no Languedoc, em 1200, de acordo com o bispo de Osma #le persuade o5 Legados pontificlos a abandonarem sia Optllenta comitiva, Ble proprio se despoia de todo Iuxo " cinaugura a pregacdo pela santa pobreza. Reune, entao, 7 lguns companheiros de apostolado ¢ f4-los partilhar do 97 _ escravizados vivemn ées nos bens materials, que a presel ‘de um religioso, que renuncia exatamente Aquilo que. procuram com um ardor nunca saciado, eausa-lhes panto e os eonvence. (*) if A rigorosa pobrega fazendo do Pregador ums cépis, proprio Jesiis, sera a garantia de sua sinceridade, ¢, mesmo tempo, fard déle um apéstolo, “Porque o Yolo néo ¢ apenas um homem que sabe e ensing palavra; ¢ por todo o seu ser que éle prega o ctistl por sua simples presenca 6 €le, digamos assim, aparigfio de Jess Cristo.” (*) f No proprio desprendimento dos bens terrestres, ‘Frade Pregador ‘a santa pregagso universal”, & qual, yontade da Igreja, éle se dedica. Posto diante dos materinis, éle indaga: “Km que podem éstes ajuda - na salvagtio das almas?” Aquéles que podem presi auxilio, guarda-os, néo pelas suas qualidades ou gozar déles, mas para usd-los no exercicio de sua Subordina-se, pols, & ordem eterna que destina as cx turas inferiores a condusirem 0 homem @ Deus. Repel porém, aguéles que constituem obstéeulo a0 seu a Jado, @ mesmo as véres recusa servir-se dos que ihe indiferentes, 9 fim de que a sua ag&o, mals livre, se mais forte ¢ mais eficaz. Como um lutador, desemba se de tudo quanto poss ser obstéculo as suas energi E esta concepgtio da pobreza deixa-nos compress a Ordem Dominicana possulsse coletivamente os 7 mentos necessérios & propria subsistencia, Tendo df creseido a 76 e também a generosidade popular, tornara a mendicidade, em vez de auxilio, um obstaeulo a0 a a ‘niimero, no meio de uma sociedade me- ‘a Hiberdade de se entregarem ao estudo ¢ & _ 0 proprio 8. Domingos, alias, aceitara, por eerto 5, pequenas rendas para a convento de Tolosa, pols ., em regio herética, nao bastavam. & subsistén~ falo, para nos, dominicanos, segundo ensina Bte. a pobreza nfio passa de um melo. tenha deixado de mendigar, o Frade Pregador esquecer que pessoalmente deve ser pobre, ni ‘yoto feito, como por fidelidade ao, pensamento Domingos, Se hoje ¢ permitido’& comunidade yendimentos que Ihe assegurem honesta subsis- nio poderiam os superiores aumenti-los, indefi- ite, sem ir de encontro so pensamento do ‘santo ndador. Pelo decreto de Xisto IV, 0 convento domini- ‘ehno M0 fol transformado em abadia, mas continua o. set convento de uma Ordem mendicante. Nao devem os Pre- gadores se esquecer que, quando a necessidade obrigow §, Domingos a aceltar alguns reeursog para a regifio de Tolosa, devastada pela guerra albigense, ticou estipulado ‘que os Frades nfo fariam uso senSo do estrito necessirlo, Gistribuindo pelos pobres o restante. Nao hé, talves, dispositive das Constituigdes em que © santo Fundador mals insistisse. Quantas yézes mant- estou o horror que Ihe inspirava um religioso apegado Gs riquezas! Seu dltimo pensamento fol para essa santa etreza que tanto amara e que tanto quisera deixar & fem como sua honra e penhor de fecundidade. A seus filhos desolados, reunidos em tore de seu lelto de morte, Gisee; “Meus queridos irmfos, els a heranga qué, como 39 ‘0 amparo de Nossa Senhora de uma estréla. Era para slmbolizar a pureza do A de tude, 8. Domingos conflava seus filhos & area dos Pregadores, cia. extraordinaria atracdo sed ecial protegdo da Santissima Virgem, Mse Purissima, 8 totlos os contempordnens. Conta-nos a bem-aveht yada sempre pela Ordem como sea mais poderoso Cecilia, sua. filha espiritual, que “saia-lhe “da sobréhatural. A antiglidade dominicana ¢ fecunda entre 08 cflios uma Iuz radiosa que