São Paulo
2001
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SUMÁRIO
RESUMO I
2. REVISÃO DA LITERATURA 3
2.1 A Evolução do Conceito de Endomarketing 3
2.2 Uma Discussão sobre Cultura Organizacional 6
2.3 Endomarketing e Gestão de Pessoas 9
2.4 A Influência dos Funcionários Sobre os Clientes 11
2.5 A Aplicação do Endomarketing por Empregados e Empregadores 13
2.6 Estruturação e Implementação de um Projeto de Endomarketing 14
2.7 Pré-requisitos para o Sucesso de um Projeto de Endomarketing 17
3. METODOLOGIA 20
3.1 Projeto Inicial de Pesquisa 20
3.2 Roteiro de Entrevista 20
4. ESTUDO DE CASO 22
4.1 Apresentação da Instituição Estudada 22
4.2 A Proposta Inicial do Projeto de Endomarketing 25
4.3 O Programa de Endomarketing: Crenças e Objetivos Iniciais 26
4.4 O Programa de Endomarketing: Políticas e Práticas 27
4.5 O Programa de Endomarketing: Resultados já Obtidos 29
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32
ANEXOS
i Material de Divulgação do Instituto de Pesca
3
ii Exemplar do Informe-se
RESUMO
O presente trabalho visa analisar, sob uma abordagem de gestão de pessoas, as relações de
troca que acontecem entre a organização e seus funcionários - os quais, analogamente, seriam
considerados como clientes internos.
Para tanto, faz-se uso do conceito de endomarketing (ou marketing interno), o qual consiste
em uma ferramenta complementar estratégica que, em linhas gerais, proporciona, junto à
gestão de pessoas, a integração dos trabalhadores aos objetivos da organização.
Considera-se que o estudo de caso constituirá uma importante base de informações para
futuras pesquisas sobre o tema, visto que o endomarketing é ainda pouco explorado na
literatura e prática brasileira.
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ENDOMARKETING:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E APLICAÇÃO PRÁTICA DE UM PROJETO
Neste sentido, o sucesso das organizações hoje está ligado, mais do que nunca, a fatores que
vão muito além da manutenção de uma prática gerencial tradicional que enfatiza uma simples
“logística” de pessoal, cujos gestores apresentam unidades ou departamentos de cunho
administrativo caracterizados por forte burocratização e escassa capacidade de inovação.
O endomarketing, política que se volta para a valorização dos empregados, merece toda a
atenção que se presta às políticas orientadas ao público externo, visto que a satisfação das
necessidades e desejos dos trabalhadores os habilita a satisfazer as necessidades e desejos de
seus clientes.
Neste sentido, o presente trabalho objetiva desenvolver um estudo de caso acerca do projeto
de endomarketing de uma organização, de modo a: (i) apurar as políticas de
comprometimento utilizadas e (ii) analisar os resultados obtidos por meio das mesmas,
avaliando se a aplicação da filosofia do marketing interno nesta organização é, de fato, uma
ferramenta valiosa capaz de elevar a sua capacidade competitiva e, ao mesmo tempo,
melhorar a qualidade de vida no trabalho.
O estudo de caso a ser desenvolvido constituirá uma importante base de informações para
futuras pesquisas sobre o tema, visto que o endomarketing é ainda pouco explorado na
literatura e prática brasileira.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Com base na releitura das teses de PONCE, Felícia A. Urbina (1995) e SOUZA, Maria
José B (1991), o surgimento do endomarketing deu-se por dois motivos: (i) a redescoberta
dos recursos humanos como recursos raros e estratégicos para a empresa e (ii) a valorização
do marketing de serviços como elemento essencial para a performance da organização.
A crescente atenção voltada para o assunto deve-se ao movimento da era industrial para a
nova concorrência da era do serviço, na qual a lógica do fabricante precisa ser substituída pelo
know how do prestador. Nessa transição, o ponto mais crítico consiste no fato de que os
empregados orientados para o serviço e especializados são tidos como recursos escassos se
comparados com a matéria-prima, a tecnologia de produção e os produtos.
