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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL.

SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I


JAN / FEV 2007
Karl Bunn
Presidente da Fundação Samael Aun Weor
Curitiba – PR – Brasil – LVII Ano de Aquário
© Direitos autorais desta edição: Escola Gnóstica Fundasaw : http://www.gnose.org.br, mantida pela
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BRASIL) e nosso endereço na internet (http://www.gnose.org.br).
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orientação para o leitor, evitando, assim, as nem sempre práticas notas de rodapé.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

2007: INÍCIO DA RETA FINAL - Mensagem Especial para 2007


09.01.2007

Queremos fazer aqui um alerta e uma exortação de que 2007 é o ano, cabalisticamente
falando, do Peregrino, é o ano do Buscador, do Iniciado. Pelo que ouvimos, o tempo está
muito curto, o que significa também que 2007 é praticamente o último ano que temos para
começar um trabalho real e concreto sobre nós mesmos.

Aqueles que ficam ainda se debatendo nas dúvidas primárias, na questão elementar do
“acredito/não acredito”, estão perdendo seu tempo. Sempre afirmamos que a Gnose não é
para pessoas vacilantes, dúbias, que querem estar em muitas escolas e ao mesmo tempo
não estão em nenhuma delas.

Esses vacilantes precisam definir-se. Não que alguém vai atrás com uma lança ou um
tridente cobrando coisas. Temos que avisar aqui nesse momento que o tempo de vacilações
já passou. Aqueles que, de fato, estão interessados em fazer alguma coisa em seu próprio
favor, de seu trabalho espiritual, esse é o último ano, magicamente o ano que soma 9.

Este é um ano especial para aqueles que já se decidiram, já começaram a praticar inclusive,
mas que ainda estavam levando suas práticas um tanto quanto relutantemente. Sabemos
que todos passam por dificuldades e que os conflitos pessoais acentuariam-se na medida
em que os anos fossem passando.

Tenho visto em nossas comunidades que há pessoas com sérios problemas e ninguém tem
uma pílula mágica capaz de resolvê-los. Os conflitos internos, cada qual tem que resolver
na sua intimidade, no silêncio, no encontro de si mesmo. E esse é o ultimo ano que temos
para isso.

Ainda que as coisas sempre cheguem atrasadas ao Brasil, o que de certa maneira gera uma
vantagem, pois certos acontecimentos finais também chegarão ao Brasil com uma
sobrefolga de dois ou três anos...

Em 2010, terá triplicado, praticamente. os acontecimentos que hoje assistimos e que já


estarrecem a muitas pessoas. Lá pelo ano de 2012 em diante, nem temos como discorrer
sobre isso, porque justamente no dia 22 de dezembro de 2012 termina o tempo do não-
tempo. O que significa que se pode esperar de tudo, se não temos trabalhado sobre nós
mesmos, trabalhado no sentido do desapego. É muito fácil afirmarmos “Ah! Eu não tenho
apego. Ah! Para mim não tem problema!”. Mas, em contrapartida, quando perdemos um
amigo, entramos em depressão, em desespero, mesmo com todo o discurso de desapego.

O que podemos esperar, então, quando as coisas acontecerem numa magnitude muito
maior? Esta preparação emocional, psicológica, já era para ser feita. Daí o tempo
necessário para isso, para crescermos, amadurecermos, avançarmos em relação a estes
mesmos desapegos.

Agora, se estávamos ou estamos vacilantes, se não conseguimos superar esses conflitos


elementares, então podemos inferir que à medida que os anos forem passando, esses
conflitos nos levarão ao desespero, à loucura.

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Não estamos jogando palavras ao vento, nem queremos gerar um clima de pânico, como
inadvertidamente acabamos fazendo. Não porque geramos isso, mas só ao falar dos
acontecimentos finais, muitas pessoas ficam realmente apavoradas. O nosso objetivo não é
gerar pânico e sim preparar os espíritos ou dar as indicações para que cada qual prepare o
seu, uma vez que ninguém pode fazer o trabalho por outro.

É claro que nessa época atual, palavras, intenções e objetivos sempre são deturpados.
Muitos que ouvem isso, lêem essas coisas ou uma mensagem como a Gnose, tomam-na
pelo lado negativo, como uma ameaça. Em nossa modesta visão, são tontos, pois estão
desperdiçando um aviso que a Divindade deu em vez de trabalhar para superar suas
limitações, estar com o espírito pronto, amadurecido para a vida difícil que se avizinha.
Desdenham dessas coisas, riem, criticam, atacam... Isso é a humanidade, isso somos nós,
não há como mudar.

Por isso mesmo, somos aqui [no PALTALK] um pequeno grupo, que em certos dias
congrega vinte e poucas pessoas, outro dia menos de vinte, houve um tempo em que eram
mais de quarenta e assim cada qual vai levando sua própria vida como lhe parece melhor.
Nosso dever é avisar sobre essas coisas, alertar que esse ano de 2007 é um ano muito
significativo para quem quer construir algo dentro de si, espiritualmente falando. As
ferramentas para construir isso foram dadas aqui mesmo por dezoito meses; há muito
material disponível, já são mais de cem horas de gravação. Esse não é um canal noticioso,
de novidades. Quem quiser ouvir novidades deve ler jornais, assistir televisão, ou ir à
banca da esquina e comprar jornais e revistas para encontrar novidades.

Aqui trabalhamos sempre com os mesmos temas e, mesmo assim, já abrimos demasiado,
devíamos ter focado mais vezes os mesmos temas. Mas sabemos que, para a mente
ocidental, para a mente novidadeira, esta repetição acaba criando mecanismo de rejeição:
mesmo ouvindo, passamos a não escutar.

Queríamos aproveitar para buscar essa conciliação, a sintonia em relação ao momento que
estamos atravessando. E trabalhar em cima das práticas para esse ano de 2007. Repassar
alguns elementos importantes para aqueles que querem levar adiante um trabalho
consistente, concreto, eficiente nesse caminho espiritual. E, dentro deste contexto, estamos
à disposição para comentários e questionamentos sobre esse trabalho ou sobre as
dificuldades encontradas. Talvez nem tudo possa e deva ser comentado hoje dentro deste
contexto aqui apresentado.

Alguém pergunta: “a partir de que momento do trabalho, desenvolvemos o centro de


consciência permanente, e como ele se expressa na vida diária?”. Ele cristaliza-se depois
de muito tempo de trabalho de auto-observação, de autolembrança de si mesmo; isso não é
uma coisa para algumas poucas semanas, alguns poucos meses. O desenvolver e cristalizar
do centro permanente de consciência é a mesma coisa que dizer, desenvolver a Bodhishita
dentro de nós e isso é um trabalho de muitos anos. Devemos ter isso em vista, mas não
fantasiarmos de que vai ser conseguido rapidamente.

Não nego a possibilidade de que possa ser conseguido rapidamente, pois há pessoas a
quem nós atendemos nesses anos todos, e acompanhamos no seu trabalho espiritual diário,
que desenvolveram seu centro permanente em dois anos. Mas isso é uma exceção, são
pessoas que disciplinaram-se a trabalhar pesadamente, já vieram com trabalho espiritual
feito em vidas anteriores. Tudo isso faz com que esse fator tempo aqui denominado
reduza-se. Mas o normal da condição de 99% das pessoas que chegam à Gnose hoje é um

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trabalho de cinco a sete anos. Isso se trabalhar bem, do contrário serão quatorze, quinze
anos, o normal é mais de vinte anos, pois a dura realidade da comunidade gnóstica
internacional é que ninguém trabalha sobre si.

Foi uma grande surpresa nos anos noventa quando, aqui na Fundação, instituímos para
oficiantes e para instrutores um mínimo de duas horas de prática, de meditação por dia.
Mas isso se deu em função da constatação na época de que a média de prática dos
chamados gnósticos no mundo, não chegava a trinta minutos diários. O normal é que cada
um fizesse dez, vinte minutos de um rápido exercício de retrospecção do dia. Então como
vai se formar um centro permanente de consciência fazendo-se zero de trabalho por dia?

Agora aqueles que se dispuserem a trabalhar, primeiro compreendam a natureza da


Doutrina Gnóstica, a natureza desse trabalho, o que é o caminho iniciático. Depois de
haver compreendido tudo isso, sabendo das dificuldades e das implicações, acima de tudo,
de um trabalho como esse, expresse, em contrapartida, em termos de trabalho prático diário
e interrupto.

Não existe sábado e domingo para quem quer o caminho, existe apenas o dia. E o dia é
feito de horas, aproveitem essas horas. Muitas pessoas alegam não ter tempo para fazer
práticas, mas passam duas horas por dia na frente da televisão e ainda toda noite ou duas,
três vezes na semana alugam filmes, DVDs na locadora e ali já se vão mais quantas horas?

Se, ao invés de pegarem esse tempo para ficar vendo filmes, novelas, noticiários, revistas,
etc., usarem para fazer meditação, teriam o tempo necessário. A crua realidade dos fatos é
que somos demasiadamente débeis. Entendemos a debilidade e nós mesmos fomos assim
por muitíssimos anos. Perdemos um tempo muito grande, não entendíamos a natureza do
trabalho, a natureza do caminho, suas implicações, até “cair a ficha” e vermos todo o
cenário de uma maneira muito clara, muito concreta, de maneira palpável. Perdemos muito
tempo ou foi o tempo necessário que, particularmente, gastamos para fazer isso com
segurança.

Até porque aquilo que ensinávamos não podia ser feito irresponsavelmente, não podíamos
ensinar algo que não tivéssemos experimentado antes, pois senão não teríamos segurança
para dizer e afirmar certas coisas.Hoje é diferente, conhecemos mais, vimos as coisas mais
claramente, temos uma consciência muito maior do que aquela que tínhamos então. Cada
um vai passar por esse mesmo processo.

Sintetizando tudo isso, resume-se a trabalhar diariamente. Para nós aqui, na época,
estabelecemos duas horas de prática por dia como mínimo para um instrutor da
FUNDASAW, isso surpreendia muita gente. Pessoalmente, surpreendo-me como
achávamos difícil fazer duas horas de prática e isso é nada absolutamente.

Devemos aumentar isso para três horas, quatro horas. Como podemos fazer isso? Depende
da profissão ou da ocupação de cada um. Então, cada qual tem de buscar dentro dos seus
compromissos normais e da sua sobrevivência diária, os seus horários para isso.
Provavelmente vai implicar em levantar mais cedo, pois que levantemos às quatro, quatro e
meia ou cinco horas. Cada qual define seu horário de despertar. Entretanto, dar-se-á um
grande salto quando pudermos incluir em nossa rotina diária duas horas de prática pela
manhã, mais uma hora pela noite antes de ir para a cama. Teremos três horas de prática:
meditação, mantras, práticas devocionais.

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E, durante o dia, trabalhar muito na autolembrança, na autorecordação, na auto-observação,


justamente aquela hora de meditação noturna antes de ir para a cama seria destinada para
fazer reflexões acerca de tudo aquilo que aconteceu durante o dia.

Fazer tudo isso sem pressa, sem tensão, sem estresse. Ter o sentido da responsabilidade de
fazer esse trabalho, mas não fazer isso de má vontade, pois se o fizer é porque não
entendeu nada. Então, primeiro precisa voltar e compreender a natureza desse trabalho,
uma vez que não o compreendeu ainda e, se não o compreendeu, faz as coisas de forma
errônea e aí não há resultados.

Não que devamos buscar resultados, assim como nos alimentamos três, quatro vezes ao
dia, não para buscar resultados, mas por necessidade. Da mesma forma, devemos fazer
práticas por necessidade, não para buscar resultados. Assim, a própria prática torna-se um
exercício relaxante e eis que surge o que o Mestre Samael dizia: “amor ao trabalho”.

Se alguém quer fazer esse trabalho sem amor, e o amor não vem sem haver compreendido
a natureza do trabalho e do caminho, começa mal, provavelmente até fazendo um trabalho
inútil, seria melhor nem fazer se for para realizar dessa maneira.

Sobre construir um centro permanente de consciência, ele cristaliza-se em função de


trabalhos realizados. Não adianta perseguir desesperadamente esse centro, não é uma meta
a ser alcançada, é um resultado natural que ocorre em função de um trabalho feito,
realizado com amor ao trabalho, é isso que precisa ser entendido. Tirar de nossa mente,
nossa vida, essas fantasias todas.

Não adianta alguém pegar um japamala, por exemplo, e começar a repetir mecanicamente
mantras, invocações ou orações todos os dias. Isso de pouco serve, pois um papagaio pode
fazer a mesma coisa. Temos de estar voltados para isso, voltados a fazer nossa prática,
naquele local mais oculto de nossa casa física e também da interior. E ali onde ninguém
nos veja, façamos nossas orações, nossos diálogos com nossa Divindade anterior.

Uma determinada pessoa comentava: “mas a quem eu devo rezar?”. Essa é a dura
realidade: as pessoas quando chegam à Gnose, nem sabem a quem deve rezar. Chegam à
Gnose oriundas de religiões cristãs e nelas ensinaram a elas a rezar para Jesus, pois ele é o
filho de Deus. A Gnose afirma que existem os Mestres e que não existe Deus, mas existem
Deuses, então a pessoa entra em confusão: “mas... E agora? A quem eu devo rezar?”. A
pergunta é pertinente, mas revela, ao mesmo tempo, nosso grau de ignorância espiritual.

A partir dessa realidade de zero espiritual que temos para trabalhar, pode ser que alguns
tenham 0,1% de esclarecimento espiritual, mas outros, além de zero, começam a caminhar
para menos zero, à medida que querem fazer de seu próprio cérebro um liquidificador de
doutrinas contraditórias, misturando ensinamentos pertinentes ao lado negro e ao lado
branco, achando que tudo é a mesma coisa. Desde que tenha amor, tudo vale.

Uma coisa é o discurso do amor. E digo a vocês que os tenebrosos são mestres no discurso
do amor, da paz, da justiça, e é por ai que eles enganam esses que têm seu centro
emocional frágil, pois isso é um apelo ao emocionalismo, ao sentimentalismo. Essa é a
realidade espiritual do mundo neste momento.

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Nem quero aprofundar muito sobre determinadas características, porque a simples menção
de determinadas práticas já seria chocante para muitas pessoas e, tomando esses cuidados,
já somos acusados de muitas coisas, imaginem quando, às vezes, tornamo-nos mais
enfáticos ao sugerir que nos afastemos de certas práticas muito aceitas, certos ambientes
muito freqüentados. Essa é a dura realidade nossa e os tempos estão se fechando agora, se
temos que tomar uma decisão, tomemos em favor de nosso próprio Pai que está dentro de
nós mesmos.

Se não sabemos a quem rezar, o Mestre Samael diz que, em certa altura de sua vida,
quando ainda estava na busca do caminho, cansado de tanta teoria, exausto de tanta
informação desencontrada, decidiu afastar-se do mundo. Foi morar numa choupana de
pescador no mar do Caribe e ali durante tempos, enquanto fazia uns biscates para ter o que
comer durante o dia, entregou-se à meditação. A meditação dentro da Gnose é dita como
sendo o alimento diário do sábio. Um capítulo do livro Psicologia Revolucionária está
denominado de “O Pão Supersubstancial”. O Dalai Lama medita três horas por dia de
manhã, os lamas, os sábios, os místicos do Tibet têm os traseiros chatos por passarem
horas e horas sentados em padmasana a vida inteira, meditando com a finalidade de anular
a mente e os processos mentais.

E nós, agora com mero dez minutos, cremos de fato que vamos conseguir alguma coisa
palpável e concreta neste caminho espiritual? Vamos tirar a ilusão, se queremos fazer um
trabalho sério, vamos nos olhar na frente do espelho, olho no olho conosco mesmos, vamos
assumir um compromisso, decidir realizar algo sério pelo menos a partir desse ano de
2007, cabalisticamente, nove, uma nova oitava. Essa nova oitava terminará no ano 2016 e
até lá quem saberá que transformações o mundo terá passado e se nós ainda estaremos
aqui?

Esse despertar da consciência, dar-se conta da gravidade do momento e da necessidade de


fazer um trabalho concreto sobre nós para deixarmos de ser tão materialistas, tão voltados
para as coisas do mundo exterior. Temos que nos voltarmos mais para o mundo interior.

Um bom começo, seria nesse ano de 2007, começar com três horas de meditação, duas
horas pela manhã e uma hora à noite antes de ir para a cama. Porque muita gente deita na
cama e diz que faz duas horas de prática, mas não é bem assim. É preferível fazer uma hora
de prática sentados ao pé da cama em posição Zen, ou padmasana os que conseguem.

Tratar de estudar retrospectivamente o dia, tomar consciência de seus erros, tratar de ver
suas mecanicidades, buscar encontrar dentro de si uma atitude positiva após uma
autocrítica, mas sem culpa. Isso que nos ensinaram aqui no Ocidente de culpabilidade é um
problema sério, pois o ego para se esconder faz-se de “coitadinho” e esse é um tremendo
obstáculo. Não temos que nos fazer de “coitadinhos”, temos que, simplesmente, olhar-nos
de frente, para dentro de nós, no espelho da autoreflexão interior profunda, evidente do
Ser, como dizia o Mestre Samael.

Com paciência, fazendo isso dia após dia, gradativamente, vamos nos tornar mais
profundos, mais exatos na autopercepção, na auto-análise, na contemplação de nós mesmos
e de nossas próprias realidades interiores.

Comentou-se muito das bases fundamentais, das quatro nobres verdades, das paramitas, o
óctuplo Sendeiro de Buda, do Selo Hermético, Bhakti Yoga, Karma Yoga, dialética da
consciência... Toda essa base já foi dada ainda que com o auxílio, é claro, das obras que

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estão disponíveis. Sempre que necessário devemos lançar mão disso para refrescar muitas
vezes nossa memória ou para proporcionar uma chispa de compreensão ao rever um
determinado ensinamento.

E assim sem pressa, sem tensão, mas seguramente avançando, realizando o trabalho
naturalmente, esse Centro de Consciência Permanente vai cristalizando-se dentro de nós, a
consciência vai ancorando em nós. Temos uma consciência, mas está espalhada, dispersa,
não está ativa, está adormecida, reage em função dos condicionamentos da própria mente,
do próprio ego.

É esse mecanismo que temos de desarmar, esse jogo que devemos jogar na meditação.
Ficar observando a própria mente, observando os “macacos” pularem agitadamente de
galho em galho, sem finalidade nenhuma. Mas eles pulam. Dominar a mente é um dos
primeiros passos, não esquecer de nós, expressarmos a conduta reta, tantas vezes
mencionada.

Com todo esse ferramental, esse conjunto de atividades, gradativamente nosso mundo
interior vai modificando-se. Temos de fazer nossa parte primeiro, para que a mudança
aconteça. Se alguém perseguir uma mudança ela foge, não se consegue nada perseguindo,
mas sim permanecendo sereno, tranqüilo, em paz, centrado em si mesmo. Só assim as
coisas consolidarão-se em torno de si mesmo. Enquanto estivermos agitados como pedras
rolantes, é claro que nada vai aderir.

Alguém comenta ou pergunta aqui "Estas práticas meditativas costumam reduzir o tempo
de sono de oito para três horas?". Acho muito difícil alguém reduzir para três horas, eu
reduzi para quatro, cinco horas bons tempos na vida enquanto estava fazendo experiências
comigo mesmo. Agora encontrei um outro ponto de equilíbrio que me parece mais
adequado, mas é possível umas cinco horas sem se desgastar.

Um dos obstáculos que temos é exatamente esse, se levantamos cinco horas da manha e
deitamos às dez, onze horas da noite, então ficamos um largo período acordados. A
natureza mostra claramente em fatos que todo animal precisa, nesse meio tempo, de
repouso.

Aqueles que puderem, na hora do almoço, tirar para si 15, 20, 30 minutos para repousar,
para tirar uma soneca ou fazer alguma prática interna como sempre fazia o Mestre Samael,
isso vai dar um alívio no sistema nervoso, no sistema parassimpático. É altamente
aconselhável, mas sei que na cultura e no mundo desumano de hoje, poucas empresas
oferecem essa possibilidade, esse repouso na hora do almoço.

Aqueles que moram em cidade menores podem desfrutar disso. Aproveitem! Façam isso!
Agora quem mora em cidade grande realmente é difícil. A escolha que teriam de tomar é
mudar de cidade, sair do caos infernal para uma outra condição ou mudar de emprego,
mesmo que na mesma cidade.

Sacrificar algumas coisas e trabalhar menos, para que se possa ter mais tempo para si e
para este trabalho, isso realmente é importante. É claro que nenhum de nós vai poder
abandonar tudo, aqueles que têm compromisso de família, são casados, têm família para
sustentar, não podem ser levianos a ponto de largar tudo. Mas podem gradativamente
mudar a sua condição, reduzir compromissos, reduzir gastos, trabalhar menos.

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Buscar alternativas sem pressa, buscando o apoio da Lei, comprometendo-se com a Lei,
fazendo isso, digo a vocês que as oportunidades abrem-se. Mas cada oportunidade que nos
é aberta a partir desses meios aumenta mais nosso compromisso e responsabilidade.
Melhor não negociar nada com a Lei Divina se não temos a certeza e a segurança de
cumprir com o juramento.

O que realmente é a causa dos fracassos, é porque não criamos o hábito de fazer as
práticas, começamos a fazer essas práticas hoje, sustentamos essa rotina durante uns
quantos dias e então surge um acontecimento qualquer, um convite para uma festa, uma
reunião de amigos, um aniversário não sei de quem, uma oportunidade de ir à praia e no
impulso vai-se. Ao voltarmos, já não é mais a mesma coisa, algo afetou, balançou e não
temos a força necessária, o thelema, para retomarmos essa vida.

O que precisamos entender é que se alguém quer esse caminho, deve transformar-se num
monge na sua própria casa, na empresa, no trabalho em que está. Tem que encarnar esse
princípio do monge, fazer seu trabalho, enquanto trabalha. Isso da conduta reta, do amor
Ágape, isso da ética superior, abordada no tema das paramitas.

São ferramentas formidáveis que nos permitem trabalhar concretamente com fatos, não na
teoria, filosofia da Gnose, mas nos fatos concretos. Cada qual tem que achar a sua maneira
de resolver isso, todos nós sabemos que precisamos fazer trabalhos concretos, práticos,
cumprir uma rotina de práticas esotéricas diárias, sem falhar nenhum dia.

Recentemente, alguém me consultou: "Ah! Estou pensando em “dar um tempo” nas


minhas práticas, o que você acha disso?". Ele já sabia qual era o meu pensamento, mas
mesmo assim escreveu. As pessoas sabem, mas duvidam daquilo que sabem, querem
buscar em alguma palavra nossa um motivo para “dar um tempo”, só que esse “dar tempo”
é igual a morrer, jogar fora o trabalho, uma vez que muito pouco resta.

Se viemos de uma rotina de trabalho de seis meses, duas horas por dia, é claro que isso
gera um resultado interior, pode não ser muito, mas já tem alguma coisa dentro de si,
percebe-se que houve mudanças dentro de si.

Então diz: "vou dar um tempo". Uma semana que passa ele volta ao zero, se algum dia
retornar (e foi o que eu disse a essa pessoa) e se retornar vai ser muito mais difícil. O
inimigo que está dentro de nós gerou resistências, defesas naturais muito mais poderosas
que estarão esperando este pobre estudante para quando ele tentar voltar, se é que vai
voltar. Estatisticamente, a maioria não volta.

O que a Gnose ensina como um conhecimento universal, o Budismo, o Cristianismo


original também ensina. Ela pode ser tomada e aplicada em muitas atividades humanas.
Podemos levar esses princípios para nosso ambiente de trabalho. Tanto isso é verdade que
um consultor empresarial escreveu um livro chamado O Monge e o Executivo e ganhou
milhões de dólares e hoje cobra cinqüenta mil dólares para fazer uma palestra de um dia
sobre esse tema. Esteve recentemente aqui no Brasil, em São Paulo e Curitiba também, e
qual foi o pulo do gato dele?

Ele fez um estudo dos valores ensinados por Buda, por Cristo, por Krishna, por Pitágoras,
todos os sábios da humanidade e fez os devidos paralelos com o ambiente corporativo.
Parabéns para ele! Teve a inspiração, acreditou e correu atrás, teve a ousadia de lançar um
trabalho e colheu os resultados, uma pessoa que é aplaudida em muitos lugares.

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Um dia desses, nas férias, estava falando com uma pessoa que estava em conflitos, não
sabia o que fazer. A pessoa queria ir para o reveillon e me perguntou o que eu achava. Eu
disse: “bom, o que você fez todos os anos anteriores?”. Ela disse: “sempre fui para o
reveillon”. Eu respondi: “então faça alguma coisa diferente esse ano, não vá para reveillon
nenhum”. Por circunstâncias, ela acabou perdendo a oportunidade. Sugeri para que fosse
fazer um retiro num monastério budista, não conseguiu ir, pois tomou a decisão em cima
da hora, mas com isso evitou repetir o padrão de todo ano, que era cair na gandaia, de certa
maneira, ou ir para diversão com os amigos. Indiquei esse livro, o Karma Yoga e outras
práticas mais, em vez de sair para se divertir. Quebrou a rotina e essa quebra de rotina pode
ser o início,de um trabalho, de uma mudança profunda na vida das pessoas.

Ela me comentava exatamente que, na empresa em que trabalha, realizaram um seminário


com esses princípios contidos no livro O Monge e o Executivo, mas as pessoas não
incorporaram esses valores, ouviram o conferencista e a vida segue, não houve mudança de
atitude nos diretores da empresa, então o mundo segue girando.

Obras como esta, efetivamente contribuem para uma mudança e uma melhoria nas
condições de trabalho. Caso apenas entrar por um ouvido e sair pelo outro, deixando um
registro na memória sem que haja uma iniciativa concreta, é só papagaiar, não sair do
lugar, nada muda.

A mesma coisa acontece com as doutrinas, se pegarmos os seus princípios e implementa-


los, seja numa instituição como a de recuperação de dependentes químicos, numa empresa
ou nossa vida pessoal, é claro que as coisas começam a mudar. Mas para isso é preciso ter
um poder de vontade. Porque toda vez que alguém começa a fazer um trabalho à frente de
uma instituição, surge uma oposição tremenda, esta oposição que surge fora toda vez que
alguém quer fazer um trabalho, surge pois está dentro de nós.

È só alguém querer implementar em sua vida pessoal uma disciplina de trabalhos


espirituais, essa resistência surge dentro dele, o que, em Gnose, damos o nome de o
Demônio Caifás, da má vontade. Aquele que opõe resistência a tudo, o que condena e
entrega o Cristo à crucificação.

Todos esses princípios de luz e de trevas estão dentro de nós, autoconhecimento é


pesquisar. Não se faz da noite ao dia, demora-se, sofre-se, cai-se muitas vezes, mas
nenhum Mestre está ali com uma maquininha de contar quedas, eles não olham isso, só
olham se o discípulo continua na luta, mesmo tendo tombado novecentas e noventa e nove
vezes. Olham o espírito de luta e darão quantas oportunidades forem necessárias para ele
continuar na guerra. Agora se cai e aproveita e tira uma soneca no chão, é claro que
oportunidade nenhuma merece.

Essas coisas elementares e simples é que temos de considerar nesse trabalho, não ficar com
tantas teorias. Infelizmente, dentro da Gnose, conseguimos transformar uma doutrina num
amontoado de fantasias, princípios rígidos ou leis incompreensíveis, quando o que o
Mestre Samael e outros Mestres quiseram foi é passar um sistema prático de vida e não
sistemas complexos que servem apenas para afiar o intelecto.

O conhecimento é dado, trazido ao mundo, mas cada qual utiliza como quer, não se tem,
nem se pode ter o controle sobre isso. Cada qual é livre para escolher o que quer fazer,
ninguém é obrigado a acreditar em Gnose, em Samael, em Avatares, em coisa nenhuma.

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Mas respeite aqueles que acreditem, deixe o outro acreditar, se alguém vem pedir ajuda,
ofereça ajuda, se é que tem algo a oferecer.

No Sutra da Mente consta um ensinamento budista dado a um grupo super-reservado de


Buda quando esteve entre nós no mundo. Nesse sutra é comentado o seguinte: quem teria
maior mérito? Aquele que tivesse tesouros suficientes para encher três universos inteiros e
doasse isso para caridade, teria um grande mérito, mas o mérito maior, ensinou Buda, é
aquele que pegasse quatro linhas ou princípios de uma doutrina santa e ensinasse isso às
pessoas para que elas pudessem livrar-se da dor, do sofrimento e do Samsara, esse teria
maior mérito, e não aquele que doou o tesouro do tamanho de três universos, não de três
malinhas. Comparativamente, valeria mais aos olhos da lei aquele que simplesmente
ensinasse quatro linhas de um ensinamento redentor. Isso é motivo de reflexão.

È evidente que para ensinar quatro linhas de um conhecimento, primeiramente precisamos


compreender essa doutrina, porque do contrário, possivelmente, ainda vamos adulterar
essas quatro linhas. Precisamos ensinar algo de uma doutrina legítima, doutrina brancas
como denominamos aqui e ensinar isso a outras pessoas. Esse é o terceiro fator de
revolução da consciência. Agora como ensinar se nem a compreendemos? Aí está um dos
desafios. Queremos ensinar sessenta e três livros, trezentas conferências quando nem
entendemos a primeira linha e só deveríamos ensinar a primeira linha desse ensinamento,
assim estaríamos agindo corretamente.

Percebam como é sutil, delicada, toda essa questão do ensinar, compreender, do dar,
movimentar-se nesses desdobramentos dessas realidades cósmicas. Alguém que conhece
uma doutrina salvadora, que possa liberar do sofrimento do Samsara, começa a praticar e
depois a abandona porque não consegue superar as resistências de si mesmo e desiste, só
por ele mesmo atrairá maiores sofrimentos.

O sofrimento dá-se em função da dor e do prazer, sofrer também gera mais sofrimento,
prazer também gera mais sofrimento. O sofrimento e o prazer são apenas duas faces de
uma mesma moeda nesse mundo da forma, temos de ir para o Vazio, para o Nirvana, sair
do mundo da forma e diluir-se na não-forma que se chama Nirvana.

O Nirvana não é um lugar, é um estado de consciência e isso nos remete ao que a Gnose
diz: ir além da dualidade da mente. Enquanto estivermos sendo moídos, esmagados pela
dualidade da mente, dor e prazer, sim e não, feio e bonito, esses princípios da forma só nos
gerarão mais dor. Liberdade só haverá quando fugirmos da dualidade da mente, muitos
sonham com liberdade, alimentando a dualidade mental, isso é um absurdo, não têm idéia
do que estão fazendo.

Oxalá sejamos claros em expressar isso, colocando certos princípios dessa forma. Então,
vence aquele que persevera. Os Mestres, os Deuses, eles não estão ali para contar nossas
quedas, isso é normal, é parte do aprendizado. Não há como se fazer consciência e
renunciar à dor ou ao prazer sem ter vivido a dor e o prazer.

Aceitação e rejeição, não temos que aceitar nem rejeitar, temos que achar a compreensão, o
vazio, a consciência, romper os apegos, os lastros, e isso se dá pela compreensão.
Gradativamente, vamos construindo nossa libertação e não precisamos acreditar ou não em
Deus, pois isso é da dualidade da mente, devemos ver o aspecto vazio que está entre os
dois. Esse é o único desafio que nós temos. Despertar a consciência é cair no vazio, viver
na compreensão, não na dualidade dos extremos.

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Muitas pessoas, para fazerem o trabalho, querem uma motivação, mas a motivação que
elas buscam é a motivação da cenoura na ponta da vara, de uma recompensa, um prêmio.
Neste caminho esse tipo de motivação não serve. As empresas, como motivação, oferecem
recompensas pecuniárias, dinheiro ou promoção e assim jogam o seu jogo de sedução, de
tentação.

A única motivação nesse caminho é superar o Samsara, o mundo da forma, diluir-se no


vazio, encarnar o Cristo, o Buda. Isso são formas, palavras que usamos para dizer a mesma
coisa, transmitir uma realidade que nos escapa aos cincos sentidos ordinários. Se
tivéssemos pelo menos o sexto sentido aberto muitas dessas explicações tornariam-se
ridículas e desnecessárias.

Aí estaria uma boa motivação, porém todo novato faz essa pergunta: "mas porque devo
praticar isso?”. Quando nós, como instrutores, também éramos novatos ou simples
estudantes, a gente dizia: "ah... Para despertar seus poderes, alcançar a felicidade ou para
você poder viajar em astral". Isso é tudo bobagem, cenoura na ponta da vara para motivar o
burro a puxar a carroça, motivar a seguir com o Samsara, aprisionados neste mundo como
escravos das ilusões.

Para mim, a maior motivação é liberar-se de todos esses mecanismos, realizar o vazio
dentro de nós, não como algo a ser perseguido, mas como uma expressão que precisamos
utilizar para transmitir que algo acontece, mas que, por nossa cegueira, surdez, nos
afastamos e nos esquecemos dessas coisas.

Então, muitas vezes temos de dizer a um novato: "não para despertar seus poderes". Isso
porque talvez ele queira poder no começo. Então precisamos esticar uma varinha e colocar
uma cenoura na ponta, senão nem sequer ele motiva-se a estudar. Entretanto, se queremos
avançar nesses ensinamentos, esqueçamos isso, agora é hora de sentar em padmasana e
achatar nossos traseiros, entrar em meditações dia após dia, até algo acontecer, mudar, até
havermos ultrapassado as trevas de Maya ou deste véu que nos prende ao mundo da forma.

Não tem outra maneira de explicar esses princípios ou realidades. O Mestre Samael falou
que se não tivesse experimentado o vazio iluminador quando tinha dezoito anos de idade,
não teria se lançado a esse caminho com tanto ardor, empenho, motivação. Mas para que
ele experimentasse esse vazio iluminador aos dezoito anos, se vocês lerem o livro As três
montanhas, verão que desde os quatorze anos ele se empenhou em fazer muitas práticas e
foi na Fraternidade Rosa Cruz que aprendeu as práticas que, naquela época, lhe deram os
melhores resultados e, como ele mesmo diz, na Teosofia ele aprendeu a fazer lindas e
maravilhosas palestras, mas não aprendeu prática nenhuma.

Ele só aprendeu as práticas na Rosa Cruz Antiga, nos livros de Krumm Heller, de cujos
livros, na época, ele retirou a fórmula, e depois a aperfeiçoou, da Alquimia Sexual.
Cometeu erros no começo em relação a isso, mas corrigiu. Se alguém tiver a felicidade de
experimentar esse vazio iluminador, que o Mestre Samael consegui experimentar,
vocalizando uma hora diária os mantras por ele mesmo ensinados no livro As três
montanhas, quem sabe alguém de nós seja abençoado com uma experiência dessa. A
minha motivação não passa por ai, é outra, não serve praticamente pra ninguém.

Agora, aqui mesmo na Fundação, houve pessoas que tiveram experiências similares a essa
e esse foi um fator definitivo nas suas vidas para se lançarem às práticas com mais
intensidade e inclusive alargar o número de horas diárias. Aqui entre nós há pessoas que

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realmente praticam seis horas de meditação diária há muitos anos. O que falamos aqui não
é bobagem, é constatação do trabalho coletivo desta instituição, parte da história da
instituição que representamos. Não quer dizer que somos melhores, nem melhores nem
piores, pois isso é da dualidade mental, estou apenas relatando fatos sem pretensões.

Alguém nos pergunta o que eu quero dizer quando o estudante alcançou algo de concreto.
Uma experiência do Vazio Iluminador, um desdobramento consciente desde o momento
que ele descola do seu corpo, sai do seu quarto, vai a algum lugar, faz o que tem de fazer,
vê, examina, toca, dialoga, toma um suco e depois, sem nunca ter perdido a consciência,
retorna a seu corpo físico, percebendo como se dá o encaixe, uma percepção clarividente
de um elemental, um diálogo com algum Mestre da Loja Branca e trás a lembrança até o
cérebro, despertar Kundalini, ativar os chakras, tudo isso é concreto.

Essas coisas, sim, dão motivação para a pessoa. Por outro lado, conhecemos pessoas aqui
na Fundação e fora daqui, que foram instrutores e que tinham muita facilidade para sair em
astral. Eles relatavam experiências fabulosas, até para a inveja de muitos irmãos que
praticamente nunca saíam em astral. No entanto essas pessoas com tais habilidades
afastaram-se da Gnose. Com isso quero dizer que o mundo astral e suas experiências são
muito ilusórias e quando falamos no Vazio é ir além dessas dualidades mentais e dos
fascínios dos paraísos moleculares. Devemos ir além de todo e qualquer fascínio e o
mundo astral fascina a muitas pessoas.

Dentro da Gnose fala-se muito em sair em astral. O Mestre Samael tinha um propósito
quando ele começou a Gnose de ressaltar o desdobramento astral e falou isso de tal
maneira em seus livros que quem lia achava que era só fazer aquilo que naquela noite ele
saía em astral, e a partir daquele dia ele sairia em astral a hora que quisesse. Este é um
engano, decepcionou muita gente, o próprio Mestre Rabolu, que sempre enfatizava muito a
questão da viagem astral, de certa maneira, decepcionou-se ao ver os fatos concretos na sua
escola. Raríssimos conseguiam sair em astral, apesar de todo empenho e motivação que ele
tentava transmitir as pessoas.

Isso porque o desdobramento astral não depende da vontade de alguém. Desdobrar o ego é
relativamente fácil, mas para desdobrar o corpo astral, como ensina o Mestre Samael,
primeiro é preciso possuir um corpo astral e quantos de nós temos um corpo astral? Estou
falando em termos de humanidade, pode ser que aqui nessa sala, grande parte de nós tenha
um corpo astral porque um dia já forjou. Porém está tão doente, acabado pelos milênios de
lama onde estamos rolando que praticamente perdemos todos esses poderes, então quem se
empenhar a trabalhar com meditações, pranayamas, mantralizações, em dois anos, se
trabalhar diariamente, passa a ter essas experiências.

Se cairmos em fascínio, isso se tornará nosso inimigo e provavelmente a causa de nosso


fracasso na iniciação, até podemos sair em astral, mas aquele que se deixa fascinar se
atirará ao mar pelo canto da sereia e vai morrer afogado. Ulisses, que não era bobo, pediu
para ser amarrado ao mastro do seu navio, outros marinheiros que estavam com ele,
deixaram-se atrair pelo canto da sereia e atiraram-se ao mar, morrendo afogados.

O mundo astral derrota a muitos incautos, esses que se fascinam pelas belezas, paraísos
que se podem encontrar. Essa não é a finalidade da Gnose, o objetivo não é desdobrar o
corpo astral ou o ego, isso serve para qualquer escolinha nas esquinas, para os espaços
esotéricos pop. O objetivo da Gnose é autorealização, eliminar seus defeitos, tornar-se uma
pessoa virtuosa, um santo, um casto, alguém que se estabelece no Vazio, encarna seu Buda

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íntimo e para alguns do seu Cristo intimo, de acordo com o caminho que eleger ao longo
da iniciação. Isso é a Gnose, não é ensinar alguém a desdobrar, a ter poderes isso é
decorrência natural de uma prática que se faz e que precisa ser feita.

Tudo precisa ser construído, essa construção faz-se da mesma maneira que um pedreiro
constrói uma casa, tijolo por tijolo, são horas e horas de meditação todos os dias sem
falhar, isso é um trabalho concreto, não é fantasia. Fantasia é você ler livros e é uma das
maiores dentro da Gnose, pois não é carregando todos os livros de Gnose nas costas que
alguém vai se iluminar.

Sair em astral com o ego consciente não é prova nenhuma, é algo concreto, isso é verdade,
mas não é prova de avanço espiritual. Porque muitos percorrem as iniciações maiores sem
se dar conta, de consciência adormecida, não porque são adormecidos, mas porque os
adeptos vigiam muito zelosamente a liberação dos aprendizados que recebemos nos
mundos superiores. Nem tudo que nos é ensinado nós trazemos ao cérebro físico, porque
eles não deixam e às vezes são surpreendidos quando alguém consegue furar esses
bloqueios que eles utilizam para a nossa própria proteção.

De alguma maneira, eles tentam evitar que acabemos nos fascinando com essas
experiências e esquecendo-se do verdadeiro trabalho, que é desenvolver o fogo interior,
Kundalini, que é a base de todo trabalho iniciático. Não estou falando desse chamado
desenvolvimento espiritual, porque hoje em dia todo mundo fala: "ah... Porque isso é bom
para meu desenvolvimento espiritual". Mas que desenvolvimento espiritual é esse que as
pessoas falam?

Acham que é ler livros, participar de alguns rituais debaixo de uma árvore, participar de
uma cerimônia externamente realizada em algum templo Budista, Rosa Cruz, Teosófico,
isso é o chamado desenvolvimento espiritual dessas pessoas? Então eles estão a milhões de
anos-luz da realidade.

Quando, em Gnose, se fala em desenvolvimento espiritual, ele é medido, esse metro é o


fogo que cada um porta dentro de si, "com a vara que medirdes sereis medidos". Quando
um adepto quer medir o avanço de um discípulo, por um processo, eles sacam o Kundalini
da coluna de uma pessoa e medem, assim como nós, com uma fita métrica, medimos a
altura de uma cerca, com os olhos espirituais vê-se dessa forma. Não é vago, não é "ah...
Ser vegetariano é muito bom pra meu desenvolvimento espiritual", é capaz de morrer de
inanição, conquistar alguma enfermidade de deficiência vitamínica antes de se desenvolver
espiritualmente.

O único desenvolvimento reconhecido na Loja Branca é medido pelo fogo, todos nós
começamos como simples alunos e eles sabem dessa condição de recém chegados ou então
de lutadores antigos que, por razões kármicas, não conseguiram maiores avanços. Nesse
caminho, primeiro paga-se o karma, ou o grosso do karma, para depois se ter direito aos
tesouros do espírito. Imaginem por um momento que se Deus ou a Lei fossem imprudentes
a tal ponto de liberar os tesouros espirituais a uma pessoa que não pagou suas dívidas
ainda, vocês fariam isso? Emprestariam dinheiro para um conhecido enganador? Se nós
aqui não fazemos isso, muito menos a Lei Divina que nos conhece por dentro e por fora.

Os princípios são idênticos, o que se faz aqui com aquilo que se faz lá, eles fazem tudo
com perfeição, nós aqui o máximo que podemos buscar é a excelência no fazer, esforçar-
mos muito para ter um bom resultado achando que aquilo é a perfeição, mas bem longe se

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está da perfeição. Agora os adeptos, diferentemente, só aceitam a perfeição. Nos iniciados


até a terceira iniciação maior há muito tolerância. As coisas lá são muito precisas,
adequadas ao raio, à natureza, ao caráter e ao grau de cada um de nós.

Se tivermos fantasias durante o dia, elas tornam-se sonhos à noite e não necessariamente
isso é uma experiência concreta, parece concreta, mas porque estamos adormecidos não
temos capacidade de saber se ela é concreta, podemos ter a impressão de que era algo real,
mas é só uma impressão.

Muito cuidado com essas "experiências". Cada qual deve encontrar a sua motivação para
fazer o seu trabalho, mas com a seguinte ressalva, não busque resultado, pois o resultado
fugirá. Devemos fazer nosso trabalho da mesma forma que fazemos nosso alimento o qual
comemos todos os dias para manter o corpo saudável, da mesma maneira tem que se
alimentar o espírito para que tenha saúde, força e energia para trabalhar em seu mundo.
Assim como o corpo trabalha aqui, o espírito trabalha lá, a alma trabalha lá, são três
mundos distintos, corpo, alma e espírito.

Oxalá isso seja o suficiente para acordarmos, fazer práticas. Esse é o ultimo ano, o ano
definitivo, o ano que representa o transpor do umbral dos nossos trabalhos.

* O texto acima é uma cópia íntegra (feitas algumas alterações para dar o formato de
texto), da conferência ditada por Karl Bunn, presidente da Fundação Samael Aun Weor –
http://www.gnose.org.br – realizada no dia 09/01/2007, por meio do programa Paltalk, via
Internet. Equipe: Transcrição de texto: Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja:

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

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NAMORO, SEXO E KUNDALINI


13.01.2007

O tema de hoje denominamos de “namoro, sexo e Kundalini ”. Para começar vamos tecer
algumas considerações sobre o que diz o Mestre Samael acerca do namoro gnóstico. Muita
gente nos escreve consultando sobre como é o namoro gnóstico. No mundo de hoje, aonde
quer que agente vá e olhe, vemos casais jovens, dizem que namorando.

Quem nasce agora, cresce vendo isso e de certo modo encara como normal. Desde que
alguém nasce, a televisão encarrega-se de sua deseducação sexual, pois desde os primeiros
anos de vida já se tem o incentivo sexual por meio da dança, de músicas maliciosas e
tantos outros procedimentos. Quem nasce hoje, nasce numa era muito estranha e quando se
torna adulto já está completamente deformado.

É natural que o jovem que chegue à Gnose hoje pergunte como é o namoro entre
estudantes de Gnose. Aí começa uma situação bem delicada, quando respondemos
exatamente o que é, chocam-se, não estão preparados para ouvir o que ouvem, pois estão
totalmente deformados pelos valores da televisão, pelas músicas com três, quatro, dez
sentidos indiretos.

Falar de namoro ou noivado no ambiente gnóstico tornou-se uma situação muito delicada,
muita gente nem toca nesse assunto, pois tem medo de perder as pessoas, prefere não falar
as coisas claramente a "afugentar as pessoas".

Aqui não vemos nenhum inconveniente em dizer aquilo que dizia o Mestre Samael acerca
disso, e se quiser ir vá, e se vai é porque não tem nenhum interesse de entender a doutrina,
conseqüentemente, não tem como avançar por este caminho.

A segunda situação é que muitos, mesmo ouvindo claramente aquilo que lhe é dito, não
aceitam, dizem que querem a Gnose, o caminho, querem avançar espiritualmente, mas
também querem seguir fazendo o que todo mundo faz por aí, é evidente que são situações
excludentes.

Esse tipo de pergunta já faziam as pessoas diretamente ao Mestre Samael quando ele vivia
entre nós, eles perguntavam: "Mestre, como é o noivado gnóstico?". Um dos secretários,
inclusive, que era noivo na época, perguntava-lhe: "Mestre, não é permitido fazer isso, nem
aquilo?". A resposta o deixava surpreso. Por aí podemos avaliar uma situação de quase
quarenta anos atrás e como o mundo mudou nesses anos.

Quando, hoje, temos de informar o que é o noivado gnóstico, é uma situação delicada, pois
ninguém está pronto para isso, a maioria retira-se. Os poucos que ficam fazem de conta
que nunca escutaram aquilo que lhes é dito e, assim, acreditam que estando dentro de um
ambiente gnóstico a Gnose estará com ele, isso é um engano.

Em matéria de castidade, de pureza, o relacionamento entre o casal nunca mudou, a Loja


Branca nunca revogou as suas normas de conduta que é esperada para as pessoas que
querem este caminho.

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Esse tema de namoro, noivado, casamento, Kundalini, alquimia, tantrismo é um universo


muito amplo e delicado, pois exige muita maturidade espiritual de nós e nunca fomos tão
despreparados espiritualmente falando.

Feitas essas considerações para fundamentar o tema, vamos começar. Como é o namoro de
um casal gnóstico que de fato está interessado em seguir adiante neste caminho?

O Mestre Samael dizia: "o amor começa com uma faísca de simpatia, se desenvolve com o
carinho e a convivência e se torna um que ama mais e outro que ama melhor, quando
efetivamente podem viver ou expressar aquilo de mais divino e sagrado tem entre um
casal" e isso só é possível entre duas pessoas casadas, que se aceitam mutuamente, amam-
se, respeitam-se e que estão juntos para cumprir um propósito espiritual. Fora isso, nos
parece uma vida de casal comum e corrente.

Para chegar a esses aspectos quase que ideais temos de compreender, superar dentro de nós
muitas luxúrias, paixões, desejos, taras, impulsos bestiais, a parte grosseira, brutal, animal
que todos nós carregamos, desenvolvidas e alimentadas por nós em vidas anteriores e é
contra isso que qualquer um de nós, quando encontra esse caminho, depara-se: enfrentar a
si mesmo, suas misérias, todas as suas paixões.

O namoro gnóstico não trás em si todo esse comportamento luciférico das pessoas comuns
e, quando o afirmamos, sabemos da resistência que se gera dentro de cada um de nós que
ouve isso, sabemos da resistência das pessoas que ouvem isso dentro das salas de aula da
Gnose, já que não querem ver-se num retrato de corpo inteiro tal qual todos nós somos.

Mencionar esses temas é botar o dedo na ferida, no que de mais sensível nós temos. Tudo
isso exige muita reflexão, meditação, maturidade. O que é mais importante, o que
queremos? Podemos. a pretexto de praticar alquimia. Envolver-nos com uma pessoa do
sexo oposto, especialmente se aos nossos olhos é uma pessoa atraente. É muito fácil
confundir aquela chispa de simpatia com paixão, desejo, luxúria. Mas vamos esquecer essa
parte tenebrosa que todos nós temos e somos doutores nessa matéria. Vamos falar daquilo
que ignoramos.

O namoro de um casal gnóstico assemelhar-se-ia a um relacionamento puro como o de


duas crianças, há aquele encantamento recíproco, aquele clima extasiante, dar-se as mãos,
o estar juntos, falar. Rir, fazer coisas juntos, porém nada se consuma, não envolve relação
sexual efetiva.

Mesmo com o papel nefasto da televisão, é possível encontrar esse tipo de encantamento
ou simpatia. Não há um de nós que na sua infância não tenha tido uma pessoa, criança
também, que chamasse nossa atenção, por detalhes, sorriso, cor do cabelo, o jeito de ser.
Era um tempo de sonhos. Assim é até hoje nos paraísos da quarta dimensão, onde os casais
vivem dessa forma, convivem, estão juntos e respeitam-se nesse sentido. Não avançam as
barreiras, tudo é feito passo a passo, ninguém tem pressa, ninguém quer consumar coisa
nenhuma. Hoje se conhece, termina “ficando” e, no dia seguinte, conhece outra pessoa e
acaba “ficando” e assim vai “ficando” dia após dia, cada semana “fica-se” com alguém.

Dentro da Gnose não é diferente, porque todo mundo sente aquela ânsia de realizar a
grande obra, nove meses depois costuma plasmar-se a grande obra desses apressados que
não sabem respeitar o tempo ou não levam esses ensinamentos a sério e aí já estragam sua
vida ou colocam pedras a mais para arrastar e servir de lastro o resto dos seus dias.

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É como se vivêssemos no mundo da fantasia, fôssemos um ET vindo de uma galáxia


distante falar dessas coisas aqui, porque é um completo não-senso para as pessoas deste
mundo. Falar disso nesses termos, para traduzir o namoro gnóstico começa assim.

O noivado seria um passo a mais, nas palavras do Mestre Samael, não dá direito a um casal
a apressar suas núpcias sexuais, é um comprometimento, um compromisso mais formal de
que aquilo que os une não é uma coisa passageira. É algo concreto e com isso intensifica-
se a convivência com vistas a conhecer a natureza do outro.

Se respeitarmos essas etapas como deveriam ser respeitadas, então sim estaríamos dando
um grande passo para um casamento de êxito espiritual. No entanto, se quisermos queimar
etapas, já estamos cavando o nosso fracasso. Falo isso do alto de trinta e três anos de
observação, de acompanhamentos, de confidências, de testemunhar ao vivo, sem esquecer
dos próprios erros que cometi justamente porque não tínhamos uma orientação nesse
sentido. A Gnose, na época, era muito nova no Brasil, praticamente só havia em São Paulo
e recém chegada a Curitiba.

Esses são os fundamentos para começarmos certo, se quisermos começar certo. Cada um é
livre para fazer o que quiser, para escolher o que é mais adequado a si. Não é porque
falamos dessa forma que queremos restringir a liberdade de escolhas de cada um, ainda
que sejam péssimas.

Quem quiser seguir esse caminho do matrimônio perfeito, precisa preparar-se para isso.
Muita gente é solteira e tem medo de embarcar numa relação e entendemos este medo e
estão certos, mas ao mesmo tempo essas pessoas sentem um vazio porque gostariam de ter
a oportunidade de fazer esse trabalho, mas o medo de fazer e criar um relacionamento com
a pessoa errada é grande.

Como evitar isso? Se você fizer a sua preparação interior com seriedade e profundidade,
pode pedir à Lei e ela, cumprindo uma determinação da tua Mãe Divina, encaminhará até
você a pessoa adequada para isso. Agora, se não há uma preparação interior iremos sempre
atrair uma pessoa com as características que temos dentro. Se não fizemos uma preparação,
é evidente que atrairemos uma pessoa com as mesmas características passionais,
luxuriosas, egóicas que temos gritando dentro de nós.

Nas palavras nuas e cruas do Mestre Samael, simplesmente um diabo se casa com uma
diaba, anjo se casa com anjo. Então, primeiros devemos purificar nossa mente e livrarmo-
nos desses egos mais toscos, grosseiros, especialmente os da luxúria para que não
tenhamos debaixo do mesmo teto um luxurioso, um adúltero, um traidor, uma pessoa que
eventualmente até venha a nos bater, ser a causa de nosso infortúnio.