suscitava r “acontecimentos maravilhosos que atestam a amével yela da Mile de Deus sbbre os que ela chama: Minha “Havin na Lombardia uma pledosa mulher, muito ola da Santissima Virgem e que vivia sdzinha. Sabendo uma nova Ordem de pregadores, havia. pouco, se fun- ‘teve grande desejo de ver alguns déles, Aconteceu que Fr. Paulo pregava nessas regides ¢, seguido de um eompanheiro, passou por perto do iugar onde se achava “agnela piedosa mulher. Como eta de costume, pararam Perio da reclusa e dirigiram-lhe piedosa exortacao, Inda- ) Goa mulher a que Ordem pertenciam; responderam-the que 4 Ordem dos Pregadores. Achando-os, porém, jovens, inimigos da pureza: os que vém do corpo, pela tf Delos, © bem vestidos, entrou @ desprez4-los, pensando cagho dos sentidos, a abstinéncla, o jejum, os discip ) Gwe homens daquela espécie, percorrendo o mundo, nfo € 88 vigilias; os que procedem do espirito, pela discip )Potleriam, por multo tempo, conservar a virtude. Na da imaginacio, pelo estudo, a oracko € contem: foite seruinte, porém, apareceu-lhe a Virgem, com ar (que oeupam todos os instantes do religiosa ¢ © des Bevero e disse-the: “Ofendeste-me, ontem, gravemente, ia oclosidade); enfim, tle combate os inimigos Divides, entao, que eu possa preservar of meus servos Tes, pela solidio do elaustro e pelo stltneio, Se a fi Gus, embora jovens, se viio pelo- mundo a fora, em procura lidade da Ordem exclui um total isolamento, a Gas almas? Previno-te, pois, que os tomel sob minha Preocupa-se em nfo abandonar 0 religioso no exereicle p elal protecic, e vou mostrar-te os que desprezaste hoje, 2 pureza do corpo e uma virgindade sem Ha guards desta yirtude que torna agradivel a © servo de Deus, dando-Ihe gloria e crédito perani ‘homens’ Por isso, organizou a vida religiosa de seus filhos, « modo a se manterem num ambiente de perfeits, put € capazes de entrar em contacto com o mundo macularem. o— a“ ontem”, , levantando seu manto, fez ver & reelusa mp exige sun voeaeso apostélies. 76 escreven algudin dadeira multidio de frades, entre os quails os m me o Frade Pregadcr deve ser o “Anjo da verdade”. de quem ela suspeitara na véspera”.(*) feta expressto que Dem tradu: a sua sublime tunglo fa um tempo, explica por que 8 seus filhos tanto Te- Castiids sransyig sndou 8. Domingos esta admiravel virtude, A Ordem 4 “GOmverdade deve também ser a Ordem da castidade, Nada Escreveram ‘piedosos autores que S. Domingos, em “melhor dispée & verdade do que 4 castidade. “A alma que ae Ganinis obedeceu & voldpias carnals, sfirms Sto, Alberto cuja bula de canonisngtio se atirma que morrera com RRL ereee ines inocénela batismal, obteve de Nossa Senhora, para a a . Ordem, a graca de manifestar especialmente a virtud 8, Oe ee angélica, assim como outras Ordens tém a graca de mg vexerce & ee alias ne sedan nate | nifestar, de modo particular, n pobreza ou a obeditn ces dts, v Contam a Vile Fratrum que “um religioso, 00 ouvir ; Bis, oem diivida, 0 motivo de simbolizar 0 brasiio da seer eo ay ru roo con lp een tn su Prope) ts winks bs nornsa ce Ags: Vee fe adverte o Pregador que, pars éistribulr as puras 1uzes tedlogo, fol chamado, pela sua admirdvel pureza, 0 Dout Ne Eee angélico; & inoe&neia de vida do nosso primeiro mért | Porisso, esforea-se 0 filho de S. Domingos em praticar eanonizado, 8. Pedro de Verona, atraia 4 sua cela a y ee ete 0. todo mel pete ee dos santos do céu; um dos mais poderosos missionérie | ugar, pelos motives que obrigam todo cristéo 6, em Bi) erin, fol poe: bua radiben: eeakidede ‘a duro ae perwids, porque a castidade conquista os coractes a Jests aie i wiccres oaias tan tos eoeos ) Eristo, Torna-se melhor apéstolo, seguindo, com alegria, treidie. ta euumuséis “Cds ae ToC | 05 passos