PONCE (1995), em seu estudo acerca das discussões sobre o conceito de endomarketing,
apresenta valiosas propostas. Inicialmente, que o marketing interno consiste em uma filosofia
de gerenciamento que considera os empregados como clientes internos e os empregos como
produtos oferecidos para satisfazer suas necessidades e desejos e direcionar os objetivos da
organização. Desta forma, o produto está fortemente orientado para o reconhecimento dos
empregados e para a valorização dos mesmos.
Em sua tese, PONCE (1995) descreve a abordagem desenvolvida por PIERCY e MORGAN
(1991) acerca do conceito em questão. A proposta por eles apresentada consiste do
desenvolvimento de um programa de marketing dirigido para os funcionários da empresa, de
modo que ele seja paralelo e coerente com o programa de marketing desenvolvido para o
mercado externo (clientes e concorrentes). Desta forma, tal programa também se utilizaria de
ferramentas como o composto de marketing, o qual eles assim descreveram:
✈ preço: refere-se ao quanto os clientes internos devem pagar pelo pelo produto acima
descrito. Isso inclui fundamentalmente o custo psicológico decorrente da adoção de
valores diferentes e da mudança nas rotinas de trabalho;
✈ distribuição: refere-se aos lugares físicos nos quais devem ser “vendidos” os produtos
(reuniões, comitês, sessões de treinamento, seminários etc).
Outra abordagem interessante a respeito dos 4 “Ps” do marketing interno pode ser assim
descrita:
✈ promoção: consiste em todos os esforços da empresa para atrair e reter bons profissionais.
É imprescindível, neste ponto, que a empresa conheça as expectativas de seus empregados
potenciais e garanta a satisfação das mesmas mais eficientemente que suas concorrentes.
Fazendo uma análise mais ampla, agora em relação a todos os autores supramencionados,
observa-se que, apesar das diferentes colocações, o funcionário é sempre encarado como um
cliente para o qual devem ser direcionados esforços.
Neste trabalho, mais precisamente, será adotado o referencial conceitual que propõe que o
marketing interno consiste em uma filosofia de gerenciamento que tem implicações
estratégicas e táticas em todas as várias funções do negócio. O propósito da adoção deste
referencial não é esgotar o assunto e dissertar sobre toda a sua abrangência: busca-se, por
outro lado, não limitar o estudo à análise do conjunto das atividades do marketing tradicional
para o mercado interno.
A cultura organizacional tem sido objeto de uma série de definições por parte de autores que
seguem linhas de pesquisa diferentes. Apesar da dificuldade de consenso conceitual, há
pontos comuns, tais como: ela é holística, historicamente determinada, relacionada ao
conceito antropológico, socialmente construída e difícil de mudar.
Uma releitura da discussão de PONCE (1995) acerca dos diversos conceitos da cultura
organizacional permite-nos extrair idéias centrais. Primeiro, que ela consiste em um conjunto
dos pressupostos básicos que um dado grupo inventa, descobre ou desenvolve no processo de
aprendizagem, com o objetivo de lidar com as questões relacionadas à adaptação externa e
com a integração interna. Uma vez que este modelo funcione bem ou suficiente para garantir
esses objetivos, ele é considerado válido e, portanto, ensinado aos novos membros como a
maneira correta para se perceber, pensar e sentir em relação aqueles problemas.
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Outro ponto comum tratado pelos autores é que o termo se refere às maneiras tradicionais de
pensar e fazer as coisas, que são compartilhadas numa extensão maior ou menor por todos os
membros da organização. À medida que novos membros são incorporados, eles devem
aprender a aceitar tais maneiras, ainda que parcialmente, para também serem aceitos nos
serviços da empresa.