Se quiser começar direito, faça primeiro a sua preparação interior, siga uma disciplina
esotérica, uma disciplina de conduta reta, crie para si uma rotina de práticas diárias, viva
em sua casa como se fosse um monge, pratique o selo hermético. Estar no mundo, mas não
viver segundo os mundanos. Tudo isso é preciso fazer, não adianta teoria, informação,
filosofia.

Esses trabalhos são longos, delicados, isso não acontece em poucas semanas. Uma
preparação adequada não dura menos que três, cinco, sete anos, dependendo da condição
de cada qual. Se respeitarmos isso, vamos bem, certamente a Mãe Divina vai nos

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

encaminhar alguém, o que não quer dizer que virá um Deus encarnado que nos tirará do
abismo, virá alguém adequado para fazer nosso trabalho.

Nesse momento mesmo, conhecemos alguns casais que iniciaram uma vida comum já
inspirada por essas orientações, nem assim a adaptação é fácil nos primeiros tempos
porque cada um tem suas manias, hábitos, idiossincrasias. Mas como diz o Mestre Samael,
se há amor, se alguém efetivamente ama, releva, tolera, compreende, esquece, apaga, deixa
de lado as imperfeições da conduta do seu bem amado. Agora, se alguém alimenta rancores
por pequenas coisas que acontecem no dia-a-dia é evidente que aí não há amor, essa
relação pode tornar-se bastante complicada.

Esses são fundamentos. Começar-se-ia isso desde o namoro, respeitariam-se pelo tempo
que fosse necessário, dois, três, cinco anos e não se faria o que todo mundo faz, pois isso
não é conduta de um estudante de Gnose sério. E se um instrutor de Gnose tem esse tipo de
conduta, minha sugestão é que se distancie, pois ali só há teoria, é a conduta que revela
nosso grau e conduta não tem nada a ver com as morais de nossos tempos, tem a ver com a
vivência prática, concreta daquilo que ele ensina, no caso a doutrina gnóstica. A doutrina
diz para buscar a pureza, a castidade, o respeito, esperar o tempo, casar-se, então assim
deveria ser feito.

Na prática, o que temos visto é mudança de parceira(o) muito freqüente, quantos por aí
existem que estão no quarto ou no quinto casamento e dizem que estão indo bem no
caminho e esperam um dia o fogo dentro de si. Porém, como o fogo vai despertar na
coluna de adultero? Não há como, esses são sinceros equivocados, não só ignoram como
ignoram que ignoram.

Sobre alquimia, Kundalini, esses temas todos há tão só cinqüenta anos atrás eram
desconhecidos pela a humanidade. Foi o Mestre Samael que revelou isso publicamente em
seu primeiro livro o Matrimonio Perfeito e isso escandalizou a todos os esoteristas de
vanguarda que existiam nas distintas escolas da época. As escolas teosóficas, rosa-cruz,
maçônicas eram a vanguarda do esoterismo na época e a publicação desse livro foi uma
bomba que explodiu em todos os rincões.

Ninguém sabia desse tema, até então. Aqui na América do Sul a única escola que detinha
esse segredo e era algo passado apenas internamente para algumas pessoas, era a
Fraternidade Rosa Cruz Antiga, dirigida por Krumm Heller, o Mestre Huiracocha, e foi
desta escola que, pela primeira vez, o jovem Mestre Aun Weor, ou ainda, um estudante que
nem sabia que era um boddhisattwa e nem suspeitava que a ele caberia liderar um
movimento espiritual dessa Era de Aquário, retirou a fórmula da alquimia. Ele apenas
retirou a fórmula, havia inúmeros aspectos que descobriu depois. Assim. esses
conhecimentos eles demoram a amadurecer e gerar resultados concretos. Hoje em dia é
diferente, temos sessenta anos de experiência acumulados institucionalmente falando, não
podemos dizer que estamos no começo, porque não estamos.

Aqueles instrutores novatos que receberam pouca formação até ainda podem dizer que
desconhecem essas coisas, mas como experiência institucional, o movimento gnóstico tem
quase sessenta anos e, mesmo assim, parece que pouco aprendemos, pois seguimos
cometendo os mesmos e velhos erros. Uma coisa são os propósitos, os ideais filosóficos,
outra coisa são os fatos concretos aqui e agora.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Nesses temas de Kundalini, alquimia, tantrismo que hoje atraem e encantam a juventude,
que estão propagados nas revistas, o que aconteceu na vida prática e que o que por aí se diz
em sua quase totalidade é magia negra, ensina-se a alquimia tenebrosa, a despertar a
kundalini negativa ou kundartiguador. A Era de Aquário, nos seu começo, veio para isso,
emergir todo conhecimento secreto da era anterior, então vem de tudo. Isso servirá de
adubo para as flores que surgirão nesta Era

Muitos vão perecer e ingressarão no abismo por terem aderido às práticas tenebrosas da
ciência alquímica, do kundalini porque nas livrarias encontra-se de tudo e por aí não faltam
aqueles que ficam pregando essas doutrinas todas e os novatos, os jovens, como são
atraídos pelas paixões e vícios sexuais é claro que o lado tenebroso dessas mesmas ciências
os encantam mais que, por exemplo, aquilo que ensina a Gnose. É muito mais fácil seguir a
corrente dos prazeres do que renunciar aos prazeres para que tenhamos fogo puro e não
fumaça ou um fogo enfumaçado.

O primeiro mandamento alquímico diz: "aprenda a separar a fumaça do fogo". Esta frase
merece ser analisada, pratica-se muito hoje uma alquimia enfumaçada e não há como,
aparentemente, despertar essas pessoas. Somos informados disso, ensina-se por aí luxúria
casta, é um vale tudo menos perder energia, vale tudo menos alcançar o espasmo sexual e
dizem que estão praticando alquimia, que estão avançando, esperam galgar as iniciações
maiores.

Não há como despertar graus de fogo com esse tipo de prática, ou aprendemos desde o
começo a refinar o sacramento da igreja de ROMA, como o diz codificadamente o Mestre
Samael, ou passaremos a vida inteira praticando uma suposta alquimia gnóstica, sem que
tenhamos despertado ou alcançado nada.

Sentimos-nos na obrigação de falar, para que as pessoas saibam da profundidade e


delicadeza dessas coisas, porque por aí se ensina muita deturpação. Fora do ambiente
gnóstico é compreensível encontrarmos deturpações, afinal de contas é o caos, é o mundo
com todas as suas tendências, idiossincrasias, isso é a Babel. O dolorido mesmo é ver que
dentro da Gnose, por falta de luz, entendimento, compreensão e consciência,
equivocadamente, ensina-se a Magia Sexual, fruto de um péssimo entendimento daquilo
que nos legou o Mestre Samael.

Fizemos essas advertências com a esperança que cada qual possa realmente dar-se conta da
santidade, da pureza, da profundidade, da delicadeza que é lidar com esses temas.
Realmente comove-nos a situação daqueles boddhisattwas caídos que podem perder uma
existência em função de uma orientação não correta, podem adiar por muito tempo seu
retorno em função de uma orientação incorreta. Temos que aprender desde o começo a
distinguir claramente o que é castidade e o que é pura e simples repressão, não podemos
praticar alquimia se não temos o entendimento claro do que é esta ciência, arte sagrada e
suas implicações.

Quando o Mestre Samael diz que devemos aprender a fazer da Magia Sexual uma forma de
oração, é porque assim é, mas na prática se torna difícil efetivamente fazermos isso, porque
todos nós estamos tomados de luxúria. Portanto, se não temos interesse em morrer em nós
mesmos, em eliminar nossas paixões, de nada adianta o trabalho alquímico, mas para
eliminar essas paixões temos que observá-las, estudá-las, analisá-las em meditações para
que possamos ter a luz e o entendimento para depois, sim, pedir sua eliminação.

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Grande parte da irmandade gnóstica enfatiza a parte alquímica da doutrina, esquecendo


que o fundamental é morrer e aquele que não trata de eliminar seus defeitos está correndo
rapidamente para situação de hanasmussen, a chamada alquimia ou a luxúria casta desta
forma vai reforçar seus próprios defeitos. Isso é delicado, devemos estar atentos a isso.

O trabalho gnóstico é um sistema completo, não é feito de coisas individualizadas sem


conexão com os demais aspectos. Aqui sempre temos enfatizado muito, temos que
trabalhar simultaneamente com os três fatores, cuidar da auto-observação, pois ela nos dá
os elementos necessários à autopercepção e, conseqüentemente, a autoconsciência de
nossos defeitos, paixões, vícios.

Se formos inconscientes de nossa conduta é claro que não faremos esforço para modificar
essa mesma conduta, nem na vida social, nem na vida familiar e muito menos em nossa
vida sexual íntima. Seguiremos com os mesmos pensamentos, as mesmas preferência, os
mesmos gostos, as mesmas taras de sempre, das vidas anteriores.

Temos de observar a nós mesmos em nossa intimidade quando formos praticar realmente
esse ato íntimo, secreto, precisamos ir com o “chicote na mão”, pois ali ou vamos fazer luz,
ou vamos produzir mais trevas. É assim delicado, nessas horas ou alimentamos os
elementais internos atômicos com luz ou com trevas.

Se alimentamos nossos chakras, nossas células durante vinte, trinta anos com luz,
certamente que seremos iluminados, se alimentarmos com fogo puro, fogo crístico é
evidente que crístificaremos todos os nossos átomos. Por outro lado, se durante a vida
inteira alimentarmos nossos átomos, moléculas, células com trevas, chegaremos ao final de
nossa existência como indivíduos trevosos, a um passo do abismo. Isso porque essas
práticas reforçam, multiplicam mil vezes, ou mais, esta força, seja a força da luz ou das
trevas. Cabe a nós decidir a quem servir no momento mesmo ali em que estamos em nossa
intimidade, podemos ser assistidos nessas horas por nossa Mãe Divina ou podemos ser
tocados pelas paixões, pelas trevas do antipolo do kundalini, que é a serpente negativa.

No mundo de hoje existe muita literatura falsa, muita pseudo-sabedoria que vem de antigos
tempos, totalmente adulterada, tudo aquilo que ensina o oposto da luz, da castidade, da
conduta reta, da iluminação, tudo aquilo que incentiva os vícios, as paixões, a luxúria, os
prazeres, essa é uma palavra poderosa. Muitas situações delicadas enfrentamos esses anos
quando manifestamos frontalmente a discordância pelo culto ao prazer, as pessoas sentem-
se agredidas, insultadas, quando negamos a elas a possibilidade de prazer.

Se falarmos em sexo sem prazer a essas pessoas é a mesma coisa que insultar, no entanto
prazer é Satã, se queremos o prazer, a Gnose não é nossa casa. Não que a Gnose seja
amante da dor e do sofrimento, esse é outro equivoco. A Gnose não cultua a dor, porque
senão a Gnose seria uma escola masoquista de magia negra. Agora isso é um princípio
inclusive, há certos elementos que não se misturam, luz e trevas não se mesclam, quando
mescladas viram em alquimia o tantrismo cinzento que, em longo prazo, converte-se em
tantrismo negro, temos de cuidar disso.

A serpente kundalini não desperta positivamente se não sabemos guardar o depósito, se


não sabemos preservar a energia dentro de nós. Por aí muita gente defende a idéia de que
não precisa conservar para sempre o sêmen dentro do homem ou a energia vital na mulher
e assim, sutilmente, pregam o orgasmo cósmico, múltiplos espasmos, orgasmos eternos e

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

dizem que isso é despertar kundalini e ao culto a Deus, à Shakti. Imagine-se que insultos
estão cometendo essas pessoas por sua própria ignorância.

Separemos claramente o que é ovelha do que é cabrito, por isso temos sido radicais em
nossas expressões justamente para que não paire duvidas sobre qual é o propósito da Gnose
e que ela não tem nada a ver com essas pseudodoutrinas tântricas. A Gnose não ensina um
kundalini tenebroso disfarçado de santidade, temos de ser radicais na expressão e ainda sim
há pessoas que fingem-se de desentendidas para continuar fazendo o que sempre fizeram.
Este é o ego, astuto, diabólico, tremendamente inteligente e que engana para continuar
vivendo e alimentando-se.

Mais do que nunca é chegado o tempo de definição. 2007, somado, é nove: a nona esfera, é
o ano, por assim dizer, do tantrismo, é o ano da nona esfera, da Magia Sexual, podemos
fazer de 2007 o ano da magia sexual positiva ou negativa, dependendo exclusivamente da
polaridade, daquilo que fazemos.

Se optarmos por esse caminho, pelo caminho da redenção, é mais do que evidente que
temos claro o que deve ser sacrificado. O automóvel para mover-se consome combustível,
dentro de nós existem os egos que precisam ser sacrificados para que nos dêem a energia, o
impulso em forma de consciência para seguirmos neste caminho. Não há como mantê-los
dentro de nós.

Quando alguém dentro da Gnose dispõe-se efetivamente a praticar a alquimia casta, pura,
santa, quando alguém trabalha seriamente sobre seus defeitos, praticando o Bhakti Yoga, o
Karma Yoga, purificando sua mente, ele vai formando os méritos do coração e esses
méritos são os que justamente despertam Kundalini. Muita gente acredita que kundalini vai
despertar por acidente, ou que é uma força cega e mecânica que pode saltar para fora. Sãos
mitos, as mentiras que foram propagadas nesses milênios todos para manter longe as
pessoas dessa ciência e até hoje muitos abrem os ouvidos a isso.

Kundalini, em realidade, é uma das três forças do Universo. Os que estão a mais tempo na
Gnose já ouviram falar das três forças primárias: o santo negar, o santo afirmar e o santo
conciliar. Essas três forças são onipresentes, como um raio une e interliga tudo no
universo, assim como nosso corpo com seus átomos e células interligadas, formando uma
espécie de rede neural, assim também o Universo tem todas as suas células e átomos
conectados como se fosse essa rede.

O que faz a conexão entre átomos, planetas e galáxias são essas três forças primárias, que
no seu conjunto, é aquele raio que nos une ao Sagrado Sol Absoluto. As três forças,
quando estão separadas, e voltam a se unir em um determinado ponto, algo surge.
Tomando como exemplo de referência o ser humano, essas três forças incipientemente,
temos a força do santo afirmar em nosso cérebro, a força do Cristo em nosso coração e a
força do Espírito Santo, no qual está Kundalini, em nosso sexo.

Quando, mediante a alquimia, começamos a trabalhar conectando essas três forças, unindo
dois pólos, um homem e uma mulher, as três forças individualizadas que estão em cada um
vão fundindo-se. Quando os três pólos, cérebro, coração e o da base da coluna,
estabelecem uma conexão pela primeira vez, ali ocorre o despertar de Kundalini, então nos
mundos internos nasce um Mestre de Mistérios Maiores. Assim explica o Mestre Samael,
não com essas palavras, mas traduzindo e resumindo.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Na medida em que vamos sustentando esse trabalho, este poder de fogo vai subindo ao
longo da coluna, despertando e alimentando os chakras, ao longo de uma vida. Podemos
levantar sete serpentes com seus sete chakras, totalizando quarenta e nove templos
principais e quando esse trabalho termina teremos concluído a primeira montanha
esotérica, teremos nos transformados em Budas.

Por isso que kundalini não desperta por acidente, não é uma força cega que vai rompendo
ossos, músculos e pele como muitos ignorantes letrados têm escrito, espalhado, repetido e
insistido. O Mestre Samael diz que kundalini não desperta nos fornicários, nos adúlteros,
nos promíscuos, nos bêbados, nos viciados, nos maus chefes de família, nos ambiciosos,
invejosos, rancorosos, iracundos. Essas pessoas não têm os méritos necessários em seu
coração.

Se quisermos tomar todo esse caminho a sério, tornemo-nos sérios primeiros, tratemos de
morrer em nós mesmos, morrer nos vícios, vivendo a conduta reta, expressando o amor a
tudo e a todos. Aí há uma caixa de Pandora que temos que abrir, porque as pessoas dizem
que amam, mas não têm consciência de onde e de que maneira esse amor expressa-se.

Estive refletindo sobre isso, pois confesso a vocês que esse tema inquietou-me muito,
porque eu reconhecia em mim a incapacidade de amar. Durante largo tempo, busquei
compreender essas coisas e efetivamente o amor absoluto só um Buda consegue expressar
ou ter, agora nós podemos experimentar essa mesma magia do amor de outra maneira.
Toda vez que expressamos uma das virtudes, das centenas que existem no universo de
nosso ser, demonstramos uma chispa desse amor.

Se nós, por compaixão, por delicadeza, por respeito, decidimos falar baixo ou não falar,
falar suavemente, repetir, ter paciência, cada uma dessas virtudes é uma chispa disso que
chamamos de amor. Precisamos despertar o amor aos poucos, pois é ele que nos dá os
méritos do coração. Não é como muitos falam por aí, "ah o amor resolve tudo", mas de que
amor você está falando? Você tem consciência do que é amar? Sabe como amar? Quanto
você pratica todos os dias ou tem capacidade de praticar todos os dias? Desculpando fica
mais fácil de assimilarmos e expressarmos.

O amor é a chama, as virtudes são as pequenas chispas, só podemos, na condição de hoje,


expressar pequenas faíscas do amor. Como? Expressando as nossas virtudes ao invés dos
defeitos. As virtudes são a luz e os defeitos são as trevas. Cabe a nós escolher a quem
servir em cada momento de nossa vida. Ao tomarmos consciência de que podemos
expressar uma virtude em vez de um defeito aí estamos expressando o amor. Todo mundo
faz sermões e têm escrito toneladas de livros com discursos maravilhosos que encantam os
emocionalistas sem que nada ou muito pouco se traduza em fatos concretos.

Em Gnose, devemos aprender a cultivar essas pequenas flores delicadas e é por isso que
nós aqui, na Fundação Samael Aun Weor, sempre temos insistido na conduta reta, que é a
via da expressão do amor em pequenas doses, que é a única coisa que temos capacidade de
fazer nesse momento. Um dia, mais tarde, quando tivermos eclipsado toda a treva dentro
de nosso interior, aí sim seremos uma chama viva andando pelas ruas de nossa cidade, mas
até lá vamos cuidar dessas pequenas chispas, pois é com elas que vamos acender a grande
fogueira, se não cuidarmos delas fogueira alguma teremos, pois Kundalini não irá despertar
por falta de méritos.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

* O texto acima é uma cópia íntegra, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações
para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada no dia 13/01/2007, por
meio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de texto: Mariana Cunha.
Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

NOVA ERA, NOVA GNOSE, NOVA DIALÉTICA


23.01.2007

O tema presente tratará da nova dialética. Por que uma nova dialética? Porque, antes de
tudo, já estamos na Era de Aquário e, a cada nova Era, ocorrem mudanças de pensamento,
culturais, espirituais, religiosas, cientificas e em todas as áreas do conhecimento humano,
conseqüentemente, nisso que chamamos de dialética também ocorre transformação.

Para compreendermos a nova dialética da Era de Aquário precisamos refrescar um pouco a


memória e, pelo menos, colocarmo-nos de acordo sobre o que cada um de nós entende a
respeito de dialética. Existem vários conceitos e idéias acerca de dialética.

Nós, aqui da Fundação Samael Aun Weor, preferimos o entendimento para essa expressão,
que vem do Platonismo, no qual a dialética configura-se como um processo de diálogo, um
debate positivo entre interlocutores comprometidos profundamente com a busca da
verdade, por meio da qual a alma eleva-se gradativamente do mundo das aparências para
as realidades inteligíveis, as idéias.

Hoje em dia, toda dialética está baseada na ciência ateísta-materialista, então é evidente
que a dialética da Nova Era colide com a praticada e aceita em quase todos os lugares.
Apenas para ter-se uma idéia, Aristóteles já tinha um outro conceito, em que a dialética é
um raciocínio, configurado até hoje como um raciocínio lógico, mas o raciocínio vem da
razão, vem do intelecto e o intelecto não pode elevar a alma, como propunha Platão.

Em Platão, esse diálogo dá-se geralmente entre Mestre e discípulo, com a finalidade de
passar um conhecimento, uma doutrina, idéia na qual alguém é Mestre e supõe-se a
presença de alguém que está no grau de aprendiz. Isso, em linhas gerais, vem a ser a idéia
fundamental da dialética.

Colocado isso, percebemos que, mesmo agora, falando em termos de nova ou revolução da
dialética, as idéias dessa nova dialética, em verdade, apóiam-se em idéias muito antigas,
soam como novas porque a humanidade de hoje aprecia muito as novidades, acha que o
novo está na novidade e, no entanto, o novo está no profundo de nós mesmos, no profundo
da natureza, está na alma, no Ser.

Assim, essa nova dialética apóia-se em idéias muito antigas, especialmente para nós aqui
do Ocidente, que ignoramos o pensamento oriental. Entretanto, quem tem alguma noção,
estudou o pensamento oriental, sabe que lá, muitas dessas idéias que aqui temos como
novas, já existiam. O próprio Mestre Samael já dizia ter essa Nova Gnose raízes que
remontam a um período Netuniano Amentino, muito antigo. Quando falamos em período
Netuniano, estamos falando algo que vai além dos dois milhões de anos atrás na História e
a História atual não conhece praticamente nada além do ano quatro mil antes de Cristo.

Por aí já começam as divergências, os conflitos. Portanto, o intelecto não é a ferramenta


mais adequada para criar, levar adiante uma nova dialética, ainda que toda dialética, pelo
menos uma parte, lança mão do discernimento ou do próprio intelecto. O posicionamento
gnóstico, de um modo geral, é absolutamente independente do que outros apresentam.
Quando se fala em Gnose, não estamos falando de conhecimentos acadêmicos, estamos
falando de doutrinas secretas desconhecidas para a comunidade acadêmica atual, para os
historiadores atuais.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

É nesse sentido que o posicionamento gnóstico é totalmente independente, porque tem


como fonte direta, suas raízes, nas doutrinas secretas que têm atravessado o tempo e a
História desde um tempo Netuniano Amentino, ou seja, uma época muito antiga da
humanidade, quando a mente humana adquiriu pela primeira vez uma incipiente
capacidade racional. Naquela época, havia muito do pensamento intuitivo e o pensamento
racional estava começando a desenvolver-se.

Depois de tal exposição, acreditamos ser mais fácil entender certos fundamentos muito
antigos dos pensamentos budistas, tibetanos, de certos ramos espirituais e religiosos do
Oriente, em cujas doutrinas encontramos elementos que fogem ao racionalismo
Aristotélico ou racionalismo ocidental.

Para entender profundamente essas doutrinas, precisamos mais de intuição ou mente


iluminada do que propriamente um intelecto recheado de informação e teorias. Falando-se
em matéria de religião, há algo que podemos colocar logo de inicio, como o movimento de
fluxos e refluxos. Hoje, aqui no Ocidente, temos uma doutrina fundamentada no
monoteísmo, o qual sempre conduz a humanidade ao antropomorfismo e isso leva à
idolatria, originando, por isso mesmo, um ateísmo materialista, caracterizador dessa época
atual.

Por isso, a doutrina secreta, a Gnose, sempre se apresentou ao mundo na sua forma
politeísta, Deus são Deuses, porque ninguém nunca viu Deus andando pelas ruas de sua
cidade, nem falando na televisão, nem escrevendo livros, nem fazendo propagandas, mas
figuras imaginadas por seres humanos utilizam determinadas imagens justamente para
fazer toda essa comunicação, isso explica porque o monoteísmo gera o antropomorfismo e,
conseqüentemente, resvalando para a idolatria que nos leva, por reação, ao ateísmo
materialista.

O desafio nosso, nessa revolução dialética que se apresenta aos nossos olhos, é sair disso
para um estado original que é o politeísmo e fazendo nossas as palavras do Mestre Samael
podemos dizer o seguinte: não nos assusta falar dos princípios inteligentes dos fenômenos
mecânicos da natureza, mesmo que nos qualifiquem como pagãos e admitir publicamente
em alto e bom som que somos adeptos de um politeísmo moderno.

Sabemos que Deus são Deuses e expressam-se em toda forma de vida, seguem um padrão
de evolução escalonado, dando oportunidade para cada uma das essências, lançadas à
existência, um dia alcançarem a condição de Devas ou Deuses. Isso é negado pelo
monoteísmo, pelo antropomorfismo ou pelas religiões ateístas materialistas.

Sempre é preferível falar de princípios inteligentes que estão na natureza, em todas as


partes e reinos, porque isso jamais nos levará ao materialismo, nem ao antropomorfismo,
uma vez que nesses casos estamos falando de consciência pura em distintos graus
hierárquicos. Quando, no passado, se abusou do politeísmo, a reação deste abuso foi jogar,
levar a humanidade para as religiões monoteístas, pois o monoteísmo não é uma novidade,
já no passado oscilaram culturas com religiões monoteístas e politeístas, como no Egito,
por exemplo.

Essas alterações periódicas sempre se deram por causa do abuso. Abusou-se tanto do
monoteísmo quanto do politeísmo e, quando se abusa de um, cai-se no materialismo e,
quando se abusa do outro, cai-se no monoteísmo. Fala-se do Deus único esquecendo, com
o tempo, que Ele é plural. Esse monoteísmo cristão vigente hoje, de haver um só Deus

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

criador de todas as coisas, surgiu do abuso do politeísmo há dois mil anos atrás entre a
cultura que serviu de berço para nós, o Império Romano, a cultura Grega ou a civilização
Greco-Romana, como dizemos aqui. Eles eram politeístas e da degeneração desse
politeísmo surgiu, como reação, o monoteísmo que perdurou durante a época Pisciana (a
Era de Peixes). Agora, desde 1962, a Gnose gradativamente está semeando pelo mundo a
idéia politeísta novamente, mas não somos os únicos neste caso.

Ainda dentro dessa nova dialética, certas palavras que são muito utilizadas não são
empregadas por aqui, por exemplo, a religião monoteísta que temos hoje fala muito do bem
e do mal, mas o que é bem e o que é o mal? Fala-se muito de Deus e do Diabo, muitas
vezes não se entende isso. Há que se entender o que significa o bem. Uma virtude, que é
tida como um bem, algo positivo, se estiver fora do lugar, torna-se um mal maior que a
presença de um defeito. Por isso, pergunta-se: o que é o bem e o que é o mal?

É preciso compreensão dessas expressões para não utilizá-las mecanicamente ou encerrar-


se nos dois extremos do dualismo mental, esse é o grande problema. Quando falamos em
bem e mal, evolução e involução, luz e trevas, estamos basicamente usando a dualidade
mental, e a dualidade prende-nos num labirinto entre os dois extremos, o positivo e o
negativo, o sim e o não, o bem e o mal. Temos o Vazio e é este Vazio, particularmente, que
nos interessa.

Tudo isso, em realidade, significa o seguinte: chegou o tempo de mudar nossa forma de
pensar, fazer uma revolução da dialética, precisamos introduzir um autodidatismo
enquanto não se estabelece uma nova educação adequada para esses tempos novos, pois
hoje, a rigor, estamos sendo pioneiros das mudanças que caracterizarão a Nova Era. A
Gnose e outras formas de pensamento de vanguarda são como aqueles pingos de chuva que
avisam que está vindo uma tempestade. Estamos adiantados no tempo, essa nova dialética,
essa nova educação, essa nova religião da qual falamos aqui se tornará uma realidade
dentro de alguns séculos. Hoje estamos antecipando, um e outro que intuitivamente capta
este novo, este aspecto vazio, essa parte iluminada que se encontra entre os dois extremos
da dualidade.

Entendendo isso, pode-se fazer a sua revolução interna, sair do pensamento caduco,
ultrapassado, degenerado, da Era anterior e preparar-se para as grandes mudanças que se
avizinham, mudanças essas que poderão acompanhá-lo em existências futuras.

O Mestre Samael ensina o seguinte: nessa era da revolução da dialética a arte de pensar
deve sair das mãos do ego e passar para as mãos do Ser, porque só assim essa arte de
pensar se tornará metódica e justa, conseqüentemente, tornar-se-á objetiva. Hoje temos um
pensamento subjetivo e buscamos um pensamento objetivo. Claro que para isso exige-se e
envolve mudanças pedagógicas e uma nova ciência. Não uma ciência compartimentada,
linear como temos hoje, mas sim uma visão holística, que é a forma do pensamento
adequado para a Nova Era.

Porém, o intelecto não concebe o modelo holístico ou integral, porque ele é linear e opera
dentro da dualidade mental, a mente sempre está comparando e escolhendo entre duas
opções, entre zero e um, como é arquitetado em nossos computadores.

Todas as ações dentro dessa revolução, dessa dialética, devem ser o resultado de uma
equação exata e precisa das quais surgem ou que devem surgir não as possibilidades da

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

mente, porque isso já está esgotado. Esta atual humanidade atingiu o ápice do intelecto, da
mente racional como a concebemos.

Quando chegar a grande purificação do planeta ou a catástrofe que se avizinha, será


marcado o fim desta forma de pensar e, quando a Nova Era e a nova civilização retornar
sobre os influxos dessas energias, já ressurgirá com um novo pensamento que está além do
intelecto, um pensamento intuitivo, sem necessidade de comparar ou escolher entre opções
dentro da dualidade com a qual estamos acostumados hoje.

Para isso, nascerão seres já com essa habilidade e quem renascerá nesse planeta não serão
as atuais criaturas humanas, somente algumas sementes selecionadas, ninguém fará a
seleção, cada qual está selecionando-se neste momento ou desde que nasceu nessa atual
existência.

Este pensamento da Nova Gnose trás a chave em si para criar uma mente emancipada, livre
dos condicionamentos, dos pensamentos religiosos, filosóficos, espirituais dessa cultura.
Serão pensamentos que nascem além das posições duais da mente, de uma categoria
unitotal.

A revolução da dialética não trás um modelo ditatorial para a mente, se alguém pensar
dessa forma, está comportando-se como sempre fez. Uma das formas para romper-se com
isso é praticar exercícios não racionais, por exemplo, a meditação, pois a função da
meditação é emancipar a mente, dar à mente o seu antigo papel, receber o pensamento de
esferas superiores.

Hoje em dia, a mente elabora o pensamento, não exatamente ela, mas aqueles que ocupam
nosso espaço interior de uma polaridade distinta de nosso próprio Ser. A mente do homem
moderno é ativa, agitada, quando deveria ser receptiva, passiva. A mente deveria ser como
um aparelho de rádio, receber ondas das esferas superiores e fazer ressoar essas mensagens
que chegam codificadas até ela em forma de consciência direta das realidades superiores
do Cosmos, deveria reverberar isso em nosso ambiente. No entanto, sabemos que a mente
tomou o papel ativo, inverteu sua natureza.

A revolução da dialética não busca atropelar a liberdade de pensamento, pelo contrário,


agora é claro que aqueles que seguirem vivendo com sua mente polarizada na atividade
não poderão viver de acordo com esses princípios. O novo pensamento exige uma nova
mente para receber isso, precisamos esvaziar nossa mente cheia de agregados que não
pertencem a ela mesma, mas que nós mesmos, por ignorância, permitimos que se
formassem em nosso espaço mental. Agora temos de fazer o inverso, dissolver esses
agregados psicológicos que surgiram devido a um mau funcionamento.

Quando a nova dialética propõe-se a ensinar algo, começa ensinando como se deve pensar
e a melhor maneira de pensar é não pensar, não são raciocínios comparativos, são
pensamentos isentos da dualidade. Não tem como mostrar através de discurso, cada qual
tem que experimentar por si só. Assim, saberá do que estamos tratando. Por si só essa
concepção não pode enjaular o pensamento.

Quando todos nós formos capazes de praticar o pensamento intuitivo, não precisaremos
fazer tantos discursos como fazemos hoje, nem precisaremos perder tempo tentando
convencer alguém acerca de uma realidade ou caminho, por si só ele perceberá, pois sua
mente estará vazia da dualidade, ela verá objetivamente.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Uma mente dividida dentro da dualidade não vê objetivamente, chega a uma resposta por
comparação, usando os chamados métodos lógicos Aristotélicos, o chamado criador da
razão no Ocidente. Se por um fator qualquer não tivesse introduzido o pensamento
Aristotélico aqui no Ocidente, teríamos uma cultura diferente da que temos hoje, fizemos
essa escolha e agora estamos aqui dotados de uma mente racional que nos escraviza e torna
nossa vida bastante complicada, sofrida, pois vivemos em conflito conosco mesmos.

Dentro da Gnose, aprendemos que somente a vida intensamente vivida nos dá uma
sabedoria perdurável, mas como viver intensamente se a mente está ativa? Não há como,
não se pode viver intensamente usando a mente. Somente vivendo em plena consciência
podemos alcançar esse estado que muitos buscam, que é o estado de felicidade, iluminação
permanente ou o estado de vazio mental.

Quem comete os erros e nos amarga a vida, é a mente, ela faz suas escolhas, sempre
baseadas em subjetivismos, impressões mal traduzidas e, baseados nisso fazemos nossas
escolhas e modelamos nosso comportamento.

Quando, no Oriente, o Budismo ou outras linhas ensinam o pensamento reto, não estão
falando do pensamento racional, mas sim do intuitivo, livre da dualidade, o pensamento
contemplativo. Não existe dualidade naquele que vive contemplativamente, ele percebe
como a vida manifesta-se e vive de acordo com esses acontecimentos, não vive nem o
passado, nem projeta o futuro, vive o presente, a vida profunda, real, intensa, plena. O
passado é lembrança, o futuro é projeção, fantasia.

A realidade é o presente e somente sobre isso se apóia toda a fórmula do pensamento reto,
viver a vida intensamente no presente. Hoje, como todos nós estamos carregados de
agregados psicológicos morando em distintos níveis de nossos sete corpos, cada um de
nossos sete corpos tem sete subníveis mentais, totalizando quarenta e nove níveis de
subconsciência. Nem a mente consegue conhecer ou localizar os defeitos escondidos
nesses níveis profundos, não temos como procurá-los, pois eles estão morando em distintas
partes de nossos corpos.

Esse é o detalhe revolucionário da Nova Gnose pois, para fazer este trabalho, devemos
apelar a uma força superior à mente, para que essa força desintegre mediante o fogo esses
elementos formados de matéria mental. Esse poder superior é conhecido no Oriente como a
Divina Mãe Kundalini, somente esse poder serpentino é que conhece todos os quarenta e
nove níveis de nosso subconsciente. Os defeitos psicológicos, cujo estudo faz parte dessa
nova dialética, não são partes integrais de nosso Ser, são agregados. Sugiram dentro de nós
mesmos pelo processo de termos vivido tantas vidas, não são o Ser, foram aparecendo
como formas de sobrevivência em nós. É isso que devemos atacar se quisermos iluminar
nossa mente, alcançar uma outra forma de pensar, do contrário sempre estaremos vivendo
na dualidade mental e, conseqüentemente, não poderemos atingir o estado de Iluminação,
que é pensar sem raciocinar, viver a vida plenamente em comunhão com o próprio Ser.

Sobre como se vai trabalhando com essa força Kundalini já foi amplamente abordado em
conferências anteriores, não há necessidade de repetirmos. Importante constatar que, por
meio do intelecto, não podemos ver algum defeito em nossa mente, se quisermos mudar
nossa forma de pensar, limitando ao raciocínio simplesmente, não avançaremos, ficaremos
estagnados aí, por causa das batalhas racionais interiores.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Quem é que projeta os sonhos, tem medo, clama por vingança, grita, insulta dentro de nós?
Não é o Ser, nem é nossa mente em si mesma, mas são esses elementos que vivem em
nossa mente feitos de material mental, invisíveis aos nossos olhos, como os silfos também
são invisíveis, pois seus corpos são feitos do mesmo elemento aéreo e não vemos o ar. Não
vemos o ar porque o obtivemos nesse ambiente, assim como também as minhocas não
vêem a terra e os peixes não vêem a água.

Devemos começar a tomar consciência desses princípios fundamentais. O simples trabalho


de auto-observação nos dá a capacidade de reconhecermos essas coisas por nós mesmos.
Somente esse poder denominado Kundalini pode limpar, purificar nossa mente interior e
assim levarmos adiante essa revolução dialética, será necessária nos próximos séculos,
quando a Era de Aquário estabelecer-se de forma definitiva em nosso mundo. Antes disso,
teremos a grande purificação.

Sempre que estudamos a Gnose, ou as doutrinas antigas, todas elas sempre nos remetem ao
pensamento básico que envolve a mente pura, termos os nossos cinco centros equilibrados,
cumprindo suas funções de maneira natural. Cada corpo nosso deve trabalhar de acordo
com sua natureza para cumprir os fins específicos pelos quais cada um foi criado pela Mãe
Natureza. Cada um tem uma função especifica e deve realizar o trabalho que lhe cabe.

Hoje em dia, estamos tão enfermos que muitas vezes queremos sentir com a mente e
pensar com o sentimento, o que é um absurdo, mas assim acontece. A melhor didática para
limpar nossa mente, para dissolver o ego está na vida prática intensamente vivida, porque a
convivência social é um espelho limpo, transparente, onde podemos observar-nos de corpo
inteiro.

É nos relacionamentos com nossos semelhantes que os defeitos mais escondidos dentro de
nós vêm à superfície e expressam-se naturalmente. Se reprimirmos, é claro que não vão
aflorar, não há porque nos reprimirmos. Temos de aprender a viver de forma relaxada,
porém em auto-observação, justamente para ver o que está acontecendo dentro e fora de
nós em cada momento. Envolve um novo aprendizado, que é viver de momento a momento
sem esquecermos de nós mesmos. Nessa condição, podemos ver como somos, isso é viver
intensamente.

O Mestre Samael dizia que uma das maiores alegrias para o gnóstico é celebrar o
descobrimento de um novo defeito, porque ele poderá trabalhar sobre ele e ter a
oportunidade, então, de eliminá-lo depois que compreende-lo com a ajuda desse poder
superior à mente. Em exercício de meditação ou retrospecção profunda, toda vez que
descobrimos um defeito, devemos vê-lo em cena como fazemos quando estamos vemos
um filme, observar atentamente, sem julgar ou condenar. Quanto mais observamos,
conheceremos mais detalhes. Se observarmos rapidamente e já nos esquecermos dele é
evidente que desperdiçamos uma boa oportunidade de estudá-lo mais profundamente e
compreender a razão dele existir dentro de nós e, conseqüentemente, não poderá ser
eliminado esse defeito, temos que fazer nossa parte nesse aspecto.

O Mestre Samael também nesses estudos menciona muito que um defeito deve ser
compreendido em todos os níveis da mente e aí ele coloca-nos numa situação
desesperadora porque muitas pessoas acreditam que a compreensão de um defeito nos
quarenta e nove níveis da mente dar-se-á instantaneamente ou numa única meditação, isso
não acontece, por isso mesmo devemos ter a paciência necessária para isso. Um defeito, só

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

podemos compreender na esfera em que ele se expressa e um mesmo defeito aparece de


forma distinta em cada um dos sete principais níveis.

Gradativamente é que vamos compreendendo nos quarenta e nove subníveis da mente, não
precisamos esperar um compreensão instantânea nos quarenta e nove níveis mentais,
porque isso não vai acontecer. Aqui entra a expressão usada pelo Mestre que diz o
seguinte: "é dessa maneira que vamos morrendo de instante em instante", porque vamos
morrendo de nível em nível à medida em que o tempo vai passando, à medida em que
vamos analisando e vendo todas essas cenas em que estamos envolvidos ou um grupo
desses elementos envolveu-se em determinado acontecimento.

Morrer de momento a momento é a mesma coisa que viver de momento a momento em


plena observação e não ficando simplesmente a repetir um pedido de morte a cada
momento sem que tenhamos estudado e compreendido nada. Nessa sutileza, muita gente
tem perdido anos de trabalho, avançado pouco ou nada na sua revolução interior.

À medida que esses agregados vão morrendo de instante a instante, vamos liberando
material psíquico que é a consciência, a qual acumula-se dentro de nós e vai criando três,
quatro, cinco, sete, dez por cento e um dia chegaremos a cem por cento de consciência
desperta.

Já falamos que só aquele que cumpre a Segunda Montanha chegará ao nível de cem por
cento de consciência desperta ou realizada dentro de si. Os Budas não têm cem por cento
de consciência liberada, eles têm os quarenta e nove níveis da mente limpos porque
encarnam seu próprio Ser, seu Atman Buddhi, porém, na parte invisível da sua Lua
psicológica, existem outros elementos, mas aí já entra o caminho do Cristo, um caminho
que vai além.

O que temos de buscar, nesse momento, é desegoitificarmo-nos para individualizarmo-nos,


sairmos desta condição de pluralidade psicológica. O trabalho de dissolução do eu é algo
muito sério, precisamos estudar a nós mesmos profundamente em todos os níveis ao longo
deste trabalho, isso não se dá em duas ou três meditações, porque o ego, nas palavras do
Mestre Samael, é livro de muitos volumes para estudarmos. Não é com leituras rápidas
feitas de qualquer jeito, entre um momento de folga e outro que iremos descobrir e
conhecer-nos. Dessa maneira, é impossível. Se ele, um Mestre, diz que é um trabalho
muito sério, devemos dedicar-nos a isso, tomar a sério esse trabalho, afinal de contas esta
seria a prioridade de nossa vida e não acumular riquezas e bens materiais.

Precisamos estudar nossa dialética, pensamentos, emoções e as nossas ações de cada


instante sem tratar de justificar ou condenar, não devemos lavar as mãos, nem fazer
acusações, nem repressões. Precisamos simplesmente observar para poder estudar, analisar
e chegar à compreensão ao longo do trabalho que este não é de curta duração.

Assim, gradativamente, limpamos nossa mente, iluminando o subconsciente e haverá um


dia em que não teremos mais subconsciente, já não projetaremos sonhos, não teremos
fantasias, não teremos memória do passado, mas sim teremos consciência do passado, o
que é diferente.

Em Gnose, diz-se que devemos buscar a Iluminação porque todo o resto virá por
acréscimo. O pior inimigo da Iluminação é o ego, que é plural em nós e.
conseqüentemente. deixa nossa mente opaca e faz com que ela seja ativa e não cumpra

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

com sua finalidade que é a de ser um elemento receptor, captador das idéias provenientes
das esferas superiores. É nisso que devemos concentrar-nos, o ego alimenta-se e sustenta-
se nessa dualidade mental.

O que vem ser a palavra Nirvana? Nirvana vem ser a ausência de egos, poderíamos dizer
que Nirvana não é um lugar, mas sim um estado de consciência. Agora de que estado de
consciência podemos falar se vivemos na dualidade mental? O Nirvana estabelece-se
dentro de nós quando pudermos ter, sustentar a mente vazia, isenta de dualidades.

Todo raciocínio nosso fundamenta-se nessa luta de opostos e é isso que precisamos
compreender, saber, ter a clara noção e essa clara noção equivale a dizer viver no vazio,
não no raciocínio, mas na realidade, na luz, no vazio, não na dualidade.

Na revolução da dialética, quando vivemos aprisionados no dualismo menta,l é normal que


façamos dos acontecimentos diários problemas porque não somos capazes de separar fatos
de problemas. A mente transforma qualquer acontecimento natural do dia-a-dia em
problema e, se identificamo-nos com esses problemas, além de perder muito material
psíquico ou consciência, geramos também desequilíbrio do centro intelectual e aí faltará
energia para o trabalho alquímico.

Devemos fugir, evitar os problemas, não se identificando com as representações,


projeções, fantasias da mente, a qual subjetivamente projeta, a partir de fatos corriqueiros
do dia, problemas. Fatos são fatos, problemas são criações da mente. Alegria e tristeza,
prazer e dor, bem e mal, triunfo e derrota, sempre dentro dessa dualidade, isso se torna um
problema, pois a mente vê, cria, percebe dessa maneira. No Universo não existe nem
alegria, nem tristeza, não existe o prazer e a dor, existe somente um estado de Ser. Não
quero dizer que um Iluminado não possa sentir dor, ele pode ou não sentir dor, se assim
quiser.

O que é um triunfo ou derrota, o que é chegar em primeiro lugar ou segundo lugar, o que é
sentir-se triunfante ou derrotado? São meros estados subjetivos, psicológicos, quem dizem
que um é vencedor e o outro é derrotado. Todos nós somos vencedores ou todos somos
derrotados se vivermos de acordo com essa dualidade, porque ora somos triunfantes e ora
somos derrotados e, no entanto, não existe nem uma e nem outra, existe uma realidade e
cada qual vive essa realidade de acordo com suas particularidades, não egóicas, mas sim do
seu raio, das características do próprio Ser, de como ele lida com a realidade da vida. Esses
são os fatos, transformá-los em problemas é da nossa mente. Se tivermos a percepção
direta disso, nenhum fato vai tornar-se um problema para nós de hoje em diante. Se hoje
vivemos miseravelmente, sendo jogados de um oposto ao outro, entre o gosto e o desgosto,
o fracasso e o êxito, isso é da mente, não tem nada a ver com a realidade da vida, com a
consciência em si mesma, com aquilo que é e sempre foi.

Devemos aprender a viver de momento a momento sem nos distrairmos, sem escaparmos
do momento, daquilo que está acontecendo e apresentando-se naquele momento diante de
nós, sem fantasias. Isso é viver de momento a momento. Nisso se caracteriza o comer-
comer, viver-viver, andar-andar. Se estamos comendo por que pensar em negócios, em
contas a pagar, no que vai fazer amanhã, no que fez ontem? Coma, viva aquele evento de
comer.

Se colocarmos mais consciência em cada ato do dia, silenciosamente estaremos fazendo


uma grande revolução da dialética intima e particular, mas se seguirmos vivendo como

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

sempre, distraídos, escapando, fantasiando, projetando, deixando o piloto automático


ligado, então não poderemos fazer nenhuma revolução interna, isso é o que temos de
mudar. É claro que exige de nós um esforço para não nos esquecermos de nós mesmos e
estarmos presente no que estamos fazendo de momento a momento, isso muitas vezes
chega a gerar uma tensão em nossa mente, porém essa disciplina de viver intensamente
aquilo que se está fazendo a cada momento vai levar-nos, gradativamente, ao despertar da
consciência. Só assim poderemos viver sem projetar, sem fantasiar, sem estarmos ausentes
de nós mesmos.

Se estivermos comendo e pensando em outra coisa, é a mesma coisa que dizermos que um
cadáver está alimentando-se sozinho, um cadáver saiu do cemitério, foi ao restaurante e
está comendo sozinho. Quem é que trouxe esse cadáver até o restaurante? Perguntem-se e
encontrarão a resposta dentro de si de forma surpreendente. Até aqui nossas palavras e
ficamos a disposição para aprofundar eventuais elementos deste terma.

Perguntas:

P: Para que serve a dualidade, qual é sentido dela? Ela é uma ilusão da mente? Se
eliminarmos os egos, elimina-se a dualidade? Então se vê a realidade?

R: Sem dúvida, a dualidade não deveria existir, não tem utilidade nenhuma, foi criada pela
mente racional certa época na Grécia, poderíamos dizer que foi aproximadamente há dois
mil anos antes de Cristo que começou a estabelecer-se entre os Gregos essa dualidade
mental por intermédio de certos jogos ou brincadeiras, assim como no Brasil temos certas
brincadeiras de mau gosto que, com o tempo, acabam sendo incorporadas pela coletividade
brasileira, na época marinheiros que tinham contato com povos ou raças inferiores ou
degeneradas do seu tempo, levaram para a Grécia ou às nações gregas certos jogos,
costumes de mau gosto do seu tempo e a partir daí a mente, o pensamento grego se tornou
dual e Aristóteles codificou isso e perdurou até agora nos nossos dias.

Não tem sentido isso, o grande desafio para nós hoje seria o seguinte: não temos a
capacidade de nos imaginarmos hoje sem o intelecto, essa talvez seja a maior dificuldade,
porque estamos apoiados firmemente em nosso intelecto, não conseguimos viver sem
nosso amado intelecto, nossa amada mente e nossos queridos egos. Sem duvida é uma
ilusão que a mente criou.

A mente permitiu o surgimento dos egos e os egos pulverizaram a mente, hoje não temos
outra alternativa que não a de eliminar os egos e uma vez que se elimine os egos acabará a
dualidade mental, temos que fazer o caminho inverso. Qual a técnica para isso? Existe a
técnica passiva, que é disciplinarmo-nos a fazer pelo menos duas horas diárias em estado
passivo para observar, contemplar os “macacos doidos” que são a agitação de nossa mente.
Com o tempo, sempre reeducando a mente, chamando-a para tornar-se focada no presente,
então vamos eliminando esse vicio, essa tendência de estabelecer dentro de nós, projetar
coisas, fantasiar, fugir, escapar daquilo que está ocorrendo neste preciso momento. Por
isso, a necessidade deste tipo de meditação, claro que nas outras horas do dia trataremos de
não nos esquecermos de nós mesmos. Todo aquele praticante que, na meditação, exercita
segurar a mente ali no presente, durante o dia terá mais facilidade de não esquecer de si
mesmo e o que não medita estará sempre longe de si, ou seja, um cadáver estará
executando várias tarefas.

P: Quanto mais eliminamos egos mais nos iluminamos?

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

R: Verdade cristalina, quanto mais egos eliminados mais luz teremos dentro de nós, a qual
nos dará, então, mais felicidade ou poderemos dar mais risadas como crianças que riem
espontaneamente dos fenômenos que elas percebem.

P: Uma pessoa centrada em sua consciência livre das dualidades usará o intelecto
para quê, já que a função deste é discernir, separar o bom do ruim?

R: Ele não precisaria do intelecto, devolvo de outra maneira para você esta questão: acaso
um Mestre destrói a mente? Nenhum Mestre destrói a mente, não seria bobo para fazer
isso, é suficientemente sábio para deixar a mente no seu devido lugar, a pergunta que
devemos fazer é, um Mestre, um iluminado usa sua mente? Não usa, ele usa tão só para
receber as idéias, traduzir os fenômenos que percebe nas esferas superiores de consciência,
em níveis profundos de consciência da qual neste momento não temos a mínima idéia para
uma forma mais próxima ao mundo em que vivemos.

É disso que surgiu toda essa dialética antiga, intelectual, todo esse pensamento
Aristotélico, a lógica, o pensamento dedutivo, indutivo, comparativo, sintético. Tudo isso é
utilizado porque tentamos traduzir aquilo que é simples, Os antigos, até uns quatro, cinco
mil anos antes de Cristo, falavam-se pouco, pois o vocabulário era bastante limitado, o
alfabeto até aquele tempo não era como o nosso que grafam sons, mas eram alfabetos que
transmitiam idéias, ideogramas, símbolos para traduzir idéias e a compreensão dos
encadeamentos dessas idéias ficaria por conta do nível de consciência de cada um. Hoje
tudo é racional, binário, pobre, já nos distanciamos disso, não há necessidade do intelecto.
Incipientemente, essa mente, o corpo mental livre de defeitos, seria usado por um
Iluminado, por um Deus vivendo encarnado entre nós para alguma coisa. Mas estou
bastante seguro que o ressurecto usa zero de mente e intelecto, simplesmente não precisa,
sabe instantaneamente, vê, percebe, capta, sabe tudo instantaneamente nos sete planos, nas
sete dimensões básicas da natureza, vê tudo desde o primeiro mundo, exceto o Absoluto,
até o nosso nível e os mundos inferiores. Então para que precisa pensar para tomar uma
decisão? Ele sabe e pronto, vê e compreende simultaneamente, agora como traduzir isso
para alguém que nunca experimentou esse tipo de fenômeno, não tem como, estamos aqui
malhando ferro frio. O dia que alguém tiver essa experiência saberá do que estamos
falando, até lá nos limitamos a essas palavras, pois não há como ir além.

P: Meditação significa vazio mental? Ou existem níveis de meditação que devemos ir


avançando?

R: Sem dúvida nenhuma, algumas pessoas poderão, num processo meditativo, alcançar o
vazio mental ou absoluto por alguns segundos, então terá uma experiência do Vazio
Iluminador, agora aqueles que não passam por essa experiência vão experimentando
progressivamente níveis de consciência progressivos também, vão percebendo mais à
medida que vão meditando ou firmando-se na arte de cavalgar o tigre ou dominar a mente.
Tudo, nesse caso, acontece progressivamente, senão, no dia seguinte, estaria internado ou
vagando nu, perdido sem lembrar seu nome pelas ruas da cidade por aí, isso ocorreria e
seria alguém que escapou de um hospício e provavelmente nem seu nome saberia caso
ficasse vazio. Porque todas as suas referências, tudo que tem da sua história é arquivo
intelectual, se isso se apaga, se alguém deletasse ou formatasse o disco rígido que é seu
intelecto, estaria perdido. Tudo neste caminho tem que ser feito progressivamente.

P: Com a meditação melhora a intuição? Com a intuição melhorada podemos ser


mais firmes e retos nesse caminho?

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

R: Sem dúvida, melhoramos a intuição e ela melhorada proporciona-nos uma maior


consonância, sintonia com as esferas superiores de consciência, e quando falamos esferas
superiores de consciência não estamos repetindo palavras da Gnose, mas sim falando
claramente que essas esferas são as partes elevadas de nosso Ser, estaríamos mais afins,
mais sintonizados com o pensamento atímico diretamente de nosso Ser, esse é o sentido
dessas palavras.