de sou ben-aventurado Fai, de quem aizia Tiago tase foals eeu; “da, th: gripe, Coe Gees ae ) Ge Voragine: “sua castidade era comunieativa: eastitas dinéria elogiiéncia;(*) 0. primetro dos nossos artistas, peansfustoa”. sua candura virginal, fol cognominado Fra Angélieg a enfim, 0 f10r de nossa numerosa escola mistica 6 a ee A ene cee poane ne, Srone ee Fundamentos da vida religiosa Com certera, todos os verdadeiros cristios hon © ostentam essa virtude, que o P. Lacordaire dizia Teservada & Igreja. Deve, entretanto, o Progador sagrar-lIhe tum eulto especial: assim o quis §. Domingt : A OBEDIENCIA TANDS Jestis velo ao mundo, sua primeira palavra fol Perfeita obediencta & vontade de Deus, seu Pai: Eece ut factam Deus voluntatem tuam. Semelhante ra. profere, também, toda aquéle que entra para a Sha Bem depressa se proferem estas duas pala ‘mito obeedientiam, mas com que amplitude de ‘Enfelxam elas a vida inteira do pregador, ap de t6das as suas forcas, determinant a natureza @ m do ministérfo a exercer, os melos a empregar, © seus menores atos até & morte, Indispensivel condigio e fundamento de toda’ tellgiosa, ¢ a obediénela fator imprescindivel na minieana. Gracas a Deus, através de sua longa. sempre disso se lembraram os pregadores, A. obe Sempre fol uma das grandes foreas da Ordem Do Baste pastar og olhos pela histdria da Igreja do IT a esta parte, para que se verifiquem os im servigos que prestaram os Frades Pregadores & causa Deus, por se terem conservado unidos em tOrno do Geral da Ordem, o qual, por sua yes, os fazia cerrat f lelras em tomo do Papa. Salvando a unidade do govérno (") a férga da obeditnela, preservou, a0 tempo, a unidade do espirito religioso, da doutrina €( acho. Durante muitos séeulos, gragas & obediénela, dominicanos realigaram a “santa pregagdo univer tdo ardentemente desejada por sea fundador. Ein © mundo desenyolveram muitas misses empreet Mesde © inicio do século XIII e florescentes ainda Ho Fizeram eonhecido e adotado 0 Rosirlo pela so erist universal. Do ponte de vista doutrinal, basta clonar a escola tomista para atestar os servi¢os pres 4 teologia catélica. ee como tédas as obrigagdes da vida religiosa, ‘s-obediénela do Frade Pregadot tent “um carater facilmente determinada pela doutrina das Cons- e pelos comentarios ou péla pratica de nossos Polo voto de obediénels, entroga-so o Pregador a0 srior, ou melhor ao proprio Deus, com o tim de rea- uma obra determinada: a salvagio de seus irmios; @ melhor realizar essa tarefa, abdica integralmente Uberdade, Fromete seu tempo e suas forgas: sub~ sempre pronta e comflante de seu corpo a tidus ase eanseltas; yontade decidida a cumprir téda dens: promete, enfim, entregar todo @ seu ser a N quanto o Superior julgar conveniente ordenar para Ta gidrin de Deus. Pode mesmo ir ate a morte o sacriticio )exigido pela caridade ou a salvacho das almas. Nao ha “Obediéncia mais extensa, Nada foge ao seu jugo. Diz o |B. Humberto de Romans que a obediéncia dominicana ¥ abranger a vida'do Pregador de modo absoluta~ Universal, deve ser universalis sine exception. PH Actestenta: simplex sine discussione. Por isso abs= “Wém-se o Pregador de qualquer discussio, porque discutir ‘ordein € apouca-la ¢ tirar-Ihe a energia; do mesmo % evils qualquer restrigdo, porque a obra diving ef operdrios resolutos e ardentes, e procurar limites Obediéncia ¢ entorpect-la e quebrar-ine o impulso. entre & autoridade © a obediéncia hs uma con- Titua, sem recelo de exceder a medida, combi 45 a Na verdade, a obediencia dominicana tem ¢ familiar. © Prelado 6 0 pai de todos os seus reli ‘Oeupa o lugar de Deus no convento, desempenha a de Cristo, Usa de grande autoridade, mas é uma dade que procura antes “fazer-se -amada do que