A cultura pode ainda ser considerada como forma de controle, uma vez que é capaz de
garantir que as diferentes unidades e membros da organização atuem de forma coordenada e
cooperativa, de modo que os recursos sejam obtidos e dispendidos de maneira apropriada e os
resultados esperados sejam alcançados.
Chega-se, assim, a quatro pontos fundamentais: (i) a cultura é aprendida; (ii) a cultura é
compartilhada; (iii) a cultura é transmitida; e (iv) a cultura trata de um sistema de valores
implícitos que os homens, a todos os níveis, serão capazes de exprimir, se lhes for dada
oportunidade.
SMIRCICH (1983:339-348), citado por PONCE (1995), sugere uma divisão da cultura
organizacional em dois grandes grupos: os que consideram a cultura como uma metáfora, ou
seja, algo que a organização é; e os que consideram a cultura como uma variável, ou seja, algo
que a organização tem. Os que defendem a postura metafórica pressupõem que a mesma deve
ser entendida e analisada como expressão de aspectos simbólicos. Neste caso, deve-se
considerar a limitação da análise, em vista da subjetividade e abstração do processo.
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Já os que explicam a cultura como uma variável entendem-na como um aspecto mais tangível
e, portanto, com a possibilidade de ser pesquisada e analisada com o objetivo de ser mudada.
Esta visão aceita que a cultura pode ser transformada a partir de determinadas ações,
principalmente provenientes da cúpula da organização. Nada do que é cultura pode ser
estanque porque ela faz parte de uma realidade onde a mudança é um aspecto fundamental.
PONCE (1995) transcreve o estudo de SCHEIN (1989), segundo o qual a cultura de uma
organização pode ser apreendida em vários níveis, são eles:
✈ dos valores que governam o comportamento das pessoas: difíceis de serem observados
diretamente, para identificá-los são necessárias entrevistas com os membros-chave ou
análises de conteúdo de documentos formais da organização. No entanto, diz o autor, pode
ser que esses valores expressem apenas o que as pessoas reportam ser a razão de seu
comportamento – permanecendo ainda escondidas as razões subjacentes;
Uma função importante do gerenciamento é definir e reforçar, para cada funcionário, a cultura
corporativa na qual ele está inserido. Hoje, um número amplo de organizações,
principalmente aquelas orientadas para o serviço, estão revisando suas estratégias, declarações
de missão e valores a fim de torná-los voltados para o cliente.
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As relações entre a empresa e seus empregados vêm sofrendo constantes evoluções, estando
cada vez mais orientadas para o diálogo direto e participativo, por meio do qual o funcionário
é reconhecido como o agente principal no desempenho das organizações.
Neste novo cenário de valorização do papel do recurso humano, o empregado não só tem a
necessidade de um bom salário, o qual permanece como uma condição de base, mas também
do reconhecimento de sua participação no sucesso da empresa na qual está inserido.
Hoje, o empregado pode escolher entre investir fora da empresa, dedicando seu tempo livre à
família, associações, política e causas sociais, ou então aplicá-lo dentro da organização em
associações esportivas, representação sindical, comissões de fábrica, programas de qualidade,
dentre outros. Existe, portanto, um contexto de livre troca, no qual o funcionário tem escolhas
a fazer. Há concorrência, e é necessário tornar a oferta da empresa atrativa para o trabalhador.
É nesta conjunção de necessidades crescentes, tanto por parte dos trabalhadores como por
parte das organizações, que se forma a base de um mercado onde se troca, com um certo custo
material e psicológico, bom desempenho por produtos-idéias (tais como uma boa imagem
organizacional, uma oferta de treinamento, um programa de qualidade total, um programa
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bem estruturado de benefícios, um novo programa voluntário, dentre outros). São estes
produtos, aos quais os empregados necessitam aderir livremente, como em qualquer forma de
compra que satisfarão suas novas necessidades.