* O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações


para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada ao vivo dia
23.01.2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de
texto: Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja:

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

O SEGREDO (THE SECRET)


30.01.2007

O tema a ser tratado hoje é O Segredo. Existe circulando por aí um filme chamado O
Segredo, que tem atraído a atenção de muitas pessoas. Muitos consideram esse filme uma
chave maravilhosa para melhorar ou mudar sua vida. Na realidade, fomos investigar ou
pesquisar sobre esse filme e, de nossa parte, não encontramos nada que pudesse traduzir ou
configurar-se como um segredo para nós. Mas, no mundo de hoje, qualquer coisa que
possa aumentar as possibilidades de ganhar dinheiro, atrair mulheres ou namorados, boa
sorte ou fortuna, sem dúvida acaba tornando-se muito importante e muito valorizado. Não
é o caso aqui na Gnose, o segredo para nós é outro.

Podemos começar dizendo uma frase axiomática, “nosso nível de ser é o segredo”, não é o
que pensamos, nem o que a mente diz, não é o que desejamos, mas sim o nosso nível de
ser, este é o segredo. Em termos de Gnose, devemos focar e ficar atentos ao nível de ser,
temos de fazer uma avaliação criteriosa e profunda agora mesmo. Qual é o nosso nível de
ser?

Em outras ocasiões, abordamos com alguns exemplos, perguntando, deixando no ar a


pergunta para que cada qual responda. Qual é o nível de ser do bêbado? Onde o bêbado
sente-se feliz, à vontade? Qual é o paraíso do bêbado ou do viciado? Onde o viciado sente-
se bem? Qual é o paraíso do devasso, do luxurioso? E assim sucessivamente.

O nível de ser de um cientista, seguramente, é diferente do nível de ser de um religioso, de


um pastor, de um padre... E qual é o nível de ser de um gnóstico? Se nos concentrarmos
apenas dentro da Gnose encontraremos muitos níveis de ser e é por isso, também, que
encontramos dentro do chamado Movimento Gnóstico muitas linhas e escolas. Cada uma
dessas escolas representa um nível de ser e cada um sente-se bem na escola com que se
harmoniza, que corresponde a seu grau, a seu entendimento, a sua compreensão, a sua
inteligência ou a sua formação geral.

Se quisermos levar adiante uma Gnose pura, certamente espantaremos a todos. Por
enquanto, o nível de ser da humanidade é baixíssimo e gravita em torno de dinheiro,
prazer, conta bancária, consumismo, então aí temos um choque, um conflito.

Seja como for, o tema que propomos desenvolver essa noite sobre essa expressão O
Segredo gravita em torno do nível de ser. Devemos examinar em que nível de Ser estamos.
O nosso nível de Ser praticamente revela o nosso traço psicológico, porque pode ser que o
nosso nível de ser seja a ira, o orgulho, a vaidade ou a ambição. Temos de tomar
consciência disso, porque atrairemos a nós, segundo as vibrações correspondentes de nosso
nível de ser. É o nosso nível de ser que determina as cores e o brilho de nossa aura, revela
o peso de nosso coração e mostra que nossos rins (a balança do karma) estão em perfeito
equilíbrio [ou desiquilíbrio]. Tudo gravita em torno do nosso nível de ser.

Portanto, meus amigos e interessados no caminho esotérico e espiritual, o segredo para nós
é o nível de ser. Qual é o degrau que ocupamos especificamente na escalada do ser? Não
falo do nível de ter. Por aí confundem o ser com o ter; em muitos paises do mundo você é
aquilo que você tem; se você não tem nada, você não é nada. Mas, para a Gnose, o ser é
mais importante que o ter.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

O ser é tudo e o ter é nada, são coisas emprestadas pela vida para usarmos enquanto aqui
estivermos fazendo nosso trabalho, aprendendo, cumprindo nossa função ou missão. O
fundamento do trabalho gnóstico repousa em nosso nível de ser, pois é ele que atrairá para
nós isso chamado de sorte ou azar, só que sorte ou azar não existem, é uma lei de
imantação universal, do magnetismo, atrair aquilo que nós vibramos. Lobo anda com lobo,
ovelha com ovelha, leão com leão, se nosso nível de ser é baixíssimo como podemos atrair
seres, pessoas, oportunidades de um nível mais elevado? Não há como; pobre casa com
pobre, rico com rico. Porque pobre só conhece pobre e rico só conhece e convive com rico;
de vez em quando surge uma exceção e o resultado prático costuma ser quase sempre um
desastre.

Meditemos sobre tudo isso, porque são exemplos práticos de vida, observados e retirados
do cenário da existência; isso não está nos livros; a gente vê, olhando com olhos de ver, ao
nosso redor no convívio social. Investiguemos através da técnica da meditação, da
introspecção, da auto-análise, qual é nosso nível de ser. Como podemos reconhecer nosso
nível de ser? Há muitas maneiras de reconhecer-se e investigar isso: se somos pessoas que
falamos palavrão a toda hora, certamente nosso nível de ser é baixo, dos mais básicos e
primitivos. Se nossa vida caracteriza-se por um modo de viver instintivo, brutal, é claro
que nosso nível de ser é baixíssimo, instintivo, primata, animal ou bestial; nisso não há ser;
falta consciência, porque somos puro instinto.

Se nossa mente ocupa-se apenas com fantasias, devaneios, ganhar na loteria ou chegar a
alcançar riquezas, prestemos atenção a este tipo de fantasia, sonho e projeção, esse sonho
acordado. Por que queremos e o que faríamos com a fortuna em nossas mãos? Uma grande
parte das pessoas torraria toda essa fortuna em prazeres, em gratificações sensoriais, não
teria um milímetro de acréscimo em seu nível de ser, isso configura-se como um mau uso
da fortuna.

Muitas pessoas hoje nascem com dharma ou karma positivo e não sabem viver
adequadamente. Fazem desse dharma uma fonte de infortúnio em vez de alegria e
felicidade porque seu nível de ser é baixo, não conseguem harmonizar a circunstância
interna com o ambiente externo, falta aprender a relacionar-se com o ambiente, com o
mundo, assim, em infinitos desdobramentos. Creio que, por meio destes exemplos, seja
suficiente para chamar a atenção de todos nesse sentido, que o segredo está no nível de ser
de cada um.

Os solteiros escrevem muito para nós perguntando como proceder pra encontrar alguém
que “me compreenda”, “me complemente”, “me siga pelo caminho”. É evidente que, se
não mudarmos o nível de ser, não atrairemos um complemento adequado, porque pela Lei
de Imantação Universal atrairemos para nós aquilo que vibramos. Se vibrarmos um nível
de ser baixíssimo, é claro que atrairemos outro(a) troglodita. Devemos sair do estado
primata para o estado humano, não podemos sonhar com anjos e Deuses, príncipes
maravilhosos ou princesas de reinos desconhecidos como nossos companheiros ou
companheiras de jornada, não há harmonia nisso, pois o nosso nível de ser é muito baixo.

Primeiramente, temos de construir ou elevar nosso nível de ser, assim podemos esperar que
surja alguém do mesmo nível, pois esse é o principio da imantação ou magnetismo
universal. A sabedoria popular diz o seguinte: “dinheiro chama dinheiro”, às vezes vale a
pena meditar sobre isso. É claro que a sabedoria popular refere-se ao dinheiro material,
mas se mudarmos isso para a moeda cósmica, perceberemos claramente que capital
cósmico permite-nos negociar com o Tribunal da Lei e sairmo-nos bem nos negócios com

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

a Justiça Divina e se não tivermos dinheiro cósmico, o que atrairemos para nós, já que não
temos com o que pagar nossas dividas? O grande Mestre da Gnose já nos alertou sobre
isso, quem não tem com o que pagar, paga com dor, sofrimento, amargura.

Se quisermos ser bem recebidos, tratados, honrados, celebrados, reconhecidos, tanto neste
mundo como no outro precisamos ter dinheiro. Aqui manda a conta bancária, lá mandam
os tesouros que a traça não corrói. São os tesouros do espírito, que nada mais são do que
um elevado nível de ser, este é o segredo, investir na edificação de nível de ser superior a
esse que temos hoje.

Como fazer isso? Aí começamos com menos teoria e mais prática, viver a Gnose nos fatos,
não nas abstrações intelectuais, não nas tertúlias com os colegas da Gnose, é muito bonito,
muito agradável para a personalidade reunirmo-nos nos seminários, em locais adequados
para isso e conversarmos sobre nossos anelos, trocarmos idéias, nisso não há mal algum.
Entretanto, se nos limitarmos somente a isso, a vida passa e um dia descobriremos que os
dias passaram-se e só falamos acerca do caminho ou do crescimento espiritual e pouco
realizamos. A Gnose é feita no dia-a-dia, nos fatos ela concretiza-se.

Perguntaram a um Mestre do TAO: “o que é o TAO?”. E ele respondeu: “a vida comum”;


“mas então o que deve se fazer para viver de acordo com ela?”. E o Mestre respondeu: “se
você tratar de viver de acordo com ela, fugirá de ti”. Não se trata aqui de cantar essa
mesma canção, mas deixar que ela toque sozinha, deixemos que a música flua e nós
devemos adequar nossos passos e movimentos de acordo com as notas e os compassos da
musica que flui, este é o segredo de viver. Agora, temos uma atitude equivocada, queremos
criticar o maestro, o repertório.

A dualidade mental faz com que fujamos muitas vezes da música, ataquemos ou
rejeitemos, fazemos tudo, menos compreender porque naquele momento é aquela musica
que está sendo executada. O que devemos fazer é voltar para nós mesmos e perguntar: qual
é a relação desta música com minha vida? E tratar, então, de dançá-la segundo seu ritmo e
de acordo com as melodias que fluem, porque não podemos mudar a vida, mudar o
universo, a vida é, a realidade é, nós estamos aqui. Então, somos nós que temos de
acompanhar a música, pois a música já estava aqui antes, o repertório é esse. Quando aqui
chegamos, tudo isso já existia, podemos mudar isso, mas primeiro devemos tornarmo-nos
donos dos processos da construção da música existencial. Antes disso, não adianta criticar,
precisamos compreender.

Mencionamos em uma ocasião anterior que a compreensão é o vazio existente entre os dois
extremos, do sim e do não ou da dualidade mental. Esse é o nosso problema, somos
jogados para os dois extremos como um pêndulo de um relógio e o que devemos fazer é
repousar no centro, compreender, a compreensão é a luz, é o vazio.

O segredo está em viver os fatos e não fazer dos fatos diários um problema. É fato que
temos de comer, vestir, cuidar de nossa saúde, higiene, é fato que também temos de cuidar
um pouco da nossa apresentação, não por vaidade, mas por respeito aos nossos
semelhantes, porque senão estaríamos agredindo nossos semelhantes.

Não há como escapulir dos fatos, mas o segredo está em não fazer dos fatos um problema,
e como resolvemos isso? Comemos quando precisamos comer, se não tiver o que comer,
não coma, viva o fato e a realidade, mas nós reagimos diante do fato ou da evidência de,
eventualmente, durante um dia ou alguns dias, não termos o que comer. Isso lembra-me

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

muitos exemplos concretos da vida do Mestre Samael, fatos esses mencionados em


oportunidades anteriores, mas que iremos repetir aqui e agora para efeito de gravação.

O Mestre Samael tinha tanta fé no seu Pai interior que vivia despreocupado dessas coisas,
era um homem prático, vivia o TAO, não fugia do TAO, não fugia da vida comum, se
tinha o que comer ele comia e se não tinha o que comer, ele não comia e não fazia disso
um problema. Quantas vezes discípulos chegavam a casa dele e vendo, percebendo,
tentando adivinhar ou como que insinuar, por exemplo, um cafezinho ou algo assim. Ele
não tinha o que oferecer e alguém com mais sensibilidade captava então a real situação e
colaborava, então ele comia.

Por dharma, ele foi casado com um ser magnífico que o acompanhava e apoiava na boa e
na má hora. Apoiado estava quando tinha o que comer e quando não tinha o que comer
também e não desistia, seja morando bem ou mal. Também era uma mulher prática, um
Buda vivente que havia aprendido, com as reencarnações anteriores, a viver o presente, não
projetar fantasias do futuro, não sonhar: "ah... Que bom se eu tivesse agora um milhão de
reais na minha conta, o que poderia fazer com isso? Compraria uma casa, um carro, iria
viajar, me divertir, iria ao melhor restaurante, pedir isso e aquilo", e isso é sonho, fantasia.
Estes sãos problemas, as projeções da mente, sonhar acordado, fugir do TAO, da vida
como ela é.

Aprendamos a deixar que a música toque por si mesma e movamos nossos passos segundo
os acordes e os ritmos, porque fazer disso problema tem sido um drama e um desastre nas
fileiras gnósticas, pois justamente falta ao estudante a compreensão do mais básico e
elementar de tudo. Ele ignora o segredo de bem viver, viver com inteligência, retamente,
viver a vida como ela é, este é o segredo da felicidade. Não confundamos aqui felicidade
com prazer, porque há diferença, muitos confundem prazer com felicidade. A felicidade é
do coração, o prazer é dos cincos sentidos.

Se alguém, por um processo qualquer, fosse desligado por um momento dos seus cincos
sentidos, ele se coisificava instantaneamente e aquilo tudo que para ele era tão importante,
como os prazeres sensoriais, sumiria, nem saberia de si mesmo mais, não teria mais
lembranças do que é prazer, aniquilaria-se completamente. Um ateísta materialista poderia
dizer que essa criatura simplesmente virou uma pedra, um pedaço de árvore cortada ou um
tronco podre inerte sem nenhum meio de sensibilidade. Para a percepção ateísta
materialista está correto isso, porém aquele que sabe que a única realidade é a consciência
cósmica, que tudo em realidade é consciência e que todas as formas são um invólucro de
expressão dessa mesma Consciência Universal, grande oceano da vida, ou como queiram
denominar. Se a palavra Deus está desgastada, troquem, usem como Consciência
Universal, ou grande oceano de vida que se expressa em todas as formas de vida, desde
uma gigante galáxia até um micróbio desprezível numa poça de água suja, tudo é
consciência e forma, a não forma é forma.

Então, o que é o TAO? O TAO é o vazio e a plenitude, a forma e a não forma. Por que
fazer disso tudo um problema, motivo para conflitos, por que nos desgastarmos nesses
extremos das engrenagens mecânicas da mente, como se fôssemos um relógio que depende
de um pêndulo?

Quando, em Gnose, se diz que devemos tratar de despertar a consciência, na realidade a


Gnose diz para deixar de sonhar. E o que é deixar de sonhar? Um gigantesco passo será
dado se mediante uma disciplina no sentido de conter a mente como se fosse um cavalo

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

selvagem, aplicação de vontade nossa, deixarmos de fazer projeções, fantasiar aqui e agora
enquanto estamos nesse mal chamado estado de consciência de vigília. Se conseguimos
conter essa mente rebelde, amedrontada, ali começa o nosso despertar, porque a mente não
sabe nada da vida e nem pode saber, pois como age e encontra-se hoje, perdeu seu
verdadeiro papel, local, lugar.

A mente é receptora, não projetora. Isso é uma invenção que nós, por desconhecimento e
ignorância, acabamos por mal educar nossa mente e, em decorrência, amargamos as
conseqüências de tudo isso. Se nossa vida é triste, infeliz, se estamos em conflito fora é
porque temos conflito dentro e não conseguimos parar essa guerra interior e essa luta de
opostos, de extremos, de viver os fatos presentes e a projeção desses mesmos fatos
segundo o entendimento viciado e torto de nossa mente. Condicionamos a mente a agir
dessa maneira, então nossa tarefa agora é fazer o contrário, doma-la, tirar seus maus
hábitos, retirar os vícios. Criar hábitos positivos, um deles é, em vez de raciocinar, passar a
contemplar, este é o segredo.

Os conflitos e a guerra interior revelam uma grande falta de respeito para conosco mesmos.
Se tivéssemos compreensão acerca da nossa realidade, da verdadeira natureza, certamente
devotaríamos muito mais respeito a nós mesmos. Se não nos respeitamos, isso projeta-se
para fora e também faltaremos com respeito aos demais, se não sabemos conviver conosco
mesmos, internamente falando, isso se projeta para a convivência exterior.

Temos de aprender a respeitar a nós mesmos e o segredo disso é conhecermo-nos,


investigarmo-nos, levar a atenção para dentro de nós, saber o que ocorre e acontece,
perceber, tomar ciência e consciência dos fenômenos psicológicos acontecidos em nosso
interior. Para isso, possuímos uma faculdade chamada atenção. Hoje, nossa atenção está
dispersa, espalhada, ela vaga pelo mundo, precisamos trazê-la e concentrá-la em nós,
orientá-la e voltá-la para dentro de nós mesmos de maneira concentrada. Isso por si só faz
com que nossa mente páre de projetar, divagar, sonhar, fantasiar.

Quando o Mestre Samael diz que o homem sonha, identifica-se e sonha, se algo nos chama
atenção a seguir, pois estamos inconscientes de nós mesmos ou com a atenção dispersa,
passamos a projetar em cima daquilo que nos chamou a atenção, isso é sonhar. Despertar é
trazer a atenção para nós, concentrar essa atenção numa direção e uma direção única, o
farol que a princípio temos que apontar, olhar ou voltar é apenas o nosso Ser, esse é o
segredo. A desgraça nossa é que olhamos tudo menos o nosso Ser, não temos capacidade
de concentração, desenvolvemos em nós uma enorme capacidade de distração, agora toca-
nos disciplinar o foco da atenção rumo ao nosso Ser, a realidade, a essa consciência
interior, essa luz interior e não às projeções que nossa mente faz dessa luz ou de qualquer
outra realidade, seja ela interna ou externa. Isso são as abstrações, não podemos viver a
Gnose aqui no concreto se estamos vivendo em abstrações, isso não é a vida real, não é o
TAO.

Quando passamos a investir na edificação de um novo nível de Ser, mais elevado, muitas
coisas vão morrendo ou passam a tornar-se secundárias e terciárias e, conseqüentemente,
morrem, pois vamos estudando, analisando e compreendendo naturalmente no tempo
devido e isso torna-se, então, dispensável, porque indispensável é o Ser, a nossa realidade,
a vida em si que palpita dentro de nós. Disso que temos de nos dar conta e não focar nas
abstrações, projeções, fantasias que a mente faz a partir desses mesmos fenômenos. É
difícil traduzir isso em simples palavras, gostaria que realmente houvesse o poder mágico

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

de fazer com que cada um enxergasse isso diretamente, mas não é possível tal coisa, cada
um terá que descobrir isso.

A nossa situação interior é tão calamitosa que, por uma mera questão de sobrevivência
psicológica, acabamos desenvolvendo de forma imperceptível ao longo não só desta vida,
mas como em todas as vidas anteriores também, isso que podemos denominar como um
processo de mentir a si mesmo. E o que vem a ser esse mentir para si mesmo?

Se estivermos andando por uma rua e encontramos um amigo e ele nos cumprimenta,
geralmente pergunta-nos “como vai? Como tem passado?”. E sempre respondemos que
estamos bem, formalmente respondemos isso, mas, em realidade, ao dizer isso temos
consciência que estamos bem, se é que estamos bem mesmo ou é apenas um formalismo
social, um verniz social de convivência que criamos? Não quero dizer que neste aspecto
formal do relacionamento está contida uma mentira, mas não deixa de estar presente ali o
principio da mentira, porque a mentira realmente ganha dimensões terríveis quando
passamos a acreditar que estamos cada vez melhor, que nosso nível de Ser está cada vez
mais elevado e perdemos a capacidade e as referências para podermos avaliar-nos
adequadamente.

Como podemos dar conta desses processos de mentira para conosco mesmo? Hoje em dia é
bem difícil, é parte do trabalho de Avatar, Profeta ou mensageiro trazer sempre um novo
esquadro, uma nova régua e um novo compasso. É sempre uma nova doutrina que vai
servir de espelho para nós. Se, neste preciso momento, o próprio Cristo materializasse-se
em nossa vida, sala, casa e falasse: “meu amigo, você está indo cada vez pior, está mal do
jeito que está indo hoje...”? Estou bastante seguro que rejeitaríamos de imediato e de forma
mecânica tal revelação, porque vivemos uma mentira, uma fantasia, acreditamos que
estamos indo cada vez melhor, quando estamos com um pé no abismo, se somos ricos em
defeitos é evidente que somos pobres em virtudes, não há como ter as duas riquezas e
aqueles que as têm certamente vivem uma situação anômala na qual são conhecidos como
abortos da natureza.

Para acabar com o processo de mentira, devemos voltar a atenção para dentro de nós
mesmos, sempre olhar para dentro de nós mesmos, não projetar, não fantasiar. É preciso
estudar uma nova ciência, uma nova doutrina, seja ela qual for. Em diferentes épocas da
humanidade, diferentes doutrinas foram trazidas ao mundo, mas todas delas têm em
comum terem sido rejeitadas maciçamente e apenas aceitas por alguns poucos.

Romper com o processo de mentir é uma das coisas mais difíceis, porque a mentira é um
recurso que o amor-próprio, que a autoconsideração utiliza para continuar existindo, um
processo que o orgulho lança mão para continuar existindo, enfim, a mentira que todos os
egos e defeitos utilizam para continuar existindo, fazendo das suas dentro de nós.

Se queremos, realmente, mudar de nível de ser, esse é o segredo, acabar com a farsa, com a
fantasia e projeção, acabar com o processo da mentira, construir uma capacidade de
verdade, vermo-nos, avaliarmo-nos, percebemo-nos como somos, não como imaginamos
ser.

Todos nós carregamos uma auto-imagem, sempre imaginamos que somos lindos e
maravilhosos, bonitos, perfeitos, caridosos, amorosos. Porém, quando alguém ou alguma
circunstância qualquer da vida, desnuda-nos, seja diante de nós mesmos, seja diante de

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

outro, dizemos: "que vergonha! Que vergonha!". O que está escondido atrás disso? Qual é
o segredo desses processos todos?

A auto-imagem é algo terrível, se estamos muito preocupados com a nossa questão de


imagem pessoal, ou de projetar uma imagem de bonzinho ou positiva, mas toda ela
baseada em artifícios. Certamente, nem uma nem duas vezes seremos desnudados pela
realidade dos fatos e isso se torna um obstáculo enorme para a mudança de nível de ser ou
para ascender a níveis elevados de ser.

Observemos a natureza, qualquer pássaro, animal ou árvore, nenhum deles estão


preocupados em projetar algo a mais do que eles são. Uma árvore é uma árvore, não quer
ser mais do que uma árvore, não usa artifícios, enfeites, ela é o que é, assim é a vida toda,
sem artifícios, um pássaro, um animal, ele é o que é, é só observamos o comportamento
que sempre os veremos agir livremente, livre de artifícios. E não nos esqueçamos de
qualquer artifício é isso que chamamos ego, artificial, agregado, não é a realidade, a
realidade é o Ser, como diz o Mestre Samael; concentrarmo-nos em nosso Ser, não
esquecermos de nós mesmos ou esquecer de nosso Ser isso é fundamental, este é o
segredo.

Se esquecermos de nosso Ser, daquilo que somos, passamos a viver artificialmente, porque
estaremos querendo projetar para os outros aquilo que não somos, se observamos uma
ninhada de gatos no seu desenvolvimento, notamos que eles são o que são, não têm
necessidade, preocupação ou insegurança de ocultar o que quer que seja e nem de projetar,
são o que são. Esta é uma grande lição que precisamos aprender, despojarmo-nos dos
artifícios, ser exatamente aquilo que somos. E podemos descobrir isso em nós com muita
auto-observação, auto-exploração, se não desenvolvermos o hábito positivo e saudável de
explorarmos, analisarmos, observamo-nos é evidente que não nos auto-descobriremos
jamais.

Tudo isso, essa auto-descoberta e, conseqüentemente, a compreensão de nós mesmos ou


uma auto-revelação, dá-se como desenrolar natural de um trabalho aplicado neste sentido
dentro de nós, sem almejar um resultado, mas apenas pela ação desinteressada, sem
artifícios, este é o segredo. Em poucas palavras, tudo resume-se a fazer algo, “botar a mão
na massa”, realizar, trabalhar, ter uma atitude pró-ativa em relação a nós mesmos, darmo-
nos conta de que não somos uma coisa, darmo-nos conta do artificialismo da mente, ou
seja, temos cinco sentidos ainda, tínhamos mais, hoje restaram cinco sentidos, esses cinco
sentidos jogam de forma ininterrupta para a nossa mente impressões, essas impressões
movem-nos, levam-nos para uma ação ou para uma reação, depende da nossa atitude,
podemos agir ou reagir, seguir reagindo.

O processo de despertar a consciência implica necessariamente numa ascensão de nível de


Ser e vai além da mente, da reação, projeção, artificialismo. Para isso, a técnica da
meditação introspectiva, auto-exploração diária, gradativamente retirará as sucessivas
camadas artificiais que acumulamos em nós e também nos dará a remoção dos distintos
véus que encobrem a luz verdadeira, por isso hoje temos escassa a luz. Porque criamos ou
colocamos muitos véus, temos de remover esses véus da subjetividade. O que vem a ser
esses véus? É o que falamos há pouco, se em vez de ver, contemplar a realidade,
projetamos idéias acerca dessa realidade isso é um véu que distorce essa mesma realidade.

Se pensarmos de uma forma não-livre, segundo condicionamentos de uma educação


universalmente ou socialmente aceita, isso é um véu que impede a luz brilhar, se seguimos

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

imitando velhos procedimentos, comportamentos, atitude ou reações, tudo isso é


subjetivismo, só a auto-exploração vê diretamente todo esse conjunto de artifícios ou
coisas que nós mesmos inventamos, alimentamos, conservarmos, tudo isso no fundo, em
resumo, nada mais é do que uma ferramenta, um recurso que o nosso egoísmo lança mão
para continuar existindo e o egoísmo é formado por amor-próprio, autoconsideração, auto-
importância, a mentira é feita para proteger isso.

Tudo isso, no fundo, apenas forma a maquinaria que defende, protege, conseqüentemente,
fortalece nosso próprio egoísmo. O segredo de romper com tudo isso é começar a, aqui e
agora mesmo, atrelar o foco do atenção e projetá-lo para dentro de nós, para auto-explorar,
não perder o foco da atenção, não esquecermos de mós mesmos, não deixarmos de
meditar, não deixarmos de explorarmo-nos mais e mais profundamente a cada dia, a cada
hora. Aos poucos, iremos conhecendo-nos. Porque iremos descobrindo-nos, fazendo
consciência gradativa de tudo aquilo que está dentro de nós, conseqüentemente, poderemos
fazer um balanço, uma análise daquilo que está sobrando, que são os artifícios e daquilo
que está faltando, atrofiado, oculto ou o que é preciso ser construído, que são nossas
virtudes.

* * O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações


para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada ao vivo dia
30/01/2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de
texto: Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

METODOLOGIA DO TRABALHO GNÓSTICO


06.02.2007

Este tema denominamos ou sintetizamos como “metodologia do trabalho esotérico


gnóstico”. Tais textos são inspirados no conteúdo do livro do Mestre Samael chamado A
revolução da dialética. Então, eventualmente, aqueles que quiserem acompanhar
diretamente o livro, evidentemente que não vamos repetir o livro, poderão acompanhar esta
obra, na qual fará reflexão, meditação, estudo, acompanhamento, pelo menos das idéias
principais e assim focaremos ao longo deste ano, então daí a metodologia do trabalho
esotérico gnóstico.

Partimos do princípio de que todos que lerem este texto neste momento e aqueles que
lerem no futuro, são pessoas interessadas de verdade a trabalhar sobre si, essas palavras,
essas aulas apenas têm propósito definido junto a estas pessoas. Não acreditamos que
pessoas superficiais ou destituídas de um propósito sério, voltado ao trabalho sobre si,
venham a se interessar por estes estudos e temas.

Aos novos ou aqueles que chegam agora ao mundo da Gnose, muitos trazem uma idéia de
que a Gnose é mais uma destas escolas que existem por aí, as quais dispõem de uma série
de livros para ler e acreditam, então, que lendo essas obras estão evoluindo
espiritualmente. Honestamente, não temos nada contra nenhuma escola esotérica, até pelo
contrário, todas as escolas esotéricas que nos precederam no tempo ou que se expressaram
antes da Gnose, surgida no cenário internacional a partir do ano de 1950, continuam sendo
úteis, pois servem de base para a expressão da própria Gnose. Não é perda de tempo
aqueles que, em sua busca, trilharam antes essas outras escolas.

O que sempre temos dito: cada escola tem seu tempo, sua época, seus ciclos de
manifestação, isso tem ocorrido sempre. A Gnose obviamente também tem seu ciclo, e este
ciclo da Gnose que hoje aqui estamos para abordar e fazemos parte, representando por
meio da Fundação Samael Aun Weor em Curitiba, terminará com a transição planetária ou
a grande catástrofe.

O ensinamento dado à humanidade de Aquário depois da catástrofe, lógico que não


imediatamente, mas daqui a três, quatro, cinco séculos será diferente deste aqui, diferente,
mas com muitos elementos, pois esta Gnose hoje representada por nós já é a base, funciona
como introdução, como fundamento da doutrina espiritual universal da Era de Aquário.

Para lembrar e não perder a consciência do papel da nova Gnose nesta Era de Aquário, esta
Gnose representa o melhor do Cristianismo e o melhor do Budismo. Isso tem sido dito por
aí em muitos lugares, porém não tem sido adequadamente compreendido. Muitos torcem o
nariz para outras doutrinas, escolas, e não é assim. A Gnose é a fonte de todas essas
doutrinas. Naturalmente, falo da Gnose Universal, não estou falando desse conhecimento
especificamente introduzido em nosso mundo e tempo pelo Mestre Samael Aun Weor. Ele
codificou, resumiu, deu uma nova forma, uma cara atual à mesma e velha doutrina secreta
da humanidade, da qual se originaram todas as formas de conhecimento da História
humana, das formas conhecidas e desconhecidas que já se perderam na noite dos tempos.

Seja como for, estejamos onde estejamos, se queremos fazer algo neste tempo que nos
resta antes da transição, temos uma metodologia de trabalho. Por incrível que pareça, uma
das causas genéricas do pouco avanço dos estudantes no trabalho espiritual repousa
exatamente nisso, não valorizam um método de trabalho, nem têm metodologia na maior

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

parte das vezes. Lêem os livros escritos pelo Mestre Samael e, diante de tanta informação,
sugestão e práticas apresentadas nestas obras, o estudante perde-se, não sabe por onde
começar e acaba comportando-se como uma criança dentro de uma loja de brinquedos, não
sabe o que vai levar ou pedir à sua mamãe. Os estudantes, principalmente os novatos, não
sabem por onde começar, o que queremos enfatizar neste estudo é justamente a
metodologia de trabalho. Não é preciso ler dezenas de livros para começarmos a fazer um
trabalho sério dentro de nós.

Se queremos e buscamos esse trabalho, podemos colocar como sugestão ou ponto de


partida, para este trabalho pessoal, íntimo e particular, uma frase muitas vezes dita, nem
sempre compreendida e poucas vezes considerada: "buscai a iluminação e o resto se dará
por acréscimo!" E assim é, se não sabemos por onde começar, indicamos objetivamente
buscar a Iluminação antes de qualquer coisa mais. Não perder o foco... E o que significa
buscar a Iluminação? Buscar a Iluminação tem sido um tema muito abordado, tratado em
outros estudos como esse, porém hoje repetiremos de uma outra maneira.

A Iluminação interior consiste na realização de um trabalho permanente de psicanálise


íntima e profunda. A Iluminação advirá para aqueles que trabalharem diariamente,
pacientemente, dedicadamente, com entrega e disciplina, ao longo dos dias, fazendo íntima
psicanálise. A Iluminação não é um artigo que pode ser comprado, não é algo que pode ser
encontrado em nenhuma esquina, espaço esotérico ou em alguma escola gnóstica ou não
gnóstica. Ela vem, ocorre em função de um trabalho bem realizado sobre nós mesmos.
Ocorre quando nossa mente estiver vazia ou vai se dando aos poucos como um amanhecer
de um novo dia na medida em que as brumas, as névoas vão desfazendo-se diante da luz do
sol. Assim também ocorrerá se nós trabalharmos mediante uma disciplina esotérica
adequada, o que representa os raios de sol em nosso interior.

Ao longo do tempo, essa disciplina irá desfazendo os véus e as névoas de nossa mente e,
quando estiver limpa, teremos um maravilhoso céu azul, nos dias de primavera ou outono
quando o azul é mais azul, sem nuvens no espaço e nossa mente sem pensamentos.

A questão agora consiste em perguntar-se: “muito bem, o que eu devo fazer para alcançar a
iluminação, como devo trabalhar diariamente em minha vida?” Justamente para responder
a essa pergunta o Mestre Samael dedicou-se à maioria dos seus livros. A maioria dos
capítulos dos livros escritos por ele trata deste tema, como agir, operar para que se dê a
Iluminação. Entretanto, mesmo assim, sentimo-nos perdidos e atordoados ou descrentes, é
como se não acreditássemos que as coisas realmente pudessem ser assim, porque vivemos
um tempo, uma época, um período da humanidade em que tudo é rápido, instantâneo,
como se fosse pedir uma pizza por telefone.Essa é a civilização do fast food, da
alimentação rápida industrializada.

Entretanto, Iluminação não é feita dessa maneira, não existe serviço de entrega de
Iluminação na casa de ninguém, essa continua sendo uma reserva ou uma área onde cada
qual deve fazer seu trabalho e, como dizíamos há pouco, não existe um tempo certo para
ocorrer, precisamos fazer a parte que nos cabe, trabalhar sobre nós.

Esse trabalho dentro da Gnose consiste em, inicialmente, dar-se conta do estado em que
nos encontramos, é parte da psicanálise fazer uma tomada de consciência de como estamos
no presente momento. Podemos estar deprimidos, enfermos, presos à cadeira de rodas,
num nível cultural muito baixo ou podemos ocupar uma posição social de destaque. Tudo

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

isso é parte da análise, do ponto de partida para situarmo-nos na vida. Quem somos? Onde
estamos? O que estamos fazendo?

O que sou e o que eu faço hoje, me atende, me preenche? Se estou muito feliz com tudo
que sou hoje ou penso que sou, se sinto-me realizado com isso, evidentemente não farei
nenhum esforço para mudar nada, pois estou feliz e contente com isso. Para esses, o
trabalho termina aqui, jamais mobilizarão disciplina, energia, trabalho, dedicação e entrega
para mudar nada. Quando muito. lerão uma quantidade de livros de auto-ajuda e assim
preencherão essa necessidade superficial ou carência que sentem, assim calarão a voz da
inquietude interior e por aí ficam e a morte os levará desta forma.

Porém, se mesmo ocupando um lugar de destaque ou não ocupando lugar algum, sentimos
um vazio, uma cobrança, uma pressão interior, uma insatisfação com todas as coisas, com
a vida, com aquilo que somos, com aquilo que sentimos e pensamos, então aí existe um
sintoma claro de inquietude espiritual e o trabalho sobre si de psicanálise poderá revelar a
natureza desta inquietude. Sem duvida sairá em busca.

Muitos tentam afogar essas inquietudes no álcool, na cachaça, na bebida, na farra, nas
festas e reuniões sociais ou em uma entrega absurda ao trabalho profissional e com isso
fugindo, não querendo ouvir a voz do Íntimo, da inquietação interna. A esses também se
condenam por isso.

Aqueles poucos que prestam atenção a essas inquietudes e efetivamente saem à busca de
respostas, com mais ou menos tempo. encontrarão um local, uma fonte, um canal que
venha ou comece a responder e a corresponder a essas inquietudes e, nisso, resume-se a
historia de todos aqueles que chegam a um centro ou uma escola gnóstica e acredito que
isso resume a história pessoal de cada um que lê este texto neste momento. É a esses,
principalmente, que dirigimos essas palavras.

Portanto, a metodologia do trabalho psicológico sobre si consiste em fazer uma


permanente psicanálise, analise intima dos processos que ocorrem em seu psiquismo e sua
mente. Podemos e iniciamos o conhecimento, a investigação ou pesquisa de nós mesmos
por meio do processo que denominamos de auto-observação. Aquele que não sabe
observar a si mesmo não poderá descobrir-se e, por conseqüência, conhecer-se. Aprender a
fazer auto-observação é o primeiro passo e talvez o mais importante, porque é da auto-
observação que se coletará o material para a conscientização daquilo que somos.

É o trabalho, a tarefa permanente de auto observação que nos permitirá estudar, analisar de
forma retrospectiva os acontecimentos, os eventos e os fenômenos de nossa vida.
Fenômenos esses de natureza psicológica. Como é que alguém observa-se? Todos nós
nascemos e temos uma capacidade nata e com todos os equívocos que já livramos até hoje,
realizamos ou vivemos, ela ainda existe em cada ser humano. Essa faculdade chama-se
atenção, cada um de nós possui a capacidade de direcionar a atenção.

Só que, na atual humanidade, a atenção está dispersa e, geralmente, para as coisas


exteriores. Aquele que quer aprender a auto-observar-se, primeiro deve tornar-se dono da
capacidade de dirigir a atenção, da mesma forma como alguém aprende a dirigir uma
automóvel. Deve aprender a dirigir sua atenção, governar e não reprimir sua atenção. Um
motorista não reprime, nem violenta seu carro, simplesmente aprende a dirigir numa auto-
escola.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Em nosso caso, os interessados em aprender a dirigir, direcionar, controlar ou coordenar


esta faculdade chamada atenção, podem aprender isso através dos livros do Mestre Samael,
em escolas que antecederam o surgimento da Gnose, por exemplo, nas escolas de quarto
caminho e também aprender isso numa escola gnóstica onde lhe passarão o bê-á-bá dessa
técnica de auto-observação ou de direcionar a atenção para dentro de si mesmo com um
propósito muito definido, que é observar aquilo que acontece dentro de si, seu
comportamento, sua mente, as reações e os fenômenos de sua mente, tudo aquilo que
acontece psicologicamente, falando no seu mundo. Isso é auto-observar.

A auto-observação começa, portanto, com o aprendizado, o domínio, o controle, o


direcionamento da condução dessa faculdade chamada atenção. O Mestre Samael ensina
claramente que essa atenção, quando vamos fazer esse trabalho de coordenar, conduzir,
focar a atenção, devemos dividi-la em três partes. Uma direcionada a nós mesmos, outra
para aquilo que está ocorrendo fora de nós em determinado momento, o evento em si, e
outra para o local, lugar onde isso está ocorrendo. Muitas pessoas acham difícil fazer isso,
mas eu lhes digo de maneira muito simples. Em muitas cidades, existe a chamada “corrida
do garçom”. O que é isso? Alguém coloca uma garrafa e um copo com água em cima de
uma bandeja e sai correndo por cem metros sem derramar nada. Como é que ele faz isso?
Dirigindo a atenção para o que está fazendo e o movimento de mover os passos ou de
correr na rua.

Se alguém encher um copo de água até a borda e quiser subir correndo uma montanha sem
derramar nada, obrigatoriamente, de maneira natural, divide a atenção: uma parte está no
copo e a outra está no caminho. Nisso não há dificuldade e, por conseguinte, não
precisamos complicar-nos aqui com tecnicalidades desnecessárias, porque tudo isso é
natural dentro de nós, dividir a atenção é a coisa mais simples do mundo, é só fazer. Então,
dividir a atenção consiste nisso, estar dirigidos para nós, para o evento e o local, com isso
conseguimos fazer auto-observação.

A auto-observação permitir-nos-á fazer retrospecções ou estudos e análises retrospectivas


de tudo aquilo que aconteceu. Permitirá que vejamos, analisemos, reflitamos essas seções
de gravação de fenômenos, eventos, acontecimentos em que estivemos envolvidos, isso
também é muito fácil de fazer.

O passo, o acontecimento, o degrau ou o fenômeno seguinte é compreender essas coisas. Já


mencionamos que a compreensão dá-se em função de um trabalho prévio, não cai do céu,
especialmente num trabalho de psicanálise, ocorre por estudo e análise de tudo aquilo que
registrou acerca de si mesmo. Haverá um momento em que compreende o que acontece
com ele, vai compreender que se comportou ridiculamente em determinada situação, que
poderia ter comportado-se de uma outra maneira, que teria sido mais elegante ter utilizado
uma outra palavra ou expressão. Agora, se está desatento ou adormecido, se é inconsciente,
mecânico, não tem interesse em deixar de ser um autômato como um robô, computador,
morrerá sem nunca dar-se conta dessas coisas, vai desencarnar sem nunca ter feito um
trabalho de psicanálise íntima para conhecer a si e conhecer a estrutura dessa maquinaria
interior, vai desconhecer os mecanismos mentais de si próprio e, conseqüentemente, não
poderá ter uma real oportunidade de compreender, de estudar e analisar-se previamente.

Buscai a Iluminação e o resto se dará por acréscimo, chegaremos à Iluminação depois que
tivermos tornado-nos hábeis, destros no trabalho da auto-observação, mas não é só isso. Só
auto-analisar, observar e compreender o comportamento, a conduta é um passo muito
importante, porém é preciso ir além. Aqueles que estão há mais tempo na Gnose sabem

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

que existe um poder superior à mente dentro de nós, no Oriente denominado Devi
Kundalini Shakti, que num entendimento mais simplificado, ao nosso nível, trata-se da
Divina Mãe Kundalini, a mãe particular e individual de cada um de nós, isso não é uma
fantasia, é uma realidade dentro do universo interior de cada um de nós.

A Mãe Divina é parte de nosso próprio Ser, é uma das partes autônomas e independentes
de nosso próprio Ser. Assim como nosso sistema solar, ainda que ele esteja dentro desta
galáxia, é autônomo no seu trabalho. O nosso ser é um microcosmo, conseqüentemente,
possui parte autônomas dentro do cosmo completo, ainda que seja um microcosmo.

Devemos sempre apelar a esse poder superior, consagrar nossa vida e, oxalá, todos
pudessem ter a sensibilidade de perceber o quanto isso é importante para todos os que
buscam a Iluminação. Consagrar-se à sua Divina Mãe, dedicar seus dias, viver em sua
função, segundo a vontade, os desígnios ou as decisões de sua Divina Mãe Kundalini.
Assim nunca entraria “em fria”.

Sabemos, pelos estudos mais avançados da Gnose, que a Mãe Divina desdobra-se em cinco
aspectos diferentes, mas isso não é o tema atual, já existem outras conferências que
abordam isso. Um dos aspectos desse poder superior à nossa mente é a nossa Mãe Morte,
Prosérpina, que se encarrega de eliminar esses agregados, artifícios, elementos, sujeiras
que se depositaram no fundo de nossa mente e que, em Gnose, recebem o nome de eu
psicológico. No Budismo, isso é conhecido como os venenos da mente. Não importa a
denominação, importa saber a natureza desse material, dessa realidade, dessas criaturas,
que no antigo Egito eram conhecidas como “demônios vermelhos do Seth” e personificam
nossos defeitos.

Se compreendermos um determinado comportamento, uma determinada conduta, vamos


descobrir muitas coisas e à medida que vamos compreendendo, podemos e devemos apelar
a esse poder autônomo superior à mente para que retire de nossa mente tal realidade
artificial, agregado ou veneno. Com o tempo, na persistência, no dia-a-dia, após anos e
anos de dedicados trabalhos, notaremos que nossa mente já está transparente, tornou-se
translúcida e já não temos essas vozes interiores gritando e cobrando coisas, passamos a
viver de maneira relaxada, serena e tranqüila e assim, naturalmente, um dia perceberemos
que alcançamos dez, quinze, vinte por cento de liberação de consciência.

Então teremos um primeiro grau de Iluminação que nos permitirá fazer nosso trabalho com
menos esforço, acelerar o trabalho de estudo, análise e compreensão de nós mesmos. No
começo, nos primeiros anos, eles costumam ser mais difíceis, pois nosso estado
psicológico atual realmente é caótico, brutal, bestial, animal e essas palavras não são
nenhum exagero de nossa parte.

O que carregamos dentro de nós são bestialidades milenares, nosso comportamento não é
reto devido a ação e a presença desses elementos no fundo profundo de nossa mente, o
qual podemos denominar simplesmente de subconsciente, que é parte de nossa mente. Aos
poucos, no trabalho de psicanálise, vamos aprofundando a investigação, pesquisa,
percepção de nosso universo mental e descobrindo novas criaturas nesses níveis mais
profundos.

Obviamente, o intelecto não tem capacidade de aprofundar-se, a mente por si mesma


também não tem capacidade de conhecer-se por completo. Por isso, somente um poder,
uma realidade superior, que transcende nossa mente, onipresente, pode aprofundar nas

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

profundezas obscuras de nossa mente e dali retirar aqueles venenos, elementos ou estas
criaturas animalescas que ali têm a sua morada.

É assim que fazemos o trabalho psicológico sobre nós mesmos, é assim que fazemos a
auto-análise ou psicanálise. Isso nos dará a compreensão de nós mesmos com o tempo.
Permitir-nos-á, um dia, dali a seis, sete anos chegarmos a perceber qual é o nosso traço ou
rasgo psicológico, como menciona o Mestre Samael. Esse traço psicológico profundo é o
que nos caracteriza, vem a ser como o motor egóico, é a força impulsora da maquinaria
egóica que está dentro de nós. Muitos de nós somos movidos pelo orgulho, outros pela ira,
pela luxúria, outros pela preguiça. Devemos descobrir qual é exatamente esse traço
psicológico. O traço psicológico tem raízes profundas em vidas anteriores e não é fácil,
num primeiro momento, descobrir esse traço, nem vale a pena que alguém, um instrutor ou
um Mestre revelasse qual é o traço psicológico principal de um estudante. Não ajudaria em
nada o seu trabalho, pois isso deve ser descoberto sozinho. Senão, muitas vezes, em vez de
ajudar, só atrapalharia.

Precisamos perceber, evidenciar, buscar, encontrar esse traço psicológico. Mas seja ele
qual for, o orgulho, a vaidade, a preguiça, a luxúria ou a ira, em realidade, esse traço
psicológico nada mais é do que a principal defesa do cerne egoísta que jaz no fundo
profundo de nós e que, sempre temos dito, é conformado pelo amor-próprio, pela auto-
importância, pela autoconsideração. Só que esse amor-próprio, auto-importância e auto-
consideração expressam-se e, ao mesmo tempo, ocultam atrás de uma característica
especifica. Há pessoas que são tímidas, são inseguras e como é que elas lidam com essa
insegurança, com essa timidez? Elas envolvem o seu orgulho e aí, então, o orgulho passa a
ser o rasgo psicológico principal desta pessoa. Nesse caso, o seu trabalho de auto-
observação deve ser suficientemente profundo para perceber qual é a causa, a raiz do seu
orgulho e este se desmontará rapidamente quando ele perceber que, em realidade, o que o
gerou foi a insegurança do cerne psicológico, amor-próprio.

Já mencionamos uma vez que tudo nos leva sempre à raiz do egoísmo humano e é verdade,
esse é o cerne do egoísmo humano. Agora, antes de chegar lá, cada um de nós tem uma
fachada, esta fachada é o rasgo psicológico. Muitos são glutões, mas porque se tornaram
glutões? Há algo atrás disso que precisa ser descoberto. Cada qual tem o seu traço
psicológico, cada qual tem de levar esse trabalho de auto-observação e psicanálise o mais
profundo que puder e, ainda sim, apelar ao poder superior a sua mente, a sua Divina Mãe
particular para que mostre, revele, ilumine o seu entendimento para que possa captar
exatamente o inimigo oculto, porque devemos atingir é o inimigo oculto, é aquele que
alimenta esta fachada, aquele que se esconde nessa fachada ou aparência. Uma pessoa
arrogante, agressiva, muitas vezes não é que seja agressiva, ela tem medo porque é
insegura e quem é inseguro é aquele que está lá atrás, o amor-próprio.

Devemos fazer esta cadeia, redesenhar ou desenhar os elos ocultos dessa cadeia
psicológica até nos levar ao centro de nosso próprio egoísmo. Porque é sempre o egoísmo
nosso que quer sobreviver, mas, se agora sabemos disso, podemos acelerar esse processo
todo. É trabalhando sobre esses fenômenos, essa disciplina psicológica, chegaremos à
Iluminação e, a partir daí, o resto dar-se-á por acréscimo.

Evidentemente que, na realização desse trabalho, depararemo-nos com o funcionamento da


mente, com a dinâmica mental. Precisaremos perceber, observar, ver, analisar como
funciona e porque funciona, porque age e reage a nossa mente frente a determinados
impactos, a determinadas representações, a determinadas impressões que são jogadas para

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

ela através de nossos cinco sentidos, as janelas para o mundo. Tudo isso é parte natural ou
integral desse trabalho psicológico, de auto-análise, de psicanálise, isso que é denominado
nesse livro A Revolução da Dialética de dinâmica mental.

Saber como e por que funciona a mente, estudar e analisar os funcionalismos, os


mecanismos de ação e reação da mente, e sempre temos mencionado que a mente é de
natureza receptiva, hoje ela é pró-ativa e isso significa uma inversão total e radical da sua
natureza, conseqüentemente, transformamos nossa vida num verdadeiro inferno, numa
maldição. Nossa mente tornou-se tagarela, reacionária, não somos capazes de viver
passivamente ou serenamente, pois nossa mente agita-se constantemente pelos impactos
recebidos, os quais até ela através de impressões, representações ou através dos cinco
sentidos, que sempre são em forma de impressão. Gera-se uma impressão visual, sonora ou
auditiva, tátil. Reagimos diante de um perfume, diante de uma palavra amável ou uma
palavra dura, reagimos ao escutar uma determinada música, reagimos ao perceber roupas
ou bens que nosso semelhante tem e assim reagimos a tudo. Reagimos ante a um copo de
bebida, a uma insinuação de uma pessoa do sexo oposto e identificamo-nos com essas
coisas e acabamos perdendo o controle de nós mesmos, identificamo-nos totalmente como
evento, o acontecimento e acabamos distanciando-nos do centro de nós mesmos e assim
nossa vida vai esvaziando, perdendo-se, transcorrendo e seguimos na obscuridade.

É por isso que, na Gnose, é enfatizado sempre a questão da dissolução do ego, da


eliminação desses venenos, da luta sem tréguas contra os demônios vermelhos, porque
obscureceram nossa visão, nossa percepção, dominaram esse território chamado mundo
mental, ocuparam os cinco cilindros da máquina orgânica e é por isso que levamos uma
vida desequilibrada, curta, sofrida, repleta de enfermidades, como sabe todo e qualquer
estudante mais antigo de Gnose.

Por outro lado, em contraposição a essas reações psicológicas, temos a ação lacônica do
Ser, que vem a ser a expressão, manifestação concisa, precisa, exata, perfeita, simples, sem
artifícios, que faz nosso Ser em nós mesmos. Só que nosso Ser não está aqui agora dentro
de nós, temos um percentual mínimo dele, nossa consciência, que são aqueles três por
cento de essência livre que todos nós temos ao nascer.

A ação lacônica do Ser caracteriza-se por uma ação sem propósito de obter vantagem, sem
intenções de obter algum proveito ou lucro. É uma ação livre e desinteressada, isso é que
sempre temos enfatizado como sendo a conduta reta. A ação lacônica do Ser expressa-se
em nós por meio de conduta reta, cumprimento do dever sagrado, a ação pela ação sem
objetivar os frutos da ação, isso é o que se diz ser conduta reta. Porque a conduta reta não
leva a nenhum interesse, não carrega em si mesmo nenhum propósito velado, expresso ou
oculto de obter algo em troca, mas é a ação pela ação.

A conduta reta está ao nosso alcance, talvez se nos prendermos demasiadamente a essa
expressão, "a ação lacônica do Ser", vamos cair na filosofia disso sem entender
concretamente como se vive aqui e agora em nosso mundo essa ação. Aqueles que
efetivamente compreenderam o que é a conduta reta e aqueles que efetivamente
começaram a viver a sua vida de acordo com os critérios, as pautas, os princípios da
conduta reta como falamos em inúmeras aulas e conferências que estão em nossos
arquivos, sabem que é muito mais fácil viver a Gnose nos fatos valendo-se desse
instrumento, dessa metodologia, do que quem sabe filosofar ou teorizar demais.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

A Gnose precisa ser vivida em fatos concretos, não na filosofia ou nas abstrações da mente
ou do intelecto. Por conseguinte, a conduta reta é a grande chave para experimentarmos,
vivermos ou expressarmos essa ação lacônica do Ser aqui e agora em nosso mundo. Claro
que primeiro necessitamos entender o que vem a ser a conduta reta, o que vem ser uma
ação livre de interesses, de recompensas ou expectativas de recompensas. É muito fácil,
num discurso, cada um de nós expressar isso, porém no dia-a-dia é diferente.

Afirmo a vocês que darão um grande passo, caminharão a passos largos rumo à Iluminação
se passarem a viver de acordo com essa metodologia da conduta reta. Mencionamos aqui
em outra oportunidade que o amor total está fora do nosso alcance, porém cada gesto de
bondade, cada palavra suave, cada ato de serenidade são manifestações do amor divino,
manifestações lacônicas do nosso próprio Ser. É isso que queremos passar e oxalá todos
possam captar isso de uma forma concreta ou direta, simples e possam colocar em prática
já, agora, aqui.