Deve governar pela harmoniosa alianca do respeito amor, da forga ¢ da dogura, como o pal na familia, Tecer como 8. Domingos o duplo titulo de “Consolador | IrmAos” © “Zelador da disciplina”. Sdo Domingos nia as faltas com energia, entretanto impunha as p tancias com tanta dogura e benignidade, que os de bom grado, as aceltavam”(*). Reprova o B, ‘erto de Romans, o Prelado indolente que detxa mecer a autoridade, como certos bispos que os pin Fepresentam sentados em seu trono, pacificamente mecides, 0 baculo pastotal a cair-Ihes das mios seja forte a autoridade, mas serescenta: ‘ao tempo afetuosa, paternal, porque, se os mus se cor pelo respelte, os bons sic levados pelo amor’, Be-A a obediénela mais fficil e mesmo, como Rogra, alegre, livre ¢ filial, exeluindo todo sentim servilismo. QO Pregador no obedece como 0 Servo” teme @ amenca, nem como o cadaver que se deli mecimicamente, mas como 0 filho amoroso que adap vontade & de seu pal. Essa obediéncia nio é¢ me passive, mas preza o estado de dependéneia, por ver uma garantia contra os desvios da propria vontade conhece no Prelado um protetor contra. possiveis sacrifica de born grado as idéias e conveniéncias para se entrogar alegre © filidmente aguele que Zi de Deus a incumbéneia de dirigi-lo. fo — motivos essenclals levam o Pregador 4 pratica da jaz Como religioso, procura renovar ‘0 mistério pois, no estado presente, a pertelgio consiste mistério. “Quem quiser seguir-me, diz 0 Salvador, @, tades os dias, a sua cruz”. para salvar o mundo € expiar os pecatios do povo. verdadeira iluséo para um homem aspirar a se miinistro do Redentor ¢ dar-lhe uma colaboragio , Sem se associar A sua Paixio pela mortificagao iversal | “Devo realizar em minha carne, dizia 0 Apts- ". H lei que nio adinite excepodes: sem peniténcia 6 ha acdo sobrenatural sdbre as almas, A peniténcia marcou S. Domingos destacado lugar vida do Pregador. E suas praticas podem-se distinguir obsevancine de regra e obvervain- 3 de conselho. Observanctas de regra Atingem algumas diretamente o corpe, como, por Remplo; 9 jejum de 7 a 8 méses por ano, abstinéncla ar mais austero encontraram—quod arduum—e como ‘ULES Observiticias foram acrescentadas. ‘Tem, porém, um limite as férens humanas, Roderin, wn homem sujelto ta tadigas, par véres 9 do. minisiério apostilico, dedicar-se habltualmente, duras peniténcias? Como, em certos casos, imp isto se ressinta o apostolado, fim principal da Ord 8. Domingos previu essa Gificuldade. Que glliar tudo, eusteridade, estudo, apostolado, salientol Constituiedes, a lel da.dispensa: “Ter o Superior 0: de dispensar og Frades, conforme julgar com sobretudo daquilo que, por ventura, possa impedir: tudo, a pregagtio © o bem das almas”. © ascetismo dominicano tem por mira o apos € 6 por Cle condicionade. Lemos no B. Humberto | “no devem os estatutos da Ordem ser observados tal regidex que possam impedir a Ordem de atingir 8 principal”, Sempre que contrariarem o sposte ererciclos de peniténcla (nos casos em que se yerdadeiro entrave) cederfio lugar a um bem sup (a) ®ste ¢ um ponto de Regra que sotreu profundas: dificagées. Uma geral ruina de snide tanto nos religiosas como nas vocagSes que vinham a enirar reelamayam consideracSo especial. Era a consequéncia, essa debilitagao, neralizada, do ritmo da vida moderna « sobrelude de guerras miundiais imediatas. A Santa-Sé determina: Ponto das peniténcias fisicas amplas dispensas. My Domingos levantar sun obra como verdadelro {ao ousade quanto harmonioso, Ordem ao mesmo bo ascéticn, contemplativa ¢ apostélica, na qual a aus~ ‘prepara a conlemplagde ¢ se expande ma ‘ago. 1 ai se vo que a discrig&o 6 um dos tragos distintivos dominicano, Nada lhe é mais contrarlo que espirito estipidamente