O novo discurso postula que aquelas organizações que desejam desenvolver-se no meio
concorrencial só atingirão eficiência e competitividade quando seus empregados se
mobilizarem e se engajarem com os objetivos e valores da empresa.
Este novo cenário implica na necessidade de um novo enfoque da gestão de pessoas, voltado
para a oferta de treinamento, orientação em relação à qualidade total e reforma do sistema de
recompensas que premia a participação voluntária e a inovação. Aliás, estes são os produtos
por meio dos quais espera-se o engajamento dos empregados na empresa.
Uma outra abrangência do marketing que pode ser eficientemente aplicada ao ambiente
interno da organização é a segmentação, que permite à função de recursos humanos
reconhecer as diferenças individuais e dividir os funcionários de acordo com suas
expectativas quanto à contratos, jornada de trabalho, participação, pacote de remuneração,
dentre outras.
Vê-se, assim, que o marketing proporciona uma estrutura de ação e um enfoque prático pelo
qual a equipe de recursos humanos pode aportar soluções efetivas a problemas chaves e, desta
forma, tornar-se a responsável pelo sucesso das ações mercadológicas.
Neste contexto, as empresas estão cada vez mais focando esforços na venda de sua própria
imagem aos funcionários, os quais são tratados como “clientes internos”. A razão para tais
investimentos é simples: como GRONROOS (1990) coloca, a maior satisfação dos
empregados facilita o desenvolvimento de uma força de trabalho mais consciente do papel do
cliente, mais orientada para o mercado e mais preocupada com as vendas.
✈ pessoal de contato: possui contato freqüente ou periódico com o cliente e está muito
envolvido com as atividades convencionais do marketing. Precisam ser treinados,
preparados e motivados para servir ao cliente de maneira que garanta a sua retenção.
Sugere-se que o pessoal de contato seja selecionado, avaliado e recompensado com base
em seu potencial de satisfazer as necessidades do público-alvo;
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✈ isolados: desempenham funções de apoio, as quais não têm contato direto com o cliente
nem com as atividades convencionais do marketing. No entanto, não se deve subestimar a
influência dos isolados na performance da organização, visto que eles são responsáveis
por funções tais como a de compras e processamento de dados.
Uma outra proposta de JUDD (1987) apresentada na tese de PONCE (1995) é que,
reconhecida a importância das pessoas como fonte e essência de um compromisso de toda a
organização com o cliente, inclua-se os empregados como uma variável distinta e separada do
composto de marketing. Para o autor, designar o pessoal como o 5º “P” do marketing (ao lado
de produto, preço, promoção e ponto de distribuição) formalizaria a noção de que as pessoas
realmente importam.
Enfim, a próxima venda, o próximo produto, a próxima idéia e o próximo sucesso dependem
muito dos relacionamentos externos. O bem mais precioso de uma empresa está em suas
relações. Não se trata de “quem você conhece”, mas de “como você é conhecido por eles”.
Assim, uma organização bem sucedida com seu marketing interno depende de sua capacidade
em recrutar e selecionar pessoal competente e oferecer-lhe um pacote atrativo de emprego,
benefícios, recompensas e treinamento, a fim de salientar suas habilidades e encorajar a
orientação ao cliente.
Uma estratégia de marketing interno eficiente está dirigida à criação de todos aqueles
comportamentos que propiciam no pessoal de contato com clientes uma atitude entusiasta e
consistente com a estratégia geral de marketing.
Os estudos de SOUZA (1991) nos mostram que a utilização dos instrumentos de marketing
nas relações de troca entre empregados e empregadores pode ser feita por parte de ambos.
Vale ressaltar que o conjunto das organizações, empregadoras dos diferentes tipos de
profissionais, estão sujeitas à pressões econômicas, tecnológicas, sociais e políticas; à
mudanças nas preferências dos consumidores e à influência dos concorrentes. Tal fato exige
das mesmas alterações em seus produtos e processos e, consequentemente, em sua demanda
por qualificações profissionais. Assim, que é de suma importância para o empregado
monitorar as novas exigências e adequar a sua oferta.