A conduta reta sempre começa em nossa própria vida e em nossa própria casa. Se não
conseguimos ser um bom chefe de família, um bom filho, um bom pai, evidentemente
estamos longe da conduta reta. Se não conseguimos cumprir com os deveres mínimos que
temos em nossa casa com nosso companheiro(a), filho ou pai, enfim, dependendo da
situação particular de cada um, obviamente não entendemos ainda a base fundamental do
que a Gnose ensina como filosofia, sistema prático e concreto de vida.

Não é a quantidade de livros de Gnose que vai nos dar a Iluminação, mas sim aquilo que
conseguimos expressar aqui e agora de boa vontade. Porque podemos condicionar,
programar ou reprimir-nos, sorrir por fora e amaldiçoar por dentro. Aí falta boa vontade,
falta uma ação livre, fluir natural, simples, livre da vontade dos valores de nosso Ser. Isso é
o que precisa ser estudado, investigado, compreendido e, conseqüentemente, colocado em
prática.

No Oriente, na Índia, tomamos conhecimento e aprendemos pela história, que Gandhi


conseguiu a libertação da Índia praticando uma filosofia aplicada até nossos dias. A
filosofia da não-violência e que podemos também entender como a filosofia da não-reação,
mas da ação concreta e reta. Porque Gandhi ensinava a não reagir violentamente contra o
dominador inglês de seu país. Mas ele não ensinava que deveriam ser passivos, ausentes,
subservientes ou algo do gênero. Era uma ação positiva, reta ou uma conduta reta diante do
agressor. O agressor podia bater, como de fato batia e golpeava e até matava, mas isso não
dava o direito, na conduta reta, de reagir da mesma forma e desta maneira conseguiu
dobrar, vencer o dominador no seu país. Em nosso caso, se nossa mente continua reagindo
e muitas vezes reage com violência, estamos falando na filosofia do ahimsa que não se
caracteriza pela não-ação, mas sim por uma ação reta. Isso, talvez, é que nunca tenha sido
devidamente compreendido sobre essa filosofia.

Aqueles que buscam a Iluminação têm uma outra característica a ser considerada e que se
trata da conduta gregária, queremos dizer com isso que se efetivamente quisermos
dissolver o ego e também a personalidade, sair da condição de autômatos, de robôs e
alcançar a Iluminação não podemos fazer o que todo mundo faz, nem agir como todo
mundo age, nem viver mecanicamente, isso que se diz conduta gregária, uma conduta
pautada por um comportamento de manada.

Aquele que busca a Iluminação deve apartar-se, permanecer no mundo sem fazer parte do
mundo. Ele deve ter critérios de observação, pautar sua conduta, seus hábitos, seus atos,

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

mesmo esses sociais, de forma a não seguir os padrões coletivos ou isso que denominamos
de comportamento de manada, de grupo, isso é a conduta gregária, esse é um
comportamento que age ou reage sem controle de nenhuma espécie, é fazer o que todo
mundo faz, repetir os mesmos chavões, fazer o que todo mundo faz no fim de semana ou
consumir como todo mundo consome.

Precisamos segregar, isolar nosso próprio comportamento desse comportamento universal,


programado, mecânico, repetitivo, inconsciente. Sempre que se fala no trabalho
psicológico também há algo que nos vem à memória e que trata da palavra. Alguém já
disse com grande acerto, que o verbo é medida da nossa realidade interior. Se usamos uma
linguagem vulgar, palavrões, falamos como todo mundo fala dentro da conduta gregária,
tudo isso implica no fenômeno que podemos denominar e, no livro A Revolução da
Dialética está expresso, como "a deformação da palavra".

Quando prestamos atenção na palavra ou no verbo de outro e no de nós mesmos, podemos


medir como estamos internamente. Muitas vezes acreditamos que o silêncio é ouro, mas a
Gnose afirma que é tão mau falar quando se deve calar, quanto calar quando se deve falar.
Existem silêncios que são delitos, como também palavras infames. Temos de medir,
calcular, considerar a forma de usar nosso verbo. Porque nenhuma palavra é vã no
Universo, no Cosmos.

O reto agir, a conduta reta passa pela reta palavra, o reto falar, o reto expressar-se. Porque,
certamente, quando caluniamos alguém ou temos a maledicência, a fofoca ou a intriga não
estamos semeando boas coisas ao nosso redor e não estamos respeitando as pessoas
envolvidas nisso, especialmente quando mencionamos nomes, mais ainda se torna amarga
a experiência.

Naqueles que trabalham com alquimia, o abuso do verbo, a deformação da palavra,


costuma gerar resultados desastrosos na sua vida, sua vida pode tornar-se um desastre só
porque simplesmente não aprendeu, não se deu conta, não observou ou está inconsciente
do seu próprio verbo, palavra. Devemos tomar muita atenção com isso, eu vejo pessoas
que por aí se expressam como qualquer pessoa comum e corrente do mundo. Continuam
usando aqueles palavrões, aquele vocabulário que não é nobre nem para uma pessoa
comum quanto menos é nobre em alguém que diz que está buscando o caminho ou está
desesperadamente atrás da Iluminação.

É nas pequenas coisas que vamos definindo nossa vida, traduzimos o nosso nível de Ser e,
conseqüentemente, por lei de imantação universal atrairemos para nós luz ou trevas e o
verbo é uma faculdade de geração, tal qual a função sexual. Os Deuses criam pelo verbo,
os homens pelo sexo e os humanos são os que abusam tanto do verbo quanto do sexo, por
aí calculem cada um: nossa vida, nossa sorte, nosso ambiente, nossa aura e aquilo que
podemos atrair com uma conduta desta forma.

É integrando esses elementos todos, não deixando que esses agregados tenham uma
liberdade interna de expressarem-se da forma como querem é que vamos, aos poucos,
tomando posse dos processos psíquicos, dominando, economizando nossas energias
psíquicas tão necessárias para a Iluminação. Não se pode e não se alcança a Iluminação se
não aprendermos a economizar nosso material psíquico, a energia psíquica que não é só
sexual, existe essa energia psicológica, mental, como aqui estamos dizendo.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

O abuso e o mau uso do verbo é a porta de saída, o canal emissor da energia psíquica,
assim também a fornicação é o canal emissor das nossas energias sexuais. Isso deve ser
anotado, registrado, analisado criteriosamente e compreendido para que efetivamente todos
nós nos demos conta da importância que é governar nosso verbo e nossa função sexual,
economizar matéria psíquica e sexual para que tenhamos energia para construir nossa
Iluminação, nos códigos interiores.

Se formos descuidados na administração, na condução dessa tarefa, desse trabalho,


obviamente estaremos sendo negligentes. A negligência caracteriza-se por uma opção de
não escolher aquilo que queremos ser ou fazer, é como que nos abandonarmos nas
correntes do rio da vida, deixar que a vida leve, trague, derrote, arraste-nos para as suas
turbulências. Caracteriza-se por um estado de não governo de si mesmo, isso é muito
grave.Temos, efetivamente, de dar-nos conta disso, assumir o controle, o governo, a posse
dessa matéria prima, dessas energias mais valiosas que todos temos dentro de nós.
mediante as quais construiremos uma nova realidade existencial.

Até aqui nossas palavras, colocamo-nos à disposição para os normais e naturais


aprofundamentos sobre o tema, que julgarem necessários serem feitos mediante as
perguntas a serem colocadas aqui.

Perguntas:

P: Economizamos material psíquico não assistindo televisão?

R: Economizamos material psíquico não nos identificando com as coisas da televisão ou


do cinema; de qualquer maneira, assistir televisão é uma perda de tempo, melhor dedicar
esse tempo a meditações ou práticas esotéricas.

P: Devemos entender simbolicamente a maldição que o Mestre Jesus lança sobre a


figueira que não produz ou ele realmente usou o verbo para secá-la?

R: A figueira é um símbolo sexual, conseqüentemente, se a energia sexual não dá os frutos


divinos sobre a produção da realidade ontológica ou da criação de corpos solares melhor
que seque, a pessoa torna-se estéril espiritualmente falando.

P: A negligência não tem a ver com o ser indiferente?

R: Não deixa de ter essa conexão de ser indiferente. Se você é indiferente significa que não
fez escolha, quando você não escolhe, a vida escolhe por você. Porque não escolher na
vida é fazer uma escolha.

Essa coisinha muito simples e sutil que nos enterra, porque a gente acha que, quando não
escolhe, nada acontece. Não escolher é uma escolha. Negligência vem a ser não eleger, o
radical latino fala disso. Nex legere, ou seja, não escolher, não eleger e, se não escolhemos,
a vida escolhe por nós e a vida escolhe o que interessa a ela e de forma nenhuma a auto-
realização de uma pessoa é do interesse da natureza. Medite sobre isso.

P: A pessoa que age retamente, desapegada dos frutos de sua ação precisa estar
totalmente consciente que a ação em questão é a certa, a melhor? Essa certeza, essa

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

consciência é em si mesma a recompensa por essa ação? Ou a própria idéia de


recompensa não cabe aqui?

R: Se você tem uma idéia de recompensa é porque já está buscando uma recompensa de
certa maneira. Quando agimos livremente, sem dúvida não nos preocupamos se é certo ou
errado. Por que o que vem a ser certo e errado? Quem pode nos dizer com certeza e
acuidade sobre isso é nossa intuição, não a nossa mente.

Nossa mente é ignorante do certo e errado como você coloca aqui, mas a intuição, que é
uma faculdade da consciência, sem dúvida nos dá o discernimento, a luz necessária para
agirmos com isenção. Fazer o que deve ser feito.

P: De acordo com que foi explanado, a auto-observação é ponto inicial do trabalho


esotérico, a duvida é se auto-observamos e, no final do dia, não fazemos nenhuma
prática em relação a essa auto-observação perdemos esse tempo?

R: Sem dúvida. Se você não aprofunda aquilo que você percebe durante o dia, pouca coisa
vai mudar, porque continuará boiando na superfície, não fará uma conscientização, não
aprofundará a percepção. Esse é o risco e na verdade é isso que ocorre, o trabalho de fazer
o exercício retrospectivo nem precisa esperar a noite, pode ser realizado durante o dia
mesmo ou em algum momento que você tenha essa oportunidade, volte a rever o
acontecimento, conseqüentemente, poderá aprofundar nisso.

Essa conscientização vai dando-se aos poucos. Por isso dissemos que o trabalho é lento,
não se deve buscar ou esperar um resultado imediato. Devemos fazer o trabalho sobre nós
mesmos pelo trabalho em si, não esperando uma recompensa. Muita gente, milhares de
pessoas hoje, vivem frustradas na Gnose, porque trabalharam para buscar um resultado e
ele não veio. Não veio da forma que esperavam, não veio e até, talvez, tivesse vindo em
partes, mas como estavam adormecidos não perceberam e nem podiam perceber um
retorno, mas fundamentalmente o resultado se dá naturalmente. Se você joga uma semente
num local qualquer, se a semente germinar, dali a meses, anos, vai nascer uma árvore que
poderá dar frutos. Agora você jogou fora, não fez isso com um objetivo definido, agora
aconteceu.

Nosso trabalho, se for feito sem nenhum objetivo, é claro que fracassa e se for feito com o
objetivo de ter resultado, esse resultado não virá da forma como você projeta, fantasia,
espera, acredita, porque tudo isso é projeção e fantasia da mente.

Se trabalharmos sobre nós mesmos, de acordo com os cânones, o esquadro e o compasso


dos ensinamentos que são trazidos do alto, o resultado virá. Porque qualquer coisa que se
planta nasce, cresce, desenvolve-se, frutifica e morre. Por que correr atrás dos resultados se
a lei da vida é dar frutos?

P: Como ou qual postura correta em conviver com as pessoas, principalmente os


colegas de trabalho? É melhor se isolar ou essa é uma conduta equivocada?

R: Há dois aspectos importantes a considerar, se você trabalha num local há muito tempo,
certamente essas pessoas te conheceram de um jeito e de repente você entra numa seita
perigosa e torna-se esquisito aos olhos deles, vai despertar muita preocupação e vai gerar
muito mal estar, então nessa hipótese às vezes é melhor mudar de emprego, de empresa, de
local.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

A alternativa é você, gradativamente, ser franco e honesto com as pessoas, você mesmo
pode criar seus limites, sem tornar ou comportar-se de uma maneira inconveniente,
agressiva aos olhos dos outros. Assuma o que você é, toda vez que tiver uma oportunidade
expresse um ponto de vista filosófico diferente daquilo que as pessoas estão acostumadas a
ver dentro da sua conduta gregária e, gradativamente, com isso vai estabelecendo os
contornos novos da convivência.

O isolamento em si creio que é prejudicial a você e não geraria uma boa convivência, só
iria complicar mais ainda a situação, a atmosfera tornar-se-ia pesada. Em todos os lugares,
a honestidade ou a transparência sempre é bem vinda, desde que colocada de uma maneira
adequada. Diria desta forma, por outro lado observando e lembrando eventos,
acontecimentos da minha própria vida, especialmente na convivência com estrangeiros,
notei que, por exemplo, se alguém contava uma piada que eles não gostavam ficavam
olhando pra você sem rir e não se incomodavam com isso, na prática o contador da piada é
que ficava sem graça, é uma outra atitude. Resumindo, é você quem determina o espaço e a
liberdade do outro.

Tenho certeza que, se Buda estivesse trabalhando onde você trabalha, ouviria a todos com
serenidade e ao final daria um sorriso e ia cuidar de sua vida, pois foi assim que ele fez
quando surgiu um insultador na figueira onde ele estava meditando: sequer abriu os olhos
ou, se abriu os olhos, não respondeu às provocações, no final ele só disse: "Meu amigo, se
alguém lhe traz ou oferece um presente e esta pessoa não aceita, o que você faria com o
presente?" E o insultador disse: "eu ficaria para mim", "pois é, eu não quero seu presente
pode ficar para você" e fechou os olhos e continuou meditando. Cada um estabelece seu
limite, você pauta sua vida, a menos que queira seguir vivendo gregariamente,
comportamento de manada como se diz por aí.

* O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações


para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada ao vivo dia
06.02.2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de
texto: Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

ESCRAVIDÃO E DEPENDÊNCIA PSICOLÓGICA


13.02.2007

O tema desta noite denominamos de Dependência e Escravidão Psicológica. Queremos


dizer que a dependência e a escravidão psicológica envolvem a constatação de um estado
interior real, concreto; revela um estado interno característico desta humanidade; por
conseguinte obviamente só poderemos sair desse estado se desenvolvermos a condição de
auto crítica, que seja positiva e construtiva.

Muitas vezes buscando exercitar a auto crítica acabamos simplesmente arrasando a nós
mesmos sem nenhuma construção e isso é grave. Por isso mesmo a Gnose ensina que toda
mudança interior deve ser lenta. Nada deve ser impositivo, tudo deve ser feito à base de
compreensão; qualquer passo, decisão, prática, disciplina deve ser realizada ou posta em
prática, em andamento, mediante compreensão prévia. Se não temos essa compreensão
vamos acabar cometendo erros que se voltarão contra nós mesmos, e aí muitas vezes
achamos mais fácil transferir essa responsabilidade para outros, para a Gnose, para o
Mestre Samael, para Buda ou qualquer outra igreja e religião.

Em realidade o problema é nosso, não entendemos adequadamente a natureza do trabalho a


ser realizado; com isso em vez de ter um avanço positivo, concreto, acabamos
complicando mais ainda nossa existência. Dentro desta obra que tomamos como base, "A
Revolução da Dialética", a auto crítica é o começo do trabalho gnóstico, mas ela só pode
ser colocada em prática após termos iniciado o trabalho de auto observação, porque a auto
observação é que nos dará os elementos, os eventos, os fenômenos, os acontecimentos, as
constatações, as fotografias, as imagens, as percepções das quais devemos fazer a auto
crítica.

Para isso temos que desenvolver ou nos tornamos sinceros conosco mesmos; é preciso
fazer a dissecação desses quadros, figuras, fotografia psicológicas. O Mestre Samael
compara a auto critica com um bisturi, um instrumento para abrir, penetrar, possibilitando
ver por dentro todos esses quadros, fenômenos, acontecimentos ou constatações. Por
conseguinte, estamos aqui falando de descobrir nossos próprios erros, equívocos, conduta
não reta; tratar de investigar e conhecer os fenômenos psicológicos; conhecer os ressortes
secretos ou os mecanismos e engrenagens das reações psicológica, mental, intelectual,
frente aos acontecimentos diários que se apresentam em nossa vida.

A auto crítica só pode e deve ser exercitada sobre nossos próprios erros; é um método para
estudar e analisar os defeitos descobertos. Essa auto crítica deve ser feita sem ânimo de
criar outros estados negativos dentro de nós; pelo contrario, uma auto critica deve ser
saudável, para melhorar nossa atitude, conduta ou comportamento, para construir uma
nova forma de viver. É fundamental descobrir esses erros, e essa análise, esse estudo é o
que nos permite compreender isso.

Como toda mudança psicológica profunda só se faz a base de compreensão que se dá


mediante trabalho prévio de estudo e análise que pode ser resumida em auto crítica
saudável e construtiva, só depois disso o poder superior à mente pode e deve ser invocado
para que pulverize os autores dos acontecimentos interiores negativos.

Muitas vezes dissemos aqui que sem compreensão prévia a Mãe Divina não pode eliminar
nenhum defeito, porque o processo de compreensão equivale a abrir a garrafa, o invólucro
em cujo interior existe um átomo de consciência aprisionado e esse átomo de consciência

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

serve de alma para esse mesmo defeito; esse átomo age e reage segundo os
condicionamentos do seu próprio invólucro. Esse é um trabalho de persistência, paciência,
é um trabalho de auto crítica permanente e constante. Nunca se contentar com o pouco,
com resultados rápidos e superficiais. É preciso mergulhar fundo dentro de nós, e nisso os
sonhos, chamadas experiências astrais, contribuem muito. Platão dizia que o homem se
conhece pelos seus sonhos.

Sabemos, mediante testemunho de varias pessoas com quem cruzamos nesses anos todos,
que esses que se lançam neste caminho, tem sonhos a noite, recebem informação a noite e
esses sonhos também devem ser estudados. Pois eles revelam nossa condição interna ou
dos nossos cinco centros. É no âmbito desses cinco centros psicofisiológicos que existe,
atua e funciona todo o nosso mundo interno, nossos próprios egos. Todos eles tem
ramificações que se estendem alcançando um, dois, três, quatro ou todos os centros.

Nem todos os defeitos tem ramificações nos cinco centros, isso tudo deve ser descoberto
mediante a auto percepção, a auto observação; deve ser analisado, estudado, compreendido
mediante os processos da auto crítica.

As mudanças psicológicas devem ser lentas ainda que tenhamos falado muitas vezes que
os tempos finais estão se cumprindo e estão em cima; nada disso deve gerar um clima de
pânico ou estresse. Pois não é o pânico, a ameaça, o estresse ou a idéia de ameaça que irá
acelerar alguma coisa ou tornar nosso trabalho mais produtivo. Não é isso que está em
jogo, não é disso que se trata.

Temos que aprender a manter a calma, a serenidade em meio ao fogo da batalha. Isso é um
aprendizado; essa é um a característica muito apreciada por aqueles que acompanham
nossos processos internos; valorizam muito aquele que sabe se manter calmo mediante o
fogo cerrado da vida, da batalha, da luta - o que nos revela o quanto eventualmente
tenhamos que aprender caso tenhamos um comportamento reacionário violento ou irado.
Isso nos remete à constatação que o trabalho psicológico gnóstico não é impositivo.

A Gnose não impõe nada, mostra o caminho, dá o mapa; ninguém é obrigado a seguir o
mapa. Cada qual pode explorar o terreno como achar melhor, com ou sem mapa. O bom
senso diz que quem tem o mapa na mão, desenhado por quem nos antecipou nessa jornada,
faz com que nossa marcha seja mais tranqüila, eficiente. Se desprezarmos o mapa,
ninguém vai cobrar nem perguntar nada, apenas saiba que vai demorar muito mais cumprir
a jornada.

O próprio Mestre Samael alerta que estes sistemas, que ele denomina "o sistema da
revolução da dialética", parecem muito longos para as pessoas que são impacientes. Mas
ele avisa e antecipa: "não existe outro caminho". Só para vocês terem uma idéia, o Buda
chegou a ser Buda quarenta e cinco anos depois. Atingiu sua plenitude quarenta e cinco
anos depois de haver se lançado neste caminho e mesmo assim ao final de sua jornada
chamou seus discípulos e ainda perguntou, apanhando com sua mão algumas folhas
espargidas pelo chão: "discípulos onde existem mais folhas? Na floresta ou em minha
mão?"

A pergunta pode parecer um pouco estúpida hoje em dia, porém antes ele já havia dito que
tinha ensinado tudo que sabia, e ao pegar um punhado de folhas em sua mão, quis
comparar com a floresta para ver como os discípulos iam perceber o ensinamento.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Demonstrou claramente que ainda que ele tenha ensinado tudo que sabia, esse “tudo” era
“nada” comparado com que há ou havia ainda a ser estudado ou descoberto.

Obviamente que cada um de nós pode, quem sabe, colher mais folhas que o próprio Buda;
pode ir além; ninguém impede isso; nem Deus, nem a lei. Depende de nossa disposição e
decisão. Se temos uma atitude negativa é evidente que não sairemos do lugar ou nos
contentaremos com algumas quantas folhas colhidas em nossa peregrinação por este
caminho, esta vida.

Se Buda levou quarenta e cinco anos para recolher como que umas quantas folhas, muitos
de nós hoje, envenenados pela civilização atual, pelos usos e costumes que se implantaram
nesse processo de transformação de seres humanos em robôs e máquinas de consumo e
produção, buscam, esperam, querem mudanças rápidas e imediatas - e isso não existe.

Socialmente, antropologicamente falando, historicamente examinando percebemos


claramente que toda vez que uma determinada cultura, civilização, país, império quis fazer
grandes e rápidas mudanças adotou o caminho das ditaduras, das imposições e da tirania;
caíram todos neste engodo, achando que impondo à força as coisas, o mundo, o seu país, as
pessoas, os cidadãos mudariam, mas não é assim que as coisas funcionam.

Muita gente tem uma percepção errada e equivocada da proposta gnóstica; não entenderam
ainda. A Gnose não é um sistema que impõe um modelo de pensamento. A Gnose é um
mapa, um sistema que objetiva ensinar, dar as pautas sobre como pensar para que cada
qual faça as suas conquistas, recolha as suas folhas da floresta existencial.

O mais importante é ensinar o “como” pensar, em lugar de “em que” pensar. Porém é
interessante que à medida que buscamos exatamente passar os fundamentos do “como
pensar”, há uma deturpação ou entendimento equivocado, interpretação ou decodificação
equivocada de parte das pessoas; mas sobre isso não tem como interferir, nem impedir;
isso é parte do processo de aprendizado de cada um; acabam confundindo a metodologia
do “como pensar” com o que pensar ou o objeto do pensamento - não sei se me faço
entender.

A Gnose não é um sistema de normas rígidas; bem verdade que a Gnose ensina certos
princípios de forma enfática, como o caminho da castidade; mas as pessoas nunca
entenderam e nem se deram ao trabalho de estudar, analisar e compreender o que é
castidade e porque ela é necessária, e então ligeiramente tomam essa idéia como dogma ou
à força. E aí, primeiro tentam aplicar em si; logo vêem que são derrotados e dizem que o
sistema não funciona. É como construir sua casa iniciando pelo telhado, e ainda
amaldiçoam o arquiteto, sendo que o arquiteto entregou uma planta completa, com todos
os fundamentos e detalhamentos dessas mesmas bases.

Há que se entender que o processo de se caminhar, o processo de auto realização é um


processo que começa de baixo pra cima com os fundamentos. Como dar um passo se não
compreendemos a natureza da missão, do trabalho ou da tarefa que queremos fazer? Todos
nós que temos inquietude, sentimos esse chamado de que devemos erguer ou reerguer,
reconstruir o templo que nós mesmos destruímos no passado, o templo interior. Porém
muitos mesmo vendo as estruturas comprometidas querem edificar o templo encima dessas
estruturas carcomidas ou contaminadas pelo cupim do tempo, os agregados; é um péssimo
negócio; vai desmoronar; não agüenta.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Ainda bem que do outro lado [da vida] temos consultores, assessores que simplesmente
fazem com que a obra não progrida, que nada disso é mecânico, que nada disso atende aos
nossos desejos ditatoriais ou egoístas. Porque senão ergueríamos ou tentaríamos reerguer o
templo interior em bases e estruturas carcomidas, ameaçadas, deterioradas pelo tempo. É
por isso que o Mestre Samael nessa obra diz que toda mudança brusca altera o seu próprio
objetivo e o homem se torna uma vítima daquilo contra o qual lutou, tentou ou começou a
lutar.

Quando falamos aqui em auto crítica, se entenda bem o que significa isso, porque senão
em vez de auto crítica vamos cair na auto comiseração, na auto destruição. A auto crítica
deve passar por assumir a responsabilidade sobre atos passados e conseqüências desses
mesmos atos, porque ninguém vai atravessar o rio sem que primeiro tenha pago sua
dívidas. Isso é claro, consta nos mapas, primeiro temos que acertar as contas com os
arcontes da lei, acertar nossos débitos, ter moeda para pagar o barqueiro ou o pedágio da
ponte.

A Mãe Divina luta por nós eliminando nossos defeitos, faz isso por amor e misericórdia,
pois somos seu único filho, porém mesmo ela em determinados aspectos depende da
aprovação da lei, especialmente em relação aos chamados “eus causa” dos quais muitas
vezes falamos em reuniões anteriores. Auto crítica é muito importante, temos que aprender
a fazer auto crítica, porque ela está voltada as constatações prévias daquilo que
identificamos, levantamos e percebemos que existe dentro de nós mediante a observação
direta de nós.

Tudo isso significa ou implica obrigatoriamente na necessidade de passarmos todos sem


exceção por um processo de reeducação, que significa obter uma reta visão de si mesmo.
Não podemos ter uma reta visão de nós mesmos se não percebemos os fundamentos desse
viés, desse desvio de auto percepção.

Diz o Mestre que todos os seres humanos são no fundo narcisistas, enamorados de si
mesmos. O que é isso? Porque somos narcisistas, enamorados de nós mesmos? Aqui em
outra ocasiões falamos muito de amor próprio, auto importância e auto consideração. O
narcisismo é o produto direto do amor próprio, da auto importância ou da auto
consideração.

O ego é apaixonado por si mesmo, quanto mais egoístas, mais apaixonado somos por nós
mesmos, aí está a chave. Portanto voltamos novamente a questão do amor próprio. Se nos
amamos, nos queremos demasiadamente, nos valorizamos equivocadamente, é claro que
esse narcisismo nos impedirá de avançar. Por isso na reta visão e na reta percepção de nós
mesmos iremos nos deparar com nossas íntimas contradições.

Quem não se descobre não pode se conhecer e sem isso não pode trabalhar exitosamente
na dissolução do seu eu pluralizado. É preciso realmente pela auto crítica fazer a
investigação de nossas contradições, termos percepção disso. Lamentavelmente hoje todos
aqui no ocidente fomos educados ou super educados numa formação de desenvolvimento
intelectual.

Porém na revolução da dialética nos é dito claramente que informação intelectual baseada
em idéias alheias não é vivência; erudição não é experimentação e mesmo o ensaio de
laboratório, a prova científica, a demonstração empírica, não é unitotal; fica faltando ainda
o lado interior, o interior da forma a ser percebido, descoberto, analisado e vivenciado. O

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

que nos remete a constatação de que opiniões, conceitos, teorias, hipóteses, não significam
verificação, experimentação, consciência plena sobre tal ou qual fenômeno.

Temos que experimentar, vivenciar, passar pelos processos íntimos de constatação e aí que
entra a faculdade superior da mente, uma faculdade que funciona independentemente do
intelecto, que seja capaz de nos dar o conhecimento e a experiência direta sobre qualquer
evento, acontecimento, fenômeno ou realidade.

Todos nós aqui ou pelo menos os mais antigos em Gnose sabem que essa faculdade
superior à mente é a consciência. Emancipar-se da mente equivale a despertar a
consciência que noutras palavras equivale a dizer para nos livrarmos da mente, desta mente
que nos encarcera, aprisiona, que é contraditória, que amargura nossa vida, serve de
guarida ao desejo.

Lembrando os ensinamentos do grande, sábio e iluminado Buda sabemos que o desejo é a


raiz da existência, nos remete sempre ao Sansara, sempre faz com que nos aprisionemos
nos fenômenos, nas coisas, nos bens deste mundo e para livramo-nos do desejo temos que
aplicar a força contrária, encarnar os princípios libertadores que se assentam e se apóiam
na renúncia que é sacrifício voluntário; oferecer-se na pira sagrada, no fogo; compreender
esses processos íntimos da mente; emancipar-se; livrar-se desses grilhões da mente;
despertar a consciência.

Todos nós sabemos que despertar a consciência não é uma tarefa de dias, horas, semanas.
É uma disciplina de entrega, dedicação; começa pelo domínio da atenção como
enfatizamos aqui em outras ocasiões. Cada um desses elementos pede, exige, trabalho,
dedicação - ou alguém recebe o salário no final do mês sem trabalhar? Existem os marajás,
os funcionários fantasmas, todos nós sabemos que isso é corrupção, não é uma maneira
reta de ganhar a vida, consequentemente se queremos ganhar o salário no final do mês,
devemos fazer jus ao salário.

Como poderemos despertar a consciência se não fazemos jus a esse pagamento? Tudo
custa efetivamente, depende de nosso esforço, trabalho. Não existe Mestre que faça isso;
quer dizer, em tese existe; qualquer Mestre poderia despertar a consciência; porém qual o
mérito de ter uma lâmpada que é alimentada pela eletricidade alheia, que não nos pertence?
qual o mérito disso? Qual o valor disso?

O homem está convidado a se tornar um sol, um astro de luz própria; é isso que temos que
entender; isso é o que temos que cristalizar dentro de nós. Esta questão da liberação, da
reeducação, como vamos despertar a consciência se temos uma visão equivocada de nós
mesmos ou se estamos felizes com essa visão equivocada, com essa percepção que não
corresponde a realidade da consciência? O que é a vida? A existência? O mundo? O que é
Deus? O que é a lei? O que é o TAO?

Podemos dizer aqui e agora que é consciência, mas isso não nos dá consciência do que seja
consciência. Cada qual terá que descobrir isso, vivenciar diretamente, então saberá que
tudo é consciência e que a forma é apenas o veículo da consciência. Nós, seres humanos,
somos uma forma que serve de veiculo para a expressão dessa consciência. Todos as
consciências individuais, todos as consciências dos seres sencientes, desde um minúsculo
átomo até o senhor de todas as galáxias são formas da consciência única. Quando chegar a
noite cósmica a grande noite de Brahama, tudo se dissolve e tudo volta a ser matéria negra.
O espaço e os átomos são eternos e depois tudo pode voltar a renascer, pode voltar a

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

assumir outras formas; a consciência não se perde. Enfim, isso já é parte de um estudo
muito mais profundo e que não é o tema desta noite.

Se esse é o pagamento que queremos, buscamos ou esperamos, temos que trabalhar e ter
méritos pra isso; do contrário isso não vem pelo correio, reembolso postal ou sedex.
Quando se faz uma comprinha no mercado livre você tem que dar o numero do seu cartão
de crédito e se ele não tem ou estourou o limite é claro que você não vai comprar nem
receber nada.

Nos negócios cósmicos não existe o comércio como entendemos aqui, mas existem
transações. Isso pode chocar e surpreender a muitos: existem as transações não só
internamente dentro do microcosmo, como também existem as transações conscientivas, de
consciência a consciência que ocupam distintas formas e isso pode ser percebido
claramente se olharmos, se tivermos olhos de ver, todos os fenômenos biológicos e
ontológicos que acontecem aqui e agora em nosso corpo.

Estudemos nosso corpo; percebamos a vida em movimento, em construção, em atividade


dentro de nós - e poderemos compreender esses fenômenos do grande cosmo. A grande
vida depende de nós e nós dependemos dela, isso é uma síntese conceitual.

O que mais contribui para essas descobertas, para esses avanços internos, interiores, não
são as facilidades da vida. Uma pessoa que tem a vida mansa, que não tem desafios, não
tem problemas, também não tem o ginásio adequado para fazer essas auto descobertas;
quanto maiores as dificuldades melhores as oportunidades.

O próprio senhor Buda, criado em palácio, percebeu isso e voluntariamente saiu do


palácio, impondo a si mesmo dificuldades. Renunciou a comodidades e buscou viver em
situações difíceis, para que pudesse explorar-se, medir e avaliar suas reações; pudesse se
conhecer sob a pressão da luta da vida.

É nas situações mais difíceis que temos oportunidade de estudar a nós mesmos, nossos
impulsos mais internos e também os impulsos externos. Aí podemos ver claramente nossos
pensamentos, sentimentos, reações; a convivência com outras pessoas nos mostra, nos
revela exatamente como estamos indo em nosso trabalho.

Não é só a convivência com outras pessoas; a convivência com as circunstâncias da vida


também nos revelam isso - e aí podemos ver, analisar e até mesmo medir nossa revolta,
nossa raiva, ira, frustração; e se há frustração é porque há desejos contrariados. Temos um
ginásio perfeito para nos livrarmos desses elementos que amarguram nossa vida e que no
fundo sempre nos trazem de volta a essa vida, ao Sansara, aos renascimentos.

Quanto mais desejo ou quanto mais forte é o desejo em nós, mais vidas futuras estamos
programando para nós mesmos. Renunciar a muita coisa por compreensão aqui e agora é
uma medida saudável e bastante inteligente.

O Mestre diz, explica, resume, que existem dois tipos ou gêneros de conduta. O primeiro
tipo é aquele que vem de fora para dentro e o segundo é aquele que vem de dentro para
fora. O primeiro desse gênero de conduta é o resultado da escravidão psicológica e sempre
acontece por reação; se nos batem batemos; se nos insultam insultamos; se gritam
gritamos; se nos fecham no trânsito buzinamos; se nos agridem agredimos. Esse é o

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

resultado ou característica do comportamento nosso que vem de fora para dentro, pelas
ações do mundo.

Agora, a conduta reta é o segundo tipo de conduta; é uma conduta que caracteriza aquele
que não é mais escravo dos outros, não é mais dependente psicologicamente de outros. É
aquele que não tem mais nada a ver com o que pensam, sentem ou fazem os demais. Essa é
uma conduta independente, reta, justa.

Nesses casos, se nos batem bendizemos; não precisamos fazer bendições, venerações ou
gestos aqui no mundo físico, mas internamente podemos dirigir palavras de bendição e não
maldição; se nos insultam, nos provocam, nos desafiam ficamos em silêncio. Se querem
nos embebedar no boteco, nem vamos ao boteco. Se querem nos levar para a balada
dizemos “não! muito obrigado; tenho que estudar para uma prova esta noite” ou “não gosto
muito desses ambientes, divirtam-se!”

Porque se alguém nos convida para fazer um programa desses e diante de nossa recusa se
incomoda ou reage e até nos despreza, de que amizade estamos falando? Temos mais é que
nos livrar dessa escravidão - ou quanto tempo vamos demorar a perceber que estamos
sendo manipulados por terceiros?

Temos que desenvolver em nós uma maneira própria de pensar, e quando falamos de uma
maneira própria de pensar, cada qual saca, esgrime o seu claviculário de chaves próprias,
mas o pensamento livre e independente só ocorre e se dá na ausência da mente ou aquilo
que é muitas vezes dito em Gnose: a melhor maneira de pensar é não pensar; isso precisa
sem entendido.

Se dependemos psicologicamente de alguém, de que nos elogiem, de que nos aplaudam,


nos incentivem ou se mudamos nossos estados de humores por uma crítica ou porque
eventualmente não respondemos a um cumprimento andando pela rua... Se alguém reage
desta forma e se incomoda é porque é dependente disso; é duro, triste dizer isso, mas
somos dependentes do que os outros dizem, pensam, agem; dependemos do
comportamento alheio.

Temos conduta gregária como falamos na aula anterior; temos uma conduta gregária;
somos e temos comportamento de manada, coletivo; não somos individuais, autênticos,
independentes; não pautamos nossa vida segundo nossas próprias prioridades.

Muitas pessoas querem fazer seu trabalho interno, despertar sua consciência, mas querem
primeiro que a mulher deixe de infernizar sua vida, que os filhos não lhes cobrem tanta
coisa, que o vizinho não azucrine tanto sua existência, que os colegas de trabalho sejam
melhores, que o chefe não encha tanto a paciência, enfim, colocam mil condições para
começar seu trabalho, não percebendo que justamente isso é a maior contribuição para seu
trabalho, porque revela suas próprias deficiências.

Buscar o caminho do desenvolvimento interno, do despertar da consciência mediante a


fuga, o escapismo da vida ou da convivência, realmente é desprezar o que de melhor a vida
nos oferece. Temos que nos liberar, nos emancipar da mente, nos tornarmos livres,
liberarmo-nos dessas coisas, e pautar nossa vida mediante compreensão daquilo que
queremos para nós amanhã.

Vamos agora a algumas colocações, comentários que fizeram aqui na tela.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Perguntas

P: A dependência psicológica manifesta-se também em caso de relacionamentos


doentios?

R: Exatamente, a dependência psicológica as vezes se torna exacerbada nos


comportamentos ou relacionamentos doentios; até podemos ser induzidos a crer que
amamos uma pessoa, quando em realidade somos dependentes dessa pessoa; isso também
é uma dependência e existem as dependências reversas.

Um casal briga, alguém dá parte na policia; isso cria um rolo judicial, na justiça dos
homens; na prática se traduz como aumentar o número de leis; se a vida antes já era
horrível, com isso então se tornou pior. É evidente que esse tipo de comportamento vai
reforçar os atos ou os laços recorrentes e voltarão a se encontrar senão nessa será em outra
vida.

Se matamos nos matam, se mentimos mentem, se roubamos somos roubados, nesta ou


numa próxima vida - ou em alguma futura vida quando a roda completar o seu giro, isso é
relativo. Não se sabe quanto tempo demora para a roda completar o giro, mas quando a
roda completar o giro pagamos, quer sabendo disso ou não. Pode ser que aqui a mente,
personalidade, ego não se lembre, mas a consciência lembra; ela é quem vai ao tribunal
para ser julgada e aí a consciência, seqüestrada pelos egos, responde por isso e entra no
processo obrigatório de purificação cósmica, que é descer aos mundos inferiores ou tratar
de encarar a morte segunda.

O processo de reeducação, auto descoberta, acho que todos nós sabemos que é um trabalho
delicado, fino, que exige delicadeza na forma de fazer, de conduzir; voltamos com isso na
questão do TAO mencionada numa aula anterior; se saímos por aí em busca do TAO ou da
vida em si, ela vai fugir de nós; a melhor maneira de viver a vida como ela é, é vivendo o
que está aqui agora; não fugir disso, mas colocando consciência nisso. Percebendo o
aspecto vazio, interior desses mesmos fenômenos interior, psicológicos ou conscientivos.
Isso é a quarta vertical, o aspecto oculto dos mesmos fenômenos. Se estivermos com fome,
andando ou comendo, façamos apenas isso; se estamos de pé fiquemos de pé, tenhamos a
percepção que estamos de pé. Na vida prática fazemos tudo, menos isso.

P: Poderíamos ser um dependente gnóstico?

R: Sim, pode, em Gnose; no entanto ensina-se a se tornar independente de mestres,


instrutores e escolas. Aqui na Fundasaw não queremos dependentes, escravos; não nos
move a idéia de criar uma rede mundial de franquias; não nos interessa o dinheiro que está
no bolso de cada um, nem o aplauso, o reconhecimento, nem estátuas públicas, bajulação;
nada dessas coisas nos interessa ou nos motiva.

Estamos aqui para ajudar aqueles que precisam de ajuda, para entregar cópias do mapa e
uma vez entregue a cópia desses mapas cada qual é livre para fazer o que quiser, seguir ou
não, usá-lo para se guiar no caminho ou eventualmente para iniciar um fogo na floresta ou
qualquer outro uso que queiram fazer.

Os mestres do interno também ensinam, no começo; nas primeiras iniciações maiores


somos dependentes, como crianças - e seria conduta não reta deixar de apoiar aqueles que
necessitam de ajuda e de apoio. Uma criança é dependente do pai e da mãe normalmente

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até os dezoito, vinte, vinte e um anos, depois está livre para seguir o mundo, conquistar sua
vida. É só observar o reino animal e vemos isso. A grande tarefa da mãe é ensinar o seu
filhote a sair do ninho e buscar seu alimento, a se defender dos predadores e a constituir
futuramente sua família perpetuando assim o ciclo da vida ou da grande lei.

Seria doentio de fato, uma escola gnóstica criar um sistema de dependência de seus
estudantes, como também internamente os Budas e instrutores que nos assistem nas
primeiras iniciações maiores, a partir da quarta iniciação maior nos deixam; você tem que
caminhar com suas pernas. Mas aqui nesta vida infelizmente, de uma parte ou outra, seja
do instrutor ou aluno, acaba se alimentando um processo de dependência, mas isso é grave.
Nós honestamente não temos essa visão e somos bastante criticados por aí por não termos
essa visão, porque muitos queriam que tivéssemos essa visão de alimentar dependências e
dependentes.

P: Quando nos apaixonamos obsessivamente ou terminamos um relacionamento,


poderíamos confundir amor com dependência?

R: Exatamente, é muito freqüente acontecer isso, especialmente entre pessoas apaixonadas.


Porque essa paixão cria uma dependência, um relacionamento na base geralmente de troca
de prazeres ou de complementos sensoriais. Nos processos anímicos não ocorre isso. A
maior prova para distinguir paixão de amor, é a seguinte: quando a outra parte de repente
por um motivo qualquer nos deixa e segue com outra pessoa, aí devemos observar nossa
reação. Se choramos, amarguramos, criticamos, desesperamos, corremos atrás, não havia
amor; só paixão. Porque se amássemos efetivamente o outro ficaríamos felizes pela
felicidade dele, mas seria utópico, irreal, imaginarmos que duas criaturas humanas no atual
estado da humanidade conhecessem esse tipo de amor, esse amor renúncia, em que aquele
que ama efetivamente se sacrifica para que o ser amado encontre e tenha aquilo que ele
precisa ou quer. Esta é a prova suprema do amor e a partir daí acredito que é bastante fácil
examinar-se.

Numa relação a dois, quando o ciúme se faz presente já não há amor; já existe posse,
propriedade; nos sentimos donos do outro; então que liberdade é essa? Que amor é esse?
Que relacionamento é esse?

A base de todo e qualquer relacionamento é a confiança; se temos ciúme não temos


confiança; temos tudo menos confiança; e aí cada qual pode se examinar intimamente; se
surpreenderá com aquilo que vai descobrir nos seus arquivos subconscientes.

P: Mas o processo de independência pode nos levar ao isolamento e se não estamos


preparados podemos cair na depressão? Como se comportar nesse caso?

R: Qual é o problema se viver isoladamente? Onde está escrito em alguma lei divina e
humana que você não pode viver isoladamente? Na loja branca existem Deuses de
altíssima hierarquia que vivem isolados; para nós aqui nessa humanidade parece ser um
sintoma de comportamento aberrante; no entanto estar consigo mesmo, que chamamos
isolamento, não tem nada de errado. A depressão vem por outro fatores, pode vir, por
exemplo, por carência, pelo vazio espiritual, de alma, anímico ou pelo excesso de ego, falta
da presença divina dentro de si. Isso nos leva à depressão.

Muitas pessoas sentindo isso, vivem de festa em festa, balada em balada; nunca querem
ficar sozinhas, porque se ficarem sozinhas começam a ouvir a voz do íntimo e a voz da

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

consciência; do Íntimo em nós que se expressa através da consciência pode ser que começa
a perguntar: que fazes aí? Que vida é essa? É isso que queria para você? Nasceu para isso?

As inquietudes interiores se manifestam e muitas pessoas fazem questão de anestesiar,


isolar, amordaçar; aí vem à depressão. Eu vivi esses processos todos de certa maneira; eu
sabia que tinha um trabalho a fazer nesta área espiritual que se caracteriza por isso que faço
hoje e ao mesmo tempo tinha uma carreira executiva numa multinacional e estava indo
bem. Aí um dia o conflito se tornou tão grande entre servir ao Pai e a Mamon que entrei
em depressão com todas as conseqüências, úlcera, gastrite, perdi peso, então podem
imaginar o quadro. Sair desse inferno, não foi fácil; essas gastrites e problemas de
estômago gerados por isso me custaram quatorze anos para sair do inferno, da cova aonde
eu mesmo cavei. Já alguém dizia que o paraíso é ter Deus dentro de si. Não é a quantidade
de pessoas a sua volta que te fará feliz.

P: Podemos entender que a auto critica é o mesmo que analisar um comportamento


nosso mediante uma situação boa ou ruim, como posso criticar a mim mesmo se acho
que não prejudiquei ninguém?

R: Nesse caso para fazermos essa auto crítica, precisamos da ajuda do mapa e quem nos dá
o mapa? A divindade, o alto, a lei, a vida, a consciência, a vida livre em seu movimento
sempre mandou formas de consciência aqui para ensinar isso e aí você pode tomar o Buda,
o Cristo, Samael, todos os grandes mestres, avatares, profetas e enviados de todos os
tempos. Porque em maior ou menor grau eles ensinaram conduta reta, ética, respeito,
veneração, castidade, pureza. Se você quiser ter um espelho que te seja fiel, primeiro
estude os valores, por exemplo, contido nas paramitas e sobre tudo isso já existem
conferências nos arquivos de nosso site, pois todas essas ferramentas já tomamos a
iniciativa de adiantar, colocar disponíveis para vocês, para aqueles que chegam aqui agora.
Procure lá as quatro nobres verdades, o sendeiro óctuplo de Buda, conduta reta, Karma
Yoga, Bhakti Yoga, aspectos fundamentais da sexualidade humana e muitas outras
conferências.

Ali você terá através dessas áudio-aulas alguns elementos deste mapa que mencionamos
aqui para que você possa ter uma lente neutra ou que reflita para você mesma os valores
que devem inspirar o teu comportamento, a tua conduta, mas não precisa depender deste
material que está no site; podemos sugerir que estude diretamente na fonte budista ou
gnóstica dos livros do Mestre Samael, afinal ele escreveu mais de sessenta livros só para
dizer isso também; enfim fique a vontade quanto a isso.

P: O escravo de uma canção psicológica do tipo “não sou capaz de caminhar sozinho”
serve de porta para outros egos quando o instrutor deixa o discípulo?

R: Aí existe um processo de auto anulamento; atrás disso existe auto comiseração; atrás
disso existe carência; atrás disso existe desejo de ser agradado, procurado, de sentir
importante, aplaudido, reconhecido.

Tem todo um emaranhado de elementos psicológicos; cada qual é capaz de caminhar


sozinho se decidir que quer caminhar sozinho; muitos instrutores gostam de bajulação de
estudantes e alunos, porque não entenderam adequadamente seus processos; uma coisa é a
gratidão; ela permeia ou deveria permear todas as nossas relações com todos os seres
humanos e não humanos. Um cachorrinho se você dá comida a ele, abana o rabo e
eventualmente lambe tua mão; isso é gratidão, natural e espontânea; e o cachorrinho não

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

ficou seu dependente, seu escravo. Se você recolhe um passarinho que está com a asa
quebrada e cuida dele com muito jeito e muito cuidado, ele vai voar depois; vai para longe
e você vai se sentir só por causa disso? abandonado, preterido, diminuído,desprezado,
humilhado? Deveria sentir-se feliz por ver aquele que você ajudou a voar com suas
próprias asas, cumprindo sua missão, atividade ou papel na natureza. Infelizmente nossas
percepções são totalmente desfocadas e inversas; por isso temos que fazer uma profunda
auto crítica, uma reeducação; buscar formar urgentemente essa reta visão, percepção de
nós mesmos para que não invertamos os valores, nem as leis que sustentam a vida ou leis
que se resumem na única lei, que é a consciência livre.

P: No sentido contrário a canção psicológica que cantaria a seguinte letra “eu não
preciso de ninguém para auto realização”, não geraria um desrespeito e resultados
ínfimos?

R: Isso é relativo, porque se você efetivamente alimenta esse sentimento ou este


pensamento que “eu não preciso de ninguém”, você está alimentando soberba e arrogância
- que são as faces mais elevadas da auto suficiência e do orgulho - e foi exatamente isso
que derrubou Lúcifer do mundo em que vivia; foi isso que derrubou a humanidade, e
Lúcifer tentou Adão e Eva no paraíso dizendo isso; não precisaria mais depender de Deus,
mas que seria livre se comesse da árvore do fruto proibido - e de fato a inocente Eva tragou
o fruto e levou para Adão. Soberba sempre nos leva para as esferas mais inferiores do
mundo; auto suficiência é negar a lei do trogoautoegocrático cósmico comum que é
alimentação recíproca de tudo e todas as coisas; você recebe e dá, dá e recebe; assim há
harmonia; se não faz isso não está vivendo em consonância com a harmonia universal, com
o cosmo; se torna um parasita e qualquer invasor de qualquer sistema é combatido; entenda
isso que ocorre dentro do seu corpo aqui e agora.

Se uma infecção qualquer entra no seu corpo, ele mobiliza os exércitos e vão combater e se
vê que a guerra está sendo perdida vai consultar um medico e depois compra bomba
atômica na farmácia que são os antibióticos. Se essas coisas acontecem aqui e agora dentro
do seu mundo, você acha que no grande mundo externo a nós é diferente, com os
invasores? Isso é tão real e concreto que a própria vida, a própria lei criou o inferno como
um sistema de isolamento, de purificação para reciclar as formas de consciência que
eventualmente desviaram ou adulteraram sua natureza; é assim; lei é lei e não adianta
discutir; se alguém quiser discutir vai perder. A liberdade consiste no respeito voluntário às
leis, entendam quem puder. Para chegar essa conclusão muitos sofreram quem sabe
dezenas de existências até pode sintetizar nessa única frase; hoje neste momento
compreenda quem puder; pode economizar muito sofrimento.

P: Se vivemos um evento ruim durante o dia e ficamos tristes é o ego que se


entristece? Poderia se dizer que a tristeza é de natureza egóica?

R: Não é toda tristeza que é de natureza egóica; Jesus chorou, Buda também se entristecia,
os mestres se entristecem. Bem verdade que eles não são vítimas da tristeza, nunca entram
em pânico, em desespero, mas existem as tristezas do ego e existem as tristezas da alma.
Existe a melancolia nossa e existe a melancolia daqueles que estão até mesmo em paraísos.
Continua valendo aquela frase: quem está no paraíso? Aquele que tem Deus dentro de si
morando no inferno ou aquele que mora no Nirvana, porém com Deus ausente? E aí
alguem diz, mas como é que alguém pode morar no Nirvana sem ter Deus presente? Os
Budas nao têm defeitos, é verdade, mas não quer dizer que eles não tenham defeitos que
desconheçam; estabelecer-se no Nirvana é apenas um grau de consciência, muito mais

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

elevado do que o nosso. Nirvana quer dizer vazio; é um estado de mente vazia, porém além
da mente, nos niveís da face oculta da lua psicológica, continuam existindo defeitos. Como
podemos saber da origem de uma melancolia? Além disso, no enunciado da sua pergunta,
vem uma qualificação, evento “ruim” durante o dia; agora o que é “ruim”? Será que aí não
tem uma percepção subjetiva ou simplesmente houve um evento? Agora se foi bom ou
ruim já é uma qualificação muito pessoal. Porque uma outra pessoa, que tivesse vivido a
mesma coisa, poderia achar que foi o melhor evento da sua vida; então esse “ruim” está
sobrando, é relativo. Por isso que temos que fazer auto crítica, auto análise e nunca
esquecer da auto observação; filmar tudo que acontece a todo momento aqui dentro de nós
e fora de nós, é claro. Porque este é o trabalho que temos que fazer, filmar, estudar,
analisar, corrigir, não repetir, compreender, transcender.

* O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações


para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada ao vivo dia
13.02.2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Transcrição de texto:
Mariana Cunha.

Para baixar e ouvir esta conferência veja

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

FENÔMENOS DE FALSA CONSCIÊNCIA


20.02.2007

O tema desta aula é Fenômenos de a falsa consciência . Qual é nosso propósito com este
tema? Primeiramente, passar uma idéia de que somos dotados de dois tipos de consciência.
O segundo propósito, com este tema, é justamente tomar consciência positivamente do tipo
de trabalho que estamos realizando ou temos para realizar.

Para isso, é fundamental conhecer a diferença ou as diferenças que existem entre o que
ensina a Gnose modernamente e o que está disponível a todo mundo e era, então, ensinado
nas épocas e tempos que antecederam o surgimento da nova Gnose no século vinte, a partir
de 1950.

No mundo de hoje, a falsa consciência, e já entenderemos o que queremos dizer com isso,
ganhou tal força, penetração, desenvolvimento, que, para as pessoas, o falso e o verdadeiro
são a mesma coisa. Se lemos um livro de auto-ajuda e empolgamo-nos com essa literatura,
achamos linda e maravilhosa, somos levados e induzidos a crer que este material é Gnose
pura e, no entanto, nada mais falso do que isso, porque esta literatura de auto-ajuda que por
aí circula, movimentando fortunas, é apenas voltada para o intelecto, a razão, a falsa
consciência, explora os falsos valores, fundamenta-se na mera reprogramação mental e isso
não tem nada a ver com a verdadeira, real, autêntica consciência.