igualitério, que reclama para ‘am o5 mesmas direltos ¢ a todes impée exatamente deveres. Nao dividin o proprio Deus, de modo pondo em suas mios 0 delicado instrumento Gispensa, pelo qual devem ser coordenades todos 05 elementos no sentidd de concorrer para a plenitude do Gpostolado. O Prelado ¢ um pal, a quem cabe dirigir seus fiihos com tanta largueza de id¢ias e afeigdo, quanto fimiess, ¢ tratar cada um de aedrdo com suas necessida~ © 0s melos recebides de Deus. Por conseguinte o lado deve proceder de maneira que possa cada, religioso ‘a estrada real da austeridade, pois é ela o caminho dos Pregadores. No estimulo das boas vontades, tera em vista as diferengas fisicas e morais, as Bas € as necessidades, a fim de melhor dosar o trabalho Fepouso. Aplicando os meios adequados para permltir ada wm realizat o quinhao de bem especial que Deus tra pare. a salvagéo do mundo, evitard a distribuigio Gas partes de austeridade e de dispensas; mas — Procurara distinguir, antes de tudo, a vocago de seus filhos, a forea ¢ a fraqueca de cada um, Que cada qual receben ¢, ap mesmo tempo, esta dices de dar. Prdticas penitenciais de oF SAo aquelas que as Constituigoes nfo impdem almente como dever oflelal, mas se encontram fundamente incorporadas 4 tradieio dominieana qu ‘evocd-las, nto se poderia completar a fisionomia, eador. Recomendat com insisténcia as Constituledes ‘Mestre de novigos tranamita a seus discipulos 0 de austeridade, e Ines ensine a pritica da “Sela o Mestre dos novigos atento a Ihes ensinar a darem, com extremo cuidado, a pureza de corpo ‘alma, reprimindo as patxOes, por uma. constante m eaglio dos sentidos, pelas austeridades da Ordem, por melo de peniténcia de sua livre eseolha”. Sempre foram muito estimadas na Ordem tals | ticas penitenciais, 3 ‘© proprio S. Domingos havia, all4s, dado o ex Sempre descalgo, exocto ao atravessar as cidades, mendigando o pao de porta em porta, aceitando, Brado, as injurias, paciente em todas as Em Segévia venera-se ainda a gruta para onde Ol retirava 4 noite a fim de flagelar-se. Quando Sta. Sabina, passava as noltes na igreja, pros! degraus do altar, flagelava-se trés vézes por no ee deitava-se um instante sobre a pedra sepul- ‘cobria © corpo do santo Papa Alexandre. © og seus filhos seguiram-lhe, corajosamente, o exem- (Quando celebramos « festa de um santo da Ordem, que acontece varias vézes na semana — & leitura dos Dplogréficos do santo, estamos certos de ouvir o S go mesmo martirio valuntarlo: Vigiliis, Jejuntis, is, et allis cruciatibus carnem suam affligedad. “Ble ava © corpo por melo de vigilias, jejuns, discipli- @ outros géneros de peniténcias”. esta nota de dade uma das que estabelecem a unidade, na ex- yariedade dos santos dominicanos. ‘A historia contemporanea lembra, neste particular, 3g tempos primitivos. O historiador do P, Lacordaire jousou contar as peniténcias que o conferencista de Dame se impunha a si préprio. Causou, no entanto, jpouco que disse, grande admiragio naqueles que lou- gvam a incomperivel eloquéneia do orador de Notre ‘mas nem suspeltavyam a austeridade do religioso. algo mals comovente do que espetéculo que ofe~ o Restaurador da Ordem dominicana na Franca, ao et-se alarrrar, por longas horas, a uma cruz de ma- eolocada num pilar da igroja dos Carmelitas, a flm Mais assemelhar-se ao divino Crucificado? ‘Um dos ouvintes do P. Besson, impressionado com drradia¢io de sua austeridade, exclamou: “# um cru- fo que fala!” Era, de fato, um grande penitente, Tiomem tio meigo e de trato tho suave. Uma mesa © sbbre a qual se abriam alguns livros de teologia; eadeiras risticas, e, a um canto, um eofre em forma Galkko mortusrio, servinde de leito,

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