A aplicação dos instrumentos de marketing pelo empregador nas relações de troca com o
empregado inicia-se, por sua vez, com a identificação das necessidades e desejos de um grupo
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de funcionários, a fim de desenvolver uma oferta de salário e benefícios que permitam atrair e
reter profissionais qualificados e motivados para as funções disponíveis.
Os empregadores podem ainda usar pesquisa de marketing para compreender melhor seus
empregados, exatamente como o fazem com os clientes externos. Podem modificar e
aperfeiçoar empregos da mesma forma que modificam e aperfeiçoam produtos destinados ao
consumidor final. Podem estabelecer segmentos de mercado de empregados, e criar produtos
específicos às exigências de cada um. E podem, ainda, usar campanhas promocionais a fim de
envolver, informar e influenciar seu público interno.
na realização dos objetivos organizacionais. Para tanto, no foco interno, podem ser
utilizados questionários auto-preenchíveis ou discussões em grupo junto à alta
administração, cujos resultados permitirão conhecer as percepções e opiniões do pessoal
em relação à situação de trabalho, bem como focos de tensão entre as áreas funcionais,
pouca consciência dos empregados em relação à missão, problemas de baixa moral no
grupo e falta de conhecimento sobre o papel desempenhado. Já no foco externo, pesquisas
mercadológicas são de grande utilidade ao identificarem a percepção do cliente final em
relação à qualidade do atendimento, entrega dos produtos, dentre outras causas de
satisfação ou descontentamento. Finalizado, o diagnóstico da situação permite à
organização conhecer claramente suas principais ameaças e oportunidades.
Como exemplo, seguem alguns objetivos que podem ser alcançados com a aplicação de
um programa de marketing interno:
✈ vencer resistências;
✈ produto ou serviço: trata-se dos incentivos que deverão ser oferecidos aos diferentes
segmentos da organização a fim de assegurar a valorização dos empregados e
estimular o comprometimento dos mesmos. Podem ser: políticas de treinamento que
focalizam a maneira adequada de como tratar o cliente; políticas de remuneração
benefício; políticas de recrutamento, seleção e avaliação de desempenho; perspectivas
de carreira e promoção; reconhecimento pelo bom desempenho; relacionamento no
ambiente de trabalho; processo de comunicação e identificação com a empresa.
✈ promoção: constituída pelos veículos de comunicação por meio dos quais o produto ou
serviço será comunicado ou promovido, tais como: material escrito (jornais internos
com informação sobre a organização), vídeo ou apresentações pessoais. A promoção
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deverá despertar a atenção e o interesse do público interno para o que está sendo
ofertado
De acordo com os estudos de PONCE (1995) acerca dos fatores críticos de sucesso de um
projeto de endomarketing, chega-se a algumas conclusões. Primeiro, que o sucesso do mesmo
depende de uma administração adequada, entendida aqui como um processo de troca entre
organização e indivíduos capaz de estimular em ambos uma atitude positiva e atingir com
eficiência os objetivos da organização. Idealmente, um programa de marketing interno busca
integrar a participação de todos os elementos da organização.
Uma colocação interessante apresentada na tese de PONCE (1995) é a que se refere aos
sentimentos de um empregado em relação a seu emprego, os quais podem ser subdivididos em
cinco dimensões:
Outros três pontos fundamentais que constituem pré-requisitos para o sucesso de um projeto
de endomarketing são: o envolvimento com o trabalho, o engajamento organizacional e a
motivação para o trabalho. Vejamos cada um deles:
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✈ Envolvimento com o trabalho: diz respeito ao grau de absorção das atividades. Indica
o quanto uma pessoa se identifica psicologicamente com seu trabalho e o quanto sua
performance afeta sua auto-estima. Pessoas que têm forte envolvimento com o
trabalho passam a considerá-lo como parte importante de sua vida. Os administradores
devem ser capazes de identificar os empregados não engajados e colocá-los em
posições mais adequadas a seus desejos e habilidades. Aumentando o
comprometimento de seu pessoal, as organizações poderão esperar menos rotatividade
e faltas.