Colocado isso, já podemos distinguir claramente que podem-se alinhar dois tipos de
escola: aquela que conhece, fundamenta-se na autêntica consciência e tem um
conhecimento, uma sabedoria, uma metodologia para trabalhar nos valores da autêntica
consciência e o restante das escolas que não passam de mentalismo, racionalismo, ainda
que racionalismo esotérico. É onde se encaixa esse esoterismo POP mundial, que não serve
para nada, a não ser prender as pessoas em “gaiolinhas” douradas.

É por isso que já de início, devemos estabelecer a diferença fundamental existente entre a
proposta gnóstica como escola de auto-realização, que trabalha os valores autênticos da
consciência e o resto. Não queremos dizer com isso que, em outras escolas espirituais ou
esotéricas que nos antecederam na história, não existam valores positivos, claro que
existem, porém na condição atual de criaturas intelectuais, racionais, já destituídas dos
verdadeiros valores conscientivos, torna-se bastante difícil de distinguir uma e outra e
neste labirinto que forma essas informações, conhecimentos e doutrinas propagadas em
todas as partes do mundo pela mais distintas organizações é muito difícil para aquele que
chega agora, que é sincero, que está numa busca sincera, verdadeira e real, achar o
caminho.

É muito difícil alguém que está perdido no labirinto alcançar o lábaro do templo, o
vestíbulo da sabedoria. Se tiver méritos poderá deparar-se com uma escola e instrutor
preparados para isso, pode ter méritos, mas pode não ter discernimento suficiente
necessário para distinguir aquilo que passa a receber de uma escola autêntica daquilo que
conheceu antes e, novamente, pode desviar-se, voltar aos labirintos da falsa consciência e
aí se perde definitivamente.

É por isso que o Mestre Samael coloca isso de uma forma muito clara: conhecer a
diferença que existe entre o movimento gnóstico e todas as demais organizações existentes
por aí. Isso é literal desta obra que tomamos como base para estas conferências, cátedras
que é A Revolução da Dialética.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Acima de tudo, e antes de qualquer coisa, precisamos compreender o tipo de trabalho que
devemos realizar. Todas as conferências anteriores que fizemos desde o ano de 2005,
foram realizadas com esse propósito, lançar mais luzes para que cada qual pudesse
elaborasse sua visão e compreensão de todo esse panorama e assim encontrar sua saída.

É evidente que o trabalho é feito por ele mesmo. Quem não trabalha, não anda, não se
move, não vai sair do lugar. Continuar abastecendo o intelecto, a razão, a falsa consciência
com mais literatura não lhe dará mais consciência ou aumento de consciência. Até, pelo
contrário, temos visto e acompanhado que pessoas dedicadas a ler muito a literatura
gnóstica também têm perdido-se e desviado-se dos propósitos da própria Gnose, que é
despertar a consciência e não alimentar a falsa consciência com informações e dados.

Sobre a verdadeira consciência, em Gnose temos um entendimento muito claro sobre o que
é a verdadeira consciência, sabemos que é a essência divina dentro de nós. Esta essência
divina é uma fração de nossa alma. Todo ser humano tem uma alma, mas não a possui, não
a encarnou ainda, esse “ter uma alma” significa que temos uma parte dela dentro de nós
agora. São esses três por cento de consciência que a Gnose diz que cada ser humano tem ao
nascer. A própria natureza, o próprio modelo de criação universal deposita no fundo
profundo de nós mesmos todos os dados, informações, princípios, códigos, átomos,
sementes, possibilidades que cada um de nós precisa para alcançar-se a auto-realização
intima do próprio Ser.

O que acontece na vida prática é que, depois de nascidos, bem intencionadamente,


colocam-nos numa escola, onde recebemos uma falsa educação, uma educação puramente
intelectual, racional, destituída de qualquer valor ontológico, anímico, conseqüentemente,
esses valores originais de nossa consciência vão sendo elididos, eliminados, postos em
adormecimento, jogados ao fundo profundo do inconsciente à medida que avançamos em
idade no tempo, isso é o que denominamos de falsa educação.

Essa falsa educação que só se preocupa com os valores materiais, intelectuais, está cem por
cento apoiada nos cincos sentidos, é uma educação na qual não se inclui nada de
transcendente ou valores ontológicos, valores anímicos. Nessas escolas, desde o primeiro
grau até a universidade com mestrado, doutorado ou pós-doutorado, nos são ensinados
valores que nos transformam, ao final, em máquinas de produção e consumo e por aí
passamos o restante de nossos anos e dias, apenas produzindo e consumindo, produzindo e
gerando riquezas não para a humanidade, mas apenas para grupos minoritários que se
alimentam deste processo de exploração humana, que se aproveitam do adormecimento, da
inconsciência humana, manipulando todos esses valores, toda essa sociedade para fins
próprios.

A proposta gnóstica de despertar os autênticos valores da consciência vai na direção oposta


a tudo isso. Não que a Gnose seja contrária a uma educação formal que nos permita
trabalhar, ganhar a vida, obter o sustento, ter uma profissão. Neste mundo em que vivemos,
construído à forma e semelhança do modelo infernal, temos de fazer o sacrifício de buscar
um meio de sobrevivência nesta forma desumana, pois nas sociedades justas esse modelo
jamais seria concebido, muito menos aceito, projetado ou sonhado, isso é um pesadelo.

Precisamos despertar urgentemente deste pesadelo, acordar para a realidade da vida, para a
verdadeira realidade da vida, para os verdadeiros valores universais. Não nascemos para
sermos máquinas de produção, nem para ser consumidores e é nisso que nos
transformaram. Já roubaram os valores mais caros que a Divindade depositou no fundo

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

profundo de nós mesmos, sementes, átomos esses que estão à espera de receberem a
atenção devida e necessária de nossa parte para sairmos desse estado hipnótico, desse
sonambulismo acordado, de cadáveres ambulantes pelas ruas das grandes cidades e
efetivamente acordamos, despertamos para a realidade, para a consciência, para a
Divindade, para esses valores ontológicos que trazemos sem exceção alguma.

Estamos praticamente fechando um ciclo, esta humanidade está alcançando o seu final.
Muito poucos anos temos pela frente, quanto mais pudermos acordar e despertar agora
melhor para nós mesmos. O melhor negócio neste momento seria dedicar o tempo que nos
resta a fazer emergir de nosso inconsciente estes valores anímicos ou ontológicos do que
investir em progressos materiais que não nos levarão a lugar nenhum, a não ser para a
escravidão do sistema.

Com isso, queremos dizer que todo processo de adormecimento da humanidade começa
quando nos colocam numa escolinha dessas, numa escola para aprender a falsa educação
que é voltada ou baseada em falsos valores e para um único propósito: gerar riquezas para
serem concentradas nas mãos de alguns e por aí, nesse modelo, vocês podem encaixar, se
tiverem paciência de fazer uma análise serena de tudo isso, verão, então, como os governos
são manipulados, como a elite política mescla-se com a elite econômica, com a elite da
magistratura, perpetuando assim esse modelo social diabólico implantado neste planeta.

É por isso que essa humanidade está para fazer sua transição, a qual se intensificará a partir
do ano de 2012. Se quisermos fazer um trabalho sincero, real, profundo, autêntico,
verdadeiro em nós mesmos, primeiro devemos reconhecer a condição de adormecidos,
máquinas, autômatos. Saber como, quando e de que maneira reduziram-nos a robôs. Tomar
consciência de como programaram, amestraram, hipnotizaram-nos e, a partir daí, fazer os
esforços necessários para acordar, para sair deste abismo, pesadelo, só assim reconhecendo
que essa falsa consciência que nos levaram a construir, inocentemente, com todas as suas
teorias, valores, com aquilo que aprendemos, aquelas historinhas, versões históricas, com a
participação das igrejas, todas elas sem exceção. Tudo isso fomos aprendendo lá no
primário, segundo grau, no terceiro grau.

Devemos acordar, darmo-nos conta de como isso aconteceu, porque nos transformaram
numa verdadeira boiada. Isso é um pesadelo, temos de acordar para isso. O que não
significa que vamos sair por aí invadindo terras, propriedades, fazendo guerras, armando-
nos como se fôssemos revolucionários de arma em punho, isso é outra bobagem, é outra
forma de manipulação, de falsa consciência.

Temos de acordar e despertar a autêntica consciência, para os valores divinos que temos
dentro de nós, darmos-nos conta que somos uma alma, ou parte dela, que vive dentro de
um corpo e que por ignorância, desconhecimento, inocência, fomos transformados nesta
triste condição que ostentamos hoje.

A Gnose ensina claramente que devemos eliminar completamente, erradicar


definitivamente esta consciência falsa para que permaneça em nós somente a verdadeira
consciência, a consciência superlativa do Ser, os valores ontológicos, os princípios de
alma, a verdadeira hominidade, que foi obliterada totalmente por esta educação que nos
transformou em homens máquinas ou em seres automáticos ou automatizados.

Para fazer esse trabalho, é evidente que primeiro temos de perceber que todo esse processo
de manter desperta, ativa e acesa a falsa consciência dá-se através das percepções

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

sensoriais ou as impressões que nos chegam através dos cinco sentidos. É justamente por
essas percepções que nos manipulam, existe toda uma indústria que nos leva, hipnotiza,
mantém escravos das ilusões. Há uma indústria publicitária e existem falsas necessidades
que são criadas todos os dias. Necessidade de trocar o carro a cada ano, a cada seis meses,
de consumir determinadas bebidas, alimentos ou comidas, trocar de roupa, só usar roupas
artificialmente caras, porque é símbolo de status, manipulação da vaidade... Somos
efetivamente “macaquinhos” amestrados, transformaram-nos em animais amestrados para
espetáculos em circos e estamos felizes da vida aceitando uma balinha do amestrador,
quando cumprimos bem nossa tarefa no picadeiro desse circo, que é esta humanidade,
nossa sociedade e que somos nós mesmos.

Precisamos darmo-nos conta de como somos manipulados, despertar para a vida, ou seja, o
que é a vida, nascemos para isso? Bem verdade, muitos vão horrorizar-se com isso que
estamos dizendo, cada qual tem direito a suas opiniões, visões, assim como existem os
alucinados do mundo material, não nos importa que digam que somos alucinados também
do mundo espiritual. Se interessar ouvir nosso ponto de vista, estamos aqui firmemente
com um pé no mundo e outro no espírito e podemos contemplar e ver os dois mundos e
fazer uma escolha consciente. Não estamos com isso querendo desprezar a vida humana,
não se trata disso, porque sempre buscam torcer e distorcer as palavras e as idéias.

Estamos aqui dizendo, tão somente, que nos transformaram em animais amestrados e nos
levaram a um picadeiro, nos dão apenas uma balinha se cumprimos bem nossas tarefas,
exploram-nos. Toda riqueza do mundo é gerada a partir do trabalho e esse trabalho é feito
por criaturas, por seres humanos como tudo na vida.

Qual é o direito de alguns de apropriarem-se do resultado do esforço de tantos, acordemos,


vamos despertar. A televisão é um instrumento maravilhoso para educação, mas
infelizmente nas mãos do Anticristo, nas mãos dos manipuladores, transformou-se nessa
máquina que imbecilizou esse país e todos os paises do mundo, obviamente por extensão,
porque não existe uma única exceção.

Todos estão adormecidos, contaminados pelos falsos valores, pela falsa consciência e por
aí vai a triste e horrenda realidade deste mundo. Dizemos tudo isso para que tenham o
preparo psicológico necessário para quando a grande transição chegar, porque ela é
necessária, não há como mais fazer nenhuma mudança pelo amor, será feita pela dor.

Todos aqueles que denunciaram a consciência pública, isso que estamos fazendo agora,
foram perseguidos, caluniados e mortos. Jesus tentou despertar as pessoas de seu tempo e o
penduraram numa cruz. Sócrates foi acusado de corromper a juventude ateniense e
obrigaram-no a tomar cicuta (veneno).

Vivemos, felizmente, num país que tem essa virtude, a liberdade de crença, de religião,
essa liberdade permite que todo tipo de valor cresça e floresça por aqui. O lado bom disso é
que permite que expressemos claramente os valores positivos da consciência, caso
contrário não estaríamos aqui agora. O uso que cada qual faz da liberdade é uma outra
história.

A escolha é opcional, a colheita das escolhas feitas, que podemos chamar de karma, isso é
obrigatório. Evidentemente, esses falsos valores têm uma origem muito antiga, quando o
poder religioso, espiritual aliou-se ao poder temporal, obviamente que os valores
espirituais sofreram a primeira adulteração, inverteu-se a prioridade. A prioridade passou a

70 http://www.gnose.org.br
SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

ser o dinheiro, o comércio religioso, o poder da fé em favor de uma elite religiosa que,
quando unida ao poder político dos reis e governantes tempos atrás, criou, propagou falsos
valores religiosos, os quais contaminaram totalmente a filosofia, a política e os princípios
de criar-se uma vida humana baseada na igualdade, fraternidade, no respeito. Fraternidade
onde realmente todos se respeitassem, igualdade em que todos fossem realmente iguais nas
suas diferenças.

Os falsos valores religiosos geraram outros falsos valores, a divindade fez sua parte.
Porque toda vez que uma religião ou os valores espirituais são corrompido,s a divindade
envia profetas, mensageiros, avatares e o que fazemos com eles? Assassinamos, não
importa por qual meio, se por veneno como Sócrates, se pela cruz como Jesus, pelo
esquartejamento como fizeram com o grande avatar sufi Al-Hallah e tantos outros que a
história registra.

Tudo isso é passado agora, o fato de estarmos aqui falando com a clareza que nos
permitem as palavras, evidentemente, pode afetar muitos objetivos pessoais da minoria,
porém de fato somos insignificantes. Não pregamos nenhuma luta armada, nenhuma
revolução de classes, porque essas revoluções não levam a nada, tão só pregamos a
revolução da dialética, defendemos aqui os valores da autêntica consciência.

Falamos aqui para despertar, para abrir os olhos, para sair deste pesadelo, desse
hipnotismo, para fugir da armadilha da manipulação, e por aí afora, que faz parte dessa
falsa consciência. A humanidade nunca apreciou, nunca recebeu bem esses que falavam
dos verdadeiros valores. Claro, porque se tornam inimigos mortais da manipulação, da
riqueza concentrada, do poder ou do exercício do poder, seja na política, nas religiões ou
nas magistraturas.

O egoísmo humano quer tudo para si, concentrar tudo para si, perdeu a capacidade de
compartilhar, dividir, esqueceu-se de que todas as riquezas são dadas pela generosidade da
Grande Mãe e quando esse princípio é quebrado, a própria Grande Mãe mobiliza suas
forças, seus recursos, as leis naturais para se proteger.

Tudo foi corrompido, as doutrinas sagradas foram corrompidas para acomodar interesses.
O entendimento correto de democracia foi vilmente manipulado para transformar-se nisso
que nos é hoje apresentado nos meios de comunicação como sendo democracia. Contra
isso não temos o que fazer, essa é a realidade do mundo e é neste mundo que vivemos, só
podemos despertar os valores da verdadeira consciência. Nem devemos perder tempo com
isso, pois já foi julgado, decidido desde as esferas superiores do mundo, do universo e
breve tudo se precipitará.

Nossa parte é despertar, enquanto pudermos, os autênticos e verdadeiros valores da


consciência. O que temos de fazer é tirar de nossa mente, de nosso fundo, de nosso
inconsciente todo esse lixo, toda essa podridão, fazer, trabalhar, agir, atuar a verdadeira
consciência. Numa visão talvez espiritual, isso equivale a dizer; precisamos voltar a ser
crianças, trabalhar, recuperar a infantilidade da mente, voltar a ser inocentes na hora de
fazer o nosso trabalho esotérico. Desprovidos de qualquer teoria, qualquer idéia pré-
concebida, modelo mental, cultural, que nos tenham nos passado em anos anteriores ao
atual momento, isso é voltar a ser criança, recuperar, voltar ao estado infantil para, então,
reiniciarmos o cultivo dos valores anímicos.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Nossa consciência estagnou-se lá atrás quando éramos crianças ainda e é de lá que


devemos começar nosso trabalho espiritual, porque é lá que ficamos paralisados ou
congelados no tempo. Temos de trazer à superfície essa criança adormecida, espiritual e,
rapidamente, sair desse estado hipnótico, abandonar esses valores pseudo-esotéricos,
deixar de confundir auto-ajuda com valores espirituais, fugir das canalizações, como se
fossem profetas os canalizadores, são apenas criaturas manipuladas como todos nós somos
manipulados aqui nessa sociedade.

Distanciarmo-nos dos falsos mestres e nem sempre isso é fácil, às vezes pagamos caro para
saber, reconhecer gurus de cangurus, autênticos de falsos mestres. Hoje, por exemplo, no
ambiente gnóstico a coisa está de tal maneira contaminada que já temos de tudo. Temos
incorporações, fenômenos mediúnicos, falsos mestres e, mais recentemente, ainda a
incorporação em muitos lugares do falso xamanismo, seus efeitos e beberagens que
contribuem também para a sustentação da falsa consciência.

Entendemos que nós, os seres humanos de hoje, somos tão frágeis, tão fracos, tão débeis
que se tomarmos um chá faz ter algumas percepções induzidas, acreditamos que isso já é a
realidade e acabamos tornando-nos vitimas, escravos de um novo senhor, da própria
beberagem, do próprio chá, das próprias ervas que manipulamos.

Se tivermos de despertar a consciência, vamos abrir mão de tudo, não só dos valores da
falsa consciência, mas dos artifícios que a falsa consciência usa para se perpetuar, até
mesmo no meio onde, teoricamente, deveríamos todos buscar para nos livrarmos da falsa
consciência. De fato a situação é grave, não podemos confundir despertar a consciência
com presenciar fenômenos mediúnicos ou simplesmente deixarmo-nos adormecer por essa
classe de fenômeno.

Não é o fato de sermos testemunhas de um fenômeno que ali quer dizer que a divindade
expressa-se. Aqui na terra do Sol, Deus e o Diabo disputam alma a alma, bem verdade que
o Diabo levou quase todas. Quando descobrimos, damo-nos conta da origem dos falsos
valores das diversas organizações que existem atualmente, não deve surpreender-nos que
até mesmo a Gnose tenha contaminado-se com falsas práticas, sistemas, valores
incorporados das escolas que alimentam a falsa consciência.

Hoje, é preciso multiplicar a atenção para não sairmos de uma armadilha e, inocentemente,
entrarmos em outra maior. Uma característica que permeia tudo isso, especialmente o meio
das escolas esotéricas é que todas elas falam muito de amor, de paz, de mestres, corpo
astral, corpo mental, fala de almas, evolução do espírito, da evolução da alma como se
efetivamente toda humanidade fosse dotada de autêntico corpo astral, corpo mental ou
corpo da vontade, como se toda a humanidade tivesse todos os seus sete corpos encarnados
ou incorporados.

Acreditam e é dito em todos os lugares que o tempo dará a cada criatura humana a
transcendência ou a auto-realização tanto buscada e em cima desses falsos valores, dessa
falsa percepção, visão, constroem um novo sistema hipnótico, prendem as pessoas em seu
labirinto e o mais interessante de tudo é que essa questão da evolução tem origem numa
escola que não tem nada a ver com espiritualidade.

O dogma da evolução é de Charles Darwin, interessante como muitos utilizam isso como
se efetivamente só houvesse evolução, que não houvesse ciclos evolutivos e involutivos de
atividade e inatividade. Fala-se de reencarnação como se todos os seres humanos

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

reencarnassem infinitamente para se aperfeiçoar, desconhece-se a realidade do ego, do


tantrismo, da prática sexual ou da alquimia, a realidade dos autênticos corpos superiores
que cada qual precisa construir.

Quem quiser a salvação da sua alma precisa construir a sua salvação. Somente em cima
desse principio poderíamos ficar dialogando, conversando ou discorrendo longo tempo. Só
em cima desse principio gastamos vidas e vidas para despertar para a realidade.
Interessante, isso merece reflexão.

Nós, que nos julgamos muito espertos, inteligentes, esclarecidos, doutos, às vezes
demoramos vidas inteiras para nos dar conta de certas coisas bem elementares, como a
existência do ego, o intelecto, a razão, a personalidade e a falsa consciência, aí chega
alguém e diz que isso é a falsa consciência e todos se escandalizam, reagem, atiram pedras,
mas o que se pode fazer?

A literatura sagrada mais antiga diz e o Mestre Samael também diz e confirma que
somente os Budas, os Deuses, os heróis solares tem direito à reencarnação, porque somente
esses possuem os verdadeiros corpos astral, mental e da vontade, um desses, dois, três ou
todos esses e os demais ainda ostentamos o mesmíssimo principio do desejo, mental que
usávamos quando éramos simples animais, muito tempo atrás e seguimos cumprindo
mecanicamente, cegamente os circuitos, o ciclo do eterno retorno.

A Gnose sempre tem ensinado a questão da necessidade de construir-se os corpos


superiores do Ser para que justamente seja possível encarnar nossa alma, para que
possamos fundir-nos com nossa alma e nosso Ser, só assim então poderemos romper com
essa mecanicidade, com as leis do Samsara.

Porém, o que acontece no mundo de hoje é ser povoado por personalidades kalkianas como
diz o Mestre Samael. Essas personalidades são um produto do Kali Yuga, justamente as
pessoas que robusteceram a falsa consciência, que é constituída pela mente, intelecto,
razão, personalidade, ego, isso é a personalidade kalkiana. Ela tornou-se cética, perdeu o
respeito, tornou-se irreverente, faz, troça, zomba de tudo e de todos.

A personalidade kalkiana é autora deste mundo caótico em que nós vivemos, mundo este
que foi construído sobre seus valores, os valores da pseudo consciência. É muito comum
vermos por aí “jumentos e jumentas” carregados de livros, os quais são aplaudidos,
reconhecidos, tido pelas demais personalidades kalkianas como sendo gênios, iluminados,
expoentes da inteligência e quando justamente o contrário, nada mais está longe da
realidade do que um jumento carregado de livros.

Apenas transporta livros, mas os livros alimentam a falsa consciência e alguém,


apressadamente, vai perguntar se os livros gnósticos também alimentam a falsa
consciência. Sem dúvida se não for traduzida em fatos concretos, em vivências pessoais e
íntimas vai alimentar a personalidade kalkiana.

Se existe algo terrível é justamente alguém que tenha passado pela escola gnóstica e depois
tenha afastado-se, torna-se, então, uma horripilante criatura manipulada pela personalidade
kalkiana, tornou-se um cético, um ser praticamente irrecuperável e quem diz isso nem é o
Mestre Samael, embora ele também tenha dito, explicado isso muitas vezes, mas Gurdjieff
já falava disso.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Pelos processos existenciais, pelos sofrimentos morais, pela forma, pelo sacrifício ao final
deste mesmo processo, algo se cristaliza e a pior coisa do mundo, o pior pesadelo é
cristalizar a falsa consciência dentro de nós. É justamente isso que temos visto crescer por
aí, tem crescido a falsa consciência gnóstica e esse é o pesadelo, porque uma das coisas
mais terríveis é alguém que se diz gnóstico, de repente tornar-se um inimigo da Gnose.
Gnose mal traduzida significa conhecimento, mas Gnose bem traduzida e entendida
significa sabedoria. Agora, quando está sabedoria cai no outro pólo, torna-se realmente
uma arma terrível, que desvia muitas almas incautas, adormecidos, inocentes e, claro,
afunda irremediavelmente o detentor de tal personalidade.As personalidades kalkianas que
abundam por aí hoje realmente são terríveis, pois espalham veneno como se fossem
górgonas, tornando-se criaturas de redenção impossível, acabam afundando no abismo,
porque não há como despertá-las.

O desafio, além de acordar para a verdadeira consciência, está em também criarmos os


corpos solares, tornarmo-nos independentes de todos os princípios e mecanismos da
natureza que nos trouxeram até aqui neste estágio o qual vivemos no momento, mas deste
estágio e deste momento temos que partir para construir nossa própria salvação, cuidar da
salvação da nossa alma ou da auto-realização intima de todos os valores que o Cosmo nos
deu.

Algo interessante ocorre quando, por exemplo, dialogamos com psicólogos. A psicologia
hoje acabou tornando-se uma ciências que estuda o comportamento e, muitas vezes, os
profissionais dessa área podem acreditar realmente que a forma como concebem o
comportamento humano é ou faz parte da verdadeira consciência e essa pequena diferença
simplesmente leva-nos para outro lado.

Se os psicólogos e os terapeutas de hoje realmente se dessem conta que trabalham com os


valores da falsa consciência e passasse a trabalhar com os valores da autêntica consciência
poderiam mudar muito. Até o próprio Carl Gustav Jung, que foi o que mais se aproximou
dos valores autênticos da consciência, teve sua obra praticamente apoderada por neo-
sacerdotes e sacerdotisas que desviaram, reinterpretaram tudo aquilo que ele quis dizer e,
conseqüentemente, transformaram este ramo da psicologia em apenas mais um sistema
apoiado na falsa consciência.

Acreditamos que aí apresentamos muitos e vários eventos de como somos escravizados,


manipulados, de como nos transformaram num robô, numa máquina e é disso que temos
agora que acordar, que sair, despertar para um estado objetivo de consciência. A
consciência objetiva é totalmente desconhecida para as personalidades kalkianas ou para a
ciência da falsa consciência.

Numa outra conferência mencionamos que essa falsa consciência começou a ser
desenvolvida pelos Gregos, os quais começaram a fazer jogos de palavras, porque
passaram a imitar o que acontecia em sociedades mais degeneradas que a deles, na época
que tinham contato comercial e com isso adulteraram totalmente a chamada razão objetiva
do Ser e foram desenvolvendo o processo de raciocínio, lógica, racional.

Com o tempo, transformamo-nos em mestres do racionalismo aristotélico e é disso que


temos que acordar e sair agora. Em contrapartida, longe da razão e ao mesmo tempo perto
dela, temos os poderes do cárdias, do coração e essas faculdades da alma que se expressam
como estando em nosso coração, é uma figura de linguagem que se utiliza, pois o coração
em si não é um cérebro, é apenas um centro energético, magnético, conscientivo que ocupa

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

a posição do sol em nosso organismo, nesse sentido simbólico que falamos que ali está
nossa consciência espiritual, dos verdadeiros valores conscientivos.

Todo aquele que meditar, concentrar-se, voltar-se para as realidades espirituais,


ontológicas, anímicas, transcendentais que estão concentradas nesta região do corpo
humano poderão, então, despertar muitas capacidades inerentes à consciência objetiva e
isso facilitará o seu trabalho de redenção, de liberação da falsa consciência.

Na História, temos muitos exemplos de pessoas que levitavam, Francisco de Assis, Santa
Tereza de Ávila, monge José de Cupertino, Santa Cristina, enfim, muitos santos e homens,
santos do Ocidente e do Oriente. Eram pessoas que levitavam porque tinham desenvolvido
os poderes do centro cardíaco, do seu cárdias e tornaram-se pessoas inocentes, puras,
dotadas de todos os valores da consciência objetiva, trocaram o intelecto pela emoção
superior, bem entendida, a emoção superior, não quer dizer que eles ficaram destituídos da
faculdade do discernimento. Desenvolveram o amor em alta dose e os processos racionais
diminuíram-se às funções mínimas como para que discernir as coisas deste mundo, e assim
deveria ser.

Quando falamos em despertar a consciência positiva, despertar os autênticos valores da


consciência, da consciência objetiva, falamos então dessas faculdades, dessas capacidades,
dessas possibilidades que estão enterradas dentro de nós e que hoje é como se não
existissem. São tesouros profundamente enterrados dentro de nós mesmos e que estão à
espera de serem despertados, buscados, ativados, trazidos à tona e com isso obteríamos
uma clara visão de toda a realidade da vida.

Estou seguro de que deixaríamos de ser essas pessoas amarguradas que somos hoje,
pessoas derrotadas, derrotistas, pessimistas, infelizes, hipnotizadas, manipuladas, fracas no
sentido moral e psicológico da palavra e poderíamos efetivamente transformarmo-nos em
criaturas solares, iluminadas, bem mais do que somos ou estamos hoje.

Precisamos limpar e esfregar a lâmpada como fez Aladim, na fábula das Mil e Uma Noites,
para que o gênio apareça, não para realizar três mesquinhos desejos, mas para nos realizar
plenamente.

Comentários

Estamos nos transformando em verdadeiros idiotas!

Não compartilho tanto de seu otimismo, pois você ainda tem a visão otimista de que
estamos nos transformando em verdadeiros idiotas, minha visão pessoal é a de que já nos
transformaram em verdadeiros idiotas e, o pior, são os idiotas felizes que consomem tudo e
fazemos tudo que nos dizem, temos de acordar disso, mas entendo e compreendo que você
captou bem a mensagem, a idéia. Efetivamente, transformaram-nos em verdadeiros idiotas
e devemos sair disso agora, evitar a conduta gregária.

Basta ver um telejornal para ver a que ponto chegamos!

Por isso, minha querida amiga, eu nem ligo a televisão, como a gente já sabe que é isso,
nem percamos tempo. Não há um só recanto ou atividade humana que não tenha sido
apoderada pelo Anticristo e seus sacerdotes, agentes. Até a Gnose já foi apoderada por

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

eles, é triste dizer isso, mas não podemos ser omissos, levados por um falso sentimento,
sabemos o que estamos falando, mas cada qual responde por seus atos.

Nós, aqui na Fundasaw, respondemos por nossas palavras e por nossos atos e estamos
muito tranqüilos em relação a isso. De agora em diante, vamos concentrar-nos apenas em
nosso trabalho interior e deixar que cada qual cuide das suas coisas, porque já não há mais
tempo para isso ou acordamos agora e começamos a acordar agora de verdade para todo
esse pesadelo, despertando os valores autênticos da consciência ou vamos ficar o resto de
nossos dias, resto porque restam poucos, falando dos outros. Temos de falar de nós
mesmos, de nosso estado interior, ver como somos e estamos e o que estamos efetivamente
de prático e concreto para mudar, nós é que devemos despertar e só nós podemos despertar
a nós mesmos, ninguém fará isso por nós.

Se alguém se apresentar diante de nós dizendo: “Ah... Eu posso despertar sua consciência,
desde que você me ajude em tal e tal coisa!” Esse é um farsante e se você for vitima é
porque precisava passar por isso para ver se acordava e se, depois disso, não acordar nada
mais vai te acordar. Quando mudar a próxima Era e entrarmos em Capricórnio, o mundo
voltará a viver numa época de trevas e já nos avisaram que será muito pior que a época de
Peixes.

Quando Capricórnio chegar, estaremos mais ou menos como estávamos na Atlântida


antiga, haverá muita magia, muitos poderes psíquicos desenvolvidos e é nesse clima que
todos os demônios do inferno ganharão corpo físico novamente e assim será por um tempo
e depois disso virá o Armageddon, onde só haverá dois lados. Aqueles que quiserem está
no lado da luz no Armageddon têm de decidirem-se agora, pois senão não chegarão lá,
estarão entrando na involução agora mesmo.

A passagem de uma Era para outra é tão invisível, como está sendo a passagem de Peixes
para Aquário, alguns ainda dizem que a Era de Aquário só vai começar no ano 2016,
outros dizem lá pelo ano não sei quanto. Os Deuses disseram que isso foi no ano de 1962,
entre o que diz a falsa consciência e os Deuses prefiro ficar com a informação deles,
conseqüentemente, a Era de Aquário começou em 1962, dia quatro de fevereiro, e Aquário
será uma idade de ouro, que será implantada por criaturas destituídas de ego aqui neste
mundo, conseqüentemente, todos nós que temos egos não renasceremos neste planeta, isso
é xeque-mate.

Ou morremos em nós mesmos a partir de agora e, começando a partir de agora, nos darão
mais certo tempo para terminar esse trabalho, ou seremos transferidos, se tivermos vida
para cumprir, para outro planeta mais afim ao nosso psiquismo interior, ou desceremos ao
abismo. Não há mais do que essas alternativas, se existem não conhecemos até o presente
momento. A humanidade ariana só terminará depois do Armageddon, ali se dará o final da
humanidade ariana.

Depois de Capricórnio, não sabemos como nem de que maneira, que se pode marcar como
início de uma sexta raça raiz. Despertar alguém é uma séria responsabilidade, pois se você
rouba todos os sonhos e ilusões das pessoas, você desmonta essas pessoas, pois elas não
têm consciência, não tem nada dentro, niilismo, o vazio total. Antes de despertar é preciso
esclarecer, é disso que estamos tratando, é por isso que temos feito tantas aulas e repetido
exaustivamente.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

* O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações


para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada ao vivo dia
23.01.2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de
texto: Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

http://www.gnose.org.br 77
SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

PLENITUDE DO SER E VAZIO EXISTENCIAL


27.02.2007

O tema do presente texto denominamos de “Plenitude do Ser e vazio existencial”.

Aprendemos com o Mestre Samael que por falta de trabalho psicológico, as pessoas desta
época não são profundas; pelo contrário, preferem ser superficiais. Muitas pessoas desta
época aceitam a idéia de fazer mudanças interiores, mas, infelizmente, para fazer essas
mudanças pedem ou exigem determinados incentivos, prêmios ou estímulos.

Infelizmente, as pessoas gostam que digamos como elas estão bem, apreciam que lhes
apliquemos algumas palmadinhas no ombro, falemos algumas palavras de estímulo,
incentivo. Quando essas pessoas aproximam-se da Gnose, vêm esperando encontrar aqui
condições de melhorar de vida, encontrar um bom emprego, um casamento ou uma suposta
alma gêmea. Buscam sempre uma maneira de obter algum tipo de incentivo.

Poucas vezes, encontramos pessoas que chegam às nossas escolas sentindo a necessidade
de mudar, e querendo mudar, porque simplesmente sentem que precisam mudar sem que
para isso lhes façamos promessas. A realidade é que as pessoas adoram elogios, estímulos,
incentivos, propostas, promessas. As pessoas do mundo de hoje não entendem que esses
incentivos todos são vazios, superficiais.

Se cometermos o atrevimento de dizer a elas que na Gnose não existem incentivos,


decepcionam-se e, não raras vezes, afastam-se de nosso meio; e muitos, inclusive, afastam-
se falando mal de nós, da Gnose, do Mestre Samael, dos instrutores, acusando-os de serem
frios, duros, críticos, de não “darem bola” para suas "necessidades", inquietudes, o que na
verdade não é inquietude nenhuma, simplesmente são desejos, cobiças.

Aqueles que acompanham há mais tempo nossas reuniões, reconhecem perfeitamente bem
o que estamos tratando de dizer. Justamente dentro da Gnose aprendemos que os
estímulos, os incentivos, as promessas, nunca na vida, jamais na história dos séculos,
fizeram qualquer mudança profunda ou radical em qualquer pessoa. Isso não ocorreu e não
vai ocorrer. Essas coisas acontecem porque existe dentro de cada de nós um chamado
centro energético que não pode ser destruído, que não morre quando nós desencarnamos.
Esse dito centro energético atravessa o período de uma existência, perpetua-se no tempo
para infortúnio nosso aqui no mundo e para infelicidade inclusive de nossos descendentes.

Esse centro mencionado aqui e agora é o ego, o eu, o si mesmo, o mim mesmo; portanto o
que precisamos fazer com uma urgência inadiável é gerar, levar adiante uma mudança
radical dentro de nós mesmos. Colocado isso, bem, podemos intuir ou perceber o quanto
são furados esses planos de motivação pessoal que as empresas utilizam ou lançam mão
para levar seus funcionários a produzir mais. Esses chamados planos motivacionais são
voltados para o ego, e o ego, nós sabemos, é movido por interesses; quanto mais tem e
recebe, mais quer ter e receber e continua dando em troca o que sempre deu ou até menos,
e aí entram os processos psicológicos secretos de cada um de nós, os quais envolvem
ambições, desejos, cobiça e, muitas vezes, até mesmo um jogo sujo como todos nós
sabemos que ocorre no ambiente corporativo, nas repartições públicas e em todos os ramos
da atividade humana.

A motivação para fazer mudanças psicológicas radicais e profundas em nossa vida jamais
será alcançada com palmadinhas no ombro, com elogios, promessas ou com palavras

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

bonitas. Isso não funciona na Iniciação, já dissemos aqui muitas vezes e estamos repetindo
novamente porque isso é muito importante; compreender isso é fundamental. Cada um de
nós que chega a uma escola gnóstica ou lança-se no caminho da Iniciação precisa aprender
a andar com suas próprias pernas.

A motivação é o próprio caminho, é o trabalho sobre si; nenhum outro fator pode ser
motivo para andar, porque estaremos apenas nos enganando; temos que reconhecer nosso
estado real, atual, contraditório, nossa infelicidade, infortúnio existencial; perceber que
existe um vazio dentro de nós e que incentivo algum, promessa alguma, beneficio algum
deste mundo irá preencher.

Sabemos que os detentores das maiores fortunas do mundo são pessoas que sentem um
oco, um vazio por dentro, porque estão distantes do Ser, estão longe do mundo do Ser e
estão profundamente envolvidos no mundo do ter, superficial, neste mundo vazio. Em
termos esotéricos gnósticos, isso quer dizer que é esperado de nós uma abnegação, um
completo esquecimento de nossos interesses, um abandono total do ego, do si mesmo e
dedicar-se à reta conduta, aplicar a ética superior que dissertamos em outras conferências
sob a denominação "Paramitas", "O Óctuplo Sendeiro de Buda" e "As Quatro Nobres
Verdades", ali encontrarão material sobre isso.

Tristemente, sabemos, os que estão há mais tempo na Gnose sabem disso, o ego busca
crescer, quer melhorar, quer evoluir, tornar-se grande como os grandes da terra; luta para
obter influência, poder, posição, fortuna ou dinheiro. Essas mudanças ocorrem apenas na
superfície; ter mais ou menos dinheiro, ter mais ou menos propriedades, ter mais ou menos
relacionamentos sociais, isso não preenche a nenhum de nós; não nos transforma
psicologicamente; não nos torna pessoas ou indivíduos bons; não nos faz plenos.

Entendemos que, mais do que nunca, é necessário lançarmo-nos em uma mudança


profunda, e esta mudança só pode ser realizada eliminando-se ou alterando-se, abrindo
espaço, abrindo o vazio dentro de nós com a eliminação do ego ou dos egos. Precisamos
quebrar o ego, como fazemos com uma peça de cerâmica que já não nos serve mais, um
vaso que não serve mais que a gente joga fora ou mói, quebra; assim devemos fazer com
este ego; quebrá-lo, tratar de eliminar seus cadáveres, por meio da intervenção do poder
superior à mente conhecido como Devi Kundalini Shakti. É claro que para ela eliminar
estes cadáveres, transformá-los em poeira, temos primeiro de fazer nossa parte, que é auto-
observar, conhecer, compreender nossas ações ou reações mentais internas, profundas.

Sabemos que o eu, o ego, o mim mesmo quer receber honras, afagos, lisonjas, prestígios;
este ego quer e vive para isso: prazeres, fama, tapete vermelho, recepções; é justamente
isso que modelou a sociedade humana, o mundo atual. É por isso que o mundo atual é
conformado por uma sociedade egoísta, na qual só há disputas, primazia, luta pelo poder,
crueldades, uma cobiça que não tem limites, ambições que não conhecem fronteiras.

Chegamos a nos lançar em guerra, invadir países, tudo porque o ego não conhece
fronteiras, estamos bem longe do Ser, da alma, dos valores divinos. Esta sociedade criada
por nós mesmos, modelada à imagem e semelhança do ego humano, tornou-se uma
sociedade inútil, daninha, prejudicial e somente eliminando de nós mesmos o eu é que
poderemos mudar. Primeiro a nós e, por extensão, poder mudar o mundo. Para isso,
orienta-nos o Mestre Samael, se queremos de verdade a eliminação radical do ego é
urgente manter quieta nossa memória que é o ego. Mantendo esta parte em silêncio a

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

mente torna-se serena e, então, podemos observar-nos com calma; podemos estudar,
investigar, conhecer a nós mesmos.

Muitas vezes mencionamos que devemos aprender a contemplar a nós mesmos; para isso
necessitamos do silêncio, do isolamento hermético que não tem nada a ver com refugiar-se
numa caverna e distanciar-se do mundo. Só precisamos do isolamento hermético, que é
estar no mundo sem ser afetado pelo mundo; cada um pode construir essa habilidade por si
só, praticando de momento a momento aquilo que a Gnose nos ensina.

Não podemos dissolver o ego substituindo um eu por outro, buscando substituir um ego
antigo por um novo, isso não funciona. Não podemos deixar de beber e, de repente, passar
a fumar e vice-versa; não é assim que funciona. Também não funciona trocando uma
mulher mais velha por duas mais jovens como se diz no popular ou, como se diz hoje, uma
mulher de mais idade troca o seu velho marido e companheiro por dois jovens modelados
em academia; isso tudo é fruto da sociedade moderna, esta atual sociedade.

Não podemos substituir um defeito por outro, como também de nada serve sair da Gnose e
entrar em outra escola. Muita gente sai da escola gnóstica porque simplesmente não
consegue trabalhar sobre si mesmo, por contra-transferência ele culpa o instrutor, a escola,
o Mestre Samael, a Gnose; culpa todos exceto a ele mesmo, exceto a sua incapacidade de
lidar consigo mesmo, de superar a si mesmo; prefere transferir a responsabilidade para
terceiros, pois é mais fácil não enfrentar a si mesmo, que é seu campo de batalha, de luta.

Sempre é mais fácil fugir do que vencer, especialmente quando se trata de vencer a si
mesmo. É por isso que, se queremos verdadeiramente uma mudança radical e profunda
dentro de nós, devemos deixar de lado todas essas coisas que nos parecem positivas hoje
em dia, esses velhos hábitos, essas coisas de personalidade que nos inculcaram desde
criança. Nossa família, a escola, fizeram esse trabalho, e nós, por imitação dos mais velhos,
também contribuímos para o desenvolvimento dessa personalidade-ego que temos hoje.

De um modo geral, todos esses costumes, hábitos, essa conduta social que praticamos hoje
em dia é equivocada; não é real no sentido de ser verdadeira, de pertencer à alma ou ao
próprio Ser, mas ela é artificial, faz parte do mundo, o mundo exterior e não o mundo do
Ser, o mundo ontológico.

Todos nós sabemos que a mente é a sede central, o quartel general do eu; o que precisamos
fazer é mudar tudo no quartel, na sede central; assim estaremos fazendo uma verdadeira
revolução e, para isso, é claro que se exige abnegação, renúncia, compreensão do que
somos hoje e daquilo que queremos ser amanhã e tudo isso precisa ser levado adiante,
sustentado sem estímulos, sem palmadinhas no ombro, sem promessas de uma vida
melhor, de salvação. Precisamos fazer uma mudança interior pela compreensão do que
significa esta mesma mudança, sabendo que ela envolve a eliminação total do ego com o
tempo.

Estamos agora em 2007; este é um ano definitivo para nosso futuro como pessoas e como
almas neste planeta. Foi-nos dito que entramos na reta final da humanidade esse ano; mais
do que nunca precisamos debilitar o ego, fortalecer o coração, renunciar ao ego e trabalhar
com o centro emocional superior. Inclusive, mencionou-se em conferência anterior sobre a
existência dos poderes do coração, daquelas qualidades que estão além da mente, do
intelecto e que serão desenvolvidas se trabalharmos esse centro cardíaco, esse chakra do
coração. Podemos despertar, então, esses poderes todos. Nos textos védicos há uma

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

passagem que descreve o seguinte: "aquele que meditar no centro do coração, obterá
controle sobre o Tattwa Vayu que é o principio etérico do ar e obterá os siddhis relativos a
este elemento, os poderes psíquicos dos santos; entre esses poderes está a levitação, a
telepatia, clariaudiência ou clarividência".

Dependendo de cada um, o desenvolvimento desse chakra, desse centro energético pode
propiciar um, dois, três ou todos os poderes relativos do Tattwa Vayú ou do princípio
etérico do ar e até mencionamos na conferência anterior alguns exemplos de pessoas que
levitavam, como José de Cupertino, muito conhecido no México; trabalhava com tanto afã,
com tanta entrega o seu centro emocional superior que conseguia anular a lei da gravidade.
São Francisco de Assis quando entrava em oração levitava. Santa Tereza de Ávila e outros
que aqui no Ocidente são conhecidostambém. No Oriente, entre os tibetanos, existem
dezenas de relatos de homens sagrados, pessoas que se dedicaram à prática do
desenvolvimento do kárdias, que obtiveram esses poderes.

Aqui, no mundo ocidental nós, infelizmente, desenvolvemos a idéia de que os chamados


poderes ocultos devem ser perseguidos, buscados, conseguidos como quem conquista,
alcança um diploma universitário; só que no caminho do espírito, nas universidades do
espírito, isso não funciona; não adianta correr atrás de um objetivo como esse, por
exemplo, de ter poderes.

O que devemos fazer é a parte que nos cabe e mencionamos que precisamos eliminar de
nossa mente o ego. Devemos sair da condição de animais intelectuais; desenvolver o centro
emocional superior; o que equivale a trabalhar com a mente esotérica ou espiritual ou o
centro cardíaco, onde estão depositados todos os poderes desses santos aqui mencionados.

A verdade é que todos nós, pelo modo de vida implantado no mundo, acabamos perdendo
todas essas faculdades que eram inerentes a todo ser humano há quatro, cinco, seis mil
anos atrás; simplesmente os perdemos. À medida que o intelecto foi desenvolvendo-se,
fomos perdendo as capacidades desse centro energético do coração. Só que, agora,
podemos recuperar a função natural desse centro e faz-se isso cultivando a emoção
superior mediante a música seleta, sacra, dos grandes mestres e também pela vocalização
de mantras, pela meditação.

Nós aqui adotamos como tradição, antes da conferência, enquanto a sala permanece aberta
aguardando que todos cheguem aqui, sempre colocamos uma faixa musical com um
mantra e deixamos tocar; repete-se isso dez, quinze, vinte ou até trinta vezes antes de
iniciar-se a conferência. São momentos que podemos aproveitar para relaxar, para ativar
esse centro emocional superior e cada qual em sua casa, em sua vida pode fazer suas
seleções musicais e gradativamente deixar, então, a música mecânica e mecanicista, a
música do ego, do intelecto, da personalidade de lado e buscar cultivar a música do
coração, agora que estamos na reta final da humanidade; assim nos fizeram saber; temos de
tornarmo-nos mais místicos, fazer muitas práticas devocionais, transformarmo-nos em
devotos e é dessa maneira que desenvolvemos o coração.

Sobre as práticas místicas, existe uma conferência nossa denominada Bhakti Yoga a qual
aborda isso exatamente, os aspectos devocionais, as práticas, os mantras, uma rotina de
práticas para desenvolver o centro do coração e existe uma outra conferência denominada
Karma Yoga que complementa essa de Bhakti Yoga, na qual abordamos a conduta reta,
porque mais do que nunca temos de trabalhar concretamente aqui e agora; não mais apenas

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

imaginar, sonhar, projetar, visualizar coisas. Precisamos ver, praticar concretamente aquilo
que a Gnose ensina.

Também fizemos uma introdução aos temas mais básicos e ao mesmo tempo mais
importantes para enveredar-nos definitivamente por esse caminho do desenvolvimento
espiritual, quando abordamos, também em conferências anteriores, o tema das Paramitas,
das Quatro Nobres Verdades e dos Oito Aspectos do Caminho de Buda. Todo esse
conjunto de material fornece-nos uma idéia bastante ampla da natureza do trabalho
espiritual que devemos levar adiante no dia-a-dia.

O trabalho esotérico gnóstico não é para ser feito apenas por quinze ou vinte minutos um
pouquinho antes de deitar e dormir; ele deve ser levado, realizado de momento a momento
em nossa vida, enquanto estamos dirigindo o automóvel, indo ao trabalho ou a qualquer
lugar, no metrô, dentro de um ônibus, enquanto esperamos num ponto de ônibus, numa
estação de metrô, aproveitemos esses momentos em vez de deixar a mente solta vagando,
projetando fantasias.

Devemos viver o presente, praticar isso que denominamos atenção plena, focar nossa
atenção em nossa respiração ou nos próprios processos mentais, trazendo a mente com
firmeza sempre para o aqui e agora, não deixá-la solta, vagueando por aí com suas
fantasias. O trabalho prático gnóstico é esse, atenção plena, não deixar a mente solta,
aproveite esses tempos de espera, de pausa entre um trabalho e outro, entre a chegada do
ônibus, enquanto está caminhando para sua casa, o sinal que está fechado ou numa esquina
no trânsito.

Aproveite e ouça uma música, coloque sua atenção na respiração, sinta seu corpo, ponha
consciência naquilo que você está fazendo, não deixe a mente vagando solta que nem um
vagabundo, um ébrio; e ela embriaga-se com suas próprias fantasias e projeções; é disso
que se trata e que estamos falando.

Precisamos curar a ressaca ou o porre da mente trazendo-a junto a nós, praticando a


atenção plena de momento a momento. Por tudo isso que soltamos um comunicado geral
em nossas listas e comunidades, falando da importância dos dias 27 de cada mês. Em cada
dia 27, em todos os templos da Loja Branca, são realizados trabalhos especiais em favor da
humanidade e nós, por meio de meditações, orações, podemos unir nossas mentes e
corações com esta grande cadeia universal em favor daqueles que sofrem e também
podemos pedir aos Mestres da Fraternidade Branca algum favor especial, por exemplo, a
eliminação de um defeito, a compreensão, um grau de consciência ou Iluminação.

Não é pecado, nem proibido pedir. O Mestre Samael dizia claramente: "Quem nada pede é
porque nada precisa", não sejamos auto-suficientes ou altaneiros a ponto de não pedirmos
nada, julgando que já temos tudo. Temos de trabalhar sobre esses aspectos. Também
avisamos que o Senhor Anúbis espera este ano fazer muitas negociações de karmas com os
estudantes de Gnose, uma vez que muitos estudantes estão estancados no caminho porque
devem karma; não estão administrando suas contas, seu capital cósmico; não estão
gerenciando aquilo que é mais importante em suas vidas.

Devemos comparecer junto ao Tribunal da Justiça, renegociar, fazer composições, assumir


compromissos de trabalhar forte em nós mesmos prá gerar méritos. Há estudantes que até
criticam dizendo: "o que adianta ficar aí fazendo orações em favor dos outros?". Essas
pessoas estão a milhões de anos-luz de entender o mais básico da prática gnóstica.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

O Mestre Mória diz que qualquer pensamento de amor, de bondade, de compaixão em


favor de qualquer pessoa ou ser humano gera um centavo cósmico, por exemplo, de
méritos; e não fazemos essas pequenas coisas, pois achamos que somos titãs construtores
do universo capazes de fazer grandes obras, quando tudo que é esperado de nós são
pequenos pensamentos, gestos, atos de bondade, pequenas iniciativas de compaixão ou de
consideração para com nosso irmão, nosso semelhante. Queremos construir um novo
cosmo, mas, às vezes, não somos capazes de nos colocar no lugar do outro, sentir o que ele
sente, compreender o que ele compreende, ver do ponto de vista dele, captar a necessidade
dele. A Gnose é muito simples; é para ser vivida em fatos concretos; o resto é teoria,
especulação.

Infelizmente nós, aqui no Ocidente, necessitamos, somos viciados em literatura, temos um


estômago intelectual enorme; então temos de comer muito, pois nos tornamos verdadeiros
paquidermes intelectuais; precisamos devorar toneladas de livros para não saber nada, para
empanturrarmo-nos de fantasias livrescas, quando tudo que é esperado de nós é quinze,
vinte minutos de prática, por exemplo. Isso dá mais resultado do que ler dezenas de livros,
especialmente a pseudoliteratura espiritual e exotérica.

Muitas vezes, falando com estudantes de Gnose, ainda me surpreendo; são pessoas que
estão profundamente arraigadas em suas crenças preliminares desta vida, crenças essas
desenvolvidas ou adquiridas no catolicismo, na religião em que nasceram, nas crenças que
seus pais passaram, nesses canais que abundam no mundo de hoje, essas canalizações,
essas falsas mensagens de Mestres fictícios, porque tomam o nome desses mestres, mas
escrevem mensagens que não tem nada em comum com eles; existem correntes, dezenas de
escolas que gravitam em torno disso e ali mantêm dezenas ou centenas de almas
aprisionadas num sistema que absolutamente serve para nada, não leva a lugar nenhum.

Estamos estancados por causa dessas crenças, dessas heranças todas de personalidade, de
ego e é isso que precisamos negociar, renunciar, deixar para trás e fazer então ações, atos
concretos, verdadeiros. Em nosso próprio site existem aquelas mensagens da Grande Mãe,
nas quais é solicitado que oremos em favor daqueles que sofrem. Isso é um trabalho
meritório, de bondade, de compaixão. O que nos impede de fazer isso todos os dias? A
verdade é que menosprezamos, desdenhamos o poder da oração, o poder da bondade, o
poder da compaixão ou um gesto como esse. Depois nos achamos com autoridade para
criticar a lei divina, criticar os mestres da Loja Branca ou até mesmo o Grande Arquiteto
Do Universo.

É hora de perdermos o medo da justiça cósmica, do Tribunal da Lei, de aproximarmo-nos


dos Arcontes da Lei e começar a trabalhar para pagar nossas dívidas, nossos débitos,
mesmo que não saibamos quais são. Certamente, o gesto, o comparecimento nosso diante
do Tribunal levar-nos-á a fazer uma boa composição que nos favoreça no avanço
espiritual, na abertura da consciência, em prosseguir esse trabalho ou concluir, senão nessa,
pelo menos na próxima ou nas próximas duas vidas seguintes.

Se nada fizermos, e seguirmos omissos, sem dúvida seremos julgados à nossa revelia. É
como um devedor que não tem endereço certo e residência não conhecida: é julgado à
revelia e o cartório protesta e um dia qualquer, quando queremos fazer um negócio, vamos
ver que estamos protestados e a dívida aumentou por simples omissão de nossa parte.

Com isso queremos dizer que nos aproximarmos, cooperarmos com o karma, como
ensinava e ensina o Mestre Samael, é o melhor negócio. O karma é o grande remédio para

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

nossas aflições, pois ensina-nos, mostra como erramos, onde erramos; é uma didática para
trabalharmos sobre nós mesmos; temos de aproveitar isso. Não há porque temer os
Senhores da Lei; são senhores do amor consciente do cosmo; não são carrascos, nem
tiranos. São os maiores interessados que todas as pessoas saiam bem em suas negociações.
Não é como aqui, na justiça dos homens, onde um quer “ferrar” o outro, levar vantagem
por cima do outro; é diferente. Mais do que nunca, as práticas do coração, da meditação,
dos mantras, das orações, da música seleta são importantes para diminuir a força e a
intensidade da mente e fortalecer o centro do cárdias.

Ficamos à disposição daqueles que quiserem fazer suas considerações e os adendos


necessários; pedimos que não fujam do tema central.

Perguntas:

P: Cite um exemplo de karma que podemos negociar quando não sabemos o que
negociar?

R: Se você não sabe o que negociar, negocie tudo, faça uma proposição: Senhor Anúbis,
imagino que tenho dívidas aí junto a esse tribunal; eu não sei quanto devo, nem sei como
pagar, porém estou interessado nisso, nisso e naquilo e me comprometo a fazer isso, mais
aquilo, mais aquele outro.

Não ofereça o que não pode cumprir. Então peça, por exemplo, para ter uma oportunidade
de avançar no caminho, ter um avanço, que seja dada compreensão, entendimento para
prosseguir esse trabalho, mas comece desde agora algo concreto, práticas diárias, conduta
reta, obras de caridade. É isso que eles querem. Na vida prática o que percebemos é que as
pessoas não fazem nada; se não fazem nada não há ingressos na contabilidade individual e
se não há entrada, só custos e gastos, não tem jeito.

P: Se hoje é um dia especial para negociar o karma, o casal pode fazer juntos?

R: Sim pode fazer, inclusive durante a prática do arcano, em conjunto. Se não quiser, pode
fazer diante do altar; alguém diz, o outro repete. O homem diz a mulher repete; depois a
mulher diz e o homem acompanha os pedidos dela e assim fazem em conjunto.

P: Quando negociamos o karma temos de, necessariamente, apresentar uma forma de


pagamento?

R: É evidente que sim, porque quem não tem como pagar, paga com dor e nem será
ouvido. Pois nenhum gerente de banco quer fazer composição se você nem está pensando
em pagar algo, nem adianta ir lá. Deixa andar, uma hora qualquer você pagará nem que
seja com os piores sofrimentos que você não consegue imaginar hoje, mas todo mundo
paga.

P: As pessoas santas podemos dizer que são pessoas de conduta reta, mas elas
continuam tendo seus egos, apenas desenvolvem o cárdias?

R: Um santo, como aqui é utilizada essa palavra, é equivalente a um Arhat no Oriente; são
pequenos Budas de 1ª, 2ª 3ª iniciação maior, que desenvolveram em si muitas virtudes,
mas é claro que ainda possuem defeitos.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Os Budas que estão no Nirvana, para nós, são perfeitos, iluminados, pois esses Budas são
seres de mente iluminada, vazia, isso é certo. Porém no fundo, profundo, do subconsciente
deles há defeitos, mas esses defeitos não afetam, nem interferem no nível de consciência
do Nirvana, mas já não servem, por exemplo, se alguém quiser ir até a sétima iniciação de
mistérios maiores e muito menos servem se alguém quiser seguir o caminho reto, aí são as
diferenças.

Quem aqui de nosso mundo expressam, vivem cem por cento do tempo com cem por cento
de conduta reta são pessoas que possuem um elevado nível de ser, aos olhos do mundo são
consideradas santas, mas no fundo profundo de sua mente, como o próprio Mestre Samael
diz e ensina, elas possuem seus defeitos psicológicos. Um dia terão que trabalhar sobre
isso, mas no momento possuem grandes méritos que permitem que elas voltem a esse
mundo em condições melhores de família, psicológicas, de concluir o seu trabalho.

Eliminar defeito sempre é um grande negócio para nós, isso eu aprendi praticamente de
forma inesquecível. Quanto mais defeitos puderem eliminar nessa vida, muito mais suave
será a próxima, além de nos credenciarmos para melhores condições de iniciar ou reiniciar
o nosso trabalho no próximo retorno.

P: Uma pessoa que realiza na sua casa, com sua esposa, família, uma cadeia de cura
só para ajudar os doentes das clínicas, dos hospitais, das casas de saúde, aqueles que
estão necessitados isso não envolve negociação ou envolve?

R: Não envolve negociação; isso é uma caridade que se faz em favor da humanidade; dá
méritos. Mesmos que não façamos nenhuma negociação com a Lei Divina, fazer caridade,
fazer obras em favor da humanidade aumenta nossos saldos, créditos e, algum dia, em
algum momento em uma vida futura, isso vai ser necessário e importante. Sempre é um
bom negócio fazer obras de caridade, fazer obras em favor da humanidade sem intenção de
lucro, ajudar, participar, agir desinteressadamente.

A conduta reta não carrega em si nenhuma intenção expressa ou velada de recebimentos ou


trocas. Se alguém faz algo objetivando uma troca ali já está o pagamento daquela forma,
tudo continua igual praticamente. A conduta reta envolve uma ação isenta de intenção e de
objetivos de retorno, recompensa.

P: Para se ter a plenitude do Ser temos de observar-nos a cada momento, queria


saber como seria essa prática diária?

R: A prática diária disso seria atenção plena em você mesmo, contemplação de si mesmo a
cada momento; este é o resumo de tudo. Toda vez que se distrai, volta; a hora que se der
conta retorna e continua a prática; haverá um dia que isso se tornará natural, assim como é
natural hoje viver de fantasia em fantasia, de projeção em projeção e de sonho em sonho
acordado. Agora temos que fazer o processo reverso, exercitando a atenção plena, a
contemplação de si mesmo a cada momento.

P: Se eu pedir uma maior agilidade no processo de Iluminação posso conseguir isso


sem ter muito dharma?

R: Eles podem adiantar isso desde que não seja equivalente a dar uma pistola ou um
revólver municiado nas mãos de uma criança. Os mestres da Loja Branca não são
irresponsáveis a ponto de atender a pedidos como esse, por exemplo, se não está maduro

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

para usar isso com responsabilidade; este é um motivo. O outro motivo, eles até podem dar
se você está preparado, maduro, pronto, centrado, equilibrado mesmo que não tenha muito
dharma por conta de trabalhos que você se compromete a realizar; fora destas duas
condições não conheço possibilidade. Pode ser que exista, mas particularmente
desconheço.

P: Somos adormecidos, então a negociação é só uma conversa nossa em meditação


com a Lei, não é consciente, por exemplo, no astral, cara a cara com o Senhor da Lei?

R: O Mestre Samael, sabendo do estado de adormecimento de todos nós, dizia o seguinte,


dando uma sugestão de como fazer negócios com a lei: "Concentre-se no Senhor Anúbis,
vocalize, diga mentalmente dezenas, centenas de vezes o seu nome, que é mântrico; repita
esse nome centenas de vezes concentrado em meditação e aí quando sentir que houve uma
conexão, deu-se o momento - e você vai saber quando se dá esse momento, não há como
não saber - coloque em palavras simples aquilo que quer colocar".

Então, não há uma necessidade, como você mesma diz, de estar cara a cara com o Senhor
da Lei. Os adormecidos, nós, negociamos dessa forma; não devemos nos preocupar tanto
com essas formalidades; a consciência tem seus próprios recursos; age autonomamente. O
intelecto aqui pode não se dar conta, mas a consciência faz isso e dias depois você se dará
conta disso até mesmo em sonhos.

P: Quando vamos eliminando o ego, que é o grande causador de nossos atos


inconseqüentes, eliminamos também o karma que ele gerou no passado ou isso terá de
ser pago de qualquer jeito?

R: Devemos ir negociar com a Lei, porque são esses karmas do passado, gerados por egos
nossos, que impedem o nosso avanço, nossa compreensão, nosso despertar de consciência,
muitas vezes nos impedem de sermos estudantes castos, porque devemos muito karma de
luxúria e fornicação de passadas vidas; por mais que se lute não vai obter a castidade
enquanto não acertar essa situação com a justiça. Isso é uma coisa interessante para ser
analisado, meditado e compreendido. Temos de negociar o karma gerado pelo ego, que
somos nós mesmos, para poder avançar e até mesmo para ter um entendimento maior para
compreender esses mesmos defeitos. Devemos propor uma forma de pagamento ou de
retribuição à Grande Vida para compensar os danos que ocasionamos a essa mesma
Grande Vida por inconsciência em épocas anteriores.

P: Esse vazio existencial que sentimos é um chacoalhão que a mônada nos dá?

R: Podemos colocar desta forma; se existe esse chamado vazio existencial, porque não é o
vazio iluminador que é outra coisa, traduz simplesmente ausência do Ser, caracteriza-se
por um estado anímico contrário à plenitude, porque aquele que está possuído pelo seu Ser,
possui ou encarnou o seu Ser, não sofre dessa enfermidade chamada vazio existencial.

P: Mas não se diz que o pecado contra o Espírito Santo não é negociado, tem que ser
pago em sua plenitude?

R: Não é que o pecado contra o Espírito Santo não é negociado; ele não é perdoado e a
mudança de uma palavra para outra muda completamente a natureza do negócio. Cuidado
com as palavras, não existem palavras vãs. Nos textos sagrados, diz-se que o pecado contra
o Espírito Santo não é perdoado. Só é perdoado depois de negociado, pago aquilo que se

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

deve pagar, este é o entendimento deste não perdoado, porque senão a humanidade inteira
não se salvaria.

Até o Absoluto estaria vazio, porque não há uma única criatura, Mestre da Loja Branca que
algum dia não tenha passado por nossa condição humana e, conseqüentemente, cometido
esse erro; tenhamos amplitude de mente, de entendimento para ler, interpretar e aceitar as
chamadas verdades contidas nos livros sagrados.

P: A Mãe Divina Kundalini providencia os caminhos para nós de acordo com os


méritos do coração!

R: Isso é uma grande verdade, tanto que nesse comunicado que mandamos às listas e às
comunidades que gerenciamos, fala sobre isso; que devemos fazer muitas orações à Divina
Mãe Kundalini, porque sem interferência, presença, participação direta dela, estaremos
absolutamente perdidos, de antemão perdidos, porque é a Mãe Divina que atrai para nós
amigos e inimigos, sorte e azar, fortuna ou infortúnio. Temos que nos reconciliar
urgentemente com nossa Divina Mãe e de preferência junto com ela irmos ao Tribunal da
Justiça cósmica, isso é muito importante.

P: A negociação do Karma deve ser feita para acabarmos com o sofrimento, mas em
paralelo a esse pagamento trabalharmos para destruir os defeitos geradores, senão o
karma será pago, mas continuaremos gerando mais karmas por esses defeitos.
Correto?

R: Correto, de nada serve irmos negociar se continuamos com os mesmos vícios; antecipo
que nem adianta ir negociar, porque nada será concedido. As coisas só são concedidas aos
dignos, merecedores de crédito. Para tornar-se digno desses créditos é preciso conquistar a
confiança apresentando garantias; a garantia fundamental que podemos dar é nossa
conduta, o trabalho sobre nós, um trabalho que já iniciamos concretamente sobre nós; isso
são as garantias que vamos dar. Se nada fizemos até hoje e nem pretendemos fazer muito,
aí a decisão já foi tomada; não tem muito que fazer; continue vivendo do jeito que viveu
até hoje; devemos ter seriedade, responsabilidade, profundidade nestas questões todas.

P: O Mestre Anúbis pode nos dar o acesso ao Akasha?

R: Claro, agora se compreenda uma coisa: o chamado Mestre Anúbis nada mais é do que o
mesmo Pai na forma de Lei. Anúbis representa a vontade de nosso Pai, de nosso Ser; é isso
que os não iniciados não conseguem entender dentro de suas fantasias retiradas das
literaturas pseudo-esotéricas que circulam pelo mundo.

P: Existem alguns indícios que poderiam nos ajudar a identificar alguma dívida
kármica?

R: Claro que existem, por exemplo, se você não consegue emprego, tem enfermidade
crônica, deficiência crônica, tem certeza que realmente está fazendo práticas rigorosamente
em dia, tipo duas, três horas por dia há dois, três, quatro, cinco anos e não conseguiu nada,
são sintomas de que existe estancamento pela Lei. Seria bom passar no Tribunal e verificar
como anda seu livro de contabilidade por lá ou simplesmente fazer uma proposta.

Temos de ser honestos, sinceros, profundamente transparentes em nossos contatos,


negociações, propostas, meditações com os Mestres da Loja Branca. Não importa se é o
Senhor Anúbis, se é outro Mestre da Loja Branca; temos de ser transparentes. Porque

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

sabem que dentro de nós estamos dizendo, não há como fugir, eles não dizem nada, mas
sabem. Não contemos histórias como fazemos aqui neste mundo; aqui é comum
enrolarmos as pessoas; não sermos honestos; não queremos dizer as coisas; usamos
palavras que deturpam o verdadeiro estado de uma coisa, acontecimento. Lá nos
encontramos nus, temos que assumir a verdade, a honestidade, a transparência. Sabemos
que isso é difícil para o ego, pois o ego não quer ser honesto, transparente; quer é
esconder-se, tem medo, é covarde, não diz as coisas frontalmente ou objetivamente de
forma simples com palavras simples e direta; ele não diz, esse é o problema; e devemos
aprender a dizer a verdade; não a agredir as pessoas com a verdade, mas dizer a verdade,
isso sim.

* O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações


para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada ao vivo dia
27.02.2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de
texto: Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

CONTUMÁCIA E TRANSFORMAÇÃO DE IMPRESSÕES


06.03.2007

O tema que abordaremos hoje denominamos de Contumácia e Transformação das


Impressões.

O Mestre Samael diz que a contumácia vem a ser a insistência de assinalar um erro e por
isso ele dizia "jamais me cansarei de insistir que a causa de todos os erros é o ego, o mim
mesmo e não me importa que os animais intelectuais se incomodem com isso, porque falo
contra o ego; custe o que custar seguirei com a contumácia".

Todos nós sem exceção participamos da criação desse caos social, desse mundo caótico em
que vivemos hoje. Portanto cabe a nós trabalhar para dissolver ou desfazer este caos,
construir um mundo melhor aplicando os ensinamentos que a Gnose nos trouxe.

Infelizmente as pessoas só pensam em si mesmas; são movidas unicamente por seu


egoísmo. Temos dito aqui sempre, praticando a contumácia repetimos, é o ego que destrói
a ordem, o bom andamento das coisas, da vida, do mundo, da convivência que foram ou
estão estabelecidas na psicologia gnóstica trazida ao mundo desde 1950 através das obras
do Mestre Samael Aun Weor.

Nós aqui que estamos tratando de realizar estas conferências baseados na obra "Revolução
da Dialética", se queremos verdadeiramente, com sinceridade, fazer e levar adiante essa
revolução interior, necessitamos antes de tudo mudar radicalmente.

Também abordamos num encontro recente aqui, que as pessoas, para fazerem essas
mudanças, querem, buscam, clamam e alguns até exigem incentivos.

Não há incentivos na via iniciática; esta é a via daqueles que querem este caminho; ela é
extremamente opcional, sem nenhuma classe de incentivos para aqueles que se lançam
nessa via. Muitos buscam neste caminho obter poderes, arranjar um bom emprego,
melhorar de vida, encontrar uma alma gêmea. Tudo fantasia, projeções, sonhos acordados,
projetos mentais.

Bem verdade que os Mestres da Loja Branca acorrem e concorrem junto aos que se
decidem seguir este caminho; apóiam aqueles que decidem enfrentar e superar a si
mesmos. Esse é o único incentivo: vencer a si mesmo e pôr em prática os ensinamentos, os
preceitos da psicologia revolucionária, da conduta reta, do reto viver, pensar, sentir.

Muitas vezes dissemos aqui que ninguém fará nenhum esforço para mudar a si mesmo se
está feliz com seu estado atual. Se hoje sofremos por questões psicológicas - as causas
desses sofrimentos são psicológicas, sofremos por causa disso, estamos felizes de ser assim
de maneira sofrida - é claro que não faremos nenhum esforço para mudar.

Vivemos em um mundo, somos membros ou participantes, indivíduos de uma sociedade


que foi construída e modelada pelo ego de cada um de nós. Nas palavras do Mestre Samael
esta sociedade é inútil, prejudicial, daninha e somente extirpando radicalmente o eu dentro
de nós, é que poderemos mudar a nós mesmos e na extensão mudar o mundo, e para isso,
se queremos essa mudança radical e profunda, devemos deixar de lado definitivamente
todas essas coisas que nos parecem positivas; todos esses velhos hábitos, costumes
equivocados que desenvolvemos a partir da herança de nossos pais, da educação que

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

recebemos em nossa casa, que a televisão nos mostrou, daquilo que os professores
disseram e ensinaram na sala de aula, dos colegas de aula e trabalho também, com os
amigos e familiares.

Se acharmos que isso é a vida, o normal, que é assim mesmo, é claro que não vamos mudar
nada, nenhum hábito, costume, pensamento ou sentimento. A mente é a sede central do
ego, portanto necessitamos mudar profundamente as coisas na sede central se buscamos
realmente uma revolução interior.

Mudar a forma de pensar é preciso, é necessário, tantas vezes isso foi dito e repetido. O
Mestre Samael disse isso ao longo dos livros, especialmente nos últimos, mudar a forma de
pensar é preciso, é indispensável.

Quando olhamos o cenário atual da humanidade vemos claramente que já estamos


involuindo, não há um só sinal de evolução, de melhora ou aperfeiçoamento nessa
humanidade. Isso é devido a vários motivos, mas um desses motivos é que a natureza tem
seus ciclos periódicos, seus movimentos cíclicos de evolução e involução.

Os ciclos históricos têm também uma época de ascensão e outra de destruição. Todos os
impérios se ergueram, atingiram um ápice e depois desabaram. O planeta igualmente; nós
nascemos, temos um ápice na vida, envelhecemos e por fim morremos; isso é cíclico, lei da
vida e da natureza.

Esta humanidade atingiu já o seu ápice há algum tempo e agora já estamos no início da
involução; digo início, pois essa involução ainda esta ocorrendo aqui na superfície da terra
e tudo isso se precipitará na reta final da humanidade da qual falamos em outras aulas.

O renascimento dessa humanidade se dará depois, dentro de quatro, cinco séculos.


Primeiro faremos essa transição planetária, essas mudanças. O planeta será totalmente
renovado; as terras serão renovadas; continentes mudarão de lugar; novas terras surgirão.

Este homem que habita a face do planeta desaparecerá dentro de alguns anos; a
humanidade vai renascer totalmente purificada; e a humanidade que há de renascer
construirá a idade de ouro; mas não se pode construir nenhuma civilização de ouro com
egos dentro, com trevas, com obscuridade.

Os que renascerem neste planeta dentro de quatro ou cinco séculos o farão sem egos; quem
não tem ego, que é vazio de ego, são os Budas. Então são eles que renascerão em massa
aqui neste planeta; hoje eles vivem em paraísos elementais que formam a ante-sala do
Nirvana.

Muitos Budas vivem no Nirvana agora; então todos eles renascerão aqui mais os seres que
moram em outros planetas; seres que vivem nas dimensões superiores de nosso próprio
planeta e que não têm ego; seres que vivem nas ilhas jinas. Sãqo esses que formarão a
humanidade futura na superfície do planeta depois que toda a terra for revolvida.

É chegado o tempo da eliminação do eu pluralizado; a natureza fará isso coletivamente;


ainda temos alguns anos para fazer isso pessoalmente, voluntariamente, com o tempo que
nos resta. Pode ser que a muitos soe como difícil eliminar suas próprias imperfeições,
mudar sua forma de pensar, de sentir, seus hábitos, porém é o que temos que fazer.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Os mais antigos tiveram mais tempo para fazer isso, os mais novos têm menos tempo; mas
em compensação possuem um ego menos robustecido; então as coisas mais ou menos se
equilibram.

Quando falamos em criar um novo ser humano, falamos a mesma coisa que o Mestre
Samael chamava de psicogênese - que trata de criar o homem verdadeiro dentro de nós;
trata de plasmar a hominidade dentro de nós.

Uma vez que nos tornemos criaturas vazias de ego ou de agregados, à medida que nos
tornamos criaturas dotadas de consciência desperta, podemos pleitear e buscar estados
mais avançados que estão latentes dentro de nós e isso é possível mediante a uma super-
aplicação de uma dinâmica mental, psicológica e sexual; isso equivale a trabalharmos
intensamente sobre nós mesmos aqui e agora na esfera psicológica, de conduta e
comportamento e aqueles que puderem trabalhar com suas energias criadoras melhor
ainda.

O Mestre Samael dizia, quando vivia entre nós, que nossas instituições gnósticas, que são
as escolas que difundem esse ensinamento, nelas podem entrar todos os que quiserem,
desde que tenham anelo e aspiração de superar, de realizar dentro de si mesmo a
psicogênese; do contrário, de que serve fazer parte de uma instituição gnóstica? Só fazer
número? Estar presente por curiosidade? - Não vale a pena!

Se entramos nessa escola, é porque queremos mudar, construir o Ser dentro de nós,
plasmarmos a consciência. Aprendemos na "Revolução da Dialética", que o homem que
não realizou, não plasmou a psicogênese dentro de si mesmo, utiliza uma parte muito
pequena das suas capacidades e potenciais.

É por isso que sempre renovamos o convite para que estudem, analisem, compreendam e
pratiquem os ensinamentos psicológicos que a gnose nos dá; justamente para que possamos
extrair de nossa mente, de nosso psiquismo, todas as possibilidades que ele nos oferece.

Dentro de nós existem as possibilidades, como também um conhecimento ilimitado;


podemos dar testemunho disso. Possuímos embrionariamente faculdades psicológicas que
entrarão em funcionamento natural, simples, normal, quando tivermos reunido em nós as
capacidades psicológicas suficientes para isso.

Despertar positivamente a clarividência ocorre quando tenhamos alcançado o grau de


psicogênese adequado para isso; do contrário é mais provável que despertemos uma
clarividência negativa, baseada no psiquismo inferior, reverso, tenebroso, com todas as
conseqüências.

Isso precisa ser muito bem analisado, estudado, compreendido e posto em prática, porque o
caminho da esquerda, que leva ao abismo, é muito mais suave, simples e atraente aos
nossos cinco sentidos do que o caminho que nos leva ao Nirvana ou Nibbana como se diz
no Therawada.

Temos que fazer escolhas e toda vez que temos que fazer escolhas há tensão dentro de nós,
há sofrimento, porque uma escolha sempre envolve uma renúncia. Temos que escolher um
caminho direito ou esquerdo, para cima ou para baixo; acabou-se o tempo de ser morno, de
estar encima do muro.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Fazer essa escolha, reconhecemos e sabemos, gera sofrimento; compreendemos aqueles


que sofrem diante da encruzilhada da vida agora, diante do ser ou não ser, de se tornar
réptil ou águia; mas cada um é livre para escolher, e ninguém tem nada a ver com a escolha
que cada um vai fazer ou precisa fazer neste momento.

Isso sempre nos remete àqueles velhos e antigos questionamentos filosóficos: "Por que
estamos aqui? De onde viemos? Qual o trabalho? Que missão viemos cumprir? Para onde
vamos?

Isso exige que nos livremos de dogmas, de teorias e ao dizer isso muitos podem pensar até
que "a Gnose não é mais uma teoria"?".

A Gnose não apresenta teoria; descreve um fenômeno, apresenta um caminho; descreve


uma jornada e te dá o mapa para você caminhar com as suas pernas. Se você apenas
intelectualizar isso e não se colocar a caminho ou no caminho, é evidente que será mais
uma teoria; nesse caso não cabe a nós criticar a Gnose.

Se a ciência nos dá as mesmas ferramentas e fórmulas, se nos ensina a fazer um


experimento num laboratório químico, ela está ensinando-nos química prática, não teoria
química; entendamos a diferença para que não criemos aqui um mata-burros que nos
quebra as pernas do entendimento.

Temos que nos desfazer dessas crenças que as coisas caem do céu; temos que caminhar. O
que podemos dizer é que os Mestres, Budas e instrutores da humanidade aparecem no
caminho daqueles que se põem a caminhar; isso podemos afirmar e confirmar. Quando isso
vai ocorrer, não sabemos, pois é relativo a cada um, mas ocorre; mesmo que nesses
momentos não tenhamos condição de ver, mas sabemos que ocorre; acreditem ou não.

Para comprovar tudo isso terão que fazer o que fizemos e aí saberão por si mesmos e não
porque alguém está dizendo ou disse antes ou escreveu, mas porque se pôs a caminhar.
Estas pequenas armadilhas da mente é que atravanca nosso progresso ou avanço na senda
espiritual.

Fomos condicionados a fazer especulações, projeções, a raciocinar, comparar, deduzir,


inferir, concluir logicamente, mas não caminhamos. Isso ocorre só em nossa mente, mas
caminhar é preciso. Portanto, nisso tudo, em todo esse cenário, transformar as impressões
joga um papel muito importante, porque transformar nossa vida é possível - e o que
significa transformar nossa vida?

Uma semente se transforma em planta, depois em árvore; o açúcar pode se transformar em


álcool e o álcool em vinagre. O chumbo se transforma em ouro; quimicamente não, mas
alquimicamente sim.

Um ser humano bruto, como nós, pode se transformar num ser superior, angélico ou de
outra natureza. Porque dentro de nós existem esses valores, potenciais ou a semente divina
para tal.

É possível o homem bruto, o animal intelectual transformar-se em Buda, em anjo, em


criatura de outra natureza psicológica. Isso quer dizer que em todos esses processos há a
morte de um e o nascimento de outro. Morre o homem nasce o Ser; morre a semente nasce
a planta ou a árvore.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

O que nos transforma ou nos mantém como criaturas brutas são as impressões da vida que
chegam à nossa mente por meio dos cinco sentidos. São essas impressões que movem a
máquina humana; que geram ações e reações que hoje são inconscientes.

Não sabemos por que rimos, nem como rimos; comemos certos alimentos e não sabemos
por que; agente diz: "ah! eu gosto!" Claro, houve um hábito, se formaram hábitos, mas
tudo isso se formou e aconteceu por causa das impressões. Impressões essas que entraram
em nossa mente sem que na época ou nos anos anteriores tenhamos tido consciência de que
isso estava ocorrendo.

Transformar as impressões brutas em consciência é possível e necessário ou nunca


deixaremos de ser criaturas brutas, mecânicas ou robotizadas. Isso que estamos dizendo
aqui e agora pode até soar como um jogo de palavras, mas de fato, se não fizermos uma
tomada de consciência sobre isso que denominamos vida. Isso não passa de uma corrente
ou correia de impressões brutas que nos move, nos conduz de cá para lá, de cima para
baixo, da direita para a esquerda, movendo-nos incessantemente dentro e fora.

Se não percebermos isso ocorrendo aqui e agora nunca faremos esforço algum para
modificar essa realidade. Porque essas palavras que estou dirigindo agora já provocam
ações e reações e chegam como impressão agradável ou desagradável. Essas palavras
agradam a alguns, mas desagradam a outros, e se ficamos nos extremos do agradável e
desagradável, do sim e do não, nunca perceberemos a essência, a realidade, aquilo que é.

Se algo nos agrada reagimos positivamente; se desagrada reagimos negativamente; se nos


elogiam sorrimos; se nos criticam fechamos a cara, mudamos o nosso humor; e assim essas
impressões da vida nos conduzem, nos mantém divididos nos extremos do sim e do não, na
dualidade da mente como diz o Mestre.

A vida não é feita de extremos; a vida é o vazio que está no meio; e podemos viver no
meio desde que nos pautemos pelos processos psicológicos compreensivos. Se não
reagimos nem para o sim, nem para o não, mas simplesmente mantenhamos o estado de
serenidade, contemplação, compreensão e compreendemos o que está ocorrendo, teremos a
percepção real, presente do momento do que está acontecendo, assim poderemos viver o
presente.

A realidade da vida está no centro e o centro é o estado de compreensão, estado receptivo,


aberto à compreensão. A isso denominamos estado contemplativo e não estado reativo.
Isso é o que precisa ser captado, compreendido e posto em prática.

Nossa conduta hoje tristemente é pautada pelos extremos; a vida não é feita, não acontece
nos extremos; a vida é o vazio e o vazio está no meio, no centro.

Vivemos no centro dos acontecimentos quando nos pautamos pelos processos psicológicos
compreensivos, não pelos processos reativos que sempre nos levam aos extremos.

O processo psicológico, intelectual, mental, compreensivo, nos torna receptivo; isto só é


possível vivendo de momento a momento um estado de contemplação.

Nossa conduta atual é pautada pelo sim e pelo não; portanto, é reativa; não se caracteriza
por um estado receptivo, contemplativo.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

É importante darmo-nos conta que viver no centro em estado receptivo, contemplativo,


equivale a estabelecer nossa existência sob os influxos do Santo Conciliar - que é a
compreensão iluminadora. Não sem motivo se diz que o Espírito Santo é o que nos
ilumina, nos dá iluminação; podemos viver em permanente estado desde que coloquemos
nossa vida sob os influxos do Santo Conciliar; isso é a compreensão iluminadora.

Viver no vazio ou sob o Santo Conciliar é mais simples do que parece a primeira vista.
Tudo que nos é pedido é darmo-nos conta ou despertarmos para isso; sair dos extremos e
passar a viver no centro.

A partir do momento que nos damos conta que somos manipulados pelos fios invisíveis da
vida ou das impressões brutas que nos chegam à mente, através dos cinco sentidos, aí
podemos mudar radicalmente nossa conduta, passando a viver no centro, no meio, no
Santo Conciliar.

Para alguns, ou muitos até, essas idéias que estamos colocando aqui e agora, talvez não
sejam tão fácil assim de captar, compreender ou entender, porque até hoje viveram nos
extremos, reativamente, e agora estamos falando de viver compreensivamente.

Devido a essa nossa experiência de vida, somos fortemente inclinados a crer que a vida em
si é como as impressões que nos chegam fazem crer. Estamos sugestionados, hipnotizados,
condicionados por esse mundo físico ou pelas impressões deste mundo. Alguns exemplos!

Se vemos uma pessoa sentada diante de nós usando esta ou aquela roupa, dessa ou daquela
cor; se vemos alguém que nos cumprimenta, nos sorri, isso para nós é a verdade, é o
mundo objetivo; mas se analisamos detidamente esse processo sob o ponto de vista
fenomenológico, perceberemos gradativamente que não é real; são as impressões, as
imagens desses objetos ou pessoas que chegam à nossa mente.

A mente toma as impressões como realidade, porque a realidade seria colocarmos as


pessoas, a cadeira, a árvore, o automóvel dentro da mente e, no entanto não é isso que
ocorre. Dentro ou para a mente chegam as impressões dos objetos, das pessoas, dos seres
exteriores ao nosso corpo; a visão ou a percepção dos cinco sentidos. O que chega são
apenas impressões e as tomamos como sendo a realidade.

Fomos condicionados a reagir segundo essas impressões; reagimos com violência se somos
agredidos, insultados, provocados, humilhados, feridos em nosso brio, amor próprio,
orgulho - porque nos ensinaram isso. Ensinaram-nos que para ser homens temos que reagir
dessa forma; assistimos muitos filmes que nos programaram a ser, a reagir desta forma e
então tomamos as palavras duras como sendo uma realidade, mas são meras impressões
sonoras, energia, áudio; nada mais do que isso; essa é a realidade.

Somos nós que damos o valor as impressões; somos condicionados a valorizar em milhões
de unidades uma provocação qualquer; valorizamos tanto uma provocação qualquer que
somos capazes de matar em extrema situação. Vamos analisar, refletir sobre isso até
compreendermos que nada disso tem importância, valor; somos nós que damos o valor às
impressões que nos chegam; e se não valorizarmos nada, morre, passa ao largo, não
penetra em nós, não movimenta reativamente a máquina orgânica, não faz que alguns ou
todos os nossos cinco centros psicofisiológicos reajam.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Não sei se consigo ser claro e didático o suficiente para passar o que nos acontece
fenomenologicamente a cada instante, a cada segundo, a cada momento de nossa
existência. Já dissemos aqui várias vezes e o Mestre Samael ensina e confirma. Se por uma
razão qualquer não tivéssemos nenhum dos sentidos, não existiria para nós isso que
denominamos mundo, vida, planeta, pessoas, árvores, carros e cidades - nada existiria.

Se focarmos no estudo análise e compreensão da fenomenologia das impressões e de como


elas nos movimenta ou fazem com que reagimos constantemente segundo um programa
prévio implantado em nosso cinco centros, dia chegará que mataremos essa charada e nos
tornaremos monges contemplativos em poucas horas e minutos; esse é o desafio e a
proposta.

Nós aqui, pessoalmente, até torcemos para que isso não aconteça abruptamente, porque
senão nos internariam em algum hospício; e não podemos ocasionar essa dor e sofrimento
aqueles que convivem conosco; mas a possibilidade existe; alguém pode chegar a uma
compreensão tão profunda disso que tratamos de dizer aqui e transformar-se num monge
contemplativo em poucas semanas ou dias; e as pessoas vão estranhar, "não te reconheço
mais, você está diferente, se tornou um estranho".

Para que não sejamos recolhidos a um hospício, melhor que essas transformações ocorram
lentamente; mas a chave, o principio, se resume nisso que estamos abordando nesta noite:
Perceber como as impressões nos movimentam, nos transformam em seres reativos e não
contemplativos.

Devemos estudar e analisar todo tipo de impressão, tanto as desagradáveis como as


agradáveis. Devemos estudar, por exemplo, aquela satisfação íntima que nos dá um elogio;
temos que estudar e ver o que se esconde atrás desse sorriso de satisfação; é porque alguém
movimentou nossos cordões invisíveis e nos fez sentir felizes, contentes; e se outro dia esta
ou outra pessoa diz exatamente o oposto, como é que vamos reagir? Talvez fechamos a
cara, rosnamos algumas expressões ou palavras. Onde está a realidade disso? Um dia
ficamos felizes, faceiros e no outro dia rosnamos - o que aconteceu conosco frente a um
evento e frente a outro evento?

Não deveríamos ter simplesmente vivido os dois exemplos contemplativamente,


serenamente, compreensivamente? Este é o nosso objetivo: alcançar este estado de
serenidade, não reação; e acho que todo mundo compreende o que estamos tratando de
dizer sobre isso.

Todos nós, na vida prática, ao longo de nossa vida, formou, temos formado, está dentro de
nós arquivado, acumulado, empilhado, sedimentado uma enorme quantidade de reações, de
programas, softwares; e são esses softwares que disparam uma imagem, como numa tela
de computador.

Vem a impressão que nos faz reagir; coloca em movimento o software, o programa que
está sedimentado, implantado em nosso disco, em nossa memória residente, permanente,
consciente, inconsciente e aparece uma imagem na tela mental; então sorrimos ou ficamos
com raiva, ira, mal humorado. Isso são os ressortes, os intricados, complexos e processos
invisíveis que ocorre dentro de nós tal qual um computador.

Porque os computadores modernos foram criados a imagem e semelhança do homem, da


mente humana, zero e um, sim e não, extrema direita e extrema esquerda.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Podemos romper com essa programação, deletar esses spywares e outros tantos troianos
que certos programas maliciosos carregam para dentro de nós sempre que não estamos
atentos a nós mesmos, sempre que permitamos ou desativamos o antivírus; assim as
impressões brutas chegam até nós.

Agora se estamos com o antivírus ligado, atualizado e operante, se transformamos as


impressões antes que elas cheguem aos nossos cinco centros, veremos que gradativamente
nossa vida começa a mudar.

O Mestre Samael sobre tudo isso nos dá uma prática que acho muito importante e vou
descrever aqui para que tenham a oportunidade de fazer cada um em sua casa.

Diz o Mestre que para conhecer melhor nossas ações e reações é importante que relaxemos
a mente. Para relaxar a mente primeiro devemos deitar ou recostarmos no solo, na cama,
numa poltrona; e relaxar os músculos do corpo pacientemente; depois gradativamente
vamos esvaziando a mente; vamos observando os pensamentos e desejos, os sentimentos,
as imagens; vamos esvaziando isso; deixando passar sem correr atrás, sem reagir; deixa vir
e ir; só observar nada mais; ficar atento observando; nem qualificar, nem defender, nem
justificar, nem se perguntar da onde vem, porque vem; apenas observe.

Haverá um momento, seja dali a cinco, dez, trinta ou sessenta minutos, a mente estará
quieta e quando a mente está em silêncio podemos investigar conhecer e perceber melhor a
nós mesmos; é nesses momentos de quietude, de silêncio da mente, quando de fato vamos
experimentar de forma direta a dura realidade de todas as ações ou reações de nossa vida
prática, daquilo que nos aconteceu durante o dia ou até aquele momento.

Porque quando a mente se encontra em estado de repouso percebemos essa multidão de


elementos, de sub-elementos, essas procissões de personagens, cidadãos que vivem dentro
de nós em nosso país psicológico; percebemos as ações e reações da máquina humana;
podemos perceber os desejos, os apetites, os condicionamentos, as memórias, as sensações.

As sensações são uma coisa terrível; são fontes de quantidades enormes de elementos e
sub-elementos dentro de nós. As paixões, os vícios, nascem a partir das sensações, da
memória das sensações e de querermos repetir, repetir, repetir e tornar a repetir essas
mesmas sensações. Foi ali que nasceu a luxúria, as sensações do corpo de estar junto a
outro corpo.

Estudem tudo isso profundamente e descobrirão, com a mente relaxada, como é escuro
nosso mundo interior. Esse é um exercício que podemos fazer diariamente; e por acaso
esse exercício a gente denomina de meditação introspectiva para se conhecer.

Todo mundo sabe meditar; não se prenda, não seja escravo de uma técnica, escola ou
orientação rígida sobre como meditar. Relaxe o corpo, a mente, observe-se; perceba o que
aconteceu e acontece, as memórias, os desejos, as lembranças, as imagens. Tudo isso tem
uma origem, uma causa nesta ou em outra vida. Gradativamente vamos descobrindo e
acessando tudo isso; não acontece em vinte e quatro horas, nem numa única meditação.

É preciso persistir, repetir, continuar, ser contumaz nesta prática, em realizar esse exercício
de não esquecimento de si mesmo. Viver de momento a momento com o firewall ativado,
além do antivírus; este é o isolamento hermético. O selo hermético que falamos em uma
conferencia há quase dois anos atrás aqui mesmo no PALTALK.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

A conclusão disso tudo é que a vida são as nossas impressões e essas podem ser
transformadas; tudo que precisamos é aprender a transformar as impressões; mas é claro
que não poderemos transformá-las se seguirmos apegados ou alimentando os cinco
sentidos. Temos que ativar o antivírus e o firewall como se fala em linguagem moderna.

O Mestre Samael no livro "Tratado de Psicologia Revolucionária" tem uma frase que é
muito importante trazer aqui e agora para análise e reflexão de todos.

Ele diz: "A experiência ensina que o trabalho esotérico gnóstico se é negativo ou não existe
deve-se unicamente ao fracasso de cada um de nós em realizá-lo".

Se não existe trabalho psicológico, nós que somos responsáveis, que não fazemos ou
fazemos mal feito ou pela metade. Não adianta alguém que não fez o esforço necessário,
chegar aqui, falar mal de nós como instrutores, da Gnose como doutrina, falar mal de
alguma escola gnóstica ou de qualquer outra escola; são pessoas que simplesmente não
fizeram a lição de casa, não foram bons alunos, operários; não foram e nem são bons
obreiros, trabalhadores da grande obra.

Como podem querer receber ou exigir pagamento de salário se não foram bons
trabalhadores? Não se paga trabalhador relapso, não se mantém trabalhador irresponsável,
relapso, nem neste mundo nem no outro. Isso é o que precisa ficar claro definitivamente,
para arrancarmos tantas fantasias inúteis que alimentamos em nossa vida, em parte graças à
pseudoliteratura esotérica que circula pelo mundo.

Especialmente está literatura mediúnica, canalizada; isso tudo é fantasia. Abandone essas
escolas, essas linhas de pensamento. Pois isso fez um mal enorme; projetou, criou fantasias
a cerca da vida iniciática, do caminho iniciático, dos mestres, do Nirvana, do Nibbana, dos
mundos superiores.

Temos que cair na real aqui e agora; tudo isso existe para quem trabalha seriamente,
responsavelmente, com dedicação, com lealdade.

A lealdade é uma virtude muito valiosa nos mundos superiores. Nenhum Mestre irá
conceder ou transmitir segredos a uma pessoa que não é leal, não é fiel. Eles não fazem
isso, porque sabem que se tornarão traidores e espalharão os segredos, e ao espalharem
essas revelações criarão muitos problemas pelo mundo junto às pessoas, junto aos irmãos
de escola.

Se ouvindo essas palavras ainda quiserem seguir acreditando em revelações de supostos


mensageiros extragalácticos, nada temos com isso; cada um é livre para eleger suas
crenças; não é disso que estamos falando. Cada um pode crer naquilo que quiser; pode
continuar crendo nos dogmas da religião em que nasceu; mas faça o trabalho sobre si,
transforme as impressões e um dia saberá por si só que é melhor abandonar pesos inúteis e
não querer está em todas as partes, em todos os lugares, não querer agradar a gregos e
troianos, mas sim escolher uma via que nos leva diretamente à fonte de todas as verdades,
sem intermediários.

Nós aqui nunca dissemos que queríamos ser intermediários de algo ou alguém; pelo
contrário temos dito e repetido contumazmente que cada qual deve caminhar com suas
pernas, aprender a caminhar e caminhar firmemente rumo à própria sabedoria que está
dentro de si esperando ser desenterrada.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

A mente, como agora se encontra, não serve para nada; precisamos que nossa mente seja
organizada; ela precisa ser remodelada, decorada; ser elevada ao nível superior ou ao
centro intelectual superior. Viver segundo o centro intelectual ou mental superior, não esse
do intelecto do sim e do não, do zero e do um, esse que é um computador, que tem piloto
automático.

Quando formos tratar de transformar as impressões, que recebemos durante o dia,


precisamos reconstruir a cena tal qual ela sucedeu; e averiguar, confirmar, verificar o que
foi que mais nos atingiu; aquilo que mais nos feriu e fez com que reagíssemos mais, aí
precisamos concentrar a maior parte do tempo ou atenção. Porque se não houver digestão,
transformações dessas impressões que ali estão dentro de nós, que ainda estão
reverberando, se transformarão em ego dentro de nós ao longo do tempo.

Por outro lado, se a partir de agora passarmos a cortar esse alimento, impressões brutas,
instalarmos o antivírus e o firewall, é claro que aquilo que está dentro de nós não irá
receber seu alimento diário e vão enfraquecer e enfraquecendo torna-se mais fácil eliminá-
los junto com a Mãe Divina.

Evidentemente temos que fazer nossa tarefa que é estudar, analisar, darmo-nos conta,
compreender e depois dizer, “mãezinha já estudei esse defeito; isso não tem nada a ver
comigo; e lamentavelmente criei isso em outros tempos; mas, por favor, elimine isso de
mim; não quero mais isso; está em mim, mas não sou eu eu criei, mas isso não sou eu;
suplico-te, elimine tudo isso de mim”.

Faça suas petições, suas cadeias de morte com palavras simples como lhe fala o coração;
não use fórmulas complicadas, porque ninguém precisa de fórmulas para falar com sua
mãe, não esqueçam disso.

Cada um tem sua mãe e deve se dirigir a ela com palavras simples como criança. É
evidente que durante o dia nos afetam muitas impressões; então devemos ter uma ordem
para estudar; darmo-nos conta, tomar consciência disso e rever os estragos que
eventualmente ocasionaram.

Porque todos nós aqui sabemos, já que todos têm computador; quando um vírus entra em
nosso computador, é porque falhou o antivírus ou o firewall estava desconectado; isso
ocasiona um estrago e muitas vezes até destrói o disco rígido.

Assim também quando a impressão bruta penetra em nós pode ser que haja uma implosão
interna, um ataque de fúria, um rasgar de vestes como dizia o Mestre Samael. E para que?
Nada muda; nada mudou rasgando as vestes, implodindo, jogando prato e xícaras contra a
parede, como mostram nos filmes e muitos fazem na vida real.

Precisamos nos tornarmos analíticos, judiciosos, para transformar as impressões que


chegam diariamente até nós, até nossa mente, pois fazendo isso, limpando-nos, aparecerão,
surgirão dentro de nós faculdades superiores de auto-observação, de percepção, de
intuição, de visão instantânea da verdade, da realidade interna; isso surgirá naturalmente.

Enquanto seguirmos vivendo como sempre fomos, sempre seremos ridículos; sempre
faremos papel vergonhoso; faremos cena, barraco. Isso ocorre porque não trabalhamos
sobre nós. É preciso digerir as impressões no mesmo dia; não permita que o sol se esconda
no horizonte tendo ira dentro do coração ou na mente.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

É preciso ver as coisas como são, contemplativamente, compreensivamente, e passar a


criar agora neste momento uma espécie de estômago mental capaz de digerir todas as
impressões brutas que chegam a nós, para que assim deixemos de ser vítimas das
circunstâncias da vida, das palavras, das impressões ocasionadas por outras pessoas.

* O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações


para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada ao vivo dia
06.03.2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de
texto: Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

MUDAR IDENTIDADE, IMAGEM E VALORES


12.03.2007

O tema desta noite é A NECESSIDADE DE MUDAR A IDENTIDADE, A IMAGEM E


OS VALORES HUMANOS. Estas conferências estão seguindo uma ordem baseada na
obra síntese do Mestre Samael denominada A Revolução da Dialética.

“Todos nós somos movidos segundo as impressões internas e externas” - Com esta frase,
sintetizamos a conferência anterior que falava exatamente sobre as impressões e de como
devemos transformá-las permanentemente, diariamente. Por que e como somos movidos,
isso se deve aos valores, às imagens e à identidade de cada um de nós. Por conseguinte,
nossas reações, nossa conduta sempre será não-reta enquanto nos pautarmos pelos falsos
valores, pela falsa imagem e identidade.

Isso significa que precisamos mudar urgentemente de imagem, valores e identidade. Isso é
o que o Mestre Samael dizia que é uma revolução integral. Precisamos da identidade, dos
valores, da imagem do Ser. Até agora, o presente momento, até os dias atuais, desde que
nascemos, fomos ou éramos movidos pela falsa identidade - que é o ego - pelos falsos
valores dos egos e pela falsa imagem, que é a personalidade.

De um lado, temos os defeitos e de outro temos as virtudes. Ou, de um lado, temos o ego e
de outro as partes baixas de nosso próprio Ser que são denominadas de virtudes, donzelas,
virgens, esposas, princesas, segundo consta na literatura sagrada. Podemos dizer e colocar
frente-a-frente o Ser e a personalidade.

Nossa conduta deve ser aprimorada a ponto de refletir aqui, neste mundo, exatamente os
mesmos valores, a mesma imagem e a mesma identidade de nosso próprio Ser. Isso
traduzido significa fazer a vontade do Pai tanto no céu quanto na terra. Em termos práticos
e concretos, no aqui e agora, significa andar, rir, falar como nosso Ser; sermos exatamente
e nos comportarmos, agirmos e atuarmos exatamente como age, como se movimenta,
como se expressa nosso Ser e também nosso Pai. Para isso, ensina o Mestre Samael, de
uma forma muito clara e precisa, precisamos usar de um meio, de um sistema realista de
trabalho sobre nós mesmos, se é que, de verdade, queremos conhecer todo nosso potencial
e alcançar os tesouros do espírito.

É necessário melhorar a qualidade dos valores, da identidade e da imagem nossa. Isso


porque fomos educados para negar nossa autêntica identidade, nossos valores legítimos e a
imagem verdadeira. Hoje nós aceitamos a cultura negativa que foi instalada subjetivamente
em nossa mente, em nosso interior e seguimos o caminho da menor resistência. Precisamos
transformar essa cultura subjetiva numa cultura objetiva baseada nos valores do Ser; não
do ego, da personalidade humana. Seguindo assim a linha do menor esforço, da menor
resistência, a cultura subjetiva dessa época caduca, degenerada, decadente, o Mestre
Samael afirma, e concordamos, que é, sem duvida alguma, um absurdo!

Portanto, precisamos passar por uma revolução total, por uma mudança definitiva nesses
aspectos de imagem, valores e identidade. Aprendemos com o Mestre que a imagem
exterior de cada um de nós e tudo isso que acontece à nossa volta ou tem acontecido ao
longo de nossa vida, são o resultado preciso e exato de nossos processos psicológicos
interiores e de nossa imagem interior; no caso, a falsa imagem da personalidade.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Vale a pena, portanto, fazermos uma reflexão a cada momento de nossa vida: "o que
estamos projetando nesse preciso instante - valores do Ser ou da personalidade, da mente,
do ego?".

Quando falamos em conduta reta, sempre nos referimos a expressar os valores do Ser, as
virtudes, essas jóias preciosas que todos temos, mas que estão adormecidas dentro de nós.
Quando falamos em imagem ou auto-imagem devemos ser bastante precisos. Em Gnose,
quando se fala em auto-imagem, aquela imagem gerada por si só, o reflexo da divindade
em nós, a percepção que temos de nossa própria Divindade, isso é a imagem de nosso Ser.

Quem é que conhece a natureza do Ser? Só por meio de uma vivência, de um Samadhi de
último grau poderemos experimentar diretamente esta natureza. Fora isso, podemos
acessar, depois de alcançar a iluminação obviamente, e interagir com essa imagem
projetada de nós mesmos, que é nosso Ser do qual somos derivados, partes integrantes. O
que precisamos fazer é descobrir em nós mesmos esses tesouros de inteligência que estão
contidos dentro ou além da mente; precisamos libertar isso; essas reservas de inteligência
são as diversas e distintas partes de nosso Ser que nos orientam, ensinam, conduzem no
trabalho relacionado com a desintegração do ego e da liberação da mente desse mesmo
ego.

São essas reservas de inteligência ou de consciência contidas na mente ou além da mente


que nos pautam no trabalho relacionado com a liberação da mente, porque a mente hoje
está aprisionada pelo ego; conseqüentemente, a própria mente é vitima dos falsos valores.

Quando falamos em valores do Ser, são esses valores que constituem isso que chamamos
de inteligência. No mundo de hoje, confundimos intelecto com inteligência. O intelecto é a
parte racional da mente; nada tem a ver com a inteligência, pois ela é o mesmo que
consciência.

Aqui em nosso mundo dizemos de uma pessoa muito bem informada que ela é um gênio,
quando na verdade não passa de um CD ou DVD que contém gravadas em si milhares de
informações; mas de inteligência não tem nada. É capaz de recitar textos inteiros de
enciclopédias e biografias, porém tudo isso foi copiado, escaneado de alguma fonte
exterior; isso não lhe consta, não foi vivido, experimentado... Portanto, não existe
inteligência aí; existe apenas memória intelectual, que se apaga quando a gente morre,
quando passamos pelos processos do desencarne.

Isso é como passar um campo magnético perto de um disco rígido de um computador:


apaga tudo. A morte é isso: apaga tudo da memória intelectual da atual existencial. Dessa
forma, temos de ir além, despertar os valores da consciência e fazermos consciência de
tudo que ocorre dentro e fora de nós. Precisamos saber das coisas diretamente, por
observação, por experiência, experimentação direta; isso é o que ensina a Gnose. A Gnose
não é uma montanha de livros para ser escaneada pelo intelecto e armazenada em nossa
memória, que desaparece no momento da morte, pelo choque elétrico dos processos
mesmos da morte.

Repetindo e confirmando junto aquilo que nos ensina o Mestre, as reservas de inteligência
são as diversas partes do Ser que nos guiam e orientam no trabalho psicológico relacionado
com a aniquilação do ego e da liberação da própria mente. Quando um de nós aceita que a
mente está engarrafada, aprisionada, multifacetada, esfacelada, fragmentada pelos
inúmeros egos que carregamos, isso já é um sinal que começamos a amadurecer

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

espiritualmente falando; já demos um passo rumo à iluminação ou a esse despertar


espiritual. Porém, se continuamos pensando como sempre fomos, condicionados a pensar
desde que nascemos, é um sinal inequívoco que ainda continuamos como sempre;
pensamos segundo as idéias e inteligência alheias, segundo os condicionamentos
intelectuais alheios, segundo os valores dessa sociedade caduca e degenerada.