É comum que os esforços de marketing interno concentrem-se apenas nas equipes de vendas,
as quais possuem contato direto com o cliente final. No entanto, deve-se lembrar que estas
equipes freqüentemente dependem do apoio de outras áreas da organização – e, se estas não
estiverem suficientemente preparadas para dar o suporte necessário, os resultados poderão não
ser atingidos.
O sucesso das atividades de marketing interno só será alcançado quando a empresa assegurar
que seus empregados estejam motivados a atingir uma performance orientada para o cliente
ou serviço e, ao mesmo tempo, dispostos a permanecer como membros da organização.
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3. METODOLOGIA
É importante ressaltar que este estudo de caso foi realizado de forma a abranger apenas os
aspectos voltados ao projeto de endomarketing da Instituição, o qual ainda está em fase de
implementação.
4. Interpretação dos dados transcritos e análise das suas conformidades com relação à
implementação de um programa de endomarketing.
a) Implementação
b) O Projeto de Endomarketing
c) Acompanhamento e Avaliação
✈ São feitas avaliações periódicas dos resultados obtidos com o projeto? Se sim, com que
freqüência? E como são feitas essas avaliações?
4. ESTUDO DE CASO
Suas pesquisas relacionam-se à produção pesqueira - tanto a oriunda de água doce como a de
água salgada, seja proveniente da pesca extrativista ou da aqüicultura.
O Instituto de Pesca é a única instituição científica no Estado de São Paulo que desenvolve
pesquisas em pesca extrativista.
Para uma melhor compreensão de como o Instituto de Pesca se estrutura, vejamos seu
organograma:
1
Informações retiradas do site do Instituto de Pesca: www.institutopescasp.gov.br
26
Conselho Superior do
Instituto de Pesca Instituto de Pesca
Centro de Coord. Centro Centro Bacias Centro Pesq. Centro Reprod. Centro Ação Centro Comun. Centro Núcleo de
de Pesquisa Aqüicultura Hidrográficas P. Marinha e Larvicultura Regional e Treinamento Administrativo Comercializ.
Equipe A. Operac.
Núcleo de
Salmonicultura
C. Jordão
Equipe A. Operac.
Núcleo de Biol.
de Peixes Fluviais
Pirassununga
Equipe A. Operac.
Estação Exp.
Assis
Estação Exp.
B. Bonita
Estação Exp.
Pindorama
✈ O entrevistado
Antonio Carlos Simões ingressou no Instituto de Pesca em 1968. Em 1979, foi designado
Diretor do Museu de Pesca e, em 1998, Diretor do Centro de Comunicação e Treinamento,
cargo que ocupa até hoje.
Eis, abaixo, alguns pontos fundamentais que aproximam a empresa convencional de uma
Instituição de Pesquisa do Governo do Estado de São Paulo:
- ambas estão orientadas para um público final (seja ele consumidor ou usuário), e devem
saber identificar seus interesses, necessidades e tendências. Ao passo que a empresa
convencional fala em venda de produtos, a Instituição de Pesquisa fala em transferência de
conhecimento;
- ambas estão comprometidas com um resultado final (seja ele um lucro ou um benefício
social);
- ambas são avaliadas (seja por sua capacidade de produção, seja por sua capacidade de
atendimento).
O diagnóstico inicial partiu da concepção do que vem a ser uma empresa moderna: aquela que
acredita que o produto não vale coisa alguma se não existir o consumidor. Em outras palavras,
a empresa de sucesso de hoje coloca o cliente como a razão maior (quase sempre única) da
atividade, e está orientada para a excelência no atendimento.