Como podemos aspirar, anelar algum avanço, iluminação, liberação do Samsara, desta vida
ou do karma? Não há como, e lamento dizer isso. Oxalá possamos compreender a realidade
disso, porque somente os valores da inteligência, do Ser, podem liberar a mente e isso se
dá mediante a desintegração dos elementos psíquicos ou psicológicos dos quais tanto fala a
Gnose.

A estas alturas os ouvintes, os estudantes quase sempre perguntam: "sim, entendi isso,
compreendi, concordo até, mas o que devo fazer para mudar? Como posso realizar isso em
mim aqui e agora a partir desse momento?".

Aí entram os aspectos que tantas vezes falamos nestas conferências semanais. Entram aí a
auto-análise e auto-crítica; porém não podemos fazer uma análise, nem uma auto-crítica
sincera, real, profunda, criteriosa se primeiramente não aprendemos a nos auto-observar.
Porque é o exercício de momento a momento do não-esquecimento de si mesmo ou da
auto-observação que nos fornecerá o material psicológico para realizarmos a auto-analise e
também a auto-crítica criteriosa, honesta.

Devemos ser sinceros conosco mesmos e fazer uma dissecação do ego, do eu ou dos egos
que se manifestaram durante o dia, nos sucessivos eventos, usando para isso o bisturi da
autocrítica; devemos aprender a analisar criticamente nossa própria conduta; é disso que se
trata, simples assim.

Entretanto, temos a marcada tendência de criticar os demais. Muitas pessoas dizem que
não sabem fazer uma autocrítica, mas são mestres em criticar os seus semelhantes. Isso não
procede; todos nós sabemos criticar sim, só que estamos fazendo crítica para o lado errado;
sempre estamos julgando, analisando, dissecando, murmurando acerca do nosso pobre
irmão, do nosso semelhante, quando deveríamos fazer isso de uma maneira mais científica
acerca de nós mesmos e não do outro. Deixemos o nosso semelhante, o nosso irmãozinho,
viver a sua vida; ele tem direito a cometer os erros que quiser e a viver como ele quiser
sem que isso nos diga respeito. É por isso que o Mestre Samael diz que é um absurdo
criticar os erros alheios.

O fundamental é descobrir nossos erros e logo tratar de desintegrá-los a base de uma


rigorosa análise crítica e profunda compreensão. A estas alturas muitos poderão dizer ou
pensar consigo mesmos: "os sistemas da Revolução da Dialética são longos, demorados,
complicados, difíceis".

A impaciência é um terrível obstáculo para o avanço nesse trabalho; os impacientes


fracassam, nas palavras do próprio Mestre Samael, as quais acabamos confirmando ao
longo de todos esses anos. Descobrimos e confirmamos que não existe outro caminho, nem
atalhos. Muita gente acha que tomando chá por aí em vivências de final de semana estão
conseguindo despertar sua consciência. Não têm a menor idéia em que estão embarcando,
para onde vai levar esse trem, essa canoa ou esse navio.Podemos afirmar categoricamente
que não estão pegando o rumo do astral superior, nem o rumo da iluminação ou do

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

despertar da consciência. Digam o que disserem, mas isso nos consta; é assim, fiquem
alertas.

Não queremos criticar os outros irmãozinhos que fazem uso deste expediente; isso não nos
interessa; cada qual decide e pauta sua vida. Porém, como instrutores representantes de
uma instituição gnóstica bastante antiga aqui no Brasil, devemos dizer a verdade mesmo
que nos ataquem, nos critiquem, nos desprezem; estamos aqui para isso.

Aqueles que querem mudanças rápidas e imediatas dentro da sua psicologia pessoal,
acabam criando leis ou normas rígidas, ditaduras mentais próprias, psicológicas. Acabam
criando sistemas que escravizam não só a si mesmos, mas serve de instrumento de tortura
para a companheira e filhos. Eu mesmo testemunhei ao longo desses anos muitos pais de
família que impuseram à força os supostos critérios que a Gnose ensina. O resultado disso
foi um massacre da esposa e dos filhos ou, o reverso, do esposo também, pois muitas
mulheres fazem isso também com seus maridos.

Um dia desses alguém me relatava o caso de um parente que havia se divorciado porque o
marido queria a vida dele de volta; e ela era uma líder, como é ainda hoje, de uma das
linhas gnósticas por aí pelo Brasil; e tornou-se tão rígida que preferiu o divórcio a viver a
Gnose em fatos concretos e ser flexível, respeitando o outro – no caso, o seu próprio
marido.

Mudanças rápidas não existem e quando falamos assim da maneira que ensinamos não
queremos gerar pressão em ninguém; queremos despertar o sentido da responsabilidade;
motivar para este acordar que é necessário; porque sem isso, tudo seguirá como sempre foi.
Se até hoje vivemos em trevas, adormecidos, longe da Divindade ou da luz Divina, isso se
deve exclusivamente a nós e a ninguém mais. Nenhuma escola é responsável por isso. Bem
verdade que sistemas de escolas ensinam certas normas, porém somos livres para fazer
análises criteriosas, fazer o discernimento, fazer a dissecação.

O Mestre Samael sempre dizia: "não quero seguidores, quero pessoas livres, que saibam
pensar por si mesmas, pautar sua vida". A Gnose veio mostrar um caminho, trazer um
sistema, uma maneira que ensina o como pensar, para que cada qual primeiro investigue
sua maneira de pensar. É um esquadro e um compasso, como diria algum maçom aqui,
para medir, avaliar e traçar rotas, rumos e fazer os cálculos necessários de qualquer
operação física ou metafísica.

Quanto a essas mudanças da noite ao dia, violentas, radicais, inflexíveis, ultrapassando


objetivos, devemos ser disciplinados. Para muitos, certas palavras nossas soam fatalistas,
como alguns manifestaram em privado. Não somos fatalistas; nesse caso o Mestre Samael,
a Gnose, o Budismo gnóstico, os Mestres que estão acima de nós, são fatalistas. Porque
todos se pautam dessa maneira; são diretos no falar, não existe meia palavra. Uma coisa é
ou não é. Onde está a fatalidade disso?

Somos livres para fazer ou não fazer. É assim, simples e direto, não tem complicação. Isso
é coisa de brasileiro buscar explicações e fazer perguntas sem sentido. Aqui mesmo nesse
fórum deparamo-nos com perguntas absolutamente desnecessárias. É mais ou menos como
você chegar numa estação rodoviária e no guichê da empresa de ônibus está lá: “próxima
partida Curitiba/São Paulo 15h30min”; então você chega e pergunta para o atendente: "a
que horas sai o próximo ônibus?". É a mesma coisa que perguntar: “o ônibus das três e
meia vai sair às três e meia?”.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Será que isso existe, não colocou o aviso errado, esqueceu de tirar o aviso do painel? Com
estas perguntas desnecessárias o outro lê, interpreta e entende que estamos fazendo tudo
isso. E quando alguém responde "como você pode ver, o próximo ônibus sai às três e
meia!", ficamos “sem graça” e até costumamos dizer: "puxa, que sujeito mal-educado".
Será que ele foi mal-educado ou nós é que somos adormecidos em demasia?

Devemos fazer auto-análises criteriosas e, quase sempre, a conclusão é que o erro é nosso e
não do outro. Devemos voltar a criticar a nós mesmos, rever nossos procedimentos frente a
qualquer evento. Sobre isso e, especialmente, sobre a auto-imagem, o Mestre Samael faz
um alertal trata-se do seguinte: "quando buscamos nos identificarmos, imaginarmos,
valorizarmos a nós mesmos corretamente, não devemos confundir isso com a doutrina da
não-identificação". Quer dizer que em vez de retermos em nossa mente uma cultura caduca
e degenerada, necessitamos reeducar a nós mesmos, precisamos buscar, ter um conceito
exato sobre nós mesmos, uma vez que hoje todos nós temos um conceito falso de nós
mesmos - essa é a dura realidade.

Sempre imaginamos uma coisa que é fantasiosa, projetamos coisas acerca de nós mesmos
que não correspondem à verdade; portanto é inadiável, agora, reencontrarmos a nós
mesmos, autoconhecermo-nos, reeducarmo-nos e revalorizarmo-nos corretamente; é disso
que se trata. A mente, o intelecto condicionado pelos egos, pela personalidade, desconhece
os autênticos valores do Ser; como é que a mente pode reconhecer algo que jamais
conheceu, viu ou experimentou na sua vida?

Isso quer dizer que a liberdade mental só é possível liberando-se a mente dos egos, pois
são os falsos conceitos dessa identidade pessoal que amarram, engarrafam, aprisionam,
fragmentam nossa mente. Se somos confusos externamente isso é tão só um reflexo do que
somos dentro de nós: confusos, perdidos, não sabemos o que queremos, somos jogados e
levados de lá para cá e daqui para lá, não é isso que acontece conosco?

Reflitamos sobre essas coisas, façamos reflexões serenas sobre isso buscando a verdadeira
imagem, o verdadeiro conceito de nós mesmos. Como podemos conhecermo-nos se não
nos exploramos e como podemos nos explorar se não temos um esquadro e um compasso
exatos e precisos para isso?

A divindade, a cada dois mil anos, manda-nos um Cristo, um esquadro e um compasso


para que possamos fazer essa tarefa, como também de tempos em tempos manda um
Avatar especial que nos traz novas medidas, valores, padrões para que possamos nos
avaliar. E o que fazemos?

Enforcamos, degolamos, crucificamos, perseguimos, caluniamos. Resumindo isso,


queremos dizer o seguinte: qualquer um de nós é o resultado dos seus próprios processos
mentais ou psicológicos e hoje os pensamentos humanos são negativos e prejudiciais em
noventa e nove por cento.

A convivência na sociedade, na família, no trabalho proporciona-nos autodescobrimentos,


auto-revelações se estivermos atentos, em auto-observação permanente. Se estivermos
atentos, os defeitos sobem à superfície de maneira espontânea, e então podemos nos ver
como somos, capturar nossa verdadeira aparência psicológica, nossa identidade que, no
caso, vem a ser uma falsa identidade, porque se refere à identidade do próprio ego.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Diz o Mestre que todos os seres humanos, no fundo, são narcisistas ou enamorados de si
mesmos. Isso é amor próprio em alto grau e o próprio Mestre dá como exemplo o seguinte:
observem um cantor num palco, num teatro, na televisão; ele está profundamente
enamorado de si mesmo; adora-se, idolatra-se. Quando vêm os aplausos ele atinge o ápice
da sua auto-adoração, pois justamente fez tudo isso para ser aplaudido; isso é o que
necessita, o prêmio, o que quer, busca.

E nós, quando fazemos algo, o que queremos? Buscamos algum resultado, algum
reconhecimento, algum aplauso, algum tapinha no ombro, alguma palavra de incentivo tipo
"parabéns, excelente trabalho", é isso que esperamos? E se alguém não nos fala nada, nem
nos dá tapinha no ombro, nem incentiva, de repente nos flagramos pessimistas, derrotados,
cabisbaixos ou com estado de humor alterado? Quantas vezes isso ocorreu em nossa vida?
Eu sou sincero em dizer que isso ocorreu no passado comigo também, não posso negar.

A vaidade é a viva manifestação do amor próprio; o eu enfeita-se para que outros


reconheçam isso, o elogiem e o adorem.

No mundo moderno, muitos de nós, quem sabe, fazemos musculação nas academias, para
quê? Observem a maneira dessas pessoas caminharem nas ruas; modelamos nossos corpos
para ganhar elogios, afagos e para exibição. Os grandes parques, nas cidades, as praças
públicas, são verdadeiros centros de exposição humana; isso todo mundo sabe; não estou
dizendo nenhuma novidade. Só estamos aqui constatando por escrito para que cada qual
possa fazer a mesma coisa diante do espelho da autocrítica na intimidade de si mesmo
todos os dias e noites porque isso se disfarça de mil maneiras. Podemos não ter um corpo
lindo para exibir, mas podemos ter outras coisas que queremos mostrar e exibir para
receber prêmios, palmadinhas, reconhecimento, aplausos ou elogios.

A conduta reta caracteriza-se por uma conduta lacônica, livre do próprio Ser, sem pensar
em reconhecimentos e aplausos. Isso é ser livre, agir soltamente, livremente, porque assim
expressamos os valores do Ser. Lá atrás, quando todos nós éramos crianças, até os
primeiros anos, éramos lindos e maravilhosos, destituídos de qualquer artificialidade,
porém, pelos quatro, cinco, sete anos, quando o ego já tomou controle de boa parte de
nossa mente e personalidade ainda infantil, estes traços de beleza, inocência e pureza vão
desaparecendo ou já desapareceram em parte, e então vemos uma criança manhosa,
birrenta, que fala palavrões, e já tem uma conduta inadequada. Isso ocorre pelos falsos
valores dessa sociedade, pelo processo de imitação dos amiguinhos, coleguinhas, da
televisão e, muitas vezes, pela conduta dos próprios pais em sua casa.

Muitos escrevem perguntando: "como devo educar meu filho?" Só respondemos: "pelo
exemplo; seja o exemplo, menos palavras e mais conduta, assim teu filho te seguirá,
imitará os valores do teu Ser, não os falsos valores da personalidade e do ego".

É assim - a educação gnóstica é essa, não tem outra. Um dia desses, estava andando pela
rua e ocorreu de uma mãe passar ao lado com seu filho pequeno; calculei que devia ter uns
cinco, quatro anos e não pude deixar de ouvir o que o menino estava comentando com sua
mãe. Estava falando do Homem-Aranha, e de como era legal o Homem-Aranha, o
uniforme do Homem-Aranha; acho que o menino conversava com sua mãe para que ela
comprasse uma camisa do Homem-Aranha. Não pude deixar de perceber as coisas naquele
momento.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Nossos heróis do mundo de hoje são os super-heróis dos quadrinhos e do cinema. Hoje
idolatramos super-homens, homens-aranhas e batmans; já não mais cultivamos os deuses e
deusas como se fazia no antigo Egito ou nas antigas civilizações solares, nas quais todos
nós, desde pequenos, éramos ensinados a respeitar, amar e servir; os deuses são os
autênticos heróis da vida e do Universo, desde que o mundo é mundo; são os deuses e as
deusas que são os verdadeiros heróis e heroínas; eles têm se sacrificado por nós e talvez
aqui, hoje, neste momento, pouca gente se dá conta do esforço, do trabalho, do sacrifício e
do sangue que esses deuses e deusas verteram para que este mundo pudesse seguir girando.

Os deuses encarnam, ganham corpo físico em corpos masculinos e femininos;


conseqüentemente, são deuses encarnados e, como deuses encarnados, vertem, derramam
seu sangue para fecundar esse planeta e para que ele possa dar vida, consciência, luz,
inteligência. Infelizmente, os demônios também encarnaram, encarnam e fazem o trabalho
oposto, e isso resulta em guerras. Quantas missões que podemos identificar na história
humana que foram tocadas por boddhisatwas, deuses e mestres que aqui encarnaram para
levar essas missões e não temos idéia de quanto isso custou àqueles que participaram
dessas missões, inclusive chegando alguns desses a praticamente a terem metade de seu
corpo enterrado já no inferno e de lá estão sendo, nestes momentos, resgatados. Os deuses
não abandonam os seus, aqueles que lhes servem; fazem enormes sacrificios para nos
resgatar se temos ou tivermos méritos para tal.

Essa é a realidade; não estou falando de super-heróis; estou falando de heróis verdadeiros,
de seres que estão aí, próximo a nós, ao nosso lado, se os invocarmos. Bem verdade que
somos cegos e surdos, nada vemos nem ouvimos, nada sabemos. Quando alguém traz
alguma mensagem direta desses, ainda é ridicularizado, mas enfim sabemos que essa é a
moeda de troca, como diria o Mestre Samael, dessa humanidade apodrecida até os ossos.
Nem por isso os deuses e as deusas encarnados aqui deixaram de fazer o seu trabalho, pois
eles sabem que a moeda de troca ou pagamento não é a gratidão, pelo contrário, é a traição,
a ingratidão.

Precisamos fazer de tudo para que em nós surja essa luz, que venha a se tornar uma espécie
de autojuízo de nossa conduta, de nosso procedimento. Porque quando tivermos esses
valores do Ser liberados dentro de nós, mais preciso tornar-se-á nosso julgamento para
conosco mesmos, sem a intervenção de processos de autopiedade, porque não é disso que
falamos. Falamos de juízo interior, da voz da consciência, onde não existe autopiedade,
autocomiseração e outros autos que são falsos valores do ego, o qual se utiliza destas
artimanhas ou artifícios para continuar vivendo nas zonas obscurecidas dos trezentos e
setenta mil clãs ou circunvoluções de nosso cérebro.Toda pessoa que é submetida ao seu
autojuízo converte-se de fato, por direito próprio, num bom cidadão, esposo, esposa,
missionário, instrutor, pai, filho. Assim, então, conquistamos a conduta reta esperada.

Durante o dia, na auto-observação, temos de buscar identificar, conhecer e reconhecer


nossas íntimas contradições; isso é importante. Essas contradições existem devido à
pluralidade do ego, os múltiplos eus. São essas contradições que amargam nossa vida e
existência. Nascemos para ser pedreiros, mas queremos ser mestres-de-obras; isso já
envolve um processo de ambição e talvez não estamos capacitados para sermos mestres-
de-obras. Porém a ambição, a cobiça, amarga nossa vida. Se somos sargentos numa força
armada, quem sabe ambicionamos ser oficiais, coronéis, majores ou capitães e essa
ambição amargura–nos a vida.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Muitos de nós trabalhamos a vida inteira para conseguir construir aquela casa própria
idealizada, grande, magnífica, bonita. Há o direito e pode-se trabalhar para isso e não há
crime nisso. Porém, muitos, quando conseguem plasmar esse sonho, vão morar finalmente
um dia nesta casa, e aí finalmente se dão conta que muito daquilo que os moveu a plasmar
esse sonho não era real. Vão perceber que dentro de si o vazio continua e sua vida continua
sendo amarga como era antes, quando moravam numa casinha menor e até descobrem que
a casa ficou grande demais; dá muito trabalho, consome muito material de limpeza e se
arrepende e começa, então, a idealizar uma outra casa.

Necessitamos ver essas íntimas contradições e buscar os valores autênticos que realmente
permita-nos desfrutar e viver na felicidade da convivência com nossos irmãos e
semelhantes. Essas experiências amargas, desilusões, fazem-nos ver de forma direta e clara
que este mundo é ilusório, é Maya. Muito do que acreditamos ser real é apenas uma
projeção da mente. Essa projeção desfaz-se quando conseguimos agarrar, ter ou possuí-la
e, então, vemos que não era nada daquilo. Mas aí quantos anos da nossa vida já se
passaram, quanto capital gastamos nisso, quanto esforço, quanto trabalho?

Os verdadeiros ideais são espirituais; estamos nesse mundo de passagem para aprender e
quanto mais aprendermos e experimentarmos, melhor! Estamos aqui para servir aquele que
nos enviou para cá. Claro que, hoje em dia, temos karma a pagar também; então além de
trabalhar aqui para pagar nossas dividas, servir à Causa, temos que plasmar em nós os
valores de nosso Ser, para que, assim, cumpramos com o verdadeiro motivo e razão pelas
quais fomos enviados aqui a este mundo ou sairemos daqui vazios, enganados, com
frustrações ou simplesmente com a percepção clara e direta, no momento da morte, de que,
tristemente, não fizemos aquilo que viemos fazer, mas nesse momento já é tarde.

Não há como alcançar essa felicidade com tantas contradições dentro de nós. Por isso o
foco na Gnose é primeiro eliminar a origem, a causa, as contradições, os problemas, as
amarguras, as frustrações que são nossos desejos. Viver uma conduta reta para podermos
partir desse mundo, quando a hora chegar, em paz, com o coração tranqüilo. Por isso que a
Gnose é muito enfática em dizer que é necessário acabar com o eu pluralizado. Porque este
é a origem secreta de todas as nossas contradições, sofrimentos, amarguras e também das
causas existênciais ou eterno retorno.

Aqueles que conseguiram dissolver grande parte do ego já possuem concretamente um


centro permanente de consciência, que foi motivo de uma outra conferência aqui e que
comentamos largamente na primeira conferência deste ano de 2007. Na vida prática,
observamos que no mundo existem muitas escolas e sistemas e muitas pessoas ficam para
lá e para cá mariposando de escola em escola, sempre carregando consigo suas íntimas
contradições, sempre insatisfeitos, vazios, buscando, dizem, “o caminho”, mas não o
encontram, mesmo que esteja ao lado ou diante dos seus olhos.

Como alguém um dia desses expressou, "eu exijo que a Loja Branca envie aqui a este
mundo um Mestre para que nos mostre o caminho", e nós respondemos: "mesmo que
enviasse, um adormecido não saberia reconhecer", como de fato não sabe. Quantos
Mestres vieram aqui e o mundo não soube reconhecer?

Cada qual deve despertar; então poderá reconhecer onde está o Mestre, a via e o caminho;
não antes, nem por outros meios, por outros artifícios, pois o eu não deixa ver o caminho
da verdade; descobrir o caminho da verdade significa suicídio para o ego. Então ele faz de

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

tudo para que não vejamos a verdade, a vida como ela é. Por isso que o Mestre Samael
sintetiza da seguinte forma: "o pior inimigo da iluminação interior é o ego".

Compreendamos, vamos refletir e fazer uma meditação sobre isso. Para complicar tudo o
ego é tão esperto, ladino, astuto, que ele também faz boas obras e chega a ganhar méritos,
as pessoas aplaudem. Mas, ainda assim, mesmo fazendo essas boas obras de caridade ele
não poderá iluminar-se.

Por isso, em Gnose, dizemos que devemos buscar a iluminação, pois todo o resto nos será
dado por acréscimo, e não podemos chegar à iluminação sem primeiro ter um centro
permanente de consciência que equivale a não ter egos.

Compreendam isso, pois esse é o ponto central de todo o trabalho que temos de realizar
sobre nós mesmos. Quando conseguimos liberar-nos, nem digo cem por cento, mas
conseguimos libertar uns trinta, quarenta por cento dos processos da mente, intelectuais,
que são os mesmos processos do nosso ego-personalidade, então a mente começa a se
tornar um instrumento maleável, plástico, útil, porque começa a tornar-se receptiva,
contemplativa, começa a cooperar com os propósitos internos ocultos de nosso próprio Ser,
acaba tornando-se um instrumento útil que vem a somar com os propósitos de nosso Ser e
não a sabotar o trabalho, como faz hoje.

A lógica superior convida-nos a pensar que se emancipar da mente equivale concretamente


a despertar a consciência e terminar ou acabar com os automatismos e mecanicidades que
todos carregamos até agora, até hoje ou até há pouco tempo sem que tenhamos nos dado
conta disso. É óbvio que quem precisa libertar-se de todo esse processo, dessa maquinaria,
dessas mecanicidades é a consciência.

Essa consciência é aquilo que de alma temos em nós; são os valores do Ser que neste
momento temos dentro de nós; é tudo que temos de alma e de Ser neste momento e,
mesmo assim, está condicionado pela mente; daí a urgência de emanciparmo-nos dos
processos de raciocínio, de comparação. Essas idéias, crenças, valores que por aí circulam
na pseudo-literatura, seja ela esotérica, cientifica ou religiosa de uma pseudociência ou
religião, somente servem para torturar nossa vida ainda mais.

Começamos, de fato, a ser felizes, a termos luz própria, quando vamos libertando-nos,
emancipando-nos do intelecto. Para isso, devemos romper com essa luta, com essa
dualidade mental, com os processos de sim e não, comparativos, dedutivos de negar e
aceitar e passar a viver em estado de permanente contemplação, compreensão, mente
passiva, receptiva.

Ficamos agora à disposição de todos para eventuais acréscimos, adendos que quiserem
fazer ou venham a colocar aqui.

Perguntas

P: As altas patentes e recompensas sempre vêm em função da perfeita execução do


aqui e agora em nosso mundo! A questão, então, são os desejos ocultos, pois tendo eles
por ambição ou não, as recompensas sempre vêm?

R: Vivemos num mundo que se caracteriza pelos valores do ter e não do Ser. Na luta pelo
ter vale tudo; é uma guerra suja. Enquanto que a luta pelo Ser é desvalorizada, desprezada,
ridicularizada, atacada, perseguida - e nisso se resume tudo. Não queremos fazer uma

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

crítica destrutiva ao mencionarmos esse exemplo, mas, por que um jogador de futebol
ganha milhões, enquanto que um cientista, pelo menos neste país, ganha um pouco mais
que um salário de fome? Algo está errado; é uma sociedade onde imperam os falsos
valores; só assim se pode explicar as injustiças sociais e não há outra maneira de explicar
as injustiças sociais.

Todos deveriam ser iguais, ser tratados como iguais nas diferenças pessoais ou individuais.
Todos somos seres humanos, só que uns têm mais experiência, mais consciência, são mais
antigos, outros menos, porém essas diferenças servem de motivo para descriminalização ou
para extrema valorização de uns e desprezo por outros. Isso é um mundo justo? Mas isso
não vai mudar agora; a natureza já mobilizou suas forças para fazer as correções
necessárias e na futura Idade de Ouro de Aquário teremos uma mini Atlântida que durará
como que uns dez, doze séculos mais ou menos, talvez um pouco mais, depois virá a época
negra de Capricórnio na qual tudo voltará a ser como é hoje ou pior.

P: No caso de uma pessoa que tenta mudar sua identidade perante o mundo, até que
ponto é fácil perceber que é uma expressão do Ser ou um engodo do ego?

R: Não, meu amigo, falamos há pouco de autojuízo; se você não desenvolver essa
faculdade de autojuízo não saberá reconhecer isso, porque só você poderá saber das
intenções ocultas, se aquilo que faz é originalmente genuíno, natural, espontâneo, se vem
motivado das partes altas ou elevadas do Ser, ou se é apenas um interesse pessoal. Em
relação a como o mundo vai ver, perceber, isso não é problema seu, é problema do mundo.
Você tem que fazer sua parte, aprender a viver, aprender inclusive a rebaixar sua luz, a
partir do dia que começar a ter luz. Isso é parte do aprendizado de como viver ou
sobreviver neste mundo. Os mestres quando descem ao inferno rebaixam sua luz, usam
"capa preta", vamos dizer assim, para não aterrorizar aqueles que vivem lá embaixo.Neste
mundo se formos cem por cento do tempo frontais, ficaremos sozinhos.

P: Onde pode brilhar livremente a luz?

R: Só no Absoluto!

P: Se nosso Cristo interno está sempre à disposição para nos guiar e orientar, qual a
função dos Mestres?

R: Exatamente trazer a luz do Cristo em parcelas menores para que você não desencarne
eletrocutado, compreende? Os instrutores da humanidade são os Buddhas, porque o Cristo
não está encarnado em nós ainda. Um discípulo começa a tornar-se um instrutor verdadeiro
quando ele alcança ou se conecta com seu Buddha íntimo, aí se torna um instrutor da
humanidade de fato, até então, ele é um aprendiz de instrutor, está a caminho.

Ele recebe a luz, que joga no mundo, dos Buddhas menores porque quem é que entende a
doutrina do Cristo diretamente? Acaso o próprio Mestre Jeshua Ben Pandirá não ensinava
as multidões em parábolas? Havia uma razão para isso; ele ensinava ou pelo menos tentava
ensinar a seus discípulos a doutrina direta como está em Pistis Sophia, mas nem seus
discípulos conseguiam entender o que seu Mestre queria ensinar. Se quisermos receber a
luz do Cristo diretamente, primeiramente temos de alcançar um elevado grau de
iluminação interior, do contrário não entenderemos nada.

P: Neste plano podemos alcançar a luz por meio do trabalho e viver em paz?

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

R: Sim, este é o ideal dos pequenos Buddhas, é um grande começo; anelo que você consiga
fazer isso nessa vida, porque te conheço e você pode fazer isso e já sabes como fazer; é só
fazer agora.

* O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações


para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada ao vivo dia
12.03.2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de
texto: Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja

http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

DOMÍNIO DA MENTE: PREPARANDO-SE PARA 2012


20.03.2007

Dando seqüência ao conteúdo e aos assuntos principais do livro A Revolução da Dialética,


vamos relacionar algo desses temas também acerca desses novos tempos, os quais
passamos a viver desde o início deste ano 2007.Temos feito alguns comentários em nossas
comunidades, listas, mas devido à gravidade da situação ou da urgência interna de todos
nós, sempre é bom retomar esse tema, aclarar algum ponto ou aspecto não devidamente
compreendido. Aqueles que têm acompanhado nossos comentários pelas comunidades
sabem da importância do dia 27; ainda dá tempo de enviar uma cartinha ou algo para o
trabalho que fazemos aqui dia 27. Aqueles que não sabem do que se trata, vamos
esclarecer rapidamente.

Temos sido orientados no sentido de aproveitar o dia 27 de cada mês, que é uma data
importante cosmicamente falando, porque nesse dia todos os templos da Loja Branca
realizam seus trabalhos ritualísticos de uma maneira especial. Nessa data, a Loja Branca
costuma fazer muitas obras de caridade, excepcionalmente mais do que o dia-a-dia, por
assim dizer. Nos dias 27, é como antigamente, quando os reis concediam audiências
coletivas e cada qual levava suas demandas, problemas, dificuldades e assim o rei
procurava resolver a situação daqueles em maior dificuldade.

Claro que estou citando uma época anterior à Idade Negra, pois a mesma, quando chegou a
nós, a partir do ano 508 da era pós-cristã, tudo isso se perdeu e acabamos entrando numa
situação, num caos social que se traduziu, se converteu nisso que temos hoje em dia no
mundo, onde ninguém mais se preocupa com a sorte, o infortúnio de ninguém. É uma lei
de selva em que cada qual busca apenas livrar o seu, as suas coisas, sem se importar com a
solidariedade humana. Mas, na Loja Branca, todos os dias 27 de cada mês, faz-se isso de
uma maneira intensa. É uma data muito importante para aqueles que necessitam solicitar
algo especial, seja em termos de saúde, eliminação de algum defeito ou uma graça especial
como se diz num linguajar mais comum.

Nos dias 27, nós aqui [na Fundasaw] fazemos sempre negociações especiais com a Lei
Divina mediante processos ritualísticos próprios. Muitos escrevem para nós e, por
intermédio desses rituais, fazemos chegar a contraparte astral dessas mesmas cartas ao
Tribunal da Justiça. Como estamos relacionando tudo isso com 2012, é importante saber
que, se quisermos avançar em nosso trabalho interior, temos que compor, negociar ou
resolver nossos obstáculos kármicos.

Muitas vezes estamos estagnados no caminho por causa de algum defeito e esse defeito é
kármico, relacionado ao nosso próprio karma, conseqüentemente, precisamos negociar isso
direto com a Lei. O senhor Anúbis está receptivo, esperando por essas negociações, assim
tem sido dito. Igualmente nesses trabalhos do dia 27, de eliminação de defeitos, de
negociação de karma, é muito importante a intercessão da nossa Mãe Divina junto aos
Senhores da Justiça, os Juizes do Karma. Todo nosso avanço, progresso espiritual, depende
da Mãe Divina. O Tribunal da Lei em si mesmo apenas cumpre, administra, gerencia a
vontade de nosso Pai-Mãe. Se nossa Mãe pede muitas vezes para deixar que seu filho
continue em determinado grau ou situação nada se move, tudo obedece a uma hierarquia.

Os próprios Mestres do Nirvana igualmente não instruem, não trabalham internamente


sobre esses estudantes, não lhes abrem portas se a Mãe Divina não autorizar. Essas

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

questões são muito sensíveis, porque em muitas ocasiões a própria Mãe Divina leva seu
filho pela mão e entrega a um instrutor no Nirvana, justamente para que seja devidamente
preparado para avançar no caminho. Como nós aqui neste mundo, estamos muito
adormecidos, geralmente não tomamos consciência desses acontecimentos. Um ou outro
que consegue lembrar-se dos seus sonhos às vezes registra isso de uma forma simbólica e
então surge a necessidade de entender a simbologia sagrada. Esses pequenos detalhes
fazem como que nós, aqui neste mundo, na prática, não acabemos tomando conhecimento
daquilo que está acontecendo em outros níveis de consciência nossa.

Além de tudo que temos falado sistematicamente ao longo dessas conferências, estamos
acrescentando isso agora como sendo de grande importância. As cadeias, os pedidos de
morte, a eliminação de defeitos quando harmonizados com meditações profundas trazem
bons resultados, porque através da meditação estudamos e analisamos nossos defeitos em
níveis mais profundos e através das orações pedimos pela morte, pela eliminação desses
mesmos defeitos compreendidos; a esse trabalho denominamos de “cadeias de morte”
porque é um encadeamento de súplicas, de morte, de ajuda, de eliminação de nossos
defeitos.

Muitas pessoas quando vão fazer negociações com a Lei Divina não sabem o que oferecer
em contrapartida a algum beneficio que estão esperando. A estes dizemos, então, que
eliminar defeitos, trabalhar sobre si, melhorar a conduta, crescer em santidade e castidade,
fazer orações em favor daqueles que sofrem, fazer emanações de luz azul do seu coração
aos que sofrem, tudo isso é parte desse trabalho de caridade. É muito importante termos o
que oferecer na hora de uma negociação e muitas vezes não fazemos nada porque ficamos
imaginando e nos perguntando: afinal o que vou oferecer? E, conseqüentemente, deixamos
de avançar por medo, por insegurança, por desconhecimento.

Todos esses exercícios de orar em favor da humanidade, emanar a luz azul do amor do Pai
que está em nosso coração em favor desses que sofrem, fazer aquela cadeia da Grande Mãe
que temos em nossas comunidades [e também no site], tudo isso são pequenas obras de
caridade que ajudam aos que sofrem e também servem de moeda, de trabalho, de oferta ou
oferecimento de fazer algo em troca. Tristemente, nossa ignorância e desconhecimento
sobre o que acontece nos mundos internos, nos mundos de consciência, muitas vezes nos
levam a subestimar esses tipos de trabalho; então não fazemos e, não fazendo, tudo
continua igual; ficamos no mesmo lugar e outros deixam de receber algum tipo de ajuda.

Deveríamos todos nós, a esta altura, entender que a realidade da vida é consciência e no
mundo da consciência tudo isso que estamos tentando passar aqui em palavras é uma
realidade concreta, mas infelizmente as palavras nos traem, nos limitam, desviam, não
conseguem traduzir adequadamente estas mesmas realidades.

Todos nós temos algo a oferecer quando formos negociar, nos apresentar diante do
Tribunal da Lei. Temos muita coisa a fazer dentro de nós; temos práticas a realizar e não
realizamos; essas práticas geram méritos. O simples fato de passarmos a praticar exercícios
espirituais, esotéricos, gera méritos e, em conseqüência, temos algo a oferecer junto à Lei
Divina.

O que o Tribunal da Lei espera de todos nós é exatamente que tomemos consciência de
nossos erros, equívocos e despertemos para uma realidade espiritual, de consciência e,
quando passamos a fazer isso de uma forma sistemática, quando incorporamos isso no dia

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

a dia, como o normal viver nosso, assim como respiramos e comemos, trocamos de roupas
e nos banhamos para limpar o corpo, assim também temos que fazer com nossa alma.

Só que não fazemos isso ou fazemos mal feito ou só de vez em quando. Isso, tocado dessa
maneira, não dá méritos; falhamos; não somos bons filhos para nossa Mãe, nem para nosso
Pai; somos estudantes relapsos, nesse caso, para com os Mestres que nos assistem e diante
dos quais muitas vezes assumimos compromissos e depois, aparentemente, nos
esquecemos de cumpri-los.

Se falamos em reta final de 2007 a 2012, temos pouco tempo no sentido de tornarmo-nos
sérios, profundos, responsáveis, e efetivamente fazer algo em favor de todos e de nós
mesmos. Uma das grandes práticas sobre a qual falamos muitas vezes aqui são os
exercícios para o desenvolvimento de nosso cárdias, de nosso coração, de nosso centro
cardíaco. Esse é o chakra que rege, que regula todo avanço espiritual nosso. O Mestre
Samael diz que Kundalini não desperta sem haver méritos do coração, e isso está
relacionado diretamente com o desenvolvimento desse chakra cardíaco. Esse chakra
corresponde ao nosso centro emocional superior. Temos que desenvolvê-lo; e como é que
desenvolvemos esse centro? Com muitos exercícios, que estão em nosso curso de Gnose,
nos livros do Mestre Samael e aqui mesmo, em outras oportunidades, recomendamos
vários exercícios. Por exemplo, a prática diária daquele exercício que denominamos
canção de lótus, a vocalização de mantras como OM, Om Masi Padme Yom, Om Tare
Tutare Ture Soha, tantos mantras que, inclusive, usamos no momento de espera antes de
iniciarmos nossas reuniões.

Devemos trabalhar em nosso centro emocional superior, em nosso centro cardíaco, todos
os dias porque é a partir daí que vamos formar os méritos que moverão, movimentarão
todas as conexões espirituais. Todos os demais chakras dependem desse desenvolvimento.
Todos nós somos pessoas desenvolvidas intelectualmente, mas somos muito limitados no
desenvolvimento de alma, cuja base está no centro do cárdias, do coração.

Esse conjunto de práticas, de levar e manter uma disciplina diária de exercícios esotéricos,
meditação, oração, vocalização de mantras, tudo isso é muito importante, sem dúvida
alguma, e agora mais do que nunca; do contrário sempre estaremos limitados apenas à
parte mental ou intelectual da própria Gnose ou de outro ensinamento sagrado de qualquer
outra escola.

A diferença, o que realmente nos diferencia e o que nos move adiante neste caminho não é
a quantidade de livros que lemos ou estudamos, mas sim a quantidade de práticas, de
preferência práticas realizadas com qualidade, com dedicação, não feitas por obrigação ou
compromisso e de má vontade, mas sim realizadas com alegria, entusiasmo, entrega, isso
sim nos dá um novo matiz, novas cores durante esse mesmo exercício.

Nos tempos atuais, fala-se muito em resgate de almas, em salvação; corre pelo mundo
idéias que milhões de pessoas serão salvas desse dilúvio ou dessa transição que se
avizinha. mediante resgate, até mesmo em naves cósmicas, e serão levados para outros
planetas ou regiões dimensionais.

Muitas vezes aqui já mencionamos que nada disso vai ocorrer; o resgate será de alma e
neste momento há uma intensa atividade no Nirvana nesse sentido; buscar todos aqueles
que têm possibilidades de serem resgatados; não em corpo físico; estamos falando de
resgatar a alma dessas pessoas. É por isso que devemos fazer o trabalho interior; ainda

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

temos tempo. Todas as religiões são unânimes em dizer que aquele que se arrepende,
consegue a salvação; e há que se entender adequadamente essa palavra, porque senão pode
soar ou parecer que estamos aqui querendo forçar o arrependimento.

O arrependimento é uma tomada de consciência; é um dar-se conta do tipo de vida que tem
levado até hoje, da realidade da vida, do real propósito de haver nascido e estar aqui neste
mundo; fazer uma tomada de consciência de que a vida não é trabalhar para comprar
coisas, para consumir.

A vida é uma oportunidade para crescer, desenvolver-se como consciência, como alma,
como Ser, não como personalidade ou intelecto.

Quando falamos em arrependimento não estamos dando o sentido comum que as igrejas
confessionais de um modo geral fazem. Estamos falando de uma tomada de consciência,
de um “cair em si”, de perceber a si mesmo e a realidade da vida.

Esse dar-se conta é o que vai impulsionar a uma mudança interior. Sem esse dar-se conta
obviamente não haverá impulso. Isso é a força do arrependimento. É esse dar-se conta para
mudar internamente falando, sair da esfera da mente, da personalidade, do ego e passar a
alimentar o Ser, a alma, a consciência. É transportar a base da existência para um outro
pilar diferente desse que temos ou vínhamos sustentando até o momento presente. Neste
momento, está havendo uma atividade intensa em todas as partes, buscando essas almas
que têm possibilidades.

Mais do que nunca, quando mencionamos aqui orações, invocações aos Mestres, não
importa qual seja a linha espiritual ou religiosa de cada um. Se alguém, por razões
pessoais, estiver saturado de Gnose, ouvir falar do Mestre Samael, estude o Buddhismo;
mas viva de acordo com as normas de Buddha, porque assim alcançará a iluminação. Se
alguém se sente atraído por uma outra corrente do passado, busque penetrar na alma dessa
doutrina e viver seus princípios aqui em carne e osso; conseqüentemente, também logrará
despertar em si a luz da própria alma, do próprio Ser e isso o levará também a mudar seu
centro de gravidade da personalidade, ego, mente para a consciência, para a alma.

É importante darmos-nos conta de que essa busca, esse esforço final, essa mobilização já
teve inicio e intensificou-se a partir desse ano 2007. Não é porque falamos assim que
estamos aqui querendo ameaçar com raios, trovões, com o fogo do inferno; não se trata
disso. Não somos pregadores de evangelho, nem pregadores de doutrina que mete medo. A
Gnose não é uma doutrina para apavorar ninguém; é uma doutrina de decisões. As
doutrinas iniciáticas, de um modo geral, são de decisões. Quem chega a uma escola
iniciática, já chega existencialmente maduro e pronto para dar esse passo. Não se pode
comparar um estudante comum e corrente que está começando hoje com alguém que bate a
uma escola iniciática ou alguém que pede a iniciação em suas próprias orações.

A iniciação é dada aos que pedem, porém para seguir nesse caminho é preciso fazer por
merecer, ou a oportunidade é retirada. Os Mestres têm trabalho demais para fazer e cuyidar
que para se ocupar com estudantes relapsos ou irresponsáveis. Isso é para o que temos que
acordar, é disso que temos que fazer consciência ou despertar. Tudo que a Lei Divina
busca, quer e espera de nós é trabalho sobre si, de esvaziar a própria mente, de limpar-se
ou, como eles dizem, purificar-se, tornar-se puro. A palavra purificar-se significa torna-se
um puro, ou aquele que está isento de mácula. As máculas ou manchas são nossos erros; é
isso que o Buddhismo denomina como venenos da mente: esses são as máculas ou

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

manchas que se vê no corpo astral das pessoas. Essas manchas são provenientes dos vícios,
de nossa conduta, de nossa forma equivocada de viver.

É por isso então que todos os dias devemos tomar, reservar para nós mesmos, uma, duas ou
três horas (oxalá alguém possa fazer isso) do tempo diário para fazer essas reflexões, para
estar reunido consigo mesmo, para, após silenciar sua mente, estar com sua consciência,
ouvir, perceber, sentir as realidades que estão além da mente.

Aqui, muitas vezes, mencionamos estas palavras, "serenidade" ou "contemplação",


"reflexão serena", "estado contemplativo" - isso é um estado de consciência; vai além
daquilo que normalmente nós, no comum e corrente, denominamos de calma e
tranqüilidade. É um estado de atenção plena, e isso só se obtém quando relaxamos
profundamente nosso corpo e depois relaxamos nossa mente.

Relaxar o corpo não é tão difícil, relaxar a mente é um pouquinho mais trabalhoso, mas
com paciência e persistência também podemos alcançar ou conseguir. Quando buscamos
relaxar a mente muitos pensamentos aparecem e, se não soubermos lidar com essa
realidade, acabamos por agitar a mente em vez de serená-la ou de entrar num estado de
não-pensamento.

Cada pensamento que surgir em nossa mente não deve ser rechaçado, mas também não
deve ser alimentado. Basta estar atento para como que vê-lo surgir e depois se afastar. No
começo, talvez, esse exercício não seja possível, e alguns nem vão fazer porque estarão
dizendo a si mesmos aqui e agora: "ah, mais é tão simples assim, isso não vai funcionar!".

Essas são sempre nossas reações mecânicas, a realidade é que nunca paramos de verdade,
ou poucas vezes paramos numa tentativa real e séria de buscar relaxar nossa própria mente
e, quando buscamos fazer esse trabalho, percebemos que surgem muitos pensamentos, que
a mente se agita e aí é que entra a atenção plena.

Nossa atenção está sempre voltada para as coisas do mundo exterior, está sempre atraída,
distante, longe de nós mesmos, porque ela cai nos fascínios, nos fenômenos deste mundo
ou, quando não é desse mundo, essa atenção acaba se envolvendo com as projeções,
imagens, identificações das criações mentais e assim perdemos nossa atenção;
conseqüentemente, perdemos nossa consciência. Portanto, exercitar a atenção plena, estado
contemplativo, o não-pensar, é a base, o fundamento de tudo desse trabalho, para que
possamos desenvolvê-lo em nós e fazer disso algo natural em nossa vida efetivamente;
precisamos praticar bastante, muito.

Mencionamos em outras ocasiões que sempre estamos divididos entre os extremos: alto e
baixo, feio e bonito, gordo e magro, vermelho e amarelo, sim e não, ter ou não ter, ir ou
não ir. Dissemos também que o vazio, a compreensão ou a consciência está no meio. Não
se trata, portanto, de rechaçar o sim e o não, o alto ou o baixo, ou aceitar o alto e rechaçar o
baixo, nesse processo de dualidade. Não se trata nem de rechaçar, nem de aceitar, mas
simplesmente compreender o que ocorre num dado momento. Isso é parte do processo de
descobrimento, de autoconhecimento.

Um dos fatores que desempenha um papel muito importante em nossa vida é, de um lado,
o medo e, de outro, os desejos. O medo é uma trava terrível porque deixamos de fazer as
coisas positivamente por causa do medo; é esse medo que gera o desejo de segurança; é o
medo que nos gera complexos de inferioridade; o medo da rejeição, o medo de ser

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

humilhado, desprezado. O medo da morte, por exemplo, faz com que as pessoas andem
armadas. O medo que um país tem de ser vitima de ataques terroristas faz com que entre
em guerra e invada outros países.

Temos medo da vida, da morte, de passar fome, ficar na miséria, tememos o frio. Tudo isso
gera enormes problemas dentro de nós que, em muitos momentos, geram o desejo de ter
determinadas coisas que, em realidade, não são necessárias.O medo de morrer nos leva a
desejar uma arma, de andar armados. O medo de passar fome faz com que eventualmente
acumulemos alimentos em nossa casa, desnecessários a ponto de estragarem, pois vence o
prazo antes que os tenhamos consumidos.

O desejo é outro mecanismo negativo; podemos ter o desejo de ser salvos, de ser
resgatados. Nada disso é consciência, compreensão. Devemos compreender o que é a vida,
a consciência, a alma, porque viemos aqui, nascemos. Devemos compreender o
funcionamento da Lei de Equilíbrio Universal, compreender as leis que sustentam a vida e,
gradativamente, vamos superando todos esses medos e deixaremos de fazer as coisas por
nos sentirmos ameaçados. Essa disciplina mental, esse domínio da mente que devemos
buscar ou ter, faz com que, de maneira gradativa, tornemo-nos independentes, alcancemos
a libertação ou liberemo-nos dessas travas mentais.

A nossa forma de pensar hoje é como uma cadeia, um cárcere, uma prisão e, muitas vezes,
querendo fugir da prisão, acabamos encarcerados numa escola, num sistema político,
religioso ou filosófico, ou até mesmo num conceito equivocado. Devemos revisar
continuamente nossos entendimentos, nossas compreensões e fazer isso por decisão
própria. Não é porque estamos aqui falando de reta final que devemos nos mobilizar por
medo; isso não nos levará a nada, não mudará um milímetro a nossa realidade interior.
Devemos compreender o momento ou realidade presente: isso é uma coisa diferente de
fazer as coisas por medo. O fato de alguém nos avisar que uma tragédia, uma transição é
eminente, não significa, não carrega em si ameaça.

Cada qual reage segundo os condicionamentos de sua mente que, por sua vez, atrás disso
têm todo um histórico pessoal. E se alguém é inconsciente desse histórico pessoal
evidentemente encontrará, tentará buscar saídas fáceis, explicações superficiais e não
entenderá a gravidade do momento de que o tempo de colheita chegou. Cada qual tem
direito às suas crenças e opiniões; isso é verdade, mas nada disso impede que de planos
mais elevados cheguem informações muito importante para tomarmos nossa decisão, para
sair de um centro de gravidade e passar para outro.

Nesses processos, todos nós sabemos que a mente não sabe nada, não tem capacidade de
saber nada. Age ou reage segundo os condicionamentos do medo, dos desejos,
conseqüentemente, essa mente foi treinada ou condicionada a querer viver a ilusão de uma
vida eterna, para sempre. Isso não é real porque os fatos da vida concreta dizem que todo
ser humano nasce, cresce, atinge uma idade madura e depois morre, sem exceção. Todos
nós morremos, independente de nosso desejo de querer viver para sempre e independente
de nosso medo da morte.

De que adianta reagirmos a esses fatos concretos? De que adianta reagir negativamente
diante de um fato concreto do cumprimento dos ciclos cósmicos? Bem verdade que
podemos ignorar o cumprimento desses ciclos ou fechamento dos tempos. Mas o fato de
ignorarmos que isso seja real não tira a própria realidade desse mesmo fato. Não temos,
como animais intelectuais, criadores de uma ciência ateísta materialista, meios de saber

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

empiricamente nada sobre esses tempos, sobre esses ciclos. Somente os Mestres,
mensageiros, avatares e profetas podem nos informar corretamente sobre isso. Isso porque
o entendimento, a consciência desses seres ultrapassa a dimensão intelectual,
conseqüentemente, compreendem períodos anteriores e posteriores ao momento presente.

Não sem motivo que a mente é descrita, comparada, tomada com o símbolo de um burro e
aquele que pretende entrar na sua Jerusalém Celestial precisa montar sobre o burro e não o
burro sobre ele. Porém, quando nós nos tornamos escravos dos condicionamentos mentais
e intelectuais que nós mesmos criamos, equivale a fazer isso: permitir que o burro
cavalgue, monte-nos. Quem pretende entrar na Jerusalém Celestial é o burro, a mente e não
o Cristo, a essência, a consciência que está dentro de nós.

Em termos práticos e concretos, toda vez que nos deparamos, aqui e agora no dia-a-dia
nosso da existência, com representações, conflitos, imagens, insinuações, projeções,
fantasias de nossa mente, representações inúteis, como diz o Mestre Samael, devemos nos
dirigir imperiosamente a nossa própria mente, dizendo: "mente, retira essas representações,
não as aceito, tu és minha servidora, eu sou seu senhor".

Assim, podemos aplicar essa técnica, essa chave, com qualquer representação de ódio, de
medo, cólera, ira, irritação, cobiça, luxúria. Dizendo várias vezes, mas de maneira
imperiosa, utilizando o poder da vontade consciente: "mente, retira essas coisas, não
aceito, sou teu amo, teu senhor, tu deves me servir e obedecer".

Se não somos firmes diante do burrico teimoso é claro que não teremos como entrar na
Jerusalém Celeste. É a mente que nos domina; é a mente e suas representações, sonhos,
projeções, condicionamentos. Por isso, devemos estar atentos a nós mesmos de momento a
momento.

Em Gnose é dito que a técnica da meditação nos permite chegar até as alturas da
iluminação, mas para isso temos de meditar disciplinadamente dia após dia. Técnicas para
meditar existem muitas; cada qual pode escolher a sua; mas já demos os fundamentos
dessa mesma técnica: relaxar a mente.

E como é que se relaxa a mente? Acabamos de descrever; se os pensamentos surgem,


observemos; não rechacemos nem nos identifiquemos com eles, simplesmente aprendamos
a observar, a contemplar sem identificar.

Esses pensamentos não têm uma existência real, eles surgem do nada e vão para o nada,
surgem de qualquer recanto de nossa mente e escondem-se em qualquer outro recanto da
mente. Agora, nós, estando atentos a todo esse processo, a essa procissão de pensamentos,
podemos estudar essas formas mentais e gradativamente irmos nos dando conta disso tudo,
dessa realidade e, conseqüentemente, conhecê-los, investigá-los. Até mesmo em sonhos, à
noite, enquanto o corpo dorme, podemos conhecer essas formas mentais, esses
pensamentos.

Muitas vezes queremos silenciar a mente de forma violenta e alguém poderá dizer: "sim,
mas então me resolva essa aparente contradição, não devemos silenciar a mente, no entanto
devemos nos dirigir imperiosamente à mente"?.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Sem duvida aí temos uma contradição que é aparente; temos de buscar a compreensão
dessas duas realidades, pois falamos de duas realidades. Uma coisa é você aquietar a mente
de forma violenta sem entender, sem haver compreendido, estudado ou analisado nada,
sem conhecer o funcionamento da própria mente. Em outras palavras, poderíamos dizer
que você não conhece o burro, as manhas do burro que tem em sua casa. Então é hora de
estudar um pouco, observar o comportamento deste burro e assim, então, relacionar-se
melhor com ele. Aprender a superar, anular a sua reação, não-cooperação, porque é disso
que se trata; aí existe um conflito entre a parte atenta ea parte desatenta da mesma mente.

Cada um de nós é uma consciência buscando conhecer-se. Como consciência, podemos


observar dentro de nossa mente a parte atenta e a desatenta. Gradativamente, vamos
buscando, desenvolvendo, adquirindo o domínio de maneira positiva. Em casos extremos
até podemos açoitar a nossa mente e para isso o Mestre ensina numa cátedra, numa
conferência chamada "A Segunda Jóia do Dragão Amarelo", que é de conhecimento da
maioria de nossos estudantes.

Para viver com a mente em estado de quietude e silêncio precisamos primeiro aprender a
viver de momento a momento; significa que devemos estar atentos aos processos que
ocorrem dentro de nós mesmos. Desta forma não teremos a violência, mas sim o poder da
vontade forte, intensa, mas sem a violência; há de se entender essas sutilezas, aplicar esses
princípios.

No começo, normalmente é assim [com violência] que ocorre, não temos a habilidade de
fazer isso. É natural... Somos aprendizes, nunca fizemos isso até hoje em nossa vida e
agora queremos mudar. Bem verdade que para fazer, levar adiante esse tipo de disciplina,
as práticas devocionais, tantas vezes mencionadas aqui, desempenham um papel muito
importante, não podemos esquecer isso.

Devemos estar atentos, utilizar essa parte emocional, os mantras, as orações, as


visualizações em certos sentidos. Não a fantasia visualizada, mas, por exemplo, numa
figura, concentrarmo-nos numa Mandala, num quadro da Mãe Divina. Todo isso serve para
encaminhar, para concentrar, harmonizar, orquestrar distintas regiões de nossa mente. São
recursos que temos à disposição que já foram abordados, ensinados; os livros de Gnose
ensinam isso, os livros esotéricos de exercícios espirituais, até mesmo de outras escolas,
também falam dessas mesmas coisas.

Nisso não há novidade; a novidade é que estamos falando da necessidade de praticar isso,
não de ficar com isso apenas como entendimento conceitual, mas efetivamente praticar.
Porque uma coisa é nós recebermos a teoria da natação e outra coisa é entrarmos numa
piscina e começar a nadar de fato. Aqui vamos exercitar a teoria da natação praticando.

Devemos fazer meditação diariamente, buscar estar atentos em auto-observação


permanentemente de momento a momento. Só assim estaremos praticando isso e não
simplesmente mantendo como uma idéia, um conceito e nada mais do que isso.

Resumindo, esse trabalho de domínio da mente, de compreensão, de observação, pede de


nós uma profunda reflexão e profunda serenidade ou contemplação. Quando falamos aqui
em reflexão alguém pode dizer: "você está sugerindo, então, raciocínio!"

Não é raciocínio, nem intelectualização, não é comparação, não é uso dos métodos
comparativos e indutivos, de indução, inferir, deduzir, não se trata disso. Reflexão é

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

observação serena, é contemplação, é distanciar-se de certa realidade para examiná-la sem


envolvimento. É como observar cenas projetadas por um projetor de imagens na tela. Você
não entra na tela para viver aquilo, apenas observa o que está acontecendo na tela, é disso
que falamos.

Em Gnose, aprendemos que este exercício, esta técnica de meditação ou o exercício do


não-pensamento, não-raciocínio ou o estado de contemplação faz com que a parte mais
central de nós mesmos entre em atividade.

A parte mais central de nós mesmos é a consciência, isso que os orientais chamam de
Buddhata; é a essência; se conseguirmos serenar ou interromper o processo de agitação da
mente, se conseguimos, como se diz também, acalmar a mente - não estamos falando de
mente em branco, pois isso é muito superficial, falamos aqui de chegar ao centro mesmo
de nós - ali então veremos o Buddhata. E se a mente está silenciosa por compreensão é
como que abrir as portas, as grades de uma prisão. A essência pode despertar e surge isso
que denominamos de consciência.

Colocado e resumindo isso em outras palavras, significa que devemos utilizarmo-nos dos
meios e recursos a nossa disposição, das diferentes técnicas que aprendemos até hoje para
relaxar a mente. Uma vez que a mente esteja em relaxamento, e essa é a forma real do
domínio da mente, então é possível a essa consciência, a essência, o Buddhata desprender-
se, liberar-se dessas travas e aí perceberemos, com os olhos da alma, as mesmas realidades
que víamos antes por detrás das grades e isso muda tudo. Muda completamente nossa
percepção do mundo; é como uma visão que altera profundamente nossa percepção do
mundo, dos acontecimentos, dos fenômenos, das pessoas. Para finalizar e sintetizar isso,
podemos colocar nas seguintes palavras: o caminho iniciático gnóstico consiste, de um
lado, em criar os corpos existenciais superiores e, de outro, esvaziar, relaxar a mente,
liberar a alma, a essência, o Buddhata. O que está mais próximo de nós agora, aqui, é essa
purificação, este acordar, despertar, relaxar a mente.

Construir as realidades anímicas ou espirituais dentro de nós é um trabalho que se faz


paralelo, no devido tempo. Por hora, o que está ao alcance de todos nós, indistintamente, é
a purificação, o morrer em si mesmo, conhecer-se, investigar-se, o perceber não só a si,
mas o mundo, os fenômenos que nos cercam com novos olhos.

E, para isso, então, precisamos diariamente trabalhar, disciplinarmo-nos para levar adiante
uma rotina ou uma disciplina de práticas esotéricas que venham a nos levar a essa
percepção. Uma nova vida, uma nova realidade que se descortinará diante de nossos olhos,
externos e internos.

Ficamos agora então à disposição para os devidos complementos que forem apresentados
aqui.

Perguntas

P: Durante a meditação vêm algumas imagens, podemos examinar se dizem algo ou


são apenas ilusões?

R: Quem pode saber disso é você mesmo no teu próprio processo de examinar; é no exame
que você saberá ou compreenderá se elas têm existência real ou são ilusões. No começo, é
evidente que tomaremos tudo como sendo realidade e muitos tomam isso como revelações

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

até. Embora elas possam ocorrer, efetivamente se não tivermos o discernimento interior
desenvolvido, que equivale a uma dose mínima de intuição, tomaremos simples imagens
de projeção e fantasia como sendo uma linguagem superior ou uma revelação. Nós é que
vamos descobrindo se aquilo que estamos vendo é uma realidade ou uma imagem criada
pela própria mente. Cada qual tem o dever de conhecer, estudar o comportamento de seu
burrico; só fazendo isso saberá se tudo está normal, é algo novo ou apenas um estratagema
da mente. As coisas vão se abrindo aos poucos à medida que trabalharmos sobre nós
mesmos. Quanto menos subjetividade, quanto menos egos, como se diz em Gnose, maior
será o nosso discernimento ou a percepção direta daquilo que nos apresenta.

P: Sobre a Lei Divina, em alguns lugares foi ensinado que os Mestres seriam bravos!

R: Particularmente nunca encontrei um Mestre da Lei bravo, irado ou violento.


Acreditamos que isso é um ponto de partida equivocado; indiretamente nesse caso
estaríamos ensinando os alunos a temerem Deuses, os Mestres, os Buddhas. Há que se
entender que os mestres da Lei Divina, os chamados Juízes do Karma todos eles são
senhores do amor consciente. Se o amor consciente apavora-nos certamente o problema é
nosso, somos nós que temos problemas.

Há personagens ou indivíduos em grande numero que estão sobrando dentro de nós e


voltamos ao que mencionamos há pouco: o medo. O medo é uma trava muito grande, um
obstáculo imenso e o estudante precisa superar isso mediante o conhecimento, a
conscientização, o relacionamento, o enfrentamento de si mesmo, mediante a busca
consciente dos Tribunais da Lei para negociar, acertar, examinar suas próprias contas.
Afinal cada qual gerencia sua vida, é responsável por seus atos - ou não?

Ou acreditam mesmo que Jesus veio ao mundo para morrer e tirar todos os pecados e com
isso poderíamos fazer tudo o que quiséssemos sem que a Lei Divina nos demandasse? Isso
sim é uma fantasia, é temeroso ou uma temeridade. Volto a dizer, desde o Senhor Anúbis
aos demais 42 Juizes da Lei, todos eles são senhores do amor consciente; eles exercitam
dia-a-dia, de momento a momento, a misericórdia e a compaixão. Se não exercitassem isso
não seriam um tribunal de justiça, mas de injustiça e seria um tribunal a serviço da tirania e
não a favor e em nome do Amor divino, da vontade, da ordem, do cosmo, da sustentação
do universo, isso é o que precisa ser entendido.

Por outro lado, se alguém não tem coragem de fazer uma prática como essa, pedir algo
assim, então está muito mal no caminho; pior ainda são os instrutores desse pobre
estudante que demonstram que não entenderam nada; nem deveriam ser instrutores a estas
alturas porque estão deformando a doutrina, ensinando erros, o medo, o pavor dos Deuses,
sendo que não é nada disso. Urgentemente, temos de rever certas idéias, conceitos, formas
de pensar antigas e caducas. Essa é a nossa percepção desse mesmo fenômeno ou dessa
mesma realidade.

P: Como não alimentar egrégoras durante a meditação?

R: É a mesma coisa que você me perguntar como é que não vou alimentar minha gula
quando estou almoçando.

P: O medo gasta energia psíquica e durante a luta com o burrico afastando as ilusões
a gente gasta energia psíquica também?

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

R: Não exatamente; tenho talvez a ousadia de dizer que gastamos mais energia rindo e
falando bobagens durante o dia do que buscando afastar as ilusões. Os grandes desgastes
energéticos ocorrem quando nos identificamos com determinada situação, quadro ou
acontecimento, quando ficamos falando conversas inúteis, quando ficamos contando
piadas e damos risada e quando assistimos filmes, por exemplo, de terror ou algo do
gênero.

Gastamos mais energia pela impaciência no trânsito do que estudando nossas íntimas
contradições. Se há, se você percebe um desgaste de energia é porque, talvez, ao fazer isso
surja, sem que você perceba, uma ansiedade ou uma tensão mental, e como dissemos, esse
trabalho é para ser feito com a mente relaxada.

O estado contemplativo não gasta energia psíquica alguma; isso é o que precisa ser
entendido e à medida que você se dá conta disso aprende a relaxar; não há a necessidade de
tensionar a testa, os olhos, o maxilar quando se está concentrado; relaxe, solte, entregue-se
e, assim, dia-a-dia, você vai aprendendo e aperfeiçoando o seu exercício de relaxamento,
de contemplação. Durante a meditação é normal sentir muitas coisas, pode-se ter a
sensação de inchaço, flutuar, desprender-se, afundar, etc. Aqueles que entram em Samadhi
ou êxtase simplesmente não sentem mais o corpo, vão além de qualquer realidade
psicofísica; para isso é a meditação e expandir a própria consciência.

P: Conforme algumas escolas por aí, a meditação superior a duas horas pode ser
prejudicial à mente, realmente existe esse perigo da pessoa endoidar praticando
meditação várias horas?

R: Se isso fosse uma realidade os Monges Buddhistas todos estariam não em monastérios,
mas sim em hospícios. Os fatos mostram que quem precisa estar em hospícios são esses
que não meditam hora nenhuma e os monges levam uma vida simples e feliz;
conseqüentemente, essa premissa carece de fundamento. Os fatos mostram exatamente o
contrário; o que pode prejudicar a mente é a meditação equivocada, ou seja, alguém que
não medita, mas fica raciocinando duas horas seguidas, aí sim é candidato ao hospício. E
não vamos confundir a meditação que é um estado de mente relaxada com mente
preocupada. São realidades distintas como a noite e o dia; a propósito disso, o primeiro
louco seria o Dalai Lama que diz meditar três horas por dia ao amanhecer de cada dia e
nunca vi nenhum sintoma de loucura no Dalai Lama. Vejo sintoma de loucura em outros
lugares, pessoas; nesses que passam oito horas lendo livros, por exemplo, são mais
dementes.

P: Como o iniciante equivocado sincero pode identificar esses falsos gurus e rechaçá-
los?

R: Esse é o grande problema, o estudante iniciante não consegue distinguir nada, não sabe
identificar nada e será vítima. No mundo de hoje, encontrar uma escola ou eventualmente
ter em suas mãos um livro de um autor confiável já é uma bênção. Neste país onde
vivemos há de tudo; hoje o nivelamento é por baixo; hoje me veio uma informação que
aqui no Brasil existe uma religião autenticamente brasileira e em determinado veículo de
comunicação apresenta-se isso como sendo um grande feito, algo que nos distingue do
resto da humanidade, termos aqui uma religião genuinamente brasileira. Ao inteirar-me do
conteúdo, que não vou mencionar aqui, realmente me deu lástima porque além de não ser
uma religião pois não tem valor, teologia, transcendência, não há nada de conteúdo. É

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

baseado totalmente em fenômenos enteógenos, da falsa consciência, como já abordamos


anteriormente.

Hoje em dia, volto a repetir, só o fato de termos em mãos o livro de um autor confiável já é
uma bênção e aqueles que saem por aí incorporando tudo, engolindo tudo que vêem pela
frente certamente não terão um bom desfecho nessa existência; estarão complicando sua
mente, pois misturam o branco com o negro, o positivo com o negativo, achando que tudo
é a mesma coisa.

Voltamos ao ponto fundamental de tudo isso: o maior pecado da humanidade é sua


ignorância. A Gnose, claramente, é o oposto da ignorância e muitas vezes dissemos aqui
que não há gnóstico ignorante, porque um gnóstico que é ignorante não é gnóstico; começa
por aí. O Buddhismo tem uma expressão equivalente a essa: que o reto pensar passa pela
superação da própria ignorância. Devemos ser criteriosos e exigentes na busca, na
pesquisa; não aceitar isso que a mídia, que a moda, que o mercantilismo nos impõe ou
subservientemente coloca diante de nossos olhos.

Sobre esse axioma que quando o discípulo está pronto o Mestre aparece, contém muita
verdade, porém é usado às vezes de maneira equivocada. O que acontece na prática é que o
discípulo não sabe reconhecer o Mestre. Os Mestres não aparecem mais porque, mesmo
aparecendo, ninguém os reconhecem; hoje em dia aparecem os impostores e são adorados,
aceitos, incensados e os mestres verdadeiros são desprezados, humilhados. É triste a
realidade nossa dessa reta final da humanidade; temos que estar muito atentos. Aqueles que
têm acompanhado nosso trabalho ao longo destes anos acredito que estão melhor
preparados, porém às vezes somos realmente surpreendidos; é que muitos que conhecemos
há muito tempo ainda vivem aprisionados a velhas formas de pensar. Não conseguiram
romper com o ciclo familiar em que nasceram; quando digo romper não é abandonar a
casa; falo da forma de pensar dessas famílias, tradições, a religião, crenças da família; não
conseguiram ser independentes disso.

Dentro da Gnose existem muitos estudantes que têm em casa quadro de diferentes Mestres
que, inclusive, são de linhas tenebrosas; tem ao lado um quadrinho do Mestre Samael, ou
de um Mestre da Loja Branca e um outro que não tem nada a ver com a Loja Branca.
Acreditam que são esotéricos e que estão avançando na evolução espiritual quando, na
verdade, na melhor das hipóteses, estão marcando o passo.

Certa ocasião, foi-nos dito que as crenças pessoais, mesmo equivocadas das pessoas, não
chegam a ser assim um fator determinante desde que, é claro, não sejam praticantes das
doutrinas sombrias; isso é outra coisa. Estou falando das crenças normais das pessoas, pois
muita gente está seguindo tudo; egrégoras por aí que se apresentam como mestres; mas são
puras criações mentais e têm sua vida pautada por esses supostos mestres e são meras
egrégoras, figuras inventadas para vender livros. E as características de todos eles são essas
mensagens pegajosas de falso amor, falsa consciência que circulam muito pela Internet,
hoje em dia.

Disso deveríamos nos acautelar, porém se uma pessoa, mesmo deglutindo tudo isso, todos
os dias de sua vida, efetivamente pratica o que falamos hoje, morte em defeitos, conduta
reta, apelos a sua Mãe Divina ele tem alguma chance de ser resgatado posteriormente.
Agora os que vivem nisso, só mandando mensagem para cima e para baixo e não fazem
trabalho concreto nenhum sobre si dificilmente terão nova oportunidade. A situação, volto
a repetir, é muito séria, muito grave; não há tempo a perder correndo atrás dessas fantasias

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

esotéricas. Aqui mesmo, muitas vezes falamos, manifestamos acerca desses portais que a
cada três meses surgem por aí.

Todas essas mensagens têm origem num único ponto, um local no mundo, nos Estados
Unidos, onde se localiza a matriz de toda esta fantasia, de todo esse processo de escravidão
mental, intelectual que aprisiona milhões de pessoas no mundo, ingênuas, fazer o quê? Não
há como lutar contra isso; o Mestre Samael veio e deu o brado de alerta; outros avatares do
passado falaram dessa mesma coisa; aqui mesmo estamos falando disso e temos
experiência prática na área depois de ter experimentado em carne e osso o que são essas
criaturas, esses falsos mestres, cangurus, enganadores, mistificadores. Hoje realmente
falamos com conhecimento de causa e não porque lemos por aí em alguns livros; tivemos
que descer ao inferno para sabe quem é, como é e como age o próprio diabo; essas
sombras, tulpas, egrégoras que estão por aí. Infelizmente o discernimento interior custa
caro para adquirir e seria tão barato se simplesmente pudéssemos ouvir e reconhecer o
Mestre verdadeiro.

P: Na meditação podemos receber mensagens dos mestres da Loja Branca?

R: O Mestre Samael diz o seguinte: "a meditação é um sistema científico de receber


mensagens do próprio Ser". Estamos falando de um meditador reto; se alguém utiliza
artifícios outros, se alguém utiliza enteógenos, substâncias, ele não é um meditador reto,
conseqüentemente, as suas mensagens podem ser falsas e mais uma vez voltamos a questão
do discernimento. Primeiro temos de acertar e consertar nossa vida, temos que nos
tornarmos sérios, profundos, responsáveis; isentarmo-nos de vícios pelo menos os mais
grosseiros de nossa vida ou da existência humana. E depois que tivermos um reto pensar,
um reto sentir e agir aí as mensagens começam a aparecer e não haveria porque duvidar
dessas mensagens.

Bem diferente é o processo de mediunidade ou de canalização, mas esse não é o nosso


terreno; menciono aqui apenas para distinguir as coisas. Porque muita gente por aí diz: "ah,
eu recebi uma mensagem", mas nem sabe de quem recebeu a mensagem, não se preparou
para receber mensagem alguma e se não há preparo, realmente o discípulo não está pronto.
As mensagens que recebe são proporcionais ao seu preparo ou despreparo no caso.

Devemos aprender a nos isolar das influências do mundo, o selo hermético sem dúvida; e
aprendermos a selarmo-nos hermeticamente todos os dias faz com que economizemos
energia psíquica muito importante para o nosso trabalho interior. Uma pessoa estressada
não tem energia psíquica para cristalizar os copos internos. Uma pessoa estressada ainda
que, vamos admitir, praticasse alquimia não construiria ou plasmaria os corpos solares
porque simplesmente não há energia excedente. Não é assim chegar e fazer uma conexão
alquímica com o seu parceiro, noivo ou noiva e achar que o resto vai se dar
automaticamente; na Iniciação nada é automático e tudo é feito por méritos; nada acontece
por acaso; cada passo, cada grau de consciência é dado segundo o mérito.Para cada etapa
dessas, há um instrutor interno que executa esse trabalho à pedido da Mãe Divina do
próprio estudante.
* O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações para dar o formato de texto), de
uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br –
realizada ao vivo dia 20.03.2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de texto:
Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

Para baixar e ouvir esta conferência veja


http://www.gnose.org.br/conteudo.asp?id=64&texto=6405&tipomenu=h

http://www.gnose.org.br 123
SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

EGRÉGORAS, TULPAS E FALSOS MESTRES


28.03.2007

Vamos interromper a linha de temas que estávamos desenvolvendo para abordar um


assunto bastante presente e que temos dado a conhecer em nossas comunidades. Queremos
referirmo-nos à questão dos falsos mestres e da falsa consciência.

Sobre o tema da falsa consciência já abordamos aqui neste mesmo espaço; esta conferência
inclusive está disponível em arquivos de nosso site (www.gnose.org.br), porém como
ontem foi dia 27, achamos oportuno, hoje, voltar a comentar o assunto esse que é muito
atual, necessário e urgente.

Referimo-nos à situação atual, à nossa situação espiritual, à nossa condição interna.


Sabemos todos que somos limitados de consciência; conseqüentemente, tudo o que aparece
pela frente de nossos olhos pode ser atraente, bonito. Confundimos, então, o bonito e
atraente como tendo profundidade, consistência. Não é porque uma doutrina é atraente aos
nossos olhos que ela nos levará aos paraísos celestes, até pelo contrário.

O grande Mestre, o grande Kabir ou Rabino da Galiléia, alertava que estreito é o caminho,
apertada é a porta que nos conduz ao reino da Luz. Em compensação, largos, floridos e
atapetados são os caminhos que nos levam à perdição ou aos abismos. Como estamos
profundamente adormecidos, não percebemos a gravidade dos dias os quais estamos
vivendo. De nossa parte, tratamos de dar o alerta, respeitando, é claro, a decisão íntima e
pessoal de cada um.

Sobre a importância dos dias 27 já foi falado em aulas anteriores, mas vamos sintetizar
rapidamente. Nos dias 27, a Loja Branca, em todos os seus templos, realiza trabalhos
especiais, cadeias, emanações de Luz, compaixão, ajudando assim esta humanidade,
mesmo que disso não tomemos conhecimento. O fato é que, por exemplo, o trabalho dos
Buddhas gera muita luz, muita energia com suas orações, seus mantras, suas práticas de
irradiação de luz azul, dourada, rosada. Toda essa energia é utilizada por outros Mestres da
Loja Branca para realizar boas obras neste mundo.

Uma vez que a realidade do mundo, do Universo, da vida, é consciência, tudo isso se torna
possível no mundo da consciência. Se tivéssemos consciência desperta saberíamos disso
tudo por observação, percepção ou consciência direta. Como não temos essa faculdade
plenamente, pouco ou nada desenvolvida, é evidente que não percebemos esses trabalhos
realizados mundialmente todos os dias e, especialmente, nos dias 27. É por isso que, em
mensagens anteriores, recomendamos e sugerimos que todo estudante verdadeiramente
interessado em seu avanço aproveite o dia 27 para fazer suas composições, negociações,
reafirmações junto ao Tribunal da Lei Divina.

Na prática, temos percebido que poucas pessoas fazem isso. A esses dizemos que se for
para esperar negociar com o Tribunal da Lei após o desencarne, será impossível e, então,
não teremos nenhuma maneira de fazer nada; simples assim. Por isso devemos, desde
agora, assumir nosso compromisso ou nosso interesse em conduzir nossa vida espiritual ou
nosso futuro.

Desde a primeira conferência deste ano temos afirmado que entramos na reta final. Este é o
ano [2007] para fazer nossas negociações, nossas composições. Também fomos
informados que cada um de nossos defeitos deve ser negociado à parte junto à Lei Divina.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Muitos de nós acabamos criando, gerando em vidas anteriores, uma luxúria muito grande,
uma ira muito poderosa, um orgulho que nos orgulha de possuirmos ou os três e mais
outros quatro.

O fato é que nossa condição interior, vista por olhos espirituais, não é das melhores. Somos
verdadeiros mendigos, maltrapilhos, diante dos Mestres da Loja Branca, dos Buddhas.
Queremos apenas alertar; não estamos aqui para apavorar ninguém, nem para ameaçar e
fazer chantagem; apenas para alertar e, oxalá, possamos incentivar, despertar o interesse
para que mais e mais pessoas motivem-se a, rapidamente, fazer suas negociações com o
Tribunal da Lei.

Quando alguém vai negociar com a Lei Divina, muitos ficam inseguros sobre o que
oferecer, uma vez que, obviamente, a Lei Divina não eliminará nossos defeitos ou parte de
nossos defeitos sem uma contrapartida porque, afinal, somos devedores - e o Universo
mantém-se por meio de trocas, de trabalhos, de auto-sustentação; dar e receber, circular as
realizações, as ações, tudo. Da mesma forma, muitos de nós, muitas vezes sentimo-nos
inseguros quando vamos negociar com a Lei Divina e não sabemos o que oferecer.

Já dissemos algumas vezes e não custa repetir! Tudo o que os Senhores da Lei esperam de
nós é que nos compromissemos em mudar nossa conduta, em tornarmo-nos pessoas
limpas, puras, decentes, íntegras, que trabalhemos efetivamente sobre nós. Podemos
colocar tudo isso numa única palavra, ou expressão: o que a Lei Divina quer de nós é que
nos purifiquemos.

Purificar-se é tornar-se puro, eliminar aquilo que foi agregado, extrair da consciência
original os venenos que contaminam a mente, a consciência, nosso psiquismo; é isso que a
Lei Divina espera de nós.

Que iniciemos os trabalhos de purificação interior; este é o melhor pagamento, a melhor


boa obra que podemos oferecer. Porque os Senhores da Lei sabem que se nós, em vez de
gerarmos fumaça negra, vermelha ou cinza passemos a irradiar Luz, isso contribui para o
avanço, o progresso, a exaltação de todo o Universo, de todas as formas de vida que se
beneficiam com isso.

Podemos perfeitamente assumir o compromisso de trabalhar intensamente,


entusiasmadamente, sobre nós mesmos. Porque à medida que vamos nos purificando tudo
e todos a nossa volta vão se beneficiando também; quanto mais práticas fizermos, mais
Luz irradiaremos, mais mentes e corações serão tocados, sensibilizados, despertados,
liberados. Esta é a grande cadeia que precisamos colocar em movimento; este é o grande
vórtice de Luz que precisamos acionar a partir de nós mesmos. Nós somos o centro disso,
cada um de nós aqui é um centro movimentador, aglutinador, espargidor de Luz.

Isso é o que temos que nos dar conta e não ficar subestimando-nos com expressões de
autopiedade, de falso autodesprezo, de falsa humildade, de comiseração... Não
confundamos as coisas! Assumamos, despertemos nossa Luz; acionemos nossa Luz;
comecemos a purificarmo-nos. É isso que os Deuses esperam; é isso o que o Nirvana ou
Nibbana espera de nós, como também a Lei Divina e seus 42 juízes.

A eles não interessa dinheiro, a eles não faz muita diferença oferecer, em troca de algum
favor especial, coisas materiais. Eles não precisam disso; se quisessem transformariam essa
Terra, esse planeta em ouro, mas ninguém come ouro; afastemo-nos das fantasias.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Já falamos sobre a mente projetora e a mente que gera filmes, cinemas, vídeos, projetos...
Tudo isso é fantasia; vamos concentrar-nos realmente naquilo que interessa: nossa
purificação, tornarmo-nos puros novamente, recuperar a originalidade, a ingenuidade;
voltar a ser aquela consciência que um dia fomos, íntegra, pura, limpa de todo e qualquer
veneno ou agregado; é isso o que temos que fazer.

Claro que fazer isso, no dia-a-dia, pode tornar-se difícil ou trabalhoso no começo, mas não
é impossível - e devemos, então, renovar esse propósito, esse compromisso, a cada dia 27
ou a cada dia em nossas orações, invocações ou práticas de todos os dias. Nisso consiste a
negociação de cada dia 27: fazer nossa parte, levar adiante nossas práticas.

Igualmente, em paralelo, é bom que todos nós trabalhemos com os mantras para ir
desobstruindo nosso cárdias, nosso centro cardíaco para que assim possamos conectar-nos
com o centro emocional superior e, conectados com este centro, muitas portas, percepções,
energias serão franqueadas a nós. Devemos apelar diariamente à nossa Mãe Divina
pedindo que ela interceda, que nos inspire ou mostre através de sonhos nossos próprios
defeitos, a natureza nossa que devemos enfrentar, estudar, compreender e assim vamos
avançando aos poucos dia após dia.

Em paralelo a tudo isso, neste momento, temos, vivemos, assistimos por aí assolar um
verdadeiro flagelo que denominamos de “o flagelo dos falsos Mestres com suas falsas
doutrinas e seus falsos ensinamentos”.

O que vem a ser um falso Mestre? Há muitos por aí disfarçados que, aparentemente,
ensinam paz, amor, justiça, bondade, caridade, mas que, sutilmente, nos induzem ao ilícito
ou nos pedem coisas que contrariam a Lei Divina ou são tolerantes com os delitos. Estes
são os falsos Mestres.

Aqui no mundo físico eles fazem seus estragos, é verdade; atraem muitas pessoas; porque
hoje todo mundo é ignorante em matéria de espiritualidade; isso é uma regra geral. Até que
despertemos ou comecemos a despertar efetivamente, qualquer um de nós pode ser atraído
por estas mensagens, atividades.

Dentro da Gnose muitos e muitos são ou foram atraídos e vivem hoje nos círculos
denominados xamanistas; a mística que ali é pregada é a de que se trata de uma ação lícita,
reta, correta; mas examinada com os olhos espirituais ou vista desde o mundo interno,
essas pessoas que freqüentam esses círculos ou filiam-se às denominadas escolas que
ensinam sistemas supostamente dados pelos Mestres da Loja Branca, que incluem o uso de
plantas alucinógenas ou enteógenas. Esses sistemas nos escravizam, aprisionam nossas
almas, tornam-nos seus escravos, prisioneiros.

Aqueles que praticam certos mantras dados pelos falsos Mórias, falsos Lantos, falsos
Djwall Kuhls, falsos Jesus, os Sanandas, os Sherans, é evidente que têm a sua consciência
obscurecida por esses ensinamentos, palavras ou mantras. Aqueles que utilizam certos
agentes enteógenos obviamente tornam-se escravos da tulpa ou da egrégora desta
comunidade. Dificilmente, depois, conseguem desgarrar-se desse círculo de influência.

Não queremos agredir ninguém, nada, porém temos o dever de avisar que o uso desses
agentes enteógenos ou dessas degeneradas práticas xamanistas, é incompatível com o
despertar da consciência, da mesma forma como a água e o azeite.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Muitos chegam a esses centros atraídos pela curiosidade, outros porque estão buscando
resultados rápidos; então se contentam, alegram-se com as experiências de falsa
consciência, mas à medida que vão repetindo esse hábito de beber chás ou preparados,
espiritualmente tornam-se escravos, suas almas são aprisionadas, suas consciências são
encadeadas pelas tulpas ou pelas egrégoras que se alimentam da energia vital dessas
mesmas comunidades.

Este é o alerta, mas cada um é livre para fazer o que quiser. Com isso só queremos chamar
a atenção de forma definitiva de que a doutrina gnóstica não prega isso, não incentiva e,
lamentavelmente, há muitos indivíduos por aí que um dia fizeram parte da Gnose e que
hoje comandam, lideram centros nos quais se mesclam Gnose, Xamanismo, Buddhismo,
literatura de falsos mestres, princípios de auto-ajuda, um verdadeiro caldo que, no fundo,
intoxica a mente. Mas o mais grave, pesado e sério disso tudo é que aprisiona as
consciências nesses círculos. Depois, para romper com isso só com muita negociação com
a Lei Divina, isso se conseguirem encontrar dentro de si forças para se darem conta de
onde acabaram equivocadamente penetrando.

É por isso que estamos empenhados em alertar o maior número possível de pessoas para
este momento, porque todo aquele que conhece um pouco do evangelho sabe que Jesus já
falava sobre estes tempos finais alertando e dizendo que muitos falsos Mestres e Cristos
apareceriam. Mas como nós fomos condicionados nestes 2000 mil anos a focar nossa
atenção apenas no Cristo Jesus, criamos uma figura mental que desvia nosso
discernimento.

Os falsos Mestres e os falsos Cristos são esses que hoje propagam essas falsas doutrinas.
São doutrinas que não liberam a consciência; não podemos mencionar nomes porque
seríamos acusados de calúnia; então precisamos ter a prudência necessária e apenas
caracterizar determinados procedimentos.

Uma das coisas que encanta o brasileiro, por exemplo, é essa literatura canalizada que é
uma palavra nova para dizer ou fazer referência ao mesmo processo mediúnico que tem
invadido a face do planeta desde a antiga Atlântida; e são esses canais que escrevem essa
falsa literatura atribuída a mestres como Mória, Lanto, DK, Saint Germain, Jesus, Buddha
e tantos outros.

É para isso, meus amigos, que temos de abrir os olhos, ficar atentos; essa literatura
aprisiona, encadeia, acorrenta-nos. A Gnose ensina que devemos despertar a consciência e
não acorrentá-la. É claro que, mesmo dentro da Gnose, muitos às vezes fantasiam acerca
da própria e da mesma Gnose; então para isso é necessário muito discernimento e descobrir
todas essas coisas; aqui na vida prática e concreta, em nosso mundo, acaba custando-nos
muitos sofrimentos, dores, amarguras, decepções; mas às vezes este é o único caminho que
temos para despertar, acordar para a realidade: com o sofrimento.

Não temos outros meios ao alcance agora, na condição atual, para despertar nossa
consciência. É por isso que devemos fazer muitas práticas, orações. Pedir Luz à nossa
Divina Mãe para que ela nos ilumine, para que nos dê o discernimento necessário para não
nos perdermos pelos labirintos, pelos caminhos tortos.

Dentro da Gnose, ultimamente, temos visto também saltar pelo mundo inteiro uma
quantidade gigantesca de pessoas que se autodenominam Mestres. Realmente, estamos

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

diante de um flagelo de proporções mundiais; é muito fácil a gente acabar tropeçando,


escorregando ou, quem sabe até, deixando-nos atrair pelos discursos.

Há alguém que pergunta sobre as fantasias do caminho iniciático; sem dúvida criamos
muitas fantasias; mas será que seria possível apresentar algumas delas, alguns exemplos?
Não me ocorre nenhum exemplo agora a não ser esses que a gente vê e lê por aí nas
comunidades, nas quais se confunde Iniciação, por exemplo, com dar e entregar um
determinado mantra ou gesto ou sinal de passe – como se isso fosse a Iniciação da qual
tanto falamos aqui nestes encontros.

Sobre o caminho iniciático temos discorrido aqui insistentemente; há pelo menos umas três
ou quatro conferências que abordam este tema. O caminho iniciático é a própria vida, é a
conduta reta; não é fugir do mundo; é viver exatamente no mundo, mas sem ser
influenciado pelo mundo.

Sabemos que isso é difícil, que cada qual terá de achar a sua maneira de fazer ou realizar
isso. Alguns buscam escapatórias tipo largarem tudo: família, emprego, encerrar-se numa
caverna...

Esse não é o caminho para a auto-realização, isso não é a Iniciação porque seria fugir da
escola. As fantasias mais comuns são essas. Muitos escrevem dizendo "ah! eu gostaria de
ter mais tempo"; poderíamos dar exemplos concretos de pessoas que conhecemos, com as
quais convivemos que, se considerarmos sua vida, sua história de vida, suas condições
físicas, fisiológicas, sua anatomia, sua fisiologia, poderíamos dizer que esse está
condenado e, no entanto, são os que mais cresceram espiritualmente falando.

Devemos zerar todos os dias nossas expectativas em relação ao caminho. Minha sugestão
pessoal é que elejam um livro de cabeceira, por exemplo, do Mestre Samael como “As
Três Montanhas” e a cada dia estude um pouco; ou então o “Pisthis Sofia” que contém
muitos comentários, muitas exortações sobre isso, sobre o caminho. O drama de Sofia nada
mais é que o drama da consciência ou da alma querendo voltar às suas origens, a seu ponto
elevado de onde caiu ou saiu um dia.

Outra fantasia também que corre por aí é que um estudante de Gnose ou qualquer
estudante precisa freqüentar fisicamente uma escola para iniciar-se ou auto-realizar-se.
Não é preciso nenhuma escola, não é preciso estar presente; tudo que se precisa fazer é
pedir, negociar a sua Iniciação; mas é evidente que se não trabalhar sobre si ou se, antes,
não demonstrou concretamente esse interesse através de fatos, a Lei não vai liberar -
porque é temerário conceder esse poder, esse caminho, aos que não deram mostras de
arrependimento profundo e verdadeiro acerca de sua vida pregressa ou seu passado.

A didática da Loja Branca, por exemplo, muitas vezes é deixar que nos afundemos até um
determinado nível, e quando já estamos praticamente com barro ou lama no pescoço ou até
mesmo nas raixes dos cabelos, retiram-nos e dão uma real oportunidade de seguir o
caminho. Sabem por quê?

Porque no mundo de hoje uma pessoa que de fato não tenha sofrido, experimentado a
amargura das decepções deste mundo, das coisas deste mundo, das pessoas deste mundo,
não encontrará dentro de si forças para se manter e sustentar nesse caminho. Somente
aqueles que efetivamente se decepcionaram com tudo e todas as coisas, esses rebeldes
inconformados estão bem próximos de se lançar na Iniciação.

128 http://www.gnose.org.br
SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Em nosso meio há alguns centauros, ou seja, já estão metade enterrados no abismo e outra
metade estão aqui freqüentado nossas aulas, escolas. Esses rebeldes precisam dar-se conta;
a rebeldia tem seu lado bom, mas a grande rebelião que devemos fazer é contra nós, não
contra a Lei que criou e mantém o universo e contra aqueles que mantêm a ordem ou o
sistema cósmico em harmonia. A rebeldia de muitos está apontada para a direção errada e
com isso vão acabar afundando de vez.

Seres, criaturas que recebem a mesma luz do Sol aqui na superfície, internamente já estão
enterradas, mas têm possibilidades de se redimirem, de sair da fossa ou do abismo onde se
meteram; isso é possível; devemos lembrar a todos que Belzebu já vivia no Inferno há
muito tempo, mas pôde ser resgatado porque nele brilhava a chama azul da fidelidade,
lealdade, do compromisso com seus irmãos. Essa luz azul o tirou do abismo, mas somada
ao processo de dar-se conta de que havia “entrado numa fria” ; e foi assim que encontrou
dentro de si forças para novamente encausar-se pela Luz.

Isso se aplica na respectiva escala a cada um de nós aqui neste mundo, só que precisa dar-
se conta de onde está e de que sua rebeldia deve ser contra si mesmo. A grande rebelião
não deve ser contra a Loja Branca, o Cristo, o Logos, os Deuses ou o Tribunal da Lei que
representa a vontade única de todos os Deuses do Grande Arquiteto do Universo.

Uma rebeldia com causa produz grandes comoções e revoluções no universo, isso sim deve
ser apreciado. Talvez levados por fantasias, muitos nem vão acreditar e considerar isso que
estamos dizendo, mas afirmo a vocês que isso é uma tremenda realidade que está
ocorrendo aqui nesses dias diante de nossos olhos.

Há um comentário aqui sobre algumas comunidades xamãnicas que, inclusive, se


justificam nas obras iniciais do Mestre Samael em que ele "recomendava" ou "sugeria" o
uso de alguns elementais vegetais para obter certas experiências.

Não podemos negar o fato de que, nas primeiras obras do Mestre Samael, ele até chegou a
recomendar isso ocasionalmente; mas não é o que vemos na vida moderna. Na vida
moderna, vemos esses elementos na geladeira das pessoas e isso é tomado como
refrigerante, como chá mesmo.

Não faz muito tempo transcrevi e enviei para todas as comunidades também um trecho, um
texto literal de uma conferência do Mestre Samael em que ele fala sobre as condições para,
por exemplo, fazer uso do peyote - que é uma dessas plantas enteógenas. A primeira
condição para o uso do peyote é castidade total; não me consta que nesses grupos pratique-
se castidade e que seus dirigentes sejam castos. A segunda condição é que essas
experiências com o peyote sejam realizadas por um Mestre; não vejo Mestres nessas
comunidades. Terceira condição é que sejam apenas três experiências em toda a vida; vejo
por aí experimentarem três vezes por semana pelo menos ou mais.

Então isso é apenas um mau uso da obra de um Mestre para justificar o ilícito e seu delito.
O karma dessas pessoas certamente será agravado, porque fazendo uso disso para seduzir e
atrair almas ingênuas ou despreparadas só agravará a sua condição interior. Nesse preciso
momento, alguns desses já estão descendo [ao abismo], como se diz.

O comércio religioso é outra praga;a religião virou hoje uma fonte de riqueza. Alguém me
comentava que circula por aí no YOUTUBE alguns vídeos delatando certas práxis ou
procedimentos de bastidores de líderes de algumas dessas religiões comerciais. Nada disso

http://www.gnose.org.br 129
SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

deve nos surpreender. Pelo contrário, sabemos que estamos nos tempos finais; sabemos
que fomos avisados de que surgiriam nesses tempos falsos profetas, Mestres e doutrinas.

Ninguém poderá alegar diante da Lei Divina que desconhecia isso; todos nós somos almas
veteranas neste mundo e fomos suficientemente avisados em tempos anteriores, outras
vidas, acerca dessas coisas. No entanto, tristemente, esse flagelo dos elementos indutores
da falsa consciência foram sutilmente introduzidos nas comunidades gnósticas já há trinta
anos atrás. Não falo de coisas de agora; esses sim são efetivamente autênticos demônios
disfarçados de instrutores gnósticos.

Quem quiser experiência real, concreta, objetiva, verdadeira, deve eliminar seus defeitos,
trabalhar sobre si; mas sabemos que esse é um trabalho muito amargo, difícil, lento,
sofrido; entretanto, como dissemos em outras conferências, não existe alternativa senão
através da revolução da dialética.

Precisamos dar-nos conta urgentemente disso porque o tempo é curto e aqueles pessimistas
e derrotados que acreditam que em dois ou três anos não conseguem fazer nada a seu
favor, se equivocam; isso é mais uma fantasia; aqueles que efetivamente se dispuserem a
rebelar-se contra si e praticarem disciplinadamente; orarem e negociarem, poderão em dois
ou três anos alcançar graus de consciência insuspeitos neste momento.

É evidente que a Loja Branca tem todo o interesse do mundo em resgatar o maior número
possível de almas, porém, veja que interessante; há uma fantasia por aí espalhada, por
mensagens de falsos comandantes estelares e falsos Mestres, de que milhares ou milhões
de naves virão à Terra para resgatar os seres humanos.

A Loja Branca tem dito apenas que algumas quantas naves resgatarão alguns poucos que
efetivamente têm condições de serem resgatadas e o resto será dividido: Parte desce ao
abismo, uma parte menor ficará no limbo e uma outra parte muito expressiva renascerá em
Hercólubus.

Isso o Mestre Samael já vem falando desde 1958; isso não é novidade. O que para nós tem
se apresentado surpreendente são os detalhes de toda essa operação que aos poucos vamos
tomando conhecimento ou sendo informados. O resgate das almas dar-se-á, claro, mas
depois da desencarnação, mas serão poucos, muito poucos mesmo. Talvez algumas
dezenas, centenas de pessoas, serão resgatadas em corpo físico, porque é preciso ter
méritos e muitos méritos para ser preservado em corpo físico e levado a um local
protegido, distante da catástrofe que se avizinha.

A grande maioria de nós - e obviamente estou incluído entres esses - morreremos,


desencarnaremos aqui e, com méritos, poderemos ser resgatados logo depois de nosso
desencarne; e aí sim seguiremos vivendo num local, numa outra dimensão onde trataremos
ou deveremos dar prosseguimento a nossa purificação.

Esta palavra teremos de repetir muitas vezes; precisamos buscar a purificação e ela não se
dará através de falsas doutrinas, nem através de experiências enteógenas ou alucinógenas.
Não é o uso de drogas químicas ou espirituais, agentes químicos ou não-químicos,
indutores de uma hiperatividade das glândulas internas que nos resgatará, porque esses
elementos não nos purificam.

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

Isso é uma falsa consciência, dá a ilusão de avanço, de segurança, de mais consciência


quando, em realidade, estamos sendo aprisionados, tornados escravos. Esse é um cuidado
que devemos ter.

Alguém nos pergunta se a atividade dos hipnólogos que fazem regressões e até projeções,
se isso também pode afetar o trabalho.

Um hipnólogo pelo menos tem certa responsabilidade clínica, certo compromisso ético. O
trabalho dele não difere muito do trabalho de inconsciência que nós mesmos fazemos todo
dia, onde nós mesmos repetimos coisas a nós mesmos. Em alguns casos, essa hipnologia
clinicamente aplicada até pode ajudar; não digo ajudar alguém que está no caminho,
obviamente. Isso serve para as pessoas comuns e correntes, assim como um extraterrestre
não levaria um disco voador numa oficina mecânica de automóveis para consertar; é claro
que alguém que está no caminho, que está trabalhando corretamente sobre si, não vai
lançar mão, utilizar um hipnólogo. Isso é um contra-senso; nesses casos um hipnólogo não
pode ajudar; nesses casos eventualmente o hipnólogo pode receber ajuda.

Alguém pergunta sobre a que se deve a falta de memória.

A falta da chamada memória funciona colocando-se consciência; para responder


objetivamente diria que a falta de memória é falta de consciência. Porque tudo que
fazemos conscientemente não é esquecido. Agora também é claro que existem deficiências
cerebrais, por exemplo, e aí seria um fator kármico. Existe uma dieta que já ensinamos
para aqueles que querem recuperar sua memória, especialmente sua memória onírica. É
seguir uma dieta de frutas cítricas, mel puro e amêndoas, especialmente nozes. Isso produz,
fornece ao corpo humano a matéria prima necessária para ele processar os elementos para
otimizar a memória.

Alguém nos questiona ou pergunta que se no meu processo de decepção e amarguras, se


nesses momentos não aproveitei para descobrimentos em relação a determinado defeito, e
se esses mesmos momentos de decepção e amargura voltaram a repetirem-se para me
ajudar.

Nisso eu não vou dizer que levei uma vantagem, mas simplesmente posso dizer, sem me
equivocar, que desde um começo entendi claramente qual era o objetivo da doutrina
gnóstica, qual era o objetivo do ensinamento do Mestre Samael; isso entendia claramente.
Mas entre ter entendido isso e poder cristalizar essa realidade ou esses princípios em mim
mesmo, evidentemente, passaram-se muitos e muitos anos. Porque uma coisa é você saber
a direção a seguir, uma coisa é você até conhecer o caminho; outra coisa é você pôr-se no
caminho e caminhar efetivamente; é quando você caminha que você descobre se o sapato
foi adequado, se de repente não escolheu o calçado errado, se o caminho eventualmente
tornou-se mais pedregoso ou mais lamacento, se tuas forças não foram ou não são
equivalentes às forças daqueles que vieram abrir os caminhos para nós; aí é no dia-a-dia.
Agora também estou muito seguro em dizer o seguinte: agradeço imensamente cada
decepção e amargura, cada evento nesta vida que me levou a olhar para dentro de mim
mesmo e buscar respostas mais e mais profundamente, isso sim.

Para aqueles que talvez não saibam caminhar a não ser mediante os processos dolorosos,
sem dúvida alguma, a vida, o dia-a-dia, é um grande mestre. É um caminho muito lento, é
verdade, mas é um caminho também que forja um caráter, um temperamento, uma
disciplina que resiste uma eternidade inteira, isso é verdade. Resultado rápido é muito

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

bonito e nós mesmos acompanhamos os processos de algumas pessoas que caminharam


rápido. Uns caminharam rápido por méritos de vidas anteriores, outros porque tinham
afundado o bastante para então se levantarem rápido; há de tudo nessa via iniciática.

É evidente que o avanço nessa via iniciática, além de exigir toda a dedicação às práticas,
também está atrelado ao karma individual. Vale dizer: enquanto o Pai não autoriza, o que
se dá através da Lei Divina, você fica numa fase preparatória. Esta fase preparatória pode
durar dez, quinze, vinte anos [ou mais]. A minha chegou a quase trinta anos; então, quanto
mais denso nosso passado, quanto mais besteiras fizemos em vidas anteriores, maiores
purificações são exigidas agora no momento presente.

Tudo isso é relativo; é por isso, então, que o Mestre Samael dizia: "faça boas obras às
toneladas", porque se você tiver um capital cósmico isso vai te ajudar na hora de você
caminhar; pelo menos você consegue comprar uma água de coco ao longo do caminho nas
barraquinhas que tem por aí, ou seja, de vez em quando você tem algum refresco, se tiver
dinheiro para comprar. Senão tem que se virar como pode, como dá, com aquilo que se
tem.

Em nenhum momento nesta vida senti decepção com o caminho, com a obra, com a Loja
Branca, com a Lei Divina ou com a doutrina do Mestre Samael. Isto estou seguro em dizer
que nunca, porque sabia desde o começo que as deficiências eram minhas; eu tinha que
superar. Nesse caso, como cada um de nós aqui presente tem suas deficiências, seus erros,
seu passado, suas limitações e tudo isso precisa ser superado com paciência, dedicação, é
evidente que nenhum Mestre da Loja Branca poupa o estudante, o discípulo, de viver suas
experiências. Eles até poderiam fazê-lo: “Ah... vem cá meu filho, vou te poupar de todos os
sofrimentos do mundo". E daí? Isso é como um Pai superprotegendo seus filhos, dando-
lhes do bom e do melhor de mão beijada. O filho vai crescendo na opulência, na facilidade;
e se algum dia tiver que enfrentar um revés qualquer não terá força, sabedoria, disciplina
para isso; não terá o poder da vontade forjado na batalha como se diz, pela vida, para
enfrentar isso.

Se estudarmos a própria vida do Mestre Samael, observamos e sabemos disso, ele nasceu
em uma família aristocrática; o pai dele era um homem de posses, uma família classe
média superior, pelo menos, naquele tempo. Ele, por si mesmo, decidiu sair de casa, andar
a pé de cidade em cidade de seu país para impor-se uma disciplina; e se não tivesse feito
isso não teria se tornado o Avatar de Aquário. Como mensageiro dessa Era, enfrentou as
mais severas provações, traições, abandonos, perseguições de toda sorte. Somente alguém
forjado na luta da vida pode enfrentar tarefas como essas. As enfermidades também fazem
parte dessas provações.

Como história pessoal, eu afirmo a vocês que durante quatorze anos sofri de processos
ulcerosos no estômago e simultaneamente, por outros doze anos, de cálculos renais e de
tanto ir e vir a clínicas e hospitais, tornei-me um mestre das pedras, um senhor das rochas,
como se diz, fazendo litotripsias e outras coisas mais. No entanto, quando surgiam essas
crises, utilizava-as justamente parta treinar ou praticar não só a resistência à própria dor,
mas como também elemento de purificação. Aprendi e aprendemos todos nós, com o
Mestre Samael através de sua frase, sua expressão que diz o seguinte: "o karma é o grande
remédio".

Se sofremos tudo isso é porque fizemos por merecer em vidas anteriores e hoje fomos
informados ou sabemos exatamente o que fizemos em vidas anteriores. Certamente esses

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SUTTAS GNÓSTICOS – VOL. I

pequenos sofrimentos desta vida foram apenas uma pequena amostra de tudo aquilo que de
errado, que equivocadamente fizemos anteriormente.

Ninguém, nenhum de nós, sofre de uma enfermidade ou tem um revés econômico, nasce
na pobreza e sua vida econômica e financeira vai mal, anda mal sem motivos; tudo isso
tem razão, tem motivos. Outros, por exemplo, tem um dharma grande; tudo dá certo, a vida
é boa, tem boa casa, bom carro, bom dinheiro, uma boa família, tudo funciona bem; mas
em compensação não conseguem aprofundar sua consciência porque não tem desafios.
Ficam sendo levados para lá e para cá como folhas ao vento.

Tudo na vida tem uma finalidade e um propósito. Temos de descobrir a nossa relação com
os acontecimentos que nos alcançam e aprender a viver de acordo, com sabedoria,
cooperando com a Lei Divina, com nosso karma, com aquilo que devemos cumprir.

Outra pergunta questiona se há tempo para o resgate de almas verdadeiramente afundadas


no abismo.

Tempo há porque a consciência não está atrelada ao tempo; consciência é consciência;


podemos dizer que por isso dá tempo. Agora, na vida prática, as pessoas estão tão
motivadas nas suas ilusões que felizes vão descendo os nove círculos infernais. É aquilo
que o Mestre Samael diz: "aquele que entra no abismo acha que está indo cada vez melhor"
e não quer mudar de vida obviamente; então temos de deixar. Os Mestres deixam,
respeitam as decisões de cada um.

Existem os sinceros equivocados, especialmente desses é que precisamos cuidar, fazer


esforço para acordá-los ou resgatá-los. Aqueles que já tomaram sua decisão nada mais há a
fazer, temos de esperar. Na pior das hipóteses, daqui a alguns milhares de anos eles saem
limpos, livres e purificados do outro lado da matriz purificadora do sistema solar [do nosso
planeta].

Alguém pergunta se há um jeito de levar algum esclarecimento de nós para nós mesmos de
uma encarnação para outra.

É claro que sim se você despertar a consciência; isso é o mais normal do mundo; só não
levamos coisas de uma vida para outra hoje porque estamos adormecidos; por isso o
Mestre Samael sempre insistiu na necessidade de despertar urgentemente a consciência;
mas nosso estado é tão lamentável que demoramos muitíssimos anos para darmo-nos conta
dessas verdades elementares.

* O texto acima é cópia integral, (modificada a pontuação e feitas algumas alterações


para dar o formato de texto), de uma conferência ditada por Karl Bunn, presidente da
Fundação Samael Aun Weor – http://www.gnose.org.br – realizada ao vivo dia
28.03.2007, por intermédio do programa Paltalk, via Internet. Equipe: Transcrição de
texto: Mariana Cunha. Copydesk: Wagner Spolaor

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