Segundo Antonio Carlos Simões, “ao longo de meus mais de 30 anos na Instituição, e como
jornalista, sempre senti a necessidade de o Instituto de Pesca ter um trabalho direcionado à
área de Comunicação e Marketing, o que formalmente só foi possível iniciar com a criação
do Cecom”.
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O Cecom acredita que o programa de endomarketing atual ainda está muito distante do ideal.
Visando suprir tais deficiências, algumas políticas estão sendo planejadas, são elas:
➫ Edição de vídeos
➫ Organização de eventos
➫ Jornal mural
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Desde a proposta inicial do projeto, o Cecom tem identificado alguns pontos favoráveis
(facilitadores) à implementação do programa, são eles:
- infra-estrutura básica;
Com base nesses resultados, Simões afirma que já há um retorno sensível no processo de
conscientização da política de comunicação.
33
Os resultados obtidos até o momento revelam que a gestão de pessoas na Instituição estudada
está passando por um processo de mudança e quebra de paradigmas. Até o momento, a alta
administração soube diagnosticar a falta de integração dos colaboradores com o propósito da
organização e, a partir disto, desenvolver políticas de comunicação capazes de impulsionar o
comprometimento de todos.
No entanto, por se tratar de uma organização pública, o Cecom ainda encontra inúmeras
dificuldades e barreiras à implementação do projeto. A primeira delas diz respeito ao
expressivo desinteresse dos funcionários em participar de treinamentos (pré-requisito para o
sucesso de implementação de um programa), apesar de todo um empenho do Núcleo de
Treinamento do Cecom em buscar e oferecer eventos dessa natureza.
Aqui vale comentar a questão do baixo salário como primeiro fator de desmotivação e a
questão do reduzido número de funcionários atualmente disponível, já que há cerca de nove
anos não se contrata ninguém.
Isto se agrava em função da baixa qualidade profissional da grande maioria dos funcionários.
Há exceção apenas em relação aos pesquisadores científicos da Instituição: eles estão sempre
se aperfeiçoando, inclusive em termos de mestrado e doutorado, em razão da “carreira de
pesquisador científico”, que traz a possibilidade de promoção profissional, que vai do nível I
ao VI, com considerável melhoria salarial de um nível para outro.
A solução, neste caso, poderia ser a eventual intervenção do Instituto de Pesca, no sentido de
convocar determinados funcionários para participar de treinamento do interesse da Instituição.
gestão de pessoas. Por isto, os resultados das ações nessa área são ainda tímidos, e decorrem
muito mais em função do empenho pessoal da diretoria do Cecom do que do empenho
institucional (no âmbito da diretoria geral do Instituto de Pesca).
Este quadro talvez possa melhorar nos próximos meses em função do perfil do novo diretor
do Instituto, recentemente nomeado, que mostra ter uma visão de futuro e ser sensível à visão
empresarial da Instituição.
Outra grande dificuldade encontrada pelo Cecom é a inexistência de uma política que
privilegie as atividades de comunicação dentro da Instituição. Assim, as iniciativas na área
são tomadas por ações pessoais, e todo o projeto depende quase exclusivamente do próprio
diretor do Centro. Como proposta, pensa-se na possibilidade de contar com outros
profissionais (um psicólogo, um especialista em marketing, um relações públicas, um
administrador de empresas para atuar na área de gestão de pessoas etc), os quais trariam novas
visões e idéias a serem implementadas, acelerando a obtenção de resultados.
Centrando esforços nestes pontos falhos, e recebendo apoio e incentivo adequados para a
aplicação de um processo de gestão de pessoas tão eficiente quanto o que encontramos em
empresas privadas, esta Instituição pode vir a se tornar um modelo para iniciativas em outras
Instituições Públicas.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOUZA, Maria José B. Marketing Interno: um estudo numa indústria de autopeças. São
Paulo, 1991. Dissertação (Mestrado em Administração) – Departamento de Administração
da Faculdade de de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São
